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ARQUEOLOGIA BÍBLICA
Professora: Elza Ruiz
01/08/2014
Rev 1.0
Arqueologia Bíblica
ARQUEOLOGIA BÍBLICA
UNIDADE I
1.1. INTRODUÇÃO
1.1.1. DEFINIÇÃO
A palavra ARQUEOLOGIA vem de duas palavras gregas: “archaios” e “logos”, que signi-
ficam literalmente “estudo das coisas antigas”. Porém no século XIX, quando começaram a ser
desenterrados artefatos nas terras bíblicas com a finalidade de buscar mais informações sobre
as nações e povos que existiram nos tempos bíblicos, a palavra foi a estes aplicada.
Portanto, a arqueologia está ligada à Bíblia desde o começo e hoje é uma ciência que
busca revelar o passado por uma recuperação sistemática de vestígios materiais deixados pelo
homem.
Todavia, à medida que as escavações alcançaram terras além das de relevância bíblica,
surgiu a necessidade de se estabelecer um termo mais exclusivo. E assim, como uma discipli-
na distinta em um campo mais extenso, nasceu a Arqueologia Bíblica.
Arqueologia Bíblica: ciência baseada em escavação, decifração e avaliação crítica dos
registros de materiais antigos relativos à Bíblia.
Obs.: Antes do nascimento da arqueologia, pouco se sabia a respeito dos tempos bíbli-
cos, exceto o que nos revelam as Escrituras. A Arqueologia Bíblica, devido às suas notáveis
descobertas, tem lançado luz sobre o panorama histórico e a vida contemporânea do povo da
época em que as Escrituras foram produzidas.
Os homens sempre se interessaram pelos vestígios deixados pelas gerações que lhes
precederam, mas só no século XIX, com o grande impulso da ciência moderna foi que a ar-
queologia se ergueu como disciplina científica. Hoje ela é uma ciência independente, com seus
métodos e técnicas próprias.
O trabalho do arqueólogo nas escavações efetiva-se esquematicamente em três estágios:
Há um grupo de ciências que são dependentes umas das outras. Eis exemplos de ciên-
cias dependentes da História:
• Cronologia: Estuda a localização de fatos no tempo.
• Paleografia: Decifra os escritos antigos.
• Heráldica: Estuda os brasões de nobreza, os escudos e as insígnias.
• Sigilografia: Estuda os selos.
• Genealogia: Estuda as origens e os desdobramentos das famílias.
• Diplomática: Estuda os documentos oficiais.
• Numismática: Estuda as moedas.
1. IDADE DA PEDRA
Neolítica – Idade da Pedra Moderna:
a ) Pré-cerâmica .................................................................................... 7.000 a.C.
b ) Cerâmica .......................................................................................... 5.000 a.C.
5. PERÍODO HELÊNICO
Helênico I .......................................................................................... 330 a 165 a.C.
Helênico II – Período Macabeu .......................................................... 165 a 63 a.C.
Em suas pesquisas, os cientistas lançam mão das fontes históricas, que são todos os
elementos deixados pelos homens que permitem o conhecimento de acontecimentos históricos.
SÃO EXEMPLOS DE FONTES HISTÓRICAS:
_ RESTOS: são ruínas de templos, palácios, túmulos, e esculturas. E também pinturas, cerâ-
micas, moedas, medalhas, armas e outros.
_ ESCRITOS: são códigos, decretos, tratados, constituições, leis, editais, relatórios e registros
civis como cartas e testamentos.
_ TRADIÇÕES: são lendas, fábulas, narrações poéticas, canções populares que são trans-
mitidos de geração em geração.
Nestes últimos anos, arqueólogos, filólogos e historiadores desvendaram o véu que por
séculos escondia um período de mais de 5000 anos da história antes da era cristã. Por muito
tempo, o A.T. era a única fonte de história de uma civilização antiga. O conhecimento de civili-
zações anteriores e contemporâneas de Israel ficou apagado por muitos séculos.
As descobertas arqueológicas ampliaram de maneira maravilhosa o conhecimento da
história antiga. Considerando o maravilhoso desenvolvimento da civilização da Mesopotâmia e
do Egito, comparado com a escravidão de Israel no Egito, ficamos maravilhados com os misté-
rios da história. Os grandes conquistadores com seus magníficos palácios e monumentos fica-
ram sepultados no túmulo do esquecimento, enquanto as obras dos profetas de Israel foram
conservadas e subsistem falando poderosamente ao homem moderno. Como se explica o
enigma da sobrevivência de Israel e de sua influência na história da civilização?… São os de-
sígnios de Deus.
OBSERVAÇÕES:
a ) Cremos que respostas a problemas ainda não resolvidos virão com o tempo.
Julgamentos prematuros podem levar à críticas injustas quanto à exatidão da narrativa bíblica.
Sempre que ocorrem dúvidas, o tempo tem demonstrado a integridade das Escrituras. Se a
arqueologia parece não apoiar a História Bíblica em algum caso, a limitação não é da Bíblia e
sim da arqueologia. Até o presente momento, não houve um caso sequer em que a
arqueologia tenha demonstrado definitiva e conclusivamente que a Bíblia estivesse errada!
b ) O trabalho arqueológico, além de estar voltado para o aspecto hitórico da Bíblia, hoje
se volta também para o texto bíblico. Estudos intensivos de manuscritos encontrados, têm
demonstrado que o texto bíblico foi notavelmente bem preservado em sua transmissão.
Estabelecendo assim o alto grau de exatidão entre os manuscritos mais recentes e os
originais.
Exemplo:
• Apesar do rei Onri ( 885 – 874 a.C. ) ter sido um dos mais destacados governantes de
sua época ( ele construiu Samaria e transformou-a na capital do Reino do Norte ), o tex-
to bíblico concedeu-lhe apenas oito versos de história ( I Rs.16:21 a 28 ). A razão é que
ele era um dos reis mais ímpios de Israel até aquele tempo. A arqueologia, porém, tem
nos provido de informações adicionais a respeito de Onri com narrativas extra bíblicas
registradas por alguns de seus oponentes estrangeiros:
— Jeú é mostrado de joelhos diante do monarca assírio num obelisco negro encon-
trado no palácio de Salmaneser II em Ninrode, com os seguintes dizeres: “Tributo de
Jeú, filho de Onri, prata, ouro, chumbo, cetros para a mão do rei, lanças, eu recebi dele.”
— A Pedra Moabita erigida pelo rei Mesa de Moabe ( II Rs. 3:4 ) cerca de 850 a.C.
Descoberta em 1868 confirma o fato de que Onri desfrutou de grande prestígio político.
O testemunho a esse fato tem os seguintes dizeres: “Quanto a Onri, rei de Israel, ele
humilhou a Moabe muitos anos ( literalmente, dias ) e ocupou a terra de Medeba e habi-
tou ali no seu tempo e na metade do tempo de seu filho ( Acabe )…”
UNIDADE II
Constam entre as descobertas mais significativas, aquelas com inscrições, pois permi-
tem acesso imediato ao conhecimento do passado. Algumas têm sido de grande auxílio na
compreensão de registros bíblicos.
A língua escrita evoluiu do método de representar objetos como árvores, plantas e ani-
mais por desenhos, figuras e símbolos. Essa evolução é claramente representada pelos dois
sistemas de escrita mais antigos que se conhece.
• ESCRITA HIERÓGLIFA — Escrita do antigo Egito, onde se pintavam as figuras em pe-
dras lavradas e papiros.
• ESCRITA CUNEIFORME — Escrita da antiga Mesopotâmia. Por falta de pedra e papiro,
desenvolveu-se o sistema de representar objetos por combinação de cunhas impressas
em tábuas de barro macio. Feitas as inscrições, essas tábuas eram secas ao sol ou iam
ao forno. Usavam-se cunhas para representar objetos, ideias e mais tarde, sílabas e le-
tras. Embora dificílima, a escrita cuneiforme foi usada no mundo antigo por muitos sécu-
los. Esse sistema de escrever foi transmitido a outras nações, passando de uma à outra
com variações. A invenção da escrita é atribuída aos sumérios, antiga civilização da
Mesopotâmia.
OBS: Em algum momento entre 1600-1650 a.C. várias comunidades que viviam na área
onde hoje é o Líbano, Síria e Israel, já tinham assimilado o conceito de que era possível repre-
sentar a linguagem humana com alguns poucos símbolos. É aí que os fenícios entram. Os co-
merciantes fenícios precisavam encontrar um meio de simplificar a escrita para facilitar os re-
gistros de suas transações comerciais. Nascia assim o alfabeto.
A invenção do alfabeto geralmente é atribuída aos fenícios. O mais importante da escrita
alfabética encontrada na Península do Sinai, feita pelos próprios mineiros hebreus, é que ela
foi responsável pela difusão da “ideia do alfabeto.”
Seriam os fenícios os inventores? Ou então, permitiriam os documentos arqueológicos
afirmar hoje, que os fenícios receberam dos israelitas a ideia do alfabeto? Tais são as ques-
tões que começam a ter um vislumbre de resposta nas pesquisas arqueológicas.
Quando Abraão partiu de Ur, os caracteres da escrita cuneiforme já eram usados larga-
mente nas terras que havia de atravessar, como também na Palestina. Se os hebreus, como
os demais povos da época, tiveram os seus escribas antes de Moisés, usaram esse método de
escrever. Não há nenhuma referência bíblica à arte de escrever entre os hebreus até o tempo
de Moisés, mas isto não quer dizer que os hebreus desconheciam a escrita ( Êxodo 17:14 e
34:27 ).
Verifica-se nas cartas de Tel-el-Amarna ( 1400-1360 a.C. ) vários graus de cultura entre
os cananeus da Palestina no período mosaico, com indicação de que a arte de escrever tivera
um longo período de desenvolvimento.
À luz das inscrições dos povos contemporâneos, conclui-se que Abraão e seus descen-
dentes conheceram a escrita antes de descerem para o Egito.
A língua falada cresce e modifica-se entre todos os povos mais rapidamente do que a
escrita. É possível que o dialeto de Abraão fosse modificado durante a sua moradia em Harã.
Alguns filólogos pensam que a forma primitiva do hebraico falada pelos patriarcas, fos-
se desenvolvida antes da entrada de Jacó no Egito e ali preservada, ampliada, enriquecida e
embelezada.
Quando as tribos de Israel entraram na Palestina, sob o comando de Josué, os cana-
neus e os fenícios já tinham uma língua alfabética bem desenvolvida. Mas os hebreus desen-
volveram o seu próprio dialeto, usando certamente o mesmo alfabeto dos cananeus e fenícios.
Por algum tempo no período da monarquia, havia duas variedades de língua hebraica.
O dialeto de Samaria se distinguia do de Jerusalém.
A inscrição designada fenício-hebraica na Pedra de Siloé, datada cerca de 700 a.C.,
certamente representa o hebraico falado no período de Isaías.
As Cartas de Laquis, em fenício-hebraico do período de Jeremias, representam a es-
crita cursiva da Bíblia hebraica da época.
O hebraico-Azurite, de letras quadradas foi adotado pelos hebreus depois da volta do
cativeiro babilônico, talvez no tempo de Esdras.
OBS: Características do hebraico dos manuscritos originais do A.T. variavam com o desenvol-
vimento da língua.
A Pedra Roseta
Um dos resultados mais importantes da campanha de Napoleão Bonaparte no Egito foi
a descoberta da Pedra Roseta. Em 1798, cientistas franceses escavando perto da cidade de
Roseta, à foz do Nilo, encontraram uma grande pedra de granito preta e em sua superfície es-
tavam cinzelados três tipos de caracteres: alguns semelhantes à ornamentação dos obeliscos
e templos em toda parte do Egito, logo abaixo encontraram caracteres diferentes e ainda mais
abaixo acharam linhas em grego em letras maiúsculas.
A inscrição grega, traduzida sem dificuldade, contava a história da pedra: fora erguida
em 195 a.C. pelos sacerdotes do Egito, em homenagem a Pitolomeu Epifanes. Concluiu-se
que as outras duas inscrições contavam a mesma história. As línguas desconhecidas, porém
continuaram a ser por algum tempo, um enigma, até que em 1822 o jovem francês Jean Fran-
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çois Champollion decifrou a inscrição hieroglífica. A inscrição grega foi a chave para resolver o
quebra-cabeças dos hieróglifos. Champollion mostrou que os hieróglifos não eram apenas de-
senhos e símbolos, mas sinais com valor fonético.
Munidos dos segredos arrancados da Pedra Roseta, os eruditos começaram a tradução
da literatura escrita dos monumentos, obeliscos, sarcófagos e papiros que abundam no Egito.
Em menos de trinta anos chegaram a conhecer em linhas gerais, a história da civilização egíp-
cia. A literatura do Egito confirma de uma maneira admirável a história antiga de Israel, como
se acha nos livros do Velho Testamento.
A Pedra Roseta foi levada pra Inglaterra e depositada no Museu Britânico.
Toda essa literatura é importante para o estudo da história da cultura dos sumerianos,
acadianos, babilônicos e assírios, habitantes da terra que produziu maravilhosa civilização an-
tiga, cujos melhores elementos se transmitiram até o mundo moderno. Por outro lado, pode-
mos entender como os profetas e os líderes espirituais de Israel tinham que lutar por longos
anos contra a magia e a superstição de seus vizinhos que lhes legaram uma rica herança de
cultura.
• IMPORTÂNCIA:
As inscrições oferecem informações sobre as condições sociais, culturais e políticas do
meio em que Abraão vivia na antiga Mesopotâmia.
À luz dessas novas descobertas torna-se mais evidente que Abraão foi herdeiro de uma
civilização antiga bem adiantada no desenvolvimento de sua vida social e cultural.
1.2.9.2. Tel-El-Amarna
As cartas de Tel-el-Amarna, do ponto de vista bíblico, é a mais importante descoberta
arqueológica feita no Egito, excetuando-se a da Pedra Roseta.
El-Amarna fica na margem oriental do rio Nilo, numa planície onde o faraó Amenotepe
IV, mais conhecido como Akhenaten ou Akhenaton, fugindo do ambiente hostil de Tebas, cons-
truiu sua nova capital, a qual deu o nome de Akhetaton. Estabeleceu uma religião monoteísta
que adorava o deus sol, conhecido como Aton, hostilizando assim os poderosos sacerdotes de
Amon, deus titular dos Tebas, os quais, nesta época, dominavam o país, intrometendo-se na
política.
• HISTÓRICO DAS CARTAS:
• AS ESCAVAÇÕES:
Em maio de 1929, C.F.A.Schaeffer, cavando nas ruínas, descobriu algumas tá-
buas com inscrições cuneiformes numa escrita alfabética anteriormente desconhecida,
datando de 1400-1350 a.C.
A língua ugarítica pertence ao ramo noroeste da semítica, juntamente com o he-
braico, aramaico e outros dialetos cananeus. Varia pouco do dialeto de Biblos.
A literatura é principalmente mitológica nos seus ritos, nas festas religiosas e nos
sacrifícios. As inscrições revelam que uns cinquenta deuses e vinte e cinco deusas fo-
ram cultuados na cidade, destacado centro religioso da época. O culto principal, ao que
parece, foi dedicado aos deuses de Canaã, incluindo o deus Baal e a deusa Áshera.
Durante as escavações feitas no local, em 1953 e 1954, foram encontradas ou-
tras tabuinhas que deverão auxiliar a esclarecer o desenvolvimento da escrita alfabética.
• IMPORTÂNCIA:
A linguagem das inscrições é importante para o estudante da Bíblia por causa
dos numerosos paralelos entre o vocabulário ugarítico e o hebraico antigo, o que pode
ajudar não somente no estudo das palavras difíceis do hebraico como também no para-
lelismo das duas literaturas.
1.2.9.4. Biblos
Em 1921-1925, Pierre Muntet fez escavações em Biblos ( Gebal ), na costa da Síria e M.
Dunand continuou o trabalho em 1936.
A Síria e a Palestina em suas posições geográficas, serviram por muitos séculos como
intermediárias no intercâmbio das culturas do Egito e Mesopotâmia. Porém também sofreram
várias vezes como campo de batalha entre os dois.
Desde o princípio da Idade do Bronze, cerca de 3000-1900 a.C., Biblos achava-se sob
domínio do Egito. Todavia em 1050 a.C., Biblos já tinha rejeitado tudo do Egito.
• AS ESCAVAÇÕES:
Descobriram 30 selos de impressão pictográfica em cabos de jarros, cuja significação
ainda não está bem esclarecida. Achou-se ainda cacos ou fragmentos de barro, datados
de 3000 a.C., com selos impressos ornados com desenhos de flores e animais.
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Acharam também uma dúzia de inscrições silábicas do sistema hieroglífico em colunas
de pedra, tábuas de barro e espátulas de bronze, datados entre 1700 e 1400 a.C.
Mais interessante ainda são as inscrições fenícias no sarcófago de Hirão ( Ahiram ) de
Biblos. Depois de vários estudos e comparações, fixou-se a data no ano de 1000 a.C.
mais ou menos.
• IMPORTÂNCIA:
- As descobertas arqueológicas em Biblos têm valor no esclarecimento de vários milê-
nios da história antiga.
- As inscrições encontradas ajudam a montar a história e o desenvolvimento da escrita.
- A descoberta da inscrição alfabética fenícia tem importância especial no estudo da his-
tória do alfabeto hebraico-fenício.
IMPORTÂNCIA:
- Historicamente a inscrição confirma e complementa a narrativa do Antigo Testamento
(II Reis 3:4-27) dando pormenores das relações existentes entre Israel e Moabe na épo-
ca.
- Prova que os moabitas, um povo seminômade, usava uma escrita, principalmente o he-
braico fenício. É um elemento valioso para se traçar o desenvolvimento da língua hebrai-
ca escrita.
UNIDADE III
PALESTINA – lugar escolhido por Deus para estabelecer o povo incumbido de receber e
transmitir a mensagem d’Ele a todas as nações do mundo.
Desde a edificação do primeiro altar de Abraão ( Gn. 12:1 a 7 ) até à destruição de Jeru-
salém pelo Império Romano, esta pequena terra vem testemunhando os eventos mais signifi-
cativos da história humana.
A ciência arqueológica esclarece a potência da mensagem dos homens de Deus nas vi-
tórias e triunfos e na preservação das Escrituras Sagradas, apesar da oposição das mais pode-
rosas nações que se levantaram e caíram no decorrer da história. A despeito de seus precon-
ceitos, o mundo está começando a reconhecer a imutabilidade das verdades, do amor e da jus-
tiça de Deus.
É interessante notar que, na pequena terra da Palestina, as ruínas das cidades, tais co-
mo Jericó, Megido, Laquis, Samaria e muitas outras, nos fornecem uma nítida ideia da vida dos
povos de Canaã através dos séculos.
• AS ESCAVAÇÕES:
Desde 1907 os arqueólogos procuram descobrir nas ruínas de Jericó, os segredos de
sua história. O arqueólogo inglês John Garstang trabalhou no local entre 1929 e 1936, e
mais recentemente outras escavações foram realizadas. Por conveniência, Garstang
nas suas pesquisas, designou por meio de letras as principais ocupações. Assim a ocu-
pação A, data de aproximadamente 3000 a.C.; a ocupação B, construída em cima das
ruínas da primeira cidade chamada de A, existiu nos dias dos patriarcas, de 2500 a.C. a
1700 a.C.; a C foi a cidade tomada e ocupada pelos hicsos de 1700 a.C. a 1500 a.C.; e
a ocupação D, construída aproximadamente no ano 1500 a.C. foi a cidade capturada
pelos israelitas sob o comando de Josué.
Pela última vez, Jericó foi reconstruída como cidade fortificada, antes da destruição por
Josué: desmantelada a muralha Hicsa, foi construído em cima dela o novo muro. Era de tijolos,
tinha mais de 3m de espessura e provavelmente 9m de altura. Era protegida por uma muralha
exterior com 2m de grossura, apoiada nos alicerces da anterior e afastada da outra uns 4m.
Em cima foram construídas casas cujos alicerces se apoiavam sobre os dois muros ( Js. 2:15).
Os arqueólogos descobriram que na catástrofe que pôs fim à história de Jericó, o muro
exterior caíra pelo declive do terraplano e o interior, junto com as casas, se despedaçara no
espaço entre os muros. A área do palácio, edifícios e tudo que neles havia, foi consumido por
O CEMITÉRIO DE JERICÓ
Garstang descobriu também a necrópole fora da cidade, que não foi usada mais depois
da entrada dos israelitas na terra. Pelos objetos achados nas sepulturas, podia-se fazer um es-
tudo da civilização dos cananeus da época. De maior interesse científico são os escaravelhos (
sinete em forma de besouro ) encontrados nos túmulos. Sua imagem era usada como amuleto
porque lhe atribuíam poderes mágicos. Era costume colocar tais imagens junto aos cadáveres
ou às múmias como símbolo de esperança na ressurreição.
Inscrita nos escaravelhos dos reis ia uma declaração de sua fama, junto com a sua in-
sígnia de nobreza e o seu nome. Sepultava-se o cadáver com o escaravelho do faraó reinante.
Por isso o escaravelho tem sido um objeto de muito valor para os arqueólogos nos seus estu-
dos de cronologia.
• AS ESCAVAÇÕES:
As primeiras escavações em Tel-el-Muteselim, ruínas de Megido, feita pelos alemães de
1903 a 1905, não produziram resultados de especial importância, mas despertaram o in-
teresse dos arqueólogos.
O trabalho do “Oriental Institute of the University of Chicago” resultou em muitas desco-
bertas de importância histórica. Removendo o monte de terra deixado pelos escavado-
res em 1905, acharam-se fragmentos de um monólito com uma inscrição hieroglífica e a
menção ao nome de Sisaque, rei do Egito, em cuja honra foi erigido, indicando que a in-
vasão resultou na dominação egípcia nesta e em outras cidades da Palestina por algum
tempo.
Financiada generosamente e cientificamente aparelhada, a expedição foi dirigida com
eficiência e bons resultados. Compraram o sítio inteiro em Tel-el-Muteselim e começa-
ram o plano de remover toda a colina, estrato por estrato. Levaram avante o serviço de
1925 a 1939, quando ficou parado por causa da guerra.
Uma coisa interessante a respeito dos edifícios é a verificação da frase de I Reis 7:12
“…e o grande pátio em redor tinha três ordens de pedras lavradas”… E sobre os fundamentos
foram achadas justamente as três ordens de pedras lavradas. O estilo da arquitetura foi intro-
duzido na Palestina e na Fenícia, fato indicado na Bíblia e verificado pela arqueologia.
Descobriram também um largo poço de 38m de comprimento, e o maravilhoso sistema
de abastecimento de água da cidade proveniente de uma caverna onde cabia uma provisão
constante do precioso líquido.
HISTÓRICO
Quando a cidade de Jerusalém estava ameaçada de sítio por Senaqueribe, Ezequias
resolveu trazer as águas da fonte de Giom ( hoje Fonte da Virgem ), situada na encosta orien-
tal de Ofel, para dentro da cidade. Mandou cortar na rocha um túnel que ligaria a fonte com o
Tanque de Siloé, na parte sudoeste da cidade. Ao que parece, um dos operários, para assina-
lar o término da obra, cinzelou na parede do túnel uma inscrição em hebraico fenício. A inscri-
ção descreve a construção do túnel.
A DESCOBERTA
Em 1880 um aluno do arquiteto Schick penetrou no túnel partindo do Tanque de Siloé, e
a uns 7m da entrada viu na parede uma inscrição de 6 linhas, fato que comunicou a seu pro-
fessor. Mais tarde o arqueólogo Sayce copiou e decifrou as linhas. Alguém cortou da parede o
bloco de pedra onde se achava a inscrição e quando foi reencontrado, o governo turco o levou
para Constantinopla ( hoje Istambul ), onde se encontra no Museu da Antiguidade da cidade.
IMPORTÂNCIA
A inscrição em hebraico fenício mostra a escrita usada na época do profeta Isaías e
contribui como mais um elemento para traçar o desenvolvimento da língua hebraica escrita.
Foi identificado por Albright, o outeiro de Tel-El-Duweir, como sendo o local da antiga
Laquis, que fica no sul da Palestina, 36 km ao sul de Jerusalém e 20 km a oeste do Mar Morto.
Laquis foi uma das cidades mais importantes da Palestina depois de Jerusalém.
A altura média da colina acima do vale ao redor é de 42m. Um poço cavado nas ruínas
até à terra virgem atravessou 18m. Os diversos estratos demonstram o acúmulo das ruínas de
várias cidades construídas, uma em cima das ruínas da outra. A mais antiga pertence à Idade
Calcolítica sendo sobreposta por outra da Idade do Bronze Antigo ( 4000 a 3000 a.C.), mais de
mil anos antes da chegada de Abraão na Palestina.
Menciona-se a cidade de Laquis pela primeira vez na Bíblia em Josué 10:3. A cidade
caiu nas mãos de Josué depois de dois dias sendo sitiada, indicando talvez dissensões inter-
nas, porque a sua fortificação antiga era quase inexpugnável.
AS ESCAVAÇÕES
Samaria não sofreu tantas destruições como Jerusalém, nem existe uma cidade moder-
na em seu local. Em contraste com Jerusalém, Samaria pode ser escavada, mas não sem difi-
culdade. Fundada na Idade do Ferro, desde o princípio foram construídos grandes edifícios de
pedra. Nas reconstruções sucessivas, cavou-se frequentemente através dos escombros bus-
cando os novos fundamentos, mas os estratos não se distinguem um do outro tão claramente
quanto em muitas outras ruínas das antigas cidades palestinas. A área é grande, dificultando o
trabalho de remoção de massas de terra e pedra.
A primeira expedição foi financiada pela Harvard University nos anos de 1908 a 1910 e
dirigida por D.G. Lyon, George A. Reisner e C.S. Fisger, homens experientes no serviço. A se-
OS MARFINS DE SAMARIA
Lembrando das denúncias de Amós ( 6:4 ), das camas de marfim e da casa de marfim
(3:15) dos ricos, e da menção em I Reis 22:39 da casa de marfim que Acabe edificou, é de in-
teresse especial a descoberta dos numerosos marfins das ruínas de Samaria. A maior parte
deles se achava em pedacinhos, mas muitos tinham a forma de placas e pequenos painéis que
se embutiam na mobília e nas paredes das casas.
AS OSTRACAS DE SAMARIA
Uma das descobertas mais importantes para os estudiosos foi um grupo de cacos com
inscrições em hebraico antigo do tempo da monarquia. Julgou-se por algum tempo ser do perí-
odo de Acabe ( 850 a.C.). A tendência agora é de datá-los no reinado de Jeroboão II ( 780
a.C.). Nelas estão contidas listas de artigos ou recibos relacionados ao sistema fiscal do go-
verno. Aparentemente são especificações de azeite e vinho recebidos como impostos pelo rei.
Nota-se que muitos dos nomes dessa lista também são mencionados na Bíblia, como Ahino-
am, Gomer, Nimshi, Ahaz, Sheba e Meribaal. O nome Meribaal e muitos outros compostos
com “baal” testificam a prevalência do culto à Baal. Esses documentos respaldam as declara-
ções dos profetas Amós, e Oséias sobre a idolatria e a hipocrisia dos israelitas no tempo de
Jeroboão II.
PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS
• Das cavernas da região que já foram examinadas pelos arqueólogos, em sua maior par-
te continham manuscritos, fragmentos ou outros vestígios de ocupação que auxiliam a
estabelecer datas e o tipo de vida levada pelos ascetas.
• Foi recolhida uma grande quantidade de fragmentos de obras diferentes, entre os quais,
trechos de todos os livros do Velho Testamento, com exceção ao livro de Ester.
ROLOS DA CAVERNA I
Dos manuscritos encontrados na primeira caverna, o mais importante é um rolo de Isaí-
as, com aspecto de ter sofrido apenas os desgastes naturais que ocorrem com a passagem
dos séculos.
A ANTIGUIDADE DE JERUSALÉM
Jerusalém era uma das cinco cidades principais dos amorreus, sendo outras, Hebrom,
Laquis, Jarmute e Eglom. Diz J. G. Duncam: “Não resta a menor dúvida da construção e do for-
talecimento de Jerusalém pelos amorreus antes de 2000 a.C. Estou plenamente convencido
pelas nossas descobertas do Ofel e a comparação delas com os achados de Megido e Jericó,
de que Jerusalém era uma fortaleza dos amorreus muito antes desta data. Os jebuzeus ocupa-
ram ou construíram esta fortaleza c. 2000 a.C., e achei evidência de que foi ocupada pelos ca-
naneus na 1ª, 2ª e 3ª épocas do bronze desde 2500 a.C. ou antes. Foi habitada, porém, mais
cedo pelos cananeus que moravam nas cavernas, como se sabe pelas provas da qualidade
A CIDADE DE DAVI
A narrativa da conquista de Urusalim ( II Sam. 5: 6 a 8 ), explica como os jebuzeus de-
safiaram a Davi, julgando que a cidade fosse inexpugnável. Eles não souberam, porém, que os
israelitas tinham descoberto esse conjunto do aqueduto, poço e túnel, uma passagem subter-
rânea desde a Fonte da Virgem até o centro da cidade. Os soldados arrojados de Joabe entra-
ram pelo canal, treparam pelo poço e saíram pelo túnel no meio da cidade. Havendo tomado o
lugar, deram-lhe o nome de Cidade de Davi. Davi, revelando-se sábio diplomata, mudou a ca-
O CRESCIMENTO DE JERUSALÉM
Não se pode falar com certeza sobre os aumentos territoriais de Jerusalém nos diversos
períodos da sua história. O estudo, porém, da sua topografia pelos arqueólogos em conexão
com as referências bíblicas, desenvolvido com assiduidade e paciência, tem produzido resulta-
dos importantes em determinar os limites da cidade em vários períodos da história. Os melho-
res resultados destes estudos estão representados nos mapas reproduzidos de “Biblical Back
Grounds” pela permissão do autor, J. Mckee Adams.
Descobertas como esta tornam impossível acreditar nos revisionistas históricos que ne-
gam que o Templo judeu tenha algum dia existido. Ainda mais controverso e ameaçador para
tais revisionistas são as deduções arqueológicas que situam o próprio Templo no lugar das es-
truturas sagradas do islamismo.
Rivalidades religiosas atualmente impedem que novas evidências do Templo sejam en-
contradas, mas com certeza essas evidências jazem enterradas sob a plataforma presente.
Mas virá o dia em que tudo isso pertencerá ao passado e então poderemos revelar as maravi-
lhas que datam dos dias gloriosos do Templo. Esta expectativa torna-se mais especial pelo fato
de que este foi o lugar onde Jesus disse que as pedras clamariam. Que inclinemos o ouvido
em antecipação a esse dia futuro!
Outros lugares identificados da cidade são: o Tanque de Siloé, o Ribeiro Cedron, o Mon-
te das Oliveiras, Aceldama ou Campo do Oleiro, entre outros.
HERODES, O GRANDE
Herodes, o Grande, foi nomeado pelos romanos para ser rei da Judéia em 37 a.C. e rei-
nou até morrer em 4 a.C. Sob seu reinado nasceu Jesus e a família santa foi ameaçada. A fa-
ma de Herodes estava em seus grandes empreendimentos de construção, e ruínas de alguns
de seus projetos ainda dominam posições proeminentes na paisagem de Israel e da Jordânia
dos dias de hoje. Um destes projetos, conhecido como Heródium, levanta-se com imponência
no horizonte pelas cercanias de Belém e está a cerca de três a quatro horas a pé de Jerusa-
lém. O Heródium era um refúgio para Herodes, cuja vida era comumente ameaçada por ata-
ques inimigos e tentativas de assassinato.
O historiador Flávio Josefo, do século I, registra que o rei foi enterrado em Heródium.
O arqueólogo israelita Ehud Netzer, do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebrai-
ca de Jerusalém, tem escavado o sítio desde 1973 e acredita ter finalmente localizado esta
câmara de sepultura há tanto tempo procurada.
NO NOME DO REI
Netzer e Guy Stiebel retomaram as escavações em Massada, que foram dirigidas pelo
finado Yigael Yadin na década de 1960. Massada era uma fortaleza montanhosa próxima ao
Mar Morto, construída por Herodes, o Grande, como último refúgio durante tempos de adversi-
dade. Projetada para as necessidades particulares de Herodes, tinha palácios do norte e do
sul, uma piscina, um hall de recepção ricamente decorado, uma casa de banho no estilo roma-
no, banhos rituais e uma sinagoga.
Massada é melhor conhecida por seu uso durante o período da Grande Revolta ( 66 –
73 d.C. ), como último posto da resistência judaica conhecida como sicários. Invadida pelo
exército romano, os habitantes judeus cometeram suicídio em vez de serem assolados e pro-
fanados pelos quase loucos romanos, que tinham despendido anos tentando escalar os muros
da fortaleza.
Nessa última estação, Netzer e Stiebel desenterram em Massada a primeira inscrição já
encontrada com o título completo do infame Herodes. Sua descoberta dá substância à realida-
de histórica deste rei e de sua dinastia, que proeminentemente figuram na carreira de Jesus. A
descoberta aconteceu na década de 60, enquanto se limpavam fragmentos de pedra de uma
caverna perto do sítio da sinagoga, provenientes de um telhado que em tempos passados ti-
nha desmoronado, enterrando várias vasilhas grandes de armazenamento, conhecidas como
ânforas e numerosos outros artefatos. Entre os cacos das ânforas foram achados diversos
óstracos com inscrições em grego e em latim. Um dos óstracos em latim, procedente de uma
ânfora que continha vinho, trazia a inscrição que hoje é famosa. Netzer a descreve a seguir:
A inscrição ( em latim ), tem três linhas. A primeira linha é uma data e indica o ano em
que o vinho foi feito. A segunda linha informa o lugar de origem e o tipo específico do vinho, e
na terceira linha temos o nome “Herodes, Rei da Judéia”.
CAIFÁS
Passando do ministério de Jesus na Galileia, entramos no seu ministério em Jerusalém.
Uma das figuras mais proeminentes em todas as narrativas evangelísticas que descrevem a
última semana tumultuada de Jesus na Cidade Santa, é o sumo sacerdote Caifás, que serviu
como líder do sinédrio de 18 d.C. a 36 d.C. Ele é conhecido nos relatos do Evangelho como
aquele que profetizou que Jesus morreria pela nação, o que pôs em andamento o plano para
mata-lo ( Jo 11: 49-53 ) e depois, a altas horas da noite, presidiu o julgamento no qual Jesus
confessou ser o Messias e subsequentemente foi condenado ( Mt 26: 57-68 ).
Foi no pátio da casa de Caifás que Pedro esperava por uma palavra de Jesus, e onde O
traiu três vezes antes do cantar do galo ( Mt 26: 69-75 ).
Os restos mortais de Caifás foram descobertos dentro da tumba de sua família, num os-
suário. O achado aconteceu por acidente em novembro de 1990, quando trabalhadores esta-
vam construindo um parque aquático na Floresta da Paz em Jerusalém, ao sul do monte do
Templo. A descoberta foi feita quando o teto da câmara mortuária desmoronou e revelou 12
ossuários de calcário. Um dos ossuários era requintadamente ornamentado e decorado com
rosáceas talhadas. Obviamente pertencera a um patrono rico ou de alta posição social que po-
deria dar-se ao luxo de possuir tal caixa. Na caixa havia inscrições em dois lugares onde se lê:
“Qafa” e “Yehosef bar Qayafa”, traduzindo “Caifás” e “José, filho de Caifás”. O Novo Testamen-
to refere-se a ele apenas como Caifás, mas Josefo apresenta o nome completo: “José, que era
chamado Caifás do sumo sacerdócio.”
Dentro do ossuário havia ossos de seis pessoas diferentes, inclusive de um homem de
60 anos ( provavelmente Caifás ). Na época da descoberta, Steven Feldman, editor associado
da Biblical Archaeology Review ( Revista de Arqueologia Bíblica ), observou que o achado de-
veria ser de particular sensação para os cristãos, por poderem se orgulhar da precisão da Bí-
blia. Sem dúvida que sim, especialmente quando acrescentamos o fato de que Caifás entregou
Jesus a Pôncio Pilatos, cuja existência a arqueologia também pode atestar.
PÔNCIO PILATOS
Por dez anos, de 26 a 36 d.C., Pôncio Pilatos foi o oficial romano responsável pela Ju-
déia. Durante esse período ele teve uma das confrontações mais inesquecíveis da sua vida
com Jesus de Nazaré. Pilatos tem a distinção de ser a única pessoa a quem Jesus escolheu
falar durante o julgamento. Ele se recusou a responder a Herodes Antipas, rei da Judéia, e
somente sob esconjuração falou com Caifás. Só Pilatos parece ter sido escolhido para uma
explicação do propósito singular do ministério de Jesus ( Jo 18: 36,37 ). Foi este Pilatos que
articulou as imortais palavras: “Que é a verdade?” e quem evidentemente teria libertado Jesus,
não fosse a pressão política do Sinédrio ( Jo 19: 12-15 ). Talvez tenha sido por essa razão que
Pilatos colocou um título ( inscrição penal ) na cruz, acima da cabeça de Jesus, com os dizeres
em hebraico, grego e latim: “JESUS NAZARENO< REI DOS JUDEUS” ( Jo 19: 19 ). Tudo o
que sabemos é que o próprio Pilatos ordenou que fosse escrito e recusou mudar a inscrição
quando o Sinédrio protestou sua exibição pública ( Jo 19: 21,22 ).
A residência oficial de Pilatos era Cesaréia Marítima, cidade litorânea do Mediterrâneo.
Foi apropriado que em 1961, durante escavações patrocinadas pela Itália no teatro romano de
Cesaréia, tivesse sido descoberta uma placa de pedra trazendo o nome de Pilatos. A laje de 60
por 91 centímetros, hoje conhecida como Inscrição de Pilatos, foi achada reutilizada como blo-
co de construção num projeto de remodelamento do século IV, mas era um autêntico monu-
mento do século I, manifestamente escrito para comemorar a dedicação de Pilatos na constru-
ção de um Tibérium, templo para adoração a Tibério César, o imperador romano durante o
mandato de Pilatos na Judéia. A inscrição em latim, de quatro linhas, intitula-se “Pôncio Pilatos,
Governador da Judéia”, título idêntico ao usado nos Evangelhos ( Lc 3: 1 ). Esse foi o primeiro
achado arqueológico que menciona Pilatos e mais uma vez testemunha a precisão dos escrito-
res dos Evangelhos.
DANDO UM VEREDICTO
A arqueologia só pode descobrir os lugares, as pessoas e eventos que acompanham o
ministério terreno de Jesus, como Belém, Nazaré, Cafarnaum, Betsaida, Herodes, Pilatos, Cai-
fás, a crucificação, etc. Não há que duvidar que a primeira geração de cristãos judeus que re-
ceberam os Evangelhos, teve experiências de primeira mão com a história e lugares que des-
creve.
A arqueologia tem nos restaurado muitas coisas que essa geração experimentou, e mui-
tas das perguntas que os modernos estudiosos fazem em relação à autenticidade dos Evange-
lhos podem ser respondidas se essa arqueologia for considerada com mais minúcia. Como
aconselhou Bargil Pixner, prior da Abadia Dormition, no Monte Sião:
“Cinco evangelhos registram a vida de Jesus. Quatro estão nos livros e um na terra que
chamam santa. Leia o quinto evangelho e o mundo dos quatro evangelhos se abrirá para vo-
cê.”
Quando lemos os quatro evangelhos levando em conta o quinto, descobrimos que o Je-
sus da história e o Cristo dos evangelhos são a mesma e única pessoa. Quer tal afirmação
possa ou não ser dada pela arqueologia, é outra questão que se levanta sobre a natureza e os
limites da prova arqueológica.
UNIDADE IV
1.4. CONCLUSÃO
1.4.1. A ARQUEOLOGIA E AS ESCRITURAS
• Nas inscrições babilônicas e assírias, constam os nomes de diversos reis de Israel e Ju-
dá ( Jeú, Acabe, Manassés, Oséias, Ezequias dentre outros ). A conquista dos reinos de
Israel e Judá na sequência histórica dada na Bíblia e os efeitos das invasões são am-
plamente comprovados pelos anais de Salmaneser, Sargão, Tiglate-Pileser; Senaqueri-
be, Nabucodonosor, homens cujos nomes os críticos de outrora declararam fictícios,
como que se esses personagens jamais tivessem existido.
• O cuidado com que os autores bíblicos escreveram, e como suas declarações têm sido
confirmadas são ilustrados no caso de Belsazar, rei de Babilônia. Por muito tempo o fato
de o livro de Daniel apresentar Belsazar como rei à época da queda da Babilônia (Daniel
5), em vez de Nabonido, como indicava as primeiras inscrições cuneiformes, era consi-
derado uma forte evidência contra a historicidade dos registros sagrados. A solução
dessa pseudo-discrepância ficou patente quando foram traduzidas algumas tabuinhas
que se encontravam no museu britânico. Verificou-se que durante a última parte de seu
reinado, Nabonido residiu na Arábia e deixou a direção do reino de Babilônia nas mãos
de seu filho mais velho, Belsazar.
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Arqueologia Bíblica
• Umas das maiores bênçãos, fruto das pesquisas arqueológicas, é a descoberta da série
de inscrições que, no seu conjunto, apresentam um quadro precioso da evolução da es-
crita alfabética entre os povos da costa oriental mediterrânea, começando com as en-
contradas na península do Sinai. À luz dessas descobertas, cai por terra a teoria de que
os hebreus teriam conhecido a escrita bem mais tarde na sua história e, portanto, escre-
veram livros canônicos nos últimos séculos a.C. Estas inscrições reforçam as referên-
cias feitas pelo Antigo Testamento à escrita ( Êxodo 17:14; 34:27 e Juízes 8:14 ) e esta-
belecem a possibilidade de confecção de livros em épocas mais remotas. Trazem luz
também sobre o nível cultural do povo de Deus em diversos períodos de sua história. As
recentes descobertas em Qumram são as últimas nesta série de revelações tão valiosas
para o estudo da língua hebraica e das línguas irmãs.
Na providência de Deus, os que crêem na inspiração das Escrituras têm hoje na arqueo-
logia mais uma arma ao seu dispor na luta contra os inimigos da verdade. Os resultados já
conseguidos confortam e inspiram. As pedras falaram confirmando muitas declarações postas
em dúvida durante anos. De certo estão reservados para os dias futuros, maiores e mais im-
pressionantes provas da orientação divina, através dos séculos.
Calcula-se que até agora, somente se tem encontrado um por cento das tabuinhas es-
critas na antiguidade e que ficam sepultadas nas ruínas das cidades antigas do oriente próxi-
mo. Além disso, daquelas que se acham em museus ou coleções particulares, cerca de
500.000 esperam o exame de quem as possa ler e interpretar. Nos terraplenos espalhados pe-
la região está escondida a resposta a muitos problemas que atualmente desafiam uma solu-
ção. Com Deus não há pressa, com Ele mil anos são como um dia. Podemos, pois, esperar
com confiança as novas revelações que hão de vir, certos de que as palavras do profeta da an-
tiguidade são verdadeiras.
“Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.” Mt. 24:35
Glórias a Deus!!!
ÍNDICE
UNIDADE I ................................................................................................................................................................................3
1.1.
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................3
1.1.1.
DEFINIÇÃO..................................................................................................................................................................3
1.1.2.
HISTÓRICO: O Nascimento da Arqueologia ...............................................................................................................3
1.1.3.
MÉTODOS E TÉCNICAS ............................................................................................................................................4
1.1.3.1.
Primeiro estágio _ ( Ocorre antes das escavações ). ...................................................................................................4
1.1.3.2.
Segundo estágio _ (Ocorre durante as escavações) ....................................................................................................5
1.1.3.3.
Terceiro estágio ( Operações que se seguem à descoberta) .......................................................................................5
1.1.4.
CIÊNCIAS AFINS ........................................................................................................................................................6
1.1.5.
CLASSIFICAÇÃO DOS PERÍODOS ARQUEOLÓGICOS DE ISRAEL ..................................................................7
1.1.6.
CAMPO DE ATUAÇÃO DA ARQUEOLOGIA .........................................................................................................8
1.1.7.
7. FONTES HISTÓRICAS ...........................................................................................................................................8
1.1.8.
AS CONTRIBUIÇÕES DA ARQUEOLOGIA AO ESTUDO DA BÍBLIA: ..............................................................9
1.1.8.1.
A Arqueologia Confirma a Bíblia ..............................................................................................................................9
1.1.8.2.
A Arqueologia Esclarece o mundo da Bíblia ...........................................................................................................11
1.1.8.3.
A Arqueologia Suplementa a Bíblia .........................................................................................................................12
UNIDADE II .............................................................................................................................................................................13
1.2.
A ARQUEOLOGIA E A ESCRITA NA PALESTINA E REGIÕES VIZINHAS .......................................................13
1.2.1.
A ARQUEOLOGIA E FILOLOGIA ..........................................................................................................................13
1.2.2.
A ORIGEM E O DESENVOLVIMENTO DE ALFABETOS ...................................................................................14
1.2.2.1.
Sistemas antigos de escrever na Palestina e na Síria ................................................................................................14
1.2.2.2.
O Alfabeto Cuneiforme de Ugarite ..........................................................................................................................14
1.2.2.3.
O Alfabeto Fenício-Hebraico ...................................................................................................................................15
1.2.2.4.
As inscrições Alfabéticas de Serabite-El-Cadem ( na Península do Sinai ) .............................................................16
1.2.2.5.
Os gregos e o Alfabeto Fenício ................................................................................................................................17
1.2.3.
A ESCRITA DOS HEBREUS ANTES DE MOISÉS ................................................................................................17
1.2.4.
A LÍNGUA FALADA E ESCRITA PELOS HEBREUS ...........................................................................................18
1.2.5.
DECIFRAÇÃO DA LÍNGUA DO EGITO .................................................................................................................18
1.2.6.
OS PAPIROS DE ELEFANTINA ..............................................................................................................................19
1.2.7.
A SOLUÇÃO DO MISTÉRIO DA ESCRITA CUNEIFORME INSCRIÇÃO DE BEHISTUN...............................19
1.2.8.
A LITERATURA DA ANTIGA MESOPOTÂMIA ...................................................................................................20
1.2.8.1.
O povo e a literatura sumeriana ................................................................................................................................21
1.2.8.2.
Os Acadianos e sua literatura ...................................................................................................................................21
1.2.8.2.1.
Documentos Históricos Acadianos: ......................................................................................................................21
1.2.8.2.2.
Literatura religiosa Acadiana ................................................................................................................................22
1.2.9.
VALOR HISTÓRICO DE DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS RELACIONADAS COM A BÍBLIA. .............23
1.2.9.1.
Mari ( hoje Tel-Avivi, localizada às margens do rio Eufrates ) ..............................................................................23
1.2.9.2.
Tel-El-Amarna ..........................................................................................................................................................23
1.2.9.3.
Ras shamra, antiga ugarite ........................................................................................................................................25
1.2.9.4.
Biblos ........................................................................................................................................................................25
1.2.9.5.
A Pedra Moabita - 850 a.C. ( Hebraico Fenício ) .....................................................................................................26
UNIDADE III ............................................................................................................................................................................27
1.3.
A ARQUEOLOGIA E A PALESTINA .........................................................................................................................27
1.3.1.
DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS NA PALESTINA ........................................................................................28
1.3.1.1.
Descobertas Arqueológicas em Jericó ......................................................................................................................28
1.3.1.2.
Descobertas Arqueológicas em Megido ...................................................................................................................31
1.3.1.3.
A Inscrição do Túnel de Siloé – 702 a.C. ( Hebraico Fenício ) ...............................................................................33
1.3.1.4.
História Arqueológica de Laquis ..............................................................................................................................34
1.3.1.5.
Escavações nas Ruínas de Samaria ..........................................................................................................................36
1.3.1.6.
Os Manuscritos de Qumram ( Mar morto ) ..............................................................................................................38
1.3.2.
HISTÓRIA DE JERUSALÉM À LUZ DA ARQUEOLOGIA ..................................................................................40
1.3.3.
A ARQUEOLOGIA E JESUS ....................................................................................................................................45
UNIDADE IV ...........................................................................................................................................................................53
1.4.
CONCLUSÃO ................................................................................................................................................................53
1.4.1.
A ARQUEOLOGIA E AS ESCRITURAS .................................................................................................................53
1.4.2.
O GRANDE FUTURO DA ARQUEOLOGIA ...........................................................................................................54
ÍNDICE ...................................................................................................................................................................................55