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E
Ex1: Um talão de cheques é extraviado da agência do banco, chegando às mãos de
um fraudador, que põe em circulação cheques falsificados em nome de “A” (cliente
do banco). O banco compensa os cheques, fazendo com que o saldo de “A” fique
negativo e ele seja inscrito na SERASA por força das dívidas. Esse banco respon-
derá objetivamente (isto é, independentemente de culpa) pelos danos materiais e
morais causados ao cliente.
Ex2: Determinado cracker invade o sistema do banco e consegue transferir dinheiro
da conta de um cliente. O banco responde objetivamente por esse dano.
Ex3: O cartão de crédito de um cliente é “clonado” e, por conta disso, são feitas com-
pras fraudulentas em seu nome. O banco responde objetivamente por esse dano.
F
Por que o banco responde objetivamente nesses casos?
Os bancos são fornecedores de serviços e a eles é aplicado o Código de Defesa do
Consumidor (art. 3º, § 2º, do CDC; Súmula 297-STJ; STF ADI 2591).
Se ocorreu um fortuito interno na operação bancária relacionado com uma fraude
ou delito praticado por terceiro, o que houve nesse caso foi um defeito no serviço
bancário, sendo isso chamado pelo CDC de “fato do serviço”.
E
José perde sua carteira com os documentos. Pedro, experiente estelionatário, en-
contra. Pedro coloca a sua foto no RG de José, treina a assinatura para imitá-la e vai
até o Banco, onde consegue, com os documentos de José, abrir uma conta-corrente
e efetuar um empréstimo bancário, nunca pagando o valor. Por conta disso, o nome
de José é inscrito pelo Banco no serviço de proteção ao crédito.
José, de fato, nunca manteve qualquer relação contratual com o Banco, mas deverá ser
indenizado porque houve um fato do serviço (um defeito no serviço bancário) que fez
com que ele se transformasse em vítima desse evento (consumidor por equiparação).
N
Nos exemplos acima mencionados, os bancos não podem alegar culpa exclusiva
de terceiro para se isentar da responsabilidade?
NÃO. De fato, o CDC prevê que a culpa exclusiva de terceiro exclui o dever de indenizar:
Art. 14 (...)
§ 3º – O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
No entanto, segundo o STJ, a culpa exclusiva de terceiros somente elide (elimina) a
responsabilidade objetiva do fornecedor se for uma situação de “fortuito externo”.
Se o caso for de “fortuito interno”, persiste a obrigação de indenizar.
Fortuito interno Fortuito externo
Está relacionado com a organização da Não está relacionado com a organiza-
empresa. ção da empresa.
É um fato ligado aos riscos da atividade É um fato que não guarda nenhuma
desenvolvida pelo fornecedor. relação de causalidade com a atividade
desenvolvida pelo fornecedor.
É uma situação absolutamente estranha
ao produto ou ao serviço fornecido.