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Trechos de textos de Del Debbio e Peter Tshuvh

O que é Astrologia?
Para começar, falaremos sobre o que se entende por “astrologia” no mundo
profano: segundo os horóscopos, os humanos são divididos em 12 castas
estereotipadas chamadas “signos”. Todo dia no jornal sai o “horóscopo” que é
o que vai acontecer com 1/12 da população do mundo naquele dia e volta e
meia algum picareta vai até a TV fazer “previsões” que nunca se concretizam…
Isso é o que as pessoas pensam que seja Astrologia.
Bem… agora vamos falar sobre Astrologia de Verdade.
Um Mapa Astral, ou Carta Natal, é uma representação geométrica e simbólica
do céu no exato momento do nascimento de qualquer coisa no Planeta. Uma
pessoa, um objeto, um contrato, um ritual… Nenhum dos planetas “influencia”
nada. Muito menos a “atração gravitacional” ou “energias emanadas” deles,
como eu já vi céticos afirmarem.
As posições dos Planetas atuam apenas como mostradores; ponteiros
invisíveis de um relógio astral, movimentando-se em sincronicidade com os
acontecimentos em cada planeta.
O que chamamos de “signo” nada mais é do que a posição do SOL no céu, no
momento de nascimento de cada pessoa, mas para termos uma ideia das
energias que estão presentes (e que precisam ser desenvolvidas ou utilizadas)
na encarnação de cada um, precisamos observar também os planetas (lua,
mercúrio, vênus, marte, júpiter, saturno, urano, netuno e plutão), bem como em
qual casa astrológica estas energias se encontram.

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Astros vão indicar o estado das coisas no momento que algo surge. E essas
forças dão o 'matiz' dessa existência, do mesmo modo que se colocarmos
corante na água de uma rosa branca, ela poderá ficar azul;
E porque isso acontece?
Porque todas as coisas estão interconectadas.
Vamos usar a analogia de um relógio. Se você conhece como funcionam as
engrenagens e o sistema, assim que localiza o ponteiro das horas, pode saber
onde está o ponteiro dos minutos, e talvez até dos segundos, por causa do
desvio dele.
Os astros são "grandes ponteiros" de uma engrenagem cósmica cujas menores
coisas seriam as partículas. Claro, isso só fará sentido se você observar as
coisas de acordo com a interdependência. Do contrário, tudo está 'separado' e
obviamente não há qualquer ligação (e talvez nem causalidade!) entre as
coisas.
Mas assumindo essa interdependência, não há como as coisas estarem
realmente desconectadas. Assim, os astros não seriam as únicas coisas
capazes de indicar esse movimento. Poderíamos até enxergar e interpretar
coisas menores, mas elas são mais difíceis de calcular porque seus
movimentos são mais rápidos e seus ciclos parecem mais caóticos ou sujeitos,
claro, às coisas maiores.
Assim, os astros são os 'grandes ponteiros' que podemos enxergar mais
facilmente. Não muito além disso. É aí que reside o segredo da astrologia.
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Baseado no que escrevi acima, diria até mais: que a leitura da borra de café
não é algo tão incrivelmente supersticioso quanto possa parecer. Que a
CAPACIDADE da leitora da borra seja discutível, concordo. Não sei nem dizer
se isso seria possível; seria necessário que a pessoa se harmonizasse num
nível interior das 'engrenagens' das coisas a fim de entender aquele "instante",
onde obviamente aquelas partículas que estão no fundo da xícara devem estar
daquela forma e nem poderiam estar de qualquer outra.
O que estou dizendo é que se a gente soubesse "como" interpretar de fato os
sinais, até os livros e roupas que estão em seu quarto nesse momento, tudo
que está em sua frente, sua mesa, etc. diriam exatamente algo sobre passado
e futuro, pois não tem como estarem de outro modo nessa grande
engrenagem. Agora, que alguém saiba "como" ler e interpretar esses dados, é
outra coisa.

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Constelações não servem para nada no cálculo de Mapas. São apenas


REFERÊNCIAS simbólicas que os antigos encontraram para explicar para as
pessoas algo que é extremamente difícil descrever apenas com palavras.
Se formos avaliar diferentes métodos astrológicos (astrologia chinesa, védica,
asteca, etc.) veremos que, apesar de cada uma delas dar NOMES
DIFERENTES para casa signo, as descrições de cada período temporal em
relação ao comportamento dos indivíduos é rigorosamente o mesmo. Mudam
apenas a referência. Em um horóscopo são animais, em outro são deuses, no
terceiro constelações, em outro constelações diferentes e assim por diante…

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Retornando aos planetas


Na “astrologia” que as pessoas conhecem, existem 12 tipos de
signos/pessoas… ou 144 tipos de pessoas (12×12) se você for legal e contar o
ascendente.
Na Astrologia Hermética, temos 10 planetas (o nome Planeta vem de “viajante”,
ou os “astros que caminham no céu”, por isso consideramos o Sol, a Lua e
Plutão como planetas) mas, na realidade, são apenas os ponteiros do Sistema
solar que contam.

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Simbolicamente, cada Planeta reflete um aspecto da Árvore da Vida dentro de


cada pessoa. Para compreender a Astrologia, então, é necessário um
conhecimento da Kabbalah (não a necessariamente a judaica, mas a estrutura
que originou tanto a Kabbalah judaica quanto a hermética) e o que cada
sephira representa dentro do Mapa de Estados de Consciência Humana (ou
seja, o Astrólogo também precisa estudar a fundo psicologia e simbologia). E
aqui começa o real problema da Astrologia: VOCABULÁRIO.
O vocabulário humano é extremamente limitado. Vamos a um exemplo
simples: Você conseguiria descrever em palavras o amor que sente por sua
mãe? E por seu pai? E por sua esposa/esposo? Por sua/seu amante? Pelo
seu/sua filho mais velho? É o mesmo amor que o do filho caçula? E o amor que
você sente pelos seus colegas de exército? Seu time de futebol? O amor-
compaixão que sente por um mendigo pedindo esmola? O amor-piedade que
sente por uma criança espancada? O amor-ódio que sente pela ex-
namorada/o? Não há nenhum degradê entre estas formas de “amor”?
Certamente que quando você diz “eu amo minha esposa” e “eu amo meu time
de futebol”, “eu amo meus amigos torcedores” e “eu amo batata frita” há
diferenças enormes de significado.
Talvez um poeta conseguisse “traduzir” estes sentimentos em poemas
enormes; colocar em palavras os nobres sentimentos humanos… textos
longos, rebuscados, melodias singelas, pinturas… ainda assim não conseguiria
chegar ao ponto exato.

Se o olho humano pode distinguir 10 milhões de cores diferentes, por que não
temos um nome diferente para cada uma delas? E para cada um dos
sentimentos/emoções?

Conseguem perceber o cerne do problema?


Se a astrologia tivesse avançado como as outras ciências, ao invés de ter sido
expulsa das universidades pela IGREJA (e não por ser uma “pseudo-ciência”
como a maioria dos céticos gosta de afirmar), talvez teríamos hoje um código
para o Mapa de cada pessoa semelhante ao código genético ou ao código
Pantone, com letras e números; e computadores buscando similaridades
comportamentais, ao invés de astrólogos se matando para explicar sentimentos
com palavras.
Gostaria de ver se Richard Dawkins tivesse de dar nomes simbólicos ou fazer
poemas para cada código genético que encontrasse…

O Mapa Astral, então, é um perfeito mapa vocacional que mostra onde


estão suas facilidades e dificuldades, a maneira como você pensa, sente,
briga, intui, aprende… mostra o que te agrada e o que te incomoda;
mostra os vícios que você tem e às vezes nem sabe por quê. Mostra suas
virtudes e os seus defeitos.
O que o Astrólogo faz é analisar um mapa e tentar achar palavras que se
encaixem com cada uma destas combinações em suas diversas matizes.
Quando falamos “seu Marte está em Gêmeos”, estamos usando um código que
simplifica MUITO, mas MUITO mesmo o que realmente estamos vendo
naquele código… é como falar “sua camisa é azul”. Azul o que? Azul royal?
azul royal bebê? azul royal bebê fúcsia? azul royal bebê fúcsia do inverno do
rio Volga?

Um Astrólogo está limitado pelo seu próprio vocabulário e pelo seu


conhecimento da astrologia e simbolismo; também está limitado pelo seu
próprio mapa astral. Um astrólogo cujo próprio mapa tenha muitos planetas em
virgem fará uma interpretação de um mapa de outra pessoa bem diferente de
um astrólogo com muitos planetas em peixes… mesmo que os dois tenham
entendido as nuances de maneiras iguais, certamente se expressarão de
maneira diferente, com palavras diferentes. Os céticos adoram pegar estas
diferenças para alegar “que os astrólogos não falam a mesma língua nas
mesmas interpretações”.

E nessa “subjetividade” acabam as chances da Astrologia de se enquadrar nas


ditas ciências ortodoxas… imagine a dificuldade que os geneticistas teriam se
precisassem ficar dando nomes e descrições para cada um dos 27.000 genes
humanos baseado em sua interpretação pessoal…

Desta forma, o que os Astrólogos fazem é compilar em tabelas, palavras,


símbolos e descrições que mais se encaixam àquela determinada matiz
energética (novamente, usando vocabulário de acordo com seu próprio
entendimento).
O que eu acho “teimoso” como um adjetivo depreciativo, você pode achar que
é um elogio relacionado com “obstinação”, por exemplo! Uma pessoa “curiosa”
é um elogio ou é uma pessoa frívola?
E assim caímos nas brechas para as astrologias esquisotéricas… tentando
rotular e simplificar ao máximo, chegam e dizem “todo virginiano é discreto,
gosta de organização e limpeza”. Não é necessariamente verdade. Boa parte
deles possui estas características, mas isso não define absolutamente nada em
alguém… para vocês terem uma ideia, um Mapa bem feito não tem menos do
que 15-20 páginas de texto sobre a pessoa.

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Nosce Te Impsum (Conhece a ti mesmo)

E como se todas estas dificuldades não bastassem, também há o livre-arbítrio.


Uma pessoa que tenha, por exemplo, “Mercúrio em Gêmeos” terá uma
facilidade muito maior que a média de lidar com palavras… ela terá facilidade
bem maior do que outras pessoas se desejar tornar-se escritor, jornalista,
repórter, contador de casos… ou um grande fofoqueiro… ou um grande
mentiroso, ou combinações destes adjetivos. A habilidade de manipular bem as
palavras não implica necessariamente que você as usará para o bem. E nas
facilidades que estão às tentações.

Não temos como distinguir no mapa um grande repórter de um hábil mentiroso.


Podemos dizer “fulano tem facilidade para lidar com palavras” (você sentiria
alguma diferença se eu tivesse escrito “fulano tem facilidade para manipular
palavras”?); talvez alguns céticos considerem isso vago (é outra das alegações
furadas dos céticos em relação à astrologia). E NADA garante que alguém que
tenha Mercúrio em Gêmeos vá seguir a carreira de lidar com palavras… ele
pode muito bem ser um vendedor de carros usados que usa isso como lábia.

Para mim, “Mercúrio em gêmeos” diz muita coisa… Questão de vocabulário.


Não podemos aprofundar a descrição sem conhecer a pessoa… talvez,
somente a própria pessoa vai realmente saber o quanto ela usa esta
capacidade para o bem ou para o mal.
É nisso que entra o autoconhecimento e a parte Hermética da “Astrologia
Hermética”.

Avaliando nossos mapas, podemos detectar as energias com as quais temos


mais facilidade e lapidar nossa pedra bruta para chegarmos até a pedra
filosofal.
Mas é duro olharmos para o espelho e reconhecermos nossos defeitos… e
mais difícil ainda lutar para transmutá-los das oitavas mais baixas nas oitavas
mais altas; vencer as paixões que nos levam ao uso egoísta de nossas
habilidades e transformá-las em virtudes.
É como transformar chumbo em ouro.

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