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Departamento de Ciências e Engenharia de Materiais

Disciplina: Ciência dos Materiais I

IMPERFEIÇÕES OU DEFEITOS
NOS SÓLIDOS

Profa Cristiane Xavier Resende


A microestrutura dos materiais cristalinos é constituída
basicamente de defeitos cristalinos e constituintes
microestruturais tais como fases e inclusões
.
A microestrutura de um material é determinada
principalmente pela sua composição química e pelo seu
processamento (solidificação, conformação mecânica,
tratamentos térmicos e etc.)

2
INTRODUÇÃO
Por que estudar defeitos e imperfeições em sólidos?

Porque as propriedades dos materiais são afetadas pela


presença de imperfeições, consequentemente, é
importante ter conhecimento sobre os tipos de
imperfeições que existem e sobre o papel que elas
representam ao afetar o comportamento dos materiais

As propriedades mecânicas de metais puros


experimentam alterações significativas quando estes
estão ligados, isto é, quando átomos de
impurezas/dopantes são adicionados.
3
ADIÇÃO DE IMPUREZAS X PROPRIEDADES
MECÂNICAS

Prata pura Material mole e de


Baixa resistência

Adição de dopante (cobre)

Prata de lei Material muito mais


(92,5% Ag+ 7,5% Cu) duro e resistente

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Influência do Carbono e do Cromo sobre as Propriedades
Mecânicas do Ferro

Material macio e de
Ferro puro baixa resistência a
corrosão

Adição de impurezas – C e Cr (10 a 30%)

Material mais duro e de


Aço Inox
resistência a corrosão e
Fe+ C+ Cr
resistência mecânica muito
superior ao Ferro puro

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Influência do Carbono sobre as Propriedades Mecânicas do
aço Ferro

6
6
Passividade dos aços-cromo expostos durante 10 anos a
uma atmosfera industrial

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DEFEITO CRISTALINO

 Todo material contém um grande número de defeitos.

 Muitas das propriedades dos materiais são profundamente


sensíveis a desvios da perfeição cristalina;

 A influência desse desvio não é sempre adversa, e com


frequência características específicas são
deliberadamente moldadas pela introdução de quantidades
ou números controlados de defeitos específicos.

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“Defeitos cristalinos”: é uma irregularidade
na rede cristalina com uma ou mais das suas
dimensões na ordem de um diâmetro
atômico.

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Classificação dos Defeitos em Função das
Dimensões

1. Defeitos Pontuais 0 D (1 ou 2 posições


atômicas)

2. Defeitos lineares 1D

3. Defeitos interfaciais ou de fronteiras 2D

4. Defeitos volumétricos 3D

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TAMANHO DOS DEFEITOS CRISTALINOS

11
TAMANHO DOS DEFEITOS CRISTALINOS

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Embora esses defeitos sejam considerados pontuais, as
imperfeições afetam uma região que envolve vários átomos
ou íons. Essas imperfeições podem ser criadas pelo
movimento dos átomos ou íons, quando há aumento de
energia decorrente de aquecimento, durante o
processamento do material ou devido à introdução de
impurezas ou dopantes.

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Qual a diferença entre impurezas e dopagem?

Impurezas: são elementos ou compostos químicos que se


originam de materiais –primas ou do processamento.
Ex: Os cristais de silício produzidos em cadinhos de
quartzo, contêm oxigênio como impurezas.

Dopantes: são elementos ou compostos químicos


adicionados deliberadamente, em concentrações conhecidas
e em locais específicos da estrutura, para obter um efeito
benéfico nas propriedades ou no processamento.
o LACUNA

o INTERSTICIAL

DEFEITOS PONTUAIS o SUBSTITUCIONAL

o DEFEITO DE FRENKEL

o DEFEITO DE SCHOTTKY

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DEFEITOS PONTUAIS
São descontinuidades localizadas nos arranjos atômicos ou
iônicos, teoricamente considerados perfeitos, de uma
estrutura cristalina.
DEFEITOS PONTUAIS: LACUNA OU
VACÂNCIA

Lacuna
Presença de um sitio vago na rede
cristalina, onde deveria existir um
átomo

Todos os sólidos cristalinos contêm


lacunas. Não é possível criar um
material sem esse tipo de defeito.

Representação bidimensional de E nos materiais cerâmicos???


uma lacuna
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LACUNAS OU VACÂNCIAS

São formadas durante a solidificação do material cristalino ou


como resultado das vibrações atômicas (os átomos deslocam-se
de suas posições normais).

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Número de Lacunas em Equilíbrio (Nv)
O número de lacunas em equilíbrio (Nv) para uma determinada
quantidade de material depende da temperatura, a qual
aumenta de acordo com a seguinte expressão:

Onde:
Nv – número de lacunas por cm3
N- nº total de átomos de uma
região;
Qv- energia necessária para
Número de sítios atômicos formar um mol de lacuna;
T- temperatura absoluta em
NA- nº de Kelvin;
Avogadro; K- constante dos gases ( 8,31
ρ- densidade ; J/átomo-k ou 1,987 cal/molk)
n/Vc.u A- Peso atômico
Concentração em equilíbrio de lacunas

PeT
constante

De um modo geral, pode-se afirmar que quanto mais forte forem as


ligações entre os átomos, mais difícil será a formação de lacunas e
maior será o valor de Hf.
20
Exemplo 1: Calcule o número de lacunas no cobre à
temperatura ambiente (25º C). Que temperatura de
tratamento térmico do cobre será necessária para que a
concentração de lacunas seja 1000 vezes superior a
concentração de equilíbrio à temperatura ambiente?
Considere que são necessárias 20.000 cal para produzir
um mol de lacunas no cobre. Dados do cobre: CFC e a=
0,36151 nm.

PA
Resp.: Nv= 1,815 x108 lacunas/cm3
21
T= 375 K=102 º C
Exemplo 2: Determine o número de lacunas necessárias
para que um cristal de ferro CCC tenha uma massa
específica de 7,87 g/cm3. O parâmetro de rede do ferro
é de 2,866 x 10-8 cm, PA= 55,847g/mol.

Resp: 1,23 x1020 .


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DEFEITOS PONTUAIS: INTERSTICIAL
 Auto- intersticial: é um átomo do cristal que se encontra
comprimido no interior de um sítio intersticial (um pequeno espaço
vazio que sob circunstâncias ordinárias não é ocupado).
Cátion ou ânion ???
Em metais, um defeito auto-intersticial
provoca distorções relativamente grandes
na rede cristalina circunvizinha, pois o
Auto- intersticial
átomo é substancialmente maior do que a
posição intersticial na qual ele está situado.
No entanto, a formação desse defeito não é
muito provável de acontecer.
Cobre: EF. lacuna= 1,2 eV
EF. intersticial= 4eV
Representação bidimensional de um auto-
23 intersticial
Número de coordenação e Geometrias para várias razões
entre os raios do cátion e do ânion rC/rA.

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Exemplo 3: Considerando que o C, r= 0,071 nm, é inserido na
estrutura do ferro como apresentado abaixo e que o parâmetro
de rede do Fe CFC é de 0,3571 nm e o do Fe CCC é de 0,2866 nm
Responda: (1) O C provocaria maior distorção na rede cristalina
do Fe CCC ou CFC?

Ferro CFC:
os átomos de
Ferro CCC:
C ocupam
os átomos de
interstícios
C ocupam
octaédricos
interstícios
tetraédricos

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DEFEITOS PONTUAIS:
SUBSTITUCIONAL

27
SOLUÇÕES SÓLIDAS
Uma solução sólida se forma quando, á medida que os
átomos do soluto são adicionados ao material hospedeiro, a
estrutura cristalina é mantida, e nenhuma nova estrutura é
formada.

Formação de uma solução


Solução sólida de níquel no
líquida de água e álcool. A
cobre mostrada ao longo de
mistura ocorre em escala
um plano (100).
molecular
SOLUÇÕES SÓLIDAS

A estrutura cristalina do material que atua como


matriz é mantida, não ocorrendo a formação de novas
estruturas.

As soluções sólidas formam-se mais facilmente quando


o elemento de liga (impureza) e a matriz apresentam
estrutura cristalina e dimensões eletrônicas
semelhantes.

Esses defeitos pontuais devido à presença de dopantes


podem ser de dois tipos: substitucional ou intersticial.

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Solução Sólida Substitucional:

ocorre quando os átomos do soluto ou átomos de


impurezas tomam o lugar dos átomos hospedeiros ou os
substituem.

Átomo de impureza
substitucional
Ocorre também com os materiais cerâmicos: Soluto: MgO
30
Solvente: NiO
• Impurezas substitucionais

Substitucional ordenada Substitucional aleatória

31
Exemplo de solução sólida aleatória e ordenada- Liga
AuCu3

Condições de desordem: Temperatura acima de 390º C e


agitação térmica mantém uma distribuição aleatória dos átomos
de Au e Cu entre os sítios CFC.

Condições ordenamento: Temperatura abaixo de 390º C, os


átomos de Cu ocupam preferencialmente as posições nos centros
das faces e os átomos de Au as posições dos vértices da célula
unitária.
Solução sólida substitucional: estrutura CFC

(a) (b)

(c)

Solução sólida substitucional de estrutura CFC, com soluto de tamanho: (a)


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pequeno; (b) médio e (c) elevado.
FATORES QUE INFLUEM NA FORMAÇÃO
DE SOLUÇÕES SÓLIDAS
SUBSTITUCIONAIS
REGRA DE HOME-ROTHERY

34
FATORES QUE INFLUEM NA FORMAÇÃO DE
SOLUÇÕES SÓLIDAS SUBSTITUCIONAIS
REGRA DE HOME-ROTHERY

• Raio atômico deve ter uma diferença no máximo 15%, caso


contrário pode promover distorções na rede e assim formação de
nova fase. Rsolvente- Rsoluto/Rsolvente

• Estrutura cristalina mesma

• Eletronegatividade próximas

• Valência mesma ou maior que a do hospedeiro ???

35
Alguns pares de elementos satisfazem muito bem as
regras de Hume-Rothery e são completamente solúveis
ou miscíveis no estado sólido.

cobre-níquel e nióbio-tântalo.
Carbonetos- NbC e TiC;
Os óxidos- UO2 e ThO2.

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EXEMPLO DE SOLUÇÃO SÓLIDA
SUBSTITUCIONAL

• Cu + Ni são solúveis em todas as proporções

PARÂMETROS Cu Ni

Raio Atômico 0,128 nm = 1,28 A 0,125 nm = 1,25


A
Estrutura CFC CFC
Eletronegatividade 1,9 1,8

Valência +1 (às vezes +2) +2

37
Exemplo 2: Abaixo, estão tabulados os valores para o raio atômico, a
estrutura cristalina, a eletronegatividade e as valências mais comuns
para vários elementos. Para aqueles que são não- metais, apenas os
raios atômicos estão indicados. Quais desses elementos você
esperaria que formassem o seguinte com o cobre:

a) Uma solução sólida


substitucional com
solubilidade
completa?

b) Uma solução sólida


substitucional com
solubilidade
incompleta?

c) Uma solução sólida


intersticial?
Exemplo 3: Com base na figura, determine quantas vezes o átomo de
C é maior do que deveria ser para caber nos interstício da rede ccc
do Fe . RC= 0,077nm; RFe= 0,124 nm.

Átomo C dissolvido
intersticialmente em uma
posição tipo ½ 0 ½ na
estrutura ccc de um Fe
SOLUÇÕES SÓLIDAS

A adição de impurezas podem formar:

• Soluções sólidas < limite de solubilidade


• Segunda fase > limite de solubilidade

A solubilidade depende :
• Temperatura
• Tipo de impureza
• Concentração da impureza

41
Solubilidade total no Solubilidade Parcial no
Estados Sólido Estados Sólido

Materiais Metálicos: Cu-Ni; Nb-W; Pb-Sn


42 Materiais Cerâmicos: MgO-FeO
Cu-Ni: solubilidade total
Determinação da composição das fases (Liquida e sólida)
Determinação das quantidades das fases (Wl e W):
% fase liquida e % fase sólida

43 43
Diagrama Material Cerâmico
DIAGRAMAS DE FASES BINÁRIO: EUTÉTICO SIMPLES
Diagrama Material Cerâmico

SOLUÇÃO SÓLIDA ESPINÉLIO: Com solubilidade completa

45
SOLUÇÃO SÓLIDA

INTERSTICIAL

46
Solução Sólida Intersticial:
ocorre quando os átomos de impurezas preenchem os
espaços vazios ou interstícios que existem entre os
átomos hospedeiros.

Materiais metálicos que possuem FEA


relativamente elevados, as posições
intersticiais são relativamente pequenas.
Consequentemente, o diâmetro atômico
de uma impureza intersticial deve ser
substancialmente menor do que o
diâmetro dos átomos hospedeiros. EX:
carbono no ferro.

47 Átomo de impureza intersticial


Interstícios na Estrutura CCC

Interstícios octaédricos: r⁄R = 0,15. Interstício tetraédrico: r⁄R = 0,286


Ferro:, a maior esfera que cabe neste Fe: a maior esfera que cabe neste tipo
tipo de interstício tem r=0,19 Å. de interstício tem r= 0,36 Å

48 Os sítios tetraédricos são maiores que os sítios octaédricos


Interstícios na Estrutura CFC

Interstício octaédrico: r/R = 0,4142 Interstícios tetraédricos: r⁄R = 0,223


Ferro: a maior esfera que cabe no Fe: a maior esfera que cabe no
interstício octaédrico tem r= 0,52 Å interstícios tetraédricos tem r= 0,28 Å.

49
Os sítios octaédricos são maiores que os sítios tetraédricos
DIAGRAMA Fe-C
52
ESPECIFICAÇÃO DA COMPOSIÇÃO
É frequentemente necessário expressar a composição (ou
concentração) de uma liga em termo dos seus elementos
constituintes
As duas maneiras mais comuns de especificar a composição
são a percentagem em peso (ou massa) e a percentagem
atômica.

• Percentagem em peso (C1): peso


m1
de um elemento específico em C1  *100
m1  m2
relação ao peso total da liga (%p).

m1 e m2 representam o peso ou a massa dos elementos


1 e 2, respectivamente
53
Exemplo 2. Calcule a composição, em porcentagem em
peso, de uma liga que contém 218 kg de titânio, 14,6 kg de
alumínio e 9,7 kg de vanádio.

mTi
CTi  x100
mTi  mAl  mV

mAl
C Al  x100
mTi  mAl  mV

mV
CV  x100
mTi  mAl  mV

Resp: Ti-6Al-4V

54
ESPECIFICAÇÃO DA COMPOSIÇÃO

• Percentagem atômica (C1’): número de moles de um


elemento em relação ao número de moles total na liga (% em
átomos).

nm1 m'1
C1 '  * 100 nm1 
nm1  nm 2 A1

nm1 número de moles em uma dada massa de um determinado


elemento
m’1 e A representam a massa (em gramas) e o peso atômico,
respectivamente

55
Exemplo 3. Em uma liga Al-Cu existem 5 % em peso de
cobre e 95 % em peso de alumínio. Sabendo-se que a massa
atômica do alumínio é igual a 27 g/mol e a do cobre é 63,5
g/mol, determine a quantidade de cobre nessa liga, em %
em átomos.

m'1
nm1 
A1

nm1
C1 '  * 100
nm1  nm 2

Resp: 97,8% de Al e 2,2% de Cu


(Al-2,2%Cu)
56
DEFEITOS NAS CERÂMICAS:
Defeitos Pontuais

o INTERSTICIAL

o SUBSTITUCIONAL

o DEFEITO DE FRENKEL

o DEFEITO DE SCHOTTKY

58
IMPERFEIÇÕES NAS CERÂMICAS:
Defeitos Pontuais

A eletroneutralidade deve estar presente quando


existem números iguais de cargas positivas e negativas
dos íons. Portanto, os defeitos nas cerâmicas não
ocorrem sozinhos.

Esses defeitos são chamados de defeito de Frenkel e


de defeito de Schottky

59
DEFEITO PONTUAL: DEFEITO DE FRENKEL

é um tipo de defeito que envolve um par composto por


uma lacuna de cátion e um cátion intersticial.

Diagrama esquemático mostrando o


defeito de Frenkel em um sólido
Defeito de Frenkel iônico.

60
DEFEITO DE SCHOTTKY

é um tipo de defeito que envolve um par que é composto


por uma lacuna de cátion e uma lacuna de ânion.

Uma vez que tanto os cátions como os


ânions possuem a mesma carga
(materiais do tipo AX), e para cada
lacuna de cátion existe uma lacuna de
ânion, a neutralidade da carga do
Defeito de Schottky cristal é mantida.

EX: MgO; ZrO2

é mais provável que se formem mais


defeitos de Schottky ou de Frenkel??

Diagrama esquemático mostrando o defeito de Schottky em um


61 sólido iônico.
Os compostos iônicos (materiais cerâmicos)
podem ser classificados em duas classes:
compostos estequiométricos e compostos
não estequiométricos ou com estruturas
defeituosas

62
COMPOSTO CERÂMICO ESTEQUIOMÉTRICO

Estequiometria: é um estado para compostos iônicos onde


existe a razão exata entre cátions e ânions prevista pela
fórmula química. Ex: NaCl.

A razão entre o número de cátions e o número de ânions


não é alterada pela formação de um defeito de Frenkel ou
um defeito de Schottky. Se nenhum outro tipo de defeito
estiver presente, diz-se que o material é estequiométrico.

Um composto cerâmico é dito não-estequiométrico se existir


63 qualquer desvio dessa razão exata.
COMPOSTO CERÂMICO NÃO ESTEQUIOMÉTRICO

Os compostos não estequiométricos ocorrem em


certos materiais cerâmicos que apresentam dois
estados de valência

Na wustita existe um certo número de íons férricos de


acordo com o equilíbrio representado pela reação Fe++ =
Fe+++ + e-.

64
A não–estequiometria pode ocorre em materiais
cerâmicos onde existem dois estados de valência para um
dado tipo de íon.

65
A neutralidade elétrica é mantida pela presença de vazios
catiônicos ( ). Para cada dois íons Fe+++ deve existir um
vazio catiônico: 3Fe++ = 2Fe+++ + e
66
IMPUREZAS NAS CERÂMICAS

Átomos de impurezas podem formar


soluções sólidas em materiais cerâmicos, da
mesma forma como eles fazem nos metais.
São possíveis soluções sólidas dos tipos
substitucional e intersticial.

67
IMPUREZAS NAS CERÂMICAS

Impureza Intersticial

O raio iônico da impureza deve ser relativamente pequeno em


comparação ao ânion.

Átomo de impureza intersticial

Representação esquemática de átomos de impureza intersticial


68
IMPUREZAS NAS CERÂMICAS
Impureza Substitucional
Uma impureza substitucional irá substituir um íon hospedeiro que
seja mais semelhante a ela no aspecto elétrico.

possui uma carga


diferente daquela
apresentada pelo íon
hospedeiro que ele
está substituindo....
Íons de impureza substitucional
eletroneutralidade

Representação esquemática de uma solução sólida


substitucional a partir de um substitucional do ânion,
e de um substitucional do cátion em um composto iônico.
A presença de defeitos (e impurezas) altera muitas
propriedades e características do material. No caso wustita
são alteradas também as características que dependem da
mobilidade atômica (iônica) tais como sinterabilidade,
cinética de redução do óxido e outras propriedades.

70
Os defeitos e as impurezas modificam bastante as
propriedades ópticas dos sólidos iônicos e em particular a
cor.

71
1. Defeitos Pontuais: 0 D (1 ou 2 posições atômicas)

2. Defeitos lineares: 1 D

3. Defeitos interfaciais ou de fronteiras: 2 D

4. Defeitos volumétricos: 3 D

72
DEFEITOS LINEARES

73
DEFEITOS LINEARES (Discordâncias)

Definição: defeitos unidimensionais em torno dos quais


alguns dos átomos estão desalinhados.

Em geral as discordâncias são introduzidas no cristal


durante a solidificação do material ou quando o material é
deformado de modo permanente.

A discordância é a fronteira entre a parte do cristal que


deslizou ou escorregou e a parte que ainda não escorregou

 Aresta
DISCORDÂNCIAS  Espiral
 Mista
74
75
DEFEITOS LINEARES (Discordâncias)

Definição: defeitos unidimensionais em torno dos quais


alguns dos átomos estão desalinhados.

DENSIDADES DE DISCORDÂNCIAS TÍPICAS


• Materiais solidificados lentamente = 103discord./mm2
• Materiais deformados= 109 -1010 discord./mm2
• Materiais deformados e tratados termicamente= 105 -106
discord./mm2

76
DISCORDÂNCIA ARESTA OU CUNHA
Envolve um plano extra de átomos
(a) Vetor de
Burgers

(b)
Linha da
discordância
aresta

(c)
Um cristal perfeito (a) é cortado e um plano extra
de átomos é inserido (b). A borda inferior do plano
77 adicional é uma discordância aresta (c) .
Intuitivamente, é evidente que a deformação plástica
causada pela movimentação de uma discordância exige uma
tensão muito menor que a necessária para movimentar um
plano de átomos como um todo

78
MOVIMENTO DA DISCORDÂNCIA ARESTA

Direção de
Uma distância interatômica
escorregamento
Plano de escorregamento vetor de Burgers ⊥ linha de
discordância

A magnitude e a direção da distorção da rede associada a uma discordância são


expressas em termos de um vetor de Burgers.

Nos metais, o vetor de Burgers para uma discordância apontará para uma direção
79cristalográfica compacta e terá magnitude igual à do espaçamento interatômico.
DISCORDÂNCIA ESPIRAL OU HÉLICE
Uma discordância é em hélice quando o
empilhamento dos planos atômicos é
feito como uma mola.
Plano de Escorregamento

(a) (b) Linha de Discordância (c)

vetor de Burgers (b)  linha de discordância


Um cristal perfeito (a) é cortado, torcido e deslocado na distância de
um átomo, (b) e (C) . A linha ao longo da qual ocorre o cisalhamento
é a discordância espiral .
80
DISCORDÂNCIA MISTA
A maioria das discordâncias encontradas em materiais cristalinos é
mista, isto é, ela é constituída por uma discordância aresta associada a
uma discordância espiral

Puramente
aresta

Linha de
Discordância

Puramente espiral
mista

(a) Representação de uma discordância que possui características de discordância aresta,


espiral e mista. (b) vista superior, onde os círculos abertos representam posições atômicas
acima do plano de deslizamento. Os círculos pretos representam átomos abaixo do plano.
As discordância podem ser observadas em materiais
cristalinos mediante o uso de técnica de microscopia
eletrônica de transmissão.

Micrografia de
uma liga de
titânio na qual
as linhas
escuras são
discordâncias.

83
DEFEITOS EM CRISTAIS POLIMÉRICOS

Discordância
espiral

Fronteira do Lacuna
Ramificação
cristalito Impureza

Discordância
Cadeia Região não aresta
pendente cristalina Extremidade
das cadeias

84 Cadeia frouxa
84
DISCORDÂNCIAS E DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
Em uma escala microscópica a deformação plástica é o resultado
do movimento dos átomos devido à uma tensão aplicada. Durante
este processo ligações são quebradas e outras refeitas.

Em um cristal perfeito (isento de discordâncias) a tensão


necessária para iniciar a deformação plástica é várias ordens de
grandeza maior. Contudo, os cristais reais contém tais defeitos que
reduzem a resistência mecânica, isto é, aumentam a deformação
plástica.

Como a deformação plástica é enormemente facilitada pela


movimentação das discordâncias, duas possibilidades decorrem
para aumentar a resistência mecânica de um material:
 Reduzir drasticamente a densidade de discordâncias do
(IMPRATICÁVEL)
material, se possível eliminando-as;
 Dificultar o movimento das discordâncias.
85
85
DISCORDÂNCIAS E AUMENTO DA
RESISTÊNCIA MECÂNICA
Para dificultar o movimento das discordâncias, vários tipos
de obstáculos podem ser utilizados:

Outras discordâncias (endurecimento por deformação


ou encruamento);

 Átomos de soluto (endurecimento por solução sólida);

 Precipitação de segunda fase na matriz (endurecimento


por precipitação)

 Contornos de grão e de subgrão.

Essa área da ciência dos materiais é denominada mecanismos


86 de aumento da resistência mecânica.
IMPORTÂNCIA DAS DISCORDÂNCIAS

 Fornece um mecanismo para deformação plástica;

O deslizamento realizado pelo movimento de discordância


proporciona ductilidade aos materiais;

As discordâncias também influenciam nas propriedades ópticas e


elétricas dos materiais;

Podemos aumentar as propriedades mecânicas de um metal ou liga


interferindo no movimento de discordâncias, para aumentar a dureza
ou ductilidade de um material.

87
ENDURECIMENTO POR DEFORMAÇÃO,
POR SOLUÇÃO SÓLIDA, POR TAMANHO
DE GRÃO

- Ponto B: os átomos abaixo da linha de discordância


estão comprimidos, enquanto os átomos acima estão
tracionados
88
1. Defeitos Pontuais: 0 D (1 ou 2 posições atômicas)

2. Defeitos lineares: 1 D

3. Defeitos interfaciais ou de fronteiras: 2 D

4. Defeitos volumétricos: 3 D

89
DEFEITOS INTERFACIAIS OU DE FRONTEIRAS OU
SUPERFICIAIS

São defeitos que separam regiões que possuem


diferentes estruturas cristalinas e/ ou orientações
cristalográficas diferentes, ou seja, são contornos de
grão ou planos cristalinos que dividem o material em
regiões

 Superfícies externas;

 Contorno de grãos;
Classificação dos defeitos
interfaciais:  Contorno de macla;

 Contornos de fases
90
SUPERFÍCIES EXTERNAS
 São consideradas defeitos cristalinos, já que o número de
vizinhos de um átomo superficial não é o mesmo de um átomo no
interior do cristal.
As
 superfícies
Isso aumentaexternas
a energia do
dosmaterial representam
átomos externos, interfaces
tornando-os mais
instáveis.
nas quais o cristal termina abruptamente. O átomo da
superfície apresenta características diferenciadas em
relação aos do bulk e as ligações atômicas Superfície
estão rompidas.
Externa

As ligações desses átomos da


superfície que não estão
completadas dão origem a uma
energia de superfície, que é
expressa em unidades de energia
por unidade de área (J/m2).
91
Embora seu valor absoluto seja alto, sua importância
relativa é pequena, pois a quantidade de superfície por unidade
de volume nos componentes é praticamente desprezível
92
CONTORNOS DE GRÃOS
Corresponde à região que separa dois ou mais grãos ou cristais que
possuem orientações cristalográficas diferentes.

No interior de cada grão todos os átomos estão arranjados


segundo um único modelo e única orientação, caracterizada pela
célula unitária

Dentro da região do contorno,


que possui provavelmente a
largura equivalente à distância
de apenas alguns poucos átomos,
existem alguns desencontros
atômicos na transição da
orientação cristalina de um grão
para aquela de outro grão
adjacente.
94
CONTORNOS DE GRÃOS
São possíveis vários graus de desalinhamento cristalográfico
entre grão adjacentes.
Ângulo de desalinhamento

Contorno de grão de alto ângulo

Contorno de grão de baixo ângulo

Deslizamentos de planos?
Energia de contorno?

95 Ângulo de desalinhamento
96
DETERMINAÇÃO DO TAMANHO
DE GRÃO
O número médio de grãos de uma microestrutura é padronizado pela
ASTM (American Society for Testing and Materials).
Quanto maior o número de grãos, menor o tamanho de grão da amostra

N= 2 n-1
N = número de grãos por polegada quadrada
n =número do tamanho de grão

98
CONTORNOS DE GRÃOS
Equação de Hall-Petch: relaciona o tamanho dos grãos
com o limite de escoamento.

Não é válida para materiais


com grãos muito pequenos ou
anormalmente grandes

Controle do tamanho dos grãos: solidificação, formação de


ligas e tratamentos térmicos
99
METAIS
O contorno de grão funciona
como um barreira para a
continuação do movimento das
discordâncias devido as
diferentes orientações
presentes e também devido às
inúmeras descontinuidades
presentes no contorno de grão
Latão (Cu-30Zn)

Menor tamanho de
grão → maior área
de contorno por
unidade de volume
→ maior resistência
mecânica
A determinação do tamanho de grão ASTM deve ser elaborada em um
material lixado, polido e atacado quimicamente, observado com uma
ampliação de 100x.

(a) (b) (c)

50 m 50 m 50 m

Microestrutura de um aço comum analisado por microscopia ótica


revelando contornos de grão com tamanho de grão

101
Exemplo 5: O limite de escoamento de um aço, com baixo teor de
carbono e tamanho de grão médio de 0,05 mm, é de 137,9 MPa
(20.000 psi). Se considerarmos o mesmo aço com tamanho de grão de
0,007 mm, esse limite será de 275,8 MPa (40.000 psi). Qual será o
tamanho médio de grão desse aço-carbono com um limite de
escoamento de 206,85 MPa?

Resposta: 14,8 m

102
CONTORNOS DE MACLA
É um tipo especial de contorno de grão através do qual existe uma
simetria especifica em espelho da rede cristalina; isto é, os átomos
em um dos lados do contorno estão localizados em posições de
imagem em espelho dos átomos no outro lado do contorno.

A região de material entre esses contornos é chamada de macla.

104
resultam do deslocamento atômico que são produzidos a partir
de forças mecânicas de cisalhamento aplicadas, e também
durante tratamentos térmicos de recozimento realizado após
deformações

interferem no processo de deslizamento e elevam a resistência


mecânica do metal

105
A maclagem ocorre em um plano cristalográfico definido
e em uma direção especifica, ambos os quais dependem da
estrutura cristalina

Maclas podem ser causadas por deformações do


material, causadas por tensões térmicas ou mecânicas;

106
SOUZA, S. A. S. A (2008)
107
A eficácia dos defeitos superficiais em interferir no
processo de deslizamento pode ser avaliada pelas
energias associadas a cada imperfeição de superfície de
cada metal.

108
DEFEITOS VOLUMÉTRICOS
São defeitos cristalinos presentes em todos os materiais
sólidos que se estendem em dimensões maiores do que os
defeitos pontuais e superficiais.
São eles:
 Porosidade

 Trincas
 Inclusões

 Mistura de fases
109
Porosidade
Ex.: superfície do ferro puro durante o seu processamento por
metalurgia do pó. Embora a sinterização tenha diminuído a quantidade
de poros bem como melhorado sua forma (os poros estão mais
arredondados), ainda permanece uma porosidade residual.

compactado de pó de ferro Compactado de pó de ferro após


sinterização a 1150oC por 120min em
atmosfera de hidrogênio
110
Trincas
ocasionadas pelas tensões excessivas que se desenvolvem durante o
resfriamento ou ainda devido ao formato desigual das peças,
impedindo o resfriamento uniforme.

Trinca originada na ZTA (zona térmica


afetada) a partir de uma região parcialmente Trinca originada na solidificação na
fundida. região de solda em uma liga.
112
Inclusões
Aprisionamento de impurezas (partícula) estranha no interior da liga
apresentando tamanho maior que 0,5 μm e comumente na forma de
óxido ou sulfeto.

Inclusão de sulfeto de
manganês na matriz de Fe

Espectros
elementares de
EDS
(espectroscopia
113 de energia
Fase
Porção homogênea de um sistema que possui características físicas e
químicas uniformes.
Quando duas fases estão presentes em um sistema não é necessário
que existam diferenças tanto nas propriedades físicas como químicas.

114

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