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Notas de Aula: Modelos Estruturais e correspondentes

Elementos Finitos
As notas de aula aqui apresentadas foram elaboradas a partir das referências
bibliográficas listadas abaixo:

1. ALVES FILHO, A. Elementos Finitos: A base da tecnologia CAE,


Editora Érica.
2. SORIANO, H. Elementos Finitos – Formulação e Aplicação na
Estática e Dinâmica das Estruturas, Editora Ciência Moderna.
3. ANSYS Release 15 Manual Documentation.
4. Treinamento Instituto ESSS-Brasil: Introdução à Simulação Estrutural
Teoria de Elementos Finitos e Aplicações com ANSYS Mechanical.

1 Introdução
As estruturas são sistemas físicos que têm a finalidade de receber e transmitir
esforços. São encontradas na natureza ou projetadas e construídas pelo o
homem em atendimento de suas necessidades. São formadas por um ou mais
componentes sólidos que interagem entre si e com o meio exterior através de
forças, de acordo com os princípios de Newton. E por esses componentes
serem sólidos deformáveis de comportamento complexo, é necessário adotar
hipóteses simplificadoras para reduzir a dimensão do problema, o que conduz
a diversos modelos como os da seguinte classificação:

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E na aplicação do Método dos Elementos Finitos em um programa automático
e para simular os modelos estruturais classificados anteriormente, o MEF adota
as seguintes características de solução (Adaptado da Ref. 1):

A escolha do modelo da estrutura depende da geometria de seus


componentes, das ações externas e do comportamento que se deseja analisar.
E diversos modelos são descritos a seguir e os correspondentes elementos
finitos de discretização são apresentados.

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1.1 Modelos de Estruturas Reticuladas
As estruturas reticuladas são constituídas de barras idealizadas como
elementos unidimensionais e se dividem em treliças (plana e espacial), pórticos
(plano e espacial) e grelhas. Tais elementos são ditos elementos de barra.

No desenvolvimento desses elementos, utiliza-se um referencial local xyz, em


que o eixo x é dirigido do centróide de uma extremidade (nó inicial) em sentido
do centróide da outra extremidade (nó final), os eixos y e z são escolhidos
coincidentes com os eixos principais de inércia das seções transversais e no
caso ilustrado na Figura 1, tratando-se de uma barra reta e de seção
transversal constante.

Figura 1 – Referencial local de elemento de barra. (Ref. 2).

Logo, para obter o sistema global de equações de equilíbrio de uma estrutura


reticulada, os sistemas de equações dos seus elementos de barra precisam ser
transformados para um referencial global XYZ. E na presente terminologia, a
coordenada x é a variável independente, os componentes de deslocamentos
de uma seção transversal genérica são as variáveis primárias e as resultantes
de tensão (esforços normal, esforços cortantes, momentos fletores e momento
de torção) são as variáveis secundárias.

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A Figura 2 ilustra os deslocamentos nodais (graus de liberdades) dos
elementos finitos das estruturas constituídas de barras.

Figura 2 – Graus de liberdades dos elementos finitos de barra. (Ref. 2).

Elementos finitos de Viga no ANSYS

Elementos de vigas são utilizados para modelar estruturas onde uma dimensão
(comprimento) é significante maior que as outras duas dimensões (largura e
altura) e aproximam o contínuo 3D (estrutura) por uma linha.

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Na biblioteca de elementos do ANSYS, o elemento de barra possui seis graus
de liberdade por nó (três deslocamentos e três rotações), como mostrado na
Figura 2 para o pórtico espacial. Possuem características de transmitir esforços
de flexão (esforço cortantes e momentos fletores), torção e esforço axial.

A Figura 3 apresentam os elementos finitos de barra que são utilizados pelo


programa ANSYS na modelagem e análise de estruturas reticuladas.

Figura 3 – Elementos finitos de barra do ANSYS. (Ref. 3).

Para definição do elemento finito de viga no ANSYS, as propriedades de seção


transversal (área, momento de inercia, etc.) devem ser especificadas pela
escolha de uma seção transversal disponível na biblioteca do ANSYS.

Muitos pacotes de FEA dispõem de ferramentas para cálculo das propriedades


geométricas de uma seção transversal. E na Figura 4 é ilustrado como pode
ser definida uma seção transversal no ambiente do ANSYS Workbench.

Figura 4 – Definição de uma seção transversal no ANSYS. (Ref. 3).

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No caso de uma seção transversal genérica, pode-se utilizar o AutoCAD,
através do seu comando Mass Property, para obtenção de suas propriedades
geométricas e que podem ser utilizadas como dados de entrada em um
programa FEA, como ilustrado na Figura 5.

Figura 5 – Propriedades geométricas de uma seção transversal no AUTOCAD.

Outras informações, como descritas na Figura 6, devem ser consideradas no


desenvolvimento de uma malha como elementos de barra, tais como: Seção
transversal e sua orientação, offsets para o eixo neutro, liberação de
extremidades (End Releases), variação de seção transversal (Taper) e tudo
deve ser incluído apropriadamente.

Figura 6 – Outras informações para elementos vigas.

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Figura 6 – Continuação.

A Figura 7 apresenta um exemplo de aplicação de elementos finitos de barra


em um problema da prática da engenharia de estruturas.

Figura 7 – Exemplo do uso de elementos finitos de barra para uma estrutura de


esqueleto de um ônibus. (Ref. 4).

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1.2 Modelos Contínuos
Os modelos contínuos apresentam duas ou três coordenadas espaciais como
variáveis independentes. E esses modelos dividem-se em Sólido 2D, Sólido
3D e Estruturas de Placa e Casca.

1.2.1 Modelos contínuos de sólido 2D

1.2.1.1 Estado Plano de Tensão

O Estado Plano de Tensão se caracteriza em um sólido de espessura pequena


e superfície média plana de referencial xy, quando as ações externas atuam
apenas nesse plano, conforme ilustrado na Figura 8, de maneira a poder
admitir que ocorra a seguinte hipótese de estado de tensão e com os seguintes
componentes de tensão:

Figura 8 – Idealização do estado plano de tensão em uma chapa tracionada.

Elementos finitos de Estado Plano de Tensão no ANSYS

É um elemento sólido bidimensional que tem as seguintes características:

1. Assume que a tensão fora do plano é nula. Logo, esta consideração é ideal
para analisar estruturas de pequena espessura.

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2. A geometria é uma superfície plana localizada no plano xy.

3. O elemento possui dois graus de liberdade por nó (deslocamento em X e Y),


como mostrado na Figura 9.

Figura 9 – Graus de liberdades dos elementos finitos de estado plano. (Ref. 2).

4. Todos os carregamentos e resultados estão no plano XY, como ilustrado na


Figura 8 e na Figura 11.

5. O elemento pode ter forma geométrica de quadrilátero ou de triangulo, como


ilustra a Figura 10.

Figura 10 – Elementos finitos de Estado Plano do ANSYS. (Ref. 3).

A Figura 11 apresenta um exemplo de aplicação de elementos finitos de estado


plano de tensão em um problema da prática da engenharia de estruturas.

Figura 11 – FEA de um problema da prática da engenharia de estruturas em


estado plano de tensão.

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1.2.1.2 Estado Plano de Deformação

O Estado Plano de Deformação se caracteriza em sólidos longos, de seções


transversais e com ações externas constantes na direção longitudinal z, e de
extremidades indeslocáveis, como por exemplo, uma barragem de peso, como
ilustra a Figura 12.

Figura 12 – Idealização do estado plano de deformação em uma barragem de


peso. (Ref. 2).

Neste modelo, basta determinar o comportamento de uma faixa transversal de


espessura unitária, com a suposição da seguinte hipótese e para os
componentes de deformação como descrito na Figura 13:

Figura 13 – Hipótese de estado plano de deformação.

E nesse estado de deformação há os mesmos componentes de tensão


diferentes de zero que ocorrem no estado plano de tensão, além do
componente z (devido ao impedimento do deslocamento na direção
longitudinal). Assim, as variáveis primárias são, ainda, apenas os componentes
de deslocamentos u e v.
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Elementos finitos de Estado Plano de Deformação no ANSYS

É um elemento sólido bidimensional que tem as seguintes características:

1. Assume que a deformação fora do plano é nula. Logo, esta consideração é


ideal para analisar estruturas caracterizadas de sólidos longos e de seções
transversais e com ações externas constantes na direção longitudinal z, e de
extremidades indeslocáveis, como ilustra o exemplo da Figura 14 e que
consiste no caso de um cilindro de espessura constante, extremidades
restringidas e sob a ação de pressão interna constante.

Figura 14 – Cilindro de espessura constante, extremidades restringidas e sob a


ação de pressão interna constante. (Ref. 4).

2. A geometria é uma superfície plana localizada no plano xy.

3. O elemento possui dois graus de liberdade por nó (deslocamento em X e Y),


como ilustrados na Figura 9.

4. Todos os carregamentos e resultados estão no plano XY, exceto o resultado


da componente z.

5. O elemento pode ter forma geométrica de quadrilátero ou de triangulo,


conforme ilustrado na Figura 10.

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A Figura 15 apresenta um exemplo de aplicação de elementos finitos de estado
plano de deformação em um problema da prática da engenharia de estruturas.

Figura 15 – FEA de um problema da prática da engenharia de estruturas em


estado plano de deformação.

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1.2.1.3 Sólido Axissimétrico

O modelo sólido axissimétrico ou de revolução é utilizado em idealização de


rotores, pistões e reservatórios, conforme ilustra a Figura 16.

Figura 16 – Idealização do modelo sólido axissimétrico.

Se esse modelo além de apresentar geometria axissimétrica, e as ações


externas, propriedades de material e condições de contorno forem também
axissimétricas, o deslocamento u na direção radial r e o deslocamento w na
direção axial z são independentes do ângulo  em torno desse eixo e são as
variáveis primárias desse modelo, o que caracteriza o estado axissimétrico de
deformações como decrito na Figura 17.

Figura 17 – Componentes de tensão e de deslocamentos do estado


axissimétrico de deformação. (Ref. 2).

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Elementos finitos de Sólido Axissimétrico no ANSYS

É um elemento sólido bidimensional que tem as seguintes características:

1. São utilizados elementos axissimétricos quando a estrutura apresenta


geometria e carregamentos axissimétricos.

2. A geometria é uma superfície plana localizada no plano xy. A revolução é


considerada ao redor do eixo Y.

3. O elemento possui dois graus de liberdade por nó, conforme ilustrado na


Figura 18.

Figura 18 – Graus de liberdades dos elementos finitos de sólido axissimétrico.


(Ref. 2).

4. O elemento pode ter forma geométrica de quadrilátero ou de triangulo,


conforme ilustrado na Figura 10.

Figura 19 apresenta exemplo de modelagem com elementos finitos de sólido


axissimétrico para problemas da prática da engenharia de estruturas.

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Figura 19 – Análise de elementos finitos com sólidos axissimétricos para um
problema da prática da engenharia de estruturas.
(http://www.ppgmne.ufpr.br – Profa. Dra. Mildred Ballin Hecke).

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1.2.2 Modelos contínuos de sólido 3D

O modelo sólido é utilizado na idealização de estruturas cuja geometria é um


volume. Ele tem como variáveis primárias os deslocamentos u, v e w,
respectivamente, nas direções dos eixos x, y e z, além dos seis componentes
de deformação e dos seis componentes de tensão como variáveis dependentes
secundárias. Esse é o caso, por exemplo, de uma biela como mostrado na
Figura 20, juntamente com os componentes de tensão em um elemento
infinitesimal.

Figura 20 – Modelo sólido de uma biela e os componentes de tensão.

Elementos finitos de Sólido no ANSYS

É um elemento sólido tridimensional que tem as seguintes características:

1. Estes elementos são utilizados para modelar estruturas cuja geometria é um


volume.

2. O elemento possui três graus de liberdade por nó (deslocamentos X, Y e Z),


conforme ilustrado na Figura 21.

Figura 21 – Graus de liberdades dos elementos finitos de sólido. (Ref. 2).

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3. Podem assumir quatro formas: hexaedro, tetraedro, pirâmide e prisma.

Figura 22 – Elementos finitos de Sólido do ANSYS. (Ref. 3).

A Figura 23 apresenta um exemplo de aplicação de análise de elementos


finitos de sólido para um problema da prática da engenharia de estruturas.

Figura 23 – Análise de elementos finitos de sólido para um problema da prática


da engenharia de estruturas. (Ref. 4).

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Figura 24 apresenta um exemplo de comparação de modelagens entre
modelos com elementos sólidos axissimétricos e elemento sólido 3D.

Figura 24 – Comparação de modelagens com elementos sólidos axissimétricos


e elemento sólido. (Ref. 4).

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Figura 25 ilustra uma comparação de custo (tempo) computacional entre
modelos de sólidos 2D e 3D numa simulação de um teste de flexão para um
corpo de prova com uma trinca. A redução de custo computacional de um
modelo de sólido 2D é enorme quando comparado com um modelo de sólido
3D.

Figura 25 – Graus de liberdades dos elementos finitos de sólido. (Ref. 2).

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1.2.3 Placa e Casca

1.2.3.1 Placa

A Placa é um sólido “plano” em que se caracteriza uma dimensão denominada


de espessura, não maior do que 1/10 que as suas demais dimensões,
submetido a ações que provoquem principalmente flexão transversal, e cuja
função é suportar forças transversais, como ilustrado na Figura 26. E no caso
de homogeneidade ao longo da espessura e em teoria de pequenos
deslocamentos, esse sólido é idealizado em sua superfície média, que se
comporta como neutra, e na qual se considera o referencial xy. As variáveis
primárias consideradas nesse modelo são o deslocamento transversal w e as
rotações da normal à superfície média x e y.

Figura 26 – Idealização do modelo de Placa. (Ref. 2).

No modelo de placa, a tensão normal z é desconsiderada, como mostrado no


elemento infinitesimal da Figura 27, e são calculadas as resultantes de tensão
por unidade de comprimento, momentos fletores Mx e My, momento de torção
Mxy, e esforços cortantes Vx e Vy, representadas na parte inferior da mesma
figura, em que t denota espessura.

Figura 27 – Elemento infinitesimal e as correspondentes resultantes de tensão


e esforços solicitantes. (Ref. 2).

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A Figura 28 apresenta um exemplo de aplicação de elementos finitos no estudo
de um problema de placa para duas condições de bordas, uma apoiada e a
outra engastada.

Figura 28 – Análise de elementos finitos para uma placa com condições de


bordas: apoiada e engastada. (Ref. 4).

1.2.3.2 Casca

A Casca é um sólido que tem curvatura, e em que se caracteriza uma


dimensão denominada de espessura, muito menor do que as dimensões de
sua superfície média, como nas carrocerias de automóveis e nos painéis
laterais de aeronaves e de trens, por exemplo.

Neste modelo, podem ocorrer deformações de flexão e de membrana. O efeito


de flexão é análogo ao de placa em teoria de pequenos deslocamentos, e o
efeito de membrana é equivalente ao de estado plano de tensão no nível da
superfície média. As correspondentes resultantes de tensão, por unidade de
comprimento dessa superfície, estão mostradas na parte inferior da Figura 29,
em que t é espessura, XYZ é o referencial global e xyz é um referencial local
ao elemento infinitesimal representado. Observa-se que para o elemento
infinitesimal não existe momento de vetor representativo normal à superfície
média e que as resultantes de tensão do efeito de membrana são denotadas
por Nx, Ny e Nxy.

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Figura 29 – Casca de curvatura simples e as correspondentes resultantes de
tensão. (Ref. 2).

Elementos finitos de Placa e Casca no ANSYS

É um elemento sólido bidimensional que tem as seguintes características:

1. Aproximam o continuo 3D (estrutura) por uma superfície, como ilustrado na


Figura 30, e apenas a informação de espessura é necessária.

Figura 30 – Elemento de placa e casca aproxima o contínuo 3D por uma


superfície. (Ref. 4).

2. O elemento possui cinco graus de liberdade por nó (três deslocamentos e


duas rotações), como ilustrado na Figura 31.

Figura 31 – Graus de liberdades dos elementos finitos de casca. (Ref. 2).

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4. O elemento pode ter forma geométrica de quadrilátero ou de triangulo, como
ilustra a Figura 32.

Figura 32 – Elementos finitos de Casca do ANSYS. (Ref. 3).

5. Para casca laminada compósito podem ser definido número de layers de


materiais anisotrópicos.

A Figura 33 apresenta um exemplo de aplicação de análise de elementos


finitos de casca para um problema da prática da engenharia de estruturas.

Figura 33 – Análise de elementos finitos de casca para um problema da prática


da engenharia de estruturas. (Ref. 4).

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Figura 34 apresenta uma comparação de resultados de tensões entre modelo
sólido 3D e de casca.

Figura 34 – Comparação de resultados de tensões entre modelo sólido 3D e o


de casca. (Ref. 4).

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1.3 Modelos Mistos
As estruturas mistas são combinações de alguns dos modelos descritos nos
itens anteriores. Uma vantagem do MEF é justamente elementos de diferentes
modelos poderem ser misturados.

A Figura 35 apresenta um exemplo de aplicação de análise de elementos


finitos com combinação de tipos distintos de elementos para avaliar a
resistência de falha para uma ligação de chapas por solda ponto.

Figura 35 – Análise de elementos finitos para avaliar a resistência de falha para


uma ligação de chapas por solda ponto.

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Figura 35 – Continuação.

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