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Som e luz

1 Ondas, energia, informação...e música! .............9

2 Propagação do som............................................16

3 O som é uma onda, uma vibração


que se propaga… ...............................................22

4 Propriedades do som .........................................28

5 Engenharia do som: alguns exemplos ................34

6 O que é a luz? Como se propaga? ......................38

7 Propriedades da luz e o
espectro electromagnético .................................42

8 Reflexão da luz e espelhos.................................48

9 Refracção da luz e lentes ...................................56

10 A visão humana, deficiências e correcção ..........62

11 Decomposição da luz branca.


Cores e mistura de cores ...................................66

12 Engenharia da luz: alguns exemplos ..................74

Síntese das ideias principais ..............................78

Teste 1 ...............................................................80

Teste 2 ...............................................................82
6 S O M E L U Z

1 Ondas, energia, informação...


e música!
É através de ondas que recebemos informação dos astros mais

distantes no Universo e é também através de ondas que vemos

o que nos rodeia e comunicamos uns com os outros. Uma onda

é, no essencial, a variação, no espaço e no tempo, de uma

propriedade física, provocada por um emissor (por exemplo, as

cordas vocais ou a antena de um telemóvel).

A banda entrou em palco. As luzes apagaram-se. O baixista tocou a


primeira nota, um mi, a mais grave do seu instrumento. Repetiu
várias vezes a mesma nota duma forma cadenciada, sendo ao mesmo
tempo acompanhado por dois holofotes que emitiam luz branca
intermitente. Pouco depois, o baterista iniciou um ritmo com bombo,
pratos de choque e tarola em contratempo. O guitarrista solou num
registo agudo, e, finalmente, a vocalista emprestou a voz à melodia.

No primeiro andar de um prédio junto ao estádio onde o concerto


estava a decorrer, uma senhora de idade revirava-se na cama sem
conseguir dormir devido ao barulho. Pôs algodão nos ouvidos e
algum tempo depois já ressonava intensamente… No 2.º andar, o
Filipe estava à janela com as mãos em concha tentando ouvir a
música que vinha do estádio, pois aquela era a sua banda preferida.

Algumas semanas mais tarde, o Filipe poderia assistir ao concerto


inteiro em DVD-Vídeo já que estava a ser gravado por uma equipa
de técnicos de som e de imagem. Os físicos descobriram, no século
XIX, que o som e a luz são propagados por ondas. Uma onda é a
propagação de uma vibração (vibração mecânica no caso do
som e vibração de propriedades físicas eléctricas e magnéticas
do espaço, no caso das ondas de luz). A vibração pode ser mais
rápida ou mais lenta. Um som é mais agudo (iiiiiiii...) quando a
vibração é mais rápida e é mais grave (uuuuuuuu....) quando a
vibração é mais lenta. A luz é mais violeta quando a vibração do
campo electromagnético é mais rápida e é mais vermelha quando
essa vibração é mais lenta.

Apesar de invisíveis, o Filipe sabia que as ondas sonoras e


luminosas têm energia. A absorção e emissão de energia luminosa
provocava os efeitos fluorescentes no palco e as mãos do Filipe
estavam em concha para concentrar as ondas no ouvido e nele
receber assim mais energia.

A senhora idosa conseguiu dormir porque o algodão absorveu as


ondas sonoras e as persianas do quarto absorveram as ondas
luminosas. As ondas sonoras não conseguiam chegar aos seus
ouvidos e as ondas de luz não lhe incomodavam os olhos…

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6 S O M E L U Z

O som e sua produção


O som tem uma importância inegável para todos nós. Tenta pensar, por
exemplo, na quantidade de informação que consegues obter diariamente
através do som. Pela voz, pela televisão, pela rádio, pela música, etc.

O que é o som? Como é que ele é emitido? Como se propaga de um


lado para o outro? Propagar-se-á com a mesma velocidade em todos os
meios? E como é possível detectá-lo? Serão todos os sons audíveis? Podemos
“ver” o som?

Experimenta

O que provoca os sons?

Segura, com firmeza, a extremidade de uma


régua contra a extremidade de uma mesa. Estica um elástico, fixo numa extremidade.
Dobra a outra extremidade da régua e Estica também o elástico a meio e larga-o,
solta-a. Que observas? mantendo as extremidades fixas. Que
observas?

Sopra perto da boca


de um tubo de um
frasco (ou de um
tubo de ensaio) com
água pela metade.
Em cada uma das extremidades de um
Que observas?
tubo de cartão duro, coloca um balão
esticado e preso com um elástico, como
mostra a figura. Faz no centro da
borracha, numa das extremidades, um
buraco com cerca de 5 a 8 mm de
Se possível, coloca um diapasão diâmetro. Acende uma vela e coloca o tubo
a vibrar e encosta uma das como se mostra na figura, de modo que a
suas hastes a uma pequena face do balão com o furo fique virada para
bola (por exemplo, de “papel de a vela. Bate na borracha do lado oposto e
prata”). Que observas? ao mesmo tempo olha para a vela. Que
observas?

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Que podes concluir das experiências
anteriores? cordas vocais

Se pensares um pouco, facilmente concluis


que o som é produzido pela vibração dos
corpos (quando vibram, os corpos deformam- garganta
se ligeiramente mas, depois de vibrarem,
regressam mais ou menos à mesma forma).

Os corpos que originam os sons são fontes traqueia


sonoras. A propagação do som no ar
corresponde à vibração do ar (a experiência
da vela e do tubo de cartão é bem elucidativa
disso!). O som que emitimos é provocado
pela vibração das cordas vocais,
dois pequenos músculos, situadas
na boca, junto à garganta.

Questões

1 Identifica as fontes sonoras das experiências que realizaste.

2 O que provoca o som emitido pela corda de uma guitarra? E


como pode ser ele interrompido?

3 Qual é a origem do som emitido por uma


flauta?

4 Identifica as diversas origens dos sons


provocados por um baterista.

5 É possível obter notas musicais diferentes


com a mesma corda de guitarra acústica. De
que depende o tipo de som emitido por uma
corda de guitarra?

6 Um mesmo som não é ouvido por duas pessoas


exactamente do mesmo modo. Porque será?

7 Uma abelha pode emitir sons.


7.1 Em que condições é que ela emite sons?
7.2 Será que pode emitir sons diferentes? Fundamenta a
resposta.

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6 S O M E L U Z

Transmissão de
informação e audição
Quando os índios encostavam o ouvido ao chão
(sabiam que o som se propaga melhor na terra
do que no ar!) para escutarem os sons dos
cascos dos cavalos dos seus inimigos ou o som
de uma manada de bisontes, procuravam obter
informação: número de bisontes ou o número
de cavalos (e portanto de atacantes), distância
a que eles se encontravam, etc. Os sons são,
pois, portadores de informação acerca do
que se passa à nossa volta. Som: um veículo de informação…

Porquê? Porque os sons não são todos iguais


(felizmente...!). Um som depende da vibração
que lhe dá origem. Quer dizer, um som
transporta informação acerca da natureza da
fonte sonora e da vibração que nela provocou o
som. Se os cavalos dos inimigos forem devagar,
nervo
o solo vibra mais lentamente e o som é
auditivo pavilhão
diferente de quando o solo vibra mais martelo auditivo
rapidamente, quando os cavalos vão a galope. (orelha)

É interessante notar que o cérebro tem um


papel fundamental na audição: é o cérebro
que trata toda a informação recebida pelos
ouvidos e procede à análise dessa informação.
Por exemplo, é no cérebro que se combina a
informação que nos chega aos dois ouvidos e
que nos permite concluir se uma fonte sonora
está à nossa esquerda ou à nossa direita. canal
auditivo
O que sucede ao ouvido se ele for
sistematicamente «bombardeado» por sons
muito fortes ou muito altos?

É claro que o ouvido se torna cada vez


menos sensível, diminuindo a capacidade de
audição, ou seja, a capacidade de distinguir
tímpano
sons. Pode até originar a surdez se certas
células sensoriais do ouvido interno ficarem
O ouvido humano é o nosso detector de som. O
danificadas. A vibração excessiva também pode
pavilhão auditivo ajuda a “concentrar” os sons. A
tornar os ossos do ouvido médio pouco
membrana do tímpano vibra com as ondas sonoras
eficientes na detecção de sons. que recebe, através do ar, no canal auditivo. Esta
vibração é transmitida por uma cadeia de ossos
Se os sons não atingirem o cérebro, não se
(martelo, bigorna e estribo) para o nervo auditivo e
ouvem. Se chegarem em más condições ao daí, como sinal eléctrico, via sistema nervoso, para
cérebro, então o sinal não é compreendido o nosso cérebro. Aqui, o sinal eléctrico é finalmente
correctamente e ouve-se um som diferente do decifrado, quer dizer, convertido em sensação
original! auditiva — é o cérebro que lê “o som”.

Protege sempre os teus ouvidos quando te


aproximares de fontes de som muito ruidosas!

12
Questões
1 No ouvido, para que serve:
1.1 a membrana do tímpano?
1.2 o nervo acústico auditivo?

2 O pavilhão auditivo (orelha) e os cones de som dos altifalantes das


aparelhagens de som têm uma forma semelhante (forma cónica, aberta).
2.1 Que vantagem há em ter essa forma?
2.2 A função do cone de um altifalante é semelhante à função do cone do
pavilhão auditivo? Fundamenta a resposta.

3 Tapa muito bem os teus ouvidos com os dedos. Fala baixinho…


Cone de som de
3.1 Consegues ouvir a tua voz? um altifalante.

3.2 Será que o som que escutamos da nossa própria voz chega ao ouvido
apenas através do ar exterior? Fundamenta a resposta.

4 Se gravares a tua voz e, em seguida, a escutares, ela parece-te muito


diferente (experimenta, se tens dúvidas…). Porquê?

Leitura…

Ruídos mais incomodativos


Motociclos 69,5%
Tráfego automóvel 49,2%
Buzinas de automóveis  12,8%
TV/Rádios/Música alta 12,5%
Fábrica  10,5%
Falar alto  9,7%
Aviões  9,6%
Obras  8,8%
Sirenes  6,2%
Barulho da vizinhança  6,2%
Comboios  4,7%
Bares/Discotecas  3,5%
Oficinas  3,3%
Festas/Feiras 2,8%
Alarmes  2,3%
Outros  2,2%

Esta é a listagem dos ruídos considerados mais incomodativos


pelos portugueses, de acordo com um estudo do Ministério do
Ambiente.

Segundo um estudo internacional da responsabilidade da OCDE (Organização para a Cooperação e


Desenvolvimento Económico), cerca de 300 milhões de pessoas habitam em zonas com ambiente
sonoro excessivo, e mais de 130 milhões estão sujeitas a níveis de ruído inaceitáveis!

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6 S O M E L U Z

Como se distingue a música

IM
dos outros sons?

PL
A música é tão antiga como a civilização humana. A
música é arte mas também é ciência. Pitágoras, um dos
maiores sábios (matemático e filósofo) da antiga Grécia,
e os seus seguidores, estudaram os sons emitidos por
cordas tensas, como as das harpas e guitarras.
Descobriram que a harmonia dos sons estava relacionada
com números! Esta descoberta conduziu-os à crença de
que no Universo em que vivemos «tudo é número» (hoje
diríamos que o Universo se rege por regras ou leis
matemáticas…).

Os sons musicais são melódicos, provocam


sensações agradáveis. Pelo contrário, os ruídos são
desagradáveis e podem mesmo perturbar o nosso
sistema nervoso. Mas é difícil distinguir, sem margem
para dúvidas, os sons musicais dos ruídos. O que é ruído
para uns poderá ser música para outros...

Os instrumentos musicais repartem-se,


essencialmente, por três categorias:

• instrumentos de sopro (flauta, por exemplo);

• instrumentos de cordas (é caso da viola);


Clarinete e
• instrumentos de percussão (tambor, por saxofone, dois
exemplo). instrumentos de
sopro.
Um instrumento de sopro consta de um ou mais
tubos de ar. É este ar, e não o tubo que o contém, que
ao vibrar emite o som. O papel do tubo e dos botões do
instrumento é apenas o de definir a forma e dimensões
da coluna de ar que vibra. Os tubos poderão ser
fechados, como no clarinete, ou abertos, como na flauta.

Um instrumento de cordas possui uma ou mais


cordas tensas que ao vibrarem emitem os sons. As
características do som emitido por cada corda vibrante
dependem da espessura da corda, da força de tensão a
que ela é submetida (é tanto maior quanto mais esticada
estiver a corda) e do comprimento da corda que vibra. O
comprimento da corda varia conforme o ponto em que é
pressionada.
A viola é um instrumento de cordas.
Um instrumento de percussão tem sempre algo
que é percutido, isto é, batido. Por exemplo, com os
dedos, bate-se num tambor para este vibrar e emitir um
som. Há instrumentos de percussão em que é uma
membrana que vibra (é o caso do tambor e do bombo).
Noutros é uma peça metálica, como nos pratos de uma
bateria ou no caso do xilofone.

Xilofone: instrumento de percussão.

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Actualmente, muita da música que se
ouve, quer em CD quer ao vivo, é obtida
por meios electrónicos. Os primeiros
instrumentos de música electrónicos
apareceram há quase 100 anos. Hoje já
se constroem sintetizadores capazes de
imitar praticamente todos os sons
existentes e de criar sons que de outro
modo não podem ser obtidos. Podes
encontrar um sintetizador gratuito que
imita mais de 100 instrumentos no
endereço http://www.aldostools.com .

Questões
1 Qual é a origem do som emitido por:
1.1 um instrumento de sopro?
1.2 um instrumento de cordas?
1.3 um instrumento de percussão?

2 A origem do som emitido por um piano está na percussão


das teclas ou na vibração de cordas? Que tipo de
instrumento é o piano?

3 Num instrumento electrónico, há vibrações de correntes


eléctricas. Mas será que ouvimos directamente essas
vibrações?
Alguns botões e a câmpanula de
4 Ao carregar em diferentes botões do saxofone, obtêm-se
um saxofone.
diferentes sons. Porquê?

Projectos

Instrumentos musicais
Que instrumentos musicais são utilizados tradicionalmente
na zona em que vives ou pelos músicos de que gostas?
Como é produzido e controlado o som emitido por esses
instrumentos? Faz um poster sobre o ou os instrumentos
que escolheres.

Consulta uma biblioteca ou a Internet (por exemplo,


http://alfarrabio.um.geira.pt/cancioneiro/etnografia).

O grupo Stomp é extremamente criativo no tipo de


instrumentos que utiliza… Podes saber mais sobre este grupo
em http://www.stomponline.com.

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6 S O M E L U Z

2 Propagação do som

Um som é produzido sempre que um objecto vibra. Com que

velocidade se propaga? O mesmo som é igualmente audível em

todos os meios? Como se propaga? Será que há sons no espaço?

E na Lua?

Podes facilmente observar que os sons se propagam nos


corpos sólidos e nos líquidos (e, claro, nos gases—caso
contrário não serviria de nada falarmos…). E sabias que, em
geral, o som se propaga mais rapidamente nos sólidos do que
no ar?

Experimenta

Propagação do som no ar e num sólido: onde é


maior a velocidade do som?
1 Emite um som fraco batendo com o
dedo num ponto de uma mesa de
madeira (ou pede a um colega que
emita o som).
2 Tenta ouvir o som a uma certa
distância com o ouvido muito próximo
da mesa mas não encostado a ela. Se
necessário torna o som ainda mais
fraco para não o ouvires.
3 Encosta agora o ouvido à mesa.
Continuas a não ouvir o som? Que
concluis?
Com dois copos de plástico e um
cordel engordurado (a gordura dá
consistência ao cordel) prepara um
telefone de cordel com um
comprimento de cerca de 4 m. De
uma sala para outra ou para o
corredor fala com um colega
através desse telefone em voz
baixa. Será que ele te escuta se não
falares através do telefone de
cordel? Onde é que o som se
propaga melhor: através do ar ou
através do cordel?

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A velocidade do som
A velocidade de propagação do som depende do meio onde se
propaga: por exemplo, o som propaga-se melhor na tábua de
uma mesa do que no ar!

No ar, a velocidade do som é cerca de 340 metros por


segundo. Sem atenuação, demora cerca de 3 s a percorrer 1
km! A velocidade do som no ar depende da temperatura do ar. À
medida que a temperatura do ar aumenta, aumenta também a
velocidade do som. Noutros materiais, o som propaga-se a
diferentes velocidades, que podem atingir milhares de metros por
segundo! Os golfinhos emitem sons para
comunicarem uns com outros.
Quanto mais afastado se está de uma fonte sonora, em geral
Esses podem ser escutados por
mais difícil é ouvir o som que ela produz. Diz-se que o som se
eles a milhares de quilómetros!
atenua, isto é o som fica mais fraco ou menos intenso quanto
maior for a distância do receptor à fonte sonora.

Velocidade do som em diversos meios


ar a 0°C 331 m/s

ar a 20°C 343 m/s

ar a 30°C 350 m/s

água 1 493 m/s

água do mar 1 533 m/s

borracha 1 600 m/s

madeira (carvalho) 4 100 m/s

betão 5000 m/s

ferro 5 130 m/s

vidro pyrex 5 640 m/s

diamante 12000 m/s 12 000 m/s

Eco: a reflexão do som


Quando o som atinge um obstáculo (uma parede, por ex.)
volta para trás, tal como uma bola ao bater numa parede.
Diz-se que o som foi reflectido na parede.

O eco é um som reflectido. Mas, felizmente, não


estamos sempre a ouvir ecos! Porquê? Porque para
que se possa ouvir o eco, é necessário que a distância
que separa o obstáculo da fonte sonora seja
relativamente grande (pelo menos
17 metros, como vamos ver a seguir)!
Caso contrário, não se distingue o som
emitido pela fonte do seu eco. Em
geral, o ouvido humano só consegue
distinguir dois sons seguidos, se o Para se escutar um eco, o obstáculo tem
intervalo de tempo entre eles for igual que estar a uma distância
ou superior a 0,1 s. suficientemente grande… Porquê?

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6 S O M E L U Z

Os sons não se propagam no


vazio!
Se colocarmos uma campainha eléctrica dentro de uma
campânula da qual se vai extraindo o ar por meio de uma
bomba pneumática, deixamos de ouvir a campainha a partir do
momento em que o ar foi quase totalmente extraído…

O som necessita de um suporte material (sólido, líquido ou


gás) para se propagar. No vazio, o som não se propaga porque
Se não houver ar dentro da
não há nada no vazio que possa vibrar para permitir a campânula, não se ouve a
propagação do som. campainha do relógio. O som não
se propaga no vazio.

Experimenta
Qual é a velocidade do som?
Como proceder
1 Num local onde se ouça um bom eco (dentro ou fora da escola…), meçam, Esta experiência tem
com uma fita métrica de desporto, a distância desse local ao obstáculo que que ser feita por
produz o eco. dois alunos…

2 Um dos experimentadores bate palmas e ouve o eco. Pode repetir quantas


vezes for necessário até se aperceber do tempo aproximado que demora a
ouvir o eco.

2 Em seguida, procura bater palmas sucessivas de tal modo que o faça


quando ouve o eco das palmas imediatamente anteriores. Deve treinar-se
este procedimento até se ter interiorizado o ritmo adequado… O outro
A experiência pode
aluno está a postos com um cronómetro para medir um intervalo de
ser repetida por
tempo. Pode “interiorizar” o ritmo das palmas dizendo de cada vez a diferentes grupos de
palavra “zero”. alunos em várias
paredes. Podem,
3 Quando as palmas estiverem a ser batidas no ritmo adequado, o
posteriormente,
cronometrista começa a medir o intervalo de tempo correspondente a comparar os
10 palmas, contando-as a partir do zero. resultados obtidos…

4 Regista esse intervalo de tempo.

5 Calcula quanto tempo demora o som a ir e vir uma única vez.

6 Calcula a velocidade do som.

Faz um relatório
1 Organiza os dados que obtiveste nesta experiência.
Em alternativa ao
2 Escreve um pequeno relatório (aproximadamente uma ou duas páginas) relatório
que contenha o seguinte: a) um título adequado ao trabalho; b) o “tradicional”, podes
objectivo do trabalho; c) uma introdução em que expliques as ideias em organizar um “Vê”
que te baseaste para fazer o trabalho; d) uma descrição (se possível, com a informação
devidamente ilustrada) do modo como procedeste: e) uma conclusão adequada, como
adequada; f) uma análise crítica dos resultados obtidos e do procedimento mostra a página
utilizado (tem em conta o valor tabelado para a velocidade do som no ar). seguinte…

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Questão-foco:
Qual é a velocidade
do som no ar?
aspectos teóricos... aspectos práticos...

Teorias/Ideias básicas Juízos

Princípios Transformação
dos dados

Conceitos Registos de dados

Procedimento:
Como proceder para investigar
a questão-foco?

(Ex.: som, Que medidas


velocidade) registaste?

Organiza esses registos numa tabela


ou num gráfico.

Que se faz para responder à questão-foco?

Qual é a resposta à questão-foco? A resposta


merece alguma confiança?

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6 S O M E L U Z

Leitura…
http://www.ajc.pt/cienciaj

Mach1
Ernest Mach: nome do cientista e
filósofo Austríaco cujos trabalhos
sobre balística tiveram uma grande
contribuição para o desenvolvimento
da teoria de voo. Mach foi por isso o
nome escolhido para atribuir a uma
velocidade muito especial... a
velocidade do som. (...)

Na realidade aquilo a que


chamamos “ar” não é sempre a
mesma coisa, o ar é uma mistura de
vários gases e vapor de água. Além
da variação de densidade e
temperatura, a constituição da
própria mistura altera-se bastante
para grandes variações de altitude,
no que resulta uma variação da
Texto de João Alves, publicado na revista
velocidade do som. Por exemplo: a 0 metros de altitude
da Associção Juvenil de Ciência em 1998.
a velocidade do som é de 343 m/s, e a 16500 m de
Esta revista contém textos de ciência e
altitude a velocidade é de 297 m/s. tecnologia muito interessantes, escritos
por jovens, para jovens.
Independentemente do seu valor numérico, para
medir a velocidade com que um corpo se desloca num
fluido, utiliza-se frequentemente como unidade
(adimensional) a relação entre a sua velocidade e a
velocidade das ondas mecânicas no meio. A esta
velocidade dá-se o nome de Mach. No caso da velocidade
de voo, quando um aparelho se desloca à velocidade das
ondas do som, diz-se que se desloca a Mach 1.

Qual a utilidade de medir a velocidade de voo através


de um padrão que não é constante? É essa precisamente
a vantagem! O ar tem comportamentos bastante
díspares para velocidades sub e supersónicas, o que
obriga a grandes diferenças na geometria dos aparelhos.
Sendo assim, existe toda a vantagem em caracterizar a
velocidade dum aparelho em relação à velocidade com
que se deslocam as ondas mecânicas que ele provoca ao
interferir com o ar. (…)

O primeiro veículo a bater a barreira do som foi o


avião-foguete X-1, em 1947, e o projecto de investigação
que lhe deu origem tem vindo a desenvolver até hoje
tecnologia com o objectivo de aperfeiçoar a dinâmica de Um avião supersónico no momento em que
voo. O Dryen Flight Research Center, onde o projecto ultrapassa a “barreira do som”, isto é,
funciona agora, é responsável por muitos outros ultrapassa a velocidade do som. A nuvem
projectos desde o carismático X-15 até ao actual X-32. atrás do avião resultou da condensação do
(…) vapor de água do ar.

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Questões
1 Os astronautas na Lua comunicam entre si via rádio.
Porque não podem comunicar falando directamente
uns com os outros?

2 A velocidade do som na água é 1 500 m/s. Quanto


tempo demora um som emitido por um golfinho a
atravessar o estuário do Sado (aproximadamente 3 km)?

3 A luz propaga-se quase instantaneamente. Observas um


relâmpago e 8 segundos depois ouves um trovão. A que Porque não se ouve o som
através do espaço na Lua?
distância do local em que te encontras deve estar a
trovoada? (A velocidade do som no ar é
aproximadamente 340 m/s.)

4 Só distinguimos um som reflectido (eco) se este chegar


ao ouvido pelo menos 0,1 s depois do som emitido.
Verifica que só se ouve um eco no ar se o obstáculo que
reflecte o som estiver a uma distância mínima de
17 m (tem em conta que a velocidade do som no ar
é 340 m/s).

5 Qual é a velocidade mínima (em m/s e em km/h) a


que deve andar um avião para poder ser considerado O som é cerca de 6 vezes mais rápido do
supersónico? que um carro de corrida a 200 km/h.
Porém, é mais lento que um avião
supersónico, como o da figura. Quando
6 O João e a Joana utilizaram uma mangueira com 70 m um avião supersónico vai à velocidade
de comprimento, meio enrolada, tapada numa do som, diz-se que a sua velocidade é 1
extremidade com uma embocadura em forma de funil e Mach. Se for à velocidade dupla da do
na outra com um tubo cilíndrico estreitado na ponta, som, a sua velocidade é 2 Mach. Etc.
para medir a velocidade do som no ar.
6.1 Explica resumidamente como poderão ter procedido
(tem em atenção o sugerido na experiência anterior
para medir a velocidade do som…).
6.2 Sabendo que determinaram o tempo de 2 décimos de
segundo para o trajecto do som ao longo da
mangueira, que valor obtiveram para a velocidade
do som?

7 Um polícia procura provas para incriminar um sabotador


de condutas de gás. Arranjou duas testemunhas: uma,
que estava perto do sabotador, que afirma tê-lo visto dar
uma pancada na conduta; outra testemunha, que estava
a 1,7 km de distância do sabotador, junto à conduta,
declarou que não viu ninguém bater nesta, mas garantiu
ter ouvido distintamente 2 pancadas. O polícia, que já se
tinha esquecido do que aprendera em Física, ficou
perplexo e recorreu ao filho. Como é que o filho
esclareceu o pai?

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6 S O M E L U Z

3 O som é uma onda, uma


vibração que se propaga…
As mais diversas partículas existentes na Natureza vibram

permanentemente. Isto é, repetem contínua e periodicamente

movimentos de vai-vém entre duas posições extremas. Quando

estas vibrações se propagam no espaço, de umas partículas a

outras, surgem ondas. Estas são o mais importante processo de

transporte de energia e informação a distância pois, sem envolver

transporte de matéria, podem ocorrer a velocidades muito

elevadas.

O que é uma onda?


Todos sabemos que no mar a água forma ondas, umas vezes mais altas e
outras vezes mais baixas. A sensação que temos ao observar as ondas numa
praia é que a água se move do mar alto para a praia. Mas tal não é verdade! O
que viaja à distância são as ondas, não a água. A água limita-se
praticamente a oscilar para cima e para baixo. Isso pode ser facilmente
verificado: basta colocar uma rolha de cortiça numa tina com água e provocar
uma onda num extremo com a mão (agitando a mão de um lado para o outro).
A rolha praticamente não sai do mesmo sítio, oscilando
para cima e para baixo.

As ondas na água, como as ondas sonoras e as


ondas de luz, são vibrações que se propagam. Uma
onda pode propagar-se num certo meio (a água, no caso
das ondas no mar), mas não é o meio que se propaga…
E, no caso da ondas de luz, nem sequer é necessário um
meio para as ondas se propagarem, pois elas até se
propagam no vácuo ou vazio!

O “pato” desce…

Será que as ondas na água


arrastam consigo a água?

…e sobe…

…enquanto a onda se propaga na água.


A propagação da onda NÃO é a propagação de água mas sim a
propagação da oscilação na água. A energia propaga-se com o
movimento da onda, mas a água não é arrastada com as ondas!

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Ondas transversais e longitudinais
As molas são um bom meio para observar ondas. Há dois modos de
produzir ondas numa mola:

1 Uma onda na mola pode ser direcção e sentido de propagação


da oscilação (horizontal)
obtida pondo a oscilar uma
extremidade da mola numa oscilação
direcção perpendicular à vertical extremidade fixa
direcção da própria mola. A
onda assim obtida
diz-se onda transversal.

2 Também se pode produzir uma


onda na mola provocando uma
oscilação numa extremidade da
mola (apertarndo umas três ou
cinco espiras da mola e extremidade fixa
largando-as). As
oscilações produzidas oscilação
caminham ao longo da horizontal extremidade fixa
mola, na mesma
direcção e sentido de propagação
direcção da mola. da oscilação (horizontal)
Porém, agora as
oscilações ocorrem na mesma
direcção em que se propagam. A
onda assim obtida
diz-se onda longitudinal.

Compressão, descompressão, compressão…


As vibrações da fonte sonora (por exemplo, um diapasão
no ar), comprimem e descomprimem sucessiva e
periodicamente o ar em volta da fonte sonora. Formam-se
• zonas de compressão (zonas com mais ar,
portanto com maior pressão),
e mais
ar
• zonas de rarefacção (zonas com menos ar, ou seja
menos
com menor pressão) ar
mais
que se vão ambas propagando no espaço. ar

Em cada instante, as compressões e rarefacções


sucedem-se ao longo do espaço. E, num dado ponto do
espaço, as compressões e rarefacções sucedem-se,
alternadamente, ao longo do tempo.

Quer dizer: temos em cada momento e ao longo do menos


ar
trajecto da onda, uma compressão, a seguir uma
rarefacção, logo depois uma compressão, etc. E, em cada mais
ar
local, as compressões estão a passar a rarefacções e as menos
rarefacções a passar a compressões, alternadamente. É ar

assim que se propaga o som!

23
6 S O M E L U Z

Visualização das ondas

Onda
Uma onda longitudinal e uma
longitudinal…
onda transversal (vibrações a
propagarem-se) progridem da
Onda
esquerda para a direita…
transversal…

Uma partícula (a vermelho) é alcançada


pela onda, num certo instante, e
começa a vibrar.

Passou um certo intervalo de tempo… a


partícula ainda não atingiu uma posição
extrema.

Passou mais um certo intervalo de tempo… a


partícula atingiu uma posição extrema. Está na
crista da onda.

Passou mais um certo intervalo de tempo… a


partícula continuou a vibração, aproximando-se
da posição de equilíbrio inicial.

Passou mais um certo intervalo de tempo… a


partícula passou na posição de equilíbrio inicial.
A crista da onda já passou pela partícula…

Passou mais um certo intervalo de tempo… a


partícula continuou a vibração, aproximando-
se da nova posição extrema.

Passou mais um certo intervalo de tempo… a


partícula atingiu essa posição extrema. Está
no vale da onda.

Passou mais um certo intervalo de tempo… a


partícula continuou a vibração, aproximando-se
novamente da posição de equilíbrio inicial.

Passou mais um certo intervalo de tempo… a


partícula passou na posição de equilíbrio
inicial. A crista e o vale da onda já passaram
pela partícula…

Entre estas duas posições, diz-se que


decorreu um período de vibração, que é
igual ao período da onda.

24
Período e frequência de uma onda

sentido da propagação da onda

Num certo instante…


P

A partícula vermelha está na crista da onda…


compressão
máxima no
ponto P

… meio período depois…


P
Meio período depois…

rarefacção
máxima no
ponto P

Um período … um período depois…


depois está P
novamente na
crista da onda. Comprimento de onda
compressão
máxima
seguinte no
Período de uma onda ponto P

O período de uma onda é o tempo que demora


uma vibração completa de qualquer das pressão mínima pressão mínima
neste ponto neste ponto
partículas alcançadas pela onda.

O período representa-se pelo símbolo T e a comprimento da onda sonora


sua unidade, no SI, é o segundo. Por exemplo
numa onda com um período de T = 4 s, cada
partícula demora 4 segundos a vibrar. O período de uma onda sonora é o
tempo que decorre entre a passagem,
Frequência de uma onda num certo ponto, de dois máximos
consecutivos da pressão do ar
A frequência de uma onda é o número de (compressão máxima) ou de dois mínimos
vibrações que as partículas (atingidas pela consecutivos da pressão do ar (rarefacção
onda) executam em cada segundo. máxima).

Por exemplo, se as partículas executarem 50 A frequência de uma onda sonora é o


vibrações por segundo, diz-se que a frequência da número de vezes que passa uma
onda é de 50 ciclos por segundo. O ciclo por compressão de ar (ou uma rarefacção)
segundo—ou hertz—é a unidade de frequência em cada segundo, num certo ponto.
no SI (símbolo: Hz). A frequência representa-se
por f. O comprimento de onda da onda
sonora é a distância entre dois pontos
Comprimento de onda sucessivos em que a pressão do ar é
mínima (ou entre dois pontos em que a
É a distância percorrida pela onda num pressão é máxima).
período. É igual à distância de uma crista (ou de
um vale) à crista seguinte (ou ao vale seguinte).

25
6 S O M E L U Z

Equação fundamental das ondas

Que relação há entre a


frequência de uma onda
e o seu período?
Se a frequência de uma onda for 2
vibrações por segundo (ou seja, 2
hertz), cada partícula faz uma
vibração completa em 0,5 s.
Portanto, o período ou tempo de
vibração completa de cada partícula
é 0,5 s. Repara que 0,5 é o inverso
Comprimento de onda
de 2:

O comprimento de onda é a distância que a 1


onde progride por período. A velocidade da onda é, 0,5 =
2
pois, de 1 comprimento de onda por 1 período:
Temos, portanto, de um modo geral:
comprimento de onda
velocidade da onda =
período
1
período =
O período da onda é o inverso da frequência. frequência
Assim, podemos escrever:
1
T =
f
comprimento de onda
velocidade da onda =
1
frequência

Simplificando, obtemos a seguinte equação


(equação fundamental das ondas):

velocidade da onda = comprimento de onda ¥ frequência


O comprimento de onda representa-se
pela letra grega lambda, l

v = l ¥f

Exemplificando:

Um diapasão emite um som de 256 Hz. Sabendo que a


velocidade do som no ar é 340 m/s, qual é o comprimento da
onda sonora emitida por esse diapasão? Que significa esse
valor?
Um diapasão de 256 Hz, e
Como v = l ¥ f, podemos escrever:
respectivo martelo. A indicação
256 Hz significa que as hastes
v 340 m / s
l= = = 1, 33 m do diapasão vibram com uma
f 256 Hz frequência de 256 vezes por
segundo (256 movimentos de
Portanto, na onda sonora do diapasão de 256 Hz, a distância vai-vém). Escuta o som emitido
entre dois pontos sucessivos em que a pressão do ar é mínima pelo diapasão…
(ou entre dois pontos em que a pressão é máxima) é 1,33 m.

26
Visualização de uma onda sonora

Um osciloscópio tem algumas semelhanças


com uma televisão. Tal como numa
televisão, também no osciloscópio, um
filamento emite um feixe de electrões no
interior de um tubo sem ar. Este feixe é
orientado por placas verticais e horizontais
contra um ecrã.
Filamento

O som ouve-se mas não se vê. Para


“visualizar” o som pode ligar-se um microfone a
um osciloscópio ou a um computador com
Feixe de electrões
software adequado. O microfone transforma as Placas verticais

vibrações do ar em sinais eléctricos. Estes sinais Placas


são aplicados nas placas horizontais do horizontais Ecrã
fluorescente
osciloscópio e fazem com que
o feixe de electrões se mova
P
para cima e para baixo. Se
se fizer mover também o
feixe da esquerda para a pressão máxima
direita (aplicando um sinal neste ponto
adequado nas placas
verticais), consegue-se ver
… meio período depois…
uma “onda” no osciloscópio,
que é uma espécie de “cópia P
eléctrica" das ondas sonoras.
4 divisões
pressão mínima
neste ponto
1 ms por cada divisão
O período desta onda sonora é: (ms = milisegundo)

4 ¥ 1 ms = 4 ms = 0,004 s
Verifica que a frequência da onda é 250 Hz…

Questões
1 O produto comprimento de onda ¥ frequência de uma onda
sonora depende ou não do meio de propagação do som?
Fundamenta a resposta.

2 Uma baleia pode emitir sons de 16 Hz. Que período têm essas
ondas sonoras? E qual é o seu comprimento de onda na água
(velocidade do som na água é 1500 m/s)?

3 Observa a figura ao lado (análise de um assobio num


osciloscópio).
3.1 Qual é o período e a frequência do assobio?
0,2 ms por cada divisão
3.2 Qual é o comprimento da onda sonora do assobio?

27
6 S O M E L U Z

4 Propriedades do som

Consegue-se identificar uma pessoa apenas pelo som da sua voz.

Como se podem descrever as características das diferentes

vozes? Que diferença haverá entre o som de uma viola-baixo e o

som de uma viola-solo? Altos, baixos, fortes, fracos, bem

timbrados e mal timbrados são adjectivos vulgares que se

aplicam ao som. Que significam?

A altura de um som
Um som pode ser mais alto (também se diz mais agudo) ou mais baixo
(também se diz mais grave). Não confundas som alto com som mais forte
ou mais intenso.

A altura de um som está relacionada com a frequência das vibrações


que provocam o som. Por exemplo, um assobio é, em geral, um som
agudo ou alto (corresponde a muitas vibrações do ar por segundo). Já um
som de uma pancada da mão numa mesa é um som baixo ou grave
(experimenta ouvir o teu assobio e compara-o com o som de uma
pancada…).

Quanto mais alto (mais agudo) for um som, maior é a sua


frequência. Um assobio muito agudo pode corresponder a 4 000 vibrações
do ar por segundo.
Um som grave ou
baixo, como um som 4 per
períodos
odos da onda
das notas do lado
esquerdo do teclado
de um piano,
corresponde
essencialmente a
sons provocados por
menos de 100
vibrações por
segundo.
7,5 divis
divisões
es
0,0040 s – 0,0020 s = 0,0020 s = 2,0 ms
1,0 ms = 1,0 milisegundos
cada divisão vale 0,5 ms= 0,5 milisegundos

7,5 divis es × 0,5 ms = 3,75 ms (4 per


divisões períodos)
odos)
Análise de um assobio num
computador. O período do assobio é
0,00094 s. Logo, a sua frequência é 3,75 ms
1 período = ≈ 0,94 ms = 0,00094 s
1/0,00094 = 1064 Hz. 4

28
O som de instrumentos musicais
está baseado numa escala de
oitavas.
Se a frequência de uma nota
musical é dupla de outra, o
intervalo musical entre essas
2 2 2 2 2 2 2 notas é uma oitava.

32,7 Hz 65,4 Hz 130,8 Hz 261,6 Hz 523,2 Hz 1046,4 Hz 2092,8 Hz 4185,6 Hz Por exemplo, no teclado de um
"piano de 7 oitavas", como o
DÓ DÓ DÓ DÓ DÓ DÓ DÓ DÓ
mais mais que está representado, a
grave agudo frequência dos sucessivos DÓs é
dupla de oitava em oitava.

A frequência O DÓ de 4185,6 Hz é o mais


deste DÓ agudo e o DÓ de 32,7 Hz é o
é dupla mais grave.
da frequência
do DÓ anterior

Questões
Os gráficos ao lado referem-se a
dois assobios analisados num
computador com software
adequado. A escala horizontal
(tempo) é igual nos dois
gráficos.

1 Quanto vale em
milisegundos, a menor
divisão da escala horizontal?

2 Qual dos dois assobios tem


maior período? E qual tem
maior frequência?

3 Qual dos dois assobios é


mais agudo? Porquê?

4 Qual é o período de cada


um dos assobios?

5 Qual é a frequência de cada


um dos assobios?

29
6 S O M E L U Z

A intensidade ou
volume de um som
O som emitido pela explosão do vulcão Krakatoa em 1884 (na
Indonésia) foi dos mais intensos ou fortes que alguma vez se
produziram na Natureza. Foi tão forte que chegou a ser ouvido
a mais de 4000 km de distância!

A intensidade de um som é a característica que permite O vulcão da ilha de Krakatoa,


classificá-lo em forte ou fraco. Quanto mais intenso ou forte que explodiu em 1884:
for um som, mais longe ele poderá ser detectado, em produziu o som mais intenso de
iguais condições de propagação. sempre na Terra!

A intensidade de um som
depende da energia que lhe está

amplitude
associada. Esta designa-se muitas
vezes por energia sonora, não
porque se trata de uma “forma”
especial de energia (é energia
cinética, ou energia do
movimento, como outras “formas”
de energia).

A intensidade de um som
Esquemas de dois sons registados
depende da amplitude das respectivas ondas. A amplitude num osciloscópio (as escalas
de uma onda sonora no ar é metade da diferença entre as horizontal e vertical são iguais). O
pressões máxima e mínima num certo ponto por onde passa a som da esquerda é mais intenso
onda (ver esquema ao lado). (tem maior amplitude).

O gráfico refere-se a um assobio analisado


num computador. A intensidade do assobio
aumentou… mas o seu período e a sua
frequência mantiveram-se constantes.
Questões
Observa o gráfico acima.

1 Verifica que a frequência do assobio se manteve constante ao longo de todo o assobio.

2 Que propriedade do som variou durante o assobio?

30
O nível de intensidade Níveis aproximados de intensidade sonora
(em decibéis)
sonora: escala de
decibéis
Os sons pouco intensos não são distinguidos ruptura do tímpano 160
pelo ouvido. Os sons muito intensos (por
exemplo, aqueles que se produzem num
walkman quando o “volume” de som está
muito elevado) podem prejudicar a audição, concerto rock
120
porque afectam os diferentes órgãos do (máximo tolerável)
ouvido, quer temporária quer mesmo
definitivamente.
nível mínimo
O nível de intensidade sonora de um para provocar 110
som é calculado comparando a intensidade dor
desse som com a intensidade do som mais
fraco que se toma para referência e que pode
ser ouvido pelo ser humano.
tráfego intenso 80
Um nível de intensidade sonora de 1
decibel (1 dB) mal se ouve, porque a sua
intensidade pouco ultrapassa a intensidade
mínima audível. Um murmúrio, ouvido a 1 m barulho de
de distância, corresponde a um nível de 70
aspirador
intensidade de 20 dB, aproximadamente.
Uma conversa em tom normal, a 1 m de
distância, corresponde a cerca de 60 dB.
conversa
Um nível de intensidade sonora superior 60
vulgar
a 140 dB (por exemplo, o dos motores dos
aviões a jacto, ouvidos a 50 m, ou o de
potentes instalações sonoras, situadas a 1 m
de distância) provocam sensações de dor e ruído numa
40
podem originar estragos permanentes nos biblioteca
orgãos do ouvido.

Acima de 110 dB,


as sensações no conversa
20
muita baixa
ouvido tornam-se
dolorosas, porque os
tímpanos (membranas
vibrantes que temos nos sussurro de
ouvidos) vibram com folhas 20
grande amplitude. agitadas
Mesmo os sons com
níveis de intensidade
limiar
inferior, escutados
da audição 0
durante longos (nível zero)
períodos de tempo,
podem provocar
surdez total ou
parcial, porque
diminuem a
elasticidade dos
Foto de um sonómetro, aparelho que mede o nível de
tímpanos. intensidade sonora, em decibéis.

31
6 S O M E L U Z

Som fundamental:
O timbre de um som harmónico de
ordem 0
É vulgar, no início dos concertos, os músicos
verificarem a afinação dos instrumentos. Um
instrumentista emite uma nota e todos os outros
instrumentistas repetem a mesma nota. Se os sons
emitidos correspondem à mesma nota, têm a
mesma altura. E poderão ter ou não a mesma
intensidade, isto é, serem igualmente fortes ou
fracos.

Mas, ainda que tenham a mesma altura e a Som de frequência


mesma intensidade, distinguimos nitidamente dupla: harmónico
esses sons entre si. Por exemplo, o LÁ normal de ordem 1
emitido por uma flauta distingue-se claramente do
LÁ normal emitido por um violino! Porque
conseguimos distinguir sons da mesma intensidade
e altura produzidos por instrumentos diferentes?

A propriedade que permite distinguir sons Som de frequência


musicais com a mesma altura e com a mesma tripla: harmónico
intensidade é o timbre do som. O timbre é uma de ordem 2
característica muito importante dos
instrumentos musicais e da voz humana. O que
distingue um cantor altamente apreciado é o timbre
da sua voz. Som composto
pelos harmónicos
Um som musical emitido por um cantor ou por de ordem 0, 1 e 2
um instrumento é uma mistura de sons
harmónicos, isto é, uma mistura de sons em
que um tem uma certa frequência e os outros
têm frequências múltiplas desta. O timbre
está relacionado com a composição dessa
mistura de frequências. Quase todos os sons são sons compostos. A
frequência de um som composto é a frequência
Os sons de diferentes instrumentos (ou de do seu som fundamental (que é a frequência
diferentes vozes), mesmo quando emitem a mesma mais baixa dos sons componentes). O timbre de
nota, diferem sempre na sua composição—ou seja, um som composto depende do número de sons
diferem no seu timbre. componentes (harmónicos), bem como das
frequências e intensidades respectivas.

flauta

violino

Estas ondas correspondem à mesma nota musical em três


instrumentos diferentes. A frequência fundamental do som é
a mesma (trata-se da mesma nota musical), mas a mistura
de harmónicos é diferente de instrumento para instrumento.
Os três instrumentos têm, pois, timbres diferentes.

clarinete

32
Questões
1 Já observaste certamente as “ondas” que os
espectadores fazem num estádio. Numa
zona do estádio, os espectadores
levantam-se e põem os braços no ar.
Logo a seguir, os espectadores ao lado
fazem o mesmo. E assim sucessivamente.
Uma onda destas pode demorar cerca de
uma dezena de segundos a dar a volta ao
estádio.
1.1 Que semelhanças há entre as ondas de
espectadores e as ondas sonoras no ar?
1.2 E que diferenças?

2 A figura junto esquematiza as ondas


sonoras emitidas por dois diapasões.
2.1 Qual é que emite som com menor
comprimento de onda? Fundamenta a
resposta.
2.2 Qual é que emite som com menor
frequência? Fundamenta a resposta.
2.3 Qual é que emite som mais agudo?
Fundamenta a resposta.
A B

3 Os telefones de teclas produzem sons


característicos, que resultam da
sobreposição de dois sons quase puros. Por
exemplo, a tecla 1 de um telefone produz
som composto de dois sons com frequências
697 Hz e 1209 Hz. Estes dois sons são sons
harmónicos? Fundamenta a resposta.
A

4 As figuras mostram a análise de duas notas


LÁ de uma guitarra Fender em computador.
4.1 Qual é o LÁ mais agudo?
4.2 Trata-se de sons puros ou sons com
timbre?
4.3 Sobrepondo estas duas notas, obtém-se
B
um LÁ com o mesmo timbre?
Fundamenta a resposta.
4.4 Faz uma estimativa de quantas vezes é
que a frequência do segundo LÁ é maior
que a frequência do primeiro.
4.5 Verifica que a frequência do primeiro
LÁ é 220 Hz e a do segundo é 440 Hz.

33
6 S O M E L U Z

5 Engenharia do som: alguns


exemplos
O conhecimento das características e propriedades do som tem

sido usado nas mais diversas áreas para melhorar a qualidade

de vida e para produzir espectáculos de maior qualidade.

Espectro sonoro
O espectro sonoro é o conjunto de todos os sons, audíveis e não
audíveis pelo ser humano. A zona dos sons audíveis, para os seres
humanos, situa-se entre os 20 Hz e os 20000 Hz. Os sons de frequências de
0 a 20 Hz (não audíveis) constituem a zona dos infra-sons. Sons de
frequência inferior a 20 Hz (infra-sons) provocam náuseas e perturbações
intestinais. Os sons com frequências muito elevadas, superiores a 20 000 Hz,
que o ouvido humano também não consegue ouvir, chamam-se ultra-sons.

Os cães conseguem ouvir sons cujas frequências estão entre os 15 Hz e


os 50000 Hz. Podem, por isso, detectar ruídos que deixam indiferentes os
seres humanos, como, por exemplo, os apitos especiais para cães. Os
morcegos e os cágados conseguem emitir e ouvir sons de frequências
superiores a 100000 Hz.

Piano 30 4100
Aparelhagem 15 30 000
de alta fidelidade
85 1 100
Homem
20 20 000

452 1 800
Cão
15 50 000

760 1 500
Gato
60 65 000

10 000 120 000


Morcego
1 000 120 000

50 8 000
Sapo
50 10 000

7 000 120 000


Cágado
150 150 000

50 100 1000 10 000 100 000

frequência (em hertz)

Frequências produzidas Frequências ouvidas

Gama de frequências dos sons que podem ser produzidos por alguns instrumentos musicais, pelo homem
e por diversos animais. O gráfico mostra também as frequências dos sons que podem ser ouvidos por
diferentes animais.

34
Discute... A
frequência do som (Hz)

nível mínimo de intensidade sonora (dB)


250 500 1000 2000 4000 8000
100
Audiogramas e capacidade 80
auditiva 60

Existem alguns defeitos do aparelho auditivo que 40


dificultam a audição. Se o defeito for muito grande,
é-se mesmo surdo. Os médicos dos ouvidos dispõem de 20

audiómetros, aparelhos que permitem registar em 0


gráficos (audiogramas) a capacidade auditiva, verificando
assim se os ouvidos estão a funcionar bem. A figura ao
lado esquematiza os audiogramas A, B, C e D de
diferentes pessoas.
frequência do som (Hz)
B

nível mínimo de intensidade sonora (dB)


250 500 1000 2000 4000 8000
1 Qual é o nível mínimo de intensidade sonora que a 100
pessoa A consegue ouvir?
80

60
2 A pessoa A consegue ouvir sons de 4000 Hz que
tenham apenas 40 dB? 40

20
3 Compara o audiograma da pessoa A com o da pessoa
B. Qual tem melhor capacidade auditiva? Porquê? 0

4 Qual das pessoas ouve melhor sons mais agudos


(8000 Hz)?
frequência do som (Hz)
C
nível mínimo de intensidade sonora (dB)

250 500 1000 2000 4000 8000


5 Qual das pessoas ouve melhor sons mais graves 100
(250 Hz)?
80

60
6 Qual das pessoas é praticamente incapaz de ouvir
sons com a frequência de 3000 Hz? 40

20
7 Qual dos audiogramas é provável que corresponda a
0
um jovem que não tem o hábito de ouvir música
muito “alta”?

8 Os morcegos emitem ultra-sons de 30 000 Hz (ou


mais) na escuridão de uma cave ou de uma caverna frequência do som (Hz)
D
nível mínimo de intensidade sonora (dB)

para voarem 250 500 1000 2000 4000 8000


100
afastados da
parede. Este seu 80
sistema de sonar
60
natural é
extremamente 40
eficaz. Será que
20
podemos ouvir
estes sons emitidos 0
pelos morcegos?

35
6 S O M E L U Z

Sonares
Alguns barcos utilizam o fenómeno do eco para
determinar a profundidade da água por baixo deles
ou a presença de cardumes. O aparelho que faz esta
determinação chama-se sonar. Os sonares utilizam
sons que o ouvido humano não ouve — os chamados
ultra-sons.

O sonar possui um emissor de som especial, que


faz propagar o som na água, e tem associado um
microfone, que recolhe o som reflectido.

Assim, por exemplo, se o som demorar 0,1


segundos a voltar, a que distância está o barco do
fundo do mar?

Como o som tem que ir e voltar e a velocidade


das ondas sonoras no mar é de 1500 m/s, a
Sonar: o eco dos ultra-sons permite determinar
profundidade é de
a posição de cardumes e do fundo do mar.

1500 m / s ¥ 0,1 s
= 75 m
2

Ecografia
Uma ecografia é feita com ultra-sons, isto é, sons de frequência de
20000 Hz, que é superior às frequências que o ouvido humano
consegue ouvir. Estes sons são emitidos por cristais vibrantes,
colocados perto do corpo. O eco é recebido por sensores e analisado
por computadores, de modo a se obter uma imagem.

As ecografias são hoje uma prática médica corrente, que permite


“ver” os bébes antes de nascerem (na foto ao lado, um bébé
ecografado no ventre da mãe). Os ultra-sons são também utilizados
por médicos para examinar o interior do corpo humano, desde o
coração aos ossos ou ainda para certos tratamentos, como a
destruição de pedras nos rins. Ecografia de um bébé na
barriga da mãe: os ultra-sons
reflectem-se de modo
diferente nos tecidos e nos
Isolamento sonoro ossos, permitindo a um
computador construir uma
das casas imagem do bébé.

O conhecimento do comportamento
dos materiais no que se refere à
transmissão do som é importante, por
exemplo, para criar isolamento sonoro
nas casas.

Em certos casos, utilizam-se


materiais isolantes nas paredes e
colocam-se vidros duplos nas janelas
das casas, nomeadamente nas que O isolamento sonoro pode
estão voltadas para ruas impedir a recepção de sons
movimentadas. no interior de uma
habitação.

36
Leitura…
Arquitectura de salas de
concerto
Até ao século XX, os teatros e as salas de
concerto eram concebidos com base em regras
tradicionais, obtidas à custa de tentativa e erro.
Por isso, nem sempre era boa a qualidade
acústica das salas.

Uma sala de concerto tem uma boa acústica


quando se consegue uma boa recepção dos sons
em qualquer ponto da sala. Há três aspectos
importantes no que respeita à acústica das
salas, a saber: o ruído de fundo, a difusão e a
reverberação.
As paredes de uma sala
• O ruído de fundo pode mascarar, desfigurar os sons. As fontes deste de concerto não são
ruído tanto podem ser internas (o próprio público, ou o sistema de ar lisas. Se o fossem, os
condicionado, por exemplo), como externas (tráfego, obras, espectadores ouviriam
manifestações públicas, etc.). concertos em más
condições acústicas, com
• A difusão dos sons deverá ser o mais homogénea possível, isto é, sobreposição de sons
deverá evitar-se a concentração dos sons em determinados pontos. directos e reflectidos.
Nesta difusão cabe papel importante à reflexão do som nos tectos e
nas paredes. Por isso, a geometria das paredes reflectoras deve ser
estudada e as superfícies devem ser cobertas de materiais absorventes
dos sons ou serem irregulares, de modo a difundirem em todas as
direcções as ondas sonoras.

• A reverberação é a persistência do
som depois de ter terminado a sua 3,5
tempo de reverberação (em s)

emissão. É importante o tempo de sala de concertos para orquestra


3,0
reverberação, isto é, o intervalo de
sala para música ligeira
tempo necessário para o som se 2,5 estúdio de concerto
tornar inaudível após a sua emissão. ópera
2,0 sala de baile
Os tempos de reverberação
adequados para os diversos fins, de 1,5
estúdio de
teatro dramático

acordo com o volume da sala, estão rádio


1,0 sala de conferências
representados no gráfico junto. estúdio de televisão
0,5
É óbvio que a acústica de uma sala
deve ser boa não só para os espectadores 100 500 1000 5000 10 000 50 000
mas também para os intérpretes. Estes volume da sala (em m3)
deverão ouvir-se mutuamente e com o
Tempo de reverberação
mínimo atraso possível. Isto consegue-se com placas reflectoras do som por
ideal em função do
cima e por trás dos executantes. Para conseguir uma boa audição mútua,
volume da sala, para
os executantes das modernas orquestras sinfónicas dispõem-se em semi-
vários tipos de salas. Em
círculo. que tipo de sala é que
deve ser maior o tempo
Em geral, os concertos ao ar livre não têm qualidade acústica, porque,
de reverberação? E
além do ruído de fundo ser geralmente elevado, falta-lhe a reverberação menor?
adequada para uma boa audição.

37
6 S O M E L U Z

6 O que é a luz? Como se


propaga?
Os nossos ouvidos são detectores naturais de ondas sonoras. E

os nossos olhos são detectores naturais de ondas

electromagnéticas! As ondas electromagnéticas consistem na

variação, no espaço e no tempo, de certas propriedades físicas.

Essas propriedades físicas do espaço são bem reais!

Som e luz: que


diferenças e que
semelhanças?
Vimos que o som, ao progagar informação
através de uma onda, permite a audição.
Com a luz sucede algo de muito semelhante.
A propagação da luz permite a visão. A
diferença entre estes dois fenómenos
está no tipo de ondas. As ondas
luminosas são de uma natureza totalmente
diferente da que possuem as ondas sonoras,
como vamos ver!

No caso do som, a propagação dá-se


num dado meio material (sólido, líquido ou Na Lua, onde não há ar nem qualquer outro tipo de
gás, como o ar). É no material que ocorrem atmosfera, os astronautas podem ver mas não ouvem
vibrações e se propaga a onda sonora. No nada através do espaço! Por exemplo, não podem ouvir
vácuo (onde não há nada para vibrar…), as o som do jeep lunar! Só podem comunicar uns com os
ondas sonoras não se propagam. outros por rádio… e por gestos, claro!

A luz, pelo contrário, propaga-se no ar e


nos outros meios transparentes, como o
vidro, mas também se propaga no vácuo.
As ondas de luz não necessitam, pois,
de qualquer meio material para se
propagarem. As ondas de luz, também
designadas por ondas electromagnéticas,
No filme Armageddon (e
correspondem à variação, no espaço e no em muitos outros filmes,
tempo, de certas propriedades físicas (os com cenas “no espaço”)
chamados campos eléctricos e magnéticos). ouvem-se todo o tipo de
Essas propriedades físicas do espaço sons, onde nunca seria
são bem reais! Estás permanentemente a possível haver som...
utilizá-las nos telemóveis, na rádio, na porque não há ar para as
televisão, nos lasers, etc., e, claro, na visão! ondas sonoras se
propagarem!

38
Luz: ondas ou Um feixe de luz
incide num metal…
partículas?
Desde o século XVII que a ciência discute Os fotões (partículas
se a luz é constituída por ondas ou por de luz) arrancam
electrões do metal.
partículas. No século XIX, a teoria de que a
luz é constituída por partículas foi
praticamente abandonada. Mas, no princípio Este efeito
do século XX, descobriram-se vários fotoeléctrico
fenómenos físicos (por exemplo, o efeito (foto = luz) é
comprovado pelo
fotoeléctrico usado para abrir
electroscópio. Este
automaticamente portas) que levaram a
fica carregado
concluir que há partículas de luz. Einstein,
electricamente, e as
que explicou o efeito fotoeléctrico, chamou respectivas folhas
fotões às partículas de luz. Hoje em dia, a afastam-se
teoria da luz é, no essencial, uma teoria ligeiramente.
matemática que admite que a luz tem um
comportamento como partícula e como
onda, consoante os fenómenos em que
intervém.

campo eléctrico variável


direcção do campo
eléctrico
direcção do campo
magnético

direcção da onda
campo
magnético variável

Uma representação muito simplificada da propagação de uma onda electromagnética. Na


realidade, o que os cientistas conhecem bem sobre as ondas são as equações matemáticas que as
descrevem, e não “os desenhos” ou “fotografias” do que elas são na realidade!

Fontes e receptores de luz


O Sol, tal como outros astros, emite luz para o
espaço. É uma fonte de luz. A Terra não emite luz
(mas reflecte parte da que recebe do Sol). É, pois,
um receptor de luz. Também numa sala temos fontes
de luz (lâmpadas, por exemplo) e receptores de luz
(móveis, paredes, etc.)

O filamento de uma lâmpada, para emitir luz,


tem de ser percorrido por uma corrente eléctrica. A
corrente eléctrica transfere energia para os
átomos do filamento da lâmpada, isto é, fá-los
passar de um estado de menor energia para um
estado de maior energia. E, imediatamente após
receber energia da corrente, os átomos voltam
para o estado de energia inicial, emitindo
energia na forma de radiação luminosa. E o
Uma lâmpada acesa é uma fonte de luz. A
processo repete-se… até deixar de passar corrente no
emissão de luz é um processo que se dá a
filamento (quando se desliga o interruptor ou a nível dos átomos do filamento da lâmpada,
lâmpada se funde!). que recebem energia da corrente eléctrica.

39
6 S O M E L U Z

Propagação da luz
Quando se acende a luz numa sala às
escuras, verifica-se que há objectos
iluminados nos mais variados pontos da sala.
Deste facto podemos concluir que a luz se
propaga em todas as direcções a partir
da fonte que a emite.

Feixes e raios
luminosos
Se, em frente de uma fonte de luz, por
exemplo uma fonte de raios laser, colocarmos A propagação da luz em linha recta pode observar-se
poeiras (de pó de giz, por exemplo) ou fumos facilmente ao nascer e ao pôr-do-sol.
(de cigarro, por exemplo) visualizaremos o
que poderemos chamar um feixe luminoso.
Um feixe suficientemente estreito considera-
se como sendo um raio luminoso. No
entanto, por mais estreito que seja um feixe
de luz, este é sempre formado por uma
infinidade de raios luminosos.

Os feixes luminosos podem ser:


• convergentes, quando os raios
luminosos se vão aproximando; Procura observar um objecto através de uma
• divergentes, quando os raios mangueira. Estando a mangueira curvada, observas o
objecto? E com a mangueira direita? Porquê?
luminosos se vão afastando;
• paralelos, quando os raios luminosos
se mantêm paralelos uns aos outros.

Nesta zona, o Zona onde o Nesta zona o


feixe de luz é um feixe de luz feixe de luz é
feixe converge. um feixe
convergente. divergente.

Um feixe produzido por uma fonte de luz


laser atravessando diversas lentes.

40
Corpos transparentes,
translúcidos e opacos
Os óculos de lentes escuras diminuem a intensidade da
luz que incide nos olhos. Portanto, a intensidade luminosa
é afectada pelo meio em que a luz se propaga. É que a
energia luminosa pode ser mais (ou menos) absorvida
consoante o meio em que se propaga.

O vidro normal é transparente porque a luz visível o


atravessa facilmente, permitindo uma visão muito nítida
Observa uma lâmpada luminosa através
dos objectos através dele.
de um vidro normal, de uma folha de
Uma folha de papel é translúcida porque a luz visível papel e de uma chapa de metal. Qual
dos corpos é transparente? E qual é
o atravessa parcialmente, de tal modo que não permite
translúcido? E qual é opaco?
uma visão nítida dos objectos através dela.
Coloca uma mancha de gordura (azeite
Uma chapa de metal é opaca à luz visível porque ela ou óleo, por exemplo) numa folha de
não a atravessa. Logo, não permite a visão dos objectos papel branca. Ilumina a folha. A zona
através dela. gordurosa é mais ou menos translúcida
que a folha seca?
O facto de um dado corpo ser mais ou menos
transparente depende da sua espessura e da luz que nele
incide. Por exemplo, um corpo pode ser transparente à
luz vermelha e não o ser à luz azul.
velocidade da luz (km/s)

A velocidade da luz diamante 124 000

Quando acendemos uma lâmpada, temos a vidro de cristal 180 000


sensação de que a luz se propaga
vidro vulgar 200 000
instantaneamente. Mas não é assim: a luz pode
até levar muitos anos a ir de um local a outro. Por água 225 000
exemplo, a luz do Sol demora quase 9 minutos a
chegar à Terra! vácuo 300 000

Em distâncias pequenas, o tempo de viagem ar 300 000

da luz é pequeníssimo: à nossa escala,


50 000

100 000

150 000

200 000

250 000

300 000

350 000
0

propagação é quase instantânea. A velocidade


da luz no vácuo é aproximadamente
trezentos mil quilómetros por segundo
(300 000 km/s). É uma velocidade cerca de 900
000 vezes maior do que a do som. Num segundo,
o som percorre cerca de 340 metros. Num
segundo, a luz percorre 300 000 000 metros
(trezentos milhões de metros), quase a distância
Questões
da Terra à Lua. A velocidade da luz no vácuo 1 Tendo em conta a tabela acima, verifica que a
pouco difere do valor da velocidade da luz no ar. luz atravessa uma sala de aula de 6 m de
largura em 0,000 000 02 s = 2 ¥ 10–8 s.
A velocidade da luz no vácuo é um valor com
um significado muito especial. De facto, os
físicos têm muito boas razões para acreditar 2 Os astronautas deixaram uma câmara de
que nada pode viajar mais depressa do que a televisão na Lua. Quanto tempo demoram as
luz! ondas emitidas por essa câmara de TV a chegar
à Terra, que está a 400 000 km da Lua?
Nos outros meios transparentes (vidro, água,
plástico, etc.), a velocidade da luz é menor do que
no vácuo.

41
6 S O M E L U Z

7 Propriedades da luz e o
espectro electromagnético
A luz, propagando-se por ondas, tal como o som, é descrita

por grandezas físicas semelhantes, como sejam a frequência, o

período e o comprimento de onda. Cada tipo de luz, visível ou

não visível, tem valores diferentes destas grandezas.

Frequência e comprimento
de onda da luz
As ondas luminosas, tal como as ondas sonoras, têm um certo período (tempo
que demora uma vibração do campo electromagnético) e uma frequência
(quantas vibrações ocorrem por segundo). Movem-se a 300 000 km/s no ar e
no vácuo, com um determinado comprimento de onda (distância entre a
crista ou vale de uma onda e a crista ou vale seguinte) e uma certa
amplitude.
comprimento de onda
direcção da onda

amplitude do
campo eléctrico

amplitude do
campo magnético

Período: intervalo de tempo Amplitudes: valores máximo


que demora uma vibração do das intensidades dos
campo electromagmético. Comprimento de campos eléctrico e
Mede-se em segundos. onda: distância magnético.
Frequência: número de entre a crista ou o
A intensidade de luz está
vibrações do campo vale de uma onda e
relacionada com estas
electromagmético por segundo. a crista ou o vale
amplitudes. Quanto mais
Mede-se em hertz (Hz). Um seguinte.
intensa for uma onda de luz,
hertz é uma vibração por mais energia transporta.
segundo.

O período de uma onda é o inverso da


1 frequência dessa onda. Por exemplo, se a
período = frequência da onda é 10 Hz (10 vibrações
frequência
por segundo), o período é 1/10 = 0,1
1 segundos. Uma vibração completa, nessa
frequência =
período onda, demora, pois, 1 décimo de
segundo.

42
comprimento de onda porque a distância correspondente a 1
velocidade da onda = comprimento de onda demora 1 período a ser
período
percorrida pela onda…

comprimento de onda
velocidade da onda =
1 porque 1
período =
frequência frequência

simplificando…

velocidade da onda = comprimento de onda ¥ frequência

A velocidade de uma onda electromagnética é a velocidade da luz (símbolo c).


O comprimento de onda representa-se pela letra grega lambda (l) e a
frequência por f.

Esta é a equação fundamental das ondas aplicada às ondas


c = l ¥f
electromagnéticas (já atrás estudaste-a para as ondas sonoras…)

Exemplificando
Um telemóvel emite na frequência de 900 megahertz (900 MHz). Qual é o
período e o comprimento das ondas emitidas e recebidas pelo telemóvel?

Resposta:

Como 1 megahertz é 1 milhão de hertzs, temos:

900 MHz = 900 000 000 Hz = 9 ¥ 108 Hz

O período das ondas é, portanto:

1 1 1
período = = = s = 1,1 ¥ 10-9 s = 0, 0000000011 s
frequência 8 8
9 ¥ 10 Hz 9 ¥ 10
Nota: um telemóvel permite ouvir
E, como a velocidade da luz é sons à distância... O som é
300 000 km/s = 300 000 000 m/s = 3 ¥ 108 m/s transformado nos microfones do
telemóvel em sinais eléctricos.
podemos escrever: Esses sinais são novamente
transformados e emitidos pelo
c = l ¥f emissor do telemóvel na forma
de ondas electromagnéticas
3 ¥ 108 m / s = l ¥ 9 ¥ 108 Hz (ondas de luz). Essas ondas são
captadas pelas antenas das
Donde:
empresas de telecomunicações
que, em seguida, as fazem
3 ¥ 108 m / s 3 chegar ao telemóvel receptor.
l= = m = 0,33 m
8 9
9 ¥ 10 Hz Portanto, ouvem-se ondas
sonoras num telemóvel, mas os
Portanto, o período das ondas de 900 MHz é 1,1 ¥ 10-9 telemóveis comunicam entre si
segundos (0,000 000 001 1 s) e o comprimento de onda é por ondas electromagnéticas!
0,33 metros.

43
6 S O M E L U Z

O espectro electromagnético
Há uma grande diversidade de ondas de luz ou ondas
electromagnéticas. As ondas de rádio, os raios X (que
permitem “ver” o interior do corpo humano, os raios
infravermelhos (que nos permitem controlar os aparelhos
de TV sentados no sofá!), etc., são ondas
electromagnéticas. Quer dizer, a natureza dessas
radiações é a mesma natureza da luz visível. O O olho humano apenas detecta a luz
visível, isto é, as ondas
conjunto de todos os tipos de ondas de luz, visíveis e não
electromagnéticas que têm
visíveis, designa-se por espectro electromagnético.
comprimentos de onda compreendidos
entre 0,000 004 metros (cor violeta) e
0,000 007 metros (cor vermelha).

Raios
ultravioletas
A luz ultravioleta
corresponde às ondas electromagnéticas
Raios gama cujas frequências são imediatamente
superiores às da luz visível.
Os raios gama são as ondas Raios X A luz visível, quer provenha do Sol ou de
electromagnéticas de maior
Os raios X são ondas uma lâmpada, é acompanhada por algumas
frequência. O seu poder
electromagnéticas com radiações ultravioletas. São estas radiações
penetrante é
frequências superiores às que mais escurecem a pele humana exposta
extraordinário, podendo
dos raios ultravioletas. Têm ao sol. Quando em excesso, são perigosas.
mesmo atravessar a Terra
um grande poder de A camada de ozono que existe na alta
de um lado ao outro!
penetração em objectos atmosfera da Terra absorve grande parte
Utilizam-se em medicina
opacos a outros tipos de dessas radiações provenientes do Sol. Essa
para matar células de
luz. Utilizam-se, por isso, camada de ozono tem vindo a diminuir nas
tumores cancerígenos (na
em radiografias para últimas dezenas de anos, devido ao uso de
figura está um desenho de
observar, por exemplo, um grupo de produtos químicos chamados
um sistema desse tipo).
ossos e dentes, para CFCs (clorofluorcarbonetos, actualmente
Claro que a sua utilização é
examinar bagagens em proibidos) em “sprays”, frigoríficos, etc.
muito cuidadosa, pois são
aeoroportos, etc.
perigosos para as células Os protectores solares protegem a pele
saudáveis. Frequência, comprimento porque filtram a luz, diminuindo a
de onda e período típicos: quantidade de radiação ultravioleta que a
Frequência, comprimento
de onda e período típicos: frequência = 1018 Hz atingem.

frequência = 1022 Hz comp. de onda = 3 ¥ 10-10 m Frequência, comprimento de onda e período


período = 10 -18
s típicos:
comp. de onda = 3 ¥ 10-14 m
-22
frequência = 1016 Hz
período = 10 s
comp. de onda = 3 ¥ 10-8 m
período = 10-16 s

44
Ondas de rádio
As ondas de rádio e TV são de todas as
ondas elecromagnéticas as que têm as
menores frequências e maiores
comprimento de onda. Os comprimentos
de onda vão desde algumas dezenas de
centímetros até muitos quilómetros. As
ondas de rádio costumam classificar-se em
ondas longas, ondas médias e ondas curtas. As ondas curtas
podem atingir grandes distâncias devido à reflexão na
atmosfera (reflexão essa que não ocorre com os outros tipos de
ondas de rádio).
Frequência, comprimento de onda e período típicos:
frequência = 108 Hz (100 MHz)
comp. de onda = 3 m
período = 10-8 s

Microondas
As microondas têm comprimentos de
onda entre 1 mm e 30 cm. As
frequências das microondas são
superiores às das ondas de rádio, logo o
Raios infravermelhos
seu comprimento de onda é inferior. O
Os chamados raios infravermelhos (ou uso de microondas vulgarizou-se nos
ondas infravermelhas) são as ondas últimos tempos em fornos de cozinha. Estas ondas
electromagnéticas de frequências electromagnéticas, reflectidas pelas paredes interiores
compreendidas entre as das microondas e as do forno, distribuem-se por todo o forno e, quando
da luz visível. Usam-se, por exemplo, nos penetram nos alimentos, cedem-lhes energia. Esta
telecomandos de TV. Os raios infravermelhos, energia aumenta a agitação das moléculas de água nos
se suficientemente intensos, têm grande poder alimentos, que assim aquecem rapidamente. Quanto
de aquecimento. Por exemplo, em alguns mais água tiver um alimento, mais rapidamente ele
restaurantes usam-se lâmpadas de aquece. As microondas são também utilizadas nos
infravermelhos para manter quentes os radares e nas telecomunicações (rádio e TV).
alimentos. Com óculos especiais ou máquinas
Frequência, comprimento de onda e período típicos:
de fotografar especiais, pode-se ver no escuro.
De facto, esses óculos e essas máquinas são frequência = 1010 Hz
sensíveis às ondas infravermelhas que todos comp. de onda = 0,03 m
os objectos emitem (mas que não período = 10-10 s
conseguimos ver à vista desarmada). Há
também satélites que tiram fotografias de
infravermelhos da superfície terrestre,
que são auxiliares preciosos nas
previsões meteorológicas. Alguns
animais, como por exemplo os mosquitos,
conseguem detectar as radiações
infravermelhas emitidas por outros
animais, o que lhes permite perseguir de
noite as suas presas.
Frequência, comprimento de onda e
período típicos:
frequência = 1011 Hz
comp. de onda = 0,003 m Imagem da Europa, em luz infravermelha, obtida por um
período = 10-11 s satélite. As zonas mais quentes são as zonas mais escuras
(terra e mar)

45
6 S O M E L U Z

Discute...

Deixem-se de conversas
Um estudo sobre os efeitos das
radiações dos telemóveis lança
hipóteses alarmantes. As células
cerebrais podem estar em risco
Texto de Ricardo Nabais, Foto de António
Pedro Ferreira (Expresso, 1 de Março de
2003)

Marcar um número e ligar a um amigo, enviar


mensagens por SMS, tirar fotos e enviá-las são gestos trabalho para reproduzir e tentar confirmar a pesquisa
triviais do quotidiano. Mas a banalidade destas acções de Leif Salford.
pode ser posta em causa com a recente pesquisa de
uma equipa de cientistas suecos liderada pelo Os operadores, por seu lado, mantêm-se atentos a
neurocirurgião Leif Salford. toda a legislação nova sobre a matéria e remetem para
os níveis mínimos sugeridos pelos padrões europeus. A
Este médico, que se tem dedicado a um estudo norma actual estipula um limite de exposição a campos
profundo dos telemóveis e dos seus efeitos no sistema electromagnéticos em 300 GHz e foi determinada na
nervoso, chegou a uma conclusão alarmante. As sequência das polémicas sobre os espaços mais
radiações electromagnéticas produzidas por estes adequados para a instalação de antenas de telemóveis.
aparelhos — que não são propriamente novidade, ao
contrário das possíveis consequências da sua incidência Mas os problemas não acabam aqui. As
sobre o cérebro — podem matar os neurónios. O estudo recomendações da praxe — não estar muito tempo em
será publicado em Abril nos EUA, no jornal do National contacto com o aparelho, afastá-lo dos órgãos vitais
Institute of Environmental Health Sciences e promete dar como o coração e o cérebro, entre outras — também não
brado. parecem dar certezas absolutas de segurança. No
entanto, segundo Isabel Ramos, presidente da Sociedade
A provar-se tal hipótese, muitos afirmam que os Portuguesa de Radiologia, a questão está em “medir a
processos judiciais em torno dos telemóveis serão, num relação entre os benefícios e os malefícios das
futuro próximo, tão abundantes quanto as acções radiações”. Os especialistas é que devem determinar
movidas devido ao consumo, activo ou passivo, de esse nível, tendo em conta que vale a pena utilizá-las
tabaco. quando as vantagens superam os constrangimentos.
Neste caso, o que se ganhou com os avanços nas
A experiência de Salford — que estuda esta questão
telecomunicações faz esquecer qualquer mal que daí
desde 1992 — foi desenvolvida em ratos e centrou-se na
advenha.
chamada barreira hemato-encefálica, situada no cérebro,
cuja função consiste em seleccionar e separar moléculas, Contudo, devemos ter em conta um princípio: o uso
proteínas e outros elementos daquele órgão. Esta dos telemóveis deve ser moderado, principalmente entre
barreira funciona como filtro e a acção das radiações dos os mais jovens, cujas células têm menos defesas contra
telemóveis sobre ela pode, segundo Salford, ser nefasta, as radiações. São eles, acima de tudo, quem se deve
na medida em que a rompe, permitindo a entrada de deixar de conversa fiada.
substâncias nocivas ao cérebro. Substâncias, como a
albumina, a partir do momento em que ultrapassem esta
barreira, podem danificar os neurónios.

Para José Maria Bravo Marques, director do serviço Que efeitos podem ter as radiações
de Neurologia do Instituto Português de Oncologia, emitidas pelos telemóveis?
poderemos estar perante novos dados na pesquisa das Esses efeitos estão já
radiações dos telemóveis, pois até agora “não há comprovados, sem margem para
nenhum estudo documentado que prove a relação das dúvidas?
radiações electromagnéticas”, com problemas Há limitações ou recomendações
oncológicos. Será necessário constituir novos grupos de para o uso de telemóveis? Quais?

46
Questões
1 O João pretende determinar a distância a que
se encontra a Joana. Para tal, toma nota do
instante em que ela emite um som,
levantando um braço.
1.1 Que medida foi necessário efectuar?
1.2 Usando o valor dessa medição, como é que
ele pode determinar a distância a que
está a Joana?
1.3 O João necessita de ter em conta a velocidade da luz para determinar a
distância? Fundamenta a resposta.

2 A estação de rádio RDP emite para Timor na frequência de 17 740 kHz e


comprimento de onda de 16,9 m.
2.1 Determina a velocidade destas ondas de rádio.
2.2 Que relação há entre esta velocidade e a da luz visível?
Fundamenta a resposta.

3 Considera o espectro electromagnético apresentado nas páginas


anteriores.
3.1 Descreve-o resumidamente.
3.2 Indica algumas aplicações:
a) Das micro-ondas.
b) Das radiações infravermelhas.
c) Das radiações ultravioletas.
d) Dos raios X.
3.3 Há radiações que são utilizadas para detectar fracturas e sobreposições
em pinturas. De que tipo de radiação se trata?
A Raios ultravioletas.
B Raios infravermelhos.
C Raios X.
D Raios gama.
3.4 O nosso corpo está permanentemente a emitir determinado tipo de
radiações. Que tipo?
A Raios ultravioletas.
B Raios infravermelhos.
C Raios X.
D Raios gama.
3.5 Como actuam as micro-ondas para aquecer os alimentos?
3.6 Em que diferem as ondas emitidas por diferentes estações de TV?

47
6 S O M E L U Z

8 Reflexão da luz e espelhos

Já todos observámos uma imagem na superfície límpida e

tranquila de um lago. Essa imagem deve-se à reflexão da luz

na superfície da água, que funciona como espelho. A luz

reflectida incide nos nossos olhos: o que vemos no espelho é

uma imagem do objecto. Vê-se a imagem atrás do espelho,

como se a luz viesse desse local…

Reflexão da luz
Quando um feixe de luz incide na
superfície de um corpo, parte da luz é
absorvida pelo corpo e parte é
reflectida. A luz reflectida pode
dispersar-se ou difundir-se em várias
direcções, como a luz que incide numa
folha de papel, ou seguir numa única
direcção, como a luz que incide num
espelho. Reflexão da luz na água tranquila de um lago. Se o lago
estiver agitado, será que não há reflexão da luz?

folha de cartolina

espelho

Numa superfície espelhada, um feixe de luz


reflecte-se numa única direcção.

Numa superfície não espelhada,


feixe feixe
incidente como uma folha de cartolina, a
incidente
luz reflecte-se em todas as
direcções (diz-se que a luz se
difunde ou se dispersa). Uma
superfície espelhada é
perfeitamente regular e uma
folha de papel é muito irregular,
espelho folha de cartolina a nível microscópico. A luz é
dispersada devido a essas
irregularidades, como mostra o
ampliação esquema ao lado.

48
Leis da reflexão da luz
Observando cuidadosamente a
reflexão de um raio luminoso e
medindo os ângulos de reflexão
e de incidência, conclui-se que:
• o ângulo de reflexão é

o
lh
sempre igual ao ângulo

pe
es
de incidência (ver Raio
Ângulo de reflexão reflectido
figura);
(ângulo formado pelo
• o raio incidente, o raio raio reflectido e pela
reflectido e a normal no Ângulo normal)
ponto de incidência estão de
incidência
no mesmo plano.
(ângulo
formado pelo
raio incidente e
pela normal)

Raio
Recta
incidente
perpendicular
(ou normal) à
superfície no ponto
de incidência.

O raio incidente, o raio reflectido e a


normal coincidem quando a luz incide
perpendicularmente ao espelho.

Se a luz incidir perpendicularmente a um espelho,


“volta para trás”. Neste caso, o ângulo de reflexão
é nulo, tal como o ângulo de incidência.

Equipamento utilizado para investigar a reflexão da


luz num espelho. O feixe proveniente da lâmpada
incide num pequeno espelho plano, colocado sobre
um transferidor, em que se podem medir os
Tipos de espelhos ângulos de incidência e de reflexão.

Todos os dias observas imagens em espelhos.


Um espelho é um corpo onde se observam
imagens devido à reflexão da luz. Há espelhos
planos, esféricos, cilíndricos, etc. Nas duas
actividades seguintes vais ver como se obtêm e
quais as características das imagens formadas
por uns e por outros.

49
6 S O M E L U Z

Discute...

Espelhos planos: a “chama da outra


vela” queima ou não queima?
Com um pedaço de vidro, bem limpo e apoiado verticalmente num
suporte de plasticina (ver foto) podes realizar uma experiência muito
simples numa sala às escuras:

1 Prepara duas velas exactamente


iguais e coloca-as em posições
simétricas em relação à lâmina de vidro
vertical (ou seja: exactamente uma em
frente da outra e a igual distância da
lâmina; o uso de uma base de papel
quadriculado facilita esta operação).

2 Acende uma das velas e olha através


da lâmina para a vela apagada
(exactamente como mostra a foto ao
lado). Que observas?

3 Passa um dedo no pavio da vela atrás do


espelho. Queimas o dedo? Por que
motivo esta vela apagada é vista como se A “chama da outra vela”,
estivesse acesa? atrás do espelho, queima
ou não queima?

4 Coloca uma folha de cartão a servir de alvo ou ecrã no local da vela


atrás do espelho. Observa esse alvo através do vidro e, a seguir, de
lado, portanto espreitando sem ser através do vidro. Vês alguma
imagem no alvo do mesmo modo que vês imagens nos ecrãs dos
cinemas?

Nesta experiência, o vidro funciona como um


espelho plano. A chama que se observa na vela atrás
observador Os raios reflectidos que atingem
do espelho é a imagem da chama da vela da frente.
o olho parecem provir de P’…
Mas é uma imagem diferente das que observamos nos
cinemas: não se projecta em alvos…
espelho
Como construir geometricamente as
imagens vistas nos espelhos planos?
Observa agora a figura ao lado que esquematiza o
percurso de dois raios luminosos vindos de um objecto
pontual P. O ponto P representa, por exemplo, um ponto
luminoso da chama da vela acesa e a figura mostra o
P P'
olho a observar a imagem desse ponto luminoso no espelho.
raio 2 imagem do
raio 1 ponto P dada
5 De onde parece vir a luz reflectida proveniente da luz pelo espelho
incidente que partiu de P?

50
6 Essa luz tem origem no ponto P’?

7 Onde convergem os prolongamentos dos raios luminosos


depois da reflexão?

Quando uma imagem se obtém na junção dos


prolongamentos para trás do espelho dos raios luminosos
reflectidos, a imagem não pode projectar-se num alvo, ainda
que este seja colocado no sítio onde se forma a imagem.

Como estas imagens não se podem projectar em alvos, como


sucede nos ecrãs de cinema, é necessário utilizar outro processo
para o podermos fazer… Daqui a pouco já vais ver como projectar
imagens…

Constrói a imagem de um objecto dada por


um espelho plano
A figura junto representa uma seta AB e a sua imagem A´B’ dada
por um espelho plano.

1 Mostra geometricamente que a


imagem de A se forma onde está
representado A’ (procede como espelho
esquematizado na página anterior
para obter a imagem do ponto P).

2 A imagem A’B’ do segmento AB é


B B'
simétrica do objecto em relação
ao espelho. Que significa esta
frase?

A A'
3 Caracteriza a imagem quanto ao
seu tamanho, quando comparado objecto AB imagem do objecto AB
dada pelo espelho
com o tamanho do objecto.

4 Resume duas características das


imagens obtidas nos espelhos
planos.

Um espelho plano dá uma imagem simétrica do


objecto. No espelho, o olho esquerdo é o olho
direito… e vice-versa!

51
6 S O M E L U Z

Discute...

Espelhos esféricos: porque originam imagens


menores e maiores que os objectos?
Acabaste de ver como se formam as imagens nos espelhos planos e que
características têm:
• as imagens dos objectos são formadas atrás dos espelhos a partir dos
prolongamentos dos raios luminosos;
• são simétricas dos objectos (portanto, têm o mesmo tamanho).

Pelo contrário, nos espelhos esféricos (aqueles em que as superfícies


Imagem de uma
espelhadas são esféricas):
moeda num espelho
• as imagens nem sempre são formadas atrás dos espelhos; convexo.

• não são nem simétricas nem do mesmo tamanho dos objectos (com uma
única excepção muito particular em que o tamanho pode ser o mesmo).

Observa o esquema que mosta a imagem dada por um espelho convexo lado convexo lado concâvo

(a superfície espelhada é a convexa). Nesse esquema, mostra-se um feixe de


luz proveniente dos cabelos. O olho do observador recebe o feixe vindo do
espelho, depois de se reflectir.
1 De onde parece provir o feixe reflectido que
atinge o olho?
2 A imagem forma-se no prolongamento, para raio reflect
ido
trás do espelho, do feixe reflectido. Essa
imagem é menor ou maior que o objecto?

Vejamos agora o que sucede num espelho


côncavo (a superfície espelhada é a côncava). No esquema, mostra-se
novamente um feixe de luz proveniente dos cabelos. O olho do observador
recebe o feixe vindo do espelho, depois de se reflectir.
2 De onde parece provir o feixe reflectido que atinge o
olho?
3 A imagem forma-se no
prolongamento, para
trás do espelho, do
feixe reflectido.
Essa imagem é tido
eflec
menor ou maior raio r

que o objecto?

As imagens que
estudaste até agora
formaram-se sempre
atrás dos espelhos, nos prolongamentos dos
raios reflectidos. Isto acontece sempre nos
espelhos planos e nos espelhos convexos mas
não acontece sempre nos espelhos côncavos,
como vais ver a seguir!

52
Três casos especiais de reflexão num espelho côncavo
(de acordo com as leis da reflexão)

C F V C F V C F V

Todos os raios luminosos que Todos os raios luminosos que Todos os raios luminosos
incidem passando pelo centro incidem paralelamente ao eixo que incidem passando
de curvatura C do espelho principal CV de um espelho pelo foco reflectem-se
(centro da esfera a que pode côncavo reflectem-se passando paralelamente ao eixo
pertencer a superfície pelo foco F, situado no eixo principal.
espelhada) reflectem-se na principal.
mesma direcção porque O vértice V do espelho é o ponto
incidem perpendicularmente central do espelho.
ao espelho.
O foco situa-se a meia distância do
espelho entre o centro de
curvatura e o vértice.

observador E

Constrói a imagem raio 1

Vais agora construir a imagem de


C F V
uma vela dada por um espelho
côncavo. O objecto (vela) está
muito próximo do espelho (entre
o foco do espelho e o vértice).
observador E
Para completares a construção
geométrica, utiliza a informação
no cimo desta página, referente a
raio 2
três casos especiais de reflexão
num espelho côncavo. C F V
4 Completa o percurso do
raio 1…
5 Completa o percurso do
raio 2… observador E

6 Verifica que a imagem se


B'
forma na posição A’B’ da B
figura (repete a construção A A'
dos raios no último C F V
imagem A'B'
esquema). vista pelo
observador E
quando olha
para o espelho

53
6 S O M E L U Z

Imagens que se projectam em


alvo
alvos!
espelho
Finalmente observa a fotografia ao lado que
mostra a imagem dada por um espelho
côncavo projectada num alvo.
7 A imagem está atrás ou à frente do
espelho?
8 Esta imagem é idêntica ou diferente
das que estudaste até agora? Porquê?
A imagem da vela, formada no espelho
Observa a construção geométrica da côncavo, está projectada no alvo! A imagem
imagem dada por um espelho côncavo está direita ou está invertida?
quando o objecto está entre o foco e o
centro de curvatura.
observador E
9 Os prolongamentos dos raios
reflectidos convergem ou divergem?
10 A imagem forma-se por convergência raio 1
B
da luz num alvo ou por
convergência dos prolongamentos
dos raios reflectidos? A' A
C F ra
A conclusão a que chegaste é válida para io
2
todas as imagens que se podem projectar B'
em alvos! Uma imagem dada por um imagem A'B'
espelho côncavo projecta-se no alvo porque projectada no alvo, vista
directamente pelo observador E,
a luz proveniente do objecto, depois de
à frente do espelho
ser reflectida pelo espelho, concentra-se
nos pontos do alvo. Estas imagens são
tradicionalmente designadas por imagens
reais.

E se o objecto estiver a uma distância


superior à distância do centro de
curvatura ao espelho? O esquema ao lado
mostra parte da construção geométrica da
B
imagem de uma vela nessas condições.
11 Completa o esquema. A
C F
12 A imagem é projectável ou não num
alvo?
13 A imagem é maior, igual ou menor do
que o objecto? É direita ou invertida
(relativamente à posição do objecto)?
14 Onde se forma a imagem: à frente ou
atrás do espelho? A distância da
imagem ao espelho é maior, menor ou
igual à distância a que o objecto está
do espelho?

54
Questões
1 Observa a figura junto que representa uma experiência com um
feixe de luz.
1.1 Que podes medir no transferidor?
1.2 O que se pretende mostrar com esta experiência?
1.3 Se o ângulo entre os raios incidente e reflectido for 90º,
qual é a inclinação do raio incidente em relação ao
espelho?

2 Observa a imagem de uma caneta num espelho (ver figura).


2.1 A imagem é maior ou menor que o objecto?
2.2 A imagem é obtida pela convergência dos raios reflectidos
ou dos seus prolongamentos para trás do espelho?
2.3 Que tipo de espelho é o da figura?

3 Observa a imagem de uma jovem num espelho (ver figura).


3.1 A imagem da cara é maior ou menor que esta?
3.2 A imagem dada por este espelho pode ou não ser projectada
num alvo?
3.3 Que tipo de espelho é o da figura?

4 O esquema junto mostra duas setas. Se a


seta superior representar um objecto, será espelho
que a seta inferior pode representar a
imagem desse objecto no espelho
esquematizado? Fundamenta a resposta.

5 Observa o esquema (incompleto) que representa a construção


geométrica da imagem de uma vela dada por um espelho curvo.
B
5.1 Que tipo de espelho está esquematizado?
A
5.2 Em que posição está o objecto?
C F
5.3 Completa o percurso dos dois raios representados.
5.4 Em que posição se forma a imagem? Pode ser projectada
num alvo? Porquê?
5.5 Em que posição deve estar um observador para ver a
imagem?
5.6 Quais são as características da imagem?

6 Observa as imagens dadas pelos espelhos ao lado. Os espelhos


serão esféricos? Fundamenta a resposta.

55
6 S O M E L U Z

9 Refracção da luz e lentes

As lentes são muito utilizadas não só para corrigir as

deficiências de visão como também para construir os mais

variados instrumentos ópticos. O seu funcionamento baseia-se

na refracção da luz. Esta consiste na passagem da luz de um

meio óptico (onde a luz caminha com uma dada velocidade)

para outro meio óptico (onde ela caminha com uma velocidade

diferente).

Refracção da luz
Um feixe luminoso, quando passa de um
meio transparente para outro, muda, em
geral, de direcção. Chama-se refracção a
este "acidente" que se dá com os feixes de
luz (refractar significa quebrar, flectir). O
feixe só não muda de direcção quando incide
perpendicularmente à superfície de separação
dos dois meios.

Como vimos, a velocidade da luz


depende do meio em que se propaga.
Quando um feixe de luz passa de um meio
em que se desloca mais depressa para outro
em que se desloca mais devagar,
aproxima-se da perpendicular à superfície
de separação dos dois meios. É o que feixe incidente
acontece na passagem da luz do ar para o
vidro (ou para a água). Pelo contrário, quando refracção do feixe, na
um feixe de luz passa de um meio em que se superfície de separação
desloca mais devagar para outro em que se refracção do feixe,
do ar para o vidro
na superfície de
desloca mais depressa, afasta-se da
separação do vidro
perpendicular.
para o ar

Coloca um Coloca uma moeda


lápis num copo em dois copos como
quase cheio de mostra a figura e,
água. Que num deles, deita
observas? água. Que observas?

56
Trajecto de um feixe de luz que
incidiu obliquamente na superfície
da água.

Uma parte de um feixe de luz


incidente reflectiu-se …

… e outra parte do feixe


mudou de direcção.

Uma analogia para a refracção da


luz: quando um pelotão de
soldados passa do chão duro para
chão mole (lama, por exemplo), a
Trajecto de um feixe de luz que sua velocidade diminui. Quem
incidiu perpendicularmente à chega primeiro ao chão mole passa
superfície da água. Nesta a marchar mais devagar do que os
situação, o feixe não muda de outros e tem de mudar de
direcção. direcção, se quiser manter a
mesma distância dos seus colegas.
Assim, todo o pelotão vai mudando
a direcção do movimento… Será
que esta analogia também é
adequada para o caso em que luz
incide perpendicularmente à
superfície de separação dos dois
meios transparentes?
Porque vemos a moeda mais
“acima”?
Numa lente, dão-se duas
refracções sucessivas. Na lente
de cima, uma lente divergente,
os raios paralelos divergem.
refracção da luz,
Na lente de baixo, uma
ao passar da
convergente, os raios paralelos
água para o ar
convergem no foco e divergem
em seguida.

Vemos a moeda mais acima, isto é, a


imagem da moeda está mais acima porque
é de pontos mais acima que parecem
provir os raios de luz que incidem no olho,
conforme mostra a figura. E isto deve-se
ao facto dos raios que, na realidade,
provêm da moeda, «quebrarem» ao
atingir a superfície da água.

57
6 S O M E L U Z

Lentes convergentes e
divergentes
Uma lente é um objecto transparente com uma ou duas
superfícies curvas. Numa lente a luz sofre duas
Lente divergente Lente convergente
refracções sucessivas: uma na superfície de entrada e
(bordos espessos). (bordos estreitos).
outra na superfície de saída.

As lentes convergentes (ou lentes de bordos estreitos)


fazem com que um feixe de luz paralela (como os raios
solares) se concentre num ponto, o chamado foco da
lente. Quando se projecta este foco numa folha de papel,
pode-se queimar o papel. Este ponto é, de facto, a imagem
do Sol formada na lente e projectada na folha de papel! As
lentes convergentes também formam imagens que não Uma lente convergente faz
podem ser projectadas. É o que acontece quando funcionam convergir os raios solares num
ponto: o foco da lente.
como lupas, em que as imagens estão sempre direitas (ver
imagem ao lado).

foco

distância
focal da
lupa objecto distância focal da lente (distância
do centro da lente ao foco)

A imagem de um objecto que está a As imagens dos objectos


uma distância da lente convergente observados com uma lente
(uma lupa, por exemplo) inferior à convergente podem ser
distância focal é uma imagem direitas e maiores do que o
direita e maior que o objecto. Esta objecto, como no caso de uma
imagem não pode ser projectada lupa.
num alvo.

As lentes divergentes (ou lentes de bordos espessos) fazem


divergir um feixe de luz paralela. O foco destas lentes está no
prolongamento dos raios que emergem da lente (ver esquema
em baixo). Este foco não pode ser projectado, tal como todas as
imagens dadas por este tipo de lentes.

As imagens dadas pelas lentes divergentes estão sempre


direitas e são mais pequenas que os objectos (ver imagem ao
lado).

As imagens dos objectos


foco observados com uma lente
O foco de uma lente divergente são sempre direitas e
divergente está no menores do que o objecto,
prolongamento dos qualquer que seja a posição deste.
raios que emergem Essas imagens não podem ser
da lente. projectadas num alvo.

58
Potência focal de uma lente
Uma lente pode ser mais ou menos convergente (ou divergente).
Quanto menor for a distância focal, isto é, a distância do foco ao
centro da lente, maior é o poder de convergência (ou de
divergência) da lente. E maior é a potência focal da lente. distância focal

A potência focal pode medir-se em dioptrias (símbolo D) e


define-se do seguinte modo:

1
potência focal =
distância focal

Por exemplo, se a distância focal é 0,5 m, a potência focal vale 2 distância focal
dioptrias:
Quanto menor for a distância
1 focal de uma lente, maior é o
potência focal = =2D
0,5 m seu poder de convergência (ou
de divergência) e, portanto,
Se a distância focal for menor, por exemplo 0,2 m, a potência é maior é a potência focal.
maior. O seu valor é 5 dioptrias:

1
potência focal = =5D
0,2 m

Nas lentes convergentes, a potência focal é positiva (porque a


distância focal se considera positiva); e nas lentes divergentes, a
potência focal é negativa (porque a distância focal se considera
negativa, pois o foco está no lado do feixe incidente).
distância focal

A potência focal de uma lente


divergente é negativa.
Questões
1 Verifica que a distância focal de um lente de
+ 2,5 D é 40 cm. A B

2 Observa as lentes A e B ao lado.


2.1 Qual das lentes pode ter uma distância
focal positiva? Fundamenta a resposta.
2.2 Qual das lentes pode ter uma distância
focal negativa? Fundamenta a resposta.
2.3 Identifica qual das lentes é divergente e
qual é convergente.

3 Indica duas características de uma lente


de – 5 D.

4 Quando se juntam duas lentes, a potência do


conjunto é a soma das potências de cada uma.
Encostou-se uma lente convergente de + 10 D
a uma divergente de – 6 D. Qual é a
potência focal da associação dessas lentes? A
associação é convergente ou divergente?

59
6 S O M E L U Z

Discute...

Lentes e projecção de
imagens
Quando se pergunta quais as características
das imagens dadas por lentes, está-se a pedir
respostas para quatro questões:
• A imagem é projectável ou não num
alvo?
• A imagem é maior, igual ou menor do
imagem vista pelo observador,
que o objecto? através da lente (como na lupa!)
• A imagem é direita ou invertida
(relativamente ao objecto)?
• Onde se forma a imagem: a maior ou a observador
menor distância da lente do que está o
objecto?
F C F
Observa as fotos e o primeiro esquema ao
lado:
1 Caracteriza a imagem numa lente
convergente quando o objecto está entre o
foco F da lente e esta. observador
2 Conheces algum instrumento óptico
vulgar que funcione nestas condições? C
F F
3 Que sucede ao tamanho da imagem
quando o objecto se vai aproximando da
lente? Lê a caixa de texto abaixo e
completa o segundo esquema…

Refracção de três tipos de feixes numa lente convergente (bordos delgados)

F C F F C F F C F

O centro óptico da lente C é o O eixo principal da lente é a linha Todos os raios luminosos
ponto central da lente. que une os focos da lente e o que incidem passando
Os raios luminosos que centro óptico. pelo foco refractam-se
incidem passando pelo centro Os raios luminosos que incidem paralelamente ao eixo
óptico C prosseguem na paralelamente ao eixo principal da principal da lente.
mesma direcção depois de se lente convergem no foco F, situado
refractarem na lente. no eixo principal.

60
Imagens projectáveis e não
projectáveis!
Observa a foto ao lado que mostra a imagem de uma
vela dada por uma lente convergente.
3 A imagem está ou não a ser projectada num
alvo?
4 As características desta imagem são idênticas
ou diferentes das que possui a imagem
observada através da lupa (rever a página
anterior)? Concretiza a resposta.

Observa a construção geométrica da imagem


dada pela lente convergente no primeiro esquema
ao lado. O objecto está entre o foco e o dobro da
distância focal…
5 Os raios refractados convergem ou divergem?
6 Onde convergem os raios refractados?
7 A imagem forma-se por convergência dos raios
de luz refractada ou por convergência dos F C F
prolongamentos desses raios de luz?

A conclusão a que chegaste é geral! É válida para


todas as lentes (e espelhos) que formam imagens
projectáveis em alvos. Estas formam-se sempre nos imagem projectada no alvo,
alvos, na convergência dos raios refractados (ou vista pelo observador,
reflectidos, no caso dos espelhos). Isto, é claro, se a sem ser através da lente
(como no cinema!)
“focagem” estiver bem conseguida, ou seja: se os alvos
forem colocados exactamente à distância a que ocorre
essa convergência…

Analisa agora a situação do segundo esquema, em


que o mesmo objecto está mais perto do foco da mesma
lente convergente.
F C F
8 Completa o esquema.
9 A imagem continua a ser projectável num alvo? A
imagem aumentou ou diminuiu de tamanho,
quando comparada com a anterior?

Finalmente observa o último esquema.


10 Onde está situado o objecto?
11 Forma-se ou não uma imagem desse objecto a
uma distância finita? Porquê?
12 Completa a seguinte frase: “à medida que um F C F
objecto distante se vai aproximando do foco de um
lente convergente, o tamanho da imagem vai
sendo cada vez …………… e vai-se formando a uma
distância da lente cada vez ……………. Quando o
objecto atinge o foco a imagem forma-se a uma
……………… infinita.

61
6 S O M E L U Z

10 A visão humana, deficiências


e correcção
O olho humano comporta-se como um lente convergente cuja

potência focal, e portanto a convergência, é variável. A luz

penetra no olho através de uma abertura variável e, depois de se

refractar, vai incidir num alvo com células sensíveis à luz.

A visão e o olho humano


É a luz que ilumina os objectos e os torna visíveis. Para vermos
um objecto, este tem de ser iluminado. A luz difundida pelo
objecto penetra no olho e sensibiliza determinadas células
situadas na retina. A informação que essas células recebem é
enviada ao cérebro através do nervo óptico. E é então o cérebro
que interpreta essa informação. Podemos, assim, afirmar que
“vemos com o cérebro”. Sem recebermos a informação do
exterior transportada pelas ondas luminosas muito pouco
conheceríamos acerca do mundo. Os olhos são autênticos postos
avançados do cérebro e não simples registadores passivos de
imagens.

O facto de possuirmos dois olhos, e não um só, permite-nos


alargar o campo de visão, isto é, aumenta o espaço onde se
situam os objectos visíveis. Assim, se fecharmos o olho
esquerdo, limitamos o campo de visão à nossa esquerda, e, se
fecharmos o olho direito, limitamos o campo de
visão à nossa direita (experimenta… que logo Algumas vezes, o cérebro tem dificuldade em
vês!). interpretar a informação recolhida pelos olhos.
A realidade pode ser bem diferente daquilo que
Por outro lado, a «visão binocular», ou seja percepcionamos visualmente. É o que acontece
com dois olhos, permite-nos ter uma noção com as chamadas ilusões ópticas. Em cima, a
mais exacta das distâncias, assim como uma figura a vermelho é um quadrado… e as duas
rectas vermelhas na figura de baixo são
perspectiva mais correcta do que vemos.
paralelas, apesar de não parecerem!

retina (zona onde se


íris forma a imagem)

imagem

pupila (por onde entra a luz)

cristalino (lente que origina


nervo óptico
a formação da imagem) músculo ciliar (transmite a
(alarga ou aperta informação
o cristalino) ao cérebro)

62
O olho humano e a diafragama película
máquina fotográfica imagem
objecto lente
A lente da máquina fotográfica
desempenha um papel semelhante ao
cristalino, a lente do olho humano.

Para focar uma imagem na lente da


máquina (excepto se a imagem estiver
sistema de
“muito longe” da máquina), a posição da
focagem
lente tem de ser ajustada para que se
forme uma imagem nítida na película
fotográfica: este processo chama-se
focagem da máquina. No olho, há íris
músculos que “alargam” e “apertam” o retina
cristalino de modo a variar a sua distância
imagem
focal e obter na retina a imagem de um
objecto a qualquer distância. Esse processo
chama-se acomodação do cristalino.
cristalino
A máquina fotográfica possui um
diafragma que controla a quantidade
de luz que entra no seu interior. O olho
humano tem também um controlador de
luz: é a íris, um músculo capaz de alterar
as dimensões do orifício de entrada de luz,
chamado pupila. A íris é um círculo
músculo ciliar
colorido no meio do olho e a pupila é o
 quando os objectos estão
orifício escuro no centro da íris. A cor da  mais perto do olho, o músculo ciliar
íris é a “cor dos olhos” (que pode ser  "aperta" o cristalino, alargando-o,
 para diminuir a distância focal e permitir a focagem na retina
castanha, azul, verde, etc.). A pupila é
escura porque, quando a observamos, O olho funciona de modo semelhante à máquina
olhamos directamente para dentro do globo fotográfica. Porém, num pormenor, a máquina
ocular (através do cristalino), que está por fotográfica é superior ao olho humano. Este é sensível
trás dela. Num dia de sol, a pupila fica apenas à luz visível, enquanto a máquina fotográfica é
menor, reduzindo a entrada de luz. Quando capaz de registar, com películas especiais, imagens
escurece, a pupila fica maior, aumentando obtidas com outros tipos de luz, como a luz
a entrada de luz. infravermelha ou a luz ultravioleta. Vemos apenas a luz
visível: precisamente aquela que nos é enviada em
A máquina fotográfica não funciona sem maior quantidade pela estrela mais próxima, o Sol. No
uma película sensível à luz (ou um lento processo de evolução biológica do ser humano, o
conjunto de sensores electrónicos, nas olho adaptou-se para receber melhor o tipo de luz que
existe em maior abundância.
máquinas digitais), onde se formam as
imagens dos objectos fotografados.
Também o olho dispõe de uma película, a
retina, muito sensível à luz, que reveste
grande parte da superfície interna do globo
ocular. A retina é constituída por fibras
nervosas, ramificações do nervo óptico que
terminam em dois tipos de células, os
cones e os bastonetes. Estas células,
quando recebem luz, produzem impulsos
eléctricos que são enviados ao cérebro
através do nervo óptico. Só os cones são Há binóculos e máquinas fotográficas que permitem ver
no escuro porque são sensíveis à radiação
sensíveis às cores.
infravermelha, ao contrário do olho humano.

63
6 S O M E L U Z

Defeitos de visão hipermetropia: a imagem forma-se atrás da retina

Os óculos graduados permitem corrigir


defeitos de visão, como é o caso da
miopia, da hipermetropia e do
astigmatismo. A que são devidos estes
defeitos de visão?

A deficiência do olho hipermétrope


consiste no facto do cristalino apresentar
uma distância focal demasiado grande (a
imagem forma-se atrás da retina).
Corrige-se a hipermetropia juntando ao
olho uma lente convergente para
correcção da hipermetropia: a lente ajuda o cristalino
aumentar a potência focal de modo a que
a convergir os raios, diminuindo a distância focal do conjunto
a imagem se forme na retina. cristalino + lente

Pelo contrário, no olho míope o


cristalino tem uma distância focal
miopia: a imagem forma-se à frente da retina
demasiado pequena (a imagem forma-se
à frente da retina). Há necessidade de lhe
juntar uma lente divergente para
diminuir a potência focal, de modo a que
a imagem se forme na retina.

correcção da miopio: a lente ajuda o cristalino


a divergir os raios, aumentando a distância focal
do conjunto cristalino + lente

Chama-se ponto próximo à menor distância


para a qual a acomodação do cristalino
ainda permite ver bem. À medida que
envelhecemos, o cristalino vai-se tornando
cada vez menos flexível. Logo, o ponto
próximo vai ficando cada vez mais longe…
porque é mais difícil fazer convergir a luz na
retina.
Este afastamento do ponto próximo com a
idade é designado por presbitia. Não é
propriamente um defeito de visão, já que
sucede a toda a gente. Aos 10 anos, o ponto
próximo está a cerca de 7 cm, aos 20 anos a
cerca de 10 cm, aos 50 a cerca de 40 cm e
Um modelo de um olho que permite simular os
aos 60 a cerca de 200 cm… Aproxima esta
defeitos de visão e a respectiva correcção com
folha dos olhos e faz uma estimativa de
lentes.
quanto vale o teu ponto próximo!

64
Questões
1 A figura mostra uma jovem com problemas de visão num
médico oftalmologista. O médico vai substituindo lentes na
armação e pedindo à jovem para ir lendo umas letras
colocadas a uma distância considerável (vários metros).
1.1 A lente que está colocada tem a indicação
+ 1,25 (dioptrias). De que tipo de lente se trata?
1.2 Admitindo que estas lentes são as adequadas para o
problema de visão da jovem, onde é que se formam
as imagens dos objectos quando vistos apenas através
dos olhos?
1.3 E usando estas lentes adequadas, onde se formam as
imagens?
1.4 Que tipo de problema de visão poderá ter a pessoa?
1.5 Será que estas lentes poderão ser utilizadas como
lupa? Fundamenta a resposta.
1.6 Qual é a distância focal destas lentes?
1.7 Será que estas lentes poderão ser utilizadas para
concentrar os raios solares e fazer fogo numa folha
de papel? Fundamenta a resposta, tendo em conta
não apenas o tipo de lente mas também a sua
distância focal.

2 A figura ao lado mostra a mesma pessoa a escolher os


óculos que quer utilizar. Para isso está a “ver-se ao
espelho”.
2.1 Que tipo de espelho está ela a usar? Justifica.
2.2 O lado direito da imagem dos óculos é a imagem do
lado direito dos próprios óculos?
2.3 Quais as características da imagem dos óculos dadas
pelo espelho?
2.4 Que semelhanças e diferenças têm as imagens
obtidas no espelho e as imagens obtidas com as lentes
dos óculos?

3 A figura mostra uma vulgar lente de contacto usada para


permitir uma visão correcta a alguém que não consegue
ver com nitidez objectos a uma grande distância.
3.1 Que problema de visão tem o utilizador da lente?
3.2 A lente faz convergir ou divergir um feixe paralelo de
luz? O foco está atrás ou à frente da lente?
3.3 A potência focal da lente é positiva ou negativa?

65
6 S O M E L U Z

11 Decomposição da luz branca.


Cores e mistura de cores
Newton fechou-se um dia numa sala escura e observou que a

luz vinda de uma fresta de janela, ao atravessar um prisma de

vidro, projectava na parede oposta umas faixas coloridas…

como no arco-íris. Era a primeira vez que se produzia

intencionalmente um espectro da luz branca, mostrando que

esta é composta por radiações das mais variadas cores.

A cor e o comprimento de
onda da luz
A visão das cores pelo ser humano e pelos
outros animais é um fenómeno muito
A luz branca é uma mistura de radiações
complexo, estudado em certas áreas da
electromagnéticas correspondentes a todas
Biologia e da Física. as cores do arco-íris.

Já sabes que a luz branca é uma mistura


de radiações electromagnéticas (com
Luz de cor violeta Luz de cor
comprimentos de onda entre 400 nanómetros
extremo. O vermelho extremo.
= 0,000 000 400 m até 700 nanómetros comprimento de O comprimento de
= 0,000 000 700 m). onda da luz desta onda da luz desta
cor é cor é
A luz de um só comprimento de onda é
400 nanómetros = 700 nanómetros =
uma luz de uma só cor, ou luz
0,000 000 400 m. 0,000 000 700 m.
monocromática. Por exemplo:
• a luz com um comprimento de onda de
700 nm (700 nanómetros) é
percepcionada pelo olho com uma
determinada tonalidade de vermelho (o
vermelho extremo);
• a luz com um comprimento de onda de 400
nm é percepcionada com uma determinada
tonalidade violeta (o violeta extremo).

Qualquer outro comprimento de onda, entre


400 nm e 700 nm, corresponde a outra cor. A
cor de um objecto tem que ver, em primeira
análise, com os comprimentos de onda das
radiações que incidem no olho, vindas do objecto.
As radiações luminosas de comprimento de onda O arco-íris é um fenómeno natural que
acima de 700 nm ou abaixo de 400 nm não são evidencia que a luz solar (luz branca) pode ser
visíveis pelo olho humano. decomposta em luzes de diversas cores: as
cores do espectro visível.

66
Decomposição e prisma de
Repara que, quando a luz incide nas
faces do prisma, uma parte reflecte-se

composição da luz vidro e outra parte refracta-se.

branca
A separação da luz branca em luzes de feixe de luz
diversas cores é designada por branca que
decomposição da luz branca. Esta incide no
decomposição foi feita pela primeira vez por prisma
Newton, há cerca de 300 anos, utilizando
um prisma de vidro como o da figura ao
lado. No prisma de vidro, a luz branca
decompõe-se em radiações com as cores do primeira segunda
arco-íris, após duas refracções refracção refracção luz branca
sucessivas. Estas diferentes radiações que decomposta
constituem a luz branca têm velocidades nas respectivas
diferentes umas das outras no vidro do cores
prisma.

Também se pode fazer a composição


da luz branca, a partir das cores do arco- Rodando muito
rapidamente um disco
íris. Por exemplo, rodando muito
com as cores principais
rapidamente um disco (conhecido como
do arco-íris, faz-se a
disco de Newton) com uma mistura
composição ou síntese
adequada de cores (todas as cores da luz branca a partir
principais do arco-íris), observamos o das cores…
disco branco… em vez das cores nele
pintadas.

O arco-íris e a decomposição da luz do Sol


A origem do arco-íris está numa dupla refracção da luz nas gotas de água
das nuvens, quando a luz incide na nuvem segundo um certo ângulo. Cada
radiação monocromática tem uma certa velocidade na água das gotas. Como a
refracção depende da velocidade da luz, cada radiação monocromática
refracta-se segundo um ângulo ligeiramente diferente. Um observador,
colocado numa posição adequada, vê as diferentes cores das radiações que
constituem a luz branca.
arco-íris

gota de nuvem

luz do Sol refracção

reflexão
Interpretação do arco-íris: a luz branca
do Sol sofre duas refracções e uma
reflexão no interior das gotas de água das
refracção nuvens.
Nota: a partir de cada gota, o olho vê uma única cor
porque só a luz refractada correspondente a essa cor sai da
observador gota na direcção adequada para atingir o olho. As radiações
correspondentes às outras cores que provêm dessa gota saem
noutras direcções, que não atingem o olho. Mas, como há muitas gotas,
vêem-se todas as cores! Das gotas mais acima na nuvem, vemos o vermelho
(esta cor aparece em cima no arco-íris…). Das gotas mais abaixo na nuvem, vemos
o violeta (esta cor aparece em baixo no arco-íris…).

67
6 S O M E L U Z

Mistura ou composição
aditiva de cores
Uma gama muito extensa de cores pode ser obtida a
partir das cores espectrais vermelho (de comprimento
de onda 700 nm), verde (de 546 nm) e azul (de
436 nm), designadas por cores primárias aditivas.
Quando estas três cores primárias são misturadas em
proporções adequadas obtém-se um branco. É o que se
observa no centro da foto ao lado, em que as luzes de
três projectores com filtros de cores primárias incidem
num mesmo alvo. Nas zonas do alvo onde não incide
luz, vemos preto (ausência de luz, ausência de cor!).

Se se misturarem estas cores primárias, duas a duas,


obtêm-se as cores que também se podem observar na
figura:
As cores espectrais
• vermelho + verde = amarelo; vermelho (de 700 nm),
verde (de 546 nm) e
• verde + azul = ciano;
azul (de 436 nm)
• azul + vermelho = violeta. são consideradas cores primárias.
A mistura adequada destas cores permite
As cores do espectro visível são chamadas cores obter uma vasta gama de cores.
puras, saturadas ou monocromáticas: têm um único
comprimento de onda (em geral, só as observamos nos
laboratórios de física). As cores que vemos normalmente
não são cores puras: resultam da mistura de luz de
diversos comprimentos de onda.

As cores que vemos no


dia a dia não são cores
do espectro visível
vermelho vermelho
(cores puras, com um
+ azul + verde
único comprimento de
= violeta… = amarelo…
onda). Por exemplo, a
cor verde de um sapo
corresponde a uma
mistura de cores…

A cor verde da cabeça do sapo indicada pela seta A cor quase branca do corpo do sapo é
acima é obtida no ecrã de um computador ou de obtida no ecrã misturando as cores
uma televisão misturando as cores primárias na primárias em proporções
proporção indicada na figura: maior quantidade aproximadamente iguais.
de G (green = verde); menor quantidade de R A mistura destas três cores primárias,
(red = vermelho) e ainda menor quantidade de B se fossem puras, daria um branco.
(blue = azul).

68
A difusão selectiva da luz e a cor de um
objecto
A grande maioria das cores que vemos na Natureza são o resultado da
absorção selectiva da luz branca pelas substâncias. Quando a luz branca
incide num objecto, as substâncias que constituem esse objecto absorvem
parte desta luz branca e difundem outra parte da luz branca.

Por exemplo, um certo objecto de cor amarela iluminado com luz solar
branca difunde principalmente luz das regiões vermelha, laranja, amarela
e verde do espectro visível e difunde pouco as outras radiações desse
espectro. A mistura de cores difundida pela tinta é vista como um amarelo.

composição espectral
da luz solar média

proporção proporção
luz solar
de cada cor de cada cor
na luz da luz incidente
incidente na luz difundida

luz reflectida
400 700
400 700
compr. de onda compr. de onda
(em nm) (em nm)
objecto com uma certa cor amarela Na composição da luz difundida por este
objecto amarelo, predominam as
radiações verde, amarelo, laranja e
vermelho. Esta mistura é vista como
A absorção selectiva da luz e um amarelo. Esta cor amarela do
objecto não é uma cor pura
a cor de um objecto amarela do espectro,
correspondente a um único
A figura ao lado mostra três pedaços coloridos de plasticina
comprimento de onda.
iluminados com luz solar (luz branca) e vistos
parcialmente através de papel celofane de cor vermelha.
Este papel vermelho funcionou como filtro da luz difundida
pela plasticina, isto é: deixou passar certas radiações
(principalmente na zona do vermelho). Com que cor vemos a
plasticina depois da luz por ela difundida passar pelo filtro?
• A plasticina avermelhada é vista de cor avermelhada
porque praticamente toda a luz vinda da plasticina
atravessou o filtro vermelho. Este filtro vermelho não
absorveu luz vinda da plasticina avermelhada!
• A plasticina azul é vista de cor quase negra porque
praticamente toda a luz azulada vinda da plasticina foi
absorvida pelo filtro vermelho. Quase nenhuma luz vinda
da plasticina atravessou o filtro! Se, através de um filtro, um
objecto é visto como preto, é porque o filtro absorveu
toda a luz vinda desse objecto.
• A plasticina amarela, é vista de cor avermelhada porque o
amarelo da plasticina é uma mistura de cores que inclui cores
na zona do vermelho. Essas cores na zona do vermelho Com que cor se vê cada
atravessam o filtro vermelho… mas as outras cores não! pedaço de plasticina?

69
6 S O M E L U Z

Questões

1 A figura mostra um desenho do livro Opticks onde Newton apresentou a


sua teoria sobre a luz há cerca de 300 anos. A luz provém do ponto O, à
direita, e passa sucessivamente no prisma de vidro BCA, na lente MN,
nos prismas EDG e KHI e finalmente incide no alvo LV.
1.1 Em que prisma ou prismas houve decomposição da luz?
1.2 Em que prisma ou prismas houve composição da luz?
1.3 Que tipo de feixe incide na lente?
1.4 E que tipo de feixe sai da lente? Este feixe é um feixe de luz branca?
Fundamenta a resposta.
1.5 Os raios que incidem no prisma EDG não são raios paralelos. Ao
refractarem-se neste prisma, emergem como um feixe paralelo. Será
que neste prisma não houve refracção da luz?
1.6 Será que o feixe de luz que incide no prisma KHI é um feixe de luz
branca? Fundamenta a resposta.

2 Experimenta olhar para um CD iluminado por trás. Se necessário, vira


ligeiramente o CD até veres as cores do arco-íris.
2.1 Que sucede à luz para poderes ver as cores?
2.2 Qual é a sequência de cores que observas?
2.3 Observa a zona do vermelho. Há um único
vermelho?
2.4 Observa a zona do verde. Há um único verde?
2.5 O que é uma cor pura?
2.6 As cores que vês nos objectos que te rodeiam
são cores puras? Porquê?
2.7 Em que se distingue uma cor do espectro de
outra cor do espectro?

70
3 Observa o azul do círculo da figura ao lado.
3.1 Esta cor é uma cor espectral pura? Fundamenta a
resposta.
3.2 Com que cores primárias se pode obter esta cor num
ecrã de computador ou de televisão? São utilizadas na
mesma proporção?
3.3 Se observarmos este círculo através de um filtro azul, com que cor o
vemos?
3.4 Se observarmos este círculo através de um filtro incolor, com que cor o
vemos?
3.5 Se observarmos este círculo através de um filtro amarelo, com que cor
o vemos?

4 Um pedaço de plasticina azul é visto parcialmente através de


papel celofane amarelo (ver foto).
4.1 Podemos afirmar que a plasticina é sempre azul?
Fundamenta a resposta.
4.2 Quando observada com luz branca, quais as radiações
predominantes que são difundidas pela plasticina?
4.3 Há cores verdes do espectro visível que constituem a cor azulada da
plasticina. Porque podemos concluir isto observando a foto?
4.4 O azul da plasticina é uma cor pura? Fundamenta a resposta.

5 O modelo de composição ou mistura aditiva de cores que viste no texto é o


chamado modelo RGB (Red-Green-Blue). Mas há outros modelos de
composição aditiva de cores. Por exemplo, este e a maioria dos
livros coloridos usam o modelo CMYK (Cian-Magenta-Yellow- Cian Magenta Yellow blacK
blacK). Para imprimir uma mesma página, são utilizadas quatro Ciano Magenta Amarelo Preto
chapas, uma para cada uma destas cores, separadas umas das
outras.
5.1 Porque podemos dizer que,
neste modelo, o ciano, o
Magenta
magenta, o amarelo e o
preto são as cores 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

primárias? Ciano 100% A0 B0 C0 D0 E0 F0 G0 H0 I0 J0 L0


5.2 O vermelho do modelo 90% A1 B1 C1 D1 E1 F1 G1 H1 I1 J1 L1
RGB é obtido com uma 80% A2 B2 C2 D2 E2 F2 G2 H2 I2 J2 L2
única cor no modelo CMYK? 70% A3 B3 C3 D3 E3 F3 G3 H3 I3 J3 L3
Fundamenta a resposta.
60% A4 B4 C4 D4 E4 F4 G4 H4 I4 J4 L4
5.3 A cor B7 do quadro ao lado 50% A5 B5 C5 D5 E5 F5 G5 H5 I5 J5 L5
é impressa só com ciano, a
40% A6 B6 C6 D6 E6 F6 G6 H6 I6 J6 L6
30% de intensidade, e
magenta, a 90% de 30% A7 B7 C7 D7 E7 F7 G7 H7 I7 J7 L7
intensidade. Qual é a 20% A8 B8 C8 D8 E8 F8 G8 H8 I8 J8 L8
composição da cor A10? E 10% A9 B9 C9 D9 E9 F9 G9 H9 I9 J9 L9
da cor L10? E da cor G6?
0% A10 B10 C10 D10 E10 F10 G10 H10 I10 J10 L10

71
6 S O M E L U Z

Leitura…

A cor e os seres vivos


A percepção das cores é um privilégio que a espécie humana
compartilha com um reduzido número de animais. De facto, a maioria
dos animais não distingue cores!

A retina tem mais de uma centena de milhões de células


fotossensíveis (células sensíveis à luz). As células fotossensíveis mais
abundantes são designadas por bastonetes. Quando os olhos estão
abertos, os bastonetes estão “sempre de serviço”… Possuem um
pigmento (uma substância química colorida) que, ao receber a luz,
desencadeia uma pequena corrente eléctrica que segue para o nervo
óptico e daqui para o cérebro. São os bastonetes que propiciam a Verifica se és daltónico:
que número consegues
visão com pouca luz e a visão dos objectos em que predomina o
ler na figura? Se vires o
negro.
5, não és daltónico. Se
vires 2, então és
Um outro tipo de células fotossensíveis são designadas por cones.
daltónico…
São em número muito menor que os bastonetes e não são sensíveis a
luz pouco intensa. No entanto, os cones desempenham um papel Se quiseres fazer um
teste mais rigoroso,
fundamental na visão das cores. Há três tipos de cones: os que são
consulta a seguinte
sensíveis predominantemente à cor vermelha, os que são sensíveis
página na Internet:
predominantemente à cor verde e os que são sensíveis
http://www.liquidgener
predominantemente à cor azul. Com estes três tipos de cones, o olho ation.com/sabotage/visi
consegue distinguir uma enorme diversidade de cores. Os animais que on_sabotage.asp.
só possuem bastonetes, como os gatos, apenas distinguem graus de
claro e escuro e não distinguem cores.

O daltonismo é uma defeito genético nos cones, que impede a


distinção de cores como o vermelho, o verde e o cinzento. O
daltonismo também afecta os touros e as vacas (nas touradas, os
touros são provocados e irritados pelo movimento e agitação das
capas dos toureiros, e não pela cor vermelha das capas!).

sensibilidade cones tipo A cones tipo B cones tipo C


à cor

Sensibilidade às cores dos três


tipos de cones: uns têm mais
sensibilidade à cor vermelha,
outros mais sensibilidade à cor
verde e outros mais sensibilidade
à cor azul.

400 nm cor 700 nm

72
olho

cones
bastonetes

As cobras cascavéis detectam raios infravermelhos (como


certas máquinas de fotografar) porque possuem, junto dos olhos,
dois pequenos orifícios com células sensíveis a essas radiações.
Conseguem, assim, ver os seres vivos, ainda que estejam
escondidos, por exemplo, no escuro ou atrás de folhas, pois os
seres vivos são emissores de infravermelhos.

Os animais caçadores nocturnos (como as corujas e os gatos)


possuem uma excepcional sensibilidade à luz. Graças aos seus
bastonetes são capazes de ver com muito pouca luz.

Pensa-se que a maioria dos animais são "superdaltónicos" —


vêem o mundo cinzento. Enfim, cada animal governa-se como
pode. Se não pode usar a cor, usa o olfacto ou a audição. Por
exemplo, o elefante africano, devido à escassez de bastonetes, vê
mal ao perto e ao longe. Por isso, orienta-se pela audição, que tem
muito desenvolvida (repare-se nas grandes orelhas), o que o torna
desconfiado e perigoso.

1 Dos tipos de cones A, B e C do gráfico da página ao lado, qual


é predominantemente sensível à:
1.1 zona azul do espectro?
1.2 zona verde do espectro?
1.3 zona vermelha do espectro?

2 Por que motivo se utiliza o modelo de cor RGB nos ecrãs de TV


e de computador?

73
6 S O M E L U Z

12 Engenharia da luz: alguns


exemplos
A ciência e a engenharia são capazes de utilizar as radiações

electromagnéticas visíveis e não visíveis para os mais diversos

fins, desde ajudar a ver melhor ao perto e ao longe até às

comunicações a distância.

O estudo da visão humana e da correcção de


problemas com ela relacionados é uma área que
evoluiu muito nos últimos anos. Assim, por
As
exemplo, há alguns anos não havia lentes de
máquinas
contacto! A evolução da física da luz (ramo que se
fotográficas
designa por óptica) e da engenharia da luz, digitais, como a
juntamente com a biologia e a medicina, da figura, são
permitiram o desenvolvimento de serviços e de produtos recentes da
uma indústria muito importante. Profissões como engenharia óptica e
médico oftalmologista, optometrista, etc., recorrem electrónica. Este tipo de
a conhecimentos sobre o comportamento da luz. máquina usa sistemas de lentes
muito sofisticados e modernos
Há diversos objectos que usam lentes e circuitos detectores de luz designados
espelhos. Por exemplo: por CCD.

• binóculos, lunetas e outros aparelhos que


permitem observar objectos distantes, como
os astros;
• óculos;
A lupa é um
• lupas e microscópios; instrumento
óptico muito
• aparelhos de projecção cinematográfica;
simples
• máquinas fotográficas e de vídeo; constituído
apenas por uma
• fornos de aquecimento solar; lente convergente.
• etc. Uma lupa permite
ver uma imagem
Como vimos, além das radiações visíveis há ampliada e direita
radiações electromagnéticas não visíveis, desde de um objecto próximo
os raios gama e raios X até às ondas de rádio. Os da lente (em rigor, entre a
lente e o seu foco). A
engenheiros ópticos e os cientistas são capazes de
ampliação de uma lupa é o
utilizar os conhecimentos sobre a luz, visível e não
número de vezes que a imagem é
visível, para criar muitos dos aparelhos que
maior que o objecto. Por exemplo,
utilizamos no dia a dia, desde leitores de CD e uma lupa que amplia três vezes e meia
aparelhos de TV e rádio, até telemóveis e fornos (escreve-se “¥¥ 3,5”) pode dar imagens 3,5 vezes
microondas. maiores do que o objecto.

74
ocular
Microscópios
O microscópio (de micro = muito pequeno + scopos =
ver) é um instrumento indispensável em biologia,
geologia, nas ciências médicas, etc.. Com ele tem-se
acesso a um mundo que os nossos olhos, por si só, não
conseguem ver.

Os microscópios ópticos são constituídos por duas


lentes convergentes (lentes compostas, para corrigir as
chamadas aberrações das lentes):
• a ocular, por onde se olha;
• a objectiva, que se situa perto do objecto a
Este microscópio
observar. tem três objectivas
diferentes.
Para se efectuar uma observação num microscópio
óptico, faz-se uma “preparação” numa lâmina de vidro,
que é coberta em seguida por uma outra lâmina mais fina
(a lamela). A preparação, que é transparente, é iluminada por
baixo.
Imagem do objecto visto
É necessário “focar” o microscópio para se obter uma imagem através do microscópio.
nítida. Para o focar, movem-se os parafusos que controlam a Esta imagem é uma
posição das lentes, de modo a obter a distância adequada entre o segunda imagem! Trata-se
objecto e a objectiva, e entre esta e a ocular. Um bom microscópio da imagem, na ocular, da
óptico pode ampliar um objecto cerca de 1000 vezes. imagem dada pela
objectiva…
ocular

objectiva
objecto

Imagem do objecto dada pela objectiva (quase


sobre o foco F da ocular). Esta imagem funciona
como objecto relativamente à ocular, isto é, a
ocular vai formar uma imagem desta imagem.

Os microscópios electrónicos
utilizam electrões em vez de
luz. À direita, foto do
microscópio electrónico da
Universidade de Osaka, no
Japão. Este microscópio pode
ser controlado por
computador a partir de
Os microscópios podem outros laboratórios. As
ser ligados, através de imagens obtidas com os
câmaras “flexíveis”, a microscópios electrónicos
ecrãs de TV ou de podem ser milhões de vezes
computador. maiores que os objectos.

75
6 S O M E L U Z

Máquinas fotográficas
Qualquer máquina fotográfica clássica consiste essencialmente numa
câmara escura onde a luz proveniente do objecto a fotografar
penetra através de uma lente convergente chamada objectiva. A
luz refracta-se na objectiva e vai depois incidir numa película
revestida de um material sensível à luz (filme da máquina), onde
dá origem a uma imagem do objecto fotografado.

A focagem de uma máquina fotográfica consiste em deslocar a lente


para uma posição tal que a imagem do objecto se forme exactamente
sobre a película. Quando se fotografa um objecto há, em geral, outros
objectos atrás e à frente, isto é, mais afastados ou mais próximos da
máquina, que poderão ficar ou não bem focados.

película

sistema de
focagem imagem
objecto lente

diafragama

A quantidade de luz que incide na película é


controlada pelo diafragma, um anel que pode ser mais
ou menos aberto. A maior ou menor abertura do
diafragma é indicada pelos números “f”. Quanto maior
for este número, menor é a abertura do diafragama e,
portanto, menos luz atinge a película.
À esquerda: diafragma muito fechado: pouca
luz atinge a lente. À direita: diafragma mais
aberto.

A maior parte das máquinas possui um regulador do tempo de


exposição do filme à luz. Quanto mais luz penetrar na máquina,
mais provável é que a imagem fique “tremida”, porque haverá
sobreposição de imagens diferentes ainda que muito próximas. Para
fotografar objectos a alta velocidade, como carros de corrida, deve
usar-se um tempo de exposição muito curto (1/2000 segundos ou
ainda inferior a este). Mas para fotografar objectos com pouca luz é
necessário utilizar tempos de exposição maiores (se o tempo de
exposição for muito grande e o objecto ou a máquina se mexer, a foto
fica “tremida”).

A técnica do bom fotógrafo consiste em saber escolher tempos de


exposição e aberturas ajustadas e adequadas à cena a fotografar.

76
Algumas características de diversos lasers
Lasers
comprimento
A palavra laser é composta pelas iniciais tipo utilização
de onda
da expressão inglesa “Light Amplification
caixas de
by Stimulated Emission of Radiation” que hélio-néon 0,000 000 633 m
supermercados
significa amplificação de luz por
emissão estimulada de radiação. O
árgon (azul) 0,000 000 488 m diversão e medicina
primeiro laser foi construído em 1960 pelo físico
norte-americano Theodore Maiman, que aproveitou a dióxido de
0,000 010 600 m corte de metais
ideia de "emissão estimulada", introduzida em 1917 carbono
por Albert Einstein. Einstein é, portanto, o "pai" do
moderno laser. A luz laser é utilizada numa enorme gálio-arsénio 0,000 000 840 m leitores de CD
variedade de instrumentos, desde os leitores de CD
até sistemas de medida de distâncias. alumínio-
0,000 000 760 m impressoras laser
gálio-arsénio
As principais propriedades da luz laser são as
fluoreto de
seguintes: hidrogénio
0,000 003 000 m armas

1 É luz monocromática, isto é, formada por


ondas luminosas de um só comprimento de
onda.
2 É a luz mais coerente que se conhece, isto
é, as ondas de luz são emitidas pelos átomos
em “uníssono” (os picos das ondas são
emitidos todos ao mesmo tempo, de modo
sincronizado).
3 É luz direccional e concentrada. Ao
contrário do feixe de luz de uma lâmpada, que
Espectáculo com raios laser durante os jogos
é emitido em todas as direcções, um laser
olímpicos de Seul.
emite luz praticamente numa única direcção.
Por isso, essa luz é muito mais concentrada
(mais intensa) que a luz das lâmpadas.

Numa lâmpada vulgar, a emissão de luz é feita ao


acaso por todos os átomos do filamento da lâmpada,
obtendo-se luz de umas vasta gama de
comprimentos de onda. Num laser, a emissão é
estimulada e controlada de modo a que a luz
emitida tenha um único comprimento de onda. Reflexão sucessiva da luz numa fibra óptica.

Fibras ópticas
Uma fibra óptica é uma vareta flexível muito
fina e transparente. Um feixe de luz entra por
uma ponta da fibra, avança no seu interior porque
sofre reflexões sucessivas nas paredes, sem as
atravessar, e sai pela outra ponta. Os cabos de fibras
ópticas chegam a conter cerca de centenas de
milhares de fibras! Estes cabos são utilizados nas
redes de computadores, nas redes de televisão por
cabo, etc.

As fibras ópticas também são usadas em


medicina para observar o interior do estômago ou do Extremidade de cabos de fibras ópticas, por
intestino sem recorrer a intervenções cirúrgicas. onde sai a luz que entrou nas extremidades
opostas.

77
6 S O M E L U Z

Síntese das ideias principais

IM
PL
1 Os sons são ondas que chegam ao nosso ouvido (orgão detector) através
do ar. As vibrações da fonte sonora são transmitidas às partículas
vizinhas, sucessivamente. Esta transmissão sucessiva dos movimentos
vibratórios e da energia a eles associados, forma as ondas.
2 As ondas transversais são devidas a vibrações transversais (a direcção
de propagação é perpendicular à direcção do movimento de vaivém). As
ondas longitudinais devem-se a vibrações longitudinais (a direcção de
propagação coincide com a direcção do movimento de vaivém).
3 Qualquer onda sonora reflecte-se quando bate num obstáculo. O eco é a
audição de um som reflectido.
4 As vibrações e as ondas são caracterizadas pelo seu período (tempo que
demora uma vibração completa) ou pela frequência (número de
vibrações por segundo). A frequência mede-se em hertz (Hz) e o período
em segundos.
5 O comprimento de onda é a distância entre máximos (picos) ou
mínimos (vales) sucessivos de uma onda.
6 A velocidade de propagação do som depende do meio de propagação.
No ar, o som propaga-se a cerca de 340 m/s.
7 A velocidade de uma onda é dada pelo produto do comprimento de
onda pela frequência da onda.
8 A frequência da onda sonora determina a altura de um som. Um som
alto ou agudo tem maior frequência do que um som baixo ou grave.
Os sons audíveis pertencem ao intervalo de frequências [20 Hz; 20000
Hz]. Os sons inaudíveis são os infra-sons (f < 20 Hz) e os ultra-sons
(f > 20000 Hz).
9 A intensidade de um som aumenta com a amplitude das vibrações. A
intensidade relativa de um som, isto é, a intensidade comparada com a de
um som escolhido para referência (o som mais fraco detectado pelo ser
humano), é o chamado nível da intensidade sonora e mede-se em
decibéis. O nível da intensidade sonora, na conversa vulgar, é 60 dB. Um
som de 110 dB é doloroso para os ouvidos.
10 Um som musical é um som complexo constituído pela sobreposição de
vários sons simples e harmónicos (com frequências múltiplas da
frequência do som mais baixo ou fundamental). O timbre desse som
complexo é determinado pelo número de harmónicos e pela intensidade
de cada harmónico que o constitui.
11 A boa audição ocorre se o aparelho auricular (constituído pelos orgãos do
ouvido) não tiver defeitos. O ruído (som complexo constituído pela
sobreposição de sons simples mas não harmónicos) pode contribuir para
as doenças de audição, chegando por vezes a produzir a surdez total.
12 A luz e o som são formas ou manifestações de energia e transportam
informação.
13 A luz é constituída por ondas electromagnéticas e avança no ar com a
velocidade de 300 000 km/s.

78
14 Na reflexão da luz nos espelhos, planos ou curvos, o ângulo de
incidência e o ângulo de reflexão são iguais.
15 As imagens nos espelhos planos são simétricas dos objectos em relação
aos espelhos. Formam-se nos prolongamentos dos raios reflectidos (e, por
isso, não são projectáveis num alvo). Em certas condições, pode
projectar-se uma imagem obtida num espelho côncavo (quando os raios
reflectidos convergem).
16 A refracção da luz dá-se quando a luz passa de um meio óptico para
outro, devido à mudança da velocidade de propagação. Se a incidência
não for perpendicular, os raios de luz aproximam-se ou afastam-se da
normal consoante a velocidade de propagação diminui ou aumenta,
respectivamente.
17 Nas lentes divergentes (bordos largos), as imagens são definidas pelo
cruzamento dos prolongamentos dos raios refractados (por isso não são foco

projectáveis num alvo) e são menores do que os respectivos objectos.


18 Nas lentes convergentes (bordos delgados), as imagens podem ser
maiores do que os objectos, definidas pelo cruzamento dos foco

prolongamentos dos raios refractados (por isso não são projectáveis num
alvo) quando os objectos estão mais próximos das lentes do que os
respectivos focos. Quando as distâncias entre os objectos e as lentes são
superiores às respectivas distâncias focais, as imagens formam-se pelo
cruzamento dos raios refractados. São, então, projectáveis em alvos,
invertidas e maiores ou menores do que os objectos consoante as
distâncias destes às lentes.
19 A potência focal de uma lente aumenta quando a distância focal diminui:
é medida pelo inverso da distância focal e exprime-se em dioptrias.
20 O sistema de visão utiliza lentes (o cristalino) e um “ecrã”, a retina. As
células da retina enviam mensagens pelo nervo óptico até ao cérebro,
onde as imagens são interpretadas. O olho pode modificar a curvatura do
cristalino de modo a poder focar tanto os objectos próximos como os
objectos distantes.
21 As ondas de luz caracterizam-se quer pelo seu comprimento de onda
(l) quer pela sua frequência (f), e obedecem à relação l f = c , sendo c íris
retina

imagem

a velocidade da luz.
cristalino

22 O espectro electromagnético é o conjunto de todas as radiações


visíveis e não visíveis que se estendem dos raios gama (maior
frequência) às ondas de rádio (menor frequência), ocupando a luz visível a
estreitíssima faixa dos 400 nm (0,000 000 400 m) aos 700 nm
(0,000 000 700 m).
23 Cada cor do espectro visível (cor espectral ou cor pura) tem um
único comprimento de onda. As cores que vemos no dia a dia resultam da
mistura de cores espectrais e não são cores puras.
24 Uma grande gama de cores pode ser obtida a partir da mistura de outras
cores, as chamadas cores primárias. Certas tonalidades de vermelho,
verde e azul podem funcionar como cores primárias.
25 A cor com que vemos um objecto é a mistura de radiações que o
objecto difunde para o nosso olho. Depende da cor da luz com que é
iluminado e das substâncias que o constituem.

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6 S O M E L U Z

Teste 1
Compressão
1 A imagem ao lado esquematiza a emissão e A
a propagação de um som emitido por um
diapasão.
Pressão alta
1.1 Qual é a origem do som emitido pelo
diapasão?
1.2 Como se propaga o som?
Rarefacção
1.3 Que significa dizer que o diapasão emite B
um som puro?
1.4 Como se pode verificar experimentalmente
que é um som puro?
1.5 O que é o período do som emitido pelo
Pressão baixa
diapasão?

2 Um astronauta faz uma viagem à Lua num foguetão, a partir da Terra. O


ruído dos motores, a certa altura, deixa de se ouvir exteriormente.
2.1 Porquê?
2.2 E no interior do foguetão: o ruído continua a ouvir-se? Porquê?
estava das habitações

3 A Paula e o Carlos tentaram determinar a distância a que um monte se


encontrava, recorrendo ao fenómeno do eco.
3.1 Registaram, nos seus cronómetros, o valor médio de 2,4 segundos para
o tempo do eco (após 6 ensaios, 3 de cada um). Porque não fizeram
apenas uma única medida para o tempo que demora a ouvir o eco?
3.2 A que distância, aproximadamente, estava o monte? (A velocidade do
som no ar é cerca de 340 m/s).

4 Porque é que, quando nos aproximamos da margem de um rio, os peixes,


sem nos verem, nos pressentem e fogem?

5 Durante uma trovoada, viu-se um relâmpago e só 5,0 s depois se ouviu o


trovão.
5.1 Porquê esta diferença?
5.2 Qual é a distância a que ocorreu o relâmpago?

6 O nosso cérebro só distingue dois sons se um deles suceder ao outro num


intervalo de tempo igual ou superior a 0,1 s.
6.1 Qual é a distância mínima a que deve estar uma parede para originar o
fenómeno do eco?
6.2 Por que motivo nas salas de aula e nas habitações não há ecos?

7 A Filomena e o Luis, ambos surfistas, observaram as ondas e estimaram


em 12 m a distância entre duas cristas consecutivas. Verificaram

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também que, num local que fixaram, passaram 16 cristas em 75 s. Que
valores estimaram:
7.1 para o comprimento de onda das ondas do mar?
7.2 para a frequência das ondas?
7.3 para a velocidade de propagação das ondas?

8 De que depende a altura de um som?


A Da frequência das ondas sonoras.
B Da amplitude das ondas sonoras.
C Da energia das ondas sonoras.
D Da velocidade das ondas sonoras.

9 Completa com as palavras aumenta, diminui, varia, não varia as frases que
se seguem:
9.1 A intensidade de um som ............ com a amplitude das vibrações e
............ com a frequência das ondas.
9.2 A altura de um som ............ com a frequência das ondas.
9.3 O timbre de um som ............ com o número e a intensidade dos sons
componentes (harmónicos).
9.4 O nível de intensidade sonora ............ com a energia em propagação.
9.5 O nível de intensidade sonora ............ com a intensidade do som
escolhido para termo de comparação.

10 Um sonar de prospecção do contorno do fundo oceânico emitiu, num dado


lugar do oceano, um feixe de ultra-sons. Este, reflectido no fundo do mar,
produziu um eco que foi recebido passados 3,0 s. Qual é, nesse lugar, a
profundidade do mar? (A velocidade das ondas sonoras no mar tem o valor
de 1530 m/s).

11 Um polícia utiliza um apito, que emite sons na frequência de 30 000 Hz,


para avisar os seus cães polícias.
11.1 Quando o polícia apita, alguém ouvirá? Porquê?
11.2 Qual é o período dos sons emitidos pelo apito?
11.3 Classificar o som emitido pelo apito.

12 Observa a figura junto que mostra a análise de


um som (assobio) num computador.
12.1 Explica porque é que a menor divisão no
eixo do tempo vale 0,5 milisegundos.
12.2 Verifica que o período da onda sonora é
0,625 ms.
12.3 Calcula a frequência do som.
12.4 Porque podemos afirmar que se trata de um som puro?

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6 S O M E L U Z

Teste 2
1 Observa o desenho do “célebre cow-boy” Lucky-Luke, que
dispara mais rápido do que a sua sombra. Que está “errado”
nesse desenho?

2 A velocidade da luz é tão elevada que os primeiros


investigadores que a tentaram medir no século XVIII pensaram
que a luz se propagava instantaneamente! Qual é a velocidade
da luz:
2.1 Em quilómetros por segundo?
2.2 Em metros por segundo?
2.3 Em quilómetros por hora?

3 Que sucede a um feixe convergente de luz quando atinge a superfície de


um espelho plano no ponto de convergência?
A Permanece convergente.
B Torna-se paralelo.
C Torna-se divergente.
D Difunde-se em várias direcções.

4 Qual das afirmações seguintes está errada a propósito da refracção da luz?


A A luz refractada está sempre acompanhada de luz reflectida.
B A luz refractada não muda sempre de direcção em relação à luz
incidente.
C A luz refractada afasta-se da normal quando caminha mais depressa.
D A luz refractada afasta-se sempre da normal.

5 A foto e o esquema ao lado mostram o percurso de vários raios


luminosos que emergem de uma fonte de luz colocada num
aquário.
5.1 Qual ou quais dos raios luminosos se refractam ao passar
da água para o ar?
5.2 Qual ou quais dos raios luminosos se reflectem ao incidirem
na superfície de separação entre a água e o ar?
5.3 Qual é o ângulo que faz o raio refractado correspondente ao
ar (meio 2)
raio incidente n.º 3 com a perpendicular no ponto em que se
dá a refracção?
5.4 Um observador que veja o raio n.º 1, em que posição vê a
fonte de luz? Fundamenta a resposta.
5.5 Em qual dos meios é maior a velocidade da luz? 1 2 3
Fundamenta a resposta. água (meio 1)
4

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6 A tira ao lado mostra um “invento”
do Calvin que lhe permite
observar algo acima do seu campo
de visão. Explica o funcionamento
desse “invento”, utilizando um
esquema em que mostres o
percurso da luz.

7 Faz-se incidir um feixe de luz,


paralelo, numa lente divergente.
Pode detectar-se a posição do foco com um alvo?
Fundamenta a resposta, utilizando um esquema adequado.

8 Qual é a distância focal de uma lente de potência focal igual espelho 1


a –10 D? De que tipo de lente se trata?

9 Um telescópio reflector usa dois tipos de espelhos (ver


esquema ao lado). Qual é curvo? Porquê?

10 Numa pessoa míope, o ponto próximo não está à mesma espelho 2


distância de um olho normal.
10.1 O que é o ponto próximo?
10.2 O olho míope necessita de auxílio para convergir ou para divergir os
raios luminosos?
10.3 No olho míope, o ponto próximo está mais próximo ou mais afastado
do que a sua posição num olho normal? Fundamenta a resposta.

11 A luz visível tem comprimentos de onda entre 400 nm e 700 nm.


11.1 Qual é a frequência da luz de 400 nm?
11.2 Que há de comum entre a luz visível e a luz não visível? E de diferente?
11.3 Em que consiste a decomposição da luz branca? Onde pode ocorrer?
11.4 Em que difere uma cor vermelha do espectro de uma cor verde?
11.5 O branco é uma cor espectral? Fundamenta a resposta.
11.6 O negro é uma cor? Fundamenta a resposta.

12 Observa o desenho ao lado que representa o funcionamento de um


microscópio.
12.1 O que se entende por poder de ampliação do microscópio?
12.2 Quantas imagens se formam para se observar o objecto ampliado?
12.3 Qual das imagens se forma onde convergem os raios luminosos após a
refracção?
12.4 Qual das imagens se forma onde convergem os prolongamentos dos
raios luminosos após a refracção?
12.5 Qual das imagens pode ser projectada num alvo (imagem real)?

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