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g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o

emprego
Governo do Estado de São Paulo
Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência e Tecnologia

Pr o g ra m a d e
Qualificação
Conteúdos Gerais
Profissional
C a d e r n o  d o
Trabalhador
Vo l u m e

Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência e Tecnologia
ÍNDICE

Caderno do trabalhador – Volume 1

História do trabalho 9
Como se preparar para o mercado de trabalho 39

dados internacionais de catalogação na publicação (cip)


(bibliotecária silvia marques crb 8/7377)

P964
Programa de qualificação profissional / Conteúdos gerais
São Paulo : Fundação Padre Anchieta, 2010.
(Caderno do trabalhador, v. 1)
(vários autores, il.)
Programa de qualificação profissional da Secretaria do
Emprego e Relação do Trabalho-SERT
ISBN 978-85-61143-39-8
1. Trabalho – história. 2. Entrevista – emprego
3. Currículo – elaboração I. Título. II. Série.

Edição revista: 2010


(1-ª edição: 2008)
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin
Governador

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,


CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Rodrigo Garcia
Secretário

Nelson Baeta Neves Filho


Secretário-Adjunto

Maria Cristina Lopes Victorino


Chefe de Gabinete

Ernesto Masselani Neto


Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante
Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência e Tecnologia

Coordenação do Projeto FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETa


CETTPro/SDECT Presidente
Juan Carlos Dans Sanchez João Sayad
Fundação Padre Anchieta Vice-Presidentes
Monica Gardelli Franco Ronaldo Bianchi
Fundação do Desenvolvimento Fernando Vieira de Mello
Administrativo – Fundap
José Lucas Cordeiro Diretoria de Projetos Educacionais
Diretor
Apoio Técnico à Coordenação Fernando José de Almeida
Fundação do Desenvolvimento Gerentes
Administrativo – Fundap Monica Gardelli Franco
Fernando Moraes Fonseca Jr., Laís Schalch, Júlio Moreno
Maria Helena de Castro Lima, Selma Venco Coordenação técnica
Apoio à Produção Maria Helena Soares de Souza
Fundação do Desenvolvimento Equipe Editorial
Administrativo – Fundap Gerência editorial
Ana Paula Alves de Lavos, Bianca Briguglio, Carlos Seabra
Emily Hozokawa Dias, Isabel da Costa Manso Secretaria editorial
Nabuco de Araújo, José Lucas Cordeiro, Solange Mayumi Lemos
Karina Satomi, Laís Schalch,
Apoio administrativo
Maria Helena de Castro Lima, Acrizia Araújo dos Santos,
Selma Venco Ricardo Gomes, Walderci Hipólito
CETTPro/SDECT Edição de texto
Cibele Rodrigues Silva, Fernanda Spinelli, Marcelo Alencar
João Batista de Arruda Mota Jr.
Leitura crítica
Textos de Referência Adriano Botelho, José Bruno Vicentino,
Airton Marinho da Silva, Evanisa Arone, Hugo Fortes, Luciane Genciano,
Alan Pereira de Oliveira, Marco Antonio Queiroz Silva
Ana Paula Alves de Lavos, Preparação
Antonio Carlos Olivieri, Bianca Briguglio, Luciana Soares, Tamara Castro
Clélia La Laina, Cleusa Helena Pisani, Revisão
Elaine Oliveira Teixeira, Beatriz Chaves, Fernanda Bottallo, Vera Ayres
Fernanda Maria Macahiba Massagardi, Identidade visual
Hugo Capucci Jr., Jaquelina Maria Imprizi, João Baptista da Costa Aguiar
Joana Scheidecker Rebelo dos Santos, Arte e diagramação
Laís Schalch, Leonor Gonçalves Simões, Carla Castilho
Maria de Souza Oliveira Tavares, Pesquisa iconográfica
Maria Helena de Castro Lima, Elisa Rojas,
Renata Violante, Ricardo Mendes Antas Junior, Renato Luiz Ferreira
Roberto Cattani, Selma Venco, Ilustrações
Silvia Andrade da Silva Telles, Beto Uechi, Felipe Cohen, Gil Tokio,
Sonia Regina Martins, Walkiria Rigolon Kellen Carvalho, Leandro Robles, Lúcia Brandão
Colaboradores
Eliana Kestenbaum, Gustavo Lico Suzuki,
Marcia Menin, Maria Carolina de Araújo,
Paulo Roberto de Moraes Sarmento
Caro(a) trabalhador(a),

Estamos bastante felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do


Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação
profissional para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o
seu próprio negócio.
Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo
desempregado. Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se
manter atualizados ou quem sabe exercer novas profissões com salários mais
atraentes.
Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego.
O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da
educação profissional.
Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para
facilitar o aprendizado de forma rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores
experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho
e excelentes cidadãos para a sociedade.
Temos a certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação
profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a
realização de sonhos ainda maiores.
Boa sorte e um ótimo curso!

Secretaria de Desenvolvimento Econômico,


Ciência e Tecnologia
Caro(a) trabalhador(a),

Gostaríamos de parabenizá‑lo(a) por sua iniciativa de buscar um programa de


qualificação profissional.
Seja qual for o motivo que o(a) trouxe aqui – procurar um trabalho, aperfeiçoar
aquilo que você já sabe fazer ou tentar mudar de profissão –, aprender, adquirir
novos saberes, aprimorar‑se é sempre bom; é um passo importante na vida
das pessoas.
O curso iniciado por você agora foi pensado para os trabalhadores que
– como você – estão com dificuldade de arrumar trabalho: seja em uma fábrica,
uma empresa, seja como autônomo, seja cuidando do próprio negócio.
Pensamos que, se passamos a saber um pouco mais, esse caminho, pode se
tornar mais fácil.
Estudando as características do mercado de trabalho e as mudanças que estão
acontecendo nessa área – tanto no mundo, como aqui no Brasil e no estado de
São Paulo –, a SDECT preparou um programa de qualificação com duas partes.
A primeira, que chamamos de conteúdos gerais, trabalha os saberes básicos
necessários em qualquer ocupação.
São conteúdos que objetivam preparar você, trabalhador, para: ler melhor um
texto; refletir de forma crítica sobre ele; tirar conclusões sobre um fato; encontrar
soluções possíveis para determinado problema; entender o mercado de trabalho
e inserir‑se melhor nele; participar de um debate ou de um trabalho em equipe;
raciocinar de forma lógica, entre outros saberes.
Na segunda parte deste curso serão trabalhados os chamados conteúdos
específicos, relacionados ao aprendizado de determinada ocupação e escolhidos
de acordo com as características de cada região ou cidade.
Os cadernos que você está recebendo são voltados exclusivamente para os
conteúdos gerais.
Neste caderno, você encontrará os temas História do trabalho e Como se preparar
para o mercado de trabalho.
O primeiro desses temas – História do trabalho –, como o nome diz, pretende
mostrar como surgiu o trabalho e como os homens foram se organizando em
torno dele ao longo da história.
Já o segundo – Como se preparar para o mercado de trabalho – pretende
ajudá‑lo(a) a reconhecer seu potencial, preparando‑se melhor para a busca de
um trabalho/ocupação.
Com esses conteúdos, colocados à sua disposição, esperamos que você aproveite
o curso de qualificação que irá fazer e possa ampliar seus saberes para o mundo
do trabalho.

Coordenadoria de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante


História do
trabalho
Caro(a) trabalhador(a),
Em primeiro lugar, parabéns por sua iniciativa de participar de um programa de for-
mação profissional, seja qual for seu motivo: procurar um trabalho, aperfeiçoar aquilo
que já sabe fazer, tentar mudar de profissão…
Aprender é sempre bom, não importa a razão.
Quem vai aprender nesse caminho que estamos iniciando?
Um professor sabe mais que um estudante? Sim? Não? O professor, certamente, sabe
mais (ou melhor) algumas coisas e os estudantes, outras. Quer ver? Um professor de 9o
ano pode aprender com um estudante que sabe jogar bem futebol ou andar de skate.
Imagine um curso de cozinheiro: o instrutor sabe tudo de cozinha, porém não conhe-
ce uma receita da sua família que é uma delícia.
Então, vamos pensar que somos todos iguais, mas conhecemos bem coisas diferentes.
Por isso dizemos que a educação é sempre uma troca: um colega sabe algumas coisas
e você, outras; ele conta para você o que sabe e você lhe ensina o que já aprendeu na
vida, em certa situação.
Por que você procurou um programa de formação profissional? Imaginando que seu
objetivo seja obter um trabalho, é importante compreender como ele surgiu e se mo-
dificou até os dias de hoje.
Podemos pensar que o mundo muda porque o ser humano age de determinada
maneira.
Assim, o tema História do trabalho está organizado da seguinte forma:
na Unidade 1 vamos discutir o que é, afinal, o trabalho e como ele surge.
Mas o trabalho vai se transformando, e para acompanharmos esse movimento estuda-
remos, na Unidade 2, como ele vai deixando de ser artesanal e dando lugar à indústria.
A máquina substitui o homem no trabalho? Como as mulheres se integram ao merca-
do de trabalho? Essas e outras questões, vamos respondê‑las na Unidade 3.
Por fim, vamos entender o que é a globalização e o que muda nas nossas vidas na
Unidade 4.
Então, mãos à obra!
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Unidade 1 Você e o trabalho.


O trabalho e você
Vamos fazer um passeio pela história a fim de
compreender melhor os diferentes sentidos do trabalho.

O que é trabalho?
Podemos pensar que o trabalho é o ato de transformar
a natureza. Uma tora de madeira que vira banco ou o
sapê que se transforma em cobertura de uma casa são
exemplos da ação do ser humano mudando a natureza.
Ele faz isso por meio do raciocínio, da capacidade de
pensar, de planejar algo para o próprio bem, ou seja,
em seu benefício pessoal.

Régis Filho

12
história do trabalho

O trabalho é fácil ou difícil para o ser humano?


Pouco a pouco, a humanidade foi descobrindo o que é capaz de fazer e organizando
seus conhecimentos a fim de produzir coisas para sua sobrevivência e seu bem‑estar.
Porém o que acontece quando o homem trabalha?
Ele transforma não apenas a natureza, mas também a si mesmo.
De que forma?
Em primeiro lugar, o homem – quando falamos em “homem” pensamos na huma-
nidade – percebe que precisa sobreviver e, para isso, necessita de algumas coisas no
intuito de transformar a natureza. Que coisas são essas? Ferramentas, força e algum
tipo de planejamento de suas ações, entre outras. Assim, ele cria meios de subsistência
e, ao mesmo tempo, procura melhorar, aperfeiçoar o que faz. Usa a inteligência, a
criatividade, a experiência e, então, passa a fazer melhor o banco, a cobertura da casa
etc. Se não fosse desse jeito, estaríamos agora sentados em toras, e não em cadeiras,
poltronas e sofás.
Nesse processo de transformação, o homem sente satisfação com o que faz, e nesse
momento começa a perceber como ele se modifica com o trabalho que realiza.
Com o tempo, o toco de madeira torna-se um banco com mosaico, porque o homem
utiliza outros materiais transformados, além de técnica, criatividade e arte. E, com
isso, ele também se transforma.

Atividade 1 – Como o trabalho modifica o ser humano?


1 Em grupo de cinco pessoas, converse com seus colegas a
respeito de como o trabalho pode modificar o ser humano. Conversar, trocar ideias
com outras pessoas, é sem­
2 Depois dessa conversa, escreva em seu caderno um texto pre uma oportunidade para
ampliarmos nosso conheci­
sobre o tema. mento, pensarmos de outra
forma.

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Do trabalho artesanal à
Unidade 2
Revolução Industrial
Vimos que o homem transforma
George holton/Latinstock

a natureza e, ao mesmo tempo, se


transforma.
Mas não podemos nos esquecer de que a
forma de trabalhar vai mudando.
No princípio, o trabalho era artesanal
e havia um sistema de trocas entre as
pessoas. Alguém produzia leite e o vizinho
dele plantava trigo; eles trocavam, então,
o que sobrava para um e faltava para o
outro e, assim, conseguiam sobreviver e
manter suas famílias. Era, portanto, uma
época na qual as pessoas trocavam sua
produção, e não seu trabalho. Cada um
Pintura em caverna ilustra criação de gado na pré-história.
produzia para sustento próprio, e o que
sobrava era trocado.
Mas alguns produtos começaram a ter mais procura que outros.
Como? Uma pessoa plantava batatas e as trocava com outra que criava gado. Quem
possuía mais para oferecer? Quem criava gado podia trocar o leite, a carne, a pele e,
ainda, tinha a vantagem de a quantidade de animais aumentar pelo acasalamento,
o que melhorava seu poder de troca. Isso não acontecia com o plantador de batatas.
reprodução

O surgimento da moeda
Essa “diferença” entre um produto e outro foi abrin-
do o caminho para a invenção da moeda. Surgia a
Moeda de Lesbos, Grécia, cerca de 500-450 a.C.
ideia: Quem tem gado tem mais “dinheiro”.
A descoberta do metal veio acompanhada da evo-
lução, do progresso da técnica. Com isso, o metal
foi adquirindo um valor muito diferente, pois até
então permitia apenas produzir ferramentas mais
Moeda de Creta, Grécia, de 300 a 270 a.C. elaboradas.

14
história do trabalho

O “desenho” de moeda mais próximo do que conhecemos


hoje é do século 7 (VII: o V representa o número 5 e cada Turquia

I, o número 1) antes de Cristo (a.C.).

Alguns povos do Oriente Médio, que viviam


na região onde hoje fica a Turquia, já usa‑
vam técnicas de metalurgia do ferro 1.400
anos a.C. (antes de Cristo). Eles fabricavam
armas e se transformaram em guerreiros
poderosos.

O sistema de guildas
Depois de muito tempo, no século 12 (XII: o X repre- Você sabia?
senta o número 10 e cada I, o número 1), começou uma Um século é um período
nova etapa nessa história, uma fase marcada pela venda de 100 anos. Quando fala­
das mercadorias e pela venda do trabalho. Tem início o mos em século 7 (VII), nos
referimos ao período que
trabalho assalariado. começa no ano 601 e vai
Surgiram as “oficinas artesanais”, já com características da até o ano 700.
indústria, que ainda não existia: havia o mestre, o artífice
ou companheiro, e o aprendiz. Era o chamado sistema de
guildas (a palavra guilda tem origem no francês guilde,
que significa corporação de artesãos).
Mas veja como o trabalho já estava ligado à formação
profissional. FILE:SHOEMAKER_BOOK_OF_TRADES.PNG
HTTP://COMMONS.WIKIMEDIA.ORG/WIKI/

Os artesãos passaram a se organizar em torno de sua


ocupação, de seu ofício, formando um grupo, uma
guilda. A guilda dos ferreiros, por exemplo, fazia reu-
niões e todos decidiam o que era preciso saber a fim
de se tornar um ferreiro, estabelecendo regras para
o exercício da profissão. Os mais experientes eram
chamados de mestres e possuíam suas próprias fer-
ramentas. Os mestres ensinavam os aprendizes, que
depois de dois a quatro anos (dependendo da pro-
fissão) se tornavam artífices ou companheiros, isto
é, ajudantes, auxiliares do mestre, e poderiam então
trabalhar em outras oficinas e até em outros países. Gravura de Jost Amman em O livro de trocas, 1568.

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Veja que curioso: o mestre possuía um tipo de diploma, uma garantia de que ele do-
minava seu ofício, conhecia sua profissão. O aprendiz – que depois se tornava artífice
– tinha direito a uma declaração de que havia recebido a formação de seu mestre.

Atividade 1 – Sistema de guildas


1 O que você achou do sistema de guildas?

2 Em sua opinião, existe hoje algum sistema parecido com o que acabamos de estudar?

3 Você acha que as mulheres podiam participar das guildas? Explique por quê.

16
história do trabalho

Como, em geral, as oficinas artesanais fun-

AFP
cionavam nas casas, elas se confundiam
com o ambiente doméstico: pai (mestre),
filho mais velho (companheiro) e filho
mais novo (aprendiz), todos trabalhando
na mesma profissão. Era proibida a partici-
pação de mulheres, e a elas cabiam as tare-
fas de limpar a oficina, cuidar da casa etc.
Se, por exemplo, o ofício era construir
carruagens, o mestre, o companheiro e o Carruagem de ouro. Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia.
aprendiz pensavam em cada detalhe do
processo: como vai ser a carruagem? E a desenhavam. Como serão os estofados? E as
rodas? Vamos fazer pinturas nas portas para que fiquem mais bonitas?
Todos conheciam o trabalho do princípio ao fim e participavam de todas as etapas até
a carruagem ficar pronta. Portanto, não havia divisão do trabalho.
O que se valorizava nas oficinas artesanais era o conhecimento que todos, cada um a
seu tempo, tinham de sua profissão.

A divisão do trabalho
Mas novamente os processos de produção foram mudando, até serem divididos em
etapas. Surgia, assim, a divisão do trabalho e, com ela, o trabalho especializado.
Por que esse nome?
Como as encomendas estavam aumentando, as tarefas começaram a ser distribuí­
das entre os trabalhadores: se no início a equipe inteira participava de todas as
etapas da construção da carruagem, mais tarde cada um tornou-se responsável por
apenas uma tarefa. Quem passou a fazer a roda, por exemplo, tornou‑se “especia-
lista em roda”.
E por que isso aconteceu?
Se o mestre mandava alguém se limitar a lixar a madeira e pregar as rodas, esse
auxiliar deixava de saber construir a carruagem toda, tornando‑se especialista
em apenas uma atividade. Por outro lado, se ele adoecesse, seria substituído com
mais facilidade, pois era mais simples encontrar profissionais especializados em
uma só tarefa.

Você já ouviu falar em Revolução Industrial?


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A Primeira Revolução Industrial


Um dos significados da palavra revolu-
akg-images/Latinstock

ção é grande transformação, mudança


significativa de alguma coisa. E o que se-
ria Revolução Industrial? Uma alteração
ocorrida apenas no trabalho?
Não. A Revolução Industrial provocou
muitas mudanças ao mesmo tempo: na
economia, no modo de vida das pessoas,
na política e nas artes.
Como vimos até agora, o trabalho sem-
pre sofreu mudanças, mas a maior delas ocorreu quando o carvão passou a ser usado
para movimentar máquinas: foram inventadas as máquinas a vapor.
Você se lembra de alguma máquina a vapor? Qual?

Inglaterra

Essa etapa ficou conhecida como Primeira Revolução Industrial. Ela teve início na
Inglaterra, no século 18 (XVIII), porque esse país europeu era rico em carvão mineral
e ferro.
Os trabalhadores do campo começaram a deslocar-se para as cidades em busca de
trabalho nas novas indústrias. Surgiram, então, as primeiras metrópoles e, com elas,
problemas como alcoolismo, prostituição, fome etc.

18
história do trabalho

Atividade 2 – O trabalho durante a Revolução Industrial


A imagem abaixo mostra o trabalho em uma indústria têxtil, que utilizava o tear, na
época da Primeira Revolução Industrial.

THE BRIDGEMAN ART LIBRARY/KEYSTONE


1 Como você acha que era o trabalho naquele tempo? Os empregos eram oferecidos
para quem? Homens? Mulheres? Crianças? O trabalho era fácil ou difícil?

2 Converse com seus colegas sobre a seguinte questão:

Como era o trabalho quando surgiram as máquinas a vapor?


3 Escreva com suas palavras a conclusão do grupo:

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Veja um resumo das condições de trabalho naquela época.


• Os salários eram baixos.
• As fábricas contratavam principalmente mulheres e
crianças. Por quê? Porque seus salários eram ainda
mais baixos do que os pagos aos homens. A eles eram
destinadas as funções que dependiam da força física.
• Os trabalhadores não tinham direito a férias, descan-
so semanal ou outros benefícios.
• A jornada de trabalho diária chegava a até 18 horas.
• Todos os empregados estavam sujeitos a castigos
físicos, e as trabalhadoras eram violentadas pelos
capatazes.

Você sabia?
Os trabalhadores reagiam?
Em 8 de março de 1857,
as operárias de uma fá­ Apesar da pobreza e da fome, os empregados das indústrias
brica nos Estados Unidos começaram a se organizar, a fim de melhorar as condições
organizaram uma greve de trabalho, até mesmo com reações violentas, como o
a fim de exigir melhores
condições de trabalho e a movimento ludista ou luddita: no início do século 19
redução da jornada diária (XIX), os operários quebraram as máquinas dentro das
para 10 horas. As mulhe­ fábricas em protesto contra as condições de trabalho e o
res recebiam um terço
desemprego. O movimento recebeu esse nome porque foi
(1/3) do salário dos ho­
mens e não queriam mais Ned Ludd, um trabalhador da indústria têxtil, quem teve
ser desrespeitadas pelos a ideia de destruir o maquinário.
capatazes. Elas foram
presas na fábrica, incen­
diada em seguida: cerca Atividade 3 – As condições de trabalho
de 130 tecelãs morreram 1 Em grupo de cinco pessoas, cada um de vocês irá se
nesse incêndio. Em ho­
menagem a essas traba­
imaginar no lugar dos trabalhadores daquela época,
lhadoras, em 8 de março refletindo sobre as questões abaixo.
é celebrado o Dia Inter-
a) Quebrar máquinas era um ato contra equipamentos?
nacional da Mulher.
b) Equipamentos como os teares eram responsáveis
por desempregar muitos trabalhadores?
c) Como vocês veem as condições de trabalho durante
a Revolução Industrial?
d) Existem semelhanças entre o trabalho daquela épo-
ca e o de hoje? Quais?

20
história do trabalho

2 Registre a conclusão do grupo:

E no Brasil, como era?


Você já deve ter ouvido falar que nosso

biblioteca nacional de paris/reprodução iconographia


país foi colonizado pelos portugueses,
que controlavam o que se produzia aqui
e não queriam concorrência.
Desde o período colonial até o final do
Império, a economia nacional apoiou-se
no trabalho escravo. A princípio, muitas
tribos indígenas foram escravizadas para
diversas tarefas. Depois os negros passa-
ram a ser trazidos da África para trabalhar
sob as mesmas condições nos engenhos
de cana‑de‑açúcar e na mineração.
O Brasil foi a última nação do mundo
a abolir a escravidão. Isso só aconteceu
em 13 de maio de 1888, quando foi
assinada a Lei Áurea. Porém, a situação
dos negros após a libertação continuou
muito difícil, pois os ex‑donos de es-

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AFP
cravos não aceitavam pagar salários pelo seu trabalho;
Você já teve a oportuni­
dade de ver o filme Tem­ preferiam contratar imigrantes europeus que começa-
pos modernos, de Charles vam a chegar ao país.
Chaplin? O personagem
principal é operário numa Hoje em dia, infelizmente, ainda existem situações pa-
grande indústria. Ele tem recidas: muitos trabalhadores, inclusive estrangeiros,
como tarefa apertar para­ são contratados com a ilusão de uma oportunidade de
fusos de peças em uma emprego e, longe de casa, têm seus documentos retidos
esteira rolante, mas não
consegue acompanhar pelos patrões, que passam a cobrar pelos instrumentos de
a velocidade das peças e trabalho, pela moradia e alimentação, criando assim uma
começa a “atropelar” seus enorme dívida que seus empregados não conseguem qui-
colegas a fim de recupe­
tar. Eles, então, passam a trabalhar apenas com o objetivo
rar o trabalho perdido. O
filme mostra, de modo de se manterem vivos.
divertido, como todos tra­
balhavam de forma mecâ­
nica e em ritmo acelerado. A Segunda Revolução Industrial
As mudanças não pararam.
Houve uma Segunda Revolução Industrial, já em 1860.
Se no século 18 (XVIII) a novidade foi o uso do carvão
para movimentar as máquinas, agora era a vez da desco-
berta da eletricidade e do uso do petróleo. Além disso,
a transformação do ferro em aço permitiu aumentar e
variar toda a produção.

22
história do trabalho

Com o aperfeiçoamento das máquinas, as

AFP
fábricas passaram a produzir mais e, embora
com muito sacrifício humano, a oferta de em-
prego aumentou.
Diante do crescimento das indústrias, nos Esta-
dos Unidos o dono de uma fábrica de automó-
veis chamado Henry Ford (nasceu em 1863 e
morreu em 1947) pensou: Se as pessoas não podem
comprar, a fábrica não cresce!
Por isso sua empresa, a Ford, começou a fabricar
Henry Ford e seu modelo T.
um automóvel bem mais barato que o produzi-

AFP
do pela concorrência: o modelo T.
Para produzir esse carro, Henry Ford pôs em
prática um novo jeito de trabalhar: as peças iam
até os homens, e não o contrário, como era fei-
to até então. Com isso, ganhava‑se tempo, e
cada trabalhador só poderia parar quando seu
chefe permitisse.
As propagandas da Ford vendiam a ideia de que
Linha de montagem da Ford.
felicidade era ter um automóvel e poder passear
com ele. O que aconteceu? Como se diz popularmente: o carro vendeu feito pão quente.
Dessa forma, Henry Ford mudou tanto o modo de trabalhar como a maneira de pen-
sar dos norte‑americanos e do mundo.
Os salários eram mais altos na Ford, e a empresa contratava inclusive imigrantes, pois
eles aceitavam melhor as ordens; ao mesmo tempo, as vendas subiam.
Isso se repetiu em diversos tipos de indústrias: de rádios e toca‑discos (as antigas vitro-
las), de eletrodomésticos etc. Mas, nos Estados Unidos, os trabalhadores, mesmo com
bons salários, não suportavam mais o ritmo pesado e a jornada de trabalho extensa.
Outro motivo de preocupação era a poluição, não apenas do ar, como também a so-
nora, pois o barulho das peças se movendo de um lado para o outro fazia com que os
operários perdessem, pouco a pouco, a audição.
Eles passaram, então, a se organizar e fazer greves reivindicando redução da jornada
diária e melhores condições de trabalho. Era uma situação em que uns precisavam dos
outros: os patrões dependiam dos empregados e estes, do emprego.
Com as greves, os trabalhadores conquistaram alguns direitos, tais como a jornada de
8 horas diárias.

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Unidade 3 Homem e máquina


reprodução

Diego Rivera,
Homem e máquina,
1932‑1933, mural do Instituto
de Artes de Detroit,
Estados Unidos.

Atividade 1 – O mural de Diego Rivera


Vamos analisar alguns detalhes do mural reproduzido acima.
1 Observe bem os detalhes do mural nas imagens a seguir.
2 Nas linhas ao lado de cada imagem, escreva sua opinião sobre o trabalho, o ambiente,
as pessoas, como elas aparecem etc.
Imagem 1

24
história do trabalho

Você sabia?
reprodução

O pintor mexicano
Diego Rivera (nasceu
em 1886 e morreu em
1957) foi convidado
por uma importante
indústria automobi­
lística para fazer um
grande quadro, um
mural na entrada da
fábrica. Ele pintou os
homens trabalhando e
demonstrando todo o
esforço e cansaço num
ambiente sujo e poluí­
do. Quem encomen­
dou não gostou do
resultado final e tentou
estragar a pintura.

Imagem 2

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Imagem 3

Imagem 4

Imagem 5

26
história do trabalho

E as mulheres, trabalhavam
em qualquer indústria?

acervo iconographia
As vagas nas fábricas eram ocupadas principalmente
por homens. As mulheres eram contratadas para ta-
refas que exigiam movimentos mais delicados, mãos
menores ou dedos finos e longos.
Foi na Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) que
elas começaram a trabalhar na fabricação de arma-
mentos e de peças e motores para aviões, uma vez
que os homens haviam sido convocados para as for-
Trabalho feminino em indústria dos Estados Unidos
ças armadas. durante a Segunda Guerra Mundial.

A industrialização no Brasil
ACERVO ICONOGRAPHIA

Você sabia?
Um italiano que veio ten­
tar a vida no Brasil, ou “fa­
zer a América”, na expres­
são da época, abriu uma
loja de banha em Soroca­
Operários das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, em São Paulo. ba, no interior do estado
de São Paulo, e mais tarde
O Brasil seguiu os mesmos passos da industrialização nos tornou-se o maior empre­
Estados Unidos, mas com praticamente 40 anos de atraso. sário da América Latina,
com 350 empresas.
Isso porque a indústria só começou a engrenar aqui na
Você já ouviu falar das
década de 1940. Indústrias Matarazzo?
O setor têxtil teve forte presença na história da industria- Eram dele: Francisco
Matarazzo.
lização em nosso país.

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Atividade 2 – O trabalho em São Paulo no século 19 (XIX)


Na fotografia antiga reproduzida abaixo, vemos operários em frente a uma indústria
têxtil no século 19 (XIX), no Brás, bairro da capital paulista que recebeu um grande
número de pessoas vindas da Itália para trabalhar nas fábricas lá instaladas.
1 Observe bem os detalhes da foto abaixo antes de iniciar a atividade.
ARQUIVO EDGARD LEUENROTH/UNICAMP, COLEÇÃO HISTÓRIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO

Operários em frente ao Cotonifício Crespi, em São Paulo.

2 Num grupo de cinco pessoas, você e seus colegas devem seguir este roteiro para
discussão.
a) Quem eram esses trabalhadores?

b) Como era o prédio? E a rua?

c) O que mais chama a atenção na foto?

d) O que ela mostra de diferente em relação aos dias atuais?

3 Escreva com suas palavras a conclusão do grupo:

28
história do trabalho

Assim como nos Estados Unidos, em São Paulo os operários organizaram-se a fim de
protestar contra as péssimas condições de trabalho. Eles viam as fábricas crescendo,
porém seus salários continuavam baixos. Queriam, também, redução da jornada diá-
ria e regras para a participação de mulheres e crianças, entre outras solicitações.
Muitos grevistas foram presos e alguns acordos, assinados, mas nem sempre cumpridos.
Uma das conquistas ocorreu em 1917, quando o governo federal publicou uma lei
proibindo mulheres e crianças de trabalharem no período noturno.

memorial do imigrante

Cortejo fúnebre de José Iguanez Martinez, morto em confronto com a polícia durante manifestação operária na cidade de São Paulo, ocorrida na
Greve Geral de 1917.

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Atividade 3 – É hora de pesquisar


1 Você vai fazer entrevistas como se fosse um repórter de jornal da TV, conversando
com diversas pessoas sobre o trabalho. Procure falar com seus avós, pais, tios ou
conhecidos de diferentes idades, para depois comparar as opiniões.
2 Faça a cada pessoa as perguntas abaixo, anotando as respostas no caderno.

a) Qual foi seu primeiro emprego?

b) Você gostava do que fazia?

c) Como você aprendeu a desempenhar a função para a qual foi contratado?

d) Que tipo de emprego havia quando você começou a trabalhar?

3 Compare as respostas dos entrevistados: o que têm de semelhante, de parecido? E


de diferente? O que mais chamou sua atenção no que as pessoas disseram?

4 Pense agora sobre o que vimos até aqui e sobre o que essas pessoas contaram a res-
peito de como começaram a trabalhar. Depois, escreva no caderno suas impressões,
as ideias que você teve. Não se preocupe com a letra, se escreveu certo ou errado.
Primeiro, anote as ideias. Depois, leia novamente e corrija. Se precisar, passe a
limpo com letra caprichada!
O trabalho em outros tempos
Autoria de _________________________________________________________
(escreva seu nome)

30
história do trabalho

Unidade 4 E o que é essa


tal globalização?
Para entendermos a globalização, de que tanto se fala nas ruas, na televisão e no rádio,
precisamos ir um pouco adiante em nosso passeio pela história.
Falávamos das indústrias, mas é bom lembrar que outros setores também surgiram e
cresceram ao mesmo tempo que as fábricas, os bancos, por exemplo.
Grandes indústrias estrangeiras começaram a se instalar em outros países na primeira
metade do século passado. No Brasil há uma quantidade enorme delas. Você conhece
algumas?

Atividade 1 – As grandes indústrias no Brasil


Nas tabelas a seguir liste empresas de diferentes setores e depois marque com um X
as que você acha que são brasileiras ou estrangeiras.
a) Fabricantes de automóveis
Nome da empresa Brasileira Estrangeira

b) Indústrias de alimentos
Nome da empresa Brasileira Estrangeira

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c) Bancos

Nome da empresa Brasileir0 Estrangeir0

d) Fabricantes de televisores, rádios, aparelhos de som


Nome da empresa Brasileira Estrangeira

Muitas das empresas que você listou são conhecidas como multinacionais, pois fo-
ram criadas em um país (os Estados Unidos, por exemplo), mas montaram filiais em
outros. Mais recentemente, algumas delas têm sido chamadas de transnacionais. Isso
porque realizam cada parte da produção em um país – há fabricantes de carros que
fazem motores na Argentina, a carroceria e a montagem no Brasil… –, mas as prin-
cipais decisões, como o desenho dos veículos e a potência dos motores, são tomadas
na matriz da empresa.

Quando a microeletrônica entrou em cena


Assim como o carvão e, depois, a eletricidade foram utilizados para mover as máqui-
nas, uma grande mudança na atualidade aconteceu com o surgimento da eletrônica
e da microeletrônica.
Micro = pequeno
versus
Macro = grande

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história do trabalho

O microcomputador é uma invenção da microeletrônica, um equipamento composto


de partes muito pequenas. Mas isso você verá mais adiante, no módulo de Informática.
Então temos, ao longo da história:

Carvão [ Eletricidade [ Eletrônica [ Microeletrônica

Vamos continuar observando a indústria automobilística? O que aconteceu com ela?


Com o passar do tempo, as antigas máquinas foram substituídas por outras mais mo-
dernas, com funcionamento baseado na microeletrônica.
Você já ouviu falar de robô, certo?

istockphoto
Alguns robôs, por exemplo, foram desen-
volvidos para fazer a solda, que exige mui-
ta precisão, e começaram a ser usados para
trabalhos em lugares que a mão humana
não alcançava.
Esse tipo de mudança no trabalho atingiu
praticamente todos os setores.
As empresas buscavam produzir mais, em
menos tempo e com custos menores, por-
que a concorrência (disputa pelos consu-
midores) entre elas era ainda mais forte.
O que começou a acontecer? Surgiram
novas tecnologias, novas máquinas, as
empresas reduziram custos e o desempre-
go aumentou.
É a chamada reorganização produtiva: as empresas tentam produzir mais com me-
nos pessoas trabalhando.
Nesse processo, muitas profissões desapareceram nas grandes indústrias. Ao mesmo
tempo, outras surgiram. As pessoas, então, precisavam de novas qualificações. Afinal,
antes não havia profissionais especializados em montar microcomputadores, fazer a
manutenção desses equipamentos, criar sites, e tantos outros.
Na balança do trabalho, o desemprego pesou mais que o emprego.

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Atividade 2 – Conversa sobre o desemprego


1 Forme um grupo de quatro ou cinco pessoas para realizar esta atividade. Antes de
iniciarem, você e seus colegas vão escolher uma pessoa para anotar as ideias surgidas
durante a conversa e outra para apresentar os resultados da discussão à classe.
2 Vamos refletir sobre o desemprego olhando para nós mesmos, nossos parentes,
amigos, vizinhos…
a) Cada um vai pensar numa pessoa que tenha ficado desempregada e contar aos
colegas como e por que isso ocorreu, considerando, por exemplo, seu grau de
escolaridade (ou seja, até que ano ela estudou), o que ela sabia fazer, o que não
sabia, o que aconteceu com a empresa em que trabalhava etc.
b) Vocês conhecem alguém que não encontra mais emprego na área em que tra-
balhava?
c) As pessoas devem se culpar por não conseguirem um trabalho?

d) Depois dessa conversa, discutam: por que existe desemprego?

3 Registre aqui as conclusões do grupo:

4 Agora, com as pessoas da sala organizadas em círculo, de forma que todas pos-
sam ver umas às outras, cada grupo vai apresentar as conclusões a que chegou.
As ideias que as demais equipes apresentaram foram diferentes das que seu
grupo discutiu?
5 Organize suas ideias e registre com suas palavras a conclusão de toda a turma:

34
história do trabalho

Vamos voltar ao principal assunto desta unidade: o que é globalização?


Podemos definir globalização como uma ação, um processo que faz com que di-
ferentes países vendam seus produtos uns para os outros, além de trocar ideias,
práticas culturais etc. Mas essas trocas não têm sido feitas de igual para igual, pois
os chamados “países em desenvolvimento”, como o Brasil, levam desvantagem nas
negociações com os “países centrais”, ou seja, os países ricos, como os Estados Uni-
dos, a Inglaterra, o Japão…
Você deve estar se perguntando: esse é um fato novo?
Não, não é. Pense na época das grandes navegações, nos séculos 15 (XV) e 16 (XVI).
Por que Portugal, Espanha e outros países europeus decidiram buscar novas terras?
Essas são, hoje, algumas das características da globalização:
• produção: maior com o menor custo possível.
• consumo: as roupas mudam a cada estação, os utensílios não duram tanto quan-
to os de antigamente e cria‑se na sociedade uma ideia de que somos aquilo que
consumimos.
• competição: as empresas competem entre si e as pessoas também.

Estaríamos, então, vivendo no mundo


do “salve‑se quem puder”?
Vamos pensar para onde o barco da história nos tem levado…
Precisamos sobreviver e, por isso, trabalhamos a fim de garantir o nosso sustento e o
de nossa família. Mas também podemos nos perguntar:
• eu, como pessoa, tenho minhas qualidades e meus defeitos. Será que preciso ter
um tênis de grife para parecer melhor? Ter determinadas coisas faz de mim uma
pessoa melhor?
• preciso olhar para um colega e achar sempre que devo competir com ele? É pos-
sível ser uma pessoa mais solidária para construir um mundo melhor? A compe-
tição nos torna melhores?

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• qual é o significado de eu estar aqui hoje me capacitando, me formando para


obter trabalho ou aperfeiçoar o que já faço?
Vamos discutir essas questões com toda a turma e preparar nossas últimas atividades
deste módulo.

Atividade 3 – Linha do tempo


Toda a turma vai participar da construção de uma linha do tempo, que lista aconteci-
mentos em ordem cronológica.
1 O professor desenha na lousa uma longa linha horizontal.
2 A classe diz a ele o que foi visto neste módulo e indica o que veio primeiro, o que
marcou cada época.
A linha do tempo vai ficar mais ou menos assim:

Sistema Sistema
de trocas. de guildas.
Como O que
era? era?

Atividade 4 – O trabalho em foco


1 A classe organiza-se em grupos de seis pessoas. Cada grupo vai pensar num dos
vários assuntos vistos neste módulo e criar uma peça de teatro ou cena de novela.
Seria interessante não repetir os assuntos. Coloque toda a sua criatividade em
prática!
Acompanhe, a seguir, as etapas do trabalho.
a) Pensar na época em que se passa a história.

b) Criar os personagens. Como eles são? Como agem?

c) Escrever as falas de cada personagem e pensar em como encená‑las.

d) Ensaiar a peça e apresentá‑la.

Vamos, agora, refletir sobre o que vimos até aqui, lendo a letra de uma canção do com-
positor Noel Rosa.

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história do trabalho

Três apitos

acervo iconographia
Noel Rosa
Quando o apito da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos, eu me lembro de você
Mas você anda, sem dúvida, bem zangada
Pois está interessada em fingir que não me vê
Você que atende ao apito de uma chaminé de barro
Por que não atende ao grito tão aflito
Da buzina do meu carro?
Você no inverno sem meias vai pro trabalho
Não faz fé no agasalho, nem no frio você crê
Mas você é mesmo artigo que não se imita Noel de Medeiros Rosa
Quando a fábrica apita nasceu em 11 de dezem­
Faz reclame de você bro de 1910, no bairro de
Vila Isabel, no Rio de Ja­
Nos meus olhos você vê neiro. Anos mais tarde,
Como eu sofro cruelmente passou a ser conhecido
como o “Poeta da Vila”.
Com ciúmes do gerente impertinente Sofrendo de tuberculose,
Que dá ordens a você em 1937 teve agravado
seu estado de saúde e
Sou do sereno, poeta muito soturno
faleceu em 4 de maio da­
Vou virar guarda‑noturno quele ano. Muitos de seus
E você sabe por quê sambas tornaram-se clás­
Mas você só não sabe sicos da música brasilei­
Que enquanto você faz pano ra, entre eles: Três apitos,
Conversa de botequim e
Faço junto do piano esses versos pra você Último desejo.
Noel Rosa, Feitiço da vila - vol. 1, Revivendo, 1994.

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