Professional Documents
Culture Documents
Os argumentos são abonados pelo caráter sempre que o discurso é apresentado de forma a fazer
quem fala merecer a nossa confiança. Pois temos mais confiança, e temo-la com maior
prontidão, em pessoas decentes (...). Isto, contudo, tem de resultar do próprio discurso, e não
das perspetivas prévias do auditório quanto ao caráter do orador. A convicção é assegurada
através dos ouvintes sempre que o discurso desperta neles alguma emoção. pois não damos os
mesmos veredictos quando sentimos angústia e quando sentimos alegria, ou quando estamos
numa disposição favorável e numa disposição hostil (...).
as pessoas são convencidas pelo próprio discurso sempre que provamos o que é verdade a partir
de seja o que for que é convincente em cada tópico.
Podemos agora debruçar-nos sobre cada um dos tipos de argumentação, usados por todo
aquele que pretende convencer um auditório. Tais argumentos são os que podem ser
preparados pelo orador.
ETHOS
Sempre que um orador pretende persuadir um auditório, tem possibilidades de usar diferentes
meios de persuasão. Uma argumentação baseada no ethos ocorre quando o próprio discurso (e
não, por exemplo, a aparência física) causa no auditório a impressão de que o orador é digno de
confiança. Para inspirar confiança, o orador deve revelar inteligência prática, um caráter
virtuoso e boa vontade. Se conseguir tais objetivos terá mais probabilidades de persuadir um
auditório. O ethos é, pois, o tipo de argumentação em que o discurso do orador põe em destaque
as virtudes do seu caráter. O discurso valoriza o caráter moral do orador, o que torna mais
provável que o auditório venha a ser seduzido e adira às teses do orador. É, em grande parte,
por ficar convencido das virtudes e do caráter moral do orador que o auditório adere às ideias
do orador, sendo o discurso, e não qualquer outro facto, que realça as qualidades humanas do
orador. Se as virtudes do orador não forem acompanhadas por argumentos adequados, pode-
se chegar à manipulação.
PATHOS
LOGOS
Ao tipo de argumentação que valoriza os próprios argumentos dá-se o nome de logos. Neste
caso, obtém-se a persuasão através de argumentos que levam o auditório a acreditar que a
perspetiva do orador é correta. O logos é, portanto, o tipo de argumentação centrado na tese e
nos argumentos, devendo apresentar-se bem estruturado do ponto de vista lógico-
argumentativo. A argumentação, neste caso, deverá ser bem clara e compreensível. O logos
está, pois, ligado à dimensão da linguagem e à importância das palavras, do seu rigor e
coerência. Assim, é pelo discurso e pelos argumentos que se tenta valorizar uma tese e se
procura a adesão dos ouvintes. Para Aristóteles, o logos é o tipo de argumentação mais
apropriado, embora os outros possam ter também a sua importância. O logos é, pode dizer-se,
o tipo de argumentação mais objetivo, pois o discurso deve obedecer a uma racionalidade lógica
e possuir rigor. Mas também é possível que o discurso possa ser ornamentado e de caráter mais
literário, recorrendo o orador ao uso de figuras de estilo, por exemplo. Contudo, se dermos
ênfase ao logos teremos uma visão lógica e linguística da retórica.