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y] Estrategia CONCURSOS Aula 02 Direito Penal p/ Delegado Policia Civil-PE (com videoaulas) Professor: Renan Araujo Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO HE ategia Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 SUMARIO PAGINA Apresentacéo da aula e sumario o1 I - Conceito de Crime o2 II - Fato Tipico 05 III - Crime doloso e culposo 17 IV - Fato tipico consumado, tentado e impossivel 25 V - llicitude 38 Resumo 50 | Questées 52 [ Questées comentadas 83 Gabarito 150 Salve, galera! Na aula de hoje vamos adentrar ao estudo do crime, seu conceito e elementos, estudando os dois primeiros elementos do crime: Fato tipico e ilicitude. Além disso, vamos ver as modalidades de CRIME (Doloso, culposo, consumado, tentado e impossivel), conform classificacées. je as mais variadas Como temos uma aula relativamente grande, coloquei um quadrinho-resumo no final da aula, com algumas lembrangas de tépicos importantes que vocés tém sempre que ter em mente. Nao fiquem assustados! Sdo 150 paginas de aula, mas séo apenas 50 paginas de teoria, as demais séo de questdes comentadas para reforcar nossa preparacao! Bons estudos! Prof. Renan Araujo Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 1 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Estratégia Teoria e exercicios comentadas Prof. Renan Araujo — Aula 02 I - CONCEITO DE CRIME © Crime é um fendmeno social, disso nenhum de vocés duvida. Entretanto, como conceituar o crime juridicamente? Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inimeras posigées a respeito. Vamos tratar das principais. O Crime pode ser entendido sob trés aspectos: Material, legal e analitico. Sob 0 aspecto material, crime é toda ag¢éo humana que lesa ou expée a perigo um bem juridico de terceiro, que, por sua relevancia, merece a protegSo penal. Esse aspecto valoriza o crime enquanto contetdo, ou seja, busca identificar se a conduta é ou nao apta a produzir uma lesdo a um bem juridico penalmente tutelado. Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que é proibido chorar em pubblico, essa lei ndo estard criando uma hipotese de crime em seu sentido material, pois essa conduta NUNCA SERA crime em sentido material, pois ndo produz qualquer lesdo ou exposicéo de leséo a bem juridico de quem quer que seja. Assim, ainda que a lei diga que é crime, materialmente nao o sera. Sob 0 aspecto legal, ou formal, crime é toda infracéo penal a que a lei comina pena de reclusao ou detencao. Nos termos do art. 1° da Lei de Introdug3o ao CP: Art 1 Considera-se crime a infragdo penal que a lel comina pena de recluséo ou de detencéo, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravengao, a infragéo penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisdo simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente. Percebam que 0 conceito aqui é meramente legal. Se a lei cominar a uma conduta a pena de detengdo ou recluséo, cumulada ou alternativamente com a pena de multa, estaremos diante de um crime. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 2 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) . DELEGADO Estratégia Teorla e exerciclos comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 Por outro lado, se a lei cominar a apenas prisdo simples ou multa, alternativa ou cumulativamente, estaremos diante de uma contravengéo penal. Esse aspecto consagra 0 SISTEMA DICOTOMICO adotado no Brasil, no qual existe um género, que é a infragdo penal, e duas espécies, que so 0 crime e a contravengao penal. Assim: INFRAGAO PENAL CRIMES (DELITOS) CONTRAVENCOES Vejam que quando se diz “infraco penal”, esté se usando um termo genérico, que pode tanto se referir a um “crime” ou a uma “contravengao penal”. © termo “delito”, no Brasil, é sinénimo de crime. © crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto analitico, que o divide em partes, de forma a estruturar seu conceito. Primeiramente surgiu a teoria quadripartida do crime, que entendia que crime era todo fato co, ilicito, culpavel e punivel. Hoje é praticamente inexistente. Depois, surgiram os defensores da teoria tripartida do crime, que entendiam que crime era 0 fato tipico, ilicito e culpavel. Essa é a teoria Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 3 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) pe DELEGADO Estratégia Teorla e exerciclos comentados CoN cuRs os Prof. Renan Araujo — Aula 02 que predomina no Brasil, embora haja muitos defensores da terceira teoria. A terceira e Ultima teoria acerca do conceito analitico de crime entende que este é 0 fato tipico e ilicito, sendo a culpabilidade mero pressuposto de aplicagdo da pena. Ou seja, para esta corrente, o conceito de crime é bipartido, bastando para sua caracterizacao que o fato seja tipico e ilicito. ‘As duas Ultimas correntes possuem defensores e argumentos de peso. Entretanto, a que predomina ainda é a corrente tripartida. Portanto, na prova objetiva, recomendo que adotem esta, a menos que a banca seja muito explicita e vocés entenderem que eles claramente sdo adeptos da teoria bipartida, 0 que acho pouco provavel. Todos os trés aspectos (material, legal e analitico) estdo presentes no nosso sistema juridico-penal. De fato, uma conduta pode ser materialmente crime (furtar, por exemplo), mas ndo o seré se nao houver previsdo legal (nao sera legalmente crime). Poder, ainda, ser formaimente crime (no caso da lei que citei, que criminalizava a conduta de chorar em ptiblico), mas no o sera materialmente se nao trouxer les&o ou ameaca a les&io de algum bem juridico de terceiro. Desta forms ‘CONCEITO DE CRIME 'ASPECTO ANALITICO ‘Teoria tripartida Teoria bipartida Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 4 de 151 Teoria quadripartida| Direito Penal — PC-PE (2015) nie DELEGADO Estratégia Teorla e exerciclos comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 Esse ultimo conceito de crime (sob o aspecto analitico), é 0 que vai nos fornecer os subsidios para que possamos estudar os elementos do crime (Fato tipico, ilicitude e culpabilidade). © fato tipico € 0 primeiro dos elementos do crime, sendo a tipicidade um de seus pressupostos, Vamos estudé-lo, entéo! II - FATO TiPICO 0 fato tipico também se divide em elementos, sao eles: * Conduta humana (alguns entendem possivel a conduta de pessoa juridica + Resultado naturalistico + Nexo de causalidade + Tipicidade A) Conduta Trés teorias buscam explicar a conduta: Teoria naturalistica (ou classica), finalista e social. Para a teoria naturalistica, conduta é a aco humana. Assim, basta que haja movimento corporal para que exista conduta. Esta teoria esta praticamente abandonada, pois entende que nao ha necessidade de se analisar a vontade do agente nesse momento, guardando a andlise da vontade (dolo ou culpa) para quando do estudo da culpabilidade. Para esta teoria, teriamos conduta, por exemplo, quando A, mais forte, empurra B, mais fraco, de forma que este esbarra em C, que vem a cair de um prédio de 20 andares. Aqui, para os adeptos dessa corrente, B Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina S de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo ~ Aula 02 cometeu fato tipico e ilicito, sendo o crime excluido apenas quando analisada sua culpabilidade! Hoje praticamente nao é aceita no mundo. Para a teoria finalista, de HANS WELZEL, a conduta humana (néo consigo vislumbrar conduta de Pessoa Juridica!) é a acéo voluntdria dirigida a uma determinada finalidade. Assim: Conduta = vontade + acao Logo, retirando-se um dos elementos da conduta, esta nao exist , 9 que acarreta a inexisténcia de fato tipico. EXEMPLO: Jodo olha para Roberto e o agride, por livre espontanea vontade. Estamos diante de uma conduta (quis agir e agrediu) dolosa (quis 0 resultado). Agora, se Jodo dirige seu carro, vé Roberto e sem querer, o atinge, estamos diante de uma conduta (quis dirigir e acabou ferindo) culposa (no quis 0 resultado). Vejam que a “vontade” a que me referi como elemento da conduta & uma vontade de meramente praticar 0 ato que ensejou o crime, ainda que 0 resultado que se pretendesse nao fosse ilicito, Quando a Vontade (elemento da conduta) é dirigida ao fim criminoso, o crime é O16S6. Quando a finalidade é dirigida a outro fim (que até pode ser criminoso, mas nao aquele) 0 crime é culposo. Porém, por enquanto vamos ficar apenas na “vontade” (desculpem o trocadilho) e estudar somente os elementos do fato tipico. ESTA E A TEORIA ADOTADA PELO NOSSO CODIGO PENAL. Vejamos os termos do art. 20 do CP: Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punic&o por crime culposo, se previsto em lei. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 6 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 Ora, se a lei prevé que o erro sobre um elemento do tipo exclui 0 dolo, é porque entende que o dolo estd no tipo (fato tipico), néo na culpabilidade. Assim, a conduta é, necessariamente, voluntaria. No exemplo dado Id em cima, “B” nao teria cometido fato tipico, pois n&o houve conduta, ja que ndo teve vontade alguma (nem vontade dirigida ao resultado - dolo, nem vontade dirigida a outro resultado - culpa). Nesse caso, estariamos diante do que se chama de coagao fisica irresistivel (vis absoluta), ou seja, B foi mero instrumento nas maos de A, nao tendo agido com vontade. Para terceira teoria, a teoria social, a conduta é a ago humana, voluntaria, que causa alguma espécie de abalo na relacao do agente com a sociedade, ou seja, deve ser uma conduta socialmente relevante. Assim, um fato admitido pela sociedade (jogo do bicho), mesmo que tipificado, nao poderia ensejar conduta penal. Nao é adotada no nosso sistema juridico. A conduta humana pode ser uma ac&o ou uma omissao. A questéo 6: Qual é 0 resultado naturalistico que advém de uma omiss&o? Naturalisticamente nenhum, pois do nada, nada surge. Assim, aquele que se omite na prestacéo de socorro a alguém, pode estar cometendo o crime de omiss&o de socorro, art. 135 do Cédigo Penal (que um crime formal, pois a morte daquele a quem nao se prestou socorro é irrelevante), no porque causou a morte de alguém (até porque este resultado é irrelevante e néo fora diretamente provocado pelo agente), mas porque descumpriu um comando legal. Entretanto, o art. 13, § 2° do CP diz o seguinte: § 20 - A omissdo & penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar 0 resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigacao de cuidado, protecao ou vigilancia; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir 0 resultado; Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 7 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) ns DELEGADO strategia Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 c) com seu comportamento anterior, criou 0 risco da ocorréncia do resultado. Esse artigo estabelece o crime omissivo impréprio. Nesses crimes, quando o agente se omite na prestaco do socorro ele ndo responde por omisséo de socorro (art. 135 do CP), mas responde pelo resultado ocorrido (por exemplo, a morte da pessoa a quem ele deveria proteger). EXEMPLO: 0 Pai leva 0 filho de 04 anos a praia e o deixa brincando a beira da agua e sai para beber cerveja com os amigos. Quando retorna, vé que seu filho fora levado ao mar por um maluco que pretendia mata- lo, tendo a crianga morrido. Nesse caso 0 Pai ndo responde por omissao de socorro, mas por homicidio doloso consumado, pois tem a obrigagao legal de cuidar do filho. Mas como se pode dizer que a conduta do pai matou o filho? Tecnicamente falando, a conduta do pai no gerou a morte do filho. O que gerou a morte do filho foi o afogamento. Entretanto, pela teoria naturalistico-normativa, a ele é imputado o resultado, em razdo do seu descumprimento do dever de vigilancia. B) Resultado naturalistico O resultado naturalistico € a modificagéo do mundo real provocada pela conduta do agente. Entretanto, apenas nos crimes chamados materiais se exige um resultado naturalistico. Nos crimes formais e de mera conduta nao ha essa exigéncia. Os crimes formais s&o aqueles nos quais o resultado naturalistico pode ocorrer, mas a sua ocorréncia é irrelevante para © Direito Penal. 34 os crimes de mera conduta séo crimes em que Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 8 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) ns DELEGADO Est gla Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 tra teg no hd um resultado naturalistico possivel. Vou dar um exemplo de cada um dos trés: ~ Crime material — Hoi Para qué 0 homicidio seja consumado, 6 necessdrio que a vitima venha a ébito. Caso isso n&o ocorra, estaremos diante de um homicidio tentado (ou lesdes corporais culposas); * Crime formal - Extorsio (art. 158 do CP). Para que o crime de extorsdo se consume nao é necessdrio que o agente obtenha a vantagem ilicita, bastando o constrangimento a vitima; * Crime de mera conduta - Invas’o de dom Nesse caso, a mera presenga do agente, indevidamente, no domicilio da vitima caracteriza o crime. N&o hd um resultado previsto para esse crime. Qualquer outra conduta praticada a partir dai configura crime auténomo (furto, roubo, homicidio, etc.). Além do resultado naturalistico (que nem tome nota! |SmPre esta" presente), h& também o resultado juridico (ou normativo), que é a les&io ao bem juridico tutelado pela norma penal. Esse resultado sempre estard presente! Cuidado com isso! Assim, se a banca perguntar: "Hd crime sem resultado juridico?” A resposta é NAO! (C) Nexo de Causalidade Nos termos do art. 13 do CP: Art. 13 - O resultado, de que depende a existéncia do crime, somente 6 imputdvel a quem the deu causa. Considera-se causa a acéo ou omisséo sem a qual o resultado néo teria ocorrido. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 9 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) pie DELEGADO Estratégia Teorla e exerciclos comentados ee Prof. Renan Araujo — Aula 02 Assim, 0 nexo de causalidade pode ser entendido como o Wineulo que une a conduta do agente ao resultado naturalistico ocorrido no mundo exterior. Portanto, s6 se aplica aos crimes materiais! Algumas teorias existem acerca do nexo de causalidade: + TEORIA DA EQUIVALENCIA DOS ANTECEDENTES (OU DA CONDITIO SINE QUA NON) - Para esta teoria, é considerada causa do crime toda conduta sem a qual o resultado néo teria ocorrido. Assim, para se saber se uma conduta é ou nao causa do crime, devemos retiré-la do curso dos acontecimentos e ver se, ainda assim, o crime ocorreria (Processo hipotético de eliminacao de Thyrén). EXEMPLO: Marcelo acorda de manha, toma café, compra uma arma e encontra Julio, seu desafeto, disparando trés tiros contra ele, causando-Ihe a morte. Retirando-se do curso 0 café tomado por Marcelo, concluimos que o resultado teria ocorrido do mesmo jeito. Entretanto, se retirarmos a compra da arma do curso do processo, 0 crime no teria ocorrido. © inconveniente claro desta teoria é que ela permite que se coloquem como causa situagées absurdas, como a venda da arma ou até mesmo 0 nascimento do agente, j4 que se os pais n&o tivessem colocado a crianga no mundo, o crime nao teria acontecido, Isso é um absurdo! Assim, para solucionar 0 problema, criou-se outro filtro que é 0 dolo, Logo, sé seré considerada causa a conduta que é indispensdvel ao resultado e que foi querida pelo agente. Assim, no exemplo anterior, 0 vendedor da arma néo seria responsabilizado, pois nada mais fez que vender seu produto, nao tendo a intengo (nem sequer imaginou) de ver a morte de Julio. Nesse sentido: Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 10 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) eae DELEGADO strategia Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 CAUSA = conduta indispensavel ao resultado + que tenha sido prevista e querida por quem a praticou Podemos dizer, entéo, que a causalidade aqui néo é meramente fisica, mas também, psicolégica. *TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA - Trata-se de teoria também adotada pelo Cédigo Penal, porém, somente em algumas situagdes, que sdo as chamadas “concausas”” As concausas sao circunstancias que se agregam a conduta do agente, contribuindo para a produc&o do resultado. As concausas podem ser: Absolutamente —independentes e _relativamente independentes. As concausas absolutamente independentes sdo aquelas que produzem por si sés o resultado, e podem ser preexistentes (existiam antes da conduta), concomitantes (surgiram durante a conduta) e supervenientes (surgiram apés a conduta). Exemplos: EXEMPLO I) Pedro resolve matar Joao, e coloca veneno em seu drink. Porém, Pedro nao sabe que Marcelo também queria matar Jodo e minutos antes também havia colocado veneno no drink de Joao, que vem a morrer em razéo do veneno colocado por Marcelo. Nesse caso, a concausa preexistente (conduta de Marcelo) produziu por si s6 0 resultado (morte). Nesse caso, Pedro responderé somente por tentativa de homicidio. EXEMPLO II) Pedro resolve matar Jodo, e comeca disparar contra ele projéteis de arma de fogo. Entretanto, durante a execugio, o teto da casa de Jo%o desaba sobre ele, vindo a causar-Ihe a morte. Aqui, a Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 11 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) ie DELEGADO Estratégia Teorla e exerciclos comentados ce Prof. Renan Araujo — Aula 02 causa concomitante (queda do teto) produziu isoladamente o resultado (morte). Portanto, Pedro responde somente por homicidio tentado. EXEMPLO III) Pedro resolve matar Joao, desta vez, ministrando em sua bebida certa dose de veneno. Entretanto, antes que o veneno faca efeito, Marcelo aparece e dispara 10 tiros de pistola contra Jodo, o mantando. Nesse caso, Pedro respondera somente por homicidio tentado. Mas professor, vocé n&o disse que toda causa querida por quem pratica a conduta é causa do crime? Logo, nos dois tiltimos casos, Pedro néo teria querido a morte de Jodo e sua conduta nao contribuiu para isso, j4 que a morte nao teria ocorrido se ele nao tivesse agido? Meus caros, ai é que esta. Nessas hipsteses, 0 Cédigo nao adotou a teoria da equivaléncia dos antecedentes, mas a TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA. Assim, os tiros desferidos por Pedro no foram a causa adequada da morte de Jofo, mas sim os ferimentos do acidente. Logo, ele n&o responde pelo crime de homicidio consumado, mas apenas pelos atos praticados (homicidio tentado). Entretanto, pode ocorrer de a concausa nao produzir por si sé o resultado, mas se unir A conduta do agente e, juntas, produzirem o resultado. Essas so as chamadas ausas!l\relativamente independentes, que também pode ser _preexistentes, oncomitantes ou Supervenientes, Mais uma vez, vou dar um exemplo de cada uma das trés e explicar quais os efeitos juridico-penais em relac&o ao agente: EXEMPLO I) Caio decide matar Maria, desferindo contra ela golpes de facdo, causando-lhe a morte. Entretanto, Caio n&o sabia que Maria era hemofilica, tendo a doenga contribuido em grande parte para seu dbito. Nesse caso, embora a doenga (concausa preexistente) tenha contribuido para 0 ébito, Caio responde por homicidio consumado. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo ~ Aula 02 EXEMPLO II) Pedro resolve matar Joao, e comega disparar contra ele projéteis de arma de fogo. Assustado, Joo corre, e acaba atropelado por um caminho. Nesse caso, 0 que causou 0 resultado (a morte de Joo) foi a concausa concomitante (atropelamento pelo caminh&o), mas que sé ocorreu em razéo dos disparos efetuados por Pedro. Assim, Pedro responde por homicidio consumado. No caso das concausas supervenientes _relativamente independentes, podem acontecer duas coisas: a) A causa superveniente produz por si sé 0 resultado; b) A causa superveniente se agrega ao desdobramento natural da conduta do agente e ajuda a produzir o resultado. EXEMPLO A) Pedro resolve matar Jodo (insistente esse cara!), e dispara 25 tiros contra ele, usando seu Fuzil Automético Ligeiro-Fal, CALIBRE 7.62 (agora vail). Pedro fica estirado no chao, é socorrido por uma ambulancia e, no caminho para o Hospital, sofre um acidente de carro (a ambulancia bate de frente com uma carreta) e vem a morrer em razéo do acidente, n&o dos ferimentos causados por Pedro. Nesse caso, Pedro responde apenas por tentativa de homicidio, pois a causa superveniente (acidente de ambulancia) produziu por si sé o resultado, ja que o acidente de ambulancia ndo é 0 desdobramento natural de um disparo de arma de fogo. EXEMPLO B) No mesmo exemplo anterior, Jodo é socorrido e chegando ao Hospital, 6 submetido a uma cirurgia e contrai uma infeccdo hospitalar, vindo a falecer. Nesse caso, a causa superveniente (infeccdo hospitalar) ndo produziu por si sé o resultado, tendo se agregado aos ferimentos para causar a morte de Jodo, Nesse caso, Pedro responde por homicidio consumado. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 13 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 INDEPENDENTES. eee ‘Agente responde somente pelos atos praticados, ndo respondendo pelos resultados decorrentes das concausas. RELATIVAMENTE INDEPENDENTES: ioe = AGENTE —_RESPONDE AGENTE RESPONDE PELO SOMENTE PELOS ATOS CRIME — CONSUMADO, PRATICADOS, NAO PELO NAO APENAS —PELOS CRIME CONSUMADO. ATOS PRATICADOS. + TEORIA DA IMPUTAGAO OBJETIVA - Para esta teoria, nao basta a mera relacdo de causalidade entre a conduta e um determinado resultado naturalistico, Néo foi adotada expressamente pelo CP, mas ha Doutrina e Jurisprudéncia entendendo que pode ser aplicada, por nao haver restrig&o legal. Para esta teoria, a conduta deve: a) Criar ou aumentar um risco - Assim, se a conduta do agente n&o aumentou nem criou um risco, néo ha crime. Exemplo classico: Ladréo rende o vigia da casa e o obriga a dizer onde esté o cofre. O Vigia mente, diz que n&o sabe e Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 14 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 entrega para o ladrio um quadro, afirmando ser obra de arte bem mais valiosa. © ladr8o aceita e vai embora, sem saber que, na verdade, tratava-se de um quadro qualquer. Nesse caso, por todas as outras teorias, o vigia deveria ser punido. Pela teoria da imputacao objetiva isso no ocorreria, pois ele n&o aumentou um risco, ao contrario, com sua conduta evitou que um bem juridico de mais valor (cofre) fosse atingido; b) Risco deve ser proibido pelo Direito - Aquele que cria um risco de leséo para alguém, em tese néo comete crime, a menos que esse risco seja proibido pelo Direito. Assim, 0 filho que manda os pais em viagem para a Europa, na inteng&o de que 0 avido caia, os pais morram, e ele receba a heranca, n&io comete crime, pois o risco por ele criado ndo é proibido pelo Direito; c) Risco deve ser criado no resultado - Assim, um crime nao pode ser imputado aquele que no criou o risco para aquela ocorréncia. Explico: Imaginem que José ateia fogo na casa de Maria. José causou um risco, no permitido pelo Direito. Deve responder pelo crime de inc&ndio doloso, art. 250 do CP. Entretanto, Maria invade a casa em chamas para resgatar a Unica foto que restou de seu filho falecido, sendo lambida pelo fogo, vindo a falecer. Nesse caso, José nao responde pelo crime de homicidio, pois o risco por ele criado n&o se insere nesse resultado, que foi provocado pela conduta exclusiva de Maria. D) ipicidade A tipicidade nada mais é que a adequacao da conduta do agente a uma previsao tipica (norma penal que prevé o fato e Ihe descreve Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 15 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 como crime). Assim, o tipo do art. 121 é: “matar alguém”. Portanto, quando Marcio esfaqueia Luiz e 0 mata, esta cometendo fato tipico, pois esta praticando uma conduta que encontra previsdo como tipo penal. Nao hd muito o que se falar acerca da tipicidade. Basta que o intérprete proceda ao cotejo entre a conduta praticada no caso concreto e a conduta prevista na Lei Penal. Se a conduta praticada se amoldar aquela prevista na Lei Penal, o fato sera tipico, por estar presente o elemento “tipicidade””. INDO Ane fundo Cuidado, meus amigos! Nem sempre a conduta praticada pelo agente se amolda perfeitamente ao tipo penal (adequacao imediata). As vezes 6 necessdrio que se proceda 4 anélise de outro dispositivo da Lei Penal para se chegar 4 conclusao de que um fato é tipico (adequacéo mediata). Por exemplo: Imaginem que Abreu (El Loco) dispara contra Adriano (EI Imperador), que nao morre. Nesse caso, como dizer que Abreu praticou fato tipico (homicidio tentado), se o art. 121 diz “matar” alguém, o que nao ocorreu? Nessa hipétese, conjuga-se 0 art. 121 do CP com seu art. 14, II, que diz ser o crime punivel na modalidade tentada. Isso também se aplica aos crimes omissivos impréprios (art. 13, § 2° do cP). Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 16 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) 2s DELEGADO Estratégia Teorla e exercielos comentados Cou CURSOS Prof. Renan Araujo — Aula 02 III - CRIME DOLOSO E CULPOSO © dolo e a culpa séo o que se pode chamar de elementos subjetivos do tipo penal. Com o finalismo de HANS WELZEL, 0 dolo e a culpa (elementos subjetivos) foram transportados da culpabilidade para © fato tipico (conduta). Assim, a conduta (no finalismo) nado é mais apenas objetiva, sinénimo de acéo humana, mas sim a acdo humana dirigida a um fim (ilicito ou nao). Vamos estudar cada um destes elementos separadamente. A) Crime doloso 0 dolo é 0 elemento subjetivo do tipo, consistente na vontade, livre e consciente, de praticar o crime (@6I6/diFeEO), ou a assuncio do risco produzido pela conduta (d6I6/@Ventual). Nos termos do art. 18 do CP: Art. 18 - Diz-se 0 crime: (Redacao dada pela Lei n? 7.209, de 11.7.1984) Crime doloso(incluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) I~ doloso, quando o agente quis 0 resultado ou assumiu o risco de produzi- 0; {Incluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) © dolo direto, que é 0 elemento subjetivo classico do crime, é composto pela consciéncia de que a conduta pode lesar um bem juridico mais a vontade de lesar este bem juridico, ESs@s\ldois\lélementos Antigamente, quando o dolo perteni @ culpabilidade, a esses dois elementos era acrescido mais um elemento, que era a consciéncia da ilicitude. Esse era 0 chamado dolo normativo. Atualmente, com a transposic&o do dolo e da culpa para o fato tipico, os Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 17 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) ne DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados oe Prof. Renan Araujo — Aula 02 elementos normativos ficaram na culpabilidade e a consciéncia da ilicitude também, passando, ainda a ser meramente potencial. 0 dolo eventual, por sua vez, consiste na consciéncia de que a conduta pode gerar um resultado criminoso, mais a assungao desse risco, mesmo diante da probabi lade de algo dar errado. Trata-se de hipétese na qual o agente no tem vontade de produzir o resultado criminoso (nao 0 que aconteceu, embora possa ser outro), mas, analisando as circunstancias, sabe que este resultado pode ocorrer e ndo se importa, age da mesma maneira. EXEMPLO: Imagine que Renato, dono de um sitio, e apreciador da pratica do tiro esportivo, decida levantar sAbado pela manhi e praticar tiro no seu terreno, mesmo sabendo que as balas possuem longo alcance que ha casas na vizinhanca. Renato até ndo quer que ninguém seja atingido, mas sabe que isso pode ocorrer e nao se importa, pratica a conduta assim mesmo. Nesse caso, se Renato atingir alguém, causando- Ihe lesdes ou mesmo a morte, estard praticando homicidio doloso por dolo eventual. O dolo pode ser, ainda: * Dolo genérico - Atualmente, com o finalismo, passou a ser chamado simplesmente de dolo, que é, basicamente, a vontade de praticar a conduta descrita no tipo penal, sem nenhuma outra finalidade; * Dolo especifico, ou especial fim de agir - Em contraposic&o ao dolo genérico, nesse caso 0 agente nao quer somente praticar a conduta tipica, Mas) 6 faz por alguma razSo especial, com alguma finalidade especifica. E 0 caso do crime de injuria, por exemplo, no qual o agente deve Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 18 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados ee Prof. Renan Araujo — Aula 02 no sé praticar a conduta, mas deve fazé-lo com a intengaio de ofender a honra subjetiva da vitima; * Dolo direto de primeiro grau - Trata-se do dolo comum, aquele no qual o agente tem a vontade direcionada para a produg&o do resultado, como no caso do homicida que procura sua vitima e a mata com disparos de arma de fogo; * Dolo direto de segundo grau - Também chamado de “dolo de consequéncias necessarias”, se assemelha ao dolo eventual, mas com ele nao se confunde. Aqui o agente possui uma vontade, mas sabe que para atingir sua finalidade, existem efeitos colaterais que irdo NECESSARIAMENTE lésar outros "bens" juridicos! Diferentemente do dolo eventual, aqui a ocorréncia da lesdo ao bem juridico nao Visado é certa, e nao apenas provavel. Imagine o caso de alguém que, querendo matar certo executivo, coloca uma bomba no avido em que este se encontra. Ora, nesse caso, 0 agente age com dolo de primeiro grau em face da vitima pretendida, e dolo de segundo grau face aos demais ocupantes do avidio, pois é certo que também morrerdo, embora este no seja 0 objetivo do agente; * Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae - Ocorre quando o agente, acreditando ter alcancado seu objetivo, pratica nova conduta, com finalidade diversa, mas depois se constata que esta Ultima foi a que efetivamente causou o resultado. Trata+se!/de!/erro\/nal/relacso\ de magine a mae que, querendo matar o proprio filho de 05 anos, o estrangula e, com medo de ser descoberta, © joga num rio. Posteriormente a crianca é encontrada e se Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 19 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 descobre que a vitima morreu por afogamento. Nesse caso, embora a m&e no tenha querido matar o filho afogado, mas por estrangulamento, isso é irrelevante penalmente, importando apenas o fato de que a mae alcangou o fim pretendido (morte do filho), ainda que por outro meio, devendo, pois, responder por homicidio consumado; * Dolo antecedente, atual e subsequente - 0 dolo antecedente é 0 que se da antes do inicio da execucéo da conduta. O dolo atual é 0 que esté presente enquanto o agente se mantém exercendo a conduta, e 0 dolo subsequente ocorre quando 0 agente, embora tendo iniciado a conduta com uma finalidade licita, altera seu 4nimo, passando a agir de forma ilicita. Esse ultimo caso é 0 que ocorre no caso, por exemplo, do crime de apropriac&o indébita (art. 168 do CP), no qual o agente recebe o bem de boa-fé, obrigando- se devolvé-lo, mas, posteriormente, muda de idéia e nao devolve 0 bem nas condicées ajustadas, passando a agir de maneira ilicita. B) Crime culposo Se no crime doloso o agente quis o resultado, sendo este seu objetivo, ou assumiu o risco de sua ocorréncia, embora no fosse originalmente pretendido o resultado, no crime culposo a conduta do agente é destinada a um determinado fim (que pode ser licito ou no), tal qual no dolo eventual, mas pela violacao a um dever de cuidado, o agente acaba por lesar um bem juridico de terceiro, cometendo crime culposo. A violacéo ao dever objetivo de cuidado pode se dar de trés maneiras: Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 20 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) ey DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados CoueuRSOS Prof. Renan Araujo — Aula 02 HNegligéncia - 0 agente deixa de tomar todas as cautelas necessarias para que sua conduta no venha a lesar o bem juridico de terceiro. E 0 famoso relapso. Aquilelagente deixa « Imprudéncia - E 0 caso do afoito, daquele que pratica atos temerarios, que no se coadunam com a prudéncia que se deve ter na vida em sociedade. Aquilolagente faz algo que a prudéncia nao recomenda; + Impericia - Decorre do desconhecimento deluma regra téchical/profissional. Assim, se 0 médico, apds fazer todos os exames necessérios, dé diagnéstico errado, concedendo alto ao paciente e este vem a dbito em decorréncia da alta concedida, no hd negligéncia, pois o profissional médico adotou todos os cuidados necessérios, mas em decorréncia de sua falta de conhecimento técnico, no conseguiu verificar qual o problema do paciente, o que acabou por ocasionar seu falecimento; A punibilidade da culpa se fundamenta no desvalor do resultado praticado pelo agente, embora o desvalor da conduta seja menor, pois nao deriva de uma deliberada aco contraria ao direito. O CP prevé o crime culposo em seu art. 18, II: Art. 18 - Diz-se o crime: (Redaca0 dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) Crime culposo\|ncluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) II = culposo, quando 0 agente deu causa a0 resultado por imprudéncia, negligéncia ou impericia. (Incluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) O crime culposo é composto de: Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br pagina 21 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) nie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados Con cuRs os Prof. Renan Araujo — Aula 02 Uma conduta voluntéria - Dirigida a um fim licito, ou quando ilicito, n8o é destinada a produc&o do resultado ocorrido; * Aviolagéo a um dever objetivo de cuidado - Que pode se dar por negligéncia, imprudéncia ou impericia; * Um resultado naturalistico involuntario - O resultado produzido nao foi querido pelo agente (salvo na culpa imprépria); + Nexo causal - Relacao de causa e efeito entre a conduta do agente e 0 resultado ocorrido no mundo fatico; + Tipicidade - 0 fato deve estar previsto como crime. Em regra, os crimes s6 podem ser praticados na forma dolosa, sé podendo ser punidos a titulo de culpa quando a lei expressamente determinar. Essa é a regra do § unico do art. 18 do CP: Pardgrafo Unico - SSIVS\6S\CSS05 EXprESSeslemiIGl, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senao quando o pratica dolosamente. (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984); + Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve ser previsivel mediante um esforco intelectual razoavel. E chamada previsibilidade do homem médio. Assim, se uma pessoa comum, de inteligéncia mediana, seria capaz de prever aquele resultado, esta presente este requisito. Se o resultado néo for previsivel objetivamente, o fato é um indiferente penal. Por exemplo: Se Mario, nas dunas de Natal, da um chute em Jodo, a fim de causar-Ihe lesdes leves, e Joao vem a cair e bater com a cabeca sobre um motor de Bugre que estava enterrado sob a areia, vindo a falecer, Mario nao responde por homicidio culposo, pois seria inimaginavel a qualquer pessoa prever que naquele local a vitima poderia bater com a cabeca em algo daquele tipo e vir a falecer; Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 22 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados Con cuRsos Prof. Renan Araujo — Aula 02 A culpa, por sua vez, pode ser de diversas modalidades: + Culpa consciente e inconsciente - Na culpa consciente, 0 agente prevé o resultado como possivel, mas acredita que este no ira ocorrer. Na culpa inconsciente, o agente no prevé que o resultado possa ocorrer. A culpa consciente se aproxima muito do dolo eventual, pois em ambos o agente prevé o resultado e mesmo assim age. Entretanto, a diferenga é que, enquanto no dolo eventual + Culpa prépria e culpa imprépria - A culpa propria é aquela na qual o agente NAO QUER O RESULTADO criminoso. E a culpa propriamente dita. Pode ser consciente, quando o agente prevé o resultado como possivel, ou inconsciente, quando néo hd essa previséo. Na culpa imprépria, 0 agente quer o resultado, mas, por erro inescusavel, acredita que o esté fazendo amparado por uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. E © caso do pai que, percebendo um barulho na madrugada, se levanta e avista um vulto, determinando sua imediata parada. Como o vulto continua, o pai dispara trés tiros de arma de fogo contra a vitima, acreditando estar agindo em legitima defesa de sua familia. No entanto, ao verificar a vitima, percebe que 0 vulto era seu filho de 16 anos que havia saido escondido para assistir a um show de Rock no qual havia sido proibido de ir. Nesse caso, embora o crime seja naturalmente doloso (pois 0 agente quis o resultado), por questdes de politica criminal 0 Cédigo determina que Ihe seja aplicada a Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 23 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) i DELEGADO Estratégia Teoria e exerecios comentados ae Prof. Renan Araujo - Aula 02 pena correspondente 4 modalidade culposa. Nos termos do art. 20, § 1° do CP: § 1° - E isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstdncias, supée situac3o de fato que, se existisse, tornaria a aco legitima. No hd isencéo de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punivel como crime culposo.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) ™Cuidado! Nao existe a chamada -ompensaco de culpas" no Direito Penal brasileiro. EXEMPLO: Imaginem que Julio, dirigindo seu veiculo, avanca o sinal vermelho e colide com o veiculo de Carlos, que vinha na contramao. Ambos agiram com culpa e causaram-se lesées corporais. Nesse caso, ambos respondem pelo crime de lesdes corporais, um em face do outro. Frome nota! Ha ainda a figura do crime preterdoloso (ou preterintencional). 0 crime preterdoloso ocorre quando o agente, com vontade de praticar determinado crime (dolo), acaba por praticar crime mais grave, nao com dolo, mas por culpa. Um exemplo classico é 0 crime de les&o corporal seguida de morte, previsto no art. 129, § 3° do CP. Nesse crime o agente provoca lesées corporais na vitima, mediante conduta dolosa. No entanto, em razdo de sua imprudéncia na execugo (excesso), acabou por provocar a morte da vitima, que era um resultado nao pretendido (culpa). A Doutrina distingue, no entanto, o crime preterdoloso do efittie /qualificade [pelo resultado. Para a Doutrina, o crime qualificado pelo resultado é um género, do qual o crime preterdoloso é espécie. Um crime qualificado pelo resultado é aquele no qual, ocorrendo Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 24 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) Est eae DELEGADO it f ateg Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 determinado resultado, teremos a aplicacao de uma circunstancia qualificadora. Aqui é irrelevante se o resultado que qualifica o crime é doloso ou culposo. No delito preterdoloso, o resultado que qualifica © crime é, necessariamente, culposo. Ou seja, ha dolo na conduta inicial e culpa em relagao ao resultado que efetivamente ocorre. EXEMPLO: Mariana agride Luciana com a intenc&o apenas de lesiona-la (dolo de praticar o crime de lesdo corporal). Contudo, em razéo da forca empregada por Mariana, Luciana cai e bate com a cabeca no chao, vindo a falecer. Mariana fica chocada, pois de maneira alguma pretendia a morte de Luciana. Nesse caso, Mariana praticou o crime de les&o corporal seguida de morte, que é um crime preterdoloso (dolo na conduta inicial, mas resultado obtido a titulo de culpa - sem intenco). IV - CRIME CONSUMADO, TENTADO E IMPOSSIVEL. Todos os elementos citados como sendo partes integrantes do fato tipico (conduta, resultado naturalistico, nexo de causalidade ¢ tipicidade) so, no entanto, élementos'do//crime)material/consumado, que é aquele no qual se exige resultado naturalistico e no qual este resultado efetivamente ocorre. Nos termos do art. 14 do CP: Art. 14 - Diz-se 0 crime: (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) I = consumado, quando nele se retinem todos os elementos de sua definicéo legal; (Incluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) II - tentado, quando, iniciada a execugso, néo se consuma por circunstancias alheias & vontade do agente. (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 25 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) ee DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados Con cuRs Os Prof. Renan Araujo — Aula 02 Assim, nos crimes tentados, por néo haver sua consumagéo (ocorréncia de resultado naturalistico), n3o estaréo presentes, em regra, os elementos “resultado” e “nexo de causalidade”. Disse “em regra”, porque pode acontecer que um crime tentado produza resultados, que sero analisados de acordo com a conduta do agente e sua aptidao para produzi-los. EXEMPLO: Imaginem que Marcelo, visando & morte de Rodrigo, dispare cinco tiros de pistola contra ele. Rodrigo é baleado, fica paraplégico, mas sobrevive. Nesse caso, como o objetivo ndo era causar lesdo corporal, mas sim matar, 0 crime nao foi consumado, pois a morte nao ocorreu. Entretanto, n&o se pode negar que houve resultado naturalistico e nexo causal, embora este resultado no tenha sido o pretendido pelo agente quando da pratica da conduta criminosa. O crime consumado nés ja estudamos, cabe agora analisar as hipoteses de crime na modalidade tentada. Como disse a vocés, pode ocorrer de uma conduta ser enquadrada em determinado tipo penal sem que sua pratica corresponda exatamente ao que prevé o tipo. No caso acima, Marcelo respondera pelo tipo penal de homicidio (art. 121 do CP), na modalidade tentada (art. 14, II do CP). Mas se vocés analisarem, o art. 121 do CP diz “matar alguém”, Marcelo néo matou ninguém. Assim, como enquadra-lo na conduta prevista pelo art. 121? TSS0IslOlque chamamos de adequacao tipica mediata, conforme ja estudamos. Na adequacio tipica mediata o agente nao pratica exatamente a conduta descrita no tipo penal, mas em raz4o de uma outra norma que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo penal, ele deve responder pelo crime. Assim, no caso em tela, Marcelo sé responde pelo crime em razao da existéncia de uma norma que aumenta Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 26 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) pie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados ConCURSOS Prof. Renan Araujo — Aula 02 0 alcance objetivo (relativo 4 conduta) do tipo penal para abarcar também as hipdteses de tentativa (art. 14, II do CP). Tudo bem, galera? Vamos em frente! O inciso II do art. 14 fala em “circunstancias alheias a vontade do agente”. Isso significa que 0 agente inicia a execugao do crime, mas em raz&o de fatores externos, o resultado nao ocorre. No caso concreto que citei, 0 fator externo, alheio 4 vontade de Marcelo, foi provavelmente sua falta de preciséo no uso da arma de fogo e o socorro eficiente recebido por Rodrigo, que impediu sua morte. O § unico do art. 14 do CP diz: Art. 14 (...) Pardgrafo Unico - Salvo disposi¢So em contrario, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuida de um a dois tercos. (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Desta forma, o crime cometido na modalidade tentada nao é punido da mesma maneira que o crime consumado, pois embora o desvalor da conduta (sua reprovabilidade social) seja 0 mesmo do crime consumado, © desvalor do resultado (suas consequéncias na sociedade) é menor, indiscutivelmente. Assim, diz-se que’ \CP/adotou|a teoria dualistica, realista ou objetiva da punibilidade da tentativa. Mas qual o critério para aplicagéo da quantidade de diminuigo (1/3 ou 2/3)? Nesse caso, o Juiz deve analisar a proximidade de alcance do resultado. Quanto mais préxima do resultado chegar a conduta, menor seré a diminuicdo da pena, e vice-versa. No exemplo acima, como Marcelo quase matou Rodrigo, chegando a deixd-lo paraplégico, a diminuigéo seré a menor possivel (1/3), pois 0 resultado esteve perto de se consumar. Entretanto, se Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 27 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) es DELEGADO Est al ategia Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 Marcelo tivesse errado todos os disparos, o resultado teria passado longe da consumacio, devendo o Juiz aplicar a reducdo maxima. A tentativa pode ser: « Branca ou cruenta — quando o agente sequer atinge o objeto que pretendia lesar; * Vermetha ou cruenta - quando o agente atinge 0 objeto, mas n&o obtém o resultado naturalistico esperado, em razio de circunstancias alheias 4 sua vontade; + Tentativa perfeita - 0 agente esgota completamente os meios de que dispunha para lesar 0 objeto material; + Tentativa imperfeita - 0 agente, antes de esgotar toda a sua potencialidade lesiva, é impedido por circunstancias alheias. Exemplo: Marcelo possui um revélver com 06 projéteis. Dispara os 03 primeiros contra Rodrigo, mas antes de disparar o quarto é surpreendido pela chegada da Policia Militar. E possivel a mescla de espécies de tentativa entre as duas primeiras com as duas ultimas (cruenta e imperfeita, incruenta e imperfeita, etc.), mas nunca entre elas mesmas (cruenta e incruenta e perfeita e imperfeita), por questées ldgicas. ATENCAO, decore! Em regra, todos os crimes admitem tentativa. Entretanto, nao admitem tentativa: * Crimes culposos - Nestes crimes o resultado naturalistico nado é Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 28 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) oat DELEGADO Estratégia Teoria e exerccios comentados MEURSOS Prof. Renan Araujo — Aula 02 querido pelo agente, logo, a vontade dele nao é dirigida a um fim ilicito e, portanto, n&o ocorrendo este, néo hd que se falar em interrupco involuntaria da execugo do crime; * Crimes preterdolosos - Como nestes crimes existe dolo na conduta precedente e culpa na conduta seguinte, a conduta seguinte é culposa, nao se admitindo, portanto, tentativa; * Crimes unissubsistentes - Sdo aqueles que se produzem mediante um unico ato, n&o cabendo fracionamento de sua execucio. Assim, ou o crime é consumado ou sequer foi iniciada sua execugéo. EXEMPLO: Injuria. Ou 0 agente profere a injuria e 0 crime esté consumado ou ele sequer chega a proferi-la, nao chegando o crime a ser iniciado; * Crimes omissivos préprios - Seguem a mesma regra dos crimes unissubsistentes, pois ou o agente se omite, e pratica o crime na modalidade consumada ou nao se omite, hipétese na qual nao comete crime; * Crimes de perigo abstrato - Como aqui também ha crime unissubsistente (nao ha fracionamento da execugio do crime), no se admite tentativa; * Contravengées penais - Nao se admite tentativa, nos termos do art. 4° do Decreto-Lei n° 3.688/41 (Lei das Contravengdes penais); * Crimes de atentado (ou de empreendimento) - Sao crimes que se consideram consumados com a obteng&o do resultado ou ainda com a tentativa deste. Por exemplo: O art. 352 tipifica o crime de “evaséo”, dizendo: “evadir-se ou tentar evadir-se”... Desta maneira, ainda que nao consiga o preso se evadir, o simples fato de ter tentado isto j4 consuma o crime; * Crimes habituais - Nestes crimes, 0 agente deve praticar diversos atos, habitualmente, a fim de que o crime se consume. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 29 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) pe DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados Con cuRs os Prof. Renan Araujo — Aula 02 Entretanto, 0 problema é que cada ato isolado é um indiferente penal. Assim, ou o agente praticou poucos atos isolados, nao cometendo crime, ou praticou os atos de forma habitual, cometendo crime consumado. Exemplo: Crime de curandeirismo, no qual ou o agente pratica atos isolados, nao praticando crime, ou 0 faz com habitualidade, praticando crime consumado, nos termos do art. 284, I do CP. A) Crime impossivel Nos termos do Codigo Penal: Art. 17 - Nao se pune a tentativa quando, por ineficdcia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossivel consumar-se o crime, Redasao dada pela Lei n? 7.209, de 11.7.1984) Como podemos perceber, 6))//erimé!|/impossivel!|"/Guarda semelhancas com a tentativa, entretanto, com ela nao se confunde. Na tentativa, propriamente dita, o agente ini ja a execucéo do crime, mas por circunstancias alheias @ sua vontade o resultado nao se consuma (art. 14, II do CPC). No crime impossivel, diferentemente do que ocorre na tentativa, consumaria, em hipstese!nenhuma, ou pelo fato de que o meio utilizado € completamente ineficaz ou porque o objeto material do crime & impréprio para aquele crime. Vou dar dois exemplos: EXEMPLO: Imaginem que Marcelo pretenda matar sua sogra Maria. Marcelo chega, a surdina, de noite, e percebendo que Maria dorme no sofa, desfere contra ela 10 facadas no peito. No entanto, no laudo pericial se descobre que Maria j4 estava morta, em razéo de um mal Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 30 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) nie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados SueuRs os Prof. Renan Araujo — Aula 02 sUbito que sofrera horas antes. Nesse caso, 0 crime é impossivel, pois 0 objeto material (a sogra, Maria) no era uma pessoa, mas um cadaver. Logo, néo hé como se praticar o crime de homicidio em face de um cadaver. No mesmo exemplo, imagine que Marcelo pretenda matar sua sogra a tiros e, surpreenda-a na servidéo que dé acesso a casa. Entretanto, quando Marcelo aperta o gatilho, percebe que, na verdade, foi enganado pelo vendedor, que o vendeu uma arma de brinquedo. Nesse Ultimo caso o crime & impossivel, pois 0 meio utilizado por Marcelo é completamente ineficaz para causar a morte da vitima. Em ambos os casos temos hipétese de crime impossivel. Diz-se que, no que se refere & punibilidade da tentativa, 0 nosso CP adotou a teoria objetiva intermedidria ou temperada, pois se entende que a tentativa sempre é punivel, somente nfo o sendo quando houver inidoneidade total do objeto ou do meio empregado. Na verdade, o crime impossivel é uma espécie de tentativa, com a circunstancia de que jamais poderé se tornar consumacao, face a impropriedade do objeto ou do meio utilizado. Por isso, nao se pode punir a tentativa nestes casos, eis que ndo houve leso ou sequer exposigao a lesdo do bem juridico tutelado, nao bastando para a punicao do agente 0 mero desvalor da conduta, devendo haver um minimo de desvalor do resultado. "Cuidado! A ineficdcia do meio ou a impropriedade do objeto devem ser ABSOLUTAS, ou seja, em nenhuma hipétese, considerando aquelas circunstancias, 0 crime poderia se consumar. Assim, se Marcio atira em José, com intengéo de maté-lo, mas o crime ndo se consuma porque José usava um colete a prova de balas, ndo ha crime impossivel, pois o crime poderia se consumar. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 31 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) DELEGADO Estratégia Teorla e exerciclos comentados SEE EES Prof. Renan Araujo - Aula 02 Gi Jurisprudencia © STJ ja decidiu que a presenca de cdmeras e dispo: eletré entos comer: os de seguranca em estabele Assim, se © agente tenta sair do local com um produto escondido (furto), mas é detido pelos segurancas, n&o ha crime impossivel, pois havia uma possibilidade, ainda que pequena, de que ele conseguisse burlar o sistema e causar o prejuizo ao bem juridico tutelado (patriménio do estabelecimento). Meus amigos, cuidado para nao confundirem crime impossivel com crime putativo. 0 crime impossivel ¢ aquele que pode ser cometido, em tese, mas que no caso concreto, face a absoluta impropriedade do meio ou do objeto, nunca poder se consumar. J4 o crime putativo é aquele no qual o agente acredita estar praticando crime, quando na verdade ha um indiferente penal. 0 crime putativo pode ser de trés espécies: putativo por erro de tipo, erro de proibig&o e por obra do agente provocador. © crime putativo por erro de tipo ocorre quando o agente supde estar praticando crime, mas na verdade néo esta, pois esté ausente um dos elementos do tipo. Por exemplo: Marcelo olha um belo relégio sobre a mesa no trabalho e o furta. Mais tarde descobre que o relégio era um presente deixado pelo chefe, ou seja, o relégio era de sua propriedade. Assim, Marcelo acreditava estar furtando, mas por erro sobre o elemento do tipo “coisa alheia”, fez com que na verdade o crime fosse meramente putativo. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 32 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) nie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados ee Prof. Renan Araujo — Aula 02 Parte da Doutrina entende que o crime putativo por erro de tipo se assemelha ao crime impossivel, pois é impossivel se consumar um furto, por exemplo, de coisa prépria. Entretanto, a maioria doutrindria considera serem institutos diferentes. © crime putativo por erro de proibigéo ocorre quando o agente acredita que sua conduta é crime, quando néo . Imagine 0 caso de Poliana, que ditige seu carro em alta velocidade e colide com um veiculo parado, sem ninguém dentro. Assustada, Poliana foge, acreditando ter cometido crime. Entretanto, Poliana ndo sabe que o crime de dano culposo nao existe no Brasil. Por fim, © crime putativo por obra do agente provocador ocorre quando a alguém induz o agente a praticar o crime e, a0 mesmo tempo, adota providéncias para evitar a consumago. E 0 exemplo do “flagrante provocado”. O Policial, suspeitando de alguém, deixa um veiculo com as portas destravadas e com a chave na ignigdo, e fica escondido. Quando o agente entra no veiculo para furtd-lo, o policial efetua a prisdo. Nesse caso, 0 agente pensa estar cometendo crime, quando na verdade este nunca ira se consumar. O/STF leditouo|verbete|n°445/dalsualsGmula de jurisprudéncia, nesse sentido: ‘Nao hd crime quando a preparacao do flagrante pela policia torna impossivel a sua consumagao”. B) Desisténcia voluntaria e arrependimento eficaz Embora a Doutrina tenha se dividido quanto a definico da natureza juridica destes institutos, @)Déeutrina majoritaria entende Se tratar de Gauss de exclusao da tipicidade, pois nao tendo ocorrido o resultado, e também néo se tratando de hipétese tentada, nao ha como se punir o crime nem a titulo de consumacao nem a titulo de tentativa. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 33 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) DELEGADO Estratégia Teorla e exerciclos comentados Cou CURSOS Prof. Renan Araujo — Aula 02 Na desisténcia voluntaria 0 agente, por ato voluntario, desiste de dar sequéncia aos atos executérios, mesmo podendo fazé-lo. Conforme a classica FORMULAIDEIFRANK: Na tentativa - 0 agente quer, mas nao pode prosseguir. Na desisténcia voluntéria - © agente pode, mas néo quer prosseguir. Para que fique caracterizada a desisténcia voluntaria, é necessario que o resultado nao se consume em razio da desisténcia do agente. EXEMPLO: Se Patricia dispara um tiro de pistola em Nelson e, podendo disparar mais cinco, no 0 faz, mas este mesmo assim vem a falecer, Poliana responde por homicidio consumado. Se, no entanto Jason nao vem a 6bito, Poliana no responde por homicidio tentado (no hd tentativa, lembram-se?), mas por lesdes corporais. No arrependimentolJeficaz\/< diferente. Aqui 6) /agentel ja Praticou todos os atos executérios que queria e podia, mas apés isto, se arrepende do ato e adota medidas que acabam por impedir a consumacio do resultado. Imagine que no exemplo anterior, Poliana tivesse disparado todos 0s tiros da pistola em Jason. Depois disso, Poliana se arrepende do que fez e providencia 0 socorro de Jason, que sobrevive em razdo do socorro prestado. Neste caso, teriamos arrependimento eficaz. Ambos os institutos est&o previstos no art. 15 do CP: Art. 15 - 0 agente que, execusao 56 responde pelos atos J praticados.(Redacao dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 34 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) nie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados TueURSOS Prof. Renan Araujo — Aula 02 Para que estes institutos ocorram, é necessaério que a conduta (desisténcia voluntéria e arrependimento eficaz) impeca a consumagao do resultado. Se o resultado, ainda assim, vier a ocorrer, 0 agente responde pelo crime, incidindo, no entanto, uma atenuante de pena genérica, prevista no art. 65, III, b do CP. A Doutrina entende que também HA DESISTENCIA VOLUNTARIA quando o agente deixa de prosseguir na execucéo para fazé-la mais tarde, por qualquer motivo, por exemplo, para n&o levantar suspeitas. Nesse caso, mesmo no sendo nobre o motivo da desisténcia, a Doutrina entende que ha desisténcia voluntaria. Se 0 crime for cometido em concurso de pessoas e somente um deles realiza a conduta de desisténcia voluntaria ou arrependimento eficaz, esta circunstancia se comunica aos demais, pois como se trata de hipétese de exclusdo da tipicidade, o crime no foi cometido, respondendo todos apenas pelos atos praticados até entdo. C) Arrependimento posterior 0 arrependimento posterior, por sua vez, ndo exclui o crime, pois este j4 se consumou, mas é causa obrigatéria de diminuiggo de pena. Ocorre quando, nos crimes em que nao ha violéncia ou grave ameaca a pessoa, 0 agente, até o recebimento da dentincia ou queixa, repara o dano provocado ou restitui a coisa. Nos termos do art. 16 do CP: Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violéncia ou grave ameaca a pessoa, reparado o dano ou restituida a coisa, até o recebimento da denuncia ou da queixa, por ato voluntério do agente, a pena seré reduzida de um a dois tercos. (Redacao dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) EXEMPLO: Imagine 0 crime de dano (art. 163 do CP), no qual o agente quebra a vidraca de uma padaria, revoltado com 0 esgotamento do pao francés naquela tarde. Nesse caso, se antes do recebimento da queixa o Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 35 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo ~ Aula 02 agente ressarcir 0 prejuizo causado, ele respondera pelo crime, mas a pena aplicada devera ser diminuida de um a dois tercos. ‘A Doutrina entende que se a violéncia for culposa, pode ser aplicado © Instituto. Assim, se 0 agente comete leséo corporal culposa (violéncia culposa), e antes do recebimento da queixa paga todas as despesas médicas da vitima, presta todo o auxilio necessdrio, deve ser aplicada a causa de diminuig&o de pena. No caso de violéncia imprépria, a Doutrina se divide. A violéncia imprépria é aquela na qual n&o ha violéncia propriamente dita, mas 0 agente reduz a vitima a impossibilidade de defesa (ex. Amordaca e amarra 0 caixa da loja no crime de roubo). Parte da Doutrina entende que © beneficio pode ser aplicado, parte entende que nao pode. © arrependimento posterior também se comunica aos demais agentes (coautores). A Doutrina entende, ainda, que se a vitima se recusar a receber a coisa ou a reparacdo do dano, mesmo assim o agente deveré receber a causa de diminuicao de pena. © quantum da diminuicéo da pena (um tergo a dois tercos) ira variar conforme a celeridade com que ocorreu o arrependimento e a voluntariedade deste ato. Vamos sintetizar isso tudo? O quadro abaixo pode ajudar vocés na compreenséo dos institutos da tentativa, da desisténcia voluntaria, do arrependimento eficaz e do arrependimento posterior: Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 36 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 QUADRO ESQUEMATICO INSTITUTO RESUMO CONSEQUENCIAS TENTATIVA | Agente pratica a conduta | Responde pelo delituosa, mas por | crime, com circunstancias alheias a|reducdo de pena sua vontade, o resultado | de 1/3 a 2/3. no ocorre. DESISTENCIA | O agente INICIA a pratica da | Responde apenas VOLUNTARIA | conduta delituosa mas se|pelos atos ja arrepende, e CESSA | praticados. atividade criminosa (mesmo | Desconsidera-se 0 podendo continuar) e 0|“dolo inicial”, e o resultado nao ocorre. agente é punido apenas pelos danos que efetivamente causou. ARREPENDIMENTO | O agente INICIA a pratica da | Responde apenas EFICAZ conduta delituosa E|pelos atos ja COMPLETA A EXECUCAO DA | praticados. CONDUTA, mas se arrepende | Desconsidera-se 0 do que fez e toma as|“dolo inicial”, e o providéncias para que o|agente é punido resultado inicialmente | apenas pelos danos pretendido n&o ocorra. O|que efetivamente resultado NAO ocorre. causou. ARREPENDIMENTO|O agente completa. a|O agente tem a POSTERIOR execugio da __atividade | pena reduzida de criminosa e o resultado | 1/3 a 2/3. efetivamente ocorre. Porém, apés a ocorréncia do Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 37 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 resultado, 0 agente se arrepende E REPARA 0 DANO ou RESTITUI A COISA. 1. $6 pode ocorrer nos crimes cometidos sem violéncia ou grave ameaga & pessoa 2.56 tem validade se ocorre antes do recebimento da dendncia ou queixa. V - ILICITUDE 34 vimos que a conduta deve ser considerada um fato tipico para que 0 primeiro elemento do crime esteja presente. Entretanto, isso nao basta. Uma conduta enquadrada como fato tipico pode néo ser ilicita perante 0 direito. Assim, a ilicitude é a condicao de contrariedade da conduta perante o Direito. Estando presente o primeiro elemento (fato tipico), presume- se presente a ilicitude, devendo o acusado comprovar a existéncia de uma causa de exclusdo da ilicitude. Percebam, assim, que uma das funges do fato tipico é gerar uma presuncio de ilicitude da conduta, que pode ser desconstituida diante da presenga de uma das causas de exclusdo da ilicitude. As causas de exclusio da ilicitude podem ser: * Genéricas — Sd aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. Esto previstas na parte geral do Cédigo Penal, em seu art. 23; Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 + Especificas — Sao aquelas que so proprias de determinados crimes, n&o se aplicando a outros. Por exemplo: Furto de coisas comum, previsto no art. 156, §2°. Nesse caso, 0 fato de a coisa furtada ser comum retira a ilicitude da conduta. Porém, s6 nesse crime! As causas genéricas de excluséo da ilicitude so: a) estado de necessidade; b) legitima defesa; c) exercicio regular de um direito; d) estrito cumprimento do dever legal. Entretanto, a Doutrina majoritaria e a Jurisprudéncia entendem que existem causas supralegais de exclusdo da ilicitude (ndo previstas na lei, mas que decorrem da légica, como o consentimento do ofendido nos crimes contra bens disponiveis). A) ESTADO DE NECESSIDADE Esta previsto no art. 24 do Cédigo Penal: Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que no provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito préprio ou alheio, cujo sacrificio, nas circunstancias, nao era razodvel exigir-se, © Brasil adotou a teoria unitdria de estado de necessidade, que estabelece que o bem juridico protegido deve ser de valor igual ou superior ao sacrificado. EXEMPLO: Marcos e Jodo esto num avido que esté caindo. S6 ha uma mochila com paraquedas. Marcos agride Jodo até causar-Ihe a morte, a fim de que o paraquedas seja seu e ele possa se salvar. Nesse caso, 0 bem juridico que Marcos buscou preservar (vida) é de igual valor ao bem sacrificado (Vida de Jo&o). Assim, Marcos n&o cometeu crime, pois agiu coberto por uma excludente de ilicitude, que é 0 estado de necessidade. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 39 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) . DELEGADO Estratégia Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 No caso de o bem sacrificado ser de valor maior que o bem protegido, o agente responde pelo crime, mas tem sua pena diminuida. Nos termos do art. 24, § 2° do CP: Art. 24 ) § 20 - Embora seja razodvel exigir-se o sacrificio do direito ameacado, a pena poderd ser reduzida de um a dois tercos. Assim, se era razodvel entender que o agente deveria sacrificar 0 bem que na verdade escolheu proteger, ele responde pelo crime, mas em razSo das circunstancias tera sua pena diminuida de um a dois tercos, conforme o caso. Os requisitos para a configuracéo do estado de necessidade séo basicamente dois: a) a exist€ncia de uma situaco de perigo a um bem juridico préprio ou de terceiro; b) 0 fato necessitado (conduta do agente na qual ele sacrifica o bem alheio para salvar o proprio ou do terceiro). Entretanto, a situagao de perigo deve: * Nao ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou seja, se foi ele mesmo quem deu causa, no podera sacrificar o direito de um terceiro a pretexto de salvar o seu). EXEMPLO: © agente provoca ao naufragio de um navio e, para se salvar, mata um terceiro, a fim de ficar com 0 ultimo colete disponivel. Nesse caso, embora os bens sejam de igual valor, a situacéo de perigo foi criada pelo préprio agente, logo, ele nao estara agindo em estado de necessidade (parcela da Doutrina entende que mesmo nesse caso ha estado de necessidade, mas é minoritaria); * Perigo atual - O perigo deve estar ocorrendo. A lei nao permite o estado de necessidade diante de um perigo futuro, ainda que iminente; Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 40 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 * A situagéio de perigo deve estar expondo & leséo um bem juridico do préprio agente ou de um terceiro; * 0 agente nao pode ter o dever juridico de impedir o resultado. Quanto a conduta do agente, ela deve ser: + Inevitével - O bem juridico protegido s6 seria salvo daquela maneira. Nao havia outra forma de salvar o bem juridico; * Proporcional - O agente deve sacrificar apenas bens juridicos de menor ou igual valor ao que pretende proteger. termo “voluntariamente”, com relagdo a provocagiio da situagaio de perigo, é entendido pela Doutrina como dolo ou culpa. Assim, aquele que culposamente deu origem a aco de perigo nao podera se utilizar do instituto do estado de necessidade. estado de necessidade pode ser * Agressivo ~ Quando para salvar seu bem juridico o agente sacrifica bem juridico de um terceiro que ndo provocou a situacao de perigo; © Defensivo - Quando o agente sacrifica um bem juridico de quem ocasionou a situacao de perigo. Pode ser ainda: * Real - Quando a situagao de perigo efetivamente existe; * Putativo - Quando a situagao de perigo no existe de fato, apenas na imaginacao do agente. Imaginemos que no caso do colete salva-vidas, ao invés de ser o ultimo, existisse ainda uma sala repleta deles. Assim, a situago de perigo apenas Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 41 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) i DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados Nouns Os Prof. Renan Araujo — Aula 02 passou pela cabeca do agente, nao sendo a realidade, pois havia mais coletes. Nesse caso, 0 agente incorreu em erro, que se for um erro escusavel (0 agente néo tinha como saber da existéncia dos outros coletes), excluiré a imputag3o do delito (a maioria da Doutrina entende que teremos exclusdo da culpabilidade). J4 se o erro for inescusavel (0 agente era marinheiro ha muito tempo, devendo saber que existia mais coletes), 0 agente responde pelo crime cometido, MAS NA MODALIDADE CULPOSA, se houver previsdio em lei. Alguns pontos importantes: ESTADO DE NECESSIDADE |€ possivel, desde que ambos nao RECiPROCO tenham criado a situacao de perigo. COMUNICABILIDADE Existe. Se um dos autores houver praticado 0 fato em estado de necessidade, o crime fica excluido para todos eles. ERRO NA EXECUGAO Pode acontecer, e 0 agente permanece coberto pelo estado de necessidade. Ex.: Paulo atira em Mario, visando sua morte, para tomar-Ihe o ultimo colete do navio. Entretanto, acerta Jodo. Nesse caso, Paulo permanece acobertado pelo estado de necessidade, pois se considera praticado o crime contra a vitima pretendida, nao a atingida. MISERABILIDADE O STJ entende que a simples alegag3o de miserabilidade nao gera o estado de necessidade para Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 42 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 que seja excluida a ilicitude do fato. Entretanto, em — determinados casos, poderé excluir._ «Sa culpabilidade, em razio da inexigibilidade de conduta diversa (estudaremos mais a frente). B) LEGITIMA DEFESA Nos termos do art. 25 do CP: Art. 25 - Entende-se em legitima defesa quem, usando moderadamente dos ‘meios necessarios, repele injusta agressdo, atual ou iminente, a direito seu ‘ou de outrem. © agente deve ter praticado o fato para repelir uma agressao. Contudo, ha alguns requisitos: REQUISITOS PARA A CONFIGURACAO DA LEGITIMA DEFESA » Agressdo Injusta - Assim, se a agressdo é justa, nao ha legitima defesa, Dessa forma, 0 preso que agride o carcereiro que o esta colocando para dentro da cela néo age em legitima defesa, pois a agressao do carcereiro (empurrd-lo a forga) é justa; + Atual ou iminente - A agressdo deve estar acontecendo ou prestes a acontecer. Veja que aqui, diferente do estado necessidade, no ha necessidade de que o fato seja atual, bastando que seja iminente. Desta maneira, se Paulo encontra, em local ermo, Poliana, sua ex- mulher, que por vinganca ameacou maté-lo, e esta saca uma arma, Paulo podera repelir essa agressao iminente, pois ainda que nao tenha acontecido, n&o se pode exigir que Paulo aguarde Poliana comecar a efetuar os disparos (absurdo!); Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 43 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 - Contra direito préprio ou alheio — A agressao injusta pode estar acontecendo ou prestes a acontecer contra direito do préprio agente ou de um terceiro. Assim, se Paulo agride Roberto porque ele esté agredindo Poliana, ndo comete crime, pois agiu em legitima defesa da integridade fisica de terceiro (Poliana). Quando uma pessoa é atacada por um animal, em regra nao age em legitima defesa, mas em estado de necessidade, pois os atos dos animais ndo podem ser considerados injustos. Entretanto, se 0 animal estiver sendo utilizado como instrumento de um crime (dono determina ao co bravo que morda a vitima), o agente poderd agir em legitima defesa. Entretanto, a legitima defesa estaré ocorrendo em face do dono (lesdo ao seu patriménio, o cachorro), e nao em face do animal. Com relagao as agressées praticadas por inimputavel, a Doutrina se divide, mas a maioria entende que nesse caso ha legitima defesa, e nao estado de necessidade. Na legitima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de necessidade, 0 agredido (que age em legitima defesa) nao é obrigado a fugir do agressor, ainda que possa. A lei permite que o agredido revide e se proteja, ainda que Ihe seja possivel fugir! A reacao do agente, por sua vez, deve ser proporcional. Ou seja, os meios utilizados por ele devem ser suficientes e necessérios a repelir a agresso injusta. EXEMPLO: Se um ladrao rouba uma caneta, a vitima no pode matar este ladrao para repelir esta agressio ao seu patriménio, pois ainda que © meio utilizado seja suficiente para que o patriménio seja preservado, nao é proporcional sacrificar a vida de alguém por causa de uma caneta. Mas nem se for uma Mont Blanc de R$ 5.000,00? Nai Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 44 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) . DELEGADO Est ra at, ES | gia Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 A legitima defesa pode ser: * Agressiva ~ Quando o agente pratica um fato previsto como infraco penal. Assim, se A agride B e este, em legitima defesa, agride A, esté cometendo lesdes corporais (art. 129), mas nao ha crime, em razio da presenga da causa excludente da ilicitude; * Defensiva - O agente se limita a se defender, no atacando nenhum bem juridico do agressor. * Propria - Quando o agente defende seu préprio bem juridico; * De terceiro - Quando defende bem juridico pertencente a outra pessoa; * Real ~ Quando a agressao a iminéncia dela acontece, de fato, no mundo real; = Putativa - Quando o agente pensa que esta sendo agredido ou que esta agressdo ird ocorrer, mas, na verdade, trata-se de fruto da sua imaginago. Aqui, aplica-se 0 que foi dito acerca do estado de necessidade putativo! A legitima defesa nao é presumida. Aquele que a alega deve provar sua ocorréncia, pois, como estudamos, a existéncia do fato tipico tem o condao de fazer presumir a ilicitude da conduta, cabendo ao acusado provar a existéncia de uma das causas de exclusdo da ilicitude. INDO fale fundo CUIDADO! A legitima defesa sucessiva € possivel! E aquela na qual © agredido injustamente, acaba por se exceder nos meios pra repelir a agress&o. Nesse caso, como ha excesso, esse excesso n&o é permitido. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 45 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 Logo, aquele que primeiramente agrediu, agora podera agir em legitima defesa. Se A agride B com tapas leves, e B saca uma pistola e comeca a disparar contra A, que se afasta e para de agredi-lo, caso B continue e atirar, A poder sacar sua arma e atirar contra B, pois a conduta de A se configura como excesso na reacdo, e B estaré agindo em legitima defesa sucessiva. Da mesma forma que no estado de necessidade, se o agredido erra ao revidar a agressdo e atinge pessoa que nao tem relacio com a agress&o (erro sobre a pessoa), continuaré amparado pela excludente de ilicitude, pois 0 crime se considera praticado contra a pessoa visada, ndo contra a efetivamente atingida. No caso de legitima defesa de terceiro, duas hipéteses podem ocorrer: * © bem do terceiro que esta sendo lesado é disponivel (bens materiais, etc.) - Nesse caso, 0 terceiro deve concordar com que 0 agente atue em seu favor; * © bem do terceiro & indisponivel (Vida, por exemplo) — Nesse caso, 0 agente poderd repelir esta agressdo ainda que o terceiro n&o concorde com esta atitude, pois o bem agredido é um bem de cardter indisponivel. Vocés devem ficar atentos a alguns pontos: > Nao cabe legit a defesa ima defesa real em face de legi real, pois se o primeiro age em legitima defesa real, sua agressdo no é injusta, o que impossibilita reac&io em legitima defesa. i Cabe legitima defesa real em face de legitima defesa putativa. Assim, se A pensa estar sendo ameacado por B e o agride (legitima defesa putativa), B podera agir em legitima defesa Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 46 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 real. Isto porque a atitude de A nao é justa, logo, é uma agressao injusta, de forma que B poderd se valer da legitima defesa (A até pode n&o ser punido por sua conduta, mas isso se dara pela exclusao da culpabilidade em razo da legitima defesa putativa). > Se o agredido se excede, o agressor passa a poder agir em legitima defesa (legitima defesa sucessiva). > Sempre cabera legitima defesa em face de conduta que esteja acobertada apenas por causa de exclusio da culpabilidade (pois nesse caso a agressdo é tipica e ilicita, embora néo culpavel). > NUNCA haveré possibilidade de legitima defesa real em face de qualquer causa de exclusio da ilicitude real. (C) ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL Nos termos do art. 23, III do CP: Art. 23 - Nao hd crime quando 0 agente pratica o fato: (od III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercicio regular de direito. Age acobertado por esta excludente aquele que pratica fato tipico, mas o faz em cumprimento a um dever previsto em lei. Assim, o Policial tem o dever legal de manter a ordem publica. Se alguém comete crime, eventuais lesdes corporais praticadas pelo policial (quando da perseguicao) nao sao consideradas ilicitas, pois embora tenha sido provocada lesdo corporal (prevista no art. 129 do CP), o policial agiu no estrito cumprimento do seu dever legal. Se um terceiro colabora com aquele que age no estrito cumprimento do dever legal, a ele também se estende essa causa de exclusio da ab jade. ilicitude. Diz-se que ha comur Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 47 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 E muito comum ver pessoas afirmarem que INDO essa causa sé se aplica aos funcionarios Mais FUNdO | papiicos. ERRADO! © particular também : pode agir no estrito cumprimento do dever legal. O advogado, por exemplo, que se nega a testemunhar sobre fato conhecido em razSo da profisséio, n&o pratica crime, pois esta cumprindo seu dever legal de sigilo, previsto no estatuto da OAB. Esse é apenas um exemplo. D) EXERCICIO REGULAR DE UM DIREITO © Cédigo Penal prevé essa excludente da ilicitude também no art. 23, pa Art. 23 - Nao hd crime quando o agente pratica o fato: ) III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercicio regular de direito. Dessa forma, quem age no legitimo exercicio de um direito seu, ndo poderé estar cometendo crime, pois a ordem juridica deve ser harménica, de forma que uma conduta que é considerada um direito da pessoa, ndo pode ser considerada crime, por questdes ldgicas. Trata-se de preservar a coeréncia do sistema’. Mas o direito deve estar previsto em lei? Sim! A Doutrina majoritéria entende que os direitos derivados dos costumes locais néo podem ser invocados como causas de exclus&o da ilicitude. 10 Prof, Zaffaroni entenderia que, neste caso, 0 fato € atipico, pois, pela sua teoria da tipicidade conglobante, um fato nunca poderd ser tipico quando sua pratica foi tolerada ou determinada pelo sistema juridico. Fica apenas o registro, mas essa teorla no é adotada pelo CP e Doutrinariamente é discutida. Lembrem-se: Fica apenas o registro. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 48 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) . DELEGADO Est gia Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 trates Quando um atleta entra no octagon (aquela jaula das artes marciais mistas, antigo vale-tudo), e agride o outro atleta, esté causando-Ihe lesdes corporais (art. 129 do CP). Entretanto, néo comete crime, pois tem esse direito j4 que ambos estéo se submetendo a uma pratica desportiva que permite esse tipo de conduta. CUIDADO! Se esse mesmo atleta descumprir as regras do esporte (chutar a cabeca do outro atleta caido, por exemplo) e causar-Ihe lesdes, poderé responder pelo crime que cometer, pois nao Ihe é permitido fazer isso! E) EXCESSO PUNIVEL © excesso punivel é 0 exercicio irregular de uma causa excludente da ilicitude, seja porque n&o hé mais a circunstancia que permitia seu exercicio (cessou a agressao, no caso da legitima defesa, por exemplo, seja porque o meio utilizado n&o é proporcional (agredido saca uma metralhadora para repelir um tapa, no caso da legitima defesa). No primeiro caso, temos 0 excesso extensive, e no segundo, o excesso intensivo. Nesses casos, a lei prevé que aquele que se exceder responderd pelos danos que causar, art. 23, § Unico do CP: Art. 23 (...) Parégrafo unico - O agente, em qualquer das hipéteses deste artigo, responderé pelo excesso doloso ou culposo. Aplica-se a qualquer das causas excludentes da ilicitude. Assim, o policial que, apés prender o ladrao, comega a desferir-Ihe socos no rosto, no estaré agindo amparado pelo estrito cumprimento do dever legal, pois est se excedendo. Bons estudos! Prof. Renan Araujo Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 49 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 RESUMO Frome not + CRIME = Fato tipico, ilicito e culpavel (Teoria Tripartida). * FATO TiPICO = Conduta + resultado naturalistico + nexo de causalidade + tipicidade. A conduta é igual 4 acdo + vontade; * O dolo e a culpa (elementos subjetivos) integram a CONDUTA, por isso esto situados dentro do fato tipico, e ndo na culpabilidade (ADOCAO DA TEORIA FINALISTA); * Os crimes formais e os crimes de mera conduta se consumam com a mera pratica da conduta descrita no tipo penal, motivo pelo qual nesses crimes basta CONDUTA + TIPICIDADE para a consumacao, dispensando-se o resultado naturalistico e, claro, o nexo de causalidade (Pois nada foi causado); * S6 se pune a conduta culposa (aquela decorrente da inobservancia de um dever de cuidado) quando houver expressa previs&o legal nesse sentido. Caso contrario, somente a conduta dolosa é punida. * O crime tentado é punido sempre com uma reducdo de pena em relagdo ao consumado, que varia de 1/3 a 2/3; + A tentativa pode ser perfeita ou imperfeita, branca ou vermelha. Todas so sempre consideradas puniveis, salvo se a lei disser que n&o ha punig&o pela tentativa ou exigir que ela seja vermelha (cruenta), ou seja, que a vitima chegue a ser lesionada; * No crime impossivel, a impropriedade do objeto e a ineficdcia do meio devem ser ABSOLUTAS; Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 * Ocorrendo desisténcia voluntaria ou arrependimento eficaz, 0 agente é punido apenas pelos atos ja praticados, e NAO PELO RESULTADO; * No arrependimento posterior o agente responde pelo resultado, mas com pena reduzida de um a dois tercos; * As causas de exclusiio da ilicitude podem ser genéricas (previstas no CP e aplicdveis a qualquer delito) ou especificas (quando previstas para terem aplicacdo a apenas um ou alguns delitos); * Em qualquer hipétese de excludente de ilicitude, 0 agente deve agir moderadamente, sob pena de, ocorrendo excesso, ser por ele PUNIDO (EXCESSO PUNIVEL), nos termos do art. 23, § Unico do cP. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br side 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 QUESTOES HORA DE raticar! 01 - (FGV - 2010 - AP - FISCAL DA RECEITA ESTADUAL) Trata-se de hipétese de exclusao de culpabilidade: a) estado de necessidade. b) estrito cumprimento de dever legal. c) erro inevitavel sobre a ilicitude do fato. d) exercicio regular de direito. e) legitima defesa. 02 - (FGV - 2013 - TCE-BA - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO) A doutrina majoritaria brasileira reconhece como elementos do crime a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade. Sobre estes elementos, assinale a assertiva incorreta. a) © Superior Tribunal de Justiga reconhece que a falta de tipicidade material pode, por si s6, tornar o fato atipico b) A legitima defesa, o estado de necessidade, a obediéncia hierérquica e 0 exercicio regular do direito sdo causas excludentes da ilicitude ou antijuridicidade. c) © agente, em qualquer das hipdteses de exclusdo da ilicitude, responderd pelo excesso doloso ou culposo Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina $2 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 d) O pai que protege a integridade fisica de seu filho do ataque de um animal esté amparado pela excludente da ilicitude do estado de necessidade. e) A embriaguez voluntaria e até mesmo a culposa nao excluem a imputabilidade penal. 03 - (FGV - 2010 - SEAD-AP - AUDITOR DA RECEITA DO ESTADO - PROVA 1) Um funcionario publico apropria-se de valores particulares, dos quais tinha posse em razéo do cargo, em proveito préprio. Posteriormente, acometido por um conflito moral, arrepende-se e, antes do recebimento da denuncia, por ato voluntério, restitui os valores indevidamente apropriados e repara totalmente os danos decorrentes de sua conduta. De acordo com o Cédigo Penal, a hipstese sera de: a) causa de inadequagio tipica pelo arrependimento eficaz. b) desisténcia voluntaria com exclusdo da tipicidade. c) arrependimento posterior que extingue a punibilidade. 4) circunstancia atenuante genérica pela reparacio eficaz do dano. e) causa de diminuic&o de pena pelo arrependimento posterior. 04 - (FGV - 2008 - TCM-RJ - AUDITOR) So consideradas causas legais de exclusao da ilicitude: a) estado de necessidade, legitima defesa e embriaguez voluntaria. b) estado de necessidade, legitima defesa, coacdo moral resistivel e obediéncia hierarquica de ordem nao manifestamente ilegal. c) estado de necessidade, legitima defesa, coacéo moral irresistivel e obediéncia hierdrquica de ordem n&o manifestamente ilegal. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 53 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) oat DELEGADO Estratégia Teoria e exerccios comentados MEURSOS Prof. Renan Araujo — Aula 02 d) coagéo fisica irresistivel, obediéncia hierérquica de ordem nao manifestamente ilegal, estado de necessidade, legitima defesa, exercicio regular do direito, estrito cumprimento do dever legal e embriaguez voluntaria. e) estado de necessidade, legitima defesa, exercicio regular do direito e estrito cumprimento do dever legal. 05 - (FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VII - PRIMEIRA FASE) Filolau, querendo estuprar Filomena, deu inicio & execugao do crime de estupro, empregando grave ameaca a vitima. Ocorre que ao se preparar para o coito vaginico, que era sua Unica intengdo, nao conseguiu manter seu pénis ereto em virtude de falha fisiolégica alheia & sua vontade. Por conta disso, desistiu de prosseguir na execucio do crime e abandonou o local. Nesse caso, é correto afirmar que a) trata-se de caso de desisténcia voluntaria, razio pela qual Filolau no responderé pelo crime de estupro. b) trata-se de arrependimento eficaz, fazendo com que Filolau responda tao somente pelos atos praticados. c) a conduta de Filolau é atipica. 4) Filolau deve responder por tentativa de estupro. 06 - (FGV - 2008 - SENADO FEDERAL - ADVOGADO) Relativamente ao Direito Penal Brasileiro, analise as afirmativas a seguir: I. Os crimes unissubsistentes, habituais proprios, comissivos e permanentes na forma omissiva n3o admitem tentativa. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 5 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 II. Considera-se desisténcia voluntéria ou arrependimento posterior a conduta do agente que, depois de consumado o crime, repara o dano causado respondendo o agente somente pelos fatos praticados. IIL. Considera-se impossivel 0 crime quando o meio utilizado pelo agente é relativamente incapaz de alcangar o resultado. IV. Nos crimes tentados, aplica-se a pena do crime consumado reduzindo- a de 1/3 a 2/3, ao passo que no arrependimento eficaz se aplica a pena do crime consumado reduzindo-a de 1/6 a 1/3. Assinale: a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. b) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. c) se apenas as afirmativas I e IV estiverem corretas. d) se nenhuma afirmativa estiver correta. e) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. 07 - (FGV - 2008 - SENADO FEDERAL - POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL) Em relacdo & responsabilidade do agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execugéo ou impede que o resultado se produza, é correto afirmar que: a) nao ha nenhuma responsabilidade criminal possivel. b) 0 agente responde apenas pelos atos praticados. c) © agente seré punido com a pena do crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3. d) nao obstante a desisténcia ou o impedimento da producéo do resultado, o agente responderd pelo crime tal como se ele tivesse sido consumado. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 55 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) nie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados TucuRSOS Prof. Renan Araujo — Aula 02 e) se trata de hipdtese de erro de tipo, que exclui a responsabilidade penal, salvo se inescusavel. 08 - (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR) Os crimes que resultam do nao fazer 0 que a lei manda, sem dependéncia de qualquer resultado naturalistico, s80 chamados de A) comissivos por omiss&o. B) formais. C) omissivos préprios. D) comissivos. E) omissivos impréprios. 09 - (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR) No estado de necessidade, A) ha necessariamente reacao contra agressao. B) 0 agente responder apenas pelo excesso culposo. C) deve haver proporcionalidade entre a gravidade do perigo que ameacga © bem juridico e a gravidade da lesdo causada. D) a ameaca deve ser apenas a direito préprio. E) inadmissivel a modalidade putativa. 10 - (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR) Para a doutrina finalista, o dolo integra a A) culpabilidade. B) tipicidade. ©) ilicitude. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 56 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 D) antijuridicidade. E) punibilidade. 11 - (FCC - 2011 - TCM/BA - PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS) A disposic&o legal contida no art. 13, paragrafo segundo do CP, segundo a qual a omiss&o apresenta valor penal quando o agente devia e podia agir para evitar o resultado, corresponde corretamente a ideia ou ao conceito de A) causalidade normativa. B) possibilidade de punicdo superveniente de causa independente ao delito. C) causalidade entre a omissio e o resultado naturalistico. D) desnecessaria conjugacao do dever legal e possibilidade real de agir. E) regra aplicével somente aos crimes omissivos proprios. 12 - (FCC - 2008 - TCE/AL - PROCURADOR) A relacéo de causalidade A) n&o fica excluida pela superveniéncia de causa relativamente independente. B) ndo esta regulada, em nosso sistema, pela teoria da equivaléncia dos antecedentes causais. C) € normativa nos crimes omissivos impréprios ou comissivos por omissao. D) é dispensavel nos crimes materiais. E) é imprescindivel nos crimes formais. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina $7 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 13 - (FCC - 2008 - MPE/RS - SECRETARIO DE DILIGENCIAS) Quem, supondo por erro plenamente justificdvel pelas circunstancias, que esta sendo injustamente agredido, repele moderadamente e usando dos meios necessarios a suposta agressdo, age A) em legitima defesa putativa. B) em estado de necessidade. C) em estado de necessidade putativo. D) no exercicio regular de um direito. E) no estrito cumprimento de um dever legal. 14 - (FCC - 2009 - TJ/SE - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Constituem elementos do estado de necessidade: A) Perigo atual ou iminente, que o agente no tenha provocado, nem Podia de outro modo ter evitado. B) Reac&o a injusta agressdo, atual ou iminente, fazendo uso dos meios necessérios moderadamente. C) Agressao atual, defesa de direito préprio ou de outrem e reacdo moderada. D) Existéncia de perigo atual, cujo sacrificio, nas circunstancias era razoavel exigir-se. E) Defesa de direito préprio ou de outrem, voluntariamente provocado pelo agente e exigibilidade de conduta diversa. 15 - (FCC - 2012 - TCE/AP - CONTROLE EXTERNO) Denomina-se tipicidade Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 58 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 a) a desconformidade do fato com a ordem juridica considerada como um todo. b) a adequagao do fato concreto com a descric&o do fato delituoso contida na lei penal. c) 0 nexo material entre a conduta do agente e o resultado lesivo. d) 0 nexo subjetivo entre a inteng3o do agente e o resultado lesivo. e) a correspondéncia entre o resultado e a possibilidade de previsio de sua ocorréncia por parte do agente. 16 - (FCC - 2012 - TCE/AP - CONTROLE EXTERNO) A respeito da tentativa, considere: I.0 meio empregado é absolutamente ineficaz para a obtenc3o do resultado. II. 0 agente suspende espontaneamente a execucao do delito apés té-la iniciado. III. 0 meio empregado é relativamente inidéneo para a obtencdo do resultado. IV. 0 agente suspende a execucdo do delito em razdo da resisténcia oposta pela vitima. V. 0 agente, apés ter esgotado os meios de que dispunha para a pratica do crime, impede que o resultado se produza. Ha crime tentado nas situacées indicadas APENAS em a) Ile Iv. b)lelv. o)L Mel. 4) Mell. e) II, Ill, IVev. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 59 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 17 - (FCC - 2012 - TCE/AP - CONTROLE EXTERNO) Denomina-se tipicidade a) a desconformidade do fato com a ordem juridica considerada como um todo. b) a adequagao do fato concreto com a descricéio do fato delituoso contida na lei penal. c) © nexo material entre a conduta do agente e o resultado lesivo. d) 0 nexo subjetivo entre a inteng&o do agente e o resultado lesivo. e) a correspondéncia entre o resultado e a possibilidade de previsdo de sua ocorréncia por parte do agente. 18 - (FCC - 2012 - DPE-SP - DEFENSOR PUBLICO) Assinale a alternativa correta. a) 0 ordenamento penal estende a relaco de causalidade a qualquer resultado causado pela acdo, ainda que imprevisivel, em razio da aplicagao do principio versari in re ilicita. b) A miso do Direito Penal é a proteg3o de bens juridicos, o que justifica a antecipac&io da intervenc&o penal aos atos que antecedem o inicio da pratica dos atos executivos. c) Pela teoria da imputacao objetiva, o resultado deve ser imputado ao agente de maneira objetiva, isto é, ainda que nao tenha ele agido com dolo ou culpa. d) O desvalor da ac&o e o desvalor do resultado devem ser aferidos a partir da les&o ou exposicao a risco do bem juridico tutelado e) A inocuidade da aco dolosa ao bem juridico tutelado pela norma penal no serve para atestar a atipicidade da conduta se o nimo do agente mostra que conduz sua vida de maneira reprovavel. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 60 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO faEstratégia Teoria e exerciclos comentados Con cuRsos Prof. Renan Araujo — Aula 02 19 - (FCC - 2009 - DPE-MA - DEFENSOR PUBLICO) No trajeto do transporte de dois presos para o foro criminal por agentes penitenciérios um deles saca de um instrumento perfurante e desfere diversos golpes contra 0 outro preso. Os agentes da lei presenciaram a ago desde o inicio e permaneceram inertes. Na conduta dos agentes a) hd amparo pela excludente de ilicitude do exercicio regular do direito, deixando de agir por exposic&o do risco as préprias vidas. b) a omiss&o é penalmente irrelevante porque a causalidade é fatica. c) no hd punic&o porque o Estado criou o risco da ocorréncia do resultado. d) a omissio é penalmente relevante porque a causalidade é normativa. )a omisséo é penalmente relevante porque a causalidade é fatica- normativa. 20 - (FCC - 2008 - PGM-SP - PROCURADOR) Crimes omissivos impréprios ou comissivos por omisso so aqueles a) que se consumam antecipadamente, no dependendo da ocorréncia do resultado desejado pelo agente. b) em que o agente, por deixar de fazer o que estava obrigado, produz o resultado. c) que decorrem do nao fazer 0 que a lei determina, sem dependéncia de qualquer resultado naturalistico. d) em que a lei descreve a conduta do agente e o seu resultado. e) em que a lei sé descreve a conduta do agente, no aludindo a qualquer resultado. 21 - (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA) Dentre os elementos do fato tipico, NAO se inclui Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 61 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 a) 0 resultado. b) a aco ou a omissao. c) 0 dolo ou a culpa. d) a relac&o de causalidade. e) a tipicidade. 22 - (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA) Joao, dirigindo um automével, com pressa de chegar ao seu destino, avangou com o veiculo contra uma multid&o, consciente do risco de ocasionar a morte de um ou mais pedestres, mas sem se importar com essa possibilidade. Joao agiu com a) dolo direto. b) culpa. c) dolo indireto. d) culpa consciente. e) dolo eventual. 23 - (FCC - 2006 —- BANCO CENTRAL —- PROCURADOR) O resultado é prescindivel para a consumacio nos crimes a) materiais e de mera conduta. b) formais e materiais. c) formais e omissivos imprdoprios. 4) omissivos préprios e materiais. e) de mera conduta e formais. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 62 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO faEstratégia Teoria e exerciclos comentados CoN cuRs os Prof. Renan Araujo — Aula 02 24 - (FCC - 2006 - BANCO CENTRAL - PROCURADOR) Os crimes culposos a) admitem tentativa. b) nao dispensam a previsibilidade do resultado pelo agente. c) n&o admitem coautoria. d) independem de expressa previsao legal. ) nao admitem a substituicgo da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 25 - (ESAF - 2004 - MPU - TECNICO ADMINISTRATIVO) No tocante a relac&o de causalidade, prevista no art. 13 do Cédigo Penal, pode-se afirmar que A) a superveniéncia de causa relativamente dependente exclui a imputacao quando, por si s6, produziu o resultado. B) a omissdo é penalmente relevante quando o omitente nao podia e nao devia agir para evitar o resultado. C) a superveniéncia de causa relativamente independente nao exclui a imputac&o quando, por si s6, produziu o resultado. D) © resultado, de que depende a existéncia do crime, somente & imputavel a quem Ihe deu causa. E) se considera causa somente a acdo sem a qual o resultado teria ocorrido. 26 - (ESAF - 2004 - MPU - ANALISTA - ADMINISTRACAO) A diferenca entre dolo eventual e culpa consciente consiste no fato de que: Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 63 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 A) no dolo eventual a vontade do agente visa a um ou outro resultado; e na culpa consciente o sujeito ndo prevé o resultado, embora este seja previsivel. B) no dolo eventual a vontade do agente nao visa a um resultado preciso e determinado; e na culpa consciente o agente conscientemente admite e aceita 0 risco de produzir o resultado. C) no dolo eventual, ndo € suficiente que o agente tenha se conduzido de maneira a assumir o resultado, exige-se mais, que ele haja consentido no resultado; j4 na culpa consciente, o sujeito prevé o resultado, mas espera que este ndo aconteca. D) se 0 agente concordou em ultima instancia com o resultado, nao agiu com dolo eventual, mas com culpa consciente. E) se ndo assumiu o risco de produzir, mas t&o-s6 agiu com negligéncia, houve dolo eventual e nao culpa consciente. 27 - (ESAF - 2004 - MPU - ANALISTA - ADMINISTRACAO) Quanto ao arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do Cédigo Penal, pode-se afirmar que A) no ha limite temporal para a sua aplicacao. B) a reduc&o de pena é aplicdvel aos crimes cometidos com ou sem violéncia ou grave ameaca a pessoa. C) se trata de mera atenuante e n&o de causa obrigatéria de diminuicao de pena. D) a pena pode ser reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois tercos). E) a reparagdo do dano exigida nao precisa ser efetiva, bastando a simples intengdo de fazé-la. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 64 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO faEstratégia Teoria e exerciclos comentados SEE FES Prof. Renan Araujo - Aula 02 28 - (ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL - PROVA 1) Com relagao a aplicaco da lei penal, analise 0 caso abaixo e o enquadre na teoria do crime prevista no Cédigo Penal Brasileiro, assinalando a assertiva correta. Carlos atira em Jo3o com a inteng3o de matd-lo. Entretanto, a bala passa de rasp30 no braco de Jo&o. Este é socorrido e levado para o hospital. Tragicamente, o hospital é incendiado por Abelardo que deseja matar todos os pacientes do hospital e Jodo morre carbonizado. A) Carlos devera ser denunciado por tentativa de homicidio. B) Abelardo no pode ser denunciado pelo homicidio de Joao. C) Abelardo n&o cometeu crime algum em relacao a Joao. D) Carlos devera ser denunciado por homicidio. E) Carlos e Abelardo deveréo ser denunciados em concurso de agentes como co-autores do homicidio de Jodo. 29 - (ESAF - 2006 - MTE - AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - PROVA 2) © agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execugao do crime, responde: A) pela pratica do crime tentado. B) pela pratica do crime consumado. C) somente pelos atos ja praticados. D) pelo crime consumado, mas reduzida a pena de um a dois tergos em virtude do arrependimento posterior. E) pelo crime consumado, sem qualquer reducao da pena. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — PC-PE (2015) ae DELEGADO Est gla Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 30 - (FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO) trates Apolo foi ameacado de morte por Hades, conhecido matador de aluguel. Tendo tido ciéncia, por fontes seguras, que Hades o mataria naquela noite e, com o intuito de defender-se, Apolo saiu de casa com uma faca no bolso de seu casaco. Naquela noite, ao encontrar Hades em uma rua vazia e escura e, vendo que este colocava a m&o no bolso, Apolo precipita-se e, objetivando impedir o ataque que imaginava iminente, esfaqueia Hades, provocando-Ihe as lesées corporais que desejava. Todavia, apés 0 ocorrido, 0 préprio Hades contou a Apolo que nao ia maté-lo, pois havia desistido de seu intento e, naquela noite, foi ao seu encontro justamente para dar-lhe a noticia. Nesse sentido, é correto afirmar que A) havia dolo na conduta de Apolo. B) mesmo sendo 0 erro escusavel, Apolo nao é isento de pena. C) Apolo nao agiu em legitima defesa putativa. D) mesmo sendo o erro inescusdvel, Apolo responde a titulo de dolo. 31 - (FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) José conversava com Anténio em frente a um prédio. Durante a conversa, José percebe que Jodo, do alto do edificio, jogara um vaso mirando a cabeca de seu interlocutor. Assustado, e com o fim de evitar a possivel morte de Anténio, José 0 empurra com forga. Anténio cai e, na queda, fratura 0 braco. Do alto do prédio, Joo vé a cena e fica irritado ao perceber que, pela atuagdo rapida de José, ndo conseguira acertar 0 vaso na cabeca de Anténio. Com base no caso apresentado, segundo os estudos acerca da teoria da imputac&o objetiva, assinale a afirmativa correta. A) José praticou lesao corporal culposa. B) José praticou lesdo corporal dolosa. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 66 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 C) O resultado n&o pode ser imputado a José, ainda que entre a lesdo e sua conduta exista nexo de causalidade. D) 0 resultado pode ser imputado a José, que agiu com excesso e sem a observancia de devido cuidado. 32 - (ESAF - 2012 - CGU - ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE) Marque a opcao correta. a) Quanto ao Lugar do crime, o Direito brasileiro adotou a Teoria da Atividade segundo a qual o Lugar do delito é aquele em que se verificou 0 ato executivo. b) O principio da irretroatividade da lei penal é corolario do principio da anterioridade da lei penal e limita-se as normas penais de cardter material. c) O Cédigo Penal Brasileiro adotou, em relag3o ao dolo, a Teoria da Representagdo, segundo a qual para a existéncia do dolo é suficiente a representacSo subjetiva ou a previséo do resultado como certo ou provavel. d) Os crimes comissivos por omiss&0 s&o objetivamente descritos com uma conduta negativa, no se exigindo um resultado naturalistico. e) O conceito analitico de crime, segundo a Teoria Tripartite, crime é fato tipico, antijuridico, culpavel e punivel. 33 - (ESAF - 2012 - CGU - ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE) A respeito do crime, é correto afirmar: a) crime consumado é aquele que retine todos os elementos de sua definicéo legal e crime tentado aquele que iniciada a execug&o, nao se consuma por circunstancias relacionadas @ falha na execucio ou a vontade do agente. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 67 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 b) ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, sen&o quando 0 pratica dolosamente. c) no se pune a tentativa quando, por ineficdcia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossivel consumar-se o crime. d) diz-se culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudéncia, negligéncia ou impericia ou quando, ao menos, assumiu o risco de produzir o resultado. e) é hipétese de exclusdo de ilicitude quando o agente pratica o fato no exercicio regular de direito, ou se o fato é cometido sob coacéo irresistivel. 34 - (FCC - 2013 - ASSEMBLEIA LEGISLATIVA-PB - PROCURADOR) © pardgrafo nico do art. 14 do Cédigo Penal pune a tentativa, caracterizando-se como norma de extensdo da a) tipicidade. b) desisténcia voluntaria. c) culpabilidade formal. 4) culpabilidade material. e) reprovacao social. 35 - (FCC - 2013 - TCE-SP - AUDITOR DO TRIBUNAL DE CONTAS) A respeito da relac8o de causalidade, é INCORRETO afirmar: a) Se 0 evento resultou de causa absolutamente independente, o agente por ele responde a titulo de culpa. b) Concausa é a confluéncia de uma causa na produgio de um mesmo resultado, estando lado a lado com a acéio do agente. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 68 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) ae DELEGADO Est gla Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 trates c) A superveniéncia de causa relativamente independente exclui a imputac&o quando, por si sé, produziu o resultado, imputando-se, porém, os fatos anteriores a quem os praticou. d) © Cédigo Penal brasileiro considera causa a aco ou omisséo sem a qual o resultado nao teria ocorrido. e) O resultado, de que depende a existéncia do crime, somente é imputavel a quem Ihe deu causa. 36 - (FCC - 2013 - TJ-PE - JUIZ) O arrependimento posterior a) nao influi no calculo da prescrig&o penal. b) prescinde de voluntariedade do agente. c) deve ocorrer até 0 oferecimento da deniincia ou da queixa. 4) constitui circunstancia atenuante, a ser considerada na segunda etapa do calculo da pena. e) pode reduzir a pena abaixo do minimo previsto para o crime. 37 - (FGV - 2013 - MPE-MS - ANALISTA - DIREITO) No Direito Penal brasileiro, prevalece no Ambito doutrindrio e jurisprudencial a adocdo da teoria tripartida do fato criminoso, ou seja, crime é a conduta tipica, ilicita e culpavel. Nem toda conduta tipica serd ilicita, tendo em vista que existem causas de exclusao da ilicitude: As alternativas a seguir apresentam causas que excluem a ilicitude, de acordo com 0 Cédigo Penal, a excegao de uma. Assinale-a. a) Legitima Defesa. b) Obediéncia hierrquica. c) Estrito cumprimento de dever legal. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 69 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) ae DELEGADO Est gla Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 trates d) Exercicio regular de direito. e) Estado de necessidade. 38 - (FGV - 2013 - MPE-MS - ANALISTA - DIREITO) Determinado agente, insatisfeito com as diversas brigas que tinha com seu vizinho, resolve maté-lo. Ao ver seu desafeto passando pela rua, pega sua arma, que estava em situac&o regular e contava com apenas uma bala, e atira, vindo a atingi-lo na barriga. Lembrando-se que o vizinho era pai de duas criancas, arrepende-se de seu ato e leva a vitima ao hospital. © médico, diante do pronto atendimento e rapida cirurgia, salva a vida da vitima. Diante da situacao acima, 0 membro do Ministério Publico deve a) denunciar 0 agente pelo crime de lesdo corporal, pois o arrependimento posterior no caso impede que o agente responda pelo resultado pretendido inicialmente. b) denunciar 0 agente pelo crime de les&o corporal, pois houve arrependimento eficaz. c) denunciar 0 agente pelo crime de leséo corporal, pois houve desisténcia voluntdria. d) denunciar o agente pelo crime de tentativa de homicidio, tendo em vista que o resultado pretendido inicialmente nao foi obtido. e) requerer 0 arquivamento, diante da atipicidade da conduta. 39 - (VUNESP - 2013 - TJ-SP - JUIZ) Ha crime em que a tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado, sem a diminuic&o legal. Exemplo: art. 309 do Cédigo Eleitoral (“votar ou tentar votar, mais de uma vez, ou em lugar de Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 70 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 outrem”). Recebe, em doutrina, a denominacao de a) crime consunto. b) crime de conduta mista. c) crime de atentado ou de empreendimento. d) crime multitudinario. 40 - (VUNESP - 2013 - TJ-SP - JUIZ) Quando a descrico legal do tipo penal contém o dissenso, expresso ou implicito, como elemento especifico, 0 consentimento do ofendido funciona como causa de exclusdo da a) antijuridicidade formal b) tipicidade. c) antijuridicidade material. d) punibilidade do fato. 41 - (VUNESP - 2013 - TJ-SP - JUIZ) Conforme o disposto no artigo 14, paragrafo unico, do Cédigo Penal, “Salvo disposig&o em contrario, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuida de um a dois tercos”. O critério de diminuig&o da pena levard em consideragéo a) a motivacao do crime. b) a intensidade do dolo. c) 0 iter criminis percorrido pelo agente. d) a periculosidade do agente. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 71 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) oat DELEGADO Estratégia Teoria e exerccios comentados Nouns OS Prof. Renan Araujo — Aula 02 42 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - AGENTE DE POLiCIA) De acordo com 0 Cédigo Penal, a execusao iniciada de um crime, que n&o se consuma por circunstancias alheias 4 vontade do agente, caracteriza o(a) a) arrependimento eficaz. b) arrependimento posterior. c) tentativa. d) crime frustrado. e) desisténcia voluntaria. 43 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Aquele que assume o risco de produzir um resultado criminoso comete crime movido por a) culpa. b) imprudéncia. c) dolo. 4) impericia. e) negligéncia. 44 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Aquele que pratica fato tipico para salvar de perigo atual, que nao provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito préprio ou alheio, cujo sacrificio, nas circunstncias, nao era razodvel exigir-se, atuou em a) legitima defesa putativa e, portanto, ndo cometeu crime. b) estado de necessidade e, portanto, terd a pena diminuida de 1 (um) a 2 (dois) tercos. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 72 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 c) legitima defesa e, portanto, no cometeu crime. d) estado de necessidade e, portanto, no cometeu crime. e) legitima defesa e, portanto, tera a pena diminuida de 1 (um) a 2 (dois) tercos. 45 - (VUNESP - 2002 - SEFAZ-SP - AGENTE FISCAL DE RENDAS) Sao causas de exclusao da ilicitude: a) a legitima defesa, o exercicio regular de direito e a coacao irresistivel. b) a obediéncia hierérquica, a coacdo irresistivel e a desisténcia voluntaria. c) © arrependimento eficaz, o arrependimento posterior e o estrito cumprimento do dever legal. d) 0 estado de necessidade, a obediéncia hierarquica e a desisténcia voluntaria. e) 0 exercicio regular de direito, o estrito cumprimento do dever legal e 0 estado de necessidade. 46 - (VUNESP - 2012 - DPE-MS - DEFENSOR PUBLICO) Com relaco ao crime culposo, assinale a alternativa correta. a) Imprudéncia é uma omissao, uma auséncia de precaugdo em relacdo ao ato realizado. b) Na culpa consciente, 0 resultado ndo é previsto pelo agente, embora previsivel. c) O resultado involuntario trata de elemento do fato tipico culposo. d) Na culpa imprépria, o resultado nao é previsto, embora seja previsivel. 47 - (VUNESP - 2010 - MP-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — PC-PE (2015) ae DELEGADO Est gla Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 trates © agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execugao ou impede que o resultado se produza a) s6 responde pelos atos ja praticados. b) n&o comete crime, pois tem afastada a ilicitude da aco. c) beneficia-se pela causa de diminuicio de pena do arrependimento posterior. 4) € punido com a pena correspondente ao crime consumado, diminuida de um a dois tercos. e) teré pena reduzida de um a dois tercos, mas, desde que, por ato voluntario, tenha reparado o dano ou restituido a coisa, até o recebimento da dentincia ou da queixa. 48 - (VUNESP - 2008 - TJ-SP - JUIZ) Apés a morte da mae, A recebeu, durante um ano, a pensdo previdenciaria daquela, depositada mensalmente em sua conta bancaria, em virtude de ser procuradora da primeira. Descoberto o fato, A foi denunciada por apropriagdo indébita. Se a sentenca concluir que a acusada (em raz&o de sua incultura, pouca vivéncia, etc.) nao tinha percepcio da antijuricidade de sua conduta, estaré reconhecendo a) erro sobre elemento do tipo, que exclui o dolo. b) erro de proibicgo. c) descriminante putativa. d) ignorancia da lei. 49 - (VUNESP - 2007 - OAB-SP - EXAME DE ORDEM) Pretendendo maté-lo, Fulano coloca veneno no café de Sicrano. Sem saber do envenenamento, Sicrano ingere 0 café. Logo em seguida, Fulano, arrependido, prescreve 0 antidoto a Sicrano, que sobrevive, sem Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 74 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 qualquer sequela. Diante disso, é correto afirmar que se trata de hipétese de a) crime impossivel, pois o meio empregado por Fulano era absolutamente ineficaz para obtengao do resultado pretendido. b) tentativa, pois o resultado ndo se consumou por circunstncias alheias & vontade de Fulano. c) arrependimento posterior, pois 0 dano foi reparado por Fulano até o recebimento da dentincia. d) arrependimento eficaz, pois Fulano impediu voluntariamente que o resultado se produzisse. 50 - (FCC - 2014 - TRT 18 - JUIZ) E causa de exclusao da tipicidade, a) a insignificancia do fato ou a sua adequacéo social, segundo corrente doutrindria e jurisprudencial. b) 0 erro inevitavel sobre a ilicitude do fato. c) a coacao moral irresistivel. d) a no exigibilidade de conduta diversa. e) a obediéncia hierérquica. 51 - (FCC - 2014 - TRT 18 - JUIZ) No que diz respeito aos estdgios de realizaco do crime, é correto afirmar que a) se atinge a consumacio com o exaurimento do delito. b) ha arrependimento eficaz quando o agente, por ato voluntério, nos crimes sem violéncia ou grave ameaca a pessoa, repara o dano ou restitui a coisa até o recebimento da dentincia ou da queixa. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 75 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) e DELEGADO Est gia Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 c) hd desisténcia voluntaria quando o agente, embora ja realizado todo o processo de execugao, impede que o resultado ocorra. d) na desisténcia voluntaria e no arrependimento eficaz 0 agente sé responde pelos atos ja praticados, se tipicos. e) a tentativa constitui circunstancia atenuante. 52 - (FCC - 2014 - CAMARA MUNICIPAL-SP - PROCURADOR) Na tentativa punivel, 0 correspondente abatimento na pena intensifica-se segundo a) a aptidao para consumar. b) a periculosidade demonstrada. c) a lesividade ja efetivada. d) 0 itinerario ja percorrido. e) 0 exaurimento ja alcangado. 53 - (FCC - 2014 - TRF 3 - TECNICO JUDICIARIO) No ha crime sem a) dolo. b) resultado naturalistico. c) imprudéncia. d) conduta. e) lesdo. 54 - (FCC - 2014 - TRF 3 - TECNICO JUDICIARIO) Paulo, sabendo que seu desafeto Pedro nao sabia nadar e desejando mata-lo, jogou-o nas aguas, durante a travessia de um braco de mar. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 76 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) ae DELEGADO Est gla Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 trateg Todavia, ficou com pena da vitima, mergulhou e a retirou, antes que se afogasse. Nesse caso, ocorreu: a) desisténcia voluntaria. b) arrependimento eficaz c) crime tentado d) crime putativo. e) crime impossivel 55 - (FUNIVERSA — 2009 - PC/DF - AGENTE) Assinale a alternativa correta. (A) Nao ha crime pela auséncia de dolo pelo fato de este ser um elemento da antijuridicidade. (B) Em virtude da teoria da presuncdo do dolo, adotada pelo ordenamento penal, 0 erro sobre elemento constitutivo do tipo somente excluiré a culpa. (C) Considere a seguinte situac3o hipotética: Joo foi contratado para tirar a vida de Fernando. Quando vai executar 0 homicidio, nao encontra Fernando e, como o irmao deste estava no local e era seu desafeto, tira Ihe a vida. Nessa situac&o, Jodo praticou um homicidio com erro sobre a pessoa, n&o se devendo considerar as condigées ou qualidades da vitima, mas as de Fernando. (D) Tratando-se de crime complexo, a auséncia de objetos de valores com a vitima de roubo descaracteriza a figura tipica do crime de roubo, face 0 erro sobre o elemento constitutivo do tipo. (E) E isento de pena quem imagina verdadeiramente estar agindo em legitima defesa, j4 que toda situag&o fatica assim indica, apesar de tal n&o ocorrer, estar-se- diante de uma discriminante putativa Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 77 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO faEstratégia Teoria e exerciclos comentados Con cuRsos Prof. Renan Araujo — Aula 02 56 - (FUNIVERSA - 2009 - PC/DF - DELEGADO) A respeito da tipicidade penal, assinale a alternativa incorreta. (A) 0 erro de tipo, se escusdvel, exclui 0 dolo e a culpa. (B) No crime de omisso de socorro, somente se torna relevante para o Direito Penal caso o agente tenha o dever de agir. (C) A real consciéncia do injusto penal é pressuposto elementar da culpabilidade; por conseguinte, 0 desconhecimento da norma penal, quando inevitavel, exclui a culpabilidade. (D) No dolo eventual, o sujeito representa o resultado como de produgdo provavel e, embora nao queira produzi-lo, continua agindo e admitindo a sua eventual produc&o. (E) Caracteriza 0 erro de proibicdo a conduta do agente que se apossa de coisa alheia movel, supondo, nas circunstancias, ter sido abandonada pelo proprietario. 57 - (FUNIVERSA — 2009 - PC/DF — DELEGADO) Em cada uma das alternativas a seguir, hd uma situaco hipotética seguida de uma afirmac&o que deve ser julgada. Assinale a alternativa em que a afirmacdo esta correta. (A) Pedro cercou sua casa de fios elétricos sem nenhuma indicagao visivel. AntOnio, tarde da noite, tentou entrar na casa de Pedro e acabou falecendo em virtude da descarga elétrica sofrida. Nessa situacdo hipotética, por constituir o referido ofendiculo uma situagao de legitima defesa, Pedro néo poderd sofrer nenhuma reprimenda por parte do Direito Penal. (B) Joao flagrou sua esposa, Maria, com um amante chamado José, na frente da casa em que moravam, em um condominio fechado do Distrito Federal. Diante desse fato, reagiu dando tiros em José, que veio a falecer em decorréncia disso. Nessa situa¢ao hipotética, n&o se admite a legitima Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 78 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 defesa da honra, pois 0 Cédigo Penal faz distingéo expressa entre os direitos passiveis de proteco pelo instituto da legitima defesa. (C) Marcos contratou Bruno como seguranga particular de sua filha Camila. Em uma tarde de sébado, em uma rua movimentada da cidade, Camila foi alvo de uma tentativa de sequestro. Marcos, que estava no local do ocorrido, no reagiu porque temeu por sua prépria vida. Nessa situac&o hipotética, é possivel inferir que Bruno no tinha o dever legal de enfrentar 0 sequestrador, pois a abnegacdo em face do perigo sé é exigivel quando corresponde a um especial dever juridico, advindo de lei, jamais de um contrato de trabalho. (D) Lcia estava furtando em um supermercado quando foi flagrada pelo seguranga do estabelecimento. Na tentativa de segura-la até a chegada da policia, © referido seguranca agrediu Lucia, que, imediatamente, revidou com socos e pontapés. Nessa situagao hipotética, é perfeitamente possivel o entendimento de que houve legitima defesa sucessiva. (E) Maria foi obrigada pelo seu marido a manter com ele conjung’o carnal. Nessa situac&o hipotética, é correto entender que o marido de Maria ndo cometeu nenhum crime, posto que hd a configuraco do exercicio regular de direito. 58 - (FUNIVERSA — 2009 - PC/DF - DELEGADO) Segundo a concepcéo material, crime € tudo aquilo que a sociedade entende que pode e deve ser proibido, mediante aplicagSo de sancao penal. Para a concepso formal, crime é a conduta proibida por lei, sob ameaca de aplicaco de pena, ou seja, o fenémeno é tratado por uma visdo legislativa. No seu conceito analitico, prevalece o entendimento de que crime é uma conduta tipica, antijuridica e culpavel. Acerca dos desdobramentos desta ultima teoria, assinale a alternativa correta. (A) Pela teoria bipartida, o autor de um fato tipico e antijuridico que tenha sido levado & sua pratica por erro escusdvel de proibicio, sem ter a Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 79 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) ae DELEGADO Est tra at, egia Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 menor ideia de que o que pratica é ilicito, ndo € considerado um criminoso. (B) O finalismo, de Hans Welzel, nem sempre considerou o crime como fato tipico, antijuridico e culpavel. (C) Para a teoria causalista, 0 dolo e a culpa estdo situados na culpabilidade. Entao, logicamente, para quem adota essa teoria, impossivel se torna acolher o conceito bipartido de crime. (D) Da concepcéo analitica de crime, é possivel inferir que o Direito Penal nao estabeleceu disting&o entre crime e contravengao penal. Tanto no crime quanto na contravenco n&o é cabivel a fixacio da multa de maneira isolada. (E) E correto afirmar que a estrutura analitica do crime se liga, necessariamente, 4 adoc&o da concepeéo finalista, causalista ou social da aco delituosa. 59 - (FGV - 2014 - MPE-RJ - ESTAGIO FORENSE) Entende-se por culpabilidade: a) a relago de contrariedade formal entre uma conduta tipica e o ordenamento juridico, tendo como requisitos a imputabilidade, a potencial consciéncia da ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa; b) a relacéo de contrariedade formal e material entre uma conduta tipica 0 ordenamento juridico, tendo como requisitos a imputabilidade, a potencial consciéncia da ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa; c) a adequaco formal e material entre uma conduta dolosa e/ou culposa frente a uma norma legal incriminadora, pressupondo-se ainda a sua prévia antijuridicidade; 4) © juizo de reprovabilidade que se exerce sobre uma determinada pessoa que pratica um fato tipico e antijuridico, tendo como requisitos a Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 80 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) ae DELEGADO Est tra at, egia Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 imputabilidade, a potencial consciéncia da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa; e) 0 juizo de reprovabilidade que se exerce sobre uma determinada pessoa que pratica um fato tipico e ilicito, tendo como requisitos a imputabilidade, a consciéncia plena da ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa. 60 - (FGV - 2014 - MPE-RJ - ESTAGIO FORENSE) Jorge pretende matar seu desafeto Marcos. Para tanto, coloca uma bomba no jato particular que o levaré para a cidade de Brasilia. Com 45 minutos de voo, a aeronave executiva explode no ar em decorréncia da detonagaio do artefato, vindo a falecer, além de Marcos, seu assessor Paulo e os dois pilotos que conduziam a aeronave. Considerando que, ao eleger esse meio para realizar 0 seu intento, Jorge sabia perfeitamente que as demais pessoas envolvidas também viriam a perder a vida, 0 elemento subjetivo de sua atuacao em relagéo 4 morte de Paulo e dos dois pilotos é o a) dolo alternativo; b) dolo eventual; c) dolo geral ou erro sucessivo; d) dolo normativo; e) dolo direto de 2° grau ou de consequéncias necessérias. 61 - (FGV - 2014 - MPE-RJ - ESTAGIO FORENSE) Carlos, imbuido de perniciosa lascivia concupiscente em face de sua colega de trabalho, Joana, resolve estupra-la apés o fim do expediente. Para tanto, fica escondido no corredor de saida do escritério e, quando a vitima surge diante de si, desfere-Ihe um violento soco no rosto, que a leva ao chao. Aproveitando-se da debilidade da moga, Carlos deita-se Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 81 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) ae DELEGADO Est gla Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 trates sobre a mesma, ja se preparando para despi-la, porém, antes da pratica de qualquer ato libidinoso, repentinamente, imbuido de sUbito remorso por ver uma enorme quantidade de sangue jorrando do nariz de sua colega, faz cessar sua intenc&o e a conduz ao departamento médico, para que receba o atendimento adequado. Em relacdo a sua conduta, Carlos: a) responder por estupro tentado, em virtude da ocorréncia de tentativa imperfeita; b) ndo responderd por estupro, em virtude da desisténcia voluntaria; c) no respondera por estupro, em virtude de arrependimento eficaz; d) n&o respondera por estupro, em virtude de arrependimento posterior; e) responderd por estupro consumado, pois atualmente a lei ndo exige a pratica de conjungao carnal para a configuracio desse delito. 62 - (FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM) Isadora, me da adolescente Larissa, de 12 anos de idade, saiu um pouco mais cedo do trabalho e, ao chegar a sua casa, da janela da sala, vé seu companheiro, Frederico, mantendo relagdes sexuais com sua filha no sofé. Chocada com a cena, nao teve qualquer reagdo. Nao tendo sido vista por ambos, Isadora decidiu, a partir de ento, chegar a sua residéncia naquele mesmo horario e verificou que o fato se repetia por semanas. Isadora tinha efetiva ciéncia dos abusos perpetrados por Frederico, porém, muito apaixonada por ele, nada fez. Assim, Isadora, sabendo dos abusos cometidos por seu companheiro contra sua filha, deixa de agir para impedi-los. Nesse caso, é correto afirmar que o crime cometido por Isadora é a) omissivo impréprio. b) omissivo préprio. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 82 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 c) comissivo. 4) omissivo por comissao. QUESTOES COMENTADAS 01 - (FGV - 2010 - AP - FISCAL DA RECEITA ESTADUAL) Trata-se de hipétese de exclusdo de culpabilidad a) estado de necessidade. b) estrito cumprimento de dever legal. c) erro inevitavel sobre a ilicitude do fato. d) exercicio regular de direito. e) legitima defesa. COMENTARIO: As causas legais de exclusio da culpabilidade estdo previstas nos arts. 21 e 22 do CP. Vejamos: Erro sobre a ilicitude do fato(Redacéo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusdvel. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitavel, isenta de pena; se evitdvel, poderd diminui-la de um sexto 2.um tergo. (Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Pardgrafo Unico - Considera-se evitével o erro se o agente atua ou se omite sem a consciéncia da ilicitude do fato, quando Ihe era possivel, nas circunstancias, ter ou atingir essa consciéncia. (RedagSo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Coacao irresistivel e obediéncia hierérquica (Redago dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Art. 22 - Se o fato é cometido sob coagdo irresistivel ou em estrita obediéncia 2 ordem, no manifestamente ilegal, de superior hierérquico, s6 é punivel 0 autor da coacéo ou da ordem.(Redacéo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 83 de 152 Direito Penal — PC-PE (2015) ns DELEGADO falEstratégia Teoria eexercicios comentados ANE eS Prof. Renan Araujo - Aula 02 Assim, a alternativa que traz uma causa de exclusdo da culpabilidade é a letra C, que trata do erro de proibic3o inevitavel. PORTANTO, A ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA C. 02 - (FGV - 2013 - TCE-BA - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO) A doutrina majoritaria brasileira reconhece como elementos do crime a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade. Sobre estes elementos, assinale a assertiva incorreta. a) © Superior Tribunal de Justica reconhece que a falta de dade material pode, por si s6, tornar o fato atipico b) A legitima defesa, o estado de necessidade, a obediéncia hierérquica. e o exercicio regular do direito sdo causas excludentes da ilicitude ou antij lade. c) O agente, em qualquer das hipéteses de exclusdo da ilicitude, respondera pelo excesso doloso ou culposo d) O pai que protege a integridade fisica de seu filho do ataque de um animal esté amparado pela excludente da itude do estado de necessidade. ) A embriaguez voluntaria e até mesmo a culposa nao excluem a imputabilidade penal. COMENTARIOS: A) CORRETA: O STJ entende que a tipicidade engloba sua parte formal (existéncia do fato tipico na Lei) e sua parte material (lesividade social, grosso modo). Ausente qualquer uma das duas, o fato ser atipico. B) ERRADA: A obediéncia hierarquica é causa de excluséo da culpabilidade, nos termos do art. 22 do CP. C) CORRETA: Esta é a previsdo do art. 23, § Unico do CP. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 84 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) oat DELEGADO Estratégia Teoria e exerccios comentados ae Te Prof. Renan Araujo - Aula 02 D) CORRETA: Item correto, pois n&o ha que se falar em legitima defesa aqui, j4 que esta somente é cabivel em face de agress&o proveniente de ser humano. Temos, aqui, estado de necessidade. E) CORRETA: Item correto, nos termos do art. 28, II do CP. Portanto, a ALTERNATIVA ERRADA E A LETRA B. 03 - (FGV - 2010 - SEAD-AP - AUDITOR DA RECEITA DO ESTADO - PROVA 1) Um funcionario piblico apropria-se de valores particulares, dos quais tinha posse em razéo do cargo, em proveito préprio. Posteriormente, acometido por um conflito moral, arrepende-se e, antes do recebimento da denincia, por ato voluntario, restitui os valores indevidamente apropriados e repara totalmente os danos decorrentes de sua conduta. De acordo com o Cédigo Penal, a hipétese sera de: a) causa de inadequacio tipica pelo arrependimento eficaz. b) desisténcia voluntaria com exclusao da tipicidade. c) arrependimento posterior que extingue a punibilidade. d) circunstancia atenuante genérica pela reparacdo eficaz do dano. e) causa de diminuicao de pena pelo arrependimento posterior. COMENTARIOS: © funciondrio, aqui, praticou o delito de peculato (art. 312 do CP). Como se trata de peculato doloso, a reparacéo do dano nao gera a extingao da punibilidade (isso sé ocorre no peculato culposo, nos termos dos §§2° e 3° do CP). Contudo, tal reparacéo do dano se evidencia como ARREPENDIMENTO POSTERIOR, nos termos do art. 16 do CP. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 85 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) ai DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados ee Prof. Renan Araujo — Aula 02 Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violéncia ou grave ameaca 4 pessoa, reparado 0 dano ou restituida a coisa, até 0 recebimento da dentincia ou da queixa, por ato voluntério do agente, a pena serd reduzida de um a dois tercos. (Redacéo dada pela Lei n? 7.209, de 11.7.1984) Logo, 0 agente tera sua pena reduzida de um a dois tergos. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA E. 04 - (FGV - 2008 - TCM-RJ - AUDITOR) Sao consideradas causas legais de exclusao da ilicitude: a) estado de necessidade, legitima defesa e embriaguez voluntaria. b) estado de necessidade, legitima defesa, coacéo moral resistivel e obediéncia rarquica de ordem n&o manifestamente ilegal. c) estado de necessidade, ima defesa, coacéo moral irresistivel e obe de ordem nao manifestamente ilegal. sa de ordem n&o d) coagio fis manifestamente ilegal, estado de neces: a irresistivel, obediéncia hierarq’ jade, legitima defesa, exercicio regular do direito, estrito cumprimento do dever legal e embriaguez voluntaria. e) estado de necessidade, legitima defesa, exercicio regular do direito e estrito cumprimento do dever legal. COMENTARIOS: As causas de exclusao da ilicitude esto previstas no art. 23 do CP: Art. 23 - N&o hd crime quando o agente pratica o fato: (RedacSo dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) I~ em estado de necessidade; (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) II- em legitima defesa;(Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 86 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) nie DELEGADO Estratégia Teorla e exerciclos comentados ae Prof. Renan Araujo — Aula 02 III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercicio regular de direito.(Incluido pela Lei n® 7,209, de 11.7.1984) Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA E. 05 - (FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VII - PRIMEIRA FASE) Filolau, querendo estuprar Filomena, deu inicio a execugéo do crime de estupro, empregando grave ameaca a vitima. Ocorre que ao se preparar para o coito vaginico, que era sua unica intengéo, néo conseguiu manter seu pénis ereto em virtude de falha fisiolégica alheia & sua vontade. Por conta disso, desi: prosseguir na execucéo do crime e abandonou o local. caso, é correto afirmar que a) trata-se de caso de desisténcia voluntaria, razio pela qual Filolau nao respondera pelo crime de estupro. b) trata-se de arrependimento eficaz, fazendo com que Filolau responda tao somente pelos atos praticados. c) a conduta de Filolau é atipica. d) Filolau deve responder por tentativa de estupro. COMENTARIOS: No caso em tela, 0 agente deixou de prosseguir na execucao em razdo de circunstancias alheias 4 sua vontade, e nao por ter “se arrependido” de ter iniciado a conduta. Assim, teremos crime em sua forma TENTADA (e nao desisténcia voluntaria).. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA E. 06 - (FGV - 2008 - SENADO FEDERAL - ADVOGADO) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br ina 87 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) nie DELEGADO felEstratégia Teoria e exercicios comentados ee Prof. Renan Araujo — Aula 02 Relati amente ao Direito Penal Brasileiro, analise as afirmativas a seguir: I. Os crimes unissubsistentes, habituais préprios, comissivos e permanentes na forma omissiva néo admitem tentativa. II. Considera-se desisténcia voluntéria ou arrependimento posterior a conduta do agente que, depois de consumado o crime, repara o dano causado respondendo o agente somente pelos fatos praticados. III. Considera-se impossivel o crime quando o meio utilizado pelo agente é relativamente incapaz de alcangar o resultado. IV. Nos crimes tentados, aplica-se a pena do crime consumado reduzindo-a de 1/3 a 2/3, ao passo que no arrependimento eficaz se aplica a pena do crime consumado reduzindo-a de 1/6 a 1/3. Assinale: a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. b) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. c) se apenas as afirmativas I e IV estiverem corretas. d) se nenhuma afirmativa estiver correta. e) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. COMENTARIOS: I - ERRADA: Item errado, pois os crimes COMISSIVOS (aqueles praticados mediante ac&o, ou seja, uma conduta positiva) admitem tentativa, em regra, desde que o fracionamento do iter criminis seja possivel (fracionamento da conduta) II - ERRADA: Item absolutamente errado. Na desisténcia voluntaria o crime n&o se consuma (art. 15 do CP). No arrependimento posterior, de fato, 0 crime se consuma e ha reparacdo do dano, mas neste caso o Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 88 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) ns DELEGADO Estratégia Teoria e exercicios comentados Oucursos Prof. Renan Araujo — Aula 02 agente tem apenas uma redugdo de pena (art. 16). Portanto, absolutamente errado. III - ERRADA: O meio, neste caso, deve ser ABSOLUTAMENTE incapaz de produzir 0 resultado, nos termos do art. 17 do CP. IV - ERRADA: Item errado. Embora no caso de crime tentado a pena, de fato, seja reduzida de 1/3 a 2/3, em se tratando de arrependimento eficaz, ndo se aplica a pena do crime consumado. Neste caso, o agente respondera apenas pelos atos jé praticados, expurgando-se 0 dolo pelo resultado anteriormente pretendido. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA D. 07 - (FGV - 2008 - SENADO FEDERAL - POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL) Em relacéo a responsabilidade do agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execucdo ou impede que o resultado se produza, é correto afirmar que: a) ndo ha nenhuma responsabilidade criminal possivel. b) o agente responde apenas pelos atos praticados. ¢) 0 agente seré punido com a pena do crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3. d) nao obstante a desisténcia ou o impedimento da produgao do resultado, o agente respondera pelo crime tal como se ele tivesse sido consumado. e) se trata de hipétese de erro de tipo, que exclui a responsabilidade penal, salvo se inescusavel. COMENTARIOS: © agente, neste caso, estara praticando desisténcia voluntdria ou arrependimento eficaz e, nesta hipétese, respondera apenas pelos atos j4 praticados, nos termos do art. 15 do CP. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 89 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO faEstratégia Teoria e exerciclos comentados Con cuRs os Prof. Renan Araujo — Aula 02 Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA B. 08 - (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR) Os crimes que resultam do nao fazer o que a lei manda, sem dependéncia de qualquer resultado naturalistico, séo chamados de A) comissivos por omissao. B) formais. C) omissivos préprios. D) comissivos. E) omissivos imprép1 COMENTARIOS: A) ERRADA: Os crimes comissivos por omisséo resultam de um “nao fazer” o que a lei manda, mas dependem de um resultado naturalistico. B) ERRADA: Os crimes formais, de fato, independem da existéncia do resultado naturalistico, mas nao necessariamente so omissivos. C) CORRETA: Os crimes omissivos préprios sio os Unicos que retinem ambas as caracteristicas, pois decorrem de um “no fazer” o que a lei manda, e sao formais, ou seja, independem de um resultado naturalistico. D) ERRADA: Os crimes comissivos néo decorrem de “um nao fazer”, mas de um “fazer”. Portanto, a alternativa esta incorreta. E) ERRADA: Os omissivos impréprios sdo sinénimos de comissivos por omissao, logo, esta errada, nos termos da fundamentaciio da alternativa A Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA C. 09 - (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR) No estado de necessidade, Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 90 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) ie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados ee Prof. Renan Araujo — Aula 02 A) hd necessariamente reago contra agressao. B) o agente respondera apenas pelo excesso culposo. C) deve haver proporcionalidade entre a gravidade do perigo que ameaca o bem juridico e a gravidade da lesdo causada. D) a ameaga deve ser apenas a direito proprio. E) inadmissivel a modalidade putativa. COMENTARIOS: A) ERRADA: Reacdo contra agressao esté presente na legitima defesa, n&o no estado de necessidade, que pode decorrer de uma catastrofe natural, etc. B) ERRADA: O agente responde tanto pelo excesso culposo quanto pelo excesso doloso. C) CORRETA: O bem juridico sacrificado deve ser de valor menor ou igual ao bem juridico preservado, nos termos do art. 24 do Cédigo Penal, quando fala em razoabilidade. D) ERRADA: Tanto age em estado de necessidade quem defende direito proprio quanto quem defende direito de terceiro, nos termos do art. 24 do cP. E) ERRADA: E plenamente possivel a modalidade putativa, pois o agente pode supor, erroneamente, estar presente uma situacdo de necessidade que, caso presente, justificaria sua conduta, de forma a excluir a ilicitude do fato. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA C. 10 - (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR) Para a doutrina finalista, o dolo integra a A) culpabilidade. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — PC-PE (2015) ns DELEGADO Estratégia Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 B) tipicidade. C) ilicitude. jade. COMENTARIOS: A) ERRADA: O dolo integra a culpabilidade apenas para a Doutrina naturalistica; B) CORRETA: Para a Doutrina finalista, de Hans Welzel, 0 dolo e a culpa (elementos subjetivos) sdo deslocados da culpabilidade para a conduta e, portanto, para o fato tipico. C) ERRADA: Como vimos, 0 dolo integra a conduta, logo, o fato tipico. D) ERRADA: A antijuridicidade 6 sindnimo de ilicitude, logo, esta incorreta, pois o dolo (e a culpa) ndo é um de seus elementos. E) ERRADA: A punibilidade sequer é um dos elementos do crime, sendo meramente a possibilidade que o Estado possui de fazer valer seu Poder Punitivo. Assim, esta incorreta. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA B. 11 - (FCC - 2011 - TCM/BA - PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS) A disposic&o legal contida no art. 13, paragrafo segundo do CP, segundo a qual a omissdo apresenta valor penal quando o agente devia e podia agir para evitar o resultado, corresponde corretamente a ideia ou ao conceito de A) causalidade normativa. B) possibilidade de punicéo superveniente de causa independente ao delito. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 92 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) ni DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados CoN cuRs os Prof. Renan Araujo — Aula 02 C) causalidade entre a omiss4o e 0 resultado naturalisti D) desnecessaria conjugacao do dever legal e possibilidade real de agir. E) regra aplicdvel somente aos crimes omissivos préprios. COMENTARIOS: A) CORRETA: Pois nesses crimes atribui-se ao omitente o resultado naturalistico, sem que de sua conduta ele tenha surgido. Nesse caso, 0 resultado é atribuido nao por uma causalidade natural (inexistente), mas por uma causalidade normativa (lei estabelece). Assim, a questo esté correta. B) ERRADA: Nao guarda qualquer relac3o com o nexo de causalidade normativa que se aplica aos crimes comissivos por omissao. C) ERRADA: Nao ha causalidade entre a omissdo e o resultado pois a omisséo é um “nada” e do “nada”, nada surge. D) ERRADA: Alternativa completamente esquizofrénica. A conjugacdo entre o dever agir e 0 poder agir é plenamente necesséria, pois no se pode atribuir a alguém uma atitude heroica, colocando sua propria vida em risco. E) ERRADA: Essa regra em nada se aplica aos crimes omissivos préprios, nos quais o resultado naturalistico é completamente irrelevante, logo, ndo ha que se falar em nexo de causalidade. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA A. 12 - (FCC - 2008 - TCE/AL - PROCURADOR) A relacao de causalidade A) nao fica excluida pela superveniéncia de causa relativamente independente. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — PC-PE (2015) ie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados Con cuRsos Prof. Renan Araujo — Aula 02 B) nao esta regulada, em nosso sistema, pela teoria da equivaléncia dos antecedentes causais. C) é normativa nos crimes omissivos impréprios ou comissivos por omissao. D) é dispensavel nos crimes materiai E) é imprescindivel nos crimes formais. COMENTARIOS: A) ERRADA: A superveniéncia de causa relativamente independente exclui a relagéo de causalidade, desde que a causa superveniente tenha produzido por si sé 0 resultado. B) ERRADA: O nosso sistema penal adotou expressamente a teoria da equivaléncia dos antecedentes como regra, art. 13 do CP, e como excegdo a teoria da causalidade adequada, art. 13, § 1° do CP. C) CORRETA: Como vimos, os crimes omissivos impréprios séo aqueles nos quais a omisso do agente é punida com o crime decorrente do resultado naturalistico, e néo da simples omissdo. Nesse caso, néo ha causalidade natural, pois do nada, nada pode surgir. Entretanto, por ficgo legal, a lei estabelece um vinculo entre a omiss&o e o resultado naturalistic (causalidade naturalistica). D) ERRADA: Nos crimes materiais o resultado naturalistico é imprescindivel, logo, 0 vinculo entre esse resultado e a conduta do agente também. Portanto, a relagéo de causalidade é indispensdvel nestes crimes. E) ERRADA: Nos crimes formais, 0 crime se consuma independentemente do resultado naturalistico, Portanto, a relagio de causalidade é completamente irrelevante. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA C. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal - PC-PE (2015) ni DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados Cowcunsos Prof. Renan Araujo - Aula 02 13 - (FCC - 2008 - MPE/RS - SECRETARIO DE DILIGENCIAS) Quem, supondo por erro plenamente justificavel pelas circunstancias, que esta sendo injustamente agredido, repele moderadamente e usando dos meios necessarios a suposta agressdo, age A) em legitima defesa putativa. B) em estado de necessidade. C) em estado de necessidade putativo. D) no exercicio regular de um direito. E) no estrito cumprimento de um dever legal. COENTARIOS: A) CORRETA: A legitima defesa putativa é a suposicéo errénea da existéncia de uma agressdo injusta, que, na verdade, sé existe na mente do agente. B) ERRADO: O estado de necessidade real pressupde a existéncia de uma situac&o de perigo que lesa ou expe & lesdo bem juridico de alguém. C) ERRADA: O estado de necessidade putativo ocorre quando o agente supée, erroneamente, estar presente uma situaco de perigo atual, que coloca em risco bem juridico seu ou de terceiro, nao se tratando, pois, de uma agressao. D) ERRADA: O exercicio regular de um direito é uma das causas de exclusdo da ilicitude, presente quando o agente pratica fato considerado crime, mas amparado por norma juridica que Ihe confere o direito de agir daquela maneira. E) ERRADA: O estrito cumprimento do dever legal é outra causa de exclusio da ilicitude, que se materializa quando o agente pratica fato tipico, mas o faz em cumprimento a uma obrigacao imposta por lei. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA A. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — PC-PE (2015) ns DELEGADO Estratégia Teoria e exercicios comentados Oucursos Prof. Renan Araujo — Aula 02 14 - (FCC - 2009 - TJ/SE - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Constituem elementos do estado de necessidade: A) Perigo atual ou iminente, que o agente nao tenha provocado, nem podia de outro modo ter evitado. B) ReacGo a injusta agressdo, atual ou iminente, fazendo uso dos C) Agressao atual, defesa de direito préprio ou de outrem e reacéo moderada. D) Existéncia de perigo atual, cujo sacrificio, nas circunstancias era razoavel exigir-se. E) Defesa de direito prépri provocado pelo agente e exigibi ou de outrem, voluntariamente jidade de conduta diversa. COMENTARIOS: A) ERRADA: Nos termos do art. 24 do CP, 0 perigo em que o agente se encontra deve ser atual, ndo se admitindo o perigo iminente. B) ERRADA: Esses so requisitos da legitima defesa, nao do estado de necessidade. C) ERRADA: Trata-se de requisitos que compdem a legitima defesa, ndo tendo qualquer relaco com o estado de necessidade. D) ERRADA: Nos termos do art. 24 do CP, para que se configure o estado de necessidade, nao se deve ser razoavel exigir o sacrificio. E) ERRADA: Se a situacgo de perigo foi voluntariamente provocada pelo agente, nao pode ele invocar o estado de necessidade, nos termos do art. 24 do CP. Lembrando que a Doutrina majoritéria entende que esse “voluntariamente” engloba tanto o dolo quanto a culpa. NAO HA ALTERNATIVA CORRETA. QUESTAO DEVE SER ANULADA. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 96 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) nie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados Concunsos Prof. Renan Araujo - Aula 02 15 - (FCC - 2012 - TCE/AP - CONTROLE EXTERNO) Denomina-se tipicidade a) a desconformidade do fato com a ordem juridica considerada como um todo. b) a adequaciio do fato concreto com a descrig&o do fato delituoso contida na lei penal. c) 0 nexo material entre a conduta do agente e o resultado lesivo. d) 0 nexo subjetivo entre a intencéo do agente e o resultado lesivo. e) a correspondéncia entre o resultado e a possibilidade de previsdo de sua ocorréncia por parte do agente. COMENTARIO: A tipicidade pode ser conceituada como a adequagao do fato praticado 4 norma penal incriminadora. Quando essa adequacéo é perfeita, dizemos que 0 Juizo de tipicidade foi positivo, ou seja, a conduta do agente se amolda ao tipo penal, sendo, portanto, TIPICA (tipificada como delito). A desconformidade do fato com a ordem juridica se chama ANTIJURIDICIDADE, enquanto 0 nexo entre a conduta e o resultado se chama NEXO DE CAUSALIDADE. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA B. 16 - (FCC - 2012 - TCE/AP - CONTROLE EXTERNO) A respeito da tentativa, considere: I. o meio empregado é absolutamente ineficaz para a obtencao do resultado. II. agente suspende espontaneamente a execuco do delito apés té-la iniciado. III. 0 meio empregado é relativamente inid6éneo para a obtencao do resultado. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 IV.0 agente suspende a execugo do delito em razdo da resistncia oposta pela vitima. V. 0 agente, apés ter esgotado os meios de que dispunha para a pratica do crime, impede que o resultado se produza. Ha crime tentado nas situagées indicadas APENAS em a) Ile Iv. b)Ielv. c) I, Ire Iv. d) Ie Tmt. e) II, III, Ivev. I - ERRADA: Nao ha crime tentado aqui, pois sendo absolutamente ineficaz 0 meio empregado, ha crime impossivel, nos termos do art. 17 do cP; II - ERRADA: N&o ha crime tentado, mas DESISTENCIA VOLUNTARIA, nos termos do art. 15 do CP: Ill - CORRETA: Sendo RELATIVAMENTE inidéneo o meio empregado, ha tentativa, e nao crime impossivel, nos termos dos arts. 14, II e 17 do CP; IV - CORRETA: Ha, aqui, crime tentado, pois o crime ndo se consumou por circunstancias alheias 4 vontade do agente, nos termos do art. 14, II do CP; V - ERRADA: Nesse caso temos o que se chama de ARREPENDIMENTO EFICAZ, nos termos do art. 15 do CP, n&o sendo caso de tentativa. Assim, esto corretas apenas as afirmativas III e IV. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA A. 17 - (FCC - 2012 - TCE/AP - CONTROLE EXTERNO) Denomina-se tipicidade Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 98 de 152 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 a) a desconformidade do fato com a ordem juridica considerada como um todo. b) a adequagao do fato concreto com a descrigdo do fato delituoso contida na lei penal. ¢c) 0 nexo material entre a conduta do agente e o resultado lesivo. d) 0 nexo subjetivo entre a intengdo do agente e o resultado lesivo. e) a correspondéncia entre o resultado e a possibilidade de previsdo de sua ocorréncia por parte do agente. COMENTARIO: Quando essa adequacio é perfeita, dizemos que o Juizo de tipicidade foi positivo, ou seja, a conduta do agente se amolda ao tipo penal, sendo, portanto, TIPICA (tipificada como delito). A desconformidade do fato com a ordem juridica se chama ANTIJURIDICIDADE, enquanto o nexo entre a conduta e o resultado se chama NEXO DE CAUSALIDADE. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA B. 18 - (FCC - 2012 - DPE-SP - DEFENSOR PUBLICO) Assinale a alternativa correta. a) © ordenamento penal estende a relagio de causalidade a qualquer resultado causado pela acdo, ainda que imprevisivel, em razo da aplicacao do principio versari in re ilicita. b) A missdo do Direito Penal é a protecdo de bens juridicos, o que justifica a antecipacéo da intervencdo penal aos atos que antecedem 0 inicio da pratica dos atos executivos. c) Pela teoria da imputacdo objetiva, o resultado deve ser imputado ao agente de maneira objetiva, isto é, ainda que néo tenha ele agido com dolo ou culpa. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 d)0 desvalor da acéo e o desvalor do resultado devem ser jos a partir da leséo ou exposicao a risco do bem juri tutelado. e) A inocuidade da acéo dolosa ao bem juridico tutelado pela norma penal no serve para atestar a a jade da conduta se o (0 do agente mostra que conduz sua vida de man a reprovavel. A) ERRADA: Se o resultado no era previsivel, n3o ha como se atribuir dolo, nem mesmo culpa ao agente, pois ninguém pode prever o imprevisivel. Assim, n&o sendo possivel atribuir elemento subjetivo a conduta, n&o ha delito, pois ndo se admite responsabilizacao objetiva; B) ERRADA: O Direito Penal néo cuida de meros atos preparatérios, anteriores & execuco. O Direito Penal s6 pode ser legitimamente aplicado como forma de represséo a um ato ja praticado. Inclusive 0 art. 14, II do CP corrobora isso; C) ERRADA: Esta teoria esta relacionada a valoracéo da conduta sob um prisma além da mera causalidade fatica. Para esta teoria, ndo basta a mera relacdo de causalidade entre a conduta e um determinado resultado naturalistico. Para esta teoria, a conduta deve: a: Criar ou aumentar_um risco ~ Assim, se a conduta do agente nao jo, néo ha crime. Exemplo classico: Ladr&o rende 0 vigia da casa e o obriga a dizer aumentou nem criou um risco néo permi onde esta 0 cofre. O Vigia mente, diz que nao sabe e entrega para o ladr&o um quadro, afirmando ser obra de arte bem mais valiosa. O ladrao aceita e vai embora, sem saber que, na verdade, tratava-se de um quadro qualquer. Nesse caso, por todas as outras teorias, 0 vigia deveria ser punido. Pela teoria da imputac&o objetiva isso no ocorreria, pois ele n&o aumentou um risco, ao contrério, com sua conduta evitou que um bem juridico de mais valor (cofre) fosse atingido; Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 100 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 b: Risco deve ser proibido pelo Direito - Aquele que cria um risco de lestio para alguém, em tese n&o comete crime, a menos que esse risco seja proibido pelo Direito. Assim, o filho que manda os pais em viagem para a Europa, na intenc&o de que o avido caia, os pais morram, e ele receba a heranga, nao comete crime, pois o risco por ele criado nao é proibido pelo Direito; Risco deve ser criado_no resultado - Assim, um crime n&o pode ser imputado aquele que nao criou o risco para aquela ocorréncia. Explico: Imaginem que José ateia fogo na casa de Maria. José causou um risco, nao permitido pelo Direito. Deve responder pelo crime de inc&ndio doloso, art. 250 do CP. Entretanto, Maria invade a casa em chamas para resgatar a Unica foto que restou de seu filho falecido, sendo lambida pelo fogo, vindo a falecer. Nesse caso, José nao responde pelo crime de homicidio, pois 0 risco por ele criado nao se insere nesse resultado, que foi provocado pela conduta exclusiva de Maria. D) CORRET, base no desvalor da conduta e no desvalor do resultado que pretende-se : A afirmativa esta correta, pois todo delito é criado com evitar, em razdo da possivel lesdo ou exposicéo a risco do bem protegido pela norma; E) ERRADA: Muito pelo contrario, se a conduta é inécua, ou seja, ndo tem potencial de lesar 0 bem protegido pela norma, ha o que se chama de atipicidade material, independentemente das circunstancias pessoais do agente; Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA D. 19 - (FCC - 2009 - DPE-MA - DEFENSOR PUBLICO) No trajeto do transporte de dois presos para o foro criminal por agentes penitenciarios um deles saca de um _ instrumento perfurante e desfere diversos golpes contra o outro preso. Os Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 101 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 agentes da lei presenciaram a acdo desde o inicio e permaneceram inertes. Na conduta dos agentes a) ha amparo pela excludente de ilicitude do exercicio regular do direito, deixando de agir por exposicao do risco as préprias vidas. b)a omissdo é penalmente irrelevante porque a causalidade é fatica. c) nao ha punicéo porque o Estado criou o risco da ocorréncia do resultado. d)a ol normativa. séo 6 penalmente relevante porque a causalidade é e) a omisséo é penalmente relevante porque a causalidade é fatica-normativa. COMENTARIO: No caso em tela a omissdo é penalmente relevante, pois 0s policiais tinham o dever legal de evitar o resultado, Trata-se, portanto, de crime omissivo impréprio. Vejamos 0 que diz 0 art. 13, §2° do CP: Art. 13 - O resultado, de que depende a existéncia do crime, somente é imputével a quem Ihe deu causa. Considera-se causa a acéo ou omisséo sem @ qual o resultado néo terla ocorrido. (Redacéo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Superveniéncia de causa independente(Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) (od Relevancia da omiss80(Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) § 20 - A omissdo & penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar 0 resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) a) tenha por lei obrigacéo de culdado, protecao ou vigiléncia; (Incluldo pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) Nesse caso, a causalidade nao ¢ fatica (ou natural), eis que o policial ndo matou a vitima (no deu causa, do ponto de vista fisico, 4 morte). Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 102 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 Contudo, temos o que se chama de causalidade normativa, ou seja, 0 resultado é imputado ao policial no por ter dado causa faticamente ao resultado, mas por nao ter impedido o resultado. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA D. 20 - (FCC - 2008 - PGM-SP - PROCURADOR) Crimes omissivos impréprios ou comissivos por omissio séo aqueles a) que se consumam antecipadamente, ndo dependendo da ocorréncia do resultado desejado pelo agente. b) em que o agente, por deixar de fazer o que estava obrigado, produz o resultado. c) que decorrem do nao fazer o que a lei determina, sem dependéncia de qualquer resultado naturalistico. d) em que a lei descreve a conduta do agente e o seu resultado. e) em que a lei sé descreve a conduta do agente, nao aludindo a qualquer resultado. COMENTARIOS: Os crimes omissivos impréprios (ou comissivos por omissdio) séo aqueles que 0 resultado é imputado ao agente que, embora no tendo realizado a conduta descrita no tipo penal, devia e podia agir para evitar que o resultado ocorresse. Vejamos a redagao do art. 13, §2° do CP: Art. 13 - O resultado, de que depende a existéncia do crime, somente & imputével a quem Ihe deu causa. Considera-se causa a ac&o ou omisséo sem 2 qual 0 resultado no teria ocorrido. (Redacéo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) (od Relevancia da omissao(Incluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 103 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 § 20 - A omissdo & penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir iIncumbe a quem: (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) a) tenha por lei obrigagao de cuidado, protegéo ou vigilncia; (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) ©) com seu comportamento anterior, criou 0 risco da ocorréncia do resultado. (Incluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA B. 21 - (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA) Dentre os elementos do fato tipico, NAO se inclui a) 0 resultado. b) a aco ou a omissao. c) 0 dolo ou a culpa. d) a relac&o de causalidade. e) a tipicidade. COMENTARIOS: 0 fato tipico se divide em QUATRO elementos, sao eles: + Conduta humana (alguns entendem possivel a conduta de pessoa juridica); + Resultado naturalistico; - Nexo de causalidade; - Tipicidade A conduta humana, por sua vez, nada mais é que uma aco ou omisséo, a depender do tipo_~— penal += que_—estamos_—falando. Assim, 0 wnico dos elementos trazidos pela questo que nado é um Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 104 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 elemento do fato tipico é 0 dolo ou a culpa, que sao 0 que chamamos de elemento subjetivo. Eles fazem parte da CONDUTA, e, de certa forma integram o fato tipico, mas n&o se pode dizer que siéo um de seus elementos. Portanto, a alternativa CORRETA E A LETRA C. 22 - (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA) Joo, dirigindo um automével, com pressa de chegar ao seu destino, avangou com o veiculo contra uma multiddo, consciente do risco de ocasionar a morte de um ou mais pedestres, mas sem se importar com essa possibilidade. Joao agiu com a) dolo direto. b) culpa. ¢) dolo indireto. d) culpa consciente. e) dolo eventual. COMENTARIO: Como a vontade de Jodo nao era a de provocar lesées ou a morte de ninguém, mas apenas chegar ao trabalho, nao se trata de dolo direto. Como Jodo previu a possibilidade de o resultado ocorrer, mas assumiu o risco de sua producio, nao se importando com isto, 0 caso é de dolo eventual. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA E. 23 - (FCC - 2006 - BANCO CENTRAL - PROCURADOR) 0 resultado é prescindivel para a consumag&o nos crimes Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 105 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) nie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados Concunsos Prof. Renan Araujo - Aula 02 a) materiais e de mera conduta. b) formais e materiais. c) formais e omissivos impréprios. d) omissivos préprios e materiais. e) de mera conduta e formais. COMENTARIOS: 0 fato tipico (um dos elementos do crime, sob o aspecto analitico), é composto de quatro elementos: + CONDUTA (ACAO OU OMISSAO); « NEXO DE CAUSALIDADE; + RESULTADO; + TIPICIDADE A conduta nada mais é que a realizacio fisica daquilo que esta previsto na norma penal incriminadora (fazer ou nao fazer alguma coisa), e esta necessariamente presente em todo e qualquer crime. elemento subjetivo (que pode ser o dolo ou a culpa) também sao elementos indispensdveis, pois no direito brasileiro no existe a chamada “responsabilidade objetiva”, de forma que o agente, além de realizar a conduta prevista no tipo penal, deveré té-la praticado com inten¢&o (dolo) ou ao menos com inobservancia de um dever de cuidado (culpa em sentido estrito), por ter sido negligente, imprudente ou imperito. Contudo, 0 elemento subjetivo ja esta incluido na ideia de “conduta”, que é acdo + elemento subjetivo. A tipicidade é outro elemento indispensavel, eis que é a previsdo de que a conduta praticada é um crime. A tipicidade é um juizo de subsuncdo entre a conduta do agente e a norma penal incriminadora. © resultado é a modificaco do mundo exterior pela conduta do agente, e 0 nexo de causalidade é 0 vinculo que relaciona a conduta ao resultado. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 106 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) nie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados Concunsos Prof. Renan Araujo - Aula 02 Esses dois elementos nao est&o presentes na caracterizacio do fato tipico dos crimes ditos “formais” e nos “de mera conduta”, eis que nesses o resultado é irrelevante para a consumacéo do crime (na verdade, nos crimes de mera conduta, sequer hé um resultado fisico para a conduta), que se consuma pela simples realizacao da conduta. Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA E. 24 - (FCC - 2006 —- BANCO CENTRAL —- PROCURADOR) Os crimes culposos a) admitem tentativa. b) nao dispensam a pre jade do resultado pelo agente. c) nao admitem coautoria. d) independem de expressa previsao legal. e) nao admitem a substituicdo da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. COMENTARIOS: Os crimes culposos, considerando que néo hd direcionamento da conduta para a realizaco do resultado, nao admitem tentativa, embora a Doutrina mais moderna admita a coautoria. A previ previsto, é SEMPRE EXIGIVEL, embora a efetiva previsdo do resultado jade, que é a possibilidade de que o resultado fosse No caso concreto n&o esteja presente em todos os crimes culposos (eis que na culpa inconsciente o agente nao prevé o resultado, que era previsivel). Os crimes somente so punidos a titulo de culpa quando houver expressa previséo legal nesse sentido. Caso contrario, somente se pune a modalidade dolosa. Vejamos a redag3o do § unico do art. 18 do CP: Art. 18 - Diz-se o crime: (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Crime doloso (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 107 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) Pen DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados ae Prof. Renan Araujo — Aula 02 I= doloso, quando 0 agente quis 0 resultado ou assumiu 0 risco de produzi- Jo; (Incluido pela Lei n® 7,209, de 11.7.1984) Crime culposo (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) II - culposo, quando 0 agente deu causa 20 resultado por imprudéncia, negligéncia ou impericia.(Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Pardgrafo Unico - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senéo quando o pratica dolosamente. (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Por fim, tais crimes admitem a substituico da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, nos termos do art. 44, I do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRAB. 25 - (ESAF - 2004 - MPU - TECNICO ADMINISTRATIVO) No tocante a relac3o de causalidade, prevista no art. 13 do Cédigo Penal, pode-se afirmar que A) a superveniéncia de causa relativamente dependente exclui a imputaco quando, por si s6, produziu o resultado. B) a omisséo é penalmente relevante quando o omitente nao podia e nao devia agir para evitar o resultado. C) a superveniéncia de causa relativamente independente nado exclui a imputagéo quando, por si s6, produziu o resultado. D) o resultado, de que depende a existéncia do crime, somente & imputavel a quem Ihe deu causa. E) se considera causa somente a acdo sem a qual o resultado teria ocorrido. COMENTARIOS: A) ERRADA: a concausa relativamente independente, quando superveniente, em regra nao exclui a imputacéo, mas a exclui quando produz sozinha o resultado. Isso é 0 que consta no art. 13, §1° do CP. No Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 108 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) nie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados Concunsos Prof. Renan Araujo - Aula 02 entanto, a questo estd errada, pois fala em causa relativamente DEPENDENTE e nao relativamente INDEPENDENTE. Porém, se analisarmos friamente, relativamente dependente e relativamente independente s&o expressées sindnimas, de forma que a quest&o deveria ter sido anulada; B) ERRADA: A omissao é relevante quando 0 agente (omitente) PODIA e DEVIA agira para evitar o resultado; C) ERRADA: a concausa relativamente independente, quando superveniente, em regra no exclui a imputac&o, mas a exclui quando produz sozinha o resultado. Isso é 0 que consta no art. 13, §1° do CP; D) CORRETA: Esta é a redaco literal da primeira parte do art. 13 do CP: Art. 13 - resultado, de que depende a existéncia do crime, somente 6 imputdvel a quem Ihe deu causa. Considera-se causa a aco ou omissdo sem 2 qual 0 resultado nao teria ocorrido. (Redagéo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) E) se considera causa somente a acdo sem a qual o resultado teria ocorrido. E) ERRADA: A omissao também pode ser considerada como causa, como consta na redagao do art. 13 do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA D. 26 - (ESAF - 2004 - MPU - ANALISTA - ADMINISTRACAO) A diferenga entre dolo eventual e culpa consciente consiste no fato de que A) no dolo eventual a vontade do agente visa a um ou outro resultado; e na culpa consciente o sujeito nao prevé o resultado, embora este seja previsivel. B) no dolo eventual a vontade do agente nao visa a um resultado preciso e determinado; e na culpa consciente o agente conscientemente admite e aceita 0 risco de produzir o resultado. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 109 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) DELEGADO falEstratégia Teoria e exercieios comentados SEE FES Prof. Renan Araujo - Aula 02 C) no dolo eventual, ndo é suficiente que o agente tenha se conduzido de maneira a assumir o resultado, exige-se mais, que ele haja consentido no resultado; na culpa consciente, o sujeito prevé o resultado, mas espera que este no aconteca. D) se o agente concordou em ultima instancia com o resultado, no agiu com dolo eventual, mas com culpa consciente. E) se n&o assumiu o risco de produzir, mas téo-s6 agiu com negligéncia, houve dolo eventual e nao culpa consciente. COMENTARIOS: A diferenca entre 0 dolo eventual e a culpa consciente reside no fato de que, no primeiro caso, embora o agente ndo queira o resultado, ele pratica a conduta sem se importar se 0 resultado ocorrerd ou no, ou seja, ele age com desprezo pelo bem juridico alheio que eventualmente (e provavelmente) possa ser lesado por sua conduta imprudente. Na culpa consciente o agente conhece o risco de sua conduta (consciente), mas acredita que evitara a ocorréncia do dano, ou seja, ele no quer o resultado e acredita que embora possivel, sera evitado. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA C. 27 - (ESAF - 2004 - MPU - ANALISTA - ADMINISTRAGAO) Quanto ao arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do Cédigo Penal, pode-se afirmar que A) nao ha fi ite temporal para a sua aplicacao. B) a reducdo de pena é aplicdvel aos crimes cometidos com ou sem violéncia ou grave ameaga a pessoa. C) se trata de mera atenuante e néo de causa obrigatéria de diminuic&o de pena. D) a pena pode ser reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois tergos). Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 110 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) ai DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados ae Prof. Renan Araujo — Aula 02 E) a reparagdo do dano exigida nao precisa ser efetiva, bastando a simples inteng&o de fazé-la. COMENTARIOS: 0 arrependimento posterior n&o exclui o crime, pois este ja se consumou, mas é causa obrigatéria de diminuigéo de pena. Ocorre quando, nos crimes em que no ha violéncia ou grave ameaca a pessoa, 0 agente, até o recebimento da denuncia ou queixa, repara o dano provocado ou restitui a coisa. Nos termos do art. 16 do CP: Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violéncia ou grave ameaca 4 pessoa, reparado o dano ou restituida a coisa, até o recebimento da denuncia ou da queixa, por ato voluntério do agente, a pena seré reduzida de um a dois tercos. (Redac&o dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA D. 28 - (ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL - PROVA 1) Com relagéo a aplicagdo da lei penal, analise o caso abai oe 0 enquadre na teoria do crime prevista no Cédigo Penal Brasileiro, assinalando a assertiva correta. Carlos atira em Jodo com a intengdo de maté-lo. Entretanto, a bala passa de raspo no braco de Jodo. Este é socorrido e levado para o hospital. Tragicamente, o hospital é incendiado por Abelardo que deseja matar todos os pacientes do hospital e Jodo morre carbonizado. A) Carlos devera ser denunciado por tentativa de homicidio. B) Abelardo nao pode ser denunciado pelo homicidio de Joao. C) Abelardo nado cometeu crime algum em relacao a Jodo. D) Carlos devera ser denunciado por homicidio. —) Carlos e Abelardo deveréo ser denunciados em concurso de agentes como coautores do homicidio de Jodo. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 121 de 151 Direito Penal — PC-PE (2015) DELEGADO faEstratégia Teoria e exerciclos comentados SAREE FES Prof. Renan Araujo — Aula 02 COMENTARIOS: Aqui temos um classico exemplo de ocorréncia de causa superveniente relativamente independente, que por si sO produziu o resultado. Embora Joao tenha ido ao Hospital em razéo do tiro recebido de Carlos, que tinha inteng&o de mata-lo, o fato é que o resultado (morte) se deu por fato independente (Abelardo atear fogo no Hospital). Nesse caso, Carlos responde apenas pelo ato praticado (tentativa de homicidio) e Abelardo responde por homicidio consumado. Nao ha concurso de agentes, pois ambos n&o agiram em conjunto, n’o havendo vinculo subjetivo entre eles. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA A. 29 - (ESAF - 2006 - MTE - AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - PROVA 2) © agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execugao do crime, responde: A) pela pratica do crime tentado. B) pela pratica do crime consumado. C) somente pelos atos ja praticados. D) pelo crime consumado, mas reduzida a pena de um a dois tercos em virtude do arrependimento posterior. E) pelo crime consumado, sem qualquer reducdo da pena. COMENTARIOS: Aqui temos a figura da DESISTENCIA VOLUNTARIA. Na desisténcia voluntaria o agente pode prosseguir na execucéio, mas deliberadamente opta por nao prosseguir. Nesse caso prevé o CP que o agente responderd somente pelos atos jé praticados, nos termos do art. 15: Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execu¢éo ou impede que o resultado se produza, sé responde pelos atos jé praticados.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — PC-PE (2015) DELEGADO falEstratégia Teoria e exercicios comentados ree eee Prof. Renan Araujo - Aula 02 Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA C. 30 - (FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Apolo foi ameacgado de morte por Hades, conhecido matador de aluguel. Tendo tido ciéncia, por fontes seguras, que Hades o mataria naquela noite e, com o intuito de defender-se, Apolo saiu de casa com uma faca no bolso de seu casaco. Naquela noite, ao encontrar Hades em uma rua vazia e escura e, vendo que este colocava a mao no bolso, Apolo precipita-se e, objetivando impedir o ataque que imaginava iminente, esfaqueia Hades, provocando-Ihe as lesées corporais que desejava. Todavia, apés 0 ocorrido, o préprio Hades contou a Apolo que nao ia maté-lo, pois havia desistido de seu intento e, naquela noite, foi ao seu encontro justamente para dar-Ihe a noticia. Nesse sentido, é correto afirmar que A) havia dolo na conduta de Apolo. B) mesmo sendo o erro escusavel, Apolo nao é isento de pena. C) Apolo no agiu em legitima defesa putativa. D) mesmo sendo o erro inescusavel, Apolo responde a titulo de dolo. COMENTARIOS: Nesse caso Apolo agiu no que se chama de legitima defesa putativa, pois agiu acreditando estar acobertando pela excludente de ilicitude da legitima defesa, 0 que n&o era o caso, estando, pois, errada a letra C. No entanto, devemos analisar se 0 erro de Apolo é desculpavel (invencivel). Como Apolo j4 havia sido ameacado de morte por Hades e Hades ainda fez mencéo a colocar a mo no bolso (denotando sacar uma arma), nao se podia exigir de Apolo que pensasse © contrario, motivo pelo qual entendo que se trata de erro vencivel (desculpavel). Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 123 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) nie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados ree eee Prof. Renan Araujo - Aula 02 No caso de ser escusdvel 0 erro, Apolo estaria isento de pena, e caso inescusdvel, responderia a titulo culposo, e nao doloso, nos termos do art. 20, §1° do CP, motivo pelo qual as alternativas B e D esto incorretas. No entanto, mesmo tendo agido em legitima defesa e podendo ser punido a titulo culposo ou ser isento de pena (a depender do tipo de erro), 0 certo é que a conduta de APOLO é DOLOSA, eis que ele teve vontade de atirar contra Hades, com dolo de matar (animus necandi). Independentemente da circunsténcia de agir em legitima defesa putativa (0 que influenciaré nos reflexos penais), a conduta é considerada dolosa, motivo pelo qual esta correta a letra A. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA A. 31 - (FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) José conversava com Anténio em frente a um prédio. Durante a conversa, José percebe que Jodo, do alto do edificio, jogara um vaso mirando a cabega de seu interlocutor. Assustado, e com o fim de evitar a possivel morte de Anténio, José o empurra com forca. Anténio cai e, na queda, fratura o brago. Do alto do prédio, Jodo vé a cena e fica irritado ao perceber que, pela atuacéo répida de José, nao conseguira acertar o vaso na cabega de Anténio. Com base no caso apresentado, segundo os estudos acerca da teoria da imputacao objetiva, assinale a afirmativa correta. A) José praticou lesdo corporal culposa. B) José praticou les&o corporal dolosa. C) O resultado nao pode ser imputado a José, ainda que entre a les&o e sua conduta exista nexo de causalidade. D) 0 resultado pode ser imputado a José, que agiu com excesso e sem a observancia de devido cuidado. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal — PC-PE (2015) DELEGADO faEstratégia Teoria e exerciclos comentados SEE FES Prof. Renan Araujo - Aula 02 COMENTARIOS: A questdo retrata 0 exemplo mais classico sobre a Teoria da ImputacSo Objetiva. Embora José tenha empurrado Jodo, e esta conduta tenha sido a causa das lesdes sofridas por Jodo em seu braco, certo & que José nao agiu com dolo de ferir Jodo, tendo agido assim para evitar a ocorréncia de um evento ainda mais danoso para este, qual seja, a sua eventual morte em raz3o do impacto que seria provocado pelo vaso jogado do alto do prédio por Anténio. Assim, como José evitou a ocorréncia de um resultado lesivo ainda maior, tendo sido movido por essa intengdo, pela Teoria da Imputacao Objetiva, nao pode responder pelo delito de lesdes corporais. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA C. 32 - (ESAF - 2012 - CGU - ANALISTA DE FINANGAS E CONTROLE) Marque a opgao correta. a) Quanto ao Lugar do crime, o Direito brasileiro adotou a Teoria da Atividade segundo a qual o Lugar do delito é aquele em que se verificou o ato executivo. b) © principio da irretroatividade da lei penal é corolario do principio da anterioridade da lei penal e limita-se as normas penais de carater material. ) © Cédigo Penal Brasileiro adotou, em relacio ao dolo, a Teoria da Representacéo, segundo a qual para a existéncia do dolo é suficiente a representacdo subjetiva ou a previséo do resultado como certo ou provavel. d) Os crimes comissivos por omissao séo objetivamente descritos com uma conduta negativa, ndo se exigindo um resultado naturalistico. e) O conceito analitico de crime, segundo a Teoria Tripartite, crime é fato tipico, antijuridico, culpavel e punivel. Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 COMENTARIOS: A) ERRADA: O Cédigo Penal adotou a teoria da Ubiquidade, sendo considerado lugar do crime tanto o local da atividade quanto o da consumacio. Vejamos: Art. 6° - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a acéo ou omissao, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado, (Reda¢ao dada pela Lei n° 7.209, de 1984) B) CORRETA: 0 principio da irretroatividade prega que as normas nao podem produzir efeitos sobre fatos pretéritos e, de fato, este € um dos corolarios do principio da anterioridade penal, que prega que a lei penal incriminadora deve ser anterior ao fato sobre o qual pretende incidir. De fato, somente incide em relagéo as normas penais materiais. No que tange as normas processuais, aplica-se o principio do tempus regit actum, de forma que uma lei processual pode ser aplicada ao um fato praticado antes de sua entrada em vigor, desde que em relac&o a atos processuais ainda nao praticados (Processos em curso relatives a fatos anteriores). C) ERRADA: O Direito brasileiro adotou expressamente as teorias da vontade (em relacéo ao dolo direto) e do assentimento (em relacéo ao dolo indireto). Vejamos: Art. 18 - Diz-se o crime: (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Crime doloso (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) I= doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi- lo;(Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) A teoria da vontade prega que o agente deve agir QUERENDO O RESULTADO, sendo, portanto, aplicavel ao dolo direto. J& a teoria do assentimento diz que o agente deve prever o resultado como possivel e, mesmo assim, agir no se importando com sua ocorréncia. Aplica-se ao dolo indireto (dentre eles, o eventual). D) ERRADA: Esta é a descric&o dos crimes omissivos préprios, e ndo dos Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 116 de 151 Direito Penal - PC-PE (2015) ie DELEGADO Estratégia Teorla e exercicios comentados ree ee Prof. Renan Araujo - Aula 02 crimes comissivos por omissdo (Omissivos impréprios), em relacdo aos quais ha previsdo de um resultado naturalistico que é atribuido ao agente em raz&o de sua condic&o de garantidor (nos termos do art. 13, § 2° do cP); E) ERRADA: Para a teoria tripartida, crime é fato tipico, antijuridico (ou ilicito) e culpavel. A punibilidade no entra no conceito. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA B. 33 - (ESAF - 2012 - CGU - ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE) A respeito do crime, é correto afirmar: a) crime consumado é aquele que retine todos os elementos de sua definiggo legal e crime tentado aquele que iniciada a execugao, ndo se consuma por circunstancias relacionadas a falha na execuc&o ou a vontade do agente. b) ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, sendo quando o pratica dolosamente. c) nao se pune a tentativa quando, por ineficdcia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossivel consumar- se o crime. d) diz-se culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudéncia, negligéncia ou impericia ou quando, ao menos, assumiu 0 risco de produzir o resultado. e) é hipdtese de exclusio de ilicitude quando o agente pratica o fato no exercicio regular de direito, ou se o fato é cometido sob coacio irresistivel. COMENTARIOS: A) ERRADA: O crime consumado é aquele que retine todos os elementos da definic&o lega, de fato. No entanto, o crime tentado é aquele que, uma Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Direito Penal - PC-PE (2015) DELEGADO Teoria e exercicios comentados Prof. Renan Araujo — Aula 02 vez iniciada a execugéio, 0 resultado nao se consuma por circunstancias alheias & vontade do agente. Vejamos a redaco do art. 14 do CP: Art. 14 - Diz-se o crime: (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Crime consumado (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) I= consumado, quando nele se retinem todos os elementos de sua definicéo legal; (Incluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) Tentativa (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) II tentado, quando, iniciada @ execucao, no se consuma por circunsténcias alheias 8 vontade do agente. (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) B) ERRADA: Essa é a definicgo de crime doloso, mas a lei prevé, ainda, a possibilidade de punicao a titulo culposo. Vejamos: Art. 18 (...) Pardgrafo Unico - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, sendo quando o pratica dolosamente. (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Vejam que ha a ressalva “dos casos expressos em lei", que séo as hipéteses de crimes culposos. C) CORRETA: 0 item est correto, pois, aqui, temos o que se chama de crime impossivel: Art, 17 - Ngo se pune a tentativa quando, por ineficécia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossivel consumar-se o crime. (Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) D) ERRADA: A afirmativa comeca correta, pois 0 crime culposo é aquele praticado por negligéncia, imprudéncia ou impericia. No entanto, quando © agente assume o risco do resultado temos um crime doloso (dolo eventual) e n&o culposo. Vejamos: Art. 18 - Diz-se 0 crime: (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Crime doloso (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) I= doloso, quando 0 agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi- Jo;(Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 118 de 151

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