You are on page 1of 26

Cadernos de Saúde Pública

Print version ISSN 0102-311X


Cad. Saúde Pública vol.22 no.11 Rio de Janeiro Nov. 2006

doi: 10.1590/S0102-311X2006001100027

RESENHAS BOOK REVIEWS

Tiago Pessoa Tabosa e Silva; Israel de Lucena Martins Ferreira

Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Brasil.


drtiagopessoa@yahoo.com.br

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS: GUIA DE BOLSO. Secretaria de


Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde;
2005. 320 pp.
ISBN: 85-334-1048-4.

Esta obra é especialmente dirigida aos médicos que necessitam obter, em sua
prática do dia-a-dia, informações atualizadas sobre os aspectos clínicos,
epidemiológicos e medidas de prevenção e controle das doenças infecciosas e
parasitárias. Não obstante, trata-se também de uma publicação de grande
importância para acadêmicos de medicina, internos e residentes, possibilitando a
orientação adequada na tomada de decisões e o aprimoramento do aprendizado no
ambiente da prática hospitalar, por ser um guia de fácil consulta.

Entende-se que a melhoria da qualidade da assistência médica, principalmente no


que diz respeito ao correto diagnóstico e tratamento dos pacientes, associada ao
encaminhamento e adoção das medidas de controle em tempo hábil, desempenha
um papel importante na redução de uma série de doenças infecciosas e
parasitárias. Nesta perspectiva, o principal propósito deste guia é divulgar para os
profissionais de saúde orientações sintéticas das estratégias que devem ser
adotadas para contribuir com este processo.

O livro nos traz, inicialmente, uma análise atualizada da situação epidemiológica


das doenças transmissíveis no Brasil, definindo e caracterizando a presença de três
grandes tendências: doenças transmissíveis com tendência declinante, doenças
transmissíveis com quadro de persistência e doenças transmissíveis emergentes e
reemergentes.

Dentre as doenças transmissíveis que apresentam uma tendência declinante, pode-


se citar, além da varíola e da poliomielite que foram erradicadas respectivamente
em 1973 e em 1989, o sarampo, cuja transmissão foi interrompida desde o final de
2000; o tétano neonatal, que vem apresentando taxas de incidência muito aquém
da estabelecida para ser considerado eliminado enquanto problema de Saúde
Pública (1/1.000 nascidos vivos); a raiva humana, que vem apresentando redução
na incidência e concentração de casos transmitidos por animais domésticos,
permitindo-se prever a sua próxima eliminação; a difteria, a coqueluche e o tétano
acidental, que têm em comum o fato de serem imunopreveníveis; a doença de
chagas, endêmica há várias décadas em nosso país; a febre tifóide, associada a
condições sanitárias precárias; e a oncocercose, a filariose e a peste, todas com
ocorrência em áreas restritas.

Dentre as doenças transmissíveis que apresentam um quadro de persistência,


podem-se citar a tuberculose, apresentando resultados favoráveis na redução da
mortalidade devido à disponibilidade de tratamento específico de alta eficácia; as
hepatites virais, especialmente as hepatites B e C, em função das altas
prevalências, da ampla distribuição geográfica e do potencial evolutivo para formas
graves que podem levar ao óbito; a leptospirose, apresentando grande relevância
em termos de Saúde Pública, em função do grande número de casos que ocorrem
nos meses mais chuvosos, bem como pela sua alta letalidade; as meningites,
destacando-se as infecções causadas pelos meningococos B e C, que apresentam
níveis importantes de transmissão e taxas médias de letalidade acima de 10%; as
leishmanioses (visceral e tegumentar) e a esquistossomose, para as quais, além da
manutenção de elevadas prevalências, tem sido observada expansão na área de
ocorrência; a malária, que, em benefício das medidas adotadas pelo Plano de
Intensificação das Ações de Controle da Malária, vem apresentando redução
significativa de suas taxas de incidência; e, apesar da ampliação da área de
transmissão para estados e municípios situados fora da área endêmica (Região
Amazônica), a febre amarela, cuja incidência tem sido reduzida a partir do ano
2000 até o presente momento.

Enfatiza-se para as doenças transmissíveis com quadro de persistência a


importância da integração entre as áreas de prevenção e controle e a rede
assistencial, uma vez que um importante foco da ação nesse conjunto de doenças
está voltado para o diagnóstico precoce e tratamento adequado dos doentes,
visando-se à interrupção da cadeia de transmissão. Alguns fatores, externos às
ações típicas do setor de saúde, como a urbanização acelerada sem adequada
infra-estrutura urbana, alterações no meio ambiente, desmatamento, ampliações
de fronteiras agrícolas e processos migratórios, contribuem para a manutenção da
endemicidade das doenças infecciosas e parasitárias, tornando implícita a
necessidade de ações multisetoriais para corroborar a prevenção e o controle das
doenças transmissíveis com quadro de persistência.

Dentre as doenças transmissíveis emergentes e reemergentes, discute-se a rápida


disseminação da AIDS no Brasil, ocasionando um aumento evidente na ocorrência
de uma série de outras doenças infecciosas, particularmente a tuberculose.
Ressalta-se, no entanto, que a disponibilidade de novas drogas tem propiciado um
aumento na sobrevida para os portadores da infecção pelo HIV. A despeito do pico
endêmico da cólera em 1993, os esforços do sistema de saúde conseguiram reduzir
drasticamente a sua incidência. Apesar do ambiente favorável para a disseminação
e persistência desta doença, em vista da insatisfatória condição ambiental e
sanitária em que se encontra parte da população. Em 2004, apresentou uma
pequena produção de novos casos isoladamente na Região Nordeste. O dengue tem
sido objeto de uma das maiores campanhas de Saúde Pública realizadas no Brasil.
As dificuldades para a eliminação do mosquito domiciliado, transmissor da doença,
o Aedes aegypti, têm exigido um esforço substancial do sistema de saúde. A
circulação de um novo sorotipo, o DEN 3, propiciou um aumento na incidência de
febre hemorrágica da dengue, com conseqüente incremento da mortalidade por
essa doença. A hantavirose, detectada pela primeira vez no Brasil em 1993, foi,
posteriormente, declarada como doença de notificação compulsória, gerando um
quadro mais nítido da realidade epidemiológica desta doença em nosso país,
permitindo a adoção de medidas adequadas de prevenção e controle.

O livro, em seguida, nos traz alguns conceitos, funções e propósitos relacionados à


Vigilância Epidemiológica, no âmbito das doenças transmissíveis.

São abordados em uma nova seção os sistemas de informação em saúde,


enfatizando-se a sua importância em termos de Saúde Pública. Estes sistemas são
desenvolvidos e implantados com o objetivo de facilitar a formulação e a avaliação
das políticas, dos planos e programas de saúde, subsidiando o processo de tomada
de decisões, a fim de contribuir para melhorar a situação de saúde individual e
coletiva. São descritos, também, as áreas de ação específicas e os objetivos e
fundamentações que norteiam a atuação do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN), do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Sistema
de Nascidos Vivos (SINASC), do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) e
do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS).

Nesta publicação é citado que a retro-alimentação dos sistemas de informações


deve ser considerada como um dos aspectos fundamentais para o processo
continuado de aperfeiçoamento, gerência e controle da qualidade dos dados. No
entanto, não se encontram informações no texto relatando o nível percentual de
cobertura dos respectivos sistemas de informações nas regiões brasileiras e o grau
de confiabilidade dessas informações, critérios objetivos de extrema importância
para o reconhecimento das pesquisas científicas no Brasil que utilizam as
informações oriundas dos sistemas de informação em saúde.

Uma grande contribuição desta publicação centra-se na última seção do livro,


designada Doenças Infecciosas de Interesse para a Saúde Pública, na qual se
encontram aspectos atualizados relativos à epidemiologia, etiologia, manifestações
clínicas, fisiopatologia, diagnóstico, tratamento e medidas preventivas para o
controle de cada doença transmissível específica. Estas são abordadas
individualmente de forma concisa segundo os tópicos supracitados, dando-se
ênfase a informações de grande aplicabilidade prática, possibilitando, além do
apoderamento do conhecimento relativo às respectivas doenças e do auxílio na
tomada de decisões, o aprimoramento do cuidado exercido aos pacientes na prática
médica diária, visando-se o declínio das taxas de incidência de doenças
transmissíveis e, consecutivamente, das taxas de mortalidade.

InícioUsuáriosComunidadesDocumentos

• Enviar conteúdo
• Cadastro
• Login
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS GUIA DE
BOLSO 2008
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS

MINIST RIO DA SA DE

guia de bolso

7 edi o revista

Doen as Infecciosas e Parasit rias

Bras lia / DF

MINIST RIO DA SA DE

DOEN AS INFECCIOSAS E PARASIT RIAS

GUIA DE BOLSO

7a edi o revista

BRAS LIA

DF 2008

MINIST RIO DA SA DE Secretaria de Vigil ncia em Sa de Departamento de Vigil ncia


Epidemiol gica

DOEN AS INFECCIOSAS E PARASIT RIAS

GUIA DE BOLSO

7a edi o revista

S rie B. Textos B sicos de Sa de

BRAS LIA

DF 2008

1999 Minist rio da Sa de. Todos os direitos reservados. permitida a reprodu o parcial ou
total desta obra, desde que citada a fonte e que n o seja para venda ou qualquer fim
comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra da
rea t cnica. A cole o institucional do Minist rio da Sa de pode ser acessada, na ntegra, na
Biblioteca Virtual em Sa de do Minist rio da Sa de: http://www.saude.gov.br/bvs S rie
B. Textos B sicos de Sa de Tiragem: 7a edi o revista 2008 3.000 exemplares Elabora o,
edi o e distribui o: MINIST RIO DA SA DE Secretaria de Vigil ncia em Sa de
Departamento de Vigil ncia Epidemiol gica Esplanada dos Minist rios, Bloco G, Edif
cio-Sede, 1o andar CEP: 70058-900 Bras lia DF E-mail: svs@saude.gov.br Home page:
http://www.saude.gov.br Projeto Gr fico: Edite Dam sio da Silva e Fabiano Camilo
Capa: Fabiano Camilo Diagrama o: Edite Dam sio da Silva Revis o e copidescagem:
Regina Coeli Pimenta de Mello Impresso no Brasil/Printed in Brazil

Ficha Catalogr fica

Brasil. Minist rio da Sa de. Secretaria de Vigil ncia em Sa de. Departamento de Vigil
ncia Epidemiol gica. Doen as infecciosas e parasit rias: guia de bolso / Minist rio da Sa
de, Secretaria de Vigil ncia em Sa de, Departamento de Vigil ncia Epidemiol gica. 7. ed.
rev. Bras lia : Minist rio da Sa de, 2008. 372 p.: Il. (S rie B. Textos B sicos de Sa de)
ISBN 978-85-334-1527-0 1. Doen as transmiss veis. 2. Vigil ncia epidemiol gica. 3. Sa
de p blica. I. T tulo. II. S rie.

CDU 616.9

Cataloga o na fonte Coordena o-Geral de Documenta o e Informa o Editora MS OS


2008/0939

T tulos para indexa o: Em ingl s: Infectious and Parasitic Diseases: pocket guide Em
espanhol: Enfermedades Infecciosas y Parasitarias: gu a de bolso

Sum rio

APRESENTA O SITUA O EPIDEMIOL GICA DAS DOEN AS TRANSMISS VEIS


NO BRASIL VIGIL NCIA EPIDEMIOL GICA SISTEMAS DE INFORMA O
ACIDENTES POR ANIMAIS PE ONHENTOS DOEN AS INFECCIOSAS DE
INTERESSE PARA A SA DE P BLICA 1 AIDS 2 AMEB ASE 3 ANCILOSTOM ASE
4 ASCARID ASE 5 BOTULISMO 6 BRUCELOSE 7 CANCRO MOLE 8 CANDID
ASE 9 COCCIDIOIDOMICOSE 10 C LERA 11 COQUELUCHE 12
CRIPTOCOCOSE 13 CRIPTOSPORID ASE 14 DENGUE 15 DIFTERIA 16 DOEN A
DE CHAGAS

9 11 17 23 28 39 41 53 56 58 60 66 69 72 76 79 83 88 91 93 101 106

17 DOEN A DE LYME 18 DOEN AS DIARR ICAS AGUDAS 19 DOEN A


MENINGOC CICA (DM) 20 DONOVANOSE 21 ENTEROB ASE 22 ESCABIOSE
23 ESQUISTOSSOMOSE 24 ESTRONGILOID ASE 25 FEBRE AMARELA 26
FEBRE MACULOSA BRASILEIRA 27 FEBRE PURP RICA BRASILEIRA (FPB) 28
FEBRE TIF IDE 29 FILAR ASE POR WUCHERERIA BANCROFTI 30 GIARD ASE
31 GONORR IA 32 HANSEN ASE 33 HANTAVIROSES 34 HEPATITE A 35
HEPATITE B 36 HEPATITE C 37 HEPATITE D 38 HEPATITE E 39 HERPES
SIMPLES 40 HISTOPLASMOSE

113 116 119 123 127 130 132 135 138 143 147 150 155 160 163 167 174 179 184 190
195 199 203 209

41 INFEC O PELO PAPILOMA V RUS HUMANO (HPV) 42 INFLUENZA 43


LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA (LTA) 44 LEISHMANIOSE
VISCERAL (LV) 45 LEPTOSPIROSE 46 LINFOGRANULOMA VEN REO 47 MAL
RIA 48 MENINGITE POR HAEMOPHILUS INFLUENZAE 49 MENINGITE
TUBERCULOSA 50 MENINGITES VIRAIS 51 MONONUCLEOSE INFECCIOSA
52 ONCOCERCOSE 53 PARACOCCIDIOIDOMICOSE 54 PAROTIDITE
INFECCIOSA 55 PESTE 56 POLIOMIELITE 57 PSITACOSE 58 RAIVA 59 RUB
OLA 60 SARAMPO 61 SHIGELOSE 62 S FILIS ADQUIRIDA E CONG NITA 63 S
NDROME DA RUB OLA CONG NITA (SRC) 64 TEN ASE / CISTICERCOSE

213 217 226 230 236 241 244 254 257 261 263 265 268 272 274 279 285 288 294 299
304 307 315 321

65 T TANO ACIDENTAL 66 T TANO NEONATAL (TNN) 67 TOXOPLASMOSE 68


TRACOMA 69 TUBERCULOSE 70 VARICELA / HERPES ZOSTER ANEXOS
ANEXO A - LISTA NACIONAL DE DOEN AS E AGRAVOS DE NOTIFICA O
COMPULS RIA

325 331 335 339 343 351 359 361

ANEXO B - C ALEND RIOS DE VACINA O: DA CRIAN A, DO ADOLESCENTE E


DO A DULTO E IDOSO 365 EQUIPE T CNICA 370

Apresenta o

Concebido inicialmente com os objetivos de ampliar a sensibilidade do sistema de vigil


ncia e aprimorar as a es de controle de doen as infecciosas, mediante a divulga o dos
prop sitos, conceitos e pr ticas de vigil ncia, esse Guia de Bolso vem cumprindo essa
finalidade e, devido s suas caracter sticas, passou a ser solicitado por quase todas as
categorias de trabalhadores de sa de do pa s. Essa grande demanda tem impulsionado a
Secretaria de Vigil ncia em Sa de/Minist rio da Sa de, para que a cada nova edi o envie
um exemplar do Guia de Bolso de Doen as Infecciosas e Parasit rias para a resid ncia de
todos os m dicos do pa s, ao tempo em que, simultaneamente, promova ampla distribui
o para as Unidades de Sa de do SUS. Essa estrat gia tem garantido que a tiragem anual
desta publica o, em torno de noventa mil exemplares, atenda demanda por informa o
sint tica, substantiva e atualizada, sobre aspectos da cl nica, tratamento, epidemiologia,
vigil ncia e controle das principais doen as infecciosas e parasit rias que atingem a nossa
popula o. A estrutura did tica e objetiva com a qual os temas s o abordados atende s
necessidades da pr tica cotidiana de quem atua na ponta do sistema, contribuindo, desse
modo, para melhorar a qualidade do atendimento e conferir maior abrang ncia s a es de
vigil ncia e controle dessas enfermidades. O crescente interesse dos profissionais de sa
de, em particular dos m dicos, por esta publica o tem estimulado os dirigentes da
Secretaria de Vigil ncia em Sa de, com freq ncia, a solicitar aos t cnicos e coordenadores
das respectivas reas para que, ao lado de especialistas, revisem e atualizem este Guia de
Bolso de Doen as Infecciosas e Parasit rias, embora as caracter sticas anteriormente
descritas, que se repetem a cada edi o, sejam mantidas, por se entender ser adequada aos
prop sitos deste manual. Assim sendo, com grande satisfa o que a Secretaria de Vigil
ncia em Sa de do Minist rio da Sa de coloca disposi o daqueles que prestam cuidados sa
de da popula o brasileira a 7 edi o do Guia de Bolso de Doen as Infecciosas e Parasit
rias. Gerson Penna Secret rio de Vigil ncia em Sa de Jos Gomes Tempor o Ministro de
Estado da Sa de

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS


9

Situa o Epidemiol gica das Doen as Transmiss veis no Brasil

INTRODU O

Mudan as consider veis t m sido observadas no padr o de morbimortalidade em todo o


mundo. No que tange ocorr ncia das doen as transmiss veis, novas doen as foram
introduzidas, a exemplo da aids e de outras que apresentam elevada velocidade de
dissemina o. Doen as "antigas", como a c lera e a dengue, ressurgiram e endemias
importantes, como a tuberculose e as meningites, continuam persistindo, fazendo com
que esse grupo de doen as represente um importante problema de sa de da popula o,
inclusive em pa ses desenvolvidos. Esse cen rio reflete as transforma es sociais
ocorridas a partir da d cada de setenta, caracterizadas pela urbaniza o acelerada, migra
o, altera es ambientais e facilidades de comunica o entre continentes, pa ses e regi es,
entre outros fatores que contribu ram para o delineamento do atual perfil epidemiol gico
das doen as transmiss veis em todo o mundo. No Brasil, os diversos estudos sobre a
situa o de sa de da popula o apontam para a ocorr ncia, no final do s culo XX, de decl
nio nas taxas de mortalidade devido s Doen as Infecciosas e Parasit rias/DIP e, em
especial, s Doen as Transmiss veis, para as quais se disp e de medidas de preven o e
controle. Por outro lado, embora a tend ncia verificada para a morbidade por esse grupo
de causas seja igualmente decrescente, a sua velocidade de queda n o apresenta a
mesma intensidade observada na mortalidade. Por exemplo, a mortalidade por DIP, em
1930, era respons vel por 45,7% de todos os bitos do pa s. Em 1980, esse percentual era
de 9,3% e, no ano de 2005, j se encontrava em 5,2%. Por sua vez, as interna es por esse
grupo de doen as, que, entre 1980 e 1990, representavam cerca de 10% do total de
interna es, no per odo de 2000 a 2007, ainda se mantinham em torno de 8,4%. Nas regi
es Norte (13,6%) e Nordeste (11,9%), os valores s o ainda mais elevados. consenso que
a situa o das Doen as Transmiss veis no Brasil, no per odo compreendido entre o in cio
dos anos de 1980 at o presente momento, corresponde a um quadro complexo que pode
ser resumido em tr s grandes tend ncias: doen as transmiss veis com tend ncia
declinante; doen as transmiss veis com quadro de persist ncia e doen as transmiss veis
emergentes e reemergentes, apresentadas a seguir.

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

11

DOEN AS INFECCIOSAS E PARASIT RIAS

Doen as transmiss veis com tend ncia declinante Redu es significativas t m sido
observadas na ocorr ncia de v rias doen as transmiss veis, para as quais se disp e de
instrumentos eficazes de preven o e controle. A var ola foi erradicada em 1973; a
poliomielite, em 1989. A transmiss o cont nua do sarampo foi interrompida desde o
final de 2000. Embora a partir desse ano at 2005, tenham sido registrados 10 casos,
esses n o foram aut ctones e, sim, adquiridos por pessoas infectadas em outros pa ses ou
que tiveram contato com viajantes infectados. Em 2006, ocorreu um surto epid mico em
dois munic pios da Bahia, com ocorr ncia de 57 casos, mas tamb m foram considerados
importados, visto que o v rus identificado n o origin rio do Brasil, e, sim, uma variante
que circula no norte da Europa e sia. A taxa de incid ncia do t tano neonatal j atingiu o
patamar estabelecido para ser considerado eliminado, enquanto problema de sa de p
blica (1/1.000 nascidos vivos), inclusive apresentando valor inferior a esse par metro.
Por sua vez, a redu o na incid ncia e na concentra o dos casos da raiva humana
transmitida por animais dom sticos, nas regi es Norte e Nordeste, apontam para a
perspectiva de elimina o. Outras doen as transmiss veis com tend ncia declinante s o a
difteria, a coqueluche e o t tano acidental, todas imunopreven veis; a mesma tend ncia
tamb m observada para a doen a de Chagas, end mica h v rias d cadas no pa s, a febre tif
ide, al m da oncocercose, a filariose e a peste, cuja ocorr ncia limitada a reas restritas.
Doen as transmiss veis com quadro de persist ncia Neste grupo, encontram-se as
hepatites virais, especialmente as hepatites B e C, em fun o das altas preval ncias, ampla
distribui o geogr fica e potencial evolutivo para formas graves, que podem levar ao bito.
Embora a tuberculose (todas as formas), no per odo de 2000 a 2005, venha mantendo
taxas de incid ncia em torno de 40 por 100.000 habitantes, deve-se ressaltar a redu o
observada na sua mortalidade. A leptospirose apresenta uma distribui o geogr fica mais
restrita s reas que oferecem condi es ambientais adequadas para a sua transmiss o, por m
assume relev ncia para a sa de p blica em fun o do grande n mero de casos que ocorre
nos meses mais chuvosos, bem como por sua alta letalidade. As meningites, tamb m, se
inserem neste grupo de doen as, destacando-se as infec es causadas pelos meningococos
B e C, que apresentam n veis importantes de transmiss o e taxas m dias de letalidade
acima de 10%. No Brasil, s o registrados, aproximadamente, 24.000 casos de
meningites por ano e desses, cerca

12

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

SITUA O EPIDEMIOL GICA DAS DOEN AS TRANSMISS VEIS NO BRASIL

de 15% correspondem Doen a Meningoc cica (DM). Tem-se observado, tamb m,


significativa redu o na ocorr ncia da meningite causada por Haemophilus influenzae
tipo B, possivelmente em conseq ncia da vacina o de menores de 1 ano, a partir de
1999. Ainda neste grupo, est o as leishmanioses (visceral e tegumentar) e a
esquistossomose, para as quais, al m de elevadas preval ncias, constata-se expans o na
rea de ocorr ncia, em geral associada s modifica es ambientais provocadas pelo homem,
aos deslocamentos populacionais originados de reas end micas e insuficiente infra-
estrutura na rede de gua e esgoto ou na disponibilidade de outras formas de acesso a
esses servi os. A mal ria, que at recentemente apresentava n veis de incid ncia
persistentemente elevados na regi o amaz nica, onde se concentram mais de 99% dos
casos registrados no pa s, passou a apresentar, a partir de 1999, redu es superiores a
40% nessas taxas. O Plano de Intensifica o das A es de Controle da Mal ria, lan ado em
julho de 2000, al m de garantir a amplia o do acesso ao diagn stico e tratamento, por
interm dio da descentraliza o e da integra o com as a es de aten o b sica, bem como um
melhor equacionamento das a es seletivas de controle vetorial, possibilitou a
implementa o de importantes a es extra-setoriais, a partir do estabelecimento de normas
espec ficas voltadas para a instala o de assentamentos rurais e projetos de
desenvolvimento. Entretanto, a partir de 2003, houve, em grande parte dos estados da
regi o amaz nica, uma eleva o no n mero de casos. A febre amarela vem apresentando
ciclos epid micos de transmiss o silvestre, como aqueles ocorridos em 2000 (Goi s),
2001 e 2003 (Minas Gerais). Contudo, apesar da amplia o da rea de transmiss o para
estados e munic pios situados fora da rea end mica (regi o amaz nica), tem havido redu
o na incid ncia, a partir do ano 2000 at a presente data. A possibilidade de reintrodu o
do v rus amar lico no ambiente urbano, pela ampla dispers o do Aedes aegypti, tem
motivado intensa atividade de vacina o, que resultou em mais de 60 milh es de doses
aplicadas entre 1998 e 2003. Na medida em que foram identificados eventos adversos
graves associados a essa vacina, a estrat gia inicial, de vacina o universal, foi ajustada
para uma cobertura mais focalizada, tanto em toda a rea de circula o natural do v rus
amar lico, como na rea de transi o. A situa o apresentada evidencia que, para esse grupo
de doen as, faz-se mandat rio o fortalecimento das estrat gias, atualmente adotadas, que
viabilizem maior integra o entre as reas de preven o e

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

13

DOEN AS INFECCIOSAS E PARASIT RIAS

controle e a rede assistencial, considerando-se que nesse conjunto de doen as as a es s o


direcionadas para o diagn stico precoce e tratamento adequado dos doentes, visando
interrup o da cadeia de transmiss o. Adicionalmente, enfatiza-se a necessidade de a es
multissetoriais para sua preven o e controle, haja vista que a manuten o da situa o de
endemicidade reside na persist ncia dos seus fatores determinantes, externos s a es t
picas do setor sa de, como altera es do meio ambiente: desmatamento, amplia o de
fronteiras agr colas, processos migrat rios e grandes obras de infra-estrutura (rodovias e
hidroel tricas), entre outras. Doen as transmiss veis emergentes e reemergentes Doen as
transmiss veis emergentes s o as que surgiram, ou foram identificadas, em per odo
recente, ou aquelas que assumiram novas condi es de transmiss o, seja devido a
modifica es das caracter sticas do agente infeccioso, seja passando de doen as raras e
restritas para constitu rem problemas de sa de p blica. As reemergentes, por sua vez, s o
as que ressurgiram como problema de sa de p blica, ap s terem sido controladas no
passado. Entre as doen as emergentes, encontra-se a aids. A partir da sua detec o no
Brasil, em 1980, observou-se seu crescimento acelerado at 1995. No per odo de 1995 a
1999, verificou-se queda de 50% na taxa de letalidade em rela o aos primeiros anos do
in cio da epidemia, quando era de 100%. A partir de 1996, a sua incid ncia continuou
aumentando, atingindo 30.886 casos em 2004, correspondendo taxa de 17,2 por 100.000
habitantes, diferentemente da mortalidade que continuou declinando. Esse crescimento
inicial da aids no pa s e a possibilidade de associa o com outras doen as infecciosas,
particularmente a tuberculose, representa uma preocupa o para o controle dessas duas
doen as. A estabilidade observada nos ltimos anos na epidemia pelo HIV no pa s e a
disponibilidade de novas drogas antivirais t m propiciado o aumento da sobrevida dos
portadores de HIV. A c lera foi introduzida no pa s em 1991, apresentando pico epid
mico em 1993, com 60.340 casos. Apesar de ser uma doen a associada a condi es
ambientais e sanit rias prec rias, os esfor os realizados para o seu controle, conseguiram
reduzir drasticamente sua incid ncia. Posteriormente, passou a manifestar-se sob a
forma de surtos, principalmente nas pequenas localidades do Nordeste, com defici ncia
de saneamento b sico. A partir de 2001, foi observada uma redu o significativa no n
mero de casos, observando-se uma eleva o em 2004, com ocorr ncia de 21 novos casos
em Pernambuco. A dengue foi rein14

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS


SITUA O EPIDEMIOL GICA DAS DOEN AS TRANSMISS VEIS NO BRASIL

troduzida, no Brasil, desde 1982. O mosquito transmissor da doen a, o Ae. aegypti,


erradicado em v rios pa ses do continente americano nas d cadas de 50 e 60, retornou na
d cada de 70, por fragilidades na vigil ncia entomol gica, al m de mudan as sociais e
ambientais propiciadas pela urbaniza o acelerada. As dificuldades para eliminar um
mosquito domiciliado que se multiplica nos v rios recipientes que podem armazenar
gua, particularmente naqueles encontrados nos lixos das cidades, como garrafas, latas e
pneus, ou no interior dos domic lios, como descansadores dos vasos de plantas, t m
exigido um substancial esfor o do setor sa de cujos resultados n o t m sido efetivos.
Entretanto, esse trabalho necessita ser articulado com outras pol ticas p blicas, como a
limpeza urbana, al m de uma maior conscientiza o e mobiliza o social sobre a
necessidade das comunidades manterem seus ambientes livres do mosquito. Esse ltimo
elemento, a mudan a de h bitos, tem sido apontado, mais recentemente, como um dos
mais efetivos na preven o da infesta o do mosquito. Entre outros fatores que pressionam
a incid ncia da dengue, destaca-se a introdu o de um novo sorotipo, o DEN 3, para o
qual a susceptibilidade era praticamente universal. A circula o seq encial de mais de um
sorotipo propiciou um aumento na incid ncia da febre hemorr gica da dengue, com
conseq ente incremento na mortalidade causada pela mesma. Os primeiros casos de
hantaviroses, no Brasil, foram detectados em 1993, em S o Paulo. Essa doen a tem sido
registrada com maior freq ncia nas regi es Sul, Sudeste e Centro-oeste. Entre 1993 e
2006, ocorreram 854 casos confirmados. Com a padroniza o e informatiza o das a es de
vigil ncia, ocorridas a partir de 2001, o desenvolvimento da capacidade laboratorial para
realizar diagn stico, a divulga o das medidas adequadas de tratamento para reduzir a
letalidade e o conhecimento da situa o de circula o dos hantav rus nos roedores
silvestres brasileiros possibilitaram o aumento na capacidade de sua detec o. Dessa
forma, um quadro mais n tido da realidade epidemiol gica das hantaviroses no pa s foi
gerado, al m de ado o de medidas adequadas de preven o e controle. Coment rios finais
Apesar da redu o na mortalidade pelas doen as infecciosas e da diminui o significativa
na morbidade por um conjunto importante dessas doen as, ao mesmo tempo, em outra
dire o, configura-se, no Brasil, um quadro que, al m de expor as fr geis estruturas
ambientais urbanas do pa s, que tornam as popula es vulner veis a doen as que pareciam
superadas, amplia a j alta carga de doen as da popula o.

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

15

DOEN AS INFECCIOSAS E PARASIT RIAS

Esses fatores agregam-se ao surgimento de novas doen as ou novas formas de manifesta


o das doen as na popula o, aumento na severidade, causado pelo surgimento de novas
cepas patog nicas, amplia o da resist ncia aos antimicrobianos e persist ncia de
problemas como a desnutri o e doen as end micas, a exemplo da tuberculose. Essa situa
o implica na manuten o de estruturas dispendiosas de aten o, que competem por
recursos escassos, os quais poderiam, caso n o existissem esses problemas, vir a ser
utilizados na solu o de quest es de sa de de maior magnitude, para as quais h menores
possibilidades de preven o em curto prazo, como as doen as cr nicas n otransmiss veis.
Entende-se que a melhoria da qualidade da assist ncia m dica, principalmente no que diz
respeito ao correto diagn stico e tratamento dos pacientes, associada ao
encaminhamento e ado o das medidas de controle indicadas em tempo h bil,
desempenham importante papel na redu o de uma s rie de doen as infecciosas e parasit
rias. Para enfrentar esse quadro, ressalta-se o papel da integra o das a es de controle com
a aten o b sica, atrav s da adequada incorpora o das rotinas de preven o e controle nas
equipes de sa de da fam lia, respeitando-se as especificidades referentes atua o de cada
profissional envolvido nessas equipes. Nessa perspectiva, o principal prop sito deste
Guia de Bolso divulgar para os profissionais de sa de, em especial os m dicos, orienta es
sint ticas das estrat gias que devem ser adotadas como contribui o a esse processo.1

Texto extra do e adaptado do artigo "Mudan as nos padr es de morbimortalidade da


popula o brasileira: os desafios para um novo s culo". Carmo EH, Barreto ML, Silva Jr.
JB. Epidemiologia e Servi os de Sa de, 12(2):63-75, abr/jun.2003.

16

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

Vigil ncia Epidemiol gica

CONCEITO

A Lei Org nica da Sa de conceitua Vigil ncia Epidemiol gica (VE) como um "conjunto
de a es que proporciona o conhecimento, a detec o ou preven o de qualquer mudan a nos
fatores determinantes e condicionantes da sa de individual ou coletiva, com a finalidade
de recomendar e adotar as medidas de preven o e controle das doen as ou agravos". Este
Guia tem como prop sito sintetizar conhecimentos b sicos sobre algumas doen as
transmiss veis que est o sob vigil ncia epidemiol gica no Brasil, acrescidas de outras
importantes para a sa de p blica, que disp em de medidas de controle e tratamento. Foi
tamb m inclu do neste manual um cap tulo sobre acidentes com animais pe onhentos,
agravos esses que possuem normas e procedimentos terap uticos bem estabelecidos,
dependentes de insumos adquiridos pelo Minist rio da Sa de e disponibilizados para
toda a rede de servi os de sa de do pa s. Notifica o a comunica o da ocorr ncia de
determinada doen a ou agravo sa de, feita autoridade sanit ria por profissionais de sa de
ou qualquer cidad o, para fim de ado o de medidas de interven o pertinentes. Deve-se
notificar a simples suspeita da doen a, sem aguardar a confirma o do caso, que pode
significar perda de oportunidade de ado o das medidas de preven o e controle indicadas.
A notifica o tem que ser sigilosa, s podendo ser divulgada fora do mbito m dico sanit rio
em caso de risco para a comunidade, sempre se respeitando o direito de anonimato dos
cidad os. Prop sitos da VE Fornecer orienta o t cnica permanente para os que t m a
responsabilidade de decidir sobre a execu o de a es de controle de doen as e agravos.
Sua operacionaliza o compreende um ciclo completo de fun es espec ficas e inter-
complementares, que devem ser desenvolvidas de modo cont nuo, permitindo conhecer,
a cada momento, o comportamento epidemiol gico da doen a ou agravo escolhido como
alvo das a es, para que as interven es pertinentes possam ser desencadeadas com
oportunidade e efetividade.

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS


17

DOEN AS INFECCIOSAS E PARASIT RIAS

Fun es Coleta e processamento de dados; an lise e interpreta o dos dados processados;


investiga o epidemiol gica de casos e surtos; recomenda o e promo o das medidas de
controle apropriadas; avalia o da efic cia e efetividade das medidas adotadas; divulga o
de informa es sobre as investiga es, medidas de controle adotadas, impacto obtido,
formas de preven o de doen as, dentre outras. importante salientar que todos os
profissionais de sa de (da rede p blica, privada e conveniada), bem como os diversos n
veis do sistema (municipal, estadual, federal), t m atribui es de vigil ncia epidemiol
gica. Dependendo da inser o profissional e da capacidade executiva, t cnica e gerencial
de cada rea, essas fun es v o da simples notifica o de casos suspeitos ou confirmados das
doen as que comp em o sistema de vigil ncia at a investiga o epidemiol gica (casos ou
surtos), ado o de medidas de controle, coleta, an lise e interpreta o de dados, dentre
outras. Coleta de dados A VE desencadeia suas atividades a partir da ocorr ncia de um
evento sanit rio de caso suspeito ou confirmado de doen a sob vigil ncia. Costuma-se
definir a VE, de modo simples e operacional, como informa o decis o a o. A coleta de
dados ocorre em todos os n veis (municipal, estadual e federal) de atua o do sistema de
sa de. A for a e valor da informa o (que o dado analisado) dependem da qualidade e
fidedignidade com que a mesma gerada. Para isso, fazse necess rio que os respons veis
pela coleta estejam bem preparados para diagnosticar corretamente o caso, bem como
realizar uma boa investiga o epidemiol gica, com anota es claras e confi veis. Tipos de
dados - morbidade, mortalidade, dados demogr ficos e ambientais, notifica o de surtos e
epidemias. Fontes de dados - Notifica o compuls ria de doen as - uma das principais
fontes da vigil ncia epidemiol gica, a partir da qual, na maioria das vezes, se
desencadeia o processo de informa o decis o - a o. A lista nacional das doen as de
notifica o vigente encontra-se neste Guia. Sua sele o baseia-se na magnitude (medida
pela freq ncia), potencial de dissemina o, transcend ncia (medida pela letalidade,
severidade, relev ncia social e econ mica), vulnerabilidade (exist ncia de instrumentos
de preven o), compromissos internacionais de erradica o, elimina o ou controle,
epidemias,

18

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

VIGIL NCIA EPIDEMIOL GICA

surtos e agravos inusitados crit rios que s o observados e analisados em conjunto;


Resultados de exames laboratoriais; Declara es de bitos; Maternidades (nascidos vivos);
Hospitais e ambulat rios; Investiga es epidemiol gicas; Estudos epidemiol gicos
especiais; Sistemas sentinela; Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica (IBGE);
Imprensa e popula o, dentre outros.

Diagn stico de casos A confiabilidade do sistema de notifica o depende, em grande


parte, da capacidade de os profissionais e servi os locais de sa de respons veis pelo
atendimento dos casos diagnosticarem corretamente as doen as e agravos. Para isso,
dever o estar tecnicamente capacitados e dispor de recursos complementares para a
confirma o da suspeita cl nica. Investiga o epidemiol gica um m todo de trabalho
frequentemente utilizado em casos e epidemias de doen as transmiss veis, mas tamb m
aplic vel a outros grupos de agravos. Consiste em um estudo de campo realizado a partir
de casos (clinicamente declarados ou suspeitos) e de portadores, objetivando avaliar a
ocorr ncia do ponto de vista de suas implica es para a sa de coletiva. Sempre que poss
vel, deve conduzir confirma o do diagn stico, determina o das caracter sticas epidemiol
gicas da doen a, identifica o das causas do fen meno e orienta o sobre as medidas de
controle adequadas. Roteiro de investiga o - As seguintes indaga es devem ser
levantadas: de quem foi contra da a infec o? (fonte de cont gio) Qual a via de dissemina
o da infec o, da fonte ao doente? Que outras pessoas podem ter sido infectadas pela
mesma fonte de cont gio? Para quais pessoas o caso pode ter transmitido a doen a? A
quem o caso ainda pode transmitir a doen a? Como evit -lo? Finalidade da Investiga o -
Ado o de medidas de controle em tempo h bil. Para que isso aconte a, deve ser iniciada
imediatamente ap s a ocorr ncia do evento.

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

19

DOEN AS INFECCIOSAS E PARASIT RIAS

Ficha de Investiga o Epidemiol gica - S o os formul rios, existentes nos servi os de sa


de, espec ficos para cada tipo de doen a, que facilitam a coleta e consolida o de dados.
Devem ser preenchidos cuidadosamente, registrando-se todas as informa es indicadas,
para permitir a an lise e a compara o de dados. No caso de agravo inusitado, deve-se
elaborar uma ficha pr pria, de acordo com as manifesta es cl nicas e epidemiol gicas do
evento. Os formul rios cont m dados de identifica o do paciente, anamnese, exame f
sico, suspeita diagn stica, informa es sobre o meio ambiente (de acordo com o agravo) e
exames complementares de acordo com o(s) agravo(s) suspeitado(s). Busca de pistas -
Visa buscar a origem da transmiss o, cabendo ao investigador estabelecer quais as mais
importantes e o caminho a seguir. Em geral, importante definir: per odo de incuba o;
presen a de outros casos na localidade; exist ncia ou n o de vetores ligados
transmissibilidade da doen a; grupo et rio mais atingido; fonte de cont gio comum ( gua,
alimentos); modos de transmiss o (respirat ria, contato direto, etc.); poca de ocorr ncia
(esta o). Por ser uma atividade que exige tempo e custos adicionais, nem todas as doen
as s o investigadas. Os crit rios de defini o para a investiga o s o: doen a considerada
priorit ria pelo sistema de vigil ncia; excesso da freq ncia usual; suspeita de que os casos
tenham origem numa fonte comum de infec o; gravidade cl nica maior que a habitual;
doen a desconhecida na rea (agravo inusitado). Busca ativa de casos - Procedimento
realizado com vistas ao conhecimento da magnitude de ocorr ncia do evento, quando se
suspeita que casos possam estar ocorrendo sem registro nos servi os de sa de. mais
restrita (domic lio, rua ou bairro) ou ampliada (cidade, munic pios, acompanhando
correntes migrat rias, etc), seguindo-se a rea geogr fica de abrang ncia da fonte de cont
gio. Processamento e an lise de dados Os dados colhidos s o consolidados (ordenados de
acordo com as caracter sticas das pessoas, lugar, tempo, etc.) em tabelas, gr ficos, mapas
da rea em estudo, fluxos de pacientes e outros. Essa disposi o fornecer uma vis o global
do evento, permitindo a avalia o de acordo com as vari veis de tempo, espa o e pessoas
(quando? onde? quem?) e de associa o causal (por qu ?), e deve ser comparada com per
odos semelhantes de anos anteriores. importante lembrar que, al m das freq ncias
absolutas, o c lculo de indicadores epidemiol gicos (coe20

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

VIGIL NCIA EPIDEMIOL GICA

ficientes de incid ncia, preval ncia, letalidade e mortalidade) deve ser realizado para
efeito de compara o. Decis o a o Todo sistema de vigil ncia tem por objetivo o controle,
a elimina o ou a erradica o de doen as, o impedimento de bitos e seq elas. Dessa forma,
ap s a an lise dos dados, dever o ser definidas imediatamente as medidas de preven o e
controle mais pertinentes situa o. Isso deve ser feito no n vel mais pr ximo da ocorr ncia
do problema, para que a interven o seja mais oportuna e, conseq entemente, mais eficaz.
Normatiza o Normas t cnicas capazes de uniformizar procedimentos e viabilizar a
comparabilidade de dados e informa es s o elaboradas e divulgadas pelo sistema de vigil
ncia epidemiol gica. Destaque especial dado defini o de caso de cada doen a ou agravo,
visando tornar compar veis os crit rios diagn sticos que regulam a entrada dos casos no
sistema, seja como suspeito, compat vel ou mesmo confirmado por diagn stico
laboratorial. Retroalimenta o do sistema a devolu o de informa es aos notificantes das an
lises, resultantes dos dados coletados e das medidas de controle adotadas. Sistema
Nacional de Vigil ncia Epidemiol gica O Sistema Nacional de Vigil ncia Epidemiol gica
(SNVE) compreende o conjunto interarticulado de institui es do setor p blico e privado,
componentes do Sistema nico de Sa de, que, direta ou indiretamente, notificam doen as
e agravos, prestam servi os a grupos populacionais ou orientam a conduta a ser tomada
no controle das mesmas. De acordo com os princ pios e diretrizes do SUS, as a es e
atividades do SNVE est o sendo repassadas aos n veis descentralizados do sistema, de
modo gradual, de acordo com o desenvolvimento dos sistemas locais de sa de, de forma
a evitar a descontinuidade t cnica e administrativa dos programas e a es afetas a essa rea
da sa de. Os recursos financeiros destinados ao desenvolvimento das a es e atividades s
o transferidos fundo-a-fundo (Portaria n GM/MS 1.399, de 15/12/99, e Portaria n
GM/MS 950, de 23/12/99) para as secretarias estaduais e municipais de sa de que
passaram a ter autonomia t cnica, administrativa e financeira para o desenvolvimento de
suas fun es. O n vel central do sistema (Minist rio da Sa de Secretaria

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

21

DOEN AS INFECCIOSAS E PARASIT RIAS

de Vigil ncia em Sa de) atua apenas de modo complementar, quando os problemas de sa


de sob vigil ncia epidemiol gica ultrapassam a capacidade de resolu o de estados e
munic pios. Muito embora a Lei do SUS (8.080) preconize a integra o e integralidade da
aten o sa de, em muitos munic pios as a es e atividades de VE foram organizadas ou
permanecem desarticuladas da rede de aten o b sica. Visando superar essa dicotomia,
iniciativas v m sendo adotadas pelas tr s esferas de governo, tomando como eixo
integrador a Estrat gia Sa de da Fam lia (SF). A proposi o construir Sistemas Locais de
Sa de capazes de articular a es de vigil ncia, preven o de danos e riscos, controle de
doen as e aten o sa de, em acordo com as necessidades de sa de das popula es.
22

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

Sistemas de Informa es

INTRODU O

A informa o fundamental para o desenvolvimento da vigil ncia, da a cl ssica express o


"informa o para a o". Por sua vez, um bom sistema de informa es depende da
periodicidade do fluxo de fornecimento dos dados e do criterioso preenchimento dos
instrumentos de coleta (fichas de notifica o e investiga o, declara o de bito, declara o de
nascido vivo, boletins de atendimento, autoriza es de interna o, relat rios, etc.). A
transforma o desses dados (valor quantitativo obtido para caracterizar um fato ou
circunst ncia) em informa es (dado analisado) pode ser feita em todos os n veis do
sistema de sa de. Para isso, faz-se necess rio organiz -los em tabelas e gr ficos, que,
dependendo do grau de complexidade das an lises, podem ser realizados por todos os
profissionais ou por alguns com capacita o espec fica. A partir dos dados coletados s o
constru dos indicadores que correspondem a informa es produzidas com periodicidade
definida e crit rios constantes, que revelam o comportamento de um fen meno, em dado
intervalo de tempo. Para isso, faz-se necess ria a disponibilidade do dado, bem como
uniformidade e sinteticidade na coleta, simplicidade t cnica na elabora o e bom poder
discriminat rio do indicador. Sistemas de informa es Conjunto de unidades de produ o,
an lise e divulga o de dados, para atender s necessidades de informa es de institui es,
programas e servi os. Podem ser informatizados ou manuais. Atualmente, com o
crescente desenvolvimento da inform tica, a maioria dos sistemas da rea da sa de,
mesmo nos n veis mais perif ricos, j disp e das ferramentas de computa o ou est em vias
de adquiri-las. Sistema de Informa o em Sa de SIS Desenvolvidos e implantados para
facilitar a formula o e avalia o das pol ticas, planos e programas de sa de, subsidiando o
processo de tomada de decis es e contribuindo para melhorar a situa o de sa de
individual e coletiva. S o fun es do SIS: planejamento, coordena o, supervis o dos
processos de sele o, coleta, aquisi o, registro, armazenamento, processamento, recupera
o, an lise e difus o de dados e gera o de informa es. importante salientar que, para a rea
da

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

23

DOEN AS INFECCIOSAS E PARASIT RIAS

sa de, tamb m s o de interesse dados produzidos fora do setor (demogr ficos, de


saneamento, documentais e administrativos). Dados n o rotineiros, mas coletados
esporadicamente, obtidos por inqu ritos, levantamentos e estudos especiais, tamb m s o
muito teis s an lises da situa o de sa de e da vigil ncia epidemiol gica. A coleta de dados
deve ser racional e objetiva, visando a constru o de indicadores epidemiol gicos ou
operacionais que atendam aos objetivos de cada programa ou institui o, evitando-se
descr dito do sistema e desperd cio de tempo e recursos. Sistema de Informa o de
Agravos de Notifica o Sinan Para racionalizar o processo de coleta e transfer ncia de
dados relacionados s doen as e agravos de notifica o compuls ria, foi idealizado o
Sistema de Informa o de Agravos de Notifica o (Sinan), em substitui o aos
procedimentos anteriores que consistiam em preenchimento do Boletim de Notifica o
Semanal de Doen as pelas unidades de sa de, consolida o mensal pelas secretarias
estaduais e envio por aerograma ao Minist rio da Sa de. Vale salientar que o n mero de
doen as e agravos contemplados pelo Sinan vem aumentando, sem rela o direta com a
compulsoriedade de sua notifica o. O formul rio padr o cont m duas partes: a Ficha
Individual de Notifica o (FIN), que deve ser preenchida por profissionais das unidades
assistenciais da rede privada, conveniada e p blica, e a Ficha Individual de Investiga o
(FII), em geral, preenchida pelo respons vel da investiga o. Os principais indicadores
gerados pelo Sinan s o: taxa ou coeficiente de incid ncia, taxa ou coeficiente de preval
ncia, coeficiente de letalidade. Com as fichas de investiga o, muitas outras informa es
podem ser obtidas, como o percentual de seq elas, o impacto das medidas de controle e
o percentual de casos suspeitos e confirmados, entre outras. Sistema de Informa es sobre
Mortalidade SIM O SIM foi criado pelo Minist rio da Sa de, em 1975, a partir do
desenvolvimento de um sistema informatizado de sele o de causa b sica de bito (SCB).
Este sistema foi descentralizado para as secretarias municipais de sa de (SMS),
deixando de ser operacionalizado apenas na administra o central das secretarias
estaduais de sa de (SES). O formul rio de entrada de dados a declara o de bito (DO), que
deve ser preenchida exclusivamente por m dicos, exceto onde n o existam esses
profissionais. Nessas reas, as DO podem ser preenchidas por oficiais de cart rio de
registro civil e devem tamb m ser assinadas por duas testemunhas do bito. Os dados do
SIM permitem calcular

24

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

SISTEMAS DE INFORMA ES

importantes indicadores para a VE, tais como: taxa ou coeficiente de mortalidade e


mortalidade proporcional por grandes grupos de causas, por causas espec ficas, faixa et
ria, sexo, escolaridade, ocupa o e outras caracter sticas constantes nas declara es de
bitos. O SIM ainda apresenta problemas de cobertura em algumas reas geogr ficas do pa
s, como as regi es Norte e Nordeste, o que dificulta a constru o de indicadores como
taxa de mortalidade infantil e raz o de mortalidade materna a partir de dados diretos do
sistema para essas regi es. Apresenta, tamb m, baixa completitude referente ao
preenchimento de alguns campos, que, s vezes, inviabiliza o seu uso exclusivo como
fonte de dados para diversos estudos. Sistema de Infoma es de Nascidos Vivos Sinasc
Oficialmente implantado em 1990, foi concebido e montado semelhan a do SIM, a
partir de um documento b sico padronizado declara o de nascidos vivos (DN) , que deve
ser preenchido para todos os nascidos vivos, por qualquer profissional de sa de. Nascido
vivo, segundo defini o da OMS, todo produto da concep o que, independentemente do
tempo de gesta o, depois de expulso ou extra do do corpo da m e, respira ou apresenta
outro sinal de vida, tal como batimento card aco, pulsa o do cord o umbilical ou
movimentos efetivos dos m sculos de contra o volunt ria, estando ou n o desprendida a
placenta. A implanta o do Sinasc tamb m ocorreu de forma gradual encontra-se,
atualmente, descentralizado para as secretarias municipais de sa de. Dentre os
indicadores que podem ser constru dos a partir desse sistema, incluem-se propor o de
nascidos vivos de baixo peso, propor o de prematuridade, propor o de partos
hospitalares, propor o de nascidos vivos por faixa et ria da m e, taxa bruta de natalidade
e taxa de fecundidade. Sistema de Informa es Hospitalares SIH/SUS Importante fonte
de informa o por registrar em torno de 80% das interna es hospitalares realizadas no pa
s e por gerar muitos indicadores: mortalidade hospitalar geral ou por alguma causa ou
procedimento espec fico; taxa de utiliza o por faixa et ria e sexo, geral ou por causa;
ndice de hospitaliza o por faixa et ria e sexo, geral ou por causa; ndice de gasto com
hospitaliza o por faixa et ria e sexo, geral ou por causa; tempo m dio de perman ncia
geral ou por causa espec fica; custo m dio da interna o, geral ou por causa; propor o de
interna o por causa ou procedimento selecionado; utiliza o de UTI e outros.

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

25

DOEN AS INFECCIOSAS E PARASIT RIAS

Sistema de Informa es Ambulatoriais do SUS SIA/SUS Este sistema n o registra o CID


dos diagn sticos dos pacientes. Portanto, n o pode ser utilizado como informa o
epidemiol gica. Contudo, seus indicadores operacionais podem ser importantes como
complemento das an lises epidemiol gicas, a exemplo do n mero de consultas m dicas
por habitante/ano, n mero de consultas m dicas por consult rio, n mero de
exames/terapias realizados pelo quantitativo de consultas m dicas. Outras fontes de
dados Muitos outros sistemas s o operados pela rede de servi os do SUS, que, mesmo
sem base epidemiol gica, podem ser utilizados como fontes complementares nas an
lises. Dentre eles, cabe destacar: o Sistema de Informa es de Aten o B sica (SIAB), que
aporta dados relacionados popula o coberta pela Estrat gia Sa de da Fam lia e pelo
Programa de Agentes Comunit rios de Sa de nos munic pios em que se encontram
implantados, bem como sobre as atividades desenvolvidas pelos agentes e equipes de Sa
de da Fam lia; o Sistema de Informa es de Vigil ncia Alimentar e Nutricional (Sisvan),
instrumento de pol ticas federais focalizadas e compensat rias (Programa "Leite Sa de"),
atualmente implantado em aproximadamente 1.600 munic pios considerados de risco
para a mortalidade infantil; o Sistema de Informa es do Programa Nacional de Imuniza
o (SI-PNI), que aporta dados relativos cobertura vacinal de rotina, atualmente
implantado em todos os munic pios brasileiros. O Sistema de Informa es do C ncer da
Mulher-SisCam, que faz parte do programa Viva Mulher, fornece informa es referentes
aos exames realizados nesse grupo, assim como a freq ncia das les es pr -cancerosas e
do c ncer invasivo, al m de produzir dados para o monitoramento externo da qualidade
dos exames citopatol gicos realizados. Na rea de doen as cr nicas, o HiperDia faz parte
do plano de Reorganiza o da Aten o Hipertens o Arterial e ao Diabetes Mellitus,
permitindo o cadastramento e acompanhamento de portadores de diabetes mellitus e
hipertens o arterial. A m dio prazo, permitir a defini o do perfil epidemiol gico dessas
popula es. Outros sistemas de import ncia s o o Sistema de Informa es sobre Or amento
P blico em Sa de (Siops) que possibilita acompanhamento das aplica es dos recursos p
blicos do setor sa de; o Sistema de Informa es da Anvisa, que atende aos programas de
vigil ncia sanit ria com bancos de dados das reas de medicamentos, cosm ticos,
alimentos, saneantes e correlatos, agrot xicos, al m de informa es sobre o cadastramento
de centros; o Sistema de Informa es da Fiocruz, que compreende o Sistema Nacional de
Informa es T xico-Farmacol 26

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS


SISTEMAS DE INFORMA ES

gicas (Sinitox), Sistema de Informa es Geogr ficas (SIG) e a Rede Nacional de Bancos
de Leite Humano (Redeblh); o Sistema Nacional de Informa o sobre Meio Ambiente
(Sinima), que agrega informa o ambiental auxiliando a gest o, sendo gerido pela
Secretaria de Articula o Institucional e Cidadania Ambiental, do Minist rio do Meio
Ambiente, com tr s eixos estruturantes: o desenvolvimento de ferramentas de acesso
informa o, baseadas em programas computacionais livres; a sistematiza o de estat sticas;
e elabora o de indicadores ambientais. Al m das informa es decorrentes dos sistemas
descritos, existem outras grandes bases de dados de interesse para o setor sa de que
apresentam padroniza o e abrang ncia nacionais. Entre elas, devem ser citadas as
disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat stica (IBGE),
particularmente no que se refere ao Censo Demogr fico, Pesquisa Brasileira por
Amostragem de Domic lios (PNAD) e Pesquisa de Assist ncia M dico-Sanit ria (AMS),
e pelos conselhos de classe como o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Conselho
Federal de Enfermagem (Cofem) e o Conselho Federal de Odontologia (CFO). S o,
ainda, importantes fontes de dados as pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa
Econ mica Aplicada (IPEA), relat rios e outras publica es de associa es e empresas que
atuam no setor m dico supletivo (medicina de grupo, seguradoras, autogest o e planos
de administra o). Coleta e divulga o das informa es dever de todo profissional de sa de
da rede p blica, conveniada ou privada comunicar, autoridade sanit ria mais pr xima,
todos os casos suspeitos de doen as de notifica o compuls ria que comp em a lista
brasileira, independente de sua confirma o diagn stica, bem como as que foram
acrescentadas nos mbitos estaduais e municipais. Essa notifica o pode ser feita em
formul rio pr prio, por telefone, fax ou outro meio. O objetivo da notifica o a ado o de
medidas de controle pertinentes e a alimenta o dos sistemas de informa es. A notifica o
de casos suspeitos justifica-se pela necessidade de rapidez na execu o de medidas de
controle para algumas patologias, que podem n o ter impacto se executadas tardiamente.
A retroalimenta o dos sistemas deve ser considerada como um dos aspectos
fundamentais para o processo continuado de aperfei oamento, ger ncia e controle da
qualidade dos dados. Tal pr tica deve ocorrer em seus diversos n veis, de modo sistem
tico, com periodicidade previamente definida, de modo a permitir a utiliza o das
informa es nas atividades de planejamento, defini o de prioridades, aloca o de recursos e
avalia o dos programas desenvolvidos.

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

27

Acidentes por Animais Pe onhentos

INTRODU O

Apesar de n o se tratar de doen a infecciosa ou parasit ria, a inclus o neste Guia de


Bolso do cap tulo Acidentes por Animais Pe onhentos contribui para a difus o de
conhecimentos acerca de um agravo usualmente pouco conhecido do profissional de sa
de, mas que, invariavelmente, se defronta com um paciente acidentado. Estima-se que
ocorrem, anualmente, no Brasil cerca de 20.000 casos de acidentes com serpentes, 5.000
com aranhas e 8.000 com escorpi es, podendo estar relacionados ocorr ncia de bitos ou
produ o de seq elas. Por quest es operacionais, optou-se por abordar os envenenamentos
para os quais existem soros espec ficos, ainda que o tema abranja outros grupos de
animais pe onhentos bastante freq entes, por m pouco estudados, como alguns animais
aqu ticos e os himen pteros (abelhas, vespas, formigas).

Ofidismo

ASPECTOS CL NICOS E EPIDEMIOL GICOS

Descri o - Envenenamento provocado pela a o de toxinas, atrav s de aparelho inoculador


(presas) de serpentes, podendo determinar altera es locais (na regi o da picada) e sist
micas. Como conseq ncia da absor o do veneno na circula o sang nea, os mecanismos de
a o espec ficos determinam manifesta es cl nicas diferenciadas para cada g nero de
serpente. Acidente botr pico - Causado por serpentes do g nero Bothrops. Determina
processo inflamat rio no local da picada, com edema tenso, equimose, dor e
adenomegalia regional, que progridem ao longo do membro acometido. Podem ocorrer
bolhas com conte do seroso ou sero-hemorr gico e, eventualmente, necrose cut nea.
Manifesta es sist micas podem estar presentes com altera o da coagula o sang nea e
sangramentos espont neos (gengivorragia, equimoses e hematomas p s-trauma, hemat
ria). Com base no quadro cl nico, pode ser classificado em: leve, moderado e grave.
Acidente laqu tico - Causado por serpentes do g nero Lachesis. Apresenta quadro cl
nico semelhante ao botr pico, acrescido de manifesta es decorrentes de estimula o vagal
(n useas, v mitos, diarr ia, bradicardia, hipotens o e choque).

28

Secretaria de Vigil ncia em Sa de / MS

ACIDENTES POR ANIMAIS PE ONHENTOS

Acidente crot lico - Causado por serpentes do g nero Crotalus. N o leva a altera es locais
proeminentes, apenas edema discreto e parestesia; por outro lado, as manifesta es sist
micas s o conseq entes paralisia neuromuscular (ptose palpebral, dist rbios de acomoda
o visual, de olfato e paladar, sialorr ia, ptose mandibular), rabdomi lise (dores
musculares generalizadas, urina escura) e incoagulabilidade sang nea. Acidente elap
dico - Causado por serpentes do g nero Micrurus. Leva a quadro neuroparal tico
semelhante ao do acidente crot lico, sem outros sinais e sintomas concomitantes.
Acidente por serpentes n o-pe onhentas - Sem gravidade, por m freq ente, podendo, em
algumas circunst ncias, causar edema, dor e equimose na regi o da picada. Agentes
causais - S o quatro os g neros de serpentes de interesse m dico: Bothrops (jararaca,
jararacu u, urutu, cai aca), Crotalus (cascavel), Lachesis (surucucu, pico-de-jaca) e
Micrurus (coral verdadeira). Bothrops e Micrurus s o encontrados em todo o pa s,
enquanto que Crotalus mais fre

Ver menos

Comentários
comentar

1. (!) Éder - em 29/07/2009 -

BOA APOSTILA

Compartilhe
• |outros

Baixar Arquivo

1112 visitas | 221 downloads

Avaliações
• 0
• 10
• Denuncie este arquivo

ANNA CAROL
30/04/2009

• Faculdade: UNIPLI
• Curso: Enfermagem
• Tamanho do arquivo: 2 Mb
• Palavras chave: doenças, Enfermagem,

Conteúdo relacionado


Hepatites

aula de DIP sobre Hepatites

CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE PLANTAS fitopatologia

CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE PLANTAS CLASSIFICAÇÃO DE


DOENÇAS DE PLANTAS

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS

MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de


Vigilância Epidemiológica

Doenças infecciosas e parasitárias

Guia de bolso 7ª edição Ministério da Saúde

Manual de Doenças Infecto-Contagiosas

Relação de doenças

Doenças infecciosas e Parasitárias

Doenças Infecciosas e Doenças Infecciosas e Doenças Infecciosas e Doenças


Infecciosas e Doenças Infecciosas e PPPPParasitárias arasitárias arasitárias
arasitárias arasitárias Aspectos Clínicos, Vigilância Epidemiológica e Aspectos
Clínicos, Vigilância Epidemiológica e Aspectos Clínicos, Vigilância
Epidemiológica e Aspectos Clínicos, Vigilância Epidemiológica e Aspectos
Clínicos, Vigilância Epidemiológica e Medidas de Controle Medidas de
Controle Medidas de Controle Medidas de Controle Medidas de Controle Guia
de Bolso Guia de Bolso Guia de Bolso Guia de Bolso Guia de Bolso - 2 a
Edição Revisada e Ampliada - 2000

BIOSSEGURANÇA

DEFINIÇÃO E SAÚDE OCUPACIONAL

Módulo de Princípios deEpidemiologia para o Controle deEnfermidades

A Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil (OPAS) tem grande


satisfação em apresentar os Módulos de Princípios de Epidemiologia para o
Controle de Enfermidades (MOPECE) na versão traduzida para a língua
portuguesa. O MOPECE é um instrumento de capacitação em epidemiologia
básica, voltado para profissionais de saúde, especialmente aqueles que atuam
nos serviços de saúde locais, que tem por finalidade promover o conhecimento e
a aplicação prática dos conteúdos epidemiológicos no enfrentamento dos
problemas de saúde local, assim como no apoio ao planejamento e gestão em
saúde

Introdução de parasitologia

Introdução de parasitologia

Doenças de Origem Alimentar

As Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) são síndromes que afetam o


consumidor. Manifestam- se com o desenvolvimento de sintomas clínicos
gastrintestinais, relacionados com o período de incubação, quando causadas por
agentes que desencadeiam doenças agudas. As doenças crônicas também
ocorrem, no caso de o agente ser cumulativo (o consumo reiterado se soma no
organismo, pois a excreção do agente é pobre ou não ocorre no consumidor) ou
em decorrência da doença aguda. Em alguns casos, o agente pode disseminar-se
para outros órgãos.

Malária

aula de Dip

Profae 01 - Instrumentalizando a Acao Profissional

- Anatomia e Fisiologia - Parasitologia e Microbiologia - Psicologia Aplicada

GUIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - VOLUME II - INFLUENZA E


VARÍOLA

A influenza, ou gripe, é uma doença contagiosa aguda do trato respiratório, de


natureza viral e de distribuição global. Classicamente, apresenta-se com início
abrupto de febre, mialgia e tosse seca e, em geral, tem evolução auto-limitada,
de poucos dias. Sua importância deve-se ao seu caráter epidêmico, caracterizado
por disseminação rápida e marcada morbidade nas populações atingidas.

Doenças Relacionadas ao Trabalho

Doenças Relacionadas ao Trabalho - Manual de procedimentos para os Serviços


de Saúde

APOSTILA DE PARASITOLOGIA P

trata-se de material destinado ao curso de Auxiliar de Enfermagem

EVOLUÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL

As ações sobre as doenças transmissíveis em nosso meio, datam do tempo do


Brasil Colonial, quando os serviços de saúde se preocupavam com as doenças
pestilenciais. Estratégia de controle= AFASTAMENTO OU CONFINAMENTO
dos doentes nas santas casas, com ações voltadas para o indivíduo doente e não
para a prevenção. Fins do século XVII = ação contra a febre amarela em
Pernambuco, inaugura uma nova prática, em decorrência das epidemias. Ações:
aterro de águas paradas, limpeza de ruas e casas, criação de cemitérios( ações
pontuais). A partir do século XIX são estruturadas ações de promoção da saúde.

Sarampo

Contem descrição, sintomas, fisiopatologia, tratamento, diagnostico, só nao


tenho certeza dos cuidados de enfermagem...

Trabalho sobre Linfogranuloma

apresentado em um seminario de microbiologia na Universidade Federal do


Maranhão, a prof. Batista Azizi, aluna de doutorado do prof. e autor, Trabulsi

EPIDEMIOLOGIA fitopatologia
EPIDEMIOLOGIA

livro_biosseguranca.pdf

biosseguranca

Parasitologia Humana - Neves

Parasitologia Humana

Parasitologia Humana 11ª ed (Pereira Neves)

Parasitologia Humana 11ª ed (Pereira Neves)

Difusão do Uso de Plantas Medicinais Antihelmínticas na Produção de Caprinos


doSistema de Produção da Região de Patos, PB

O estudo com plantas medicinais tem mostrado uma ampla perspectiva para
medicina veterinária, o conhecimento empírico da população está despertando o
interesse de pesquisadores que vêem nas plantas uma alternativa viável e eficaz.

Guia de Vigilância epidemiologica 2009

Livro do Ministério da Saúde sobre a vigilância epidemiologica das doenças


infecciosas no país

Manual de Fitopatologia II

Manual de Fitopatologia II

Licença de uso

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

• Material de apoio:
• Perguntas frequentes
• Privacidade
• Termos de uso

• Sobre o ebaH!:
• O que é o ebaH!?
• Fale conosco
• Ajude-nos a melhorar
• Imprensa

• Fique ligado:
• Blog do ebaH!
• Twitter do ebaH!
• EbaH! no Orkut
• Forum do ebaH!
• EbaH! no Facebook

You might also like