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# Doutor em Sociologia pelo Núcleo de PósGraduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe; Membro
do Grupo de Pesquisa Estudos em Educação, Formação, Processo de Trabalho e Relações de Gênero, vinculado a
Universidade Federal de Sergipe; Professor do Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe
(UFS).
## Graduando do curso de Letras pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Bolsista voluntário de iniciação
cientifica no Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Relações de Trabalho, Gênero e Educação, atuando na linha de
Estudos sobre Gênero. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência UESB/CAPES
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Introdução
1 Dados disponíveis no Portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, no
seguinte endereço: http://portal.inep.gov.br/basicacensoescolarsinopsesinopse.
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2 O curso de Licenciatura em Pedagogia da foi autorizado por meio do processo CEE/BA 479/96, Parecer CEE Nº
151/97, o qual originou a Resolução do CEE Nº 084/97, que foi publicado no Diário Oficial de 24/12/97.
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Autoras como Maria Eliana Novaes (1984) e Alessandra Arce (1997) em uma
tentativa de responder por que o magistério tornouse campo de trabalho feminino,
explicam que esta profissão foi uma das primeiras que espaço para as mulheres sob a
aprovação da sociedade, como já vimos em Louro (1997) também para essas
pesquisadoras as mulheres foram impelidas para esta profissão sob a associação da
tarefa educativa com atividade materna e de dona de casa. Novaes (1984) assim
explica a feminização do magistério:
Não é só pelo problema financeiro, da baixa remuneração que os homens não
buscam o Magistério. Vejo mais como um preconceito, um estereótipo social.
Existem homens trabalhando no setor de serviços, às vezes portadores de
escolaridade de segundo grau, trabalhando no comércio ou em escritórios que,
considerando a sua jornada de trabalho, têm salário inferior ao das professoras.
Não é que eu considere o salário das professoras alto, não há como pensar assim.
O problema é que parece, os homens não buscam o magistério porque
tradicionalmente, essa é uma profissão vista como feminina, “Lidar com criança é
serviço de mulher”, em casa e na escola. É assim que pensam, na nossa sociedade,
não só os homens, mas, o que é pior, as próprias mulheres. (p. 96).
Para Jitt Jensen (1993 apud Sayão 2005) o principal obstáculo à adesão dos
homens à carreira de educador infantil são os baixos salários pagos, associados ao
baixo status da profissão, talvez por isso, há uma preferência para que os homens
atuem como coordenador, ou gestor, é como se este lugar de poder e destaque fosse
natural e legitimo aos homens. Eliana Saparolli (1997) levanta a hipótese de que a
grande presença das mulheres pela concepção de que a profissão parece ter nascido
colada ao gênero feminino, mas sabemos que nada é natural, somos frutos das
construções sociais, que em cada cultura, em cada contexto as construções
socioculturais vão ditando o que é natural ao homem/masculino e a mulher/feminino
e consequentemente quais afazeres competem a cada um, porém devemos estar
sempre dispostos e atentos para problematizar e desnaturalizar essas construções.
Segundo Sayão (2005) há no Brasil uma insuficiência de pesquisas que
consideram o gênero como categoria de análise, o que segundo a pesquisadora
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Um itinerário metodológico
mulher”, “o homem não nasceu para essas coisas”, Marília Pinto de Carvalho (2005,
p. 95), nos lembra também que nossa cultura compreende a masculinidade e a
feminilidade em termos bipolares; assim o trato com as emoções seria considerado
terreno feminino, o que permite apreender melhor as dimensões de feminização do
ensino da escola primária e das creches. As emoções e o cuidado infantil são tidos
como femininos e feminino é entendido como sinônimo de mulheres.
Observamos ainda como a própria mulher pode reforçar esses
estereótipos e discursos. Outro ponto que chamou nossa atenção na fala dessa
diretora é em relação ao suposto preconceito da comunidade de achar que o
professor é gay e a questão do abuso sexual, dois pontos que são bem relevantes
na discussão a cerca da ausência dos educadores do sexo masculino nas creches e
na Educação Infantil de modo geral. Segundo Janaina Rodrigues Araujo (2009, p.
119),
Quando pensado de modo mais amplo, o receio do abuso sexual parece estar
ligado a ideia de que somente os homens são abusadores em potencial. A figura
da professora dificilmente é associada a uma abusadora. Já no caso do professor,
além dessa associação, percebese o temor de que as crianças estejam em contato
com um “afeminado”, seguramente uma má influência para meninos e meninas.
banheiro? Por isso eu cito o profissionalismo, isso é que importa não o sexo da
pessoa. ( Juliana, diretora).
Conclusões inacabadas
Referências