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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO


PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL

PROPOSTA DE MODELO PARA IMPLANTAÇÃO E PROCESSO DE PROJETO


UTILIZANDO A TECNOLOGIA BIM

MARCELE ARIANE LOPES GARBINI

CUIABÁ, MT
OUTUBRO, 2012
1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO


PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL

PROPOSTA DE MODELO PARA IMPLANTAÇÃO E PROCESSO DE PROJETO


UTILIZANDO A TECNOLOGIA BIM

MARCELE ARIANE LOPES GARBINI

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia de Edificações e
Ambiental da Universidade Federal de Mato
Grosso, como um dos requisitos à obtenção do
título de Mestre em Engenharia de Edificações
e Ambiental.

Área de Concentração:
Construção Civil

Orientador:
Professor Dr. Douglas Queiroz Brandão

CUIABÁ, MT
OUTUBRO, 2012
2
3
4

A minha mãe, Arlene, pelo exemplo de vida


e por nunca ter medido esforços para que um
dia eu chegasse até aqui. A minha irmã
Karoline, pelo incentivo permanente. Ao meu
esposo, Jeferson, pelo seu companheirismo
indispensável e compreensão pela minha
ausência em tantos momentos. A vocês, em
especial, dedico este trabalho.
5

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus que me deu inspiração e força para a realização do
mestrado.

Ao Professor Dr. Douglas Queiroz Brandão, por ter me despertado para a importância
da BIM como tema de estudo, por sua paciência ao longo da orientação deste trabalho, de
grande importância ao meu crescimento profissional e pessoal.

Aos Professores Dr. Cláudio Cruz Nunes, Dr. José Afonso Botura Portocarrero e Dr.
Sérgio Scheer pelas contribuições na banca de qualificação e pelo enriquecimento desta
pesquisa.

Aos demais professores da pós-graduação, pela competência e dedicação em seus


ensinamentos e pelo respeito com que tratam todos os alunos.

Aos colegas do curso pelas valiosas observações e companheiros nas disciplinas de


pós-graduação.

As amizades iniciadas no mestrado e que seguirão para a vida toda: Anelise Yano,
Karina Colet e Mariana Abreu, pelo convívio, aprendizado, incentivo e inúmeras discussões
sobre nossas dissertações.

Aos escritórios que receberam a mim, sempre atenciosos e dispostos a contribuir com
a pesquisa acadêmica.

A CAPES pela bolsa concedida para a realização deste trabalho.

A todos que, de alguma forma, me ajudaram a vencer esta etapa.


6

RESUMO

GARBINI, M. A. L. Proposta de modelo para implantação e processo de projeto


utilizando a tecnologia BIM. Cuiabá, 2012. 182f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Edificações e Ambiental) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2012.

Esta dissertação trata do modelo de processo de projeto utilizando a tecnologia BIM (Building
Information Modeling) em escritórios de arquitetura. O conceito de BIM surgiu há mais de
trinta anos, no entanto vem sendo divulgado com maior abrangência no mercado da
construção civil apenas nos últimos dez anos. As vantagens de sua utilização são visíveis em
projetos que foram desenvolvidos nesta tecnologia, considerando o aumento na rapidez e na
qualidade de projetos entre outros benefícios que foram explanados neste trabalho. Para tanto,
o objetivo principal desta pesquisa, foi propor a implantação da tecnologia BIM, apresentando
um modelo de processo de projeto, a fim de auxiliar os escritórios de arquitetura a
desenvolverem seus projetos com maior nível de eficiência. A base teórica desta pesquisa
apresenta temas relacionados com o processo de projeto, o projeto e a tecnologia BIM.
Fundamenta-se metodologicamente em estudos de casos múltiplos, interpretados
qualitativamente e realizados em escritórios de arquitetura nas cidades de Cuiabá, São Paulo e
Goiânia. Na preparação dos estudos foi elaborado um protocolo de pesquisa com questões
para a coleta de dados nos escritórios. A condução dos estudos de caso foi de ordem
exploratória: através de documentos, entrevistas e observação direta nos escritórios. As etapas
para a entrevista foram elaboradas de acordo com informações como: dados da empresa;
dados sobre o desenvolvimento dos projetos; dados sobre planejamento para implantação da
tecnologia BIM; dados sobre tecnologia da informação; dados sobre processo de projeto e
sobre procedimentos de trabalho. Após a validação, foi realizada uma análise comparativa
destas informações. Nesta análise ficaram claras as mudanças ocorridas nos processos de
projeto, nos procedimentos de trabalho e na capacitação da equipe técnica dos escritórios, nos
quatro estudos de caso. O produto final desta pesquisa foi à criação de uma proposta para
implantação da tecnologia BIM e de um modelo de processo de projeto, composto de
diretrizes de trabalho, através de instrumentos para o desenvolvimento dos projetos nos
escritórios de arquitetura.

Palavras-chave: escritórios de arquitetura, processo de projeto, Building Information


Modeling.
7

ABSTRACT

GARBINI, N. A. L. Proposed model for implementation and design process using BIM in
architectural offices. Cuiabá, 2012 182f. Master’s Dissertation (Master in Building
Environmental Engineering) - Federal University of Mato Grosso, Cuiabá, 2012.

This work deals with the design process using BIM (Building Information Modeling) in
architectural offices. The concept of BIM arose more than thirty years ago, however, it has
been reported with greater coverage in the construction market just in the last ten years. The
advantages of its use are visible in projects wich were developed with this technology,
considering the increase in the speed and quality of projects, among other benefits that have
been described in this work. Therefore, the main objective of this research was to propose a
deployment technology for BIM in architectural offices and a model of the design process
through the use of this technology in order to assist architectural firms to develop their
projects with greater efficiency. The theoretical basis of this research presents issues related to
the design process, design and BIM. It was conducted on methodologically multiple case
studies, qualitatively interpreted and implemented in architectural offices in the cities of
Cuiabá, São Paulo and Goiânia. In preparing the studies a research protocol issues was
designed for data collection in offices. The conduct of the case studies had an exploratory
order: through documents, interviews and observation in the offices routine. The steps to the
interview included the company's data and investigation about the development of projects,
the planning for implementation of BIM technology, information technology, the design
process and the work procedures. After validation a comparative analysis of this information
was performed. This analysis became clear the changes in design processes, work procedures
and training of the technical staff of the offices in the four case studies. The last step of this
research was to create a proposal for implementation of BIM and a model of the design
process, composed of working guidelines and instruments for the development of projects in
architectural offices.

Keywords: architecture firms, design process, Building Information Modeling.

.
8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Modelagem dos processos ...................................................................................... 19


Figura 2 – Fluxo do desenvolvimento do projeto ..................................................................... 32
Figura 3 – Processo de projeto genérico aplicado nos escritórios de arquitetura ..................... 33
Figura 4– O processo de tomada de decisão segundo Markus e Arch (1973).......................... 37
Figura 5– Desenvolvimento do projeto como processo criativo .............................................. 38
Figura 6 – Modelo de processo de projeto ............................................................................... 40
Figura 7 – Processo de projeto de edificações .......................................................................... 41
Figura 8 – Processo de projeto ................................................................................................. 43
Figura 9 – Modelo do processo segundo Fabrício .................................................................... 45
Figura 10 – Modelo de processo de projeto ............................................................................. 46
Figura 11 – Utilização da tecnologia BIM ............................................................................... 52
Figura 12 – Pré-requisitos para o BIM ..................................................................................... 58
Figura 13 – Planejamento para implantação tecnologia BIM em escritórios ........................... 62
Figura 14 – Planejamento para implantação da tecnologia BIM.............................................. 63
Figura 15– Implantação BIM ................................................................................................... 67
Figura 16 – Delineamento da pesquisa ..................................................................................... 74
Figura 17 – Organograma do estudo de caso A ....................................................................... 80
Figura 18 – Estrutura do processo de projeto tradicional: caso A ............................................ 82
Figura 19 – Planejamento das etapas e níveis de detalhamento por etapa ............................... 84
Figura 20 – Fluxo do desenvolvimento do projeto .................................................................. 86
Figura 21 – Organograma do estudo de caso B ........................................................................ 93
Figura 22 – Estrutura do processo de projeto tradicional: caso B ............................................ 95
Figura 23 – Planos de modelagem ............................................................................................ 97
Figura 24 – Fluxo do desenvolvimento do projeto ................................................................... 99
Figura 25 – Organograma do estudo de caso C ...................................................................... 105
Figura 26 – Estrutura do processo tradicional do escritório de arquitetura: estudo de caso
C........................................................................................................................... 106
Figura 27 – Fluxo do desenvolvimento do projeto ................................................................. 108
Figura 28 – Organograma do estudo de caso D ..................................................................... 114
Figura 29 – Estrutura do processo tradicional: estudo de caso D ........................................... 116
Figura 30 – Fluxo do desenvolvimento do projeto ................................................................ 119
Figura 31 – Processo de projeto tradicional – Empresas investigadas ................................... 130
Figura 32 – Escritórios que utilizam roteiros para desenvolver seus projetos ....................... 131
Figura 33 – Criação do roteiro de processo de projeto ........................................................... 131
Figura 34 – Conhecimento dos escritórios em modelos de processo de projeto. ................... 132
Figura 35 – Eficiência de um modelo de processo de projeto. ............................................... 132
Figura 36 – Estrutura do planejamento e proposta modelo de processo de projeto em BIM 139
Figura 37 – Exemplo de processo de projeto mapeado – elaboração de maquete virtual ...... 143
Figura 38 – Etapas do modelo ................................................................................................ 147
Figura 39 – Fase de concepção ............................................................................................... 148
Figura 40 – Fase de desenvolvimento .................................................................................... 150
9

Figura 41 – Fase de conclusão................................................................................................ 151


Figura 42 – Fluxo do modelo de processo de projeto com uso da tecnologia BIM ............... 152
Figura 43 – Comparação das etapas de projeto das empresas A, B, C , D e modelo
proposto ............................................................................................................... 154

Gráfico 1 – A chance de reduzir o custo de falhas do edifício em relação ao avanço do


empreendimento .................................................................................................... 25
Gráfico 2 – Relação entre o tempo de desenvolvimento de um empreendimento e o custo
das atividades ......................................................................................................... 26
10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Propostas para subdivisão do processo de projeto ............................................... 30


Quadro 2 – Validação da pesquisa ........................................................................................... 73
Quadro 3 – Aplicação da pesquisa ........................................................................................... 76
Quadro 4 – Definição dos objetivos: empresa A ...................................................................... 84
Quadro 5 – Informações sobre detalhamentos ......................................................................... 84
Quadro 6 – Modelo de tabela para identificar os responsáveis por cada item do projeto ........ 85
Quadro 7 – Controle de qualidade ............................................................................................ 85
Quadro 8 – Panorama geral: estudo de caso A ......................................................................... 92
Quadro 9 – Definição dos objetivos ......................................................................................... 96
Quadro 10 – Definição de níveis de modelagem ...................................................................... 97
Quadro 11 – Panorama geral: estudo de caso B ..................................................................... 104
Quadro 12 – Definição de níveis de modelagem .................................................................... 107
Quadro 13 – Panorama geral: estudo de caso C .................................................................... 112
Quadro 14 – Planejamento BIM ............................................................................................. 118
Quadro 15 – Panorama geral dos estudos de caso ................................................................. 125
Quadro 16 – Exemplos de objetivos e prioridades BIM ........................................................ 141
Quadro 17 – Exemplo de uso do BIM .................................................................................... 141
Quadro 18 – Exemplo de maturidade BIM ............................................................................ 142
Quadro 19 – Exemplo de responsáveis pelo modelo .............................................................. 143
Quadro 20 – Exemplo de níveis de detalhamento .................................................................. 144
Quadro 21 – Exemplo de controle de qualidade..................................................................... 145
Quadro 22 – Novos profissionais com a implantação da BIM ............................................... 146
11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


AEC Arquitetura, Engenharia e Construção
AGC Associated General Contractors of America
AIA American Institute of Architects
AsBEA Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
BIM Building Information Modeling
CAD Computer Aided Design
CIB Conseil International du Bâtiment
GM General Motors
GPPIE Modelo de referência para o gerenciamento de processo de projeto integrado
de edificações
GSA General Service Administration
IAI International Alliance for Interoperability
IDM Information Delivery Manuals
IFC Industry Foundation Classes
IFD International Framework for Dictionaries
ISO International Standardization Organization
MIT Massachussetts Graphical Communications System
MVD Model View Definitions
RIBA Royal Institute of British Architects
TI Tecnologia da Informação
TIC Tecnologia da Informação na Construção
12

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 .......................................................................................................................... 15
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15
1.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA E JUSTIFICATIVA .............................................. 17
1.2 QUESTÃO DA PESQUISA ......................................................................................... 20
1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 20
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 20
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................. 20

CAPÍTULO 2 .......................................................................................................................... 22
2 PROCESSOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES ............................................................. 22
2.1 CONTEXTO ................................................................................................................. 22
2.2 DEFINIÇÕES DE PROJETO....................................................................................... 22
2.3 O PAPEL DO PROJETO ............................................................................................. 24
2.4 PROCESSO DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES ........................................................ 26
2.4.1 As Etapas do Processo de Projeto ................................................................................. 28
2.4.2 Problemática do Processo de Projeto ............................................................................ 33
2.5 MODELAGEM DO PROCESSO DE PROJETO ........................................................ 34
2.6 ESTUDOS DE MODELOS DE PROCESSO DE PROJETO ...................................... 36
2.6.1 Markus e Arch (1973) ................................................................................................... 36
2.6.2 Riba (1980) ................................................................................................................... 38
2.6.3 Melhado (1994) ............................................................................................................ 39
2.6.4 Novaes, 1996 ................................................................................................................ 41
2.6.5 Tzortzopoulos, 1999 ..................................................................................................... 42
2.6.6 Fabrício, 2002 ............................................................................................................... 44
2.6.7 GPPIE – Romano, 2003 ................................................................................................ 45

CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 47
3 BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)............................................................ 47
3.1 CONTEXTO ................................................................................................................. 47
3.2 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................... 47
3.3 EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS COMPUTACIONAIS – CAD AO BIM .......... 48
3.3.1 Diferentes Tipos de CAD - Geométrico: Prancheta Eletrônica .................................... 48
3.3.2 Diferentes Tipos de CAD - 3D: Maquete Eletrônica.................................................... 49
3.3.3 Diferentes Tipos de CAD - BIM: A Modelagem do Produto ....................................... 50
3.4 DEFINIÇÕES DE BIM ................................................................................................ 50
3.5 MODELAGEM VIRTUAL .......................................................................................... 54
3.6 PROJETO PARAMÉTRICO........................................................................................ 55
3.7 INTEROPERABILIDADE........................................................................................... 57
3.8 FLUXO PARA O DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE PROCESSO DE
PROJETO UTILIZANDO A TECNOLOGIA BIM..................................................... 59
3.9 ADOÇÃO DA TECNOLOGIA BIM NO CONTEXTO INTERNACIONAL ............ 60
3.10 GUIAS DE IMPLANTAÇÃO DA TECNOLOGIA BIM EM ESCRITÓRIOS DE
PROJETO ..................................................................................................................... 61
13

3.10.1 Autodesk: Plano de Implantação BIM .......................................................................... 62


3.10.2 Associação Geral dos Empreiteiros dos EUA (AGC): Guia dos Contratantes para
BIM ............................................................................................................................... 63
3.10.3 Associação da Indústria da Construção do Reino Unido (AEC UK) ........................... 64
3.10.4 Guia de Planejamento e Execução de Projeto BIM- PENN STATE/ Building Smart . 65
3.11 IMPLANTAÇÃO NO BRASIL ................................................................................... 66
3.12 PERSPECTIVAS PARA A BIM.................................................................................. 68

CAPÍTULO 4 .......................................................................................................................... 70
4 MÉTODO DE PESQUISA .................................................................................................. 70
4.1 CONTEXTO ................................................................................................................. 70
4.2 ESTRATÉGIA DA PESQUISA ................................................................................... 70
4.3 UNIDADE DE ANÁLISE ............................................................................................ 71
4.4 ESTRATÉGIA DA ANÁLISE ..................................................................................... 71
4.5 QUALIDADE DA PESQUISA .................................................................................... 72
4.6 ESTRUTURA DA PESQUISA: ................................................................................... 73
4.6.1 Etapa Inicial .................................................................................................................. 74
4.6.2 Survey ........................................................................................................................... 75
4.6.3 Planejamento: Estudo Piloto ......................................................................................... 75
4.6.4 Planejamento: Coleta de Dados .................................................................................... 75
4.6.5 Estudos de Casos Múltiplos .......................................................................................... 76
4.6.6 Análise dos Dados ........................................................................................................ 77

CAPÍTULO 5 .......................................................................................................................... 79
5 ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS .................................................................................. 79
5.1 CONTEXTO ................................................................................................................. 79
5.2 ESTUDO DE CASO “A” – Estudo Piloto ................................................................... 79
5.2.1 Descrição da Empresa A e a Obra em Estudo .............................................................. 79
5.2.2 Processo do Projeto Tradicional ................................................................................... 80
5.2.3 Descrição do Desenvolvimento do Projeto com BIM .................................................. 82
5.2.3.1 Reunião com cliente e arquiteto ................................................................................... 83
5.2.3.2 Reunião com a equipe de projetos e a empresa coordenadora .................................... 83
5.2.3.3 Reunião com equipe de projetos, empresa coordenadora e coordenação de projetos
BIM ............................................................................................................................... 83
5.2.4 Implantação da Tecnologia BIM e Mudanças nos Processos de Trabalho................... 88
5.2.4.1 Apresentação dos resultados da entrevista do estudo de caso A ................................. 88
5.2.5 Considerações Gerais Sobre o Estudo de Caso A ........................................................ 91
5.3 ESTUDO DE CASO “B” ............................................................................................. 92
5.3.1 Descrição da Empresa B e a Obra em Estudo .............................................................. 92
5.3.2 Processo de Projeto Tradicional ................................................................................... 93
5.3.3 Descrição do Desenvolvimento do Projeto em BIM ....................................................... 95
5.3.3.1 Reunião com cliente, arquiteto e consultora de projetos escolares ............................. 96
5.3.3.2 Reunião com arquiteto responsável pela equipe de projetos e líder BIM ................... 96
5.3.3.3 Reunião com equipe de projetos e líder BIM ............................................................... 96
5.3.4 Implantação da Tecnologia BIM e Mudanças nos Processos de Trabalho................. 100
5.3.4.1 Apresentação dos resultados da entrevista do estudo de caso B ............................... 100
5.3.5 Considerações Gerais Sobre o Estudo de Caso B ....................................................... 103
5.4 ESTUDO DE CASO “C” ........................................................................................... 104
14

5.4.1 Descrição da Empresa C e a Obra em Estudo ............................................................ 104


5.4.2 Processo do Projeto Tradicional ................................................................................. 105
5.4.3 Descrição do Desenvolvimento do Projeto em BIM .................................................. 106
5.4.3.1 Reunião com cliente e arquiteto ................................................................................. 106
5.4.3.2 Reunião com arquiteto responsável e equipe de projetos .......................................... 107
5.4.4 Implantação da Tecnologia BIM e Mudanças nos Processos de Trabalho................. 109
5.4.4.1 Apresentação dos resultados da entrevista do estudo de caso C ............................... 109
5.4.5 Considerações Gerais Sobre o Estudo de Caso C ....................................................... 112
5.5 ESTUDO DE CASO “D” ........................................................................................... 113
5.5.1 Descrição da Empresa D e a Obra em Estudo ............................................................ 113
5.5.2 Processo de Projeto Tradicional ................................................................................. 114
5.5.3 Descrição do Desenvolvimento do Projeto em BIM .................................................. 116
5.5.3.1 Reunião com cliente e arquiteto ................................................................................. 117
5.5.3.2 Reunião com coordenador do projeto e arquiteto...................................................... 117
5.5.3.3 Reunião com coordenador do projeto, equipe de projeto e consultoria da
certificação LEED ...................................................................................................... 117
5.5.3.4 Reunião com coordenador do projeto, equipe de projeto e coordenador BIM ......... 117
5.5.4 Caso D – Estrutura do Processo de Projeto Utilizando a Tecnologia BIM ................ 118
5.5.5 Implantação da tecnologia BIM e mudanças nos processos de trabalho .................... 120
5.5.5.1 Apresentação dos resultados da entrevista do estudo de caso D ............................... 120
5.5.6 Considerações Gerais Sobre o Estudo de Caso D ...................................................... 123
5.6 ANÁLISE COMPARATIVA DOS ESTUDOS DE CASO ....................................... 124
5.6.1 Panorama Geral dos estudos de caso .......................................................................... 124
5.6.2 Estrutura das empresas e características do processo de projeto tradicional .............. 129
5.6.3 Considerações sobre o desenvolvimento dos projetos com o uso da tecnologia BIM 133
5.6.4 Considerações Sobre o Planejamento para Implantação da Tecnologia BIM ............ 134
5.6.5 Considerações Sobre a Tecnologia da Informação ..................................................... 135
5.6.6 Considerações Sobre o Processo de Projeto ............................................................... 135
5.6.7 Considerações Sobre os Procedimentos de Trabalho ................................................. 136
5.6.8 Considerações Sobre a Análise Comparativa ............................................................. 136

CAPÍTULO 6 ........................................................................................................................ 138


6 PROPOSTA DO MODELO DE PROCESSO DE PROJETO UTILIZANDO A
TECNOLOGIA BIM ......................................................................................................... 138
6.1 CONTEXTO ............................................................................................................... 138
6.2 PLANEJAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO da tecnologia bim ............................. 138
6.3 ETAPAS DO PLANEJAMENTO .............................................................................. 140
6.3.1 Identificar Usos e Objetivos para o BIM .................................................................... 140
6.3.2 Planejar Níveis de Maturidade BIM ........................................................................... 141
6.3.3 Processo de Projeto BIM ............................................................................................ 142
6.3.4 Troca de Informações ................................................................................................. 143
6.3.5 Infraestrutura Necessária ............................................................................................ 145
6.3.6 Equipe Necessária ....................................................................................................... 145
6.4 PROPOSTA DO MODELO DE PROCESSO DE PROJETO UTILIZANDO A
TECNOLOGIA BIM .................................................................................................. 147
6.4.1 Fase de Concepção ..................................................................................................... 147
6.4.2 Fase de Desenvolvimento ........................................................................................... 149
6.4.3 Fase de Conclusão ...................................................................................................... 150
15

6.4.4 Apresentação do Fluxo do Modelo de Processo de Projeto Completo e


Considerações Finais .................................................................................................. 152

CAPÍTULO 7 ........................................................................................................................ 156


7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 156
7.1 Considerações sobre o método empregado ................................................................. 156
7.2 Considerações sobre os estudos de caso. .................................................................... 157
7.3 Sobre o modelo proposto ............................................................................................ 159
7.4 Contribuições da pesquisa .......................................................................................... 159
7.5 Sugestões para trabalhos futuros ................................................................................ 160

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 161


GLOSSÁRIO .......................................................................................................................... 168
APÊNDICE A - PESQUISA DE ESTUDOS SOBRE MODELOS DE PROCESSO DE
PROJETO: CONTRIBUIÇÕES PARA MELHORES PRÁTICAS UTILIZANDO
A TECNOLOGIA BIM. ............................................................................................. 169
APÊNDICE B – RESULTADO DA SURVEY REALIZADA PARA INVESTIGAR
MODELOS DE PROCESSO DE PROJETO ADOTADOS PELOS
ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA. ...................................................................... 178
15

CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO

A indústria, de maneira geral, passa por um momento de grandes transformações no


Brasil. O setor da construção civil vem apresentando taxas elevadas de crescimento, sendo
que só no segundo semestre de 2010 apresentou um registro de expansão de 16,4% em
relação a igual período do ano anterior (CBIC, 2011).
Com o crescimento do mercado no setor da construção de edifícios, várias mudanças
ocorreram nos últimos anos, exigindo das empresas procedimentos de gestão rigorosamente
associados à qualidade e produtividade. Conforme comentado por Peralta (2002), essas
mudanças envolvem essencialmente o advento da globalização, aumento da competitividade,
maior exigência dos clientes/usuários, desenvolvimentos tecnológicos, inovações por parte da
indústria de materiais e componentes, mudança da cultura do setor, etc.
Diante desses fatos, as empresas construtoras estão buscando alterar seus processos de
produção no sentido de reduzir custos e adequar a realidade do produto ofertado às condições
de mercado (MELHADO, 2005).
A esse respeito, Fabrício (2002, p.1) comenta:
[...] num contexto de incremento das exigências frente aos produtos e aos processos,
as empresas têm buscado novos métodos, mais ágeis e mais competentes, para
desenvolver produtos e serviços que respondam às crescentes exigências e mudanças
do mercado e da sociedade.
Apesar da sua relevância, a construção civil é considerada um setor atrasado em
relação a outros setores industriais (TZORTZOPOULOS, 1999), não apresentando níveis
desejados de qualidade, produtividade, segurança, ou mesmo custos, em face de peculiares
como: processo de projeto fragmentado; os grupos tradicionais de projetos de edifícios são
estruturados com uma espécie de equipe de revezamento, em que cada projetista desenvolve
sua parte ou especialidade e passa o trabalho desenvolvido para o projetista seguinte, numa
sucessão em que o projeto resulta da soma das contribuições individuais dos diversos
projetistas e agentes decisórios. (FABRÍCIO; MELHADO, 1998).
O projeto tem fator determinante sobre o desempenho de uma edificação e, nas
décadas recentes, vem sendo apontado como o principal responsável pela origem de
patologias nas construções (PICCHI, 1993). Na Europa, erros e falta de informação no projeto
eram causas de 36 a 49% das falhas nas construções. E, no Brasil, pesquisa de 1989 indicava
o projeto como origem de 46% dessas falhas, contra 22% oriundas da execução da obra. Em
16

pesquisa mais recente, foi demonstrado que projetos inadequados eram responsáveis por 60%
das patologias apresentadas pelas construções estudadas (AMBROZEWICZ, 2003).
Fabrício e outros (1998) citam, dentre as principais deficiências dos projetos, a
ausência de informações necessárias às atividades de produção do edifício, ou mesmo a
desconsideração da fase de produção nas soluções adotadas pelo projeto. Isso leva as equipes
de obra a decidirem por si próprias a respeito de características que não foram previamente
especificadas. Mas, nos últimos anos, a comunidade da construção vem se conscientizando da
importância da melhoria do processo de projeto para o sucesso do empreendimento, adotando
novos critérios de qualidade e competitividade. (ROMANO et al., 2001).
Segundo Ayres (2009, p.3), processo de projeto é, essencialmente, uma sequência de
aprimoramentos em um conjunto de informações a ser transmitido para as fases subsequentes.
Mesmo pequenos projetos na indústria da construção produzem uma enorme quantidade de
informações e, por isso, os benefícios do uso de tecnologias da informação (TI) são muitos.
Entretanto, há uma grande distância entre a pesquisa em tecnologia da informação aplicada à
construção civil e os métodos realmente praticados pela indústria no cotidiano, tanto no Brasil
como nos outros países. A indústria da construção tem um caráter eminentemente
conservador, o que torna difícil a incorporação dos avanços, mantendo um atraso tecnológico
em relação a outros segmentos da indústria. (NASCIMENTO; SANTOS, 2001).
Assim, de acordo com Brito (2001), a ineficiência do processo de projeto pode ser
associada à reunião de dois importantes fatores:
a) Problemas gerenciais, tais como comunicação deficiente entre os agentes do
processo, indefinição de responsabilidades, entre outros;
b) Subutilização dos sistemas Computer Aided Design (CAD) e tecnologias da
informação existentes. Após quase 30 anos de existência dos sistemas CAD no
mercado, seus usuários não usufruem de toda a potencialidade que esses oferecem.
Atualmente, por outro lado, observa-se que uma parcela crescente de arquitetos e
projetistas tem se empenhado em antecipar as inconsistências e conflitos frequentes do
processo de projeto, com o desenvolvimento de projetos por equipes multidisciplinares,
ampliando as atribuições dos diversos agentes, valorizando o papel da coordenação de projeto
com potencial de integração nas variadas fases do processo (NOVAES, 1997).
Um bom processo de projeto, conduzido com o auxílio de ferramentas de tecnologia
de informação adequadas, é o pilar fundamental para a qualidade dos processos de construção
e dos edifícios resultantes (MOUM, 2006).
17

A Building Information Modeling (BIM) é, conforme Eastman et al. (2008, p.13),


“uma tecnologia de modelagem e um grupo associado de processos para produção,
comunicação e análise do modelo de construção”. Este conceito envolve as tecnologias e os
processos que devem ser utilizados na produção, na comunicação e análises dos modelos de
construção.
De acordo com Andrade e Ruschel (2009) a utilização de uma prática baseada em
BIM pode ter um papel decisivo na melhoria das fases do projeto, auxiliando na geração de
propostas coerentes com as solicitações dos clientes, na integração dos projetos, entre si e
com a construção, na redução do tempo e do custo da construção.
O uso do modelo virtual baseado em BIM como único repositório de informações do
projeto, onde diversas entradas - feitas por diferentes especialidades e projetistas - são
automaticamente traduzidas em múltiplas saídas como documentos de planilhas, desenhos
técnicos e dados para a construção digital, proporciona o Modelo Único – da concepção à
produção (OLIVEIRA, 2011).
A partir desse contexto será apresentada a estratégia da pesquisa, com a proposta de
contribuir para o desenvolvimento de um modelo de processo mais adequado, utilizando a
tecnologia BIM, a fim de atingir um maior grau de eficiência na sua utilização pelos
escritórios de projeto de arquitetura.

1.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA E JUSTIFICATIVA

Como consequência do início da difusão da tecnologia BIM no Brasil, existe a


necessidade de formalizar e desenvolver conhecimentos sobre este tema. Além disso, de
acordo com Koskela et al. (2011), a implementação da BIM não é considerada tão somente
uma simples inovação tecnológica, mais que isso, trata-se de mudanças no ambiente
sociocultural da indústria da construção civil.
É importante discutir os problemas e as soluções já implementadas por profissionais e
pesquisadores da área. Somente dessa forma, é possível delinear o que está sendo feito e onde
é possível implantar melhorias, para que a implantação da tecnologia BIM aconteça de forma
eficiente nos escritórios de projeto.
Abordar a questão do desenvolvimento dos projetos em BIM nos escritórios de
arquitetura se torna relevante, uma vez que, o processo de projeto tem início com a concepção
do projeto arquitetônico. Dessa forma pode-se perceber a importância que o arquiteto tem ao
18

planejar da forma eficiente a utilização da tecnologia BIM em seus projetos, pois será dele o
papel de exigir dos demais envolvidos no projeto, a adoção desta tecnologia.
Fabrício e Melhado (2002) citam que, com a crescente informatização dos escritórios
de projeto, verifica-se uma tendência, ou ao menos uma possibilidade, de estender as
simulações mais adiantadas do processo de projeto, envolvendo cálculos e maquetes
eletrônicas que podem, com o auxílio do computador, ser realizados de forma mais rápida e
menos onerosa. Os mesmos autores ainda comentam que essa mudança denota novas
possibilidades projetuais que permitem separar parte das habilidades projetuais ligadas a
intuição para a simulação de possibilidades e análises comparativas dos desdobramentos de
cada uma.
Tzortzopoulos (1999) explica que a sistematização do desenvolvimento das atividades
de projeto, bem como das informações necessárias em cada fase, são fatores essenciais para a
melhoria do processo como um todo. Provavelmente a característica mais importante da
modelagem está relacionada à visão sistêmica do processo, que demonstra que qualquer faceta
do trabalho deve ser vista e analisada em relação ao todo (Figura 1). Como consequência,
todas as atividades envolvidas podem ser mais facilmente controladas e relatadas enquanto
uma estratégia coerente pode ser mantida através do todo (RIBA, 1980).
É importante dizer que muitas pesquisas desenvolvidas, as quais tentam compreender
de uma forma geral a natureza do projeto e sugerem ferramentas para que o mesmo possa ser
desenvolvido sistematicamente, não tem sido suficientemente utilizadas na construção
(AUSTIN et al., 1994).
19

Figura 1 – Modelagem dos processos

Fonte: Baseado em Tzortzopoulos (1999)

As pesquisas em tecnologia BIM e o desenvolvimento de diferentes programas


baseados nesta tecnologia têm proporcionado uma diferenciação nos processos de projeto de
arquitetura, o que foi observado no cotidiano dos profissionais de projeto.
Como delimitação desta pesquisa, estuda-se a realização de um modelo de processo de
projeto utilizando a tecnologia BIM, mais precisamente no planejamento e implantação desta
tecnologia nos escritórios de projeto de arquitetura. Serão levantadas as aplicações dessas
tecnologias nos escritórios de projeto de arquitetura brasileiros.
Abordar o desenvolvimento de modelos mais eficazes do processo de projeto justifica-
se pela escassez de planejamento da implantação da tecnologia BIM nos escritórios de
arquitetura no Brasil, onde, assim como no exterior, essa tecnologia é restrita a poucos e
grandes escritórios. Além disso, a prática de projeto requer uma preparação dos futuros
arquitetos para o uso de tecnologias de modelagem virtual no mercado de trabalho, o que, por
conseguinte, demanda investimentos desses escritórios.
20

1.2 QUESTÃO DA PESQUISA

A questão principal desta pesquisa é: Como a tecnologia BIM vem alterando o


desenvolvimento do processo de projeto nos escritórios de arquitetura?
Para responder tal questão, é necessário responder às seguintes questões secundárias:
Quais as melhores práticas de trabalho para que se consiga atingir maior grau de eficiência
durante a elaboração dos projetos em BIM? Que modelo de processo de projeto permite
adotar a tecnologia BIM de forma mais completa, podendo ser proposto a escritórios de
arquitetura?

1.2.1 Objetivo Geral

• Desenvolver um modelo de processo de projeto de edificações para escritórios de


projeto de arquitetura, levando em consideração tanto o referencial teórico da
tecnologia BIM como as melhores práticas de trabalho levantadas na pesquisa.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Investigar os principais modelos nacionais e internacionais de processo de projeto


de edificações existentes;
• Estudar ferramentas e diretrizes para a modelagem do processo de projeto que
permitam representar os subprocessos envolvidos de forma clara e completa;
• Descrever as práticas adotadas no planejamento e implantação da tecnologia BIM
nos escritórios de arquitetura;
• Analisar o uso, as dificuldades encontradas e as mudanças provocadas pelo uso da
BIM, através da análise de sua utilização;
• Definir o conteúdo básico do modelo do processo de projeto com o uso da
tecnologia BIM, incluindo a definição das principais atividades a serem
desenvolvidas, suas relações de precedência, a definição clara de papéis e
responsabilidades dos principais intervenientes e do fluxo principal de informações
do processo.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho é apresentado em seis capítulos: introdução, revisão da literatura


(processo de projeto, tecnologia da informação na construção civil e Building Information
21

Modeling), desenvolvimento da pesquisa (resultados preliminares), considerações finais e


referências bibliográficas.
O Capítulo Introdutório contém a problemática da pesquisa, sua delimitação, objetivos
e justificativa para o tema abordado, bem como a estrutura da dissertação.
A revisão da literatura está baseada nos temas: Processo de Projeto, BIM e Tecnologia
da Informação, que são apresentados nos Capítulos 2 e 3, abordando questões de modelagem
do processo de projeto. A partir desses modelos e sistemas, foram estabelecidas diretrizes para
o desenvolvimento de modelos do processo.
O Capítulo 4 descreve o método de pesquisa utilizado na elaboração deste trabalho.
São apresentados os resultados de entrevistas realizadas e as fases em que foram subdivididos
os estudos de caso, bem como as características gerais das empresas envolvidas.
No Capítulo 5 são apresentadas as considerações finais e, finalizando, são
apresentadas as referências bibliográficas, citações e fontes consultadas para elaboração deste
trabalho.
22

CAPÍTULO 2

2 PROCESSOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES

2.1 CONTEXTO

No Capítulo 1, foram apresentadas as diretrizes definidas para a realização desta


dissertação, através da caracterização do problema de pesquisa e justificativa para o tema
escolhido, bem como os objetivos e estrutura da dissertação.
Para melhor compreensão do conceito de Processo de Projeto, este capítulo
apresentará considerações e atividades relacionadas ao processo de projeto, como: etapas,
modelagem e exemplos de modelos que foram pesquisados e definidos como exemplo, em
função do grande número de citações encontradas na bibliografia.

2.2 DEFINIÇÕES DE PROJETO

A grande maioria dos conceitos relacionados à palavra projeto, encontrados na


literatura, trata o assunto como um procedimento de criação. Quando se trata de projeto de
edificações, os conceitos apresentados na bibliografia diferem, de acordo com a ênfase de
análise adotada por cada autor. Alguns autores conceituam o termo com pontos de vista
variados.
Markus e Arch1 apud Tzortzopoulos (1999) apontam que a maior parte das descrições
de projeto reconhece dois padrões básicos: o processo criativo e o processo gerencial. O
processo criativo “[...] descreve uma sequência de tomada de decisões que ocorre
individualmente com cada projetista. Este é descrito através de modelos que buscam exprimir
como os projetistas desenvolvem seu trabalho, a partir de um conjunto de informações
previamente definidas”. O processo gerencial, por sua vez, “[...] é descrito através da
subdivisão do processo em etapas, que divide o tempo total para a tomada de decisões em
fases que se desenvolvem do geral e abstrato ao detalhado e concreto” (TZORTZOPOULOS,
1999).
Assim, é fundamental que haja um equilíbrio nas visões de projeto como processo
criativo e como processo gerencial, pois fatores como a importância da interação entre os
intervenientes e da sistematização das atividades e informações ao longo do desenvolvimento
do projeto são muito importantes e devem ser considerados (TZORTZOPOULOS, 1999).
1
MARKUS, T.; ARCH, M. Optimisation by evaluation in the appraisal of building. In: Value in Building.
London, Ed. Hutton e Devonald, Applied Science, 1973, p. 82-111.
23

Gray et al.2 (1999 apud Tzortzopoulos) definem o projeto como uma forma de
expressão pessoal e também uma forma de arte. Os autores consideram que o projeto é uma
resposta aos requisitos do cliente, que requer criatividade e originalidade para seu
desenvolvimento. Assim, definem o projeto como uma solução criativa e eficiente para um
problema.
Melhado (1994) define o projeto como uma atividade ou serviço integrante do
processo de construção, responsável pelo desenvolvimento, organização, registro e
transmissão das características físicas e tecnológicas especificadas para uma obra, a serem
consideradas na fase de execução.
A NBR 5674 (ABNT, 1999) define projeto como uma descrição gráfica e escrita das
propriedades de um serviço ou obra de Engenharia ou Arquitetura, definindo seus atributos
técnicos, econômicos, legais e financeiros.
Naveiro (2001) diz que uma conceituação de projeto vem da área de Sociologia da
Inovação, a qual considera o projeto como um processo coletivo de construção de um artefato,
cujo resultado final é maior do que a soma ou síntese das contribuições individuais dos
participantes.
Os autores destacam o aspecto coletivo e individual do projeto, onde o primeiro se
concentra na equipe, trabalhando com as questões relacionadas a resolver um objetivo comum
e o segundo se caracteriza pela atividade individual de criação, que se processa em cada
membro de uma equipe ao projetar.
De acordo com Nunes (2003), essas duas abordagens da natureza do processo de
projeto - coletiva e individual - são complementares. Isso ocorre porque o processo de projetar
é geralmente conduzido por uma equipe de profissionais, onde cada especialista cumpre um
papel específico com a equipe e, simultaneamente, sendo obrigado a negociar condições e
exigências com outros especialistas, a fim de chegar a soluções plausíveis. Aspectos que
devem ser priorizados, ao nos depararmos com os recursos computacionais acrescidos de
tecnologias de informação como suporte para as atividades de projeto.
Chougui (2006) comenta que as tecnologias CAD permitem que os projetistas
combinem diferentes métodos de projeto, usando cada um deles como questionamento do
processo de projeto, tarefa, produto ou posicionamento do arquiteto frente às questões
abordadas. Estas permitem analisar o desenvolvimento de projeto, onde a função do arquiteto

2
GRAY, C.; HUGES, W.; BENNETT, J. The successful management of design. Centre for strategic studies in
construction University of Reading, 1994, 100 p.
24

é inserir parâmetros e analisar soluções, restrições pré-estabelecidas, para decidir uma solução
final (OLIVEIRA, 2011).
A utilização de ferramentas computacionais na prática de projeto tem enfrentado a
barreira dos que acreditam que é essencial a fase manual do ato de projetar na concepção de
projeto, no entanto, cada projeto possui características que os tornam mais adequados para
determinadas tarefas, mas escolher o tipo de representação é uma decisão que deve ser tomada
pelo profissional.
Sobre essa questão Miyamoto et al., 2007 comenta que:
[...] os meios tradicionais com desenhos manuais são mais simples e rápidos, mais
indicados para representar um estímulo da imaginação, o esboço de uma ideia, um
estudo de visualização de escala, análise rápida de volumes ou expressar estados
emocionais. Enquanto que os meios digitais demandam um nível maior de definição
geométrica, sendo assim, adequados ao desenvolvimento de detalhes, inclusive de
projetos complexos, se destacando pela geração e articulação de diversos pontos de
vista, possibilitando manipular imagens, realizar simulações e facilitar o
arquivamento e busca de informações.
Diante deste contexto, é possível dizer que as tecnologias computacionais oferecem
grandes vantagens ao processo de desenvolvimento de projeto, no entanto, mesmo com o
busca dos profissionais pelo computador, o desenho manual e o digital são complemento um
do outro, e que juntos tornam o ato projetual e o desenvolvimento das ideias, mais rápidos e
eficazes.

2.3 O PAPEL DO PROJETO

Cooper e Press (1995) afirmam que um dos propósitos da atividade de projeto é


conceber coisas que atendam a necessidades específicas, considerando, desta forma, que os
produtos projetados devem preencher uma determinada função. No entanto, o projeto vem
sofrendo uma evolução de conceitos significativa, que não só amplia seu escopo como
reposiciona o seu papel no contexto do processo construtivo de edificações (PERALTA,
2002).
Diante disso, estudos e pesquisas estão sendo realizados para que seja possível
modificar o conteúdo da atividade de projeto, introduzindo uma filosofia baseada na
tecnologia da informação e com princípios fundamentados na tecnologia BIM.
Segundo Leusin (1995), mudanças na metodologia de concepção do edifício podem
induzir fortes ganhos de produtividade, passando o projeto a incorporar o processo de trabalho
enquanto conhecimento técnico, o que exige uma nova estrutura organizacional. A elaboração
do projeto é considerada uma das principais fontes de melhoria de desempenho do produto
25

edificação, de diminuição de custos de produção, de diminuição de ocorrências de falhas,


tanto no produto quanto no processo. Além disso, otimiza as atividades de execução.
A fase de desenvolvimento de projeto é parte, portanto, do conjunto de atividades que
caracterizam a construção, podendo ser entendida como um subsistema deste. Assim, é
possível estabelecer interfaces com as demais fases da construção e seus agentes, atendendo
de maneira mais eficiente às necessidades e requisitos dos clientes.
As fases iniciais de concepção e desenvolvimento de projeto apresentam os menores
custos de um empreendimento. Em contrapartida, as decisões tomadas nessas fases
influenciam todas as fases subsequentes de produção e ciclo de vida do edifício.
De acordo com Hammarlund e Josephson3 (1994 apud Melhado), as fases iniciais de
um empreendimento (estudo de viabilidade, concepção e projeto) têm maior capacidade de
influenciar os custos totais da construção, por meio da identificação e correção de falhas e
defeitos, conforme Gráfico 1.

Gráfico 1 – A chance de reduzir o custo de falhas do edifício em relação ao avanço do


empreendimento

Fonte: Hammarlund; Josephson, 1992 apud Melhado, 1994

Bertezini (2006) analisa, a partir da observação do Gráfico 1, que um projeto com


informações adequadas é capaz de influenciar o custo global do empreendimento,
proporcionando às organizações aumento das possibilidades de lucro e competitividade,
garantindo, ainda, a qualidade de seus serviços e produtos, com redução de desperdícios e
retrabalhos.
No entanto, no Brasil o processo de projeto não é valorizado em termos de prazo e
custos, refletindo no custo final do empreendimento e no prazo de sua execução, conforme

3
HAMMARLUND, Y.; JOSEPHSON, P.E. Qualidade: cada erro tem seu preço. Téchne, n. 1, p.32-34, nov/dez.
1992.
26

demonstrado no Gráfico 2. O projeto é encarado como um ônus pelos empreendedores


(MELHADO, 2005).

Gráfico 2 – Relação entre o tempo de desenvolvimento de um empreendimento e o custo das


atividades

Fonte: Melhado,2005.

De acordo com o gráfico proposto por Melhado, é atribuído um tempo maior para as
etapas iniciais, gerando um acréscimo de recursos destinados às fases de projeto, o que pode
ser questionado pelos empresários da construção civil, visto que no Brasil não existe uma
cultura de investimento nas fases iniciais de projeto. Porém, sabe-se que em países
desenvolvidos o tempo destinado às fases de projeto chega a ser igual ao tempo dedicado à
execução do projeto, evitando, com isso, deficiências e desperdícios comuns na fase de
execução, obtendo melhor desempenho do produto final.
Ainda nesse contexto, Melhado e Violani (1992) comentam que:
[...] existe uma frequente dissociação entre a atividade de projeto e a de construção,
sendo que o projeto geralmente é entendido como instrumento, comprimindo-se o
seu prazo e o seu custo, merecendo um mínimo de aprofundamento e assumindo um
conteúdo quase meramente legal, ao ponto de torná-lo simplesmente indicativo e
postergando-se parte das decisões para a etapa da obra.
O projeto tem a função de subsidiar as atividades de produção em canteiro de obras,
com todas as informações detalhadas, as quais não poderiam ser geradas no ambiente da obra.
É preciso que os agentes do projeto valorizem um projeto detalhado que irá facilitar o
planejamento e a programação das atividades da obra.

2.4 PROCESSO DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES

O termo Processo de Projeto pode ser definido nesta pesquisa com base na
conceituação de Fabrício (2002, p.4):
27

O Processo de Projeto envolve todas as decisões e formulações que visam subsidiar


a criação e a produção de um empreendimento, indo da montagem da operação
imobiliária, passando pela formulação do programa de necessidades e do projeto do
produto até o desenvolvimento da produção, o projeto as built e a avaliação da
satisfação dos usuários com o produto.
Menezes (2003) comenta que muito antes do aparecimento do processo Taylorista4 de
produção industrial e das novas filosofias de produção, o artesão criava, concebia e executava
seu produto através das informações oriundas de seu talento e experiência acumulada. Na
época, o artesão utilizava grosseiros rascunhos, e às vezes protótipos, que nada mais eram do
que tentativas frustradas de execução do artefato.
Com a revolução industrial e o surgimento de máquinas capazes de produzir
componentes do artefato em larga escala, surge a necessidade de que outras pessoas pudessem
montar o produto, mesmo que não detivessem os conhecimentos acumulados necessários para
tal. Os operários, por sua vez, precisariam ter conhecimento sobre o que seria produzido, com
informações, desenhos ou plantas, para a execução de determinados serviços. Exatamente
quando através da teoria de Monge, hoje chamada de geometria descritiva, deu-se o
nascimento do projeto do produto como hoje conhecemos (NAVEIRO, 2001).
De acordo com o mesmo autor, ao fim do século XIX, apenas os pintores, escultores e
artistas da forma detinham o conhecimento dos métodos de desenho e visualização. Houve
então uma grande migração desses profissionais de grande habilidade intelectual e pouco
conhecimento técnico da manufatura para a área da engenharia de projetos, distanciando cada
vez mais quem cria (o projeto) de quem fabrica (a produção).
Fabrício (2002) comenta que foi só no Renascimento que surgiu o uso sistemático na
projetação de desenhos e métodos de forma antecipada e documentada. O estudo do projeto e
seu processo são relativamente novos, pois apenas em 1962 a Conferência de Método de
Projetos dá o pontapé inicial formal no estudo desta técnica como é hoje conhecida.
O processo de projeto na construção de edifícios apresenta papel fundamental, pois
passa por várias fases no seu ciclo de vida, desde os estudos de viabilidade, passando pela
operação da obra e finalizando na sua demolição. Nestas etapas, cada agente envolvido no
processo de construção tem objetivos, visões e culturas organizacionais particulares
(TRISTÃO et al., 2004).
De acordo com Ito (2007), uma característica do processo de projeto em todas as áreas
é o uso de um número diferente de tipos de desenhos, que são associados com diferentes

4
Processo taylorista é o nome dado para designar um tipo de administração industrial que busca dinamizar o
trabalho nas fábricas, com a finalidade de aumentar a produtividade.
28

estágios do processo, com rascunhos relativamente desestruturados e ambíguos ocorrendo no


início do processo.
Souza e Melhado (2008) apresentam um rápido histórico referente aos vários trabalhos
desenvolvidos a respeito desse tema, com as diversas tendências de estudos. Até 1999, as
pesquisas destacam o processo de projeto propriamente dito e sua gestão, apontando a
interface do processo de projeto com tecnologia e o processo de produção. A seguir, a
utilização do sistema de gestão da qualidade nos escritórios de projeto e o surgimento da
gestão simultânea dos processos - os trabalhos de projeto passam a considerar os diversos
profissionais envolvidos, bem como as suas interfaces.
Segundo Abbud (2009), só em 2002 é que surgem os primeiros trabalhos sobre o
processo de projeto, levando em consideração fatores como estratégia, gestão de pessoas e
sistema de informações, com enfoque no uso de tecnologia da informação e comunicação,
avaliação de desempenho e gestão de custos como ferramentas que subsidiam o processo de
projeto.
A tecnologia da informação vem apresentando grandes avanços no desenvolvimento
de projetos, muitos dos problemas relacionados à incompatibilidade e erros nas informações
transmitidas podem ser evitados. Com a análise de um modelo tridimensional colocado como
centro de todos os envolvidos no projeto, de modo que todos podem acessá-lo, é possível
antecipar grande parte dos erros de projeto.

2.4.1 As Etapas do Processo de Projeto

Conforme citado anteriormente, o processo de projeto envolve todas as decisões e


formulações que visam subsidiar a criação e a produção de um empreendimento (FABRÍCIO,
2004).
O processo de projeto engloba não só os projetos de especialidades de produto, mas
também a formulação de um negócio, a seleção de um terreno, o desenvolvimento de um
programa de necessidades, bem como o detalhamento dos métodos construtivos através de
projetos para produção e o planejamento da obra.
É fato comum no setor de construção civil brasileiro que somente após a etapa de
lançamento do empreendimento no mercado seja feita a contratação dos demais projetistas
que irão participar do desenvolvimento do projeto (FABRÍCIO, 2002).
29

É comum que uma etapa de projeto de determinada especialidade dependa, para ser
iniciada, do término de uma etapa de diferente especialidade, cujo grau de
aprofundamento e maturação das decisões é equivalente ao da etapa (da outra
especialidade) que se inicia. Por exemplo, o início do anteprojeto de estruturas e
fundações tem como pré-requisito o anteprojeto de arquitetura terminado ou quase
terminado. (FABRÍCIO, 2004a, p.9).
Isso faz com que as práticas de processo de projeto possam ser classificadas como
altamente hierarquizadas e desenvolvidas de maneira sequencial, com a equipe de projeto se
modificando ao longo do processo de projeto, pela entrada e saída dos projetistas das
diferentes especialidades.
Para Fabrício (2004), o processo sequencial em uso possibilita que apenas o projetista
de arquitetura tome contado direto com a programação do empreendimento. Os demais
projetistas partem do projeto ou anteprojeto de arquitetura e das soluções adotadas para
desenvolver soluções técnicas que complementem o projeto de arquitetura. Desta forma, o
programa é apresentado para os projetistas de engenharia através de desenhos e soluções de
projeto previamente adotados no projeto arquitetônico.
A fragmentação e o sequenciamento desse processo fazem com que a possibilidade de
colaboração entre projetistas seja bastante reduzida e problemática, faz também com que as
modificações sugeridas por um projetista de determinada especialidade implique na revisão de
projetos desenvolvidos por outras especialidades, significando retrabalho ou até mesmo o
abandono de projetos inteiros.
Ainda segundo Fabrício (2004), prevalece no processo de projeto uma visão cartesiana
de que o todo é a soma de partes independentes. Isso é predominante na configuração dos
processos de projeto tradicionais, nos quais se busca aperfeiçoar o todo a partir da otimização,
em separado, das partes – o que não é a verdade na maioria dos casos.
Conforme descreve Melhado (2001), sem o intercâmbio intenso de informações entre
os agentes durante a elaboração do projeto, este acaba ficando: mal definido, mal especificado
e mal resolvido, levando a um acréscimo de custo e de tempo de execução.
Resumindo a questão, tradicionalmente os projetos são desenvolvidos e orientados
para definir o produto sem levar em consideração as implicações relativas às soluções
adotadas.
Falta de projetos executivos detalhados e de uma participação das construtoras e
subempreiteiros durante o momento do processo de projeto leva decisões referentes
aos métodos e sequências de construção para o canteiro, quando engenheiros de
obras, mestres e oficiais acabam desenvolvendo sem tempo e sem condições
adequados, como se dará a obra. (PICCHI, 1993, p.10).
É comum encontrar nos textos técnicos dos pesquisadores do processo de projeto para
a construção de edificações, diferentes subdivisões e etapas para o desenvolvimento do
30

projeto. As diferenças vão desde a nomenclatura utilizada, passando pelo número de etapas do
processo de projeto, e chegando até mesmo na abrangência deste processo. No Quadro 1 são
listados alguns exemplos da subdivisão sugerida pelos pesquisadores da área e pela
normatização em vigor:

Quadro 1 – Propostas para subdivisão do processo de projeto


(Continua)
PESQUISADOR/AUTOR ETAPAS PROPOSTAS PARA O PROCESSO DE
PROJETO
Melhado (1994) Idealização do produto;
Estudos preliminares;
Anteprojeto;
Projeto legal e projeto básico;
Projeto executivo e projeto para produção;
Planejamento e execução;
Entrega da obra.
NBR 13.531 (1995) Levantamento;
Programa de necessidades;
Estudo de viabilidade;
Estudo preliminar;
Anteprojeto e/ou pré-execução;
Projeto legal e/ou projeto básico;
Projeto para execução.
Souza et al. (1995) Levantamento de dados;
Programa de necessidades;
Estudo de viabilidade;
Estudos preliminares;
Anteprojeto;
Projeto legal;
Projeto pré-executivo, projeto básico e projeto
executivo;
Detalhes de execução e detalhes construtivos;
Especificações técnicas;
Coordenação e gerenciamento de projetos;
Assistência a execução;
Projeto As Built.
Tzortzopoulos (1999) Planejamento e concepção do empreendimento;
Estudo preliminar;
Anteprojeto;
Projeto legal e projeto executivo;
Acompanhamento da obra;
Acompanhamento do uso.
AsBEA (2000) Levantamento de dados;
Estudo preliminar;
Anteprojeto;
Projeto legal;
31

Quadro 1– Propostas para subdivisão do processo de projeto.


(Conclusão)
PESQUISADOR/AUTOR ETAPAS PROPOSTAS PARA O PROCESSO DE
PROJETO
ASBEA (2000) - Continuação Projeto executivo (subdividido em pré-executivo,
projeto básico, projeto de execução, detalhes de
execução; caderno de especificações;
compatibilização; coordenação; gerenciamento dos
projetos; assistência a execução da obra, serviços
adicionais (opcional).
Fonte: Adaptado de: Silva e Souza (2003)

Pode-se observar que não existe uma padronização para as etapas de projeto, existindo
diversos estudos sobre as mesmas. É possível identificar algumas coincidências entre os
vários estudos, mostrando a importância que algumas etapas têm no contexto geral da
elaboração do projeto.
A etapa de levantamento de dados aparece quase em todas as citações encontradas,
pois se trata do início do projeto, onde é preciso levantar todas as informações possíveis,
incluindo legislações, programa de necessidades, informações legais e condições ambientais
sobre o terreno e viabilidade do projeto.
Esse conjunto de informações deve gerar um relatório com dados abrangentes de todo
o projeto, compilando a elevada quantidade de informações adquiridas. Esse relatório e a
introdução de instrumentos de controle nessa fase contribuem para aumentar a confiabilidade
do processo de projeto.
Para melhor entender como acontece o fluxo do projeto a Figura 2 apresenta um
exemplo de fluxo de do desenvolvimento do projeto.
32

Figura 2 – Fluxo do desenvolvimento do projeto

Fonte: Adaptado Silva e Souza (2003).

As fases do projeto, conforme apresentadas no Quadro 1 e na Figura 2, envolvem


alguns tipo de procedimento para que seja desenvolvido o projeto, conforme Silva e Souza
(2003):
a) Procedimentos Técnicos: estabelecer diretrizes e padrões internos da empresa, a fim
de padronizar todos os documentos e procedimentos entre os projetistas.
b) Procedimentos Gerenciais: estabelecer padrões de gerenciamento interno dos
projetos, como, por exemplo, o planejamento de atividades dos processos e padrões
para a troca de dados e informações, padrões para registro e acompanhamento do
histórico do projeto e outros.
c) Procedimentos Operacionais: envolve a operacionalização dos processos e
atividades de projeto, como, por exemplo, o cadastro de toda a equipe de projeto
contratado, os padrões para envio de documentos e os padrões de operação dos
softwares utilizados pela empresa.
33

A Figura 3 apresenta o processo de projeto genérico aplicado nos escritórios de


arquitetura por Eckert, Cross e Johnson (2000).

Figura 3 – Processo de projeto genérico aplicado nos escritórios de arquitetura

Fonte: Adaptado Eckert; Cross; Johnson (2000).

2.4.2 Problemática do Processo de Projeto

Tzortzopoulos (1999) explica que, em função das diferentes formações, a linguagem


utilizada por cada projetista é diferenciada em termos projetuais, sendo esse um dos fatores
que ocasionam problemas de comunicação e compreensão de itens do projeto por diferentes
projetistas.
Outro fator importante é que os projetistas pertencem a distintas organizações,
trabalham separadamente e, na maior parte dos casos, em locais fisicamente diferentes. Isso
aumenta a segmentação entre eles, fato que pode ocasionar também o aumento da
possibilidade de ocorrerem incompatibilidades entre os projetos.
Campos (2010) explica que uma visão sistêmica do processo e seu entendimento por
todos os participantes permite que os indivíduos compreendam melhor sua participação dentro
34

do processo e suas relações de interdependência. O contato entre especialistas intensifica o


desempenho dos participantes e, consequentemente, melhora o produto do processo.
A realização do projeto é dependente da eficiência da comunicação dentro do grupo de
projeto, pois uma grande parte do trabalho de cada membro deve ser desenvolvida sob as
restrições impostas pelas necessidades dos outros membros. A falta de padrões para a
circulação das informações pode ser considerada como uma das razões de projetos deficientes
(COSTA; ABRANTES5, 1996 apud TZORTZOPOULOS, 1999).
Pela multidisciplinaridade do processo, também surge a necessidade de se criar uma
orientação dos trabalhos de cada um dos especialistas, segundo um mesmo conjunto de
diretrizes, com a priorização das tarefas de acordo com os objetivos do empreendimento, e
baseado em critérios voltados para a qualidade (MELHADO, 1994; RIBA6, 1980 apud
TZORTZOPOULOS, 1999).
Esse conjunto de diretrizes deve ser desenvolvido levando em consideração as
peculiaridades de cada tipo de empreendimento. Desta forma, o gerenciamento eficaz de um
empreendimento deve avaliar que uma parte essencial da qualidade da edificação será
decidida no projeto, e assegurar que todos os membros do grupo de projetos estejam cientes
de que os diferentes aspectos influenciados por suas decisões contribuirão para o resultado
final (COSTA; ABRANTES, 1996 apud TZORTZOPOULOS, 1999).
Quando o conceito do projeto, os critérios estabelecidos e a tecnologia a ser utilizada
não são bem definidos no início do processo podem ocorrer falhas, pois cada projetista pode
assumir uma postura diferenciada em relação ao projeto a ser desenvolvido no que diz
respeito aos benefícios, advindos da tecnologia utilizada ou do conceito utilizado no projeto.

2.5 MODELAGEM DO PROCESSO DE PROJETO

Segundo Tzortzopoulos (1999): “a modelagem tem como função definir o


sequenciamento das tarefas que devem ocorrer ao longo do processo, descrevendo seu
conteúdo e as informações necessárias ao seu desenvolvimento, bem como as produzidas por
cada tarefa”.
O estudo de Tzortzopoulos estabelece diretrizes para a implementação de modelos de
Processo de Projeto, dentre as quais são citadas as consideradas como relevantes: (a) a

5
COSTA, J. M.; ABRANTES, V. Design Management through Quality Evaluation. The Organization and
Management of Construction: Shaping theory and practice. Volume two. Langford and A. Retik.1996, p. 829-
842.
6
RIBA (Royal Institute of British Architects). Handbook of Architectural Practice and Management.
London, 1980.
35

definição clara das etapas e atividades do processo e de suas relações de precedência; (b) a
necessidade de flexibilização dos modelos, visando atender aos diversos padrões e culturas
das empresas existentes no mercado.
Romano (2003) esclarece que a modelagem do processo de projeto é a etapa da análise
de um sistema, em que são definidos os recursos, itens de dados e suas inter-relações. Já o
modelo é a representação simplificada e abstrata de fenômeno ou situação concreta, e serve de
referência a observação, estudo ou análise, baseada em uma descrição formal dos objetos,
relações e processos, permitindo simular os efeitos de mudanças de fenômeno que representa.
Abbud (2009) apresenta a modelagem de processos como sendo um conjunto de
atividades de criação de modelos de processos para atender propósitos de representação, de
comunicação, de análise, de síntese, de tomada de decisão ou de controle. A atividade é
entendida como sendo qualquer ação ou trabalho específico, já o termo processo é entendido
como o modo pelo qual se realiza uma operação, segundo determinadas normas, métodos ou
técnica.
Romano (2003) apresenta os objetivos que contribuem para a adoção de uma
modelagem de processo de desenvolvimento de produto, a seguir:
a) explicitar o know-how da organização;
b) estabelecer uma base para planejar e especificar as funções, as informações, as
comunicações, etc.;
c) instituir uma base para a tomada de decisão sobre o processo;
d) instalar uma base para simulações do funcionamento do processo, com
identificação de problemas e possibilitando melhorias no processo;
e) estabelecer parâmetros para a escolha e o desenvolvimento dos sistemas
computacionais de suporte ao processo;
f) determinar uma base para planejar o armazenamento dos conhecimentos para
utilização posterior;
g) melhorar a interação e a comunicação entre os participantes do processo,
permitindo racionalizar e garantir o fluxo de informações;
h) possibilitar uma maior eficiência na seleção, treinamento e adaptação de novos
contratados ao processo.
Tzortzopoulos (1999) destaca, ainda, os principais tópicos a serem abordados na busca
da melhoria do processo de projeto: a consideração da forma como são analisados os
requisitos do cliente ao longo do projeto, ponderando o desenvolvimento da solução de
36

projeto, o fluxo de informações e as necessidades de cada cliente interno ao longo do


desenvolvimento do projeto, entre outros.
Nesse contexto, é fácil perceber a importância da modelagem dos processos de
trabalho para o eficiente desenvolvimento dos projetos em um escritório. Com a difusão da
tecnologia BIM - propondo minimizar retrabalhos, diminuir prazos de entrega, trabalhar de
maneira colaborativa, entre tantos outros - é preciso definir como essas etapas serão
trabalhadas e de que forma a equipe poderá trocar essas informações, incluindo quais serão os
resultados de cada etapa do projeto.

2.6 ESTUDOS DE MODELOS DE PROCESSO DE PROJETO

Diversos pesquisadores e consultores vêm trabalhando, nos últimos anos, no


desenvolvimento de métodos e ferramentas para a gestão do processo de projeto, sendo todos
unânimes em chamar a atenção para o grande potencial existente de melhoria e racionalização
dos empreendimentos. Entre os principais, podem ser citados Markus e Arch (1973), RIBA
(1980), Melhado (1994), Novaes (1996), Tzortzopoulos (1999), Fabrício (2002) e Romano
(2003).

2.6.1 Markus e Arch (1973)

Markus e Arch (1973) apresentam um dos modelos do processo criativo mais citado
na bibliografia. Os autores apresentam um modelo horizontal do processo, relacionado ao
processo criativo, e um vertical, relacionado ao processo gerencial.
O modelo horizontal é apresentado como uma maneira de compreender o pensamento
dos projetistas, sendo subdividido em três estágios principais, podendo incluir vários ciclos,
conforme apresentado na Figura 4. Este modelo reconhece que o projeto é um processo
iterativo e aberto, o que não é levado em conta em alguns modelos do projeto como processo
gerencial, que apresentam o projeto como uma sequência linear de passos determinísticos. Os
principais estágios do modelo horizontal são os seguintes:
a) Compreensão do problema (análise): Inclui a coleta de todas as informações
relevantes e o estabelecimento de relações, restrições, objetivos e critérios para o
desenvolvimento da solução;
37

b) Produção de uma solução de projeto (síntese): É a geração de soluções. A estrutura


do problema pode sugerir parte da solução. O processo pode resultar em uma única
solução, uma variedade de soluções ou um grupo de variações de um tipo básico.
c) Estabelecimento do desempenho da solução (avaliação): Envolve a avaliação
crítica das soluções sugeridas com os objetivos identificados na fase de análise. É
um ato retrospectivo por meio do qual o projetista avalia a qualidade da solução,
através de três passos básicos, sendo estes a representação da solução, a medição
dos resultados (em termos de custos, espaço, flexibilidade, etc.), e avaliação dos
resultados medidos.

Figura 4– O processo de tomada de decisão segundo Markus e Arch (1973)

Fonte: Adaptado de Tzortzpoulos (1999).

Tzortzopoulos (1999) comenta que, em função da análise, o projetista poderá


redesenhar ou reexaminar o projeto e desenvolver suas considerações. Ele irá desenvolver esta
sequência quantas vezes forem necessárias para que possa tomar uma decisão, sendo que as
definições de projeto são desenvolvidas do geral e abstrato ao particular e concreto.
O desenvolvimento total do projeto através de seus subsistemas, componentes e
pequenos detalhes, no estágio de análise, é chamado processo de decomposição (subdivisão
do problema em detalhes). O estágio de síntese implica em um processo de recomposição
(construção de uma solução completa a partir de seus componentes). A decisão e a
comunicação representam a tomada de decisão e o fluxo de informações do projeto.
De acordo com Tzortzopoulos (1999), uma crítica ao modelo de Markus e Arch
(1973), proposta por Lawson (1980), sugere que o desenvolvimento de uma solução (síntese)
pode demonstrar a necessidade de mais análises sobre o problema, principalmente pelo fato
de que em um projeto o problema normalmente não é completamente conhecido por parte do
38

projetista. A própria proposição de uma solução pode demonstrar ao projetista outras soluções
possíveis que inicialmente não haviam sido evidenciadas. Estes fatores não são demonstrados
por este modelo.

2.6.2 Riba (1980)

O modelo proposto pelo Royal Institute of British Architects (RIBA, 1980) descreve
as atividades desenvolvidas no processo criativo de projeto, e sugere uma abordagem quanto à
natureza e aos conteúdos das diversas fases nas quais as atividades podem ser agrupadas,
assim como suas relações em uma sequência de tempo. A natureza do processo criativo do
projeto é explicitada através de sua divisão em quatro fases:
• Fase 1 – Assimilação: Consiste no acúmulo e ordenação de informações gerais e
informações especificamente relacionadas ao problema em mãos;
• Fase 2 - Estudo Geral: Consiste de duas partes - (a) investigação da natureza do
problema e (b) investigação das possíveis soluções;
• Fase 3 - Desenvolvimento: O desenvolvimento e refinamento de uma ou mais
tentativas de soluções isoladas durante a fase 2;
• Fase 4 - Comunicação: A comunicação de uma ou mais soluções a pessoas de dentro
ou fora do grupo de projeto.
Segundo Tzortzopoulos (1999), esse modelo define que o processo de projeto,
passando pelas quatro fases distintas, consiste em numerosas pequenas operações de tomada
de decisão, todas seguindo um mesmo padrão. Quanto à transferência de informações entre as
fases, é colocada a importância da retroalimentação, na busca de mais informação.
Em termos simples, o processo é apresentado como um sistema, conforme o diagrama
da Figura 5, uma progressão principal com retroalimentação ocasional.

Figura 5– Desenvolvimento do projeto como processo criativo

Fonte: Adaptado de RIBA (1980).

O modelo apresentado é bastante semelhante ao de Markus e Arch (1973). A fase


denominada assimilação é semelhante à de análise. As fases de estudo geral e de
desenvolvimento são correspondentes à fase de síntese.
39

Uma contribuição advinda da subdivisão da síntese é o fato de ser explicitada a


investigação da natureza do problema e das possíveis soluções de forma conjunta, e o
desenvolvimento da solução adotada separadamente com relação a estas análises. Por outro
lado, este modelo não descreve que deve ser tomada uma decisão a respeito de qual solução
de projeto será desenvolvida.
Uma crítica apresentada por Lawson (1980) é a de que o modelo não descreve
claramente que a ordem do desenvolvimento do projeto não segue sempre as fases 1, 2, 3 e 4,
nesta ordem.
Assim sendo, o modelo não informa que os projetistas devem buscar informações
sobre um determinado problema, estudá-lo, escolher uma solução e desenhá-la, e que isto não
ocorre necessariamente nesta ordem. Outra crítica ao modelo é que este não leva em
consideração que o desenvolvimento de soluções potenciais faz com que os projetistas
compreendam mais claramente o problema de projeto. Isso é observado pela dificuldade em
conhecer qual informação deve ser estudada na fase 1 antes de ser desenvolvida alguma
investigação sobre o problema, descrita como integrando a fase 2.

2.6.3 Melhado (1994)

O modelo apresentado por Melhado tem como objetivo ser uma linha guia do processo
de projeto, apresentando procedimentos e definindo diretrizes para as suas principais etapas.
Este modelo ainda engloba a participação dos principais agentes do empreendimento, e leva
em consideração a formação das equipes multidisciplinares sob a orientação do coordenador
de projeto. Abrange todas as etapas do projeto, desde sua concepção até operação e
manutenção. Divide o processo em etapas sucessivas, e mostra a participação dos quatro
principais agentes do empreendimento: empreendedor, equipe de projeto, construtor e usuário
(Figura 6).
Melhado (1994) subdivide e define o processo nas seguintes etapas:
• Idealização do produto: solução inicial para atendimento do programa de
necessidades.
• Análise de viabilidade: avaliação da solução contra critérios de custo,
tecnologia, restrições legais num processo interativo traduzido em Estudo Preliminar,
base para a continuidade do desenvolvimento do produto.
• Formalização: concretização da solução, dando origem ao anteprojeto.
40

• Detalhamento: detalhamento em paralelo do processo de projeto (Projeto


executivo) e do projeto do processo (Projeto para produção).
• Planejamento e execução: etapa em que é feito o planejamento da obra.
• Entrega: etapa onde o produto é passado para o usuário, com o apoio inicial da
construtora para a operação e manutenção e onde futuramente serão coletadas
informações para a retroalimentação do processo.
Como instrumento complementar, o autor recomenda, dentro da metodologia de
coordenação de projetos, a prática da Análise Crítica, visando garantir o atendimento aos
clientes do projeto e dos objetivos iniciais estabelecidos. A Análise Crítica pode, segundo o
autor, ser realizada ao final de cada uma das etapas, porém não antes do detalhamento do
projeto, pois perderá parte de sua eficácia.

Figura 6 – Modelo de processo de projeto

Fonte: Adaptado de Melhado(1994).

Como qualquer modelo, o fluxograma da Figura 6 deve ser adaptado ao tipo de


empreendimento e às capacidades e necessidades dos agentes envolvidos. Além disso, ele
pode ser ajustado às restrições e às possibilidades de cada equipe de projeto.
41

2.6.4 Novaes, 1996

Em sua tese de doutorado, intitulada Diretrizes para garantia da qualidade do projeto


na produção de edifícios, Novaes (1996) propõe várias ações para a garantia da qualidade do
projeto, ao longo das várias fases do processo de produção do edifício.
A proposta do autor está sintetizada na Figura 7, na qual Novaes (1996) apresenta um
fluxograma do processo de produção, com ênfase no processo de projeto.
De acordo com Novaes, o processo de projeto – desde a etapa de estudos de
viabilidade e concepção do produto até a etapa de projeto executivo – necessita ser
alimentado por uma rede de informações (sobre o empreendimento, sobre o processo
construtivo, condições de exposição) que, por sua vez, recebe a retroalimentação das fases
posteriores do processo de produção.
Em cada uma das três etapas do processo de projeto posteriores ao estudo de
viabilidade – estudo preliminar (EP), anteprojeto (AP) e projeto executivo (PE) – o autor
propõe a execução concomitante dos projetos do produto e dos projetos para produção.

Figura 7 – Processo de projeto de edificações

Fonte: Adaptado de Novaes (1996).

Merecem destaque os seguintes pontos da proposta de Novaes:


• todo o processo de projeto, desde a etapa de estudos de viabilidade e concepção do
produto até a etapa de projeto executivo, necessita ser alimentado por uma rede de
42

informações (sobre o empreendimento, sobre o processo construtivo, condições de exposição)


que, por sua vez, recebe a retroalimentação das fases posteriores do processo de produção;
• em cada uma das três etapas do processo de projeto posteriores ao estudo de
viabilidade (EP, AP e PE), o autor propõe a execução concomitante dos projetos do
produto e dos projetos para produção;
• ao longo das etapas do processo de elaboração do projeto, o autor propõe dois
tipos de ações para o controle da qualidade de cada etapa:
- controles de produção: têm como objetivo principal a integração das soluções
adotadas nos projetos do produto e da produção. Segundo Novaes (1998), esses
controles devem ser exercidos tanto no âmbito de cada profissional de projeto
(autocontrole), "ao respeitar os parâmetros intrínsecos à disciplina de seu projeto
específico e os dados contidos nas informações transmitidas pelos demais agentes
(...)", bem como no âmbito da coordenação de projetos (compatibilização de projetos),
a ser conduzida ao longo das etapas progressivas do processo;
- controles de recepção (análise crítica de projetos): esse tipo de controle, de acordo
com Novaes (1997), deve ser exercido "no âmbito das estruturas técnicas dos agentes
da promoção e da produção, pública ou privada, clientes dos profissionais de projeto".
Novaes observa ainda que a análise crítica deve ser efetivada através de um complexo
exame dos aspectos técnicos do projeto, cabendo ao agente da produção a verificação
da conformidade das soluções quanto aos aspectos de racionalização construtiva;
enquanto, ao agente da promoção, a verificação da conformidade das soluções quanto
às informações relativas ao empreendimento.
Como forma de subsidiar as atividades de análise crítica, o autor propõe a utilização,
para cada fase, de listas de verificação (check lists) e a sistematização de indicadores de
qualidade e produtividade dos projetos.

2.6.5 Tzortzopoulos, 1999

O trabalho de Tzortzopoulos (1999), voltado para empresas de construção e


incorporação de pequeno porte, apresenta um modelo geral do processo de projeto de
edificações, descrevendo, através de gráficos e fluxogramas, as principais atividades e suas
relações de precedência, assim como os papéis e responsabilidades dos principais
intervenientes do processo.
43

Tzortzopoulos utiliza planilhas de insumo, processo e produto, que a partir das


informações básicas necessárias à execução das atividades (insumos) e das informações que
devem ser produzidas por elas (produtos), estabelece o fluxo principal de informações do
processo.
O modelo do processo de projeto definido por Tzortzopoulos é formado por sete
etapas sequenciais, conforme Figura 8. As quatro primeiras, destinadas à concepção geral das
edificações; a quinta, destinada ao detalhamento do projeto e elaboração dos projetos para
produção; e, as duas últimas, destinadas à retroalimentação do processo a partir da obra e da
utilização pelos clientes finais.
Figura 8 – Processo de projeto

Fonte: Adaptado de Tzortzopoulos (1999).

Como o fluxograma apresentado, a autora desenvolveu para cada uma das etapas,
fluxogramas específicos, em que podem ser vistas as atividades envolvidas e suas relações de
precedência, bem como a definição dos intervenientes necessários e o grau de participação de
cada um.
44

O modelo se preocupou bastante em estabelecer etapas e organizá-las, visando o


estabelecimento de um sistema de gestão, necessitando, contudo, de um maior detalhamento
das tarefas específicas do projeto.

2.6.6 Fabrício, 2002

O modelo desenvolvido por Fabrício (2002), conforme Figura 8, tem por objetivo ser
uma referência estratégica para a prática do projeto simultâneo, e não uma ferramenta para o
planejamento operacional do projeto. O autor faz também uma consideração importante a
respeito da utilização das técnicas específicas de planejamento de projetos, recomendando
cautela, conforme suas palavras:
[...] embora sejam técnicas poderosas e importantes para o avanço do planejamento de
projetos no setor de construção, sua origem em outros setores industriais com culturas
e disciplinas de desenvolvimento de produto é bastante diversa. Em geral, são técnicas
bastante complexas e rígidas que demandam um conhecimento e uma sistematização
do processo que não se compatibilizam com o estágio de desenvolvimento do setor de
construção e com o domínio metodológico atual que as empresas de projeto têm sobre
seus processos.
A aplicação desse modelo passa pelo estabelecimento de uma cooperação mais estreita
entre os agentes do projeto, envolvendo três interfaces principais de colaboração no projeto; a
estas interfaces acrescenta-se a retroalimentação das fases de execução (i4 – interface com a
obra) e de uso (i1 – interface com o cliente), conforme mostra a Figura 9.
A interface um (i1) deve garantir a orientação do projeto às necessidades dos
clientes/usuários, tendo início com a investigação das demandas do mercado/população que se
deseja atender, e completando-se com a análise do desempenho do edifício, visando subsidiar
novos projetos.
A interface programa-projeto (i2) visa estabelecer uma colaboração entre a concepção
do negócio e a especificação das necessidades com a criação e investigação projetual do
produto.
A interface entre os projetistas de especialidades (i3) é clássica e se relaciona com a
busca de uma efetiva coordenação na atuação dos projetistas e no desenvolvimento em
paralelo de diferentes disciplinas de projeto.
A interface i4 está relacionada à construtibilidade dos projetos e à elaboração de
projetos para produção que resolvam, antecipadamente, e de forma coerente com as
especificações do produto, os métodos construtivos dos subsistemas da obra.
A interface i5 representa a necessidade de acompanhamento da obra e elaboração do
projeto as built, de forma a garantir a retroalimentação de futuros projetos.
45

Figura 9 – Modelo do processo segundo Fabrício

Fonte: Fabrício, 2002.

Como tal, o autor propõe que o projeto seja subdividido de acordo com as fases de
amadurecimento intelectual do projeto, em vez da maneira tradicional que estabelece as
divisões em função do contrato.
Em resumo, a adoção da estratégia do Projeto Simultâneo implica na adoção de
medidas operacionais no sentido de promover o desenvolvimento de atividades de projeto, de
diversas especialidades, em paralelo. Para tanto, definem-se etapas onde as diversas
especialidades possam trabalhar simultaneamente e em interação. Tais etapas devem ser
definidas de forma a englobar o trabalho dos vários especialistas em níveis de elaboração e
detalhamento similares.

2.6.7 GPPIE – Romano, 2003

Romano (2003) define o modelo GPPIE (Modelo de referência para o gerenciamento


do processo de projeto integrado de edificações), com o objetivo de integrar o processo de
projeto aos demais processos empresariais. É considerado um modelo complexo e organizado
como processo, decomposto em três grandes subprocessos (Figura 10): pré-projetação,
projetação e pós-projetação. Cada subprocesso é dividido em atividades de projeto que se
organizam de forma sequencial e evolutiva. Ao final da hierarquia, o modelo é detalhado até o
nível das tarefas, com resultados e produtos específicos.
46

Figura 10 – Modelo de processo de projeto

Fonte: Adaptado de Romano, 2003.

A representação descritiva do modelo de referência para o GPPIE é constituída de oito


planilhas, cada uma representando uma fase do processo descrita através de sete elementos:
entradas, atividades, tarefas, domínios, mecanismos, controles e saídas.
Romano (2003) explica que as atividades e tarefas representam o trabalho a ser
realizado. As entradas são as informações ou objetos físicos a serem processados ou
transformados pela tarefa. Os mecanismos são os recursos físicos e/ou informações
necessárias para a execução da tarefa (documentos, metodologias, técnicas, ferramentas). Os
controles são as informações usadas para monitorar ou controlar a tarefa. E, as saídas são as
informações ou objetos físicos processados ou transformados pela tarefa.
O mesmo autor comenta que a contribuição do modelo de referência para o
gerenciamento do processo de projeto integrado de edificações é que, com uma visão
detalhada de ações, serve de base ao desenvolvimento de modelos particulares a serem
utilizados no planejamento, na comunicação, no treinamento, na análise, na síntese, na tomada
de decisão e no controle dos projetos.
47

CAPÍTULO 3

3 BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

3.1 CONTEXTO

No Capítulo 2 foram apresentados os aspectos teóricos relacionados à teoria de


projetos, processo de projeto, modelagem e os modelos de processo mais citados na
bibliografia. Este capítulo, por sua vez, apresenta conceitos relacionados à tecnologia da
informação na construção civil, e como vem acontecendo a evolução das tecnologias
computacionais, do CAD (Desenho Auxiliado por Computador) ao BIM (Building Informatin
Modeling), como é o planejamento para sua implantação em escritórios de projeto e quais as
perspectivas para seu uso.

3.2 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Os edifícios atuais são mais complexos do que aqueles da Revolução Industrial. O


nível de complexidade dos projetos contemporâneos necessita de novos métodos de
gerenciamento de informações e, apesar das mudanças ocorridas nas últimas décadas, o setor
ainda não conseguiu se igualar ao nível de eficiência, produtividade e qualidade de outros
setores da indústria (NASCIMENTO; SANTOS, 2001).
De acordo com Florio (2007), para administrar esses tipos de projetos mais
complexos, tem-se expandido o uso das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação),
possibilitando controlar dados digitais dos projetos com geometria mais complexa, assim
como programar a sequência de atividades relativas à construção, reduzindo
consideravelmente o tempo do processo de projeto.
O uso de tecnologias computacionais contribui para mudar a maneira de concepção e
construção dos desenhos - o profissional trabalha, conclui e envia, por meio eletrônico, para
outros profissionais envolvidos no projeto.
Florio (2007) explica que os projetos complexos exigem um processo colaborativo,
envolvendo muitos profissionais. Há uma crescente pressão e exigência por parte dos
contratantes para que as equipes de projetistas sejam capazes de coparticipar de todo o
processo de projeto, com prazos menores e com maior qualidade. Esse paradoxo só pode ser
desfeito se os profissionais utilizarem a TI de forma mais eficiente, para aperfeiçoar o
processo.
48

3.3 EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS COMPUTACIONAIS – CAD AO BIM

Os computadores surgiram por volta do ano de 1939. No entanto, até a década de 1970
a utilização destes em projetos de edificações era inexistente. A origem dos desenhos
auxiliados por computador, conhecidos como CAD, ocorreu no início da década de 1960. O
pioneiro nesta área foi Ivan Sutherland, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts)
que, em 1962, publicou uma tese intitulada "O homem-máquina e os sistemas de
comunicação gráficos", mostrando a viabilidade da computação gráfica interativa. Em meados
dos anos de 1960, vários projetos de pesquisa foram iniciados em universidades e
corporações, como por exemplo, MIT, GM (General Motors), entre outros. Tais pesquisas
resultaram nos primeiros sistemas auxiliados por computador (KLEIN, 1992).
Segundo TURBAN et al., (2004), os softwares CAD permitem ao usuário criar e
construir objetos a partir de figuras geométricas simples em duas dimensões e gerar imagens
em três dimensões na tela do computador, que depois podem ser armazenados, manipulados e
atualizados.
Os desenhos elaborados no CAD podem ter capacidade para armazenar muito mais
informações do que é visto na tela do computador ou impresso. A qualidade de um desenho
não é medida somente pelo lado estético gráfico, mas pela quantidade de informações
contidas, que, se manuseados adequadamente por todos os participantes do processo,
contribuem para melhor qualidade de todos os projetos (PANIZZA, 2004).
Segundo Ito (2006), embora a tecnologia exista para que profissionais trabalhem na
maioria das disciplinas de uma forma mais eficiente, a grande maioria dos projetos do setor
ainda é desenvolvida no método tradicional, ou seja, definindo e representando edifícios com
desenhos 2D e documentos de texto, com pouco uso do potencial das tecnologias de TI.
Além disso, a falta de conhecimento básico na aplicação de ferramentas CAD e a falta
de padronização na geração de documentos impossibilitam a organização e o controle do
fluxo de informações, assim como o ganho de produtividade, que poderia ser mensurado pela
quantidade de informações trocadas entre integrantes envolvidos no processo do projeto.

3.3.1 Diferentes Tipos de CAD - Geométrico: Prancheta Eletrônica

O tipo de CAD que conseguiu melhor desempenho para sua época – anos 1990 – foi o
que se concentrava nas representações de informações através de primitivos geométricos
(linhas, pontos, arcos), o chamado CAD geométrico. Este tipo de CAD popularizou-se e
49

tornou-se essencial aos projetistas, sendo muito raros os escritórios que atualmente não se
utilizam dessa ferramenta (FABRICIO; MELHADO, 2002; TSE et al. 2005).
De acordo com Scheer e Ayres (2007), os CAD geométricos também chamados de
pranchetas eletrônicas, fizeram com que o CAD parecesse um método moderno frente à
utilização dos desenhos a tinta nanquim. No entanto, essa analogia também revela o aspecto
mais frágil da tecnologia CAD: apesar de eliminar tarefas repetitivas e complicadas e, ainda,
facilitarem a correção dos desenhos, o auxílio ao processo de projeto vai pouco além de uma
prancheta melhorada.
Para Ibrahim et al. (2004), o foco da tecnologia desse CAD esteve sempre direcionado
para a solução do problema da representação digital da geometria, e não necessariamente para
a transmissão de informação através do desenho. Como consequência, embora tenha se
tornado padrão para a indústria da construção, o CAD geométrico sempre foi um obstáculo
para a comunicação eficiente entre os diversos agentes e os processos envolvidos na produção
(SCHEER; AYRES, 2007).

3.3.2 Diferentes Tipos de CAD - 3D: Maquete Eletrônica

A utilização da terceira dimensão em um projeto CAD aumentou consideravelmente a


quantidade de informações do projeto. No entanto, Scheer e Ayres (2007) explicam que o 3D
apresenta a mesma característica de fragmentação da informação do CAD geométrico,
tornando difícil a produção de informações estruturadas, que normalmente constituem o
núcleo da documentação de um projeto (planta, cortes, elevações, etc.). De acordo com os
mesmos autores, o CAD 3D são geralmente softwares cuja proposta básica é auxiliar no
processo de desenho industrial, e não no projeto de edificações.
Sperling (2002) explica que a confecção dessas representações, as chamadas maquetes
eletrônicas, é o uso mais comum do CAD 3D pelos escritórios, sendo que o processo de
projeto que dá origem às informações utilizadas na geração da maquete eletrônica, geralmente
se desenvolve de forma bidimensional, em outro CAD, geométrico. Pelegrino7 apud Sperling
(2002) atribui às maquetes eletrônicas status inferior ao de um objeto 3D, estando estas mais
para um objeto 2,5D (duas e meia dimensões), uma vez que se trata apenas do espessamento
de uma das projeções bidimensionais (normalmente a planta), sem interações com as demais
representações.

7
PELLEGRINO, P. et al. Arquitetura e Informática. Barcelona: Gustavo Gilli, 1999.
50

De acordo com Scheer e Ayres (2007), assim como a analogia da prancheta eletrônica,
o termo maquete eletrônica faz parecer que se trata de uma modernização do processo de
projeto. Porém, CAD 3D, usado para possibilitar a troca da maquete convencional pela sua
versão eletrônica, praticamente não modifica o modo tradicional de produção dos projetos,
resultando em pouca melhoria da qualidade da informação gerada e do desempenho do
processo com um todo.

3.3.3 Diferentes Tipos de CAD - BIM: A Modelagem do Produto

No final da década de 1980 deu-se início ao desenvolvimento da terceira geração do


CAD, cujo principal objetivo foi a integração de informações geométricas com dados não
geométricos através do estabelecimento de relacionamentos associativos e paramétricos
(BIRX, 2006). Assim, entendem-se como informações geométricas as características do
objeto como forma, posição e dimensões, e dados não geométricos que incluem características
como custo, material, volume, resistência, especificações do fabricante, entre outras.
Oliveira (2011) explica que a BIM é a terceira geração CAD/TI referente à modelagem
da informação orientada ao objeto – o modelo 4D parametrizado contendo todo o ciclo de
vida do projeto da construção. BIM é mais um conceito de modelagem integrada, em que
dados são compartilhados, esperando-se consistência e confiabilidade entre os participantes de
várias disciplinas no processo de projeto da construção, baseado na engenharia simultânea
(CRESPO; RUSCHEL, 2007).

3.4 DEFINIÇÕES DE BIM

É possível dizer que a tecnologia BIM é uma sequência, uma evolução da tecnologia
CAD, trazendo um novo paradigma para a indústria da construção. Apresenta inúmeros
benefícios para o setor, que se encontra em um momento de grande expansão e precisa adotar
tecnologias diferenciadas, adequando-se às exigências de alta qualidade do mercado.
De acordo com Nevena (2009) sua força reside na possibilidade de comunicar-se
facilmente em um formato mais apropriado dentro de um projeto mais complexo, facilitando a
comunicação entre a equipe de projetos e participantes, incluindo proprietários, arquitetos,
engenheiros, empreiteiros, construtores e usuários finais.
Segundo Birx (2007), não é tão fácil definir BIM quanto é CAD. BIM é mais um
processo que uma ferramenta de elaboração, podendo ser entendido tanto quanto processo de
51

projeto quanto ferramenta de desenho. Em termos de tecnologia, representa a transição do


analógico para o digital, em que os projetos são conduzidos como modelos completos.
Birx (2007) considera um erro pensar em BIM como mais uma forma de representação
tridimensional, pois, com isso, perde-se seu potencial mais significativo: os benefícios de uma
mudança de cultura projetual. Sperling (2002) aponta a forma pela qual ocorre a geração das
informações como o impacto mais visível dessa tecnologia.
Ao longo dos anos, a tecnologia BIM vem ganhando grande projeção, como no meio
acadêmico, com o aumento na quantidade de artigos, conferências e livros, abordando o tema,
e na prática profissional, com o aumento de profissionais dispostos a adotar essa nova
tecnologia. As indústrias de software também já mostram grande interesse com o lançamento
de novos programas que ajudam a trabalhar de forma plena com a tecnologia BIM.
Apesar de ser considerada uma inovação recente, a tecnologia BIM é baseada em um
conceito que foi introduzido, há mais de trinta anos, por Charles Eastman8 (1976 apud
Golberg, 2004):
Building Information Modeling integra toda a informação geométrica do modelo, as
exigências e potencialidades funcionais e a informação do comportamento das
partes, dentro de uma descrição simples de inter-relação de um projeto de um
edifício sobre o seu ciclo de vida. Ele também inclui o relacionamento da
informação processada com os cronogramas de construção e os processos de
fabricação.
Eastman et al. (2008), pesquisadores da tecnologia BIM, apresentaram a definição da
tecnologia como sendo:
Uma tecnologia de modelagem associada a processos para produzir, comunicar e
analisar modelos da construção. Modelos de construção são caracterizados por:
a) componentes da construção que são caracterizados com representação digital
inteligente (objetos) que sabem o que são, e podem ser associados com gráficos
computáveis, atributos dos dados e regras paramétricas;
b) componentes que incluem dados e descrevem como estes se comportam,
como são as análises e processos de trabalho, especificação e análises de energia;
c) dados consistentes e não redundantes de tal forma que alterações nos dados
são representadas em todas as vistas do componente;
d) dados coordenados de tal forma que o modelo é representado de forma
coordenada.
Tse e Wong (2005) explicam que a tecnologia BIM é muito mais do que um modelo
para visualização do espaço projetado. É um modelo digital composto por um modelo mestre
que permite agregar informações para diversas finalidades, além do aumento de produtividade
e racionalização do processo.

8
GOLBERG, H.E. AEC from the Ground up: The Building Information Model: Is BIM the future for AEC
Design? Cadalyst AEC, Nov., 2004.
52

Kymmell (2008) explica que BIM constitui projeto e simulação de processos, em que
a simulação é integrada e coordenada, contém todas as informações necessárias para planejar
e construir um projeto.
Na tecnologia BIM existe uma base de dados vinculada, consequentemente, cada vez
que um usuário faz uma mudança, ocorre a atualização da base de dados e seus respectivos
documentos, não existindo perda de informações, ou informações repetidas, como no
processo atual, em que todos os desenhos normalmente são executados em arquivos
separados.
A equipe que envolve a elaboração do projeto – como contratante, arquitetos,
engenheiros, construtores – trabalha nas diferentes fases, inserindo, extraindo, atualizando ou
modificando essas informações, em torno de um modelo mestre baseado em informações
necessárias para o planejamento e construção de um edifício (Figura 11).
Essas características permitem à tecnologia BIM a realização de uma série de funções:
estudos, planejamentos, análise ambiental, estimativas de custos, fabricação digital, detecção
de interferências através da compatibilização de projetos. Suas funções podem ser aplicadas a
várias áreas e sistemas de edificação: projeto estrutural, instalações elétricas, incêndio, ar
condicionado, reconstrução, etc.

Figura 11 – Utilização da tecnologia BIM

Fonte: Piniweb, 2011

Ruschel e Guimarães (2008) explicam que na elaboração do modelo devem estar


envolvidos os diversos profissionais das diferentes disciplinas relativas ao projeto. Assim,
53

pode-se definir BIM como uma prática de projeto integrada e colaborativa na qual os
envolvidos no processo convergem suas habilidades para elaboração de um modelo único
(ANDRADE; RUSCHEL, 2009).
É possível identificar que grandes mudanças estão acontecendo na forma de elaborar,
construir e manter um edifício. A proposta dessa tecnologia em integrar todos os processos,
mesmo sendo considerada uma integração ainda pequena, tem demonstrado grandes
vantagens sobre os processos tradicionais (projeto arquitetônico e projeto estrutural).
De acordo com Ruschel e Guimarães (2008), a evolução da tecnologia BIM, face às
potencialidades apresentadas, é caracterizada por Tobin (2008) segundo três momentos
evolutivos, denominados pelo autor como “BIM 1.0”, “BIM 2.0” e “BIM 3.0”.
A ”BIM 1.0” representa a emergência dos aplicativos baseados em objetos
paramétricos, que substituem gradativamente os softwares de CAD tradicionais. As principais
características da geração “BIM 1.0” são: capacidade de coordenação de documentos, adição
de informações aos objetos, e rápida produção de documentos. Com isso, geram-se
documentos em tempo real, bem como, passa-se a trabalhar com modelos geométricos
tridimensionais, com informações agregadas, substituindo modelos bidimensionais.
A geração “BIM 1.0” representa a prática atual de projeto na maioria dos escritórios
que utilizam o BIM. Este estágio de consolidação do BIM caracteriza-se pela capacidade dos
arquitetos em manipular informações a respeito de objetos e do espaço. Assim, o arquiteto
passa a ser coordenador da informação.
Para Tobin (2008), a mais significante característica do “BIM 1.0” é que, apesar de
todas as vantagens, a atividade de projeto ainda permanece isolada. Os projetistas definem o
nível de detalhe e precisão dos modelos a serem utilizados, de acordo com suas necessidades.
A era “BIM 2.0” é também denominada por Tobin (2008) como The Big Bang in
Reverse, pois, segundo o autor, é quando diversas galáxias de projetistas e de construtores,
que viviam em constantes conflitos, repentinamente convergem para um ponto comum,
desfrutando do potencial da tecnologia. Esta geração representa um momento difícil para os
arquitetos, pois estes precisam conciliar as necessidades de diferentes profissionais de projeto,
na obtenção de informações do modelo arquitetônico digital. É uma fase inicial de
convergências e de popularização do uso de ambientes de interação, com o desenvolvimento
de programas integrados de análise, desenvolvimento de modelos 4D (tempo), 5D (custo) e de
muitas expectativas sobre as potencialidades do uso do BIM em todas as fases do projeto e
construção (TOBIN, 2008).
54

Na geração “BIM 2.0” a interoperabilidade e a colaboração tornam-se essenciais na


atividade de projeto. A geração “BIM 2.0” representa o início de uma mudança significativa
para o processo de projeto de arquitetura.
As mudanças ocorrem não apenas no gerenciamento das informações, mas,
principalmente, nas atividades do processo de projeto, por meio de aplicativos que permitem a
revisão, análise e avaliação de soluções de projeto de forma automática. Assim, o processo de
síntese e de avaliação torna-se mais dinâmico e mais rápido, além de ocorrerem já nas etapas
iniciais do processo de projeto.
A era “BIM 3.0” (TOBIN, 2008), por sua vez, representa a geração da prática
integrada. O processo de projeto nesta era caracterizar-se-á por trabalhos em equipes
multidisciplinares que utilizarão modelos integrados, cujos fluxos de informação acontecerão
de forma contínua, sem perdas ou sobreposições. Assim, os diferentes profissionais de
projeto e construção estabelecerão um “modelo único” para um propósito coletivo, que é a
construção virtual do modelo do edifício, também chamado por Tobin (2008) de “protótipo do
edifício”. Este está representado por uma rede centralizada de banco de dados em que o
modelo BIM é construído de forma colaborativa em um ambiente virtual tridimensional
(TOBIN, 2008). Esta futura geração BIM exigirá dos arquitetos a capacidade de reunir, filtrar
e processar uma grande quantidade de informações que estarão disponíveis e deverão ser
utilizadas com habilidade na geração da forma.
Com o “BIM 3.0”, o processo de projeto tenderá a mudar significativamente, não
apenas na forma dos projetistas se relacionarem com os demais profissionais da AEC, mas,
também, na maneira de tratar os dados, relacionar-se com os clientes e incorporar as
informações de projeto como instrumento efetivo de geração da forma.
A implantação da tecnologia BIM nos escritórios traz implicações diretas no processo
de projeto. Segundo Ruschel e Guimarães (2010), para que seja possível avaliar as principais
mudanças, é preciso visualizar o processo de forma sistemática, enxergando suas
características de gerador de informações, busca de soluções e apropriação de conhecimento.

3.5 MODELAGEM VIRTUAL

Ayres (2007) define o termo modelo como uma estrutura de informação que permite
integrar diferentes fases do desenvolvimento. É importante explicar que os desenhos
bidimensionais, muitas vezes chamados de modelos, representam abstratamente um objeto
real, não transmitem informação suficiente para que se tenha essa integração.
55

Ibrahim e outros autores (2003) propõem a distinção entre os termos modelagem


gráfica e modelagem de informação, para designar os modelos de acordo com o seu objetivo
principal. Modelos gráficos são construídos para permitir melhor visualização dos conceitos
nas fases iniciais, ou, ainda, o resultado pretendido nas fases finais do desenvolvimento, e,em
geral, não geram grande influência no processo de desenvolvimento como um todo. Podem
ser citadas, como exemplo, as maquetes eletrônicas realizadas pelas construtoras para auxiliar
nas campanhas de marketing do produto (SPERLING,2002). Já os modelos de informação,
como os modelos BIM, seguem o paradigma da modelagem de produto: são principalmente
veículos para a transferência eficiente de informação entre as fases do desenvolvimento
(AYRES, 2007).
Crespo e Ruschel (2007) relatam alguns benefícios do modelo virtual percebidos pela
General Services Administration (GSA, EUA), dentre os quais pode-se destacar: a
visualização da preservação histórica do entorno, redução de erros e omissões, visualização e
otimização das fases do projeto e sequência da construção. Além disso, a equipe conduz o
projeto com eficiência, exatidão e segurança.
Oliveira (2011) comenta que as formas arquitetônicas contemporâneas requerem uma
mudança de atitude e comportamento dos parceiros envolvidos em um projeto. A composição
técnica complexa exige ferramentas virtuais que aperfeiçoem as formas e materiais, dentre
outros aspectos. Isso significa que o software deve auxiliar o arquiteto nas escolhas projetuais,
usando parâmetros de construtibilidade, informações dos componentes padrões de parceiros,
disposição do canteiro de obras, o que facilita a execução da obra (EEKHOUT; GELDER,
2009).
O modelo virtual, em conjunto com cronograma, entra com a proposta de visualização
da sequência e andamento da obra, permitindo interação com o canteiro em todos os estágios
da construção. Oliveira (2011) diz que essa interação não é possível com os meios de
planejamentos mais utilizados, como o diagrama de Gantt, em que a visualização espacial fica
a desejar e o planejamento é feito em diagrama de barras. A tecnologia BIM permite a
coordenação dos canteiros de obras, materiais, e principalmente a troca de informações entre
os agentes envolvidos.

3.6 PROJETO PARAMÉTRICO

A modelagem paramétrica é um dos recursos que distingue um modelo BIM de


qualquer modelo dos sistemas CAD genéricos. Os objetos baseados em modelagem
56

paramétrica não representam objetos com geometria e propriedades fixas. Mais do que isso,
representam objetos com parâmetros e regras que determinam a geometria assim como
algumas propriedades e características não geométricas (EASTMAN et al., 2008).
No modelo paramétrico os objetos são definidos através da utilização de parâmetros
com distâncias, ângulos e regras como “anexado a”, “paralelo a”, “distante de”. Estas relações
permitem que cada elemento tenha uma variação de acordo com o seu parâmetro e relação
contextual (EASTMAN et al., 2008).
Segundo Martins (2011), um modelo paramétrico reconhece as características dos
componentes e interações entre eles, mantendo uma relação consistente entre elementos do
modelo quando este é manipulado. Por exemplo, em um projeto paramétrico de uma
edificação, se é realizada alguma modificação na inclinação do telhado, automaticamente as
paredes se ajustam a essa modificação.
Ibrahim et al. (2004) acreditam que o nível de informação pode ser controlado, de
acordo com a necessidade, desde o layout do projeto até detalhamentos construtivos ou
análises de desempenho ao final.
Ayres (2009) diz que os objetos paramétricos podem também ser referências diretas a
produtos desenvolvidos por fabricantes, como janelas, peças pré-fabricadas, acessórios, etc.
Estes objetos e suas atualizações podem ser obtidos diretamente via internet e futuramente
ajustarem de modo automático o seu comportamento aos aspectos do projeto. Como exemplo,
o mesmo autor cita os objetos, representando peças estruturais que se configuram
automaticamente de acordo com os vãos e tipos de apoios definidos.
A parametrização dá maior autonomia ao arquiteto para pesquisa de novas soluções e,
ainda, com o auxílio de programas de análise, possibilita rapidamente a alteração de soluções
projetuais com melhor desempenho, e acelera o processo de concepção de projeto e produção
de modelos.
Outros benefícios do uso do desenho parametrizado no processo de projeto também
são apontados por diferentes arquitetos que fazem uso de tecnologias computacionais durante
todo o processo, como a mediação entre criatividade e a otimização para escolha do material,
da fabricação dos componentes e da construção do edifício (LEE; BEAURECUEIL, 2009).
Os programas que têm em sua plataforma a tecnologia BIM estão em constante
evolução, como a melhoria da tecnologia. As adaptações para melhor uso das ferramentas são
realizadas a cada nova versão. Segundo Birx (2006), o período de transição da utilização do
CAD geométrico para BIM durará mais de uma década.
57

Quando se utiliza a tecnologia BIM em um projeto, o processo é desenvolvido de


forma inversa do que quando é realizado em CAD. Com a BIM, o projetista constrói o
edifício virtualmente, utiliza objetos que simulam em forma e comportamento os elementos
construtivos a serem empregados na construção, podendo inclusive realizar diversas
simulações com a instalação de plug-ins9. Dentro dessa construção virtual estará a base de
dados onde são encontrados todos os parâmetros de cada elemento construtivo utilizado no
projeto.
Birx (2006) comenta que dessa forma a atenção do projetista é focada nas soluções
projetuais, e não nos desenhos técnicos, que são em boa parte gerados automaticamente pelo
computador. Consequentemente, a atenção é voltada ao processo construtivo, especificação
do componente, etc.
A tecnologia BIM representa uma nova geração de softwares orientados para modelar
objetos e gerenciar a informação da construção durante todo o ciclo de vida do projeto. O
modelo BIM representa digitalmente as características físicas e funcionais de um edifício ou
empreendimento, constitui base de dados que pode e deve ser compartilhada ao longo de todo
o ciclo de vida da construção (NIST, 2010).
No entanto, apesar de todas essas vantagens, é importante lembrar que todo esse
processo de troca de informações durante a elaboração dos projetos é feita através de um
número sem fim de softwares de desenho. Só através da adoção de uma plataforma de dados
neutra, é que será possível fazer toda essa troca de informações, sem a perda de dados,
tornando dessa forma, a tecnologia BIM realmente eficiente e confiável.

3.7 INTEROPERABILIDADE

De acordo com Grilo e Gonçalves (2009), a interoperabilidade pode ser definida como
a habilidade de dois ou mais sistemas em trocar informações e utilizar essas informações que
foram trocadas. A interoperabilidade atende à necessidade de compartilhar dados, permitindo
a vários tipos de especialistas contribuírem para um trabalho realizado de forma
compartilhada.
As informações dos modelos devem ser dispostas em padrões abertos, para que outros
sistemas ou softwares possam entendê-las com clareza. A busca então é por um padrão de

9
Na informática, um plugin ou módulo de extensão (também conhecido por plug-in, add-in, add-on) é um
programa de computador usado para adicionar funções a outros programas maiores, provendo alguma
funcionalidade especial ou muito específica. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Plugin
58

informações para ser usado por todos os softwares, que será uma base para representação do
modelo (NASCIMENTO; SANTOS, 2001).
O padrão BIM é visto em diferentes softwares, o que faz da interoperabilidade um
quesito importante para o trabalho multidisciplinar, integrando diversos especialistas
(CRESPO; RUSCHEL, 2007). Diversos programas de modelagem e análise do modelo BIM,
compatíveis com padrão IFC – são utilizados hoje em dia, como: Archicad (Graphisoft), Revit
(Autodesk), Vector Works Architect, Microstation (Bentley), entre outros.
IFC (Industry Foundation Classes) é o modelo que está sendo apresentado, desde
1994, pela Aliança Internacional de Interoperabilidade e aprovado pela Organização de
Padrões Internacionais, que viabiliza o intercâmbio de informações arquitetônicas e
construtivas entre software com inteligência baseada no objeto. De acordo com Fu et al.
(2006), o IFC é um tipo de linguagem focado na modelagem do produto e processos da
indústria da AEC, é o principal instrumento pelo qual é possível estabelecer a
interoperabilidade dos aplicativos de software para a indústria da construção, com tecnologia
BIM.
Santos (2009) apresenta as diferentes padronizações para interoperabilidade de BIM
(Figura 12):
a) Formato de troca - o IFC é apenas para compartilhar as informações;
b) Biblioteca de referência – para definir o que será compartilhado, o International
Framework for Dictionaries (IFD);
c) Requisitos da informação – para definir qual informação a ser compartilhada.
O foco do Information Delivery Manuals (IDM) e Model View Definitions
(MVD) são padrões responsáveis pela especificação de qual e quando a
informação será trocada.

Figura 12 – Pré-requisitos para o BIM

Fonte: Adaptado de Santos, 2009


59

Este é um ponto importante para a participação de diferentes agentes da indústria da


construção, mais importante ainda são os profissionais do Brasil serem impositivos quanto a
sua participação no desenvolvimento do IFD Library, que vem a ser a biblioteca internacional
que concentrará a semântica, significado e atributos dos componentes em várias línguas
(OLIVEIRA, 2011). É importante a participação de profissionais do Brasil, uma vez que as
soluções encontradas durante este desenvolvimento poderão servir também para os projetistas
brasileiros.
Conforme relata Ayres (2009), ainda existem vários desafios relacionados a
interoperabilidade a serem superados, muitos ainda decorrentes das atuais práticas projetuais
(contratação, responsabilidades, entregas) e responsabilidades legais. A modelagem de
produto é uma ruptura significativa nos métodos tradicionais de projeto e vai exigir a adoção
de muitas novas abordagens e procedimentos.

3.8 FLUXO PARA O DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE PROCESSO DE


PROJETO UTILIZANDO A TECNOLOGIA BIM

Com a pesquisa realizada nos sete modelos apresentados, é evidente que todas as
tentativas de melhorar a gestão do processo de projeto devem ser iniciadas com um fluxo-
modelo que consiga atender às necessidades de todos os intervenientes envolvidos no projeto,
levando-se em consideração a importância dos padrões de trabalho de cada empresa.
Segundo Tzortzopoulos (1999), deve-se atentar para a definição do grau de detalhe do
modelo. Este não deve ser muito genérico, não permitindo transparência e eficácia e, por
outro lado, não deve ser muito detalhado, para que o mesmo não tenha difícil implementação
em função do excesso de documentação criada.
Algumas ferramentas auxiliam a atividade de modelagem, dentre elas destacam-se o
fluxograma e as tabelas de insumo, processo e produto. Na elaboração de fluxogramas, é
importante e atentar para que estes não se tornem longos e não percam sua eficácia. Para
tanto, é necessária a subdivisão hierárquica do processo (TZORTZOPOULOS, 1999).
O mesmo autor explica que deve ser definido um fluxograma geral do processo, e seu
detalhamento, representado em fluxogramas específicos. Nestes devem ser definidas as
relações de precedência entre as atividades, buscando possibilitar o planejamento do processo.
Com relação às tabelas de insumos, vinda dos preceitos de transparência estabelecidos
na Nova Filosofia de Produção, conforme Koskela (1992). Assim, tais tabelas definem
60

genericamente as tarefas representadas nos fluxogramas, descrevendo as características das


informações necessárias à execução de cada atividade e as informações-produto geradas.
Dentro do contexto de projetos multidisciplinares que a tecnologia BIM utiliza,
constata-se a importância de que, em qualquer proposta defluxo-modelo para o processo de
projeto, os nomes utilizados nas etapas do processo tenham um enfoque voltado à
caracterização global do empreendimento, e não aqueles característicos das particulares
disciplinas envolvidas.
É fundamental definir, além dos intervenientes necessários em cada etapa, a ênfase, os
objetivos e as atividades características de cada etapa, tanto globais quanto particularizadas
para cada agente e disciplina envolvida. É a identificação e a comunicação desses aspectos de
cada etapa que facilitará o entendimento de todos os intervenientes envolvidos sobre esse
novo enfoque multidisciplinar do processo de projeto.
Durante a elaboração do modelo devem ser previstas aprovações de atividades e/ou
etapas do processo, propiciando assim que seja estabelecido o controle e a melhoria do
mesmo. Ainda, deve-se considerar que usualmente a aceitação da etapa anterior é condição
para o início da próxima etapa do processo (TZORTZOPOULOS, 1999).
Com o desenvolvimento dessas diretrizes, é possível desenvolver um modelo que
possa ser implantado e que possa ser retroalimentado. Daí a importância de ser flexível e
adaptável a mudanças ao longo do desenvolvimento de novos projetos
A implantação da tecnologia BIM nos escritórios de arquitetura muda o processo de
projeto atual, é possível identificar que com a utilização desta tecnologia nos projetos, os
fluxos dentro de um escritório sofrem modificações, pois para desenvolver modelos
paramétricos, com informações do projeto, é preciso identificar uma série de questões que só
seriam levantadas em fases posteriores do processo.
A tecnologia BIM é mais do que uma tecnologia ou uma ferramenta, ela representa
uma grande mudança no processo de projeto, e essa mudança precisa ser vista pelos
escritórios de arquitetura como uma evolução e não como uma revolução das tecnologias da
informação, precisa ser vista como uma forma de ajudar os escritórios a alcançar a excelência
em seus projetos.

3.9 ADOÇÃO DA TECNOLOGIA BIM NO CONTEXTO INTERNACIONAL

Através dos vários estudos que foram e que estão sendo desenvolvidos sobre a
tecnologia BIM, é possível identificar onde a sua adoção encontra-se mais avançada,
61

podendo-se dizer que os EUA e os alguns países da Ásia lideram esses estudos, já mostrando
resultados de aplicações práticas, demonstrando os benefícios e desafios da tecnologia.
De acordo com Andrade e Ruschel (2009), muitas instituições internacionais e
governos têm investido nos últimos anos em pesquisas sobre BIM. Entre as organizações
internacionais, podem ser citadas: Building Smart, National Institute of Building Sciences,
Associated General Contractors of America (AGC), General Service Administration (GSA) e
Innovation in Building and Construction (CIB), entre outros.
Segundo os mesmos autores, em alguns países, órgãos governamentais têm
incentivado o uso maciço da tecnologia BIM, seja por meio de investimentos em agências de
pesquisa (como a GSA, nos Estados Unidos e a Senate Propertis, na Finlândia e a INNOVA
da Europa), seja por regulamentações para a construção ou discussões sobre o uso da
tecnologia BIM.
De acordo com relatório McGraw-Hill Construction, associação americana que realiza
pesquisa sobre a adoção da BIM pelos profissionais, em 2009, 49% dos entrevistados estavam
usando ferramentas BIM. A passagem para a tecnologia BIM é recente, pois 2/3 dos usuários
a tinham adotado nos últimos três anos. Outro dado importante é que, em 2007, ano da última
pesquisa, 14% dos usuários se consideravam em nível avançado de aprendizagem, e esse
número cresceu em 2009 para 42%, um índice três vezes maior.
É importante saber das projeções futuras de adoção da tecnologia BIM, para que no
Brasil se saiba o quanto ainda é preciso investir em pesquisas, tecnologias e treinamento de
pessoal. No exterior, para direcionar os profissionais, existem inúmeros guias ou manuais de
implantação, elaborados por associações da construção, universidades e órgãos do governo. É
evidente que não conseguem atender às demandas específicas de cada projeto, ou de cada
empresa, mas ajudam a preparar os profissionais, mostrando quais os caminhos necessários
para a eficiente implantação da tecnologia BIM em seus escritórios.

3.10 GUIAS DE IMPLANTAÇÃO DA TECNOLOGIA BIM EM ESCRITÓRIOS DE


PROJETO

Durante a revisão de literatura, identificaram-se vários guias de implantação da BIM


para escritórios, sendo que a maioria foi elaborada nos Estados Unidos, país onde a BIM
encontra-se em estágio mais avançado. É importante conhecer quatro, para que seja possível
identificar onde ocorreram as maiores mudanças na elaboração dos processos de projetos,
62

iniciando pela transformação organizacional dos escritórios e chegando até a forma de


elaborar o projeto.

3.10.1 Autodesk: Plano de Implantação BIM

A Autodesk é uma empresa de software de projeto e de conteúdo digital. Desde 1982


desenvolve tecnologias 2D e 3D, que possibilitam aos usuários ver, simular e analisar o
desempenho de suas ideias sob condições realistas mais cedo no processo de projeto.
O Plano de implantação BIM da Autodesk é dividido em dois capítulos, sendo o
primeiro destinado à organização da empresa para a implantação da tecnologia BIM e o
segundo destinado à organização do projeto a ser desenvolvido da tecnologia BIM, de uma
forma geral, segue os conceitos apresentados pela Autodesk neste guia (Figura 13).

Figura 13 – Planejamento para implantação tecnologia BIM em escritórios

Fonte: Adaptado Autodesk.

O guia da Autodesk é bem completo, fornece informações detalhadas para o início da


implantação do BIM nos escritórios, com exemplos, formulários padrão a serem preenchidos,
auxiliando durante o processo, apresenta uma descrição de como trabalhar com a tecnologia,
de modo bem genérico, assim, cada empresa pode adaptar o guia de acordo com a sua
necessidade.
63

3.10.2 Associação Geral dos Empreiteiros dos EUA (AGC): Guia dos Contratantes para
BIM

A AGC é a principal associação americana de construção, promove grandes encontros


com os empreiteiros do país, propondo mudanças no que diz respeito à segurança no trabalho,
expansão de uso de tecnologias eficientes e fortalecendo o diálogo entre empreiteiros e
proprietários.
O objetivo deste guia é explicar aos empreiteiros sobre a tecnologia BIM, incluindo
seus benefícios, ferramentas e aplicativos (Figura 14). O conteúdo está organizado em cinco
tópicos principais, conforme abaixo:

Figura 14 – Planejamento para implantação da tecnologia BIM

GUIA DOS CONTRATANTES


BIM

IMPLANTAÇÃO FERRAMENTAS
PROCESSO BIM
BIM SOFTWARE

DEFINIÇÃO DEFINIR ÁREAS


RESPONSABILIDADE RISCO

Fonte: Adaptado GSA Contractors

Inicialmente, o guia aponta os diversos benefícios sobre BIM, incluindo a capacidade


de identificar conflitos entre projetos, a capacidade de visualizar o que será construído em
uma simulação, ocasionando menos erros e correções no canteiro de obras, maior confiança
no projeto, ter opções de sequenciamento de obras.
O guia aborda as questões econômicas, enfatizando os benefícios alcançados com a
BIM, incluindo melhorias de produtividade, menores custos, menos erros de construção,
aumentando a competitividade da empresa, compensando os custos de implantação em pouco
tempo.
Além de discutir aspectos mais amplos da BIM, este guia ainda fornece várias
orientações e sugestões concretas sobre como começar a trabalhar com essa tecnologia,
incluindo: como configurar a equipe, o início do projeto, quais ferramentas necessárias, custos
64

de software e hardware. Explica ainda sobre uma matriz chamada Exemplo Ferramentas BIM,
destinada à orientação do contratante sobre as soluções BIM atualmente disponíveis em
diversas categorias.

3.10.3 Associação da Indústria da Construção do Reino Unido (AEC UK)

A associação foi criada em 2000, inicialmente para melhorar o processo de gestão da


informação, produção e troca de arquivos na construção civil. Em 2009, novos membros e
consultorias resolveram abordar o tema BIM, diante da necessidade crescente dentro da
indústria da construção no Reino Unido, colaborando para um sistema unificado. Esse guia
faz parte de um trabalho de padronização BIM no Reino Unido.
Segue abaixo uma série de princípios de melhores práticas para ajudar na qualidade
elevada e eficiência no trabalho em BIM, conforme o Guia do Reino Unido:
• Será nomeado um Coordenador de BIM para cada projeto;
• Todas as informações do projeto devem ser revistas regularmente para assegurar a
integridade do modelo e do fluxo de trabalho do projeto;
• Desenvolver diretrizes claras para equipe interna e externa do projeto para manter a
eficiência e integridade dos dados eletrônicos;
• Compreender e documentar o que será modelo e em que nível de detalhe;
• Definir os modelos a serem elaborados dentro de cada disciplina do projeto;
• Criar avisos de revisão que deverão ser feitas periodicamente para resolver questões
importantes do projeto;
• Não abrir o arquivo central, e sim copiar e criar arquivos locais;
• O arquivo central deve ser recriado em intervalos regulares, a fim de eliminar dados
redundantes;
• Um desenho deve conter informações de projeto exclusivamente com finalidade e
utilização prevista no desenho, mantendo a eficiência dos detalhamentos do projeto
e informações necessárias.
Esse manual tem sua importância, pois descreve todos os detalhes da implantação,
mais direcionada ao software da Autodesk, já direcionando o planejamento para quem vai
adotar o Revit, criando as padronizações de trabalho, de arquivos, de trocas de arquivos, e
padrões de organizações de nomes em diversos locais, mantendo uma padronização eficiente.
65

3.10.4 Guia de Planejamento e Execução de Projeto BIM- PENN STATE/ Building


Smart

Este guia foi desenvolvido por meio de uma parceria da PENN STATE –
Universidade da Pensilvânia com o Building Smart Alliance, órgão encarregado de
desenvolver o Padrão Nacional BIM nos EUA.
Para implantar a tecnologia BIM, segundo este guia, é preciso que a equipe de projeto
execute um planejamento de forma abrangente e detalhado. O Plano de Execução de Projeto
BIM deve garantir que todas as partes do projeto estejam cientes das oportunidades e
responsabilidades relacionadas com a implantação da BIM no projeto. Esse planejamento
deve definir os usos adequados para o projeto BIM (autoria do projeto, estimativa de custos,
coordenação do projeto). Assim que o plano é criado, a equipe pode acompanhar e monitorar
seu progresso e conseguir o máximo de benefícios com a implantação da nova tecnologia.
O guia proporciona um processo estruturado, dividido em quatro etapas:
• Identificar valor BIM, durante o projeto, planejamento, construção e fases
operacionais;
• Criar mapas de processo de projeto para executar o projeto em BIM;
• Definir como será feita a entrega do projeto e o intercambio de informações;
• Desenvolver uma infraestrutura de como serão realizados os contratos,
procedimentos de comunicação, tecnologia e controle de qualidade da implantação
da tecnologia.
Um dos passos mais importantes no processo de planejamento é definir claramente o
valor potencial da BIM sobre o projeto e para os membros da equipe. Isso é realizado através
da definição das metas globais para a implementação da BIM.
Essas metas podem ser baseadas no desempenho do projeto e incluem itens como:
reduzir o cronograma, alcançar maior produtividade, aumentar a qualidade, minimizar custos
e pedidos de alteração, obter dados operacionais. Uma vez definidas as metas mensuráveis, na
perspectiva de projeto e na perspectiva da empresa, pode-se então seguir para quais as
utilizações especificas de BIM para a empresa.
Uma vez que a equipe já identificou o valor da BIM e sua utilização dentro da
empresa, é preciso fazer um mapeamento do processo de implantação da BIM. Inicialmente,
pode ser feito um mapa mostrando o sequenciamento e interação, a fim de visualizar como o
projeto é desenvolvido, o que permite que os membros da equipe entendam claramente como
seus processos de trabalho interagem com os processos realizados por outros membros da
66

equipe. Após a elaboração desse mapeamento de forma mais ampla, são realizados mapas
específicos para cada tipo de modelo a ser criado, como: energia, custos, 4D entre outros.
Esse mapa vai mostrar o processo detalhado que é realizado por uma organização, ou em
alguns casos, por várias organizações, como por exemplo, quando são realizadas análises de
energia.
Depois dos mapeamentos desenvolvidos, é preciso definir como serão feitas as trocas
de informações entre os participantes do projeto. É importante definir os limites de acesso de
cada membro, e quem será o responsável pelas atualizações.
A infraestrutura de apoio para implantação da BIM precisará ser criada contendo: a
estrutura de entrega de projetos, a linguagem dos contratos, os procedimentos de
comunicação, a infraestrutura de tecnologia, identificação de procedimentos de controle de
qualidade para garantir alta qualidade de informação. O procedimento para definir a
infraestrutura é a criação de métodos de implantação para acompanhar o progresso da
tecnologia nos projetos.
Através do desenvolvimento e seguindo este plano, as equipes são capazes de ter um
grande impacto sobre o grau de implantação e sucesso nos projetos em BIM. O procedimento
leva tempo e recursos. Particularmente pela primeira vez uma organização estará envolvida
neste nível de planejamento, mas os benefícios de desenvolvimento do plano detalhado
superam em muito os recursos gastos.

3.11 IMPLANTAÇÃO NO BRASIL

O processo de implantação da BIM no Brasil está em desenvolvimento e ainda precisa


de melhorias para que possa de fato proporcionar avanços à construção civil brasileira.
Segundo Covelo (2011), tem-se um atraso de 15 anos em relação aos países desenvolvidos
quanto a tomar conhecimento, saber o que é integrar a cadeia produtiva, capacitar
profissionais e trabalhar pela implantação.
Dentro dessa realidade, ainda existe o desafio de capacitar projetistas para o novo
trabalho, e, em alguns casos, vencer resistências culturais, principalmente dos profissionais
que estão a mais tempo acostumados a trabalhar com tecnologias mais antigas, como o
Autocad.
Ainda é preciso investir em softwares que gerenciam as diferentes etapas da obra e em
equipamentos que mais potentes que os utilizados atualmente nos escritórios de projeto, pelos
quais nem todos estão dispostos a pagar. Além disso, outro problema é apontado pelas
67

empresas: não existem bibliotecas virtuais para a aquisição de itens prontos que são utilizados
nas modelagens. Em outros países, como nos EUA, onde a tecnologia já é mais difundida, é
possível adquirir todas as especificações de peças sanitárias, componentes elétricos, enquanto
que no Brasil ainda é preciso fazer a modelagem desses itens.
Outra questão importante a ser resolvida é a forma como se relacionam as áreas de
projetos, planejamento, orçamento e canteiro. Hoje os processos acontecem de forma
sequencial, e quando um escritório trabalha com a BIM, passa a fazer todo esse processo
simultaneamente (COVELO, 2011). Como a BIM é uma simulação da realidade e essa
simulação acontece do ponto de vista físico, de projeto, de custo e de prazo, tudo acontece ao
mesmo tempo, comenta ainda o mesmo autor.
Segundo Eastman (2008), no processo convencional, a carga de trabalho dos
arquitetos seria menor nos estudos preliminares e aumentaria conforme o projeto se aproxima
do executivo. Na BIM a curva se inverte, as decisões são antecipadas e uma carga maior de
trabalho é deslocada para o anteprojeto (Figura 15).

Figura 15– Implantação BIM

Fonte: Adaptado de Eastman,2008.

De acordo com Reis (2011), essa mudança faz com que algumas informações técnicas
precisem ser definidas em etapas anteriores ao usual. Alguns escritórios têm recorrido ao
auxílio de consultores de diferentes áreas para suprir a defasagem no fluxo de informações.
Segundo Reis (2011), o projeto deve ser desenvolvido em BIM desde os estudos
preliminares, pois o modelo 3D permite fazer testes e simulações, além de fornecer
informação mais precisas para o embasamento das decisões iniciais, no entanto, mesmo as
poucas construtoras que já trabalham com a BIM ainda não o fazem de forma plena. Na
68

prática, a integração entre projetos, orçamentos, planejamentos e obra ainda não está
completa, e o mercado deve levar algum tempo para evoluir nesse sentido.
Soibelman (2011) diz que a implantação requer uma definição clara das necessidades
de cada incorporadora, pois o objetivo da BIM é melhorar o processo de como a empresa
gerencia suas obras, e isso depende dos objetivos da empresa.
O mesmo autor ainda explica que apesar das incontáveis possibilidades abertas pela
BIM, a receita da implantação não é única em cada companhia. A empresa tem que, primeiro,
encontrar um objetivo, decidir o que é importante para ela, e a partir disto definir um conjunto
de softwares que irão implantar essa visão.

3.12 PERSPECTIVAS PARA A BIM

O sucesso na aplicação de novas tecnologias baseadas em BIM no desenvolvimento do


produto devem levar em conta fatores humanos e organizacionais, e “deixar de considerar
qualquer destes fatores durante a implementação da modelagem resulta em um investimento
que gera baixo retorno ou até prejuízo” (AYRES, 2009).
Kymmel (2008) afirma que a indústria da construção só irá evoluir em direção ao BIM
de forma mais concreta quando se tornar necessário, seja por exigência do contratante ou pela
competição entre os projetistas e construtores, que levará à implantação como forma de
manter sua sobrevivência no mercado.
Somente a introdução de novos softwares não será isoladamente capaz de produzir
efetivas mudanças nos processos da indústria da construção. Torna-se necessária uma
abordagem colaborativa de todos os envolvidos na cadeia, a partir da integração dos agentes
envolvidos no planejamento, projeto, construção e fornecimento, em busca de uma adoção
mais generalizada, visando maior aproveitamento das possibilidades oferecidas pelo BIM
(KYMMEL, 2008).
A situação ideal para a definição dos elementos de projeto, por exemplo, seria que os
fornecedores disponibilizassem seus catálogos num formato neutro, de forma que fosse
possível baixar os objetos da internet com todas as especificações, incluindo-os diretamente
no projeto. Com a disponibilidade dos componentes pelos fabricantes, seria possível reduzir o
tempo gasto pelos projetistas com a modelagem, permitindo a inserção de objetos mais
detalhados e alinhados aos produtos efetivamente disponíveis no mercado.
Além disso, os fabricantes seriam responsáveis pela consistência das informações
fornecidas, que poderiam ser atualizadas constantemente (LEUSIN et al., 2009). Outra grande
69

tendência, com a expansão do uso da BIM, é o surgimento de novos softwares


complementares ligados à estrutura, instalações prediais, planejamento da construção,
estimativas de custo e análises diversas, que poderão se comunicar com o modelo
arquitetônico, tomando-o como referência para realizar uma tarefa especifica (LEUSIN et al.,
2009).
70

CAPÍTULO 4

4 MÉTODO DE PESQUISA

4.1 CONTEXTO

Os capítulos anteriores são resultantes de revisão da literatura, sendo abordados os


temas de projeto, processo de projeto, TI e BIM, com o objetivo de explicar os fundamentos
que podem embasar o trabalho de campo. Este capítulo, por sua vez, descreve o método da
pesquisa utilizado para a elaboração desta dissertação, incluindo o desenvolvimento e o
detalhamento das etapas, métodos e técnicas utilizadas para a coleta de dados e sua análise.

4.2 ESTRATÉGIA DA PESQUISA

De acordo com Yin (1994), existem diversas estratégias de pesquisa como o


experimento, o levantamento, a análise de arquivos, a pesquisa histórica e o estudo de caso.
A escolha da estratégia de uma pesquisa depende de três fatores: o tipo da pesquisa, o
controle que o pesquisador possui sobre os eventos comportamentais e o foco que pode ser
em fenômenos históricos ou em fenômenos contemporâneos (YIN, 1994).
Como o problema apresentado no Capítulo 1 sugere o desenvolvimento da pesquisa
inserida na realidade, pois precisa do envolvimento dos escritórios de arquitetura, optou-se
pelo estudo de caso, visto que suas caracterizações se enquadram nos objetivos deste trabalho.
Yin (1994) explica que a estratégia de estudo de caso mostra ser a mais adequada
quando se colocam perguntas do tipo "como" e "por que" no problema. A questão "como" foi
utilizada no problema ao perguntar como vem ocorrendo as mudanças no processo de projeto
dos escritórios de arquitetura ao adotarem a tecnologia BIM.
Yin (1994) caracteriza o estudo de caso como uma investigação empírica que investiga
um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando
limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.
O estudo de caso pode ser indicado quando o caso em pauta é crítico para testar uma
hipótese ou teoria previamente explicitada, utilizados também nas etapas exploratórias em
estudos pilotos para orientar estudos de casos múltiplos (WITICOSVSKI, 2012).
Segundo Yin (1994), o tipo mais convincente e sólido é o estudo de casos múltiplos, e
para escolher o número de casos necessário, o pesquisador deve refletir sobre o número de
71

replicações de caso que gostaria de ter no estudo. Conforme Yin (1994), ter mais de dois
casos produzirá um efeito ainda mais forte do que fazer apenas um caso.
A utilização de casos múltiplos deve seguir uma lógica de replicação, e não de
amostragem. Os casos devem funcionar de uma maneira semelhante aos experimentos
múltiplos, com resultados similares ou contraditórios previstos explicitamente no princípio da
investigação. Em resumo, a justificativa para casos múltiplos deriva diretamente de seu
entendimento de repetições literal e teórica. (YIN, 1994).
Para tanto, nesta pesquisa foi realizado um teste piloto como forma de validação do
protocolo de dados e do protocolo da entrevista (questões da coleta de dados nos escritórios
de arquitetura) e 3 (três) estudos de caso em escritórios de arquitetura.

4.3 UNIDADE DE ANÁLISE

Para que se entenda como os dados levantados nos estudos de caso se relacionam com
o objetivo da pesquisa, é fundamental definir a unidade de análise da pesquisa e determinar os
limites da coleta e análise dos dados (YIN, 1994).
Segundo Yin (1994), a unidade está relacionada com dois aspectos. O primeiro é a
maneira como o pesquisador define as questões iniciais do protocolo de coleta de dados, e o
segundo é o núcleo de onde o pesquisador irá coletar os dados sem se dissipar do foco de
estudo.
No presente trabalho a unidade de análise é o processo de projeto de arquitetura,
utilizando a tecnologia BIM, desde as fases iniciais, quando se inicia o planejamento até
conclusão do projeto de arquitetura.

4.4 ESTRATÉGIA DA ANÁLISE

Yin (1994) apresenta a estratégia da pesquisa como qualitativa ou quantitativa. A


estratégia definida para esta pesquisa foi de ordem qualitativa.
Na abordagem qualitativa interessa apreender as percepções comuns e incomuns
presentes na subjetividade das pessoas envolvidas na pesquisa, notadamente na condição de
objeto-sujeito. Prestam-se como instrumentos de coleta de dados nessa abordagem a
entrevista, questionários abertos, registros fotográficos, filmagens, técnica de discussão em
grupo, observação sistemática e participante e outras que o investigador poderá criar e ou
adaptar (MARQUES et al., 2006).
72

Martins (2000) explica que os métodos qualitativos exigem um grande investimento


de tempo e pessoal bastante qualificado para essa tarefa, considerando a grande variedade de
material a que se pode ser acesso. Além disso, normalmente são grandes as exigências de
tempo necessário para registrar os dados, organizá-los, codificá-los e fazer a análise.
O problema mais sério, porém, parece residir no fato de que os métodos para análise e
convenções a empregar não são bem estabelecidos, ao contrário do que ocorre com a pesquisa
quantitativa: constatações inovadoras, globais e aparentemente inegáveis podem estar erradas,
de fato (NEVES, 1996).
No entanto, Downey e Ireland10 apud Neves (1996), ressaltam que a coleta, a
interpretação e a avaliação dos dados são problemáticas em qualquer tipo de pesquisa, seja ela
quantitativa ou qualitativa, de forma que a pesquisa organizacional não constitui exceção.

4.5 QUALIDADE DA PESQUISA

A validade da pesquisa está relacionada a um bom estudo de caso, coleta e análise


imparcial dos dados (YIN, 1994). A credibilidade é essencialmente uma questão de controle
de qualidade na coleta de dados, é preciso atenção nos detalhes para a elaboração de um bom
trabalho e para isso é preciso manter a organização.
Yin (1994) propõe a realização de testes que incluem validade do constructo, validade
interna, validade externa e confiabilidade para julgar a qualidade do projeto.
Nesta pesquisa foram adotados os testes da validade do constructo, da validade interna
e externa e da confiabilidade, conforme apresentado abaixo no Quadro 2.

10
Downey, H. Kirk; IRELAN, R. Duane, Quantitative versus qualitative: the case of environmental assessment in
organizational. Administrative Science Quarterly, v.24, n.4, December, 1979, p. 630-637.
73

Quadro 2 – Validação da pesquisa


VALIDAÇÃO DA PESQUISA
TESTE OBJETIVO APLICAÇÃO NESTA PESQUISA
YIN (1994) YIN (1994) A autora (2012)
Validade do - Utiliza fontes múltiplas de
constructo evidências;
- Estabelece encadeamento de - Fontes de documentação, entrevistas e observação
evidências; direta.
- O rascunho do relatório do
estudo de caso é revisado por
informantes-chave.
Validade interna - Faz adequações ao padrão; - Comparações entre o conhecimento teórico (revisão
- Faz construção da explanação; bibliográfica) e prático (dados coletados no estudo de
- Estuda explanações caso).
concorrentes.
Validade externa - Utiliza lógica de replicação - Análise de estudos de casos.
em estudos de casos múltiplos.
Confiabilidade - Utiliza protocolo de estudo de - Coleta de dados de estudo de caso realizados por
caso; observação direta, pesquisa documental e entrevistas.
- Desenvolve banco de dados
para estudo de caso.
Fonte: A autora (2012), baseado em Yin (1994)

4.6 ESTRUTURA DA PESQUISA:

O desenvolvimento da pesquisa e suas etapas são apresentados na Figura 16, e


descritos nos itens a seguir. A proposta de trabalho baseia-se em cinco etapas distintas: etapa
inicial; planejamento; preparação; condução e coleta; e, análise e conclusão.
74

Figura 16 – Delineamento da pesquisa

Fonte: A autora (2012)

4.6.1 Etapa Inicial

A elaboração da base teórica antes da coleta de dados é fundamental para o sucesso na


pesquisa, norteando a determinação de quais dados devem ser coletados (YIN, 1994).
A escolha para o referencial teórico seguiu as quatro etapas estabelecidas por Gil
(1996): primeiramente foi feita uma leitura exploratória, ou seja, uma leitura rápida dos
materiais para analisar se serviriam para a pesquisa ou não. Depois foi realizada a leitura
seletiva, com o objetivo de determinar o material que de fato interessaria a pesquisa. Como
terceira etapa foi feita a leitura analítica, a fim de compatibilizar e resumir as informações, e
por último a leitura interpretativa dos textos selecionados.
Esta fase foi de grande importância para um maior conhecimento dos modelos de
processo de projeto existentes, tecnologia da informação, e tecnologia BIM, investigando
fenômenos já evidenciados, assim como métodos de pesquisa já aplicados, técnicas de análise,
e amostragem.
75

4.6.2 Survey

A survey (Caron, 2007) foi executada para identificar quais os modelos de processo de
projeto existentes da literatura, que são adotados pelos escritórios de arquitetura. Para a coleta
de dados desta survey, foi adotado o questionário desenvolvido pela pesquisadora, conforme
ANEXO 1.
Não foram delimitados critérios para população dessa pesquisa, apenas que fossem
escritórios de arquitetura. Foi disponibilizado o questionário via web, através de redes sociais
e e-mails, foram obtidos 50 questionários respondidos.

4.6.3 Planejamento: Estudo Piloto

O teste piloto foi realizado em um escritório de arquitetura, onde se aplicou todas as


questões do protocolo da pesquisa (entrevista) para avaliá-lo. O teste foi aplicado em um
escritório de arquitetura, que posteriormente também participou do estudo, como caso A.
Com o acompanhamento pela pesquisadora do processo de projeto desde a fase de
concepção até a fase do anteprojeto, foi possível identificar como foi realizada a implantação
da tecnologia BIM, as maiores dificuldades, as mudanças no processo de projeto, as dúvidas
relacionadas à elaboração de templates, padronização dos arquivos, níveis de detalhamento
das fases de projeto e elaboração de bibliotecas específicas para cada projeto.
Esta pesquisa preliminar foi definida como a primeira etapa para o estabelecimento de
critérios de seleção dos outros estudos de caso. Os procedimentos utilizados para coleta de
dados, estruturação, descrição das informações e análise desta pesquisa deram suporte para a
realização das pesquisas nos demais casos.

4.6.4 Planejamento: Coleta de Dados

Conforme Gil (1996), a coleta de dados é feita através de vários procedimentos na


unidade que está sendo analisada.
Yin (1994) explica que é importante ter um banco de dados com todos os dados
documentais, registros e outros para organização da pesquisa. Nesta pesquisa, foi utilizado um
sistema manual para armazenamento de todas as informações dos estudos de caso, através de
arquivos eletrônicos e arquivos físicos armazenados em pastas.
As questões para a coleta de dados foram embasadas na base teórica deste trabalho e
estruturadas, focando sempre para o objetivo da pesquisa. Estas questões foram aplicadas nos
76

escritórios por meio de entrevistas com arquitetos relacionados com o desenvolvimento da


tecnologia BIM nos projetos.
Em seguida, foram abordadas questões sobre a implantação da tecnologia BIM: como
foi o planejamento inicial, como aconteceram os treinamentos e como foram definidos os
padrões de trabalho, ou seja, foram abordadas questões relacionadas aos dados da tecnologia
da informação existentes, bem como o plano de aquisições de novos computadores, a real
necessidade de máquinas com maior capacidade de armazenamento de arquivos.
Como último ponto foram apresentadas as metodologias de trabalho, a dinâmica do
desenvolvimento dos projetos com a tecnologia BIM, mapeando o modelo de processo de
projeto.
Após todos esses questionamentos, chegou-se a conclusão sobre os pontos a serem
analisados individualmente nos estudos de caso:
• Descrição da empresa analisada e a obra em estudo;
• Criação de mapa de processo de projeto referente a cada empresa;
• Acesso ao planejamento em BIM a fim de conhecer como aconteceu o processo;
• Apresentação dos pontos positivos e negativos dos planejamentos das empresas.

4.6.5 Estudos de Casos Múltiplos

Como já citado anteriormente, esta investigação é baseada no método de estudo de


casos múltiplos. Ao todo, foram realizados quatro estudos de casos nacionais. O Quadro 3
apresenta a aplicação da pesquisa com os casos posicionados de acordo com a ordem de
entrevista, com as datas em que foram estudados e as fases da estrutura do roteiro e entrevista
semiestruturada.
Quadro 3 – Aplicação da pesquisa
Escritórios de Arquitetura
Estudo de casos múltiplos

Nome Cidade Roteiro Data


A Primeiras Questões
Cuiabá
Elaboração de entrevista semiestruturada- presencial 11/2011
B
São Paulo Aplicação de entrevista semi estruturada - presencial 12/2011
C
Goiânia Aplicação de entrevista semiestruturada – via web 02/2012
D
São Paulo Aplicação de entrevista semiestruturada - via web 02/2012
Fonte: A autora (2012)

O estudo de caso B, é um escritório de grande porte, que vem utilizando a tecnologia


BIM há algum tempo, possui um departamento específico onde são desenvolvidos os projetos.
77

O primeiro contato foi via telefone para o agendamento de uma reunião com o responsável
pela implantação e coordenação dos projetos em BIM. Em seguida, foi realizada a aplicação
do questionário referente ao planejamento da tecnologia e ao processo de projeto na empresa.
O estudo de caso C, é um escritório de médio porte, desenvolveu alguns projetos em
BIM, no entanto, ainda encontra-se em fase de implantação, buscando ainda resolver
problemas relacionados ao início da utilização da tecnologia. O primeiro contato foi via
telefone, onde foram tiradas algumas dúvidas e levantados alguns questionamentos com o
responsável pelos projetos. Neste caso, o questionário foi respondido totalmente por e-mail e
algumas questões complementares realizadas também por e-mail.
O estudo de caso D, com a tecnologia BIM já em estágio mais avançado, é um
escritório de grande porte, com equipe BIM já definida, e encontra-se em fase de
consolidação da tecnologia, conseguindo desenvolver os primeiros grandes projetos utilizando
a BIM. O primeiro contato foi via telefone, onde foi feito o agendamento de uma reunião com
o responsável pela implantação da tecnologia e coordenação da equipe BIM. A aplicação do
questionário foi realizada por e-mail.

4.6.6 Análise dos Dados

Conforme Gil (1996) a análise deve partir de duas etapas: a primeira consiste em
finalizar a pesquisa com a simples apresentação dos dados, sendo a segunda interpretar os
dados a procura dos mais amplos significados. Com esta mesma linha de raciocínio Yin
(1994) afirma que a análise deve deixar claro que ela se baseou em todas as evidências.
Segundo Miles e Huberman (1987), para fazer a análise, o pesquisador deve dispor de
informações em série, criando matrizes de categoria, dispondo das evidências dentro dessas
categorias e criando modos de apresentação dos dados.
Para ser desenvolvido um modelo de processo de projeto utilizando a tecnologia BIM,
utilizou-se como referência de etapas de projeto o modelo da ASBEA (2000) já citado neste
trabalho na revisão bibliográfica. Para complementar o desenvolvimento do modelo, seguiu-
se a ilustração do processo de desenvolvimento do projeto e as etapas, descritas por Melhado
(2005), onde o autor destaca além das etapas, os agentes envolvidos, as etapas do
empreendimento e as disciplinas envolvidas.
Neste trabalho primeiramente foi feito a análise individual de cada estudo de caso
confrontando com as fontes de evidência. Após essa etapa, foi elaborado um quadro resumo
dos resultados dos estudos de caso a fim de realizar uma análise comparativa dos resultados.
78

Com a análise dos dados dos estudos de caso, com a percepção adquirida pela autora
durante toda a pesquisa e baseado em informações fornecidas pelos guias de implantação de
desenvolvimento de projetos em BIM já citados neste trabalho, conseguiu-se chegar a uma
proposta de implantação e modelo de processo de projeto com o uso da tecnologia BIM para
escritórios de arquitetura.
79

CAPÍTULO 5

5 ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS

5.1 CONTEXTO

No Capítulo 4 apresentou-se o método de trabalho, explicando como os dados obtidos


foram organizados e analisados, bem como, uma breve descrição dos escritórios onde foram
realizadas as reuniões e as entrevistas. Para realizar a análise dos estudos de caso múltiplos, o
trabalho foi dividido em duas etapas. A primeira, o estudo piloto, quando foi realizado o
acompanhamento da implantação do BIM e elaboração do projeto em um escritório de
arquitetura em Cuiabá. E, a segunda, quando foram analisados dados de outros três escritórios
que também estavam trabalhando com a BIM.

5.2 ESTUDO DE CASO “A” – ESTUDO PILOTO

O estudo de caso é chamado de “A” para preservar a identidade da empresa. Após a


realização do estudo piloto, houve a necessidade de um aprofundamento maior nos
procedimentos relacionados ao planejamento para implantação da tecnologia BIM e nos seus
processos de trabalho. Esse aprofundamento resultou na elaboração da entrevista
semiestruturada, que foi aplicada posteriormente, em alguns casos de forma presencial, em
outros via telefone e e-mail.

5.2.1 Descrição da Empresa A e a Obra em Estudo

O caso “A” refere-se a um escritório de arquitetura fundado em 1992, localizado na


cidade de Cuiabá, tendo como foco o mercado de projetos de condomínios residenciais e
projetos de urbanismo. É um escritório com grande relacionamento com agentes imobiliários,
possibilitando a viabilização de projetos de empreendimentos que atendam a necessidade de
determinados nichos no mercado imobiliário.
O quadro funcional da empresa é composto por onze arquitetos, cinco estagiários de
arquitetura, um auxiliar administrativo, um auxiliar financeiro e dois arquitetos diretores do
escritório. A intenção da empresa é manter a estrutura com este porte, conseguindo dessa
forma, atender com qualidade a demanda de projetos.
Toda a equipe do escritório, além das atribuições no desenvolvimento de projetos,
acaba tendo atribuições extras no processo de projeto, tais como a aprovação dos projetos em
80

órgãos públicos e a gestão de arquivos e documentos, conforme organograma apresentado na


Figura 17.

Figura 17 – Organograma do estudo de caso A

Fonte: A autora (2012)

Este escritório encontra-se em fase inicial na utilização da tecnologia BIM, tendo


desenvolvido alguns projetos de forma experimental. Para isso, possui dois arquitetos
treinados na área.

5.2.2 Processo do Projeto Tradicional

Durante o desenvolvimento da pesquisa, percebeu-se a importância de apresentar o


processo de projeto tradicional do escritório, mostrando a forma de trabalho, antes da
implantação da tecnologia BIM. Com isso, é possível identificar onde ocorreram as maiores
mudanças durante o processo de projeto.
As etapas do projeto tradicional realizado pelo escritório de arquitetura são sete:
abertura, (primeiro contato com cliente), concepção do projeto (programa de necessidades),
definição do projeto (estudo preliminar aprovado pelo cliente), anteprojeto e projeto legal
(aprovações legais), projeto executivo, detalhamentos e entrega final (projeto as built).
Na etapa de abertura é realizada a reunião para apresentação do cliente ao arquiteto
diretor do escritório, apresentando diversos projetos já realizados. É nessa primeira etapa que
é realizada a negociação do projeto, definindo custos e elaboração do contrato.
81

Na etapa de concepção do projeto, é realizado o levantamento de dados do terreno e


aspectos legais, é nessa etapa que são identificadas as necessidades do cliente e elaborado o
programa de necessidades.
Na fase seguinte é realizada a definição do projeto com a realização do estudo
preliminar, de acordo com as definições do programa de necessidades.
Após a elaboração e aprovação pelo cliente do estudo preliminar, é realizado o
anteprojeto e o projeto legal, neste escritório eles consideram apenas uma etapa. A etapa de
anteprojeto se caracteriza pelo desenvolvimento de plantas, cortes, fachadas e perspectivas.
Neste momento, o projeto de arquitetura incorpora alguns itens essenciais dos projetos das
demais especialidades, antecipando, possíveis interferências.
Com o anteprojeto e projeto legal elaborado, entra-se com pedido de aprovação nos
órgãos competentes.
Na etapa de detalhamento do projeto, é realizado o fechamento dos projetos
executivos, fase em que os projetos são detalhados para execução da obra.
A etapa final é a entrega dos projetos e memoriais ao cliente para a formalização da
conclusão do projeto.
De acordo com o que foi descrito acima, segue Figura 18, apresentando o fluxo do
processo de projeto tradicional do escritório de arquitetura.
82

Figura 18 – Estrutura do processo de projeto tradicional: caso A

Fonte: A autora (2012)

Com a implantação da tecnologia BIM, houve algumas mudanças nesse processo.


Acompanhou-se o processo de planejamento para que o projeto fosse desenvolvido em BIM,
e com esse acompanhamento foi possível definir uma nova estrutura do processo de projeto.

5.2.3 Descrição do Desenvolvimento do Projeto com BIM

O projeto em análise é um condomínio residencial, os dados foram obtidos através da


participação da pesquisadora na coordenação dos projetos, presente em todas as reuniões de
projeto, entre elas a que definiu o planejamento para que os projetos fossem desenvolvidos em
BIM.
83

5.2.3.1 Reunião com cliente e arquiteto

Foram acompanhadas pela pesquisadora oito reuniões para definição do programa de


necessidades. Estas reuniões contaram com a presença do cliente, empresa coordenadora de
projetos, arquiteto e gerente de projeto. Foram discutidos assuntos relacionados às
necessidades do mercado, custo de construção e tipos de empreendimentos entregues na
cidade de Cuiabá.
Todas essas discussões resultaram em um empreendimento, com quinhentos e dezoito
casas, cinco torres com vinte pavimentos em cada torre e com área de lazer completa para as
unidades habitacionais, totalizando aproximadamente duzentos e trinta mil metros quadrados
de área construída.
Para o desenvolvimento da primeira fase do projeto, foi utilizado o CAD, pois o
arquiteto acredita que nessa fase ainda existem muitas alterações no partido do projeto, não
sendo adequado utilizar um software BIM.

5.2.3.2 Reunião com a equipe de projetos e a empresa coordenadora

Após as reuniões para definição do programa de necessidades, tiveram início as


reuniões com a empresa de coordenação de projetos. No total foram acompanhadas pela
pesquisadora quatro reuniões, onde foi realizado o plano de desenvolvimento do projeto, tais
como: cronograma do projeto, aprovações legais, elaboração do orçamento da obra e prazos
de entrega dos projetos.

5.2.3.3 Reunião com equipe de projetos, empresa coordenadora e coordenação de projetos


BIM

Para definição do planejamento para elaboração dos projetos em BIM, houveram duas
reuniões, acompanhadas pela pesquisadora, onde estavam presentes a coordenadora de
projetos BIM, a coordenadora do projeto e o gerente de projeto do escritório de arquitetura.
A empresa coordenadora dos projetos segue os conceitos de planejamento BIM do
Guia da Penn State University, o qual estabelece alguns passos para o planejamento dos
projetos e o primeiro definido foi a identificação dos objetivos do projeto ser realizado em
BIM. Existe uma escala de importância dos objetivos, a qual é classificada em (a) alta, (b)
média e (c)baixa.
Neste empreendimento, o objetivo principal foi gerar os quantitativos para auxiliar na
elaboração dos orçamentos do empreendimento, conforme apresentado no Quadro 4.
84

Quadro 4 – Definição dos objetivos: empresa A


PRIORIDADE DESCRIÇÃO DOS OBJETIVOS USO
Alta Desenvolvimento do projeto de arquitetura Projeto
Média Extração da documentação do projeto de Projeto
arquitetura
Média Extração de informações dos elementos para Orçamento
levantamento de quantitativos
Fonte: Coordenação Projetos BIM, adaptado pela autora (2012)

Após a definição dos objetivos, foi preciso identificar quais seriam as fases do projeto
e o que seria detalhado em cada fase, conforme mostra a Figura 19.

Figura 19 – Planejamento das etapas e níveis de detalhamento por etapa

Fonte: Coordenação Projetos BIM, adaptado pela autora (2012)

Neste empreendimento, o projeto foi dividido em três etapas: anteprojeto, projeto pré-
executivo e projeto executivo.
Para fazer a estruturação do modelo, foram criadas sub-etapas como: fachada,
cobertura, vedações internas e vedações externas, escadas e acabamentos. Dentro dessas sub-
etapas foram criados os níveis de informações que seriam detalhadas cada etapa. No Quadro 5
pode-se verificar a classificação criada para o detalhamento em cada etapa do projeto.

Quadro 5 – Informações sobre detalhamentos


INFORMAÇÃO
A Dimensionamento e posicionamento precisos; inclui materiais e especificações.
B Tamanho e localização geral; inclui parametrização das informações.
C Esquemático.
Fonte: Coordenação Projetos BIM, adaptado pela autora (2012)
85

Dentro desse planejamento, criou-se uma tabela de identificação dos responsáveis pelo
modelo, dessa forma foi possível visualizar o que cada membro da equipe desenvolveu,
controlando o nível de qualidade do modelo (Quadro 6).

Quadro 6 – Modelo de tabela para identificar os responsáveis por cada item do projeto
RESPONSÁVEIS
ARQ Arquiteto
COM Construtora
TER Terraplanagem
FM Gerente de Facilities
MEP Projetista de Instalações
EST Engenheiro de Estruturas
SUB Subcontratados
Fonte: Coordenação Projetos BIM, adaptado pela autora (2012)

Existe ainda nesse planejamento, a diretriz para a escolha da categoria que deverá ser
modelada cada fase do projeto, como por exemplo – vedações exteriores, modeladas na
categoria wall (parede).
Com todas as informações planejadas e realizadas com eficiência, foram gerados os
relatórios com as interferências entre disciplinas, lembrando que isso só foi possível porque
existiam mais de uma disciplina modelada, neste caso, arquitetura e instalações de água.
Para que esses relatórios fossem confiáveis, foram criadas estratégias para o controle
de qualidade, garantindo a correta verificação dos projetos, conforme Quadro 7.
Quadro 7 – Controle de qualidade
Verificação Objetivo Responsável

Check lists visuais (Modelo e Garantir que as informações estejam coordenadas Escritório de Projeto
tabela) e compatíveis, e que os requisitos de projeto
foram seguidos.
Checagem de interferências Detectar interferências construtivas entre as Compatibilização
disciplinas.
Verificação de padrões Verificar se os padrões BIM e de representação Escritório de Projeto
gráfica foram seguidos (fontes, dimensões, estilos
de linhas, layers).
Integridade do Modelo Garantir a confiabilidade dos dados de projeto, Escritório de Projeto
evitando duplicidade de elementos.
Fonte: Coordenação Projetos BIM, adaptado pela autora (2012)

Foi importante definir no início do projeto, quais seriam os pontos a ser verificados,
para que esse planejamento fosse realmente eficiente.
Durante o acompanhamento do projeto, identificou-se que apesar do escritório de
arquitetura já ter desenvolvido alguns projetos utilizando a tecnologia BIM, esse era o
primeiro a ser desenvolvido de forma planejada.
86

Por ser um projeto de grande dimensão, com vários agentes envolvidos, o processo se
estendeu além do cronograma desenvolvido e por essa razão, foi realizado o acompanhamento
até a fase de anteprojeto.
De acordo com a descrição das etapas de trabalho que foram realizadas para
desenvolver o projeto em BIM, segue a Figura 20, apresentado em forma de fluxo à descrição
destas etapas.

Figura 20 – Fluxo do desenvolvimento do projeto


(Continua)
87

Figura 20 – Fluxo do desenvolvimento do projeto


(Conclusão)

Fonte: A autora (2012)

Para entender melhor o processo de processo foram criadas fases como: concepção
onde está incluído o processo de abertura, concepção do projeto e definição do programa de
necessidades, seguindo com a fase de definição onde está incluído o estudo de viabilidade,
planejamento do projeto e o estudo preliminar.
A última fase é a de desenvolvimento onde está o planejamento para o projeto ser
desenvolvido em BIM, a definição dos objetivos, a criação das etapas do modelo, a definição
dos níveis de detalhe e responsáveis pelo desenvolvimento, seguindo com a criação das
categorias em que os objetos serão modelados, o relatório de controle de qualidade e por
último o anteprojeto finalizado.
Como pode-se observar houve um aumento considerável de definições nas etapas de
projeto. De acordo com Eastman (2008) esse aumento é consequência do grande número de
88

informações que são necessárias na fase inicial do projeto, pois as decisões são antecipadas e
uma carga maior de trabalho é deslocada para o estudo preliminar e anteprojeto.

5.2.4 Implantação da Tecnologia BIM e Mudanças nos Processos de Trabalho

5.2.4.1 Apresentação dos resultados da entrevista do estudo de caso A

Com base no guia de planejamento e implantação da Penn State University, foi


elaborada a entrevista semiestruturada nos escritórios de arquitetura, para verificar como foi à
implantação da tecnologia BIM, o planejamento dessa implantação e quais as mudanças
identificadas ao longo do desenvolvimento dos projetos.
Nas entrevistas realizadas, o ponto inicial foi obter dados do escritório, como tempo de
atuação no mercado, projetos realizados e equipe de funcionários. A segunda etapa da
entrevista foi identificar como foi realizado o planejamento para realizar a implantação da
tecnologia BIM, como adoção de guias de implantação, treinamento da equipe e primeiros
projetos desenvolvidos. A terceira etapa da entrevista foi obter informações acerca do
conhecimento do escritório sobre as necessidades de novos equipamentos e programas a
serem adquiridos.
A quarta etapa foi obter informações sobre o processo de projeto do escritório,
configuração da equipe de trabalho e quais as mudanças identificadas utilizando a tecnologia
BIM, a quinta e última etapa foi identificar como o escritório vem utilizando a tecnologia,
com relação a padronização dos trabalhos e planejamento no desenvolvimento dos projetos.

Instrumentos para o planejamento da empresa: objetivos, missão e expectativas com a


implantação da BIM.
Quais os objetivos principais da empresa para adotar a tecnologia BIM?

O escritório buscava soluções para minimizar os erros nas modificações de projeto,


uma vez que trabalha com projetos de grande porte e a cada alteração surgia uma grande
quantidade de retrabalhos, tendo como consequência a demora em apresentar a nova proposta
para o cliente. Com maior confiabilidade nas alterações de projeto, tem-se o aumento da
qualidade, evitando identificar erros somente na fase da execução.
O escritório ainda identificou a necessidade da implantação da BIM para realizar a
compatibilização dos projetos, arquitetônico com demais disciplinas, no entanto, essa etapa
ainda está em fase de estudo, pois nenhum dos projetistas com que o escritório trabalha,
adotou a tecnologia BIM, não sendo possível realizar a compatibilização automática.
89

Instrumentos para o planejamento da equipe: guias, treinamento e consultorias.


A empresa buscou algum Guia de Implantação para implantar o BIM na empresa?

Este escritório não tinha conhecimento de nenhum guia de implantação quando iniciou
seus projetos. O fato de não ter um profissional especializado prestando consultoria no início
da implantação, trouxe como consequência, problemas no desenvolvimento dos projetos,
como atrasos na entrega e desenhos fora do padrão do escritório.

Instrumentos para o planejamento da equipe: guias, treinamento e consultorias.


Definição da equipe a ser treinada.
A empresa mantém a equipe sempre atualizada, buscando novos cursos, palestras e
seminários na área?

Para a etapa de treinamento, o escritório escolheu dois arquitetos para fazer o curso de
Revit (optou por esse software, por ser o mais utilizado no mercado nacional). Após esse
treinamento, estes arquitetos começaram a desenvolver alguns projetos.

Definição do projeto a ser desenvolvido em BIM.


Como foi a escolha do primeiro projeto a ser desenvolvido em BIM?
Quais foram as maiores dificuldades encontradas no desenvolvimento deste primeiro
projeto?

O escritório tem um grande número de projetos em desenvolvimento no escritório e


optou por escolher um pequeno projeto residencial.
Segundo relatado na entrevista pelo arquiteto responsável pelo desenvolvimento dos
projetos, as dificuldades encontradas foram: (a) a equipe teve problemas com os prazos, pois
o Revit demanda mais tempo para o desenvolvimento dos projetos, (b) não ter projetos
completos já desenvolvidos que pudessem servir como base e a falta de padronização do
software, com as necessidades de projeto do escritório.

Ferramentas e Sistemas
Qual o software utilizado para elaborar os projetos em BIM?
Teve conhecimento inicialmente da necessidade da aquisição de hardwares e softwares?

O escritório adotou o software Revit e encontrou algumas dificuldades no


armazenamento de arquivos como: (a) os softwares que utilizam a tecnologia BIM exigem
computadores com maior velocidade, e os computadores do escritório não estavam
preparados, (b) os arquivos exigem um espaço muito maior para armazenamento, pois
possuem um grande número de informações, (c) por causa do alto custo dos equipamentos, a
troca foi realizada gradativamente.
90

A empresa buscou conhecer as mudanças que aconteceriam nos processos de trabalho


ao utilizar a tecnologia BIM?
A composição de sua equipe de projeto mudou, após a implantação do BIM ?
Como era a sua equipe de projetos antes da implantação do BIM?

Com o desenvolvimento dos projetos, o arquiteto responsável foi identificando as


mudanças ocorridas no desenvolvimento dos projetos. Segundo ele, anteriormente a equipe de
projetos era dispersa, não existia uma divisão correta de trabalho entre as equipes, com isso,
não havia entendimento, confiabilidade nos projetos. Tem-se como exemplo as alterações
realizadas por um membro da equipe que não eram repassadas aos demais, gerando conflitos e
erros de projeto.
Outra questão foi à necessidade do entendimento do processo construtivo pela equipe
de projetos, pois no Revit, cria-se um modelo ou protótipo, sendo necessário ter conhecimento
do processo construtivo, materiais de acabamento e fases do projeto.

Processo de projeto
Com a adoção da tecnologia BIM é preciso maior número de informações do projeto na
fase inicial – estudo preliminar?
Para trabalhar com projetos em BIM vocês identificaram a necessidade de profissionais
com maior nível de qualificação? Por quê?

Em razão da maneira de desenvolver os projetos, a antecipação de decisões próprias da


fase de projeto executivo, permite que respostas sejam fornecidas antes, permitindo essa
junção de fases de projeto, podendo trazer ganhos de produtividade como benefício. Com
isso, viu-se a necessidade de profissionais qualificados, que entendam do processo
construtivo, e que já tenham trabalhado na execução de projetos, para que possam projetar no
Revit.

Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


bibliotecas, definição de níveis de informação, definição de novas fases, aspectos
contratuais e entregas do modelo.
Para a utilização nos projetos, foi desenvolvido “template” exclusivo do escritório?
Para a utilização nos projetos, foi desenvolvido biblioteca exclusiva do escritório?
Foi adotado um padrão para nomenclatura das famílias e objetos a serem desenvolvidos?

O escritório não desenvolveu um template exclusivo para desenvolver os projetos em


BIM, tendo dessa forma enfrentado grandes dificuldades pela falta de padronização dos
projetos.
O escritório conseguiu um template simples que é disponibilizado na internet, e com
isso começou a fazer seus projetos, não tendo conhecimento da importância da padronização.
Com o desenvolvimento do projeto citado neste trabalho, a empresa coordenadora de projetos
91

orientou a equipe responsável para que desenvolvesse seu template, de acordo com as
necessidades do escritório.
Com relação a bibliotecas, o escritório vem desenvolvendo-as de acordo com as
necessidades de cada projeto, não tendo ainda uma grande biblioteca do escritório já
modelada, assim como, ainda não possui um padrão para nomes de arquivos e bibliotecas,
importante para a organização dos dados do escritório.

Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


bibliotecas, definição de níveis de informação, definição de novas fases, aspectos
contratuais e entregas do modelo.
O escritório tem um planejamento do que tem que ser modelado? De acordo com a fase do
projeto?
Como foram definidas as fases dos projetos e quais seriam essas fases?

Ainda descrevendo sobre as padronizações, é importante o escritório definir quais


serão suas novas etapas de trabalho, de acordo com o que está sendo desenvolvido em cada
projeto. Como esse escritório ainda encontra-se em uma fase inicial do processo de
implantação essa estrutura de fases de projeto, bem como a estrutura organizacional, ainda
está em fase de planejamento.
Para a finalização da entrevista, o arquiteto, após ter desenvolvido alguns projetos,
citou as principais barreiras encontradas e suas impressões sobre o BIM no futuro.

Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


bibliotecas, definição de níveis de informação, definição de novas fases, aspectos
contratuais e entregas do modelo.
Principais barreiras para adoção da tecnologia BIM.
Reflexões sobre as tendências do BIM para o futuro.

Além da barreira dos altos custos de equipamentos e da assessoria de um profissional


especializado, foi citada a importância do incentivo dos arquitetos proprietários em utilizar a
tecnologia BIM. Por falta de conhecimento muitos arquitetos não querem trocar seu modo de
desenvolver os projetos e com o avanço da tecnologia, quem não se adaptar a essas
tecnologias irá perder espaço no mercado.

5.2.5 Considerações Gerais Sobre o Estudo de Caso A

A estrutura da empresa é de médio porte, sendo os arquitetos diretores que gerenciam


o escritório, desde as equipes de projetos aos profissionais administrativos. A implantação do
BIM está em fase inicial, tendo o escritório desenvolvido pequenos projetos, subutilizando o
software Revit, por falta de conhecimento adequado. No entanto, com a assessoria da empresa
92

coordenadora de BIM, avançou consideravelmente no desenvolvimento dos projetos, criando


um planejamento adequado as necessidades do escritório. No Quadro 8 segue o panorama
geral do estudo de caso A.
Quadro 8 – Panorama geral: estudo de caso A
PANORAMA GERAL - CASO A
OBSERVAÇÕES PANORAMA GERAL
Objetivos da empresa para implantação - Melhorar a qualidade dos projetos e maior rapidez
em alterações, compatibilização de projetos.
Guias de implantação - Não utiliza
Consultoria especializada - Não contratou
Treinamento - Realizou treinamento com dois arquitetos do
escritório.
Dificuldades - Armazenamento dos arquivos e criação de novos
padrões do escritório.
Software utilizado Revit (Autodesk)
Etapas do projeto (tradicional) -Abertura, (primeiro contato com cliente);
-Concepção do projeto (programa de necessidades);
-Definição do projeto (estudo preliminar aprovado
pelo cliente);
-Anteprojeto e projeto legal (aprovações legais);
-Compatibilização;
-Projeto executivo e detalhamento;
-Entrega dos projetos.
Etapas do projeto (BIM) -Abertura, (primeiro contato com cliente);
-Concepção do projeto (programa de necessidades);
-Estudo de viabilidade;
-Definição do projeto (estudo preliminar aprovado
pelo cliente);
-Objetivos da modelagem;
-Etapas do modelo;
-Níveis de detalhamento;
-Controle de responsabilidade;
-Categorias de modelagem;
-Controle de qualidade;
-Anteprojeto;
Mudanças identificadas - Maior compreensão do processo construtivo;
- Equipe trabalhando de forma colaborativa.
Qualificações profissionais - Busca de profissionais com experiência em obra;
Padrões (template e bibliotecas) - Em fase de desenvolvimento;
Plano de modelagem - Em fase de desenvolvimento;
Fonte: A autora (2012)

5.3 ESTUDO DE CASO “B”

5.3.1 Descrição da Empresa B e a Obra em Estudo

O caso “B” refere-se a um escritório de arquitetura fundado em 1981, localizado na


cidade de São Paulo. Atua nos seguintes segmentos: projetos residenciais, edifícios
comerciais, edifícios de saúde e projetos de urbanismo.
O quadro funcional da empresa é composto por sessenta e cinco arquitetos, vinte
arquitetos de interiores, vinte e um projetistas (desenhistas), dez estagiários de arquitetura, dez
93

auxiliares administrativos e oito auxiliares financeiros. A Figura 21 apresenta o organograma


da empresa.

Figura 21 – Organograma do estudo de caso B

Fonte: A autora (2012)

Em torno de 30% da equipe desse escritório utiliza o Revit, número que está crescendo
a cada novo projeto com a formação de equipes de projeto qualificadas. O arquiteto
responsável pela tecnologia BIM no escritório, comentou que muito do potencial dessa
tecnologia ainda não é utilizada, e acredita que o escritório ainda esteja em fase de ganhar
experiência com a plataforma, pois o modelo desenvolvido é mais uma ferramenta de
desenvolvimento de documentação e coordenação, mais isso não significa que o escritório não
saiba utilizar todo o potencial oferecido.

5.3.2 Processo de Projeto Tradicional

Apesar do número crescente de projetos sendo desenvolvidos em BIM, o escritório


apresentou seu processo de projeto tradicional, quando desenvolve projetos em 2D.
Basicamente, o processo de projeto do escritório obedece a uma estrutura de fases
sequenciais: abertura, (primeiro contato com cliente), concepção do projeto (programa de
necessidades), definição do projeto (estudo preliminar aprovado pelo cliente), anteprojeto
(aprovações legais), projeto executivo e detalhamentos e entrega final (projeto as built).
O fluxo do processo de projeto inicia-se com uma reunião com o cliente contratante.
Nessa reunião, são questionadas as expectativas do cliente em relação ao projeto quanto as
características estéticas, funcionais, sistemas construtivos, prazos e custos. Também é
definido nessa reunião quem será o coordenador do projeto, responsável pelo
94

desenvolvimento do cronograma do projeto e coordenar a equipe técnica. É nessa primeira


etapa que é realizada a negociação do projeto, definindo custos e elaboração do contrato.
Na etapa de concepção do projeto, são levantados documentos como consultas a
órgãos públicos, legislação do uso do solo, e com as premissas do projeto é definido o
programa de necessidades.
Na fase seguinte é realizada a definição do projeto com a realização do estudo
preliminar de acordo com o que foi definido no programa de necessidades. O estudo
preliminar caracteriza-se por ser uma etapa onde a interface com o cliente é intensa, ou seja, o
cliente é envolvido no processo de projeto.
Aprovado o estudo preliminar, tem início o anteprojeto que é caracterizado pelo
desenvolvimento e formalização das soluções adotadas na etapa anterior, representada com
maior grau de detalhamento. A seguir, o anteprojeto é elaborado, encaminha-se aos órgãos
competentes para aprovação.
Com a finalização do anteprojeto, inicia-se a fase de detalhamento. Nessa etapa são
executados todos os desenhos necessários à execução da obra. A etapa final é a entrega dos
projetos e memoriais ao cliente para a formalização da entrega do projeto.
De acordo com o que foi descrito acima, segue Figura 22, apresentando o fluxo do
processo de projeto tradicional do escritório de arquitetura.
95

Figura 22 – Estrutura do processo de projeto tradicional: caso B

Fonte: A autora (2012)

Nessa empresa, a equipe responsável pelo BIM identificou algumas mudanças durante
o desenvolvimento dos projetos. Com o planejamento realizado houve a necessidade de
buscar mais informações do projeto na fase inicial de desenvolvimento.

5.3.3 Descrição do Desenvolvimento do Projeto em BIM

O projeto em análise é a sede de uma escola de ensino médio. Os dados foram obtidos
através de uma reunião com o arquiteto responsável pelo projeto, onde o mesmo passou todas
as informações necessárias para este trabalho.
96

5.3.3.1 Reunião com cliente, arquiteto e consultora de projetos escolares

Por se tratar de um projeto específico, onde existiam muitas particularidades, houve a


necessidade da contratação de uma consultoria em projetos escolares, para que fosse definido
o programa de necessidades. Com três reuniões, onde o arquiteto diretor do escritório, o
arquiteto responsável pelo projeto e a consultora de projetos escolares estavam sempre
presentes, foi definido o programa de necessidades, tendo o projeto, 15 salas de aulas, setores
pedagógicos, administrativos, bibliotecas, quadras de esporte e setores de serviço, totalizando
aproximadamente dois mil metros quadrados de área construída.
Para apresentação do estudo preliminar, este escritório desenvolve os projetos no
software Revit. Apesar das mudanças que ocorrem nessa fase, o arquiteto explicou que como
o processo de desenvolvimento dos projetos está bem desenvolvido, eles preferem utilizar
apenas um software.

5.3.3.2 Reunião com arquiteto responsável pela equipe de projetos e líder BIM

Após as reuniões de definição do programa de necessidades, tiveram início as reuniões


com o arquiteto responsável pelo projeto, que explicou à equipe, todo o programa e como
deveria ser desenvolvido, com relação a detalhes e prazos de entrega.
O líder BIM participou de todas as reuniões para que ele tivesse conhecimento de todo
o projeto, a equipe responsável, o que deveria ser entregue, para a definição de estratégias a
serem criadas para o desenvolvimento em BIM.

5.3.3.3 Reunião com equipe de projetos e líder BIM

Para o início do estudo preliminar, foram definidas pelo líder BIM em duas reuniões,
qual seria o plano de modelagem do projeto.
Seguindo o guia desenvolvido pelo escritório, a primeira etapa a ser realizada é
identificar os objetivos de modelagem do projeto, neste caso, os objetivos foram os descritos a
seguir, conforme apresentado no Quadro 9.

Quadro 9 – Definição dos objetivos


DESCRIÇÃO DOS OBJETIVOS USO
Desenvolvimento do projeto de arquitetura Projeto
Realizar compatibilização com estruturas Projeto
Realizar extração de quantitativos Projeto
Gerar 3D para apresentação ao cliente Projeto
Fonte: A autora (2012)
97

O escritório de arquitetura vem desenvolvendo projetos em BIM há alguns anos,


mantendo sua equipe sempre atualizada, oferecendo cursos nos Estados Unidos onde a
tecnologia está mais avançada, dessa forma, o escritório desenvolveu seu próprio guia de
implantação, estabelecendo definições para início do desenvolvimento dos projetos.
O escritório adotou padrões para o desenvolvimento de projetos em BIM, como o
relatório apresentado na Figura 23, onde ele controla o modelo que será criado, a autoria do
projeto, o estágio do projeto e o responsável pela criação.

Figura 23 – Planos de modelagem

Fonte: Estudo de Caso B, adaptado pela autora (2012)

O escritório também define o que será modelado em cada fase do projeto, para isso
criou padrões para níveis de detalhamento (ver Quadro 10), para que a equipe de projetos
possa seguir e manter a qualidade das informações.

Quadro 10 – Definição de níveis de modelagem


Nível de Descrição
Detalhe
LOD 100 Projeto conceitual, o modelo consiste em informações básicas, com nível de informações
necessárias para análise de volume, construção do canteiro, orientação solar e custo por metro
quadrado.
LOD 200 Semelhante ao desenho esquemático, o modelo consiste em informações aproximadas de
tamanho, forma, localização e orientação, com dados para gerar aplicações de critérios para
análises gerais.
LOD 300 Modelo de elementos adequados para a geração de documentos para construção.
LOD 400 Este nível de desenvolvimento é considerado como o mais adequado para a fabricação e
montagem. Normalmente esse nível de detalhe não está no escopo do arquivo, o que consiste
em uma revisão de escopo antes do início do projeto.
LOD 500 Nível final de detalhe, que representa o projeto como será construído. Modelo adequado para
manutenção e instalação.
Fonte: AIA Document, adaptado pela autora (2012)

No projeto da escola em questão o nível de detalhe foi definido como LOD 200, pois o
objetivo do modelo estava direcionado para documentação de projetos.
98

Com os dados obtidos na entrevista com arquiteto, identificou-se um planejamento


consistente, que já vem sendo realizado há algum tempo, se adequando a novos estudos
realizados e complementando com novos projetos.
Existem outros padrões e relatórios para serem seguidos durante o desenvolvimento do
projeto, no entanto, não puderam ser apresentados neste trabalho, pois não houve a
autorização do escritório.
De acordo com a descrição das etapas de trabalho que foram realizadas para
desenvolver o projeto segue a Figura 24, apresentando em forma de fluxo a descrição destas
etapas.
99

Figura 24 – Fluxo do desenvolvimento do projeto

Fonte: A autora (2012)

Dentro da fase de concepção deste projeto está incluído o processo de abertura,


concepção do projeto e definição do programa de necessidades, seguindo com a fase de
100

definição onde está incluída a reunião de equipe de projeto e a reunião para o planejamento
BIM do projeto.
Na fase de desenvolvimento está à elaboração do plano de modelagem com
informações referentes ao modelo como os objetivos da modelagem e níveis detalhamento,
após essas definições existe a elaboração do estudo preliminar e por último o anteprojeto
finalizado.

5.3.4 Implantação da Tecnologia BIM e Mudanças nos Processos de Trabalho

5.3.4.1 Apresentação dos resultados da entrevista do estudo de caso B

Instrumentos para o planejamento da empresa: objetivos, missão e expectativas com a


implantação do BIM.
Quais os objetivos principais da empresa para adotar a tecnologia BIM?

O escritório trabalha com um número muito grande de projetos e buscava


principalmente automatizar fluxos de trabalho, aumentando a eficiência e rapidez em seus
projetos, garantindo a qualidade dos mesmos. Utilizam ainda a tecnologia BIM para realizar
simulações diversas para conforto lumínico e conforto térmico, além de otimizar processos de
produção de imagens renderizadas e realizar simulações do cronograma de obra.
Com relação ao planejamento para implantação, a empresa tem um cronograma
interno de objetivos para atingir 100% de uso de softwares que permitem trabalhar em BIM,
no entanto, isso também depende da maneira como foi contratado o projeto, como a
construtora trabalha, mais o objetivo final é estar preparado para trabalhar da maneira mais
completa em BIM.

Instrumentos para o planejamento da equipe: guias, treinamento e consultorias.


A empresa buscou algum Guia de Implantação para implantar o BIM na empresa?

Por ter departamentos separados para cada tipo de trabalho, o escritório possui um
departamento de tecnologia que realiza pesquisas sobre projetos em BIM já realizados,
dificuldades encontradas, planejamento de implantação, e com essas informações desenvolve
tudo o que o escritório necessita para trabalhar de forma mais eficiente, inclusive o guia.

Instrumentos para o planejamento da equipe: guias, treinamento e consultorias.


Definição da equipe a ser treinada.
A empresa mantém a equipe sempre atualizada, buscando novos cursos, palestras e
seminários na área?
101

No que se refere a realização de treinamento, o escritório escolheu quatro arquitetos


para fazer o curso de Revit. Para manter a equipe técnica sempre atualizada, há sempre a
disponibilidade de adquirir novos conhecimentos, seja através de cursos, seminários ou
encontros semanais com dicas de usuários.

Definição do projeto a ser desenvolvido em BIM.


Como foi a escolha do primeiro projeto a ser desenvolvido em BIM?
Quais foram as maiores dificuldades encontradas no desenvolvimento deste primeiro
projeto?

Apesar do grande número de projetos realizados, o escritório optou por escolher um


grande projeto, acreditando ser a melhor forma de encontrar as maiores dificuldades durante o
desenvolvimento.
Segundo o arquiteto responsável, o escritório encontrou algumas dificuldades também
no gerenciamento de arquivos, já que não existe um gerenciador de arquivos BIM ainda, e o
número de informações é muito grande para controlar, outra questão foi o desempenho das
máquinas do escritório, já que o Revit exige máquinas com maior velocidade e maior
capacidade de armazenamento.

Ferramentas e Sistemas
Qual o software utilizado para elaborar os projetos em BIM?
Teve conhecimento inicialmente da necessidade da aquisição de hardwares e softwares?

Como o software Revit ou outro que tenha a tecnologia BIM exige máquinas com
maior capacidade de armazenamento, o escritório encontrou dificuldades no início, pois seus
computadores não estavam preparados. Ao começar a desenvolver os projetos, viu-se a
demora em abrir ou salvar os arquivos, perdendo-se muito tempo. Ao longo de dois anos
houve um investimento para a aquisição de máquinas melhores, e esses problemas foram
resolvidos.

A empresa buscou conhecer as mudanças que aconteceriam nos processos de trabalho


ao utilizar a tecnologia BIM ?
A composição de sua equipe de projeto mudou, após a implantação do BIM ?
Como era a sua equipe de projetos antes da implantação do BIM?

Ao longo do desenvolvimento dos projetos, o arquiteto identificou algumas mudanças


decorrentes da nova forma de desenvolver os projetos. Segundo ele, hoje o projeto é dividido
em pacotes, como interiores, fachada, estrutura, entre outras disciplinas do projeto. Cada
arquiteto é responsável por um deles, há pouca troca de funções ou pessoas ajudando em
102

pacotes pelos quais não são responsáveis. Todo esse processo depende da etapa do projeto, do
tamanho da equipe e do prazo de entrega.
A mudança mais importante foi a criação da função de administrador de modelos, que
define todos os passos do desenvolvimento do projeto e cria as diretrizes para a equipe
técnica.

Processo de projeto
Com a adoção da tecnologia BIM é preciso maior número de informações do projeto na
fase inicial – estudo preliminar?
Para trabalhar com projetos em BIM vocês identificaram a necessidade de profissionais
com maior nível de qualificação? Por quê?

O arquiteto comentou que é impossível não se pensar em detalhes construtivos já nas


etapas iniciais, e isso contribui para que um profissional menos experiente tenha uma
preocupação maior em aprender de alguma forma esses detalhes, pois ele irá trabalhar com
elementos de construção de uma edificação e suas relações e não apenas com as linhas.

Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


bibliotecas, definição de níveis de informação, definição de novas fases, aspectos
contratuais e entregas do modelo.
Para a utilização nos projetos, foi desenvolvido “template” exclusivo do escritório?
Para a utilização nos projetos, foi desenvolvido biblioteca exclusiva do escritório?
Foi adotado um padrão para nomenclatura das famílias e objetos a serem desenvolvidos?

Como houve um planejamento e uma preocupação em desenvolver os projetos da


forma mais completa possível, a equipe de tecnologia do escritório desenvolveu desde o
primeiro projeto, os templates, de acordo com a necessidade do escritório, facilitando a
organização dos projetos, com a criação da padronização desse elemento.
Com isso, a cada projeto finalizado, a equipe de tecnologia realiza a atualização do
template, complementando com novos padrões, mantendo-o sempre atualizado.
Com a existência do BIM Manager (líder responsável pela estratégia de trabalho do
BIM no escritório) é realizada semanalmente uma reunião de arquitetos de trabalham com o
BIM nos projetos para discutir problemas e soluções dos projetos, necessidades e sugestões
para melhorar a eficiência dos trabalhos. Alguns projetos mais complexos, com grande
número de informações, são escolhidos como estudo de caso, auxiliando no desenvolvimento
de novos projetos.
A equipe do escritório realiza a atualização das bibliotecas a cada novo projeto
finalizado, mantendo-a sempre atualizada. O padrão na nomenclatura auxilia no processo de
gerenciamento das informações, já que o número de objetos modelados é muito grande.
103

Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


bibliotecas, definição de níveis de informação, definição de novas fases, aspectos
contratuais e entregas do modelo.
O escritório tem um planejamento do que tem que ser modelado? De acordo com a fase do
projeto?
Como foram definidas as fases dos projetos e quais seriam essas fases?

No estudo de caso B o planejamento é baseado no padrão pré-existente dos projetos já


desenvolvidos pelo escritório, basicamente as etapas de projeto são definidas como: estudo
preliminar, anteprojeto e executivo (LOD 100, LOD 200 e LOD 300), em cada nível são
definidas o que será modelado.
Para a finalização da entrevista, o arquiteto responsável, após ter desenvolvido alguns
projetos, citou as principais barreiras encontradas e suas impressões sobre o BIM no futuro,

Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


bibliotecas, definição de níveis de informação, definição de novas fases, aspectos
contratuais e entregas do modelo.
Principais barreiras para adoção da tecnologia BIM.
Reflexões sobre as tendências do BIM para o futuro.

Segundo o arquiteto, houve grandes avanços após começar a trabalhar em BIM. Como
a maioria dos projetos é de grande porte, o tempo de elaboração diminuiu muito e a
possibilidade de gerar quantitativos, fazer estudos solares com maior facilidade, gerar
imagens em 3D automaticamente para estudos de volume, trouxe maior competitividade ao
escritório.

5.3.5 Considerações Gerais Sobre o Estudo de Caso B

A estrutura da empresa é de grande porte existindo uma estrutura organizada de


trabalho, tendo coordenadores de projetos trabalhando com equipes de vários projetos. A
implantação do BIM encontra-se em estágio avançado com o escritório desenvolvendo
grandes projetos, no entanto, não conseguiu ainda utilizar de forma plena a tecnologia BIM
pois os projetistas complementares ainda não trabalham nessa plataforma.
No entanto, todos os arquitetos do escritório são otimistas ao comentar que utilizar a
tecnologia BIM é um caminho sem volta, e que em breve todos os projetistas estarão
adotando a tecnologia em seus projetos.
No Quadro 11 segue o panorama geral do estudo de caso B.
104

Quadro 11 – Panorama geral: estudo de caso B


PANORAMA GERAL - CASO B
OBSERVAÇÕES PANORAMA GERAL
Objetivos da empresa para implantação - Melhorar a qualidade dos projetos, automatizar
fluxos de trabalho, realizar compatibilização.
Guias de implantação - Com sua equipe técnica treinada, elaborou um guia
próprio do escritório.
Consultoria especializada - Não contratou
Treinamento - Realiza treinamento no seu departamento técnico,
constantemente, mantendo a equipe sempre
atualizada.
Dificuldades - Dificuldade em entender o novo processo de
trabalho.
Software utilizado Revit (Autodesk)
Etapas do projeto (tradicional) -Abertura, (primeiro contato com cliente);
-Concepção do projeto (programa de necessidades);
-Definição do projeto (estudo preliminar aprovado
pelo cliente);
-Anteprojeto (aprovações legais);
-Projeto executivo e detalhamentos
-Entrega final (projeto as built).
Etapas do projeto (BIM) -Abertura, (primeiro contato com cliente);
-Concepção do projeto (programa de necessidades);
-Definição do projeto (estudo preliminar aprovado
pelo cliente);
-Objetivos da modelagem; (critérios da modelagem);
-Plano de modelagem;
-Nível de detalhamento;
-Anteprojeto (aprovações legais);
Mudanças identificadas - Mudança no processo de trabalho diário durante o
desenvolvimento dos projetos.
Qualificações profissionais - Busca de profissionais com experiência construtiva e
experiência em desenvolver o modelo de forma mais
completa.
Padrões (template e bibliotecas) - Elaborado pela equipe técnica de acordo com os
padrões do escritório.
- Bibliotecas atualizadas a cada novo projeto
desenvolvido.
Plano de modelagem - Planejamento elaborado para cada projeto de acordo
com as necessidades.
Fonte: A autora (2012)

5.4 ESTUDO DE CASO “C”

5.4.1 Descrição da Empresa C e a Obra em Estudo

O caso “C” refere-se a um escritório de arquitetura fundado em 2000, localizado na


cidade de Goiânia. Atua nos seguintes segmentos: projetos residenciais, projetos comerciais e
projetos industriais.
O quadro funcional da empresa é composto por um arquiteto, dois engenheiros, três
estagiários de arquitetura e um auxiliar administrativo. A Figura 25 apresenta o organograma
da empresa.
105

Figura 25 – Organograma do estudo de caso C

Fonte: A autora (2012)

Esse escritório de arquitetura vem trabalhando com Archicad há dois anos, tem
desenvolvido seus projetos de arquitetura, no entanto, ainda não conseguiu trabalhar com
projetistas complementares, para realizar a checagem de interferências entre disciplinas, ou
gerar quantitativos de forma mais completa.

5.4.2 Processo do Projeto Tradicional

Apesar de esta empresa ser um pequeno escritório de arquitetura, o mesmo apresentou


suas etapas de processo de projeto realizadas de forma tradicional, desenvolvidas pelo próprio
arquiteto, que se baseou em seu conhecimento profissional.
As etapas do desenvolvimento do processo de projeto realizado pelo escritório de
arquitetura podem ser divididas em: abertura, (primeiro contato com cliente), concepção do
projeto (programa de necessidades), definição do projeto (estudo preliminar aprovado pelo
cliente) e anteprojeto (aprovações legais).
A etapa de abertura tem início com uma reunião com o cliente, que apresenta o terreno
e traça as diretrizes gerais do projeto, nessa primeira etapa é realizada a negociação do
projeto, definindo custos e elaboração do contrato.
Na etapa de concepção do projeto, é realizado o levantamento de dados do terreno,
aspectos legais e definido o programa de necessidades. Na etapa de estudo preliminar, o
cliente participa do processo fazendo considerações e solicitando alguns ajustes no projeto.
Normalmente, é na etapa de anteprojeto que se inicia a participação dos demais
envolvidos no projeto. Portanto nessa etapa, dependendo do tipo de projeto faz-se a
compatibilização entre as diversas especialidades, normalmente realizada pelo arquiteto.
Geralmente não é realizada a etapa de detalhamento, o arquiteto explicou que o
mercado que o escritório atende não tem interesse por esse tipo de projeto e por isso não
remunera adequadamente e não entendem o prazo necessário para desenvolvê-los.
A etapa final é a entrega dos projetos e memoriais ao cliente, no entanto, esse
escritório não formaliza esta etapa.
106

De acordo com o que foi descrito acima, segue Figura 26, apresentando o fluxo do
processo de projeto tradicional do escritório de arquitetura.

Figura 26 – Estrutura do processo tradicional do escritório de arquitetura: estudo de caso C

Fonte: A autora (2012)

Com a implantação da tecnologia BIM, o arquiteto explicou que precisa tomar


decisões de materiais e acabamentos na etapa de anteprojeto, ele comentou que essas decisões
só seriam definidas na fase de projeto executivo.

5.4.3 Descrição do Desenvolvimento do Projeto em BIM

O projeto em análise é um prédio comercial. Os dados foram obtidos por meio de um


primeiro contato via telefone, onde foi apresentada a pesquisa, explicando quais os objetivos.
Após esse primeiro contato, o questionário foi enviado por e-mail, onde o arquiteto diretor do
escritório passou todas as informações apresentadas nesta pesquisa.

5.4.3.1 Reunião com cliente e arquiteto

O cliente apresentou na primeira reunião suas expectativas com relação ao projeto,


explicando ainda todas as suas necessidades. Diante disso, iniciaram-se os projetos do prédio
comercial de médio porte com cinco andares. Com seis reuniões, onde o arquiteto do
escritório, o cliente e um estagiário de arquitetura sempre estavam presentes, foi definido o
107

programa de necessidades. Ao longo das reuniões houve várias alterações propostas pelo
cliente, que era extremamente participativo.
O programa final do projeto foi um edifício comercial de seis andares, com
estacionamento no subsolo, lanchonete e espaços para lojas no térreo, e pavimento tipo com
vãos livre para escritórios, totalizando aproximadamente dois mil e quinhentos metros
quadrados de área construída.
Para o desenvolvimento do estudo preliminar, o arquiteto utilizou o CAD, em razão de
ainda estar ligado culturalmente a esse software. Ele desenvolve o estudo preliminar e após a
definição do projeto, a equipe do escritório desenvolve os demais projetos em Archicad.

5.4.3.2 Reunião com arquiteto responsável e equipe de projetos

Após as reuniões para definição do programa de necessidades, tiveram início às


reuniões do arquiteto do projeto com sua equipe, definindo como o projeto deveria ser
desenvolvido, com relação a detalhes e prazos de entrega.
Nessa fase, com o estudo preliminar definido foi realizada o planejamento BIM do
projeto, com as seguintes etapas: (a) modelagem a ser desenvolvida, (b) detalhes a serem
executados e (c) desenvolvimento de bibliotecas necessárias ao projeto especifico que estava
sendo desenvolvido.
O escritório de arquitetura vem desenvolvendo projetos em BIM há dois anos, se
definindo ainda em fase experimental do projeto. Para iniciar este projeto, o escritório segue
os níveis de detalhamento da AIA Document, conforme Quadro 12.

Quadro 12 – Definição de níveis de modelagem


Nível de Descrição
Detalhe
LOD 100 Projeto conceitual, o modelo consiste em informações básicas, com nível de informações
necessárias para análise de volume, construção do canteiro, orientação solar e custo por metro
quadrado.
LOD 200 Semelhante ao desenho esquemático, o modelo consiste em informações aproximadas de
tamanho, forma, localização e orientação, com dados para gerar aplicações de critérios para
análises gerais.
LOD 300 Modelo de elementos adequados para a geração de documentos para construção.
LOD 400 Este nível de desenvolvimento é considerado como o mais adequado para a fabricação e
montagem. Normalmente esse nível de detalhe não está no escopo do arquivo, o que consiste
em uma revisão de escopo antes do início do projeto.
LOD 500 Nível final de detalhe, que representa o projeto como será construído. Modelo adequado para
manutenção e instalação.
Fonte: AIA Document, adaptado pela autora (2012)
108

No projeto do prédio comercial o nível de detalhe foi definido como LOD 200, pois
ainda encontram dificuldades de criar com mais informações, principalmente de outras
disciplinas.
Por se tratar de um escritório pequeno, não existem padrões criados para o início do
desenvolvimento dos projetos. O arquiteto segue alguns guias que ele próprio adquiriu, mais
não existe nada formalizado.
De acordo com a descrição das etapas de trabalho que foram realizadas para
desenvolver o projeto em BIM, segue a Figura 27, apresentando em forma de fluxo a
descrição destas etapas.
Figura 27 – Fluxo do desenvolvimento do projeto

Fonte: A autora (2012)


109

O processo de projeto desse escritório é classificado nas seguintes fases: concepção


onde está incluído o processo de abertura, concepção do projeto e definição do programa de
necessidades, seguindo com a fase de definição onde estudo preliminar.
A última fase é a de desenvolvimento onde são desenvolvidos os detalhes do modelo
BIM e as bibliotecas necessárias para o projeto e por último o anteprojeto.

5.4.4 Implantação da Tecnologia BIM e Mudanças nos Processos de Trabalho

5.4.4.1 Apresentação dos resultados da entrevista do estudo de caso C

Instrumentos para o planejamento da empresa: objetivos, missão e expectativas com a


implantação do BIM.
Quais os objetivos principais da empresa para adotar a tecnologia BIM?

O arquiteto diretor buscou o treinamento e implantação da BIM em seu escritório por


ter conhecimento na proposta de rapidez durante elaboração de projetos e com isso, aumento
da qualidade e detalhamentos e diminuindo prazos de entrega.
O escritório busca ainda fazer a compatibilização entre as disciplinas, no entanto,
ainda está em fase inicial, pois não encontrou nenhum projetista de estrutura, fundação ou
instalações que trabalhe com BIM.

Instrumentos para o planejamento da equipe: guias, treinamento e consultorias.


A empresa buscou algum Guia de Implantação para implantar o BIM na empresa?

Após pesquisas em diversos sites especializados, o arquiteto desenvolveu um pequeno


manual para desenvolver os projetos em BIM. Com isso, ele criou procedimentos como:
tabela com os níveis de detalhamento dos projetos e sua classificação e o desenvolvimento de
bibliotecas - no entanto, por ser um escritório de pequeno porte, ainda não conseguiu
implantar todo o planejamento necessário.

Instrumentos para o planejamento da equipe: guias, treinamento e consultorias.


Definição da equipe a ser treinada.
A empresa mantém a equipe sempre atualizada, buscando novos cursos, palestras e
seminários na área?

Em treinamentos, o escritório escolheu dois arquitetos para fazer o curso de Archicad,


e após esse treinamento começaram a desenvolver os projetos.
110

Definição do projeto a ser desenvolvido em BIM.


Como foi a escolha do primeiro projeto a ser desenvolvido em BIM?
Quais foram as maiores dificuldades encontradas no desenvolvimento deste primeiro
projeto?

O escritório trabalha com grande número de projetos, e optou por escolher um


pequeno projeto residencial para desenvolver em BIM, para não correr o risco de atrasar
outros projetos do escritório.
No entanto, nesse primeiro projeto, e equipe de projetos teve dificuldades em entender
o novo processo de trabalho, com muitas informações já no inicio do projeto e enfrentou
algumas dificuldades na utilização do software.

Ferramentas e Sistemas
Qual o software utilizado para elaborar os projetos em BIM?
Teve conhecimento inicialmente da necessidade da aquisição de hardwares e softwares?

O arquiteto optou por escolher o Archicad por já ter trabalhando com esse software e
já possui algum conhecimento, apesar de não ser o mais divulgado no mercado, ele acredita
ser a melhor solução para seus projetos. Apesar de já ter conhecimento da necessidade de
máquinas com maior capacidade de armazenamento, o escritório está trocando as máquinas
conforme a necessidade, em razão do alto custo desses equipamentos.

A empresa buscou conhecer as mudanças que aconteceriam nos processos de trabalho


ao utilizar a tecnologia BIM ?
A composição de sua equipe de projeto mudou, após a implantação do BIM ?
Como era a sua equipe de projetos antes da implantação do BIM?

Ao longo da implantação da BIM o arquiteto diretor começou a exigir profissionais


mais qualificados para exercer os cargos de desenhista, comentou a necessidade do
conhecimento do processo construtivo para aumentar a eficiência na utilização do Archicad.
Antes da implantação do BIM, o trabalho de desenhar os projetos era lento e com
menor qualidade de acabamento. Ele acredita também que a relação com o cliente ficou mais
clara, em razão da apresentação do 3D já no início dos estudos.

Processo de projeto
Com a adoção da tecnologia BIM é preciso maior número de informações do projeto na
fase inicial – estudo preliminar?
Para trabalhar com projetos em BIM vocês identificaram a necessidade de profissionais
com maior nível de qualificação? Por quê?

A equipe de projetos identificou que no início se intensifica a demanda por decisões de


projeto, o que só acontecia na fase de detalhamento. Com isso houve a necessidade de
111

profissionais mais qualificados, pois é preciso conhecimento do projeto de forma global para
poder iniciá-lo em BIM.
Além de profissionais com capacidade técnica em obras, também identificou-se a
necessidade de profissionais com capacidades em tecnologias da informação, elaborando
estratégias de modelagem, para extrair o máximo de informações do modelo.

Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


bibliotecas, definição de níveis de informação, definição de novas fases, aspectos
contratuais e entregas do modelo.
Para a utilização nos projetos, foi desenvolvido “template” exclusivo do escritório?
Para a utilização nos projetos, foi desenvolvido biblioteca exclusiva do escritório?
Foi adotado um padrão para nomenclatura das famílias e objetos a serem desenvolvidos?

O escritório desenvolveu um template com os padrões utilizados, faz a atualização do


template de acordo com as necessidades do cotidiano. Geralmente são detalhes para os
elementos construtivos e de documentação que sofrem alterações.
O template sempre fica localizado em uma pasta em rede, onde todos os computadores
tem acesso. Ao atualizar ele é automaticamente implementado na rede, e por consequência
nos computadores locais.
As bibliotecas também foram elaboradas pela equipe do escritório, atualizando a cada
novo projeto. O padrão de nomes para as famílias foi desenvolvido para auxiliar na
organização dos arquivos, já que existe um número grande de famílias.

Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


bibliotecas, definição de níveis de informação, definição de novas fases, aspectos
contratuais e entregas do modelo.
O escritório tem um planejamento do que tem que ser modelado? De acordo com a fase do
projeto?
Como foram definidas as fases dos projetos e quais seriam essas fases?

É sempre importante comentar que o planejamento para o início do projeto é muito


importante, no entanto, nem todos os escritórios tem essa preocupação, principalmente os
escritórios menores. Nesse escritório, de acordo com o projeto a ser modelado, decide-se o
grau de detalhamento que será executado.
O arquiteto explicou que não existe um plano de modelagem, definindo de forma
geral as fases de modelagem e níveis de detalhe e suas classificações.
112

Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


bibliotecas, definição de níveis de informação, definição de novas fases, aspectos
contratuais e entregas do modelo.
Principais barreiras para adoção da tecnologia BIM.
Reflexões sobre as tendências do BIM para o futuro.

O arquiteto comentou que uma das principais barreiras continua sendo o custo dos
equipamentos, pois escritórios pequenos dificilmente possuem uma reserva para troca de
computadores e instalações de novos softwares. Ele acredita que o BIM é uma ferramenta que
diminui erros de projetos e de obra, e que vale a pena investir, pois os resultados serão
visualizados em médio prazo.

5.4.5 Considerações Gerais Sobre o Estudo de Caso C

A estrutura da empresa é de pequeno porte, existindo uma pequena estrutura para o


desenvolvimento dos projetos. A implantação do BIM encontra-se em estágio inicial, tendo o
escritório desenvolvido alguns projetos, no entanto, não conseguiu ainda utilizar de forma
plena a tecnologia BIM, pois os projetistas complementares ainda não trabalham nessa
plataforma.
No Quadro 13segue o panorama geral do estudo de caso C.

Quadro 13 – Panorama geral: estudo de caso C


(Continua)
PANORAMA GERAL - CASO C
OBSERVAÇÕES PANORAMA GERAL
Objetivos da empresa para implantação - Aumentar a rapidez no desenvolvimento dos
projetos;
- Aumentar qualidade dos projetos;
- Automatizar fluxos de trabalho;
- Compatibilização dos projetos
Guias de implantação - Desenvolveu um guia próprio.
Consultoria especializada - Não contratou
Treinamento - Realiza treinamento no seu departamento técnico,
constantemente, mantendo a equipe sempre
atualizada.
Dificuldades - Dificuldade em entender o novo processo de trabalho
e o software.
Software utilizado Archicad (Graphisoft)
Etapas do projeto (tradicional) -Abertura, (primeiro contato com cliente);
-Concepção do projeto (programa de necessidades);
113

Quadro 13 – Panorama geral: estudo de caso C


(Conclusão)
PANORAMA GERAL - CASO C
OBSERVAÇÕES PANORAMA GERAL
Etapas do projeto (tradicional) - Continuação - Definição do projeto (estudo preliminar aprovado
pelo cliente);
- Anteprojeto (aprovações legais);
Etapas do projeto (BIM) - Abertura, (primeiro contato com cliente);
- Concepção do projeto (programa de necessidades);
- Definição do projeto (estudo preliminar aprovado
pelo cliente);
- Detalhes a serem desenvolvidos;
- Bibliotecas;
- Anteprojeto (aprovações legais);
Mudanças identificadas - A relação com o cliente ficou mais clara pois já
consegue visualizar desde a concepção o projeto em
3D;
Qualificações profissionais - Busca de profissionais com facilidade para
visualização tridimensional e as particularidades que
existem nos elementos da arquitetura.
Padrões (template e bibliotecas) - Elaborado pela equipe técnica de acordo com os
padrões do escritório.
- Bibliotecas atualizadas a cada novo projeto
desenvolvido.
Plano de modelagem - Em desenvolvimento.
Fonte: A autora (2012)

5.5 ESTUDO DE CASO “D”

5.5.1 Descrição da Empresa D e a Obra em Estudo

O caso “D” refere-se a um escritório de arquitetura fundado em 1962, localizado na


cidade de São Paulo. Atua nas mais diversas áreas como: edifícios comerciais, edifícios de
saúde, projetos de urbanismo e projetos culturais.
O quadro funcional da empresa é composto por setenta arquitetos, dez estagiários de
arquitetura, três auxiliares administrativos. A Figura 28 apresenta o organograma da empresa.
114

Figura 28 – Organograma do estudo de caso D

Fonte: A autora (2012)

Esse escritório utiliza a BIM em cerca de 60% dos seus projetos, utilizando o software
Revit. Conforme os projetos são desenvolvidos e o conhecimento na tecnologia aumenta, o
arquiteto diretor acredita que esse número irá aumentar, chegando, em três anos, a 100% dos
projetos.
O arquiteto divide a utilização da tecnologia BIM no escritório em duas etapas: a
primeira onde os projetos executivos são desenvolvidos integralmente na plataforma BIM e a
segunda etapa ainda depende de fatores externos, que são integrações com as necessidades
dos clientes e atuação junto a projetos complementares.

5.5.2 Processo de Projeto Tradicional

É de fundamental importância entender como funciona o processo de projeto


tradicional dentro de um escritório, para conseguir realizar o planejamento em BIM, dessa
forma segue abaixo os dados deste estudo de caso.
As etapas do projeto tradicional realizado pelo escritório de arquitetura são nove:
abertura, (primeiro contato com cliente), concepção do projeto (programa de necessidades),
estudo de viabilidade, definição do projeto (estudo preliminar aprovado pelo cliente),
identificação e solução de interfaces com demais disciplinas, anteprojeto (aprovações legais),
projeto executivo, detalhamentos e entrega final.
Na etapa de abertura, no caso de clientes privados, o início do processo de projeto é
marcado pela intensa troca de informações, entre o cliente e o arquiteto. Para isso são
115

realizadas reuniões em que são apresentadas as necessidades e expectativas do cliente em


relação ao projeto.
Na etapa de concepção do projeto, é realizado o levantamento de dados do terreno,
aspectos legais e definido o programa de necessidades.
Com essas informações é possível fazer um primeiro estudo de viabilidade, sendo
estudadas algumas opções de projeto. Na fase seguinte é realizada a definição do projeto com
a realização do estudo preliminar e apresentação de uma imagem em 3D do projeto para
melhor compreensão do projeto pelo cliente.
Com as informações definidas no estudo preliminar, é realizada uma identificação com
as interfaces do projeto, já propondo soluções para possíveis problemas na compatibilização
do projeto.
Na etapa seguinte, é realizado do anteprojeto, onde o mesmo só é desenvolvido após a
aprovação do estudo preliminar pelo cliente. Com o anteprojeto elaborado, entra-se com
pedido de aprovação nos órgãos competentes.
Na etapa de detalhamento é realizado o fechamento dos projetos, executivo e
complementares, fase onde é realizada a compatibilização com todas as disciplinas do projeto.
Após a compatibilização, são realizados os detalhamentos necessários do projeto.
A etapa final é a entrega dos projetos e memoriais ao cliente para a formalização da
conclusão do projeto. De acordo com o que foi descrito acima, segue Figura 29, apresentado o
fluxo do processo de projeto tradicional do escritório de arquitetura.
116

Figura 29 – Estrutura do processo tradicional: estudo de caso D

Fonte: A autora (2012)

5.5.3 Descrição do Desenvolvimento do Projeto em BIM

O projeto em análise é um edifício comercial. Os dados foram obtidos através de um


primeiro contato telefônico com o coordenador do projeto, quando passou as primeiras
117

informações, após esse primeiro contato, os demais dados foram obtidos através do envio da
entrevista via e-mail.

5.5.3.1 Reunião com cliente e arquiteto

Para definição do partido do projeto, foram discutidas as várias especificidades


existentes ao longo de oito reuniões com o cliente, para definição do programa de
necessidades. Por se tratar de um grande projeto, com edifício comercial, estacionamento,
lojas, restaurantes e questões referentes à certificação LEED, o cliente participou das reuniões
de projeto.
Este escritório utiliza o software Revit desde a fase de estudo preliminar, acreditam
que é possível obter vantagens na utilização deste software desde a fase de concepção do
projeto.

5.5.3.2 Reunião com coordenador do projeto e arquiteto

Com a definição do programa de necessidades, iniciaram-se as reuniões com o


coordenador do projeto a fim de definir as estratégias do trabalho de coordenação, alinhando
com o arquiteto, questões relacionadas a cronograma de entrega de projeto, processos para
aprovação em órgãos legais, definição de prazos para demais projetistas, bem como definir o
prazo para entrega do orçamento do projeto.

5.5.3.3 Reunião com coordenador do projeto, equipe de projeto e consultoria da


certificação LEED

Como o cliente tinha a premissa a certificação LEED foram necessárias algumas


reuniões de projeto para definir quais os itens que seriam considerados e qual o tipo de
certificação que o projeto conseguiria alcançar.
A certificação LEED certifica um empreendimento com um selo de sustentabilidade
criando níveis de certificação conforme o atendimento aos padrões estabelecidos pela
instituição responsável pelo selo.

5.5.3.4 Reunião com coordenador do projeto, equipe de projeto e coordenador BIM

O cliente exigiu a utilização da tecnologia BIM por conhecer e acreditar que o projeto
teria benefícios com sua utilização. As reuniões foram realizadas para definir estratégias de
trabalho, como o planejamento dos projetos.
118

O escritório segue o planejamento da Penn State University, e adotou alguns padrões


para iniciar os projetos em BIM, conforme Quadro 14.

Quadro 14 – Planejamento BIM


PLANEJAMENTO BIM DEFINIÇÃO PARA O PROJETO
Definição dos objetivos do modelo Gerar 3D, realizar quantitativo e acompanhar
cronograma.
Forma de entrega do modelo Modelo será entregue ao cliente com todas as
informações disponíveis
Responsabilidades de todos os envolvidos no projeto Definição em reunião de qual pacote cada arquiteto
será responsável
Troca informações apenas pela intranet particular e
Procedimentos de comunicação
manter centralizadas essas informações com acesso
a todos
Troca de informações Salvar em IFC – observar pois perde algumas
informações
Níveis de detalhamento
Para esse projeto o nível de detalhe é 200
Fonte: Penn State University, adaptado pela autora (2012)

Verifica-se a importância da definição dos objetivos do modelo como ponto inicial do


projeto. Outra questão importante a ser definida é a forma de entrega do modelo ao cliente,
como será entregue esse modelo, com todas as informações de todas as disciplinas, e como
será feito o controle das alterações do projeto – controle da autoria das informações contidas
no modelo.
Dentro do planejamento existe ainda a definição das responsabilidades de todos os
envolvidos no projeto, onde são definidos os membros da equipe que irão desenvolver o
modelo, e o que cada um irá fazer. Com isso o projeto se desenvolve com maior rapidez, com
várias pessoas trabalhando em etapas diferentes, com a utilização do software é possível fazer
a união desses arquivos a cada etapa finalizada.
Para os procedimentos de comunicação do projeto, é importante definir como será
feito o controle dessa comunicação, como será feita a troca de informações, a definição de
qual tipo de arquivo será enviado, e por último o planejamento do nível de detalhamento.
Existem ainda outros padrões e guias para serem seguidos durante o desenvolvimento
do projeto, no entanto, não puderam ser apresentados neste trabalho, pois não houve a
autorização do escritório.

5.5.4 Caso D – Estrutura do Processo de Projeto Utilizando a Tecnologia BIM

De acordo com a descrição das etapas de trabalho que foram realizadas para
desenvolver o projeto em BIM, segue a Figura 30, apresentando em forma de fluxo a
descrição destas etapas.
119

Figura 30 – Fluxo do desenvolvimento do projeto


(Continua)

Figura 30 – Fluxo do desenvolvimento do projeto


(Conclusão)
120

Fonte: A autora (2012)

Para entender melhor o processo de processo foram criadas fases como: concepção
onde está incluído o processo de abertura, concepção do projeto e definição do programa de
necessidades, seguindo com a fase de definição onde está incluído o planejamento do projeto
as diretrizes para certificação LEED e o estudo preliminar.
A última fase é a de desenvolvimento onde estão o planejamento para o projeto ser
desenvolvido em BIM, os objetivos da modelagem, as formas de entrega do modelo, a
definição das responsabilidades da equipe de projeto, a troca de informações, o nível de
detalhe do projeto e por último o anteprojeto finalizado.

5.5.5 Implantação da tecnologia BIM e mudanças nos processos de trabalho

5.5.5.1 Apresentação dos resultados da entrevista do estudo de caso D

Instrumentos para o planejamento da empresa: objetivos, missão e expectativas com a


implantação do BIM.
Quais os objetivos principais da empresa para adotar a tecnologia BIM?

A grande maioria dos escritórios de arquitetura apresentam os mesmos problemas no


desenvolvimento dos projetos, neste escritório, o coordenador de projeto citou como um dos
grandes objetivos da implantação da BIM, a melhoria da qualidade dos projetos.
121

Com relação ao planejamento para implantação, a empresa incluiu em um dos itens de


sua missão o aprendizado contínuo de novas tecnologias, buscando sempre melhorar a entrega
de seus projetos.

Instrumentos para o planejamento da equipe: guias, treinamento e consultorias.


A empresa buscou algum Guia de Implantação para implantar o BIM na empresa?

Como se trata de um escritório consolidado e há muitos anos no mercado, possui


profissionais qualificados que buscam sempre novas tecnologias, e é essa equipe que através
de pesquisas acabou desenvolvendo o próprio guia do escritório para implantação da BIM.

Instrumentos para o planejamento da equipe: guias, treinamento e consultorias.


Definição da equipe a ser treinada.
A empresa mantém a equipe sempre atualizada, buscando novos cursos, palestras e
seminários na área?

Para a etapa de treinamento, o escritório escolheu três arquitetos para fazer o curso de
Revit, existe a atualização a cada dois meses, por meio de cursos, seminários ou encontros
semanais.

Definição do projeto a ser desenvolvido em BIM.


Como foi a escolha do primeiro projeto a ser desenvolvido em BIM?
Quais foram as maiores dificuldades encontradas no desenvolvimento deste primeiro
projeto?

O escritório tem um grande número de projetos em desenvolvimento no escritório e


optou por escolher um grande projeto residencial para desenvolver em BIM, para que pudesse
identificar o maior número de dúvidas possível, definiu-se por esse projeto por existir um
prazo maior de entrega.
Nesse projeto, e equipe de projetos teve dificuldades em entender o novo processo de
trabalho, tendo que buscar muitas informações na fase inicial de desenvolvimento.

Ferramentas e Sistemas
Qual o software utilizado para elaborar os projetos em BIM?
Teve conhecimento inicialmente da necessidade da aquisição de hardwares e softwares?

O arquiteto decidiu pelo software Revit, por ser da mesma empresa do Autocad, e ter
as interfaces do programa parecidas. Realizou a troca de todos os computadores ao longo de
um ano, após o início da utilização da tecnologia BIM.
122

A empresa buscou conhecer as mudanças que aconteceriam nos processos de trabalho


ao utilizar a tecnologia BIM ?
A composição de sua equipe de projeto mudou, após a implantação do BIM ?
Como era a sua equipe de projetos antes da implantação do BIM?

Com o desenvolvimento dos projetos, o coordenador de projeto identificou algumas


mudanças que ocorreram após a implantação da BIM, explicou que foi criada uma equipe de
apoio com quatro pessoas disponibilizadas totalmente para a implantação, treinamento,
melhoria contínua e suporte para as equipes de projeto, no entanto, antes a equipe era dispersa
e os projetos apresentavam várias falhas.

Processo de projeto
Com a adoção da tecnologia BIM é preciso maior número de informações do projeto na
fase inicial – estudo preliminar?
Para trabalhar com projetos em BIM vocês identificaram a necessidade de profissionais
com maior nível de qualificação? Por quê?

O coordenador de projeto comentou que é difícil encontrar profissionais qualificados


que realmente saibam trabalhar com o programa, e quando sabem, não conhecem o sistema
construtivo de um prédio ou uma casa. Ele sente a necessidade de profissionais com facilidade
com computador e novas tecnologias para dar conta das exigências do programa e do novo
processo de trabalho.

Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


bibliotecas, definição de níveis de informação, definição de novas fases, aspectos
contratuais e entregas do modelo.
Para a utilização nos projetos, foi desenvolvido “template” exclusivo do escritório?
Para a utilização nos projetos, foi desenvolvido biblioteca exclusiva do escritório?
Foi adotado um padrão para nomenclatura das famílias e objetos a serem desenvolvidos?

Como houve um planejamento e uma preocupação em desenvolver os projetos da


forma mais completa possível, a equipe de tecnologia do escritório desenvolveu desde o
primeiro projeto, os templates, de acordo com a necessidade do escritório, facilitando a
organização dos projetos, com a criação da padronização desse elemento, a atualização é
realizada da seguinte forma: converte-se a nova versão do programa, e atualizam-se as
famílias. O restante vai sendo realizado a atualização a cada novo projeto.
123

Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


bibliotecas, definição de níveis de informação, definição de novas fases, aspectos
contratuais e entregas do modelo.
O escritório tem um planejamento do que tem que ser modelado? De acordo com a fase do
projeto?
Como foram definidas as fases dos projetos e quais seriam essas fases?

Faz parte do planejamento para desenvolver projetos em BIM que o escritório tenha a
divisão dos projetos em fases, dessa forma, o escritório criou: a fase inicial, que poderia ser
definida como o levantamento de dados e estudo preliminar, após essa fase, vem o
desenvolvimento, que poderíamos definir como anteprojeto e projeto executivo e a última fase
que é a de documentos, onde são desenvolvidos memoriais, e toda a documentação do projeto.

Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


bibliotecas, definição de níveis de informação, definição de novas fases, aspectos
contratuais e entregas do modelo.
Principais barreiras para adoção da tecnologia BIM.
Reflexões sobre as tendências do BIM para o futuro.

O arquiteto citou as principais barreiras encontradas e suas impressões sobre o BIM no


futuro. Ele cita como principais barreiras, convencer a diretoria do escritório mudar de
software, mudando processos de trabalho, trazendo inicialmente alguns prejuízos, citando
ainda o alto custo de equipamentos para manter esses novos projetos.
Apesar disso ele acredita que o BIM marca uma data importante na história em que a
tecnologia se afirma imprescindível e fundamental para toda a cadeia da construção civil.

5.5.6 Considerações Gerais Sobre o Estudo de Caso D

A estrutura da empresa é de grande porte, com equipe técnica própria desenvolvendo


os projetos em BIM, mantendo sempre a atualização com treinamentos constantes. A
implantação do BIM encontra-se em estágio avançado, tendo o escritório um planejamento
para que em alguns anos todos os projetos sejam desenvolvidos em BIM.
No Quadro 15 segue o panorama geral do estudo de caso D.
124

5.6 ANÁLISE COMPARATIVA DOS ESTUDOS DE CASO

A análise dos estudos de caso foi realizada pela análise qualitativa das informações
que foram coletadas nos escritórios e obtidas por meio das entrevistas e das observações feitas
pela autora.
Nesta análise qualitativa apresenta-se o panorama geral dos estudos de caso, dados
gerais da empresa, dados da estrutura da empresa, dados do processo de projeto, dados da
implantação da tecnologia BIM, treinamento, planejamento, mudanças no processo, etapas do
projeto, além de desenvolvimento de padrões no escritório.
Ao final do capítulo são apresentadas as considerações finais sobre a análise da
implantação da tecnologia BIM nos escritórios investigados e dos processos de projeto.

5.6.1 Panorama Geral dos estudos de caso

O panorama geral da análise qualitativa foi realizado pela compilação dos dados de
cada empresa, suas atividades e planejamentos realizados. O Quadro 15 apresenta o panorama
geral da análise qualitativa.
125

Quadro 15 – Panorama geral dos estudos de caso


(Continua)
PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS DE CASO

INFORMAÇÕES COLETADAS ESTUDO A ESTUDO B ESTUDO C ESTUDO D


Ano de fundação -1992 -1981 - 2000 - 1962
DADOS E ESTRUTURA DA

Localidade - Cuiabá/MT - São Paulo/SP - Goiânia/GO - São Paulo/SP

Serviços mais realizados no escritório - Projetos de condomínios; - Projetos residenciais; - Projetos residenciais; - Projetos de urbanismo;
EMPRESA

- Projetos de urbanismo. - Edifícios comerciais; - Edifícios comerciais; - Edifícios comerciais;


- Edifícios saúde; - Projetos industriais; - Edifícios saúde;
- Projetos de urbanismo. - Projetos culturais.

Equipe técnica - 13 arquitetos - 65 arquitetos - 01 arquiteto - 70 arquitetos


- 05 estagiários - 20 arquitetos de interiores - 02 engenheiros civis - 10 estagiários
- 21 desenhistas - 03 estagiários
- 10 estagiários

Coordenador de projetos BIM - Teve assessoria de um - Líder BIM - Não possui - Coordenador BIM
BIM NO DESENVOLVIMENTO

coordenador para o projeto


específico citado neste
trabalho
DO PROJETO

Definições do plano de modelagem - Objetivos do modelo -Objetivos do modelo - Fases que serão - Objetivos do modelo
- Níveis de detalhe - Nome do modelo modeladas - Forma de entrega do
- Etapas a serem - Conteúdo - Níveis de detalhamento modelo
desenvolvidas - Estágio do projeto - Classificação dos - Responsáveis pelo
- Classificação dos - Autoria do projeto detalhamentos modelo
detalhamentos - Criação do projeto - Procedimentos de
- Responsáveis pelo modelo - Níveis de detalhe comunicação
- Controle de qualidade - Classificação dos - Troca de informações
detalhamentos - Níveis de detalhe
126

Quadro 15 – Panorama geral dos estudos de caso


(Continuação)
PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS DE CASO

INFORMAÇÕES COLETADAS ESTUDO A ESTUDO B ESTUDO C ESTUDO D


Objetivos para implantação - Minimizar erros nas - Melhorar qualidade do - Diminuir prazos de - Melhorar qualidade do
modificações de projeto projeto entrega projeto.
- Aumentar a rapidez na - Auxiliar nas modificações - Melhorar apresentação - Compatibilizar as
elaboração dos projetos e de projeto dos projetos disciplinas envolvidas no
PLANEJAMENTO PARA IMPLNATAÇÃO BIM

qualidade - Automatizar fluxos de - Auxiliar nas modificações projeto.


- Compatibilizar as trabalho de projeto
disciplinas envolvidas no - Compatibilizar as - Compatibilizar as
projeto. disciplinas envolvidas no disciplinas envolvidas no
projeto. projeto.
Guia de implantação Não possui O departamento de Desenvolveu seu próprio A equipe de tecnologia
tecnologia desenvolveu um guia baseado em desenvolveu um guia
guia para o escritório informações pesquisadas. baseado em informações
pesquisadas.

Treinamento da equipe - Arquitetos fizeram curso de Arquitetos fizeram curso de - Arquitetos fizeram curso Arquitetos fizeram curso de
Revit Revit. de Archicad Revit.
- Dificuldades em manter-se - Encontros semanais para - Dificuldades em manter- - Treinamento a cada três
atualizados. troca de dicas e se atualizado meses.
informações.

Dificuldades encontradas - Entender o novo processo - Entender o novo processo - Entender o novo processo - Entender novo processo
de trabalho. de trabalho de trabalho de trabalho
- Falta de projetos finalizados - Dificuldades do próprio - Dificuldades do próprio - Dificuldades do próprio
para pesquisa. software software software
- Falta de template e
biblioteca organizadas
127

Quadro 15 – Panorama geral dos estudos de caso


(Continuação)
PANORAMA GERAL OS ESTUDOS DE CASO

INFORMAÇÕES COLETADAS ESTUDO A ESTUDO B ESTUDO C ESTUDO D


Configuração da equipe técnica antes Equipe dispersa, várias Falta de comunicação. Trabalho lento. Equipe dispersa com várias
da tecnologia BIM pessoas trabalhando no Demora para alteração dos Menor qualidade de falhas durante o
mesmo projeto. Falta de projetos. acabamento. desenvolvimento dos
comunicação com vários Erros de projeto que são projetos.
PROCESSO DE PROJETO

erros de projeto. observados apenas durante Falta de comunicação,


a obra. gerando retrabalhos.

Configuração da equipe técnica depois Equipe trabalhando de forma Criação do administrador A relação com cliente ficou Equipe trabalhando de
da tecnologia BIM conjunta. de modelos - define todos mais clara, através do forma conjunta. Foi criada
os passos do projeto em 3D. uma equipe de apoio com
desenvolvimento do projeto A equipe desenvolve quatro pessoas para a
e passa as diretrizes para a projeto em menor prazo. melhoria contínua dos
equipe técnica. projetos.

Exigência de profissionais mais Sim. Maior conhecimento de Sim. Maior conhecimento Sim. Profissionais com Sim Profissionais com
qualificados projeto e execução técnico estratégias de modelagem. conhecimento em novas
tecnologias.

Desenvolvimento de template Não Sim Sim Sim


PROCEDIMENTOS DE

Desenvolvimento de biblioteca Não Sim Sim Sim


TRABALHO

Desenvolvimento padrão para os Não Sim Não Sim


nomes dos arquivos, bibliotecas e
famílias.
Planejamento de modelagem Em processo de estruturação Sim. Estudo Preliminar De acordo com o projeto Fase inicial
LOD 100, Anteprojeto define-se o que será Fase de desenvolvimento
LOD 200 e Executivo LOD modelado. Fase de documentos
300
128

Quadro 15 – Panorama geral da análise comparativa


(Conclusão)
PANORAMA GERAL DA ANÁLISE QUALITATIVA

INFORMAÇÕES COLETADAS ESTUDO A ESTUDO B ESTUDO C ESTUDO D


Software utilizado Revit Revit Archicad Revit
INFORMAÇÃO
TECNOLOGIA

Novos equipamentos Adquiriu novos Adquiriu novos Adquiriu novos Adquiriu novos
DA

equipamentos. equipamentos equipamentos. equipamentos

Barreiras para implantação -Custo elevado para - Custo elevado - Custo elevado para - Necessidade de alto
aquisição de novas máquinas implantação. aquisição de novas investimento
- Necessidade da criação de - Dificuldade de máquinas. - Retirada de todos os
PROCEDIMENTOS DE TRABALHO

uma template. compreensão do termo envolvidos no projeto das


- Falta de incentivo por parte BIM por parte dos respectivas zonas de
dos arquitetos diretores para contratantes. conforto.
capacitar uma equipe BIM.
- Dificuldade no uso do
software.

Reflexões sobre futuro - Ferramenta que diminuirá - Aprimoramento da - Ferramenta que diminuirá - Forma de trabalho cada
erros de projeto e de obra utilização, popularizando erros de projeto e de obra vez mais colaborativa e
- Maior facilidade para sua utilização. - Maior facilidade para com novas tecnologia que
realizar compatibilização e - A nova forma de trabalhar realizar compatibilização e irão permitir a
gerar tabelas de é irreversível, com gerar tabelas de interatividade entre mais
quantificação. inúmeras vantagens, quantificação. áreas como a incorporação,
aumentando qualidade dos vendas, pós-vendas, etc.
projetos.

Fonte: A autora (2012)


129

Conforme apresentado no Quadro 15, o processo de projeto utilizando a tecnologia


BIM nos quatro escritórios sofreu mudanças que podem ser consideradas significativas
quando comparado com o processo de projeto tradicional.
Nas seções a seguir é apresentada uma análise dos casos estudados, na tentativa de se
chegar a conclusões, confirmar situações consideradas comuns e também situações ou
posturas realmente distintas.

5.6.2 Estrutura das empresas e características do processo de projeto tradicional

As quatro empresas analisadas possuem estruturas diferentes, o que possibilitou


identificar que apesar do tamanho do escritório, as dificuldades, objetivos e busca por melhor
qualidade dos projetos apresentam algumas semelhanças.
A empresa A é um escritório de projetos de arquitetura de médio porte e está em fase
de implantação da BIM. Ela possui uma grande vantagem em relação às demais, pois teve
assessoria de uma empresa especialista na área que contribuiu com muitas informações para a
equipe de projetos. A empresa B, também de grande porte, encontra-se em estágio avançado,
com processo consolidado e planejamentos definidos. Isto mostra que é possível através de
um bom plano, conseguir alcançar a eficiência em projetos desenvolvidos com a tecnologia
BIM apesar das dificuldades encontradas no início.
A empresa C que é um escritório de pequeno porte, representa grande parte dos
escritórios de arquitetura brasileiros, em que o arquiteto é proprietário do escritório e também
quem desenvolve todos os projetos, com auxílio de estagiários. Esse tipo de escritório acaba
encontrando maiores dificuldades, pois não está preparado financeiramente para investir em
novas tecnologias, equipamentos necessários e treinamentos. No entanto, a empresa C
demonstrou que é possível conseguir informações e avançar na utilização da tecnologia BIM
em projetos de arquitetura.
A empresa D é um escritório de arquitetura de grande porte e que tem conseguido
grandes resultados em seus projetos. Possui uma equipe técnica específica para desenvolver
projetos utilizando BIM. Isto permite obter um rápido retorno em termos de resultados, uma
vez que os profissionais foram qualificados e receberam treinamento na tecnologia BIM.
Comparando as quatro empresas, pode-se concluir que os escritórios com mais
recursos físicos, financeiro e humano, obtém maior retorno se empregar novas tecnologias em
projetos de arquitetura.
130

Outra conclusão é a de que existe uma barreira cultural que muitas vezes acaba sendo
mais forte do que a própria condição do escritório em investir em cursos ou equipamentos. Ou
seja, os escritórios de arquitetura de pequeno porte precisam entender que qualquer processo
novo no início acaba trazendo custos excedentes, mas que isso não impede a evolução no
desenvolvimento dos projetos. Assim, o volume de despesas iniciais deve ser tratado como
investimento.
Com relação ao processo de projeto tradicional, foi identificada a necessidade de
apresentar essas informações uma vez que os escritórios utilizam o processo de projeto
tradicional como base para realizar as mudanças necessárias, quando passa a utilizar a
tecnologia BIM no desenvolvimento de seus projetos de arquitetura. Segue abaixo a figura 31
com a apresentação do processo de projeto das quatro empresas investigadas.

Figura 31 – Processo de projeto tradicional – Empresas investigadas

Fonte: A autora (2012).


É possível perceber muitas semelhanças nos processos, pois a maioria dos escritórios
de arquitetura utiliza as etapas definidas pelo processo proposto pela AsBEA (2000). Foi
realizada uma survey a fim de identificar quais os modelos de processo de projeto mais
131

utilizados pelos escritórios de arquitetura brasileiros. A survey foi enviada por meio de e-
mails e redes sociais e foram obtidas cinquenta respostas. Quando questionado aos escritórios,
se utilizavam roteiros para desenvolver seus projetos, de cinquenta escritórios, trinta e oito
responderam que sim (Figura 32), só que na maioria dos casos, os roteiros foram criados
pelos próprios.

Figura 32 – Escritórios que utilizam roteiros para desenvolver seus projetos

Existe algum roteiro para iniciar um projeto em seu escritório?

Fonte: A autora (2012).

Figura 33 – Criação do roteiro de processo de projeto

Você criou esse roteiro?

Fonte: A autora (2012).

O conhecimento dos escritórios em seguir um modelo de processo de projeto existente


não é muito expressivo, sendo que os que seguem, se baseiam na AsBEA e no PMI (Project
Management Institute) sendo este último relacionado a gestão dos projetos.
132

Figura 34 – Conhecimento dos escritórios em modelos de processo de projeto.

Você adequou de algum roteiro existente? Qual?

Fonte: A autora (2012).

Apesar da maioria dos escritórios não ter conhecimento sobre modelos de processo de
projeto criados por pesquisadores da área a fim de otimizar os processos de trabalho, quando
perguntados sobre a eficiência de um modelo bem desenvolvido na elaboração dos projetos, a
maioria concordou que um modelo pode trazer resultados positivos ao escritório de
arquitetura.

Figura 35 – Eficiência de um modelo de processo de projeto.

Você acredita que seguir um modelo bem desenvolvido pode aumentar a eficiência do processo de
projeto?

Fonte: A autora (2012)

Com isso conclui-se que apesar da falta de iniciativa dos escritórios de arquitetura em
buscar melhores práticas de trabalho, existentes na literatura, nessa pesquisa, a maioria
concordou que a adoção de um modelo de processo de projeto traz benefícios ao
desenvolvimento dos projetos nos escritórios.
133

5.6.3 Considerações sobre o desenvolvimento dos projetos com o uso da tecnologia BIM

A função de coordenador de projetos BIM existe nas empresas A, B, e D. Na empresa


B, este profissional é identificado como Líder BIM. Na empresa C não existe um responsável
específico com funções relacionadas à BIM. Como se trata de um escritório de pequeno porte,
essa função é exercida pelo arquiteto diretor.
Na empresa A, a contratação de um coordenador BIM se deu no momento em que o
escritório recebeu as diretrizes para a coordenação dos projetos de uma empresa construtora
contratada pelo cliente. Com essa experiência, o arquiteto diretor identificou a necessidade de
contratar um coordenador BIM para o escritório.
Pode-se concluir desses dados que para uma eficiente implantação da tecnologia BIM,
é de fundamental importância, a existência do papel do Líder BIM, pois é este profissional
que irá coordenar o desenvolvimento dos projetos, a equipe técnica, assim como, identificar
as necessidades do projeto, e o que precisa ser modelado.
Além disso, é sua função criar os níveis de detalhamento e controlar a equipe de
projetos de arquitetura para que o modelo de arquitetura seja finalizado com qualidade. Nos
escritórios de pequeno porte, essa função pode ser exercida pelo arquiteto diretor do
escritório, pois é ele que cria o planejamento e desenvolve os projetos.
Quanto à definição do plano de modelagem, a empresa A, possui um plano com
grande número de informações a serem definidas para o modelo. Devido ao fato da empresa
A receber assessoria de uma empresa especializada, ela já está em processo de estruturação
para criar o seu próprio plano de modelagem.
A empresa D, possui um plano de modelagem completo, o qual define o projeto
quanto às fases: inicial, desenvolvimento e documentos. Acredita-se que isto deve ao fato de o
escritório ser de grande porte e ter um departamento de tecnologia BIM mais desenvolvido.
A empresa C não possui um plano de modelagem. No entanto costuma definir as fases
do projeto que serão modeladas de acordo com as necessidades de cada projeto. Além disso, a
empresa C definiu o que será detalhado e buscou definir uma classificação para os
detalhamentos a serem realizados. Como a empresa D é um escritório de grande porte,
desenvolveu seu plano de modelagem desde o início da implantação de BIM. Este processo
envolveu a criação dos níveis de detalhe: Estudo preliminar (LOD 100), Anteprojeto (LOD
200) e Executivo (LOD 300).
Pode-se concluir que são os escritórios de maior porte que elaboraram plano de
modelagem detalhado, com informações relacionadas a todo o desenvolvimento do projeto.
134

Isto é importante, pois através do plano de modelagem que o escritório conseguirá identificar
o que será preciso mudar em seu processo de trabalho, e como serão desenvolvidos os
modelos de arquitetura.

5.6.4 Considerações Sobre o Planejamento para Implantação da Tecnologia BIM

Conforme pode ser observado no Quadro 15, as quatro empresas investigadas


definiram objetivos de BIM: (a) melhorar a qualidade de seus projetos; (b) realizar a
compatibilização entre disciplinas; e (c) aumentar a rapidez no desenvolvimento dos projetos.
A empresa B acrescenta como objetivo a (d) automação dos fluxos de trabalho.
As maiores dificuldades encontradas pelas quatro empresas durante a fase de
implantação de BIM são: (a) entender o novo processo de trabalho, (novas definições, novos
requisitos); (b) a mudança de processo de trabalho do escritório; (c) não possuir o domínio na
utilização do software e (d) atrasos na entrega dos primeiros projetos.
Com relação à utilização de guias de implantação disponíveis, nenhuma das quatro
empresas os utilizou, nem mesmo de forma parcial. Todas criaram seus próprios guias,
buscando informações em estudos acadêmicos e na experiência da própria equipe. No caso A,
houve o auxílio de uma empresa que prestou assessoria. Esta empresa consultora desenvolveu
o guia adotando conceitos do guia da Penn State University.
Os resultados da pesquisa apontam que as empresas investigadas buscam um
planejamento quanto à adoção de tecnologias de informação para processo de projeto de
arquitetura. Porém desconhecem a existência de guias de implantação de BIM publicados em
países onde esta tecnologia é mais difundida.
Nas empresas B e D que possuem equipe e procuram se atualizar por meio de cursos,
fóruns e troca de informações com outros usuários para manter-se atualizados. Contudo as
empresas A e C, que são de porte menor, preferem se basear na experiência profissional, que
geralmente é a do arquiteto responsável pelos projetos.
Quanto aos treinamentos da equipe de projeto, as empresas A e C demonstram
dificuldades em manter-se atualizada, por não oferecer treinamento contínuo aos arquitetos.
Em razão disso os arquitetos tem buscado seu aprendizado na tecnologia BIM de forma
individual. Por outro lado a empresa B, que possui um departamento de tecnologia promove
encontros semanais para troca de ideias e novas informações com todos os usuários do
escritório. A empresa D que possui uma equipe de tecnologia e oferece treinamento a cada
três meses, mantem toda sua equipe técnica sempre atualizada.
135

Pode-se concluir que essas iniciativas trazem benefícios aos escritórios uma vez que a
tecnologia de informação evolui constantemente, e por meio da educação continuada dos
profissionais, a empresa mantém o processo BIM e se torna competitiva no mercado.

5.6.5 Considerações Sobre a Tecnologia da Informação

Quanto aos softwares e aplicativos, as empresas dos casos A, B e D, adotam o


software Autodesk Revit® para desenvolver seus modelos de arquitetura, a empresa C adota o
software Grafisoft Archicad®.
Contudo, as empresas investigadas sentem a necessidades de troca de equipamentos
para utilização da tecnologia BIM, uma vez que os arquivos dos modelos contêm muitas
informações e tornam os computadores lentos, e consequentemente aumenta o tempo de
espera para realização do salvamento ou abertura dos arquivos. A previsão de compra de
novos equipamentos para suportar projetos em BIM deve estar prevista no plano de
implantação, daí sua importância.

5.6.6 Considerações Sobre o Processo de Projeto

As empresas A, B e D caracterizaram suas equipes técnicas antes da implantação da


tecnologia BIM como dispersas, havendo falta de comunicação e variados erros de projeto.
Na empresa C o desenvolvimento de projetos era lento e com menor qualidade de
apresentação.
Com relação à implantação da tecnologia BIM, na empresa A, a equipe trabalha de
forma conjunta, em razão da própria necessidade do software em oferecer a possibilidade de
vários projetistas trabalharem no mesmo arquivo. Na empresa B houve a necessidade da
criação de um administrador de modelos, para definir o desenvolvimento do projeto e passar
as diretrizes para a equipe técnica.
Na empresa C, a relação com o cliente ficou mais clara, pois o modelo virtual do
projeto foi apresentado desde o início para o cliente. Na empresa D criou-se uma equipe de
apoio para melhor desenvolvimento dos projetos. De uma forma geral, o emprego de BIM
está propiciando a formação de equipes cujos membros são mais integrados e colaborativos.
Quanto ao processo de projeto, as empresas A e B passaram a exigir profissionais com
maior conhecimento de projeto e execução. A empresa C identificou a necessidade de
profissionais com capacidade de desenvolver a modelagem de arquitetura de forma completa,
136

conseguindo as informações necessárias ao projeto. Na empresa D há necessidade de


profissionais com conhecimentos sobre novas tecnologias de informação.
Pode-se concluir que os escritórios de arquitetura sentem a necessidade de contratar
profissionais com um novo perfil. Ou seja, projetistas de arquitetura com experiência em
construção e conhecimento de processos construtivos e, modelagem de arquitetura.
No entanto, para se alcançar este objetivo é preciso iniciar uma transformação no
ensino de arquitetura, ensinando aos alunos o desenvolvimento de projeto com a utilização da
tecnologia BIM. Caso contrário, essa tecnologia corre o risco de ser adotada apenas por
grandes escritórios, que possuem a capacidade de treinar seus próprios arquitetos.

5.6.7 Considerações Sobre os Procedimentos de Trabalho

Apenas as empresas B, C e D desenvolveram templates buscando informações com


profissionais especializados e de acordo com as necessidades do escritório. Essas empresas
também desenvolveram bibliotecas para seus projetos. Apenas as empresas B e D
desenvolveram padrões para nomes de arquivos, bibliotecas e famílias, criando essas
padronizações e mantendo os arquivos organizados desde o início da implantação de BIM.
Conclui-se que é necessário elaborar padrões antes do início do desenvolvimento do
projeto piloto, o qual deve ser de um projeto já construído e do próprio escritório. Nesse
projeto piloto a equipe de projeto pode desenvolver o template de acordo com os padrões do
escritório, identificar as principais bibliotecas que precisaram ser criadas e fazer o
planejamento dos nomes dessas bibliotecas, dos arquivos e das famílias.
Com a criação de um projeto piloto fica mais fácil desenvolver um novo projeto BIM,
uma vez que os padrões estão desenvolvidos, facilitando o desenvolvimento de futuros
projetos.

5.6.8 Considerações Sobre a Análise Comparativa

Com a realização da análise comparativa foi possível identificar as necessidades de um


escritório de arquitetura, quanto ao planejamento e desenvolvimento de projetos em BIM.
Vários pontos abordados mostram que é necessário conhecer os conceitos da
tecnologia BIM antes de sua implantação. O profissional responsável pela implantação de
BIM deve buscar informações relacionadas a novos processos de trabalho, aquisição de novos
equipamentos, elaboração de padrões BIM e treinamentos para a equipe de projeto.
137

Se os projetistas de arquitetura não entenderem os conceitos de BIM, utilizarão esta


tecnologia apenas como uma ferramenta que pode gerar desenhos automaticamente e,
consequentemente, estes projetistas não aproveitarão todo o seu potencial.
É preciso conscientizar os proprietários de escritórios de arquitetura que a utilização
de novas tecnologias, traz benefícios. No início esta implantação irá gerar custos e atrasos nos
projetos, no entanto, em médio prazo, pode tornar o escritório mais competitivo em um
mercado tão concorrido.
Apesar das dificuldades encontradas no início da implantação, as empresas
investigadas são unânimes em afirmar que a adoção da BIM é irreversível, não somente para
que os escritórios aumentem a qualidade dos seus projetos, mas, sobretudo, que sobrevivam s
novas exigências do mercado.
138

CAPÍTULO 6
6 PROPOSTA DO MODELO DE PROCESSO DE PROJETO UTILIZANDO A
TECNOLOGIA BIM

6.1 CONTEXTO

No Capítulo 5 foram apresentados os resultados das análises dos estudos de casos


realizados. Este capítulo apresenta a proposta para planejamento da implantação nos
escritórios de arquitetura e um modelo para o processo de projeto utilizando a tecnologia
BIM, com base nas informações obtidas durante a pesquisa.

6.2 PLANEJAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO DA TECNOLOGIA BIM

Para a elaboração do planejamento para implantação da BIM em escritórios de


arquitetura, foi utilizada toda a base teórica desta pesquisa, direcionando para a tecnologia
BIM e seus processos de trabalho. Complementando a pesquisa bibliográfica, foram
utilizados todos os dados compilados nos estudos de caso, bem como os resultados da análise
comparativa. Por fim, foram utilizadas as percepções da autora adquiridas ao longo da
pesquisa, auxiliando no fechamento da presente proposta de planejamento.
A Figura 36 apresenta um melhor entendimento da estrutura deste planejamento e
proposta para modelo.
139

Figura 36 – Estrutura do planejamento e proposta do modelo de processo de projeto em BIM

FASE DE
CONCLUSÃO

Fonte: A autora (2012).

Foram definidas as etapas de planejamento conforme estão fundamentadas nos guias


de implantação existentes. No decorrer da revisão bibliográfica, foram identificados os
melhores guias de implantação da tecnologia BIM tais como: Building Execution Planning
(2010) da Penn State University, Plano de Implantação BIM (2011) da Autodesk, Guia dos
Contratantes para BIM (2009) e Guia da Associação da Indústria da Construção do Reino
Unido (2009).
Com os guias da Penn State e da Autodesk, verificou-se a existência de citações de
autores brasileiros que pesquisam sobre a tecnologia BIM (podendo ser citado o Prof.
Eduardo Toledo, da Universidade de São Paulo, que realizou uma apresentação no evento
TIC- Tecnologias da informação na construção civil em 2011, apresentando o guia de
implantação da Penn State University).
Estes guias foram escolhidos como referência principal para a concepção do
planejamento. Segue abaixo, a relação dos processos descritos para planejamento BIM
apresentados pelo Building Execution Planning (2010) e pelo Guia BIM (2011) da Autodesk.
• Estratégia: definição da missão, metas e objetivos da empresa.
140

• Usos: definição das estratégias específicas para implantação: como será


comunicação entre equipes, a execução do modelo e o gerenciamento de
informações.
• Processo: meios e métodos pelos quais o BIM será realizado, incluindo
compreensão dos processos de trabalho atuais e desenvolvimento de novos
processos.
• Informação: definição de como serão repassadas todas as informações do modelo,
o desenvolvimento.
• Infraestrutura: recursos necessários para apoiar a implementação BIM, incluindo
software e hardware.
• Equipe: novos papéis, responsabilidades, estrutura da equipe ou hierarquia e
programação de treinamentos.

A realização da análise comparativa dos estudos de caso, trouxe grande contribuição


para a elaboração deste planejamento, por meio da compilação dos dados, reuniões,
apresentações, bem como dos resultados dos questionários que foram respondidos pelos
escritórios de arquitetura.
Com a base teórica e a participação ativa, ou seja, o envolvimento da autora deste
trabalho no estudo de caso A, analisando e vivenciando o desenvolvimento dos projetos e
reuniões de planejamento, foi possível definir diretrizes que podem auxiliar os escritórios de
arquitetura na elaboração deste planejamento.

6.3 ETAPAS DO PLANEJAMENTO

Nas seções seguintes descreve-se cada etapa, bem como os procedimentos necessários
para a elaboração de cada item do planejamento.

6.3.1 Identificar Usos e Objetivos para o BIM

Como qualquer novo processo, a implantação da BIM dentro de um escritório terá


uma curva de aprendizado associada. Em razão disso, é importante existir um planejamento
adequado, pois a falta de familiaridade com a tecnologia pode trazer riscos para a
implantação, como o atraso na entrega de projetos.
É importante definir elementos de planejamento, tais como as metas e objetivos
(Quadro 16) que a empresa busca ao implantar a tecnologia BIM, proporcionando maior
141

clareza ao processo, e assim reduzindo riscos para o escritório. Isso pode ser feito através de
reuniões com a equipe de projetos, que definirá, a partir do projeto selecionado, quais são as
suas necessidades para a utilização da tecnologia.

Quadro 16 – Exemplos de objetivos e prioridades BIM

Prioridade Descrição objetivo Uso potencial da BIM


(de 1 a 3)
Revisões nos projetos de
1 Redução do cronograma de desenvolvimento de projeto
arquitetura
2 Aumentar a eficiência do projeto Coordenação em 3D
1 Eliminar conflitos de arquivos Coordenação em 3D
Nível de prioridade: 1.Alta; 2.Média; 3.Baixa

Fonte: A autora (adaptado de Building Execution Planning, 2010).

Outra questão importante a ser definida é como a BIM será utilizada nos projetos, com
o objetivo de melhorar os processos internos de trabalho, deixando claras as atividades dos
membros da equipe e a experiência necessária para cada etapa do projeto (Quadro 17).

Quadro 17 – Exemplo de uso do BIM

USO DO BIM
Responsáveis
Nível
FASE DO IMPLANTAR Líder Outros Experiência
Comentários
PROJETO (S/N/ Talvez) principal participantes (1-3) 3=
Alto
Definir níveis de
Criação do projeto Sim Arquiteto Equipe Projeto 3
detalhamento
Consultor Equipe projeto Definir qual tipo de
Certificação LEED Sim 3
LEED Arquiteto certificação
Modelar as informações
Engenheiro
de acordo com as
Estimativa de custo Sim Arquiteto orçamentista 3
necessidades de
Equipe projeto
quantitativos.
Fonte: A autora (adaptado de Building Execution Planning, 2010).

6.3.2 Planejar Níveis de Maturidade BIM

Ao implantar a BIM em um escritório, é difícil estabelecer até onde será possível


utilizar a tecnologia e os prazos estabelecidos. Com a criação de um planejamento de nível de
maturidade (como mostrado no Quadro 18) é possível estabelecer o nível desejado para cada
utilização da BIM, facilitando a organização e previsão de treinamentos, aquisição de novos
equipamentos, criando as condições necessárias previamente.
142

Quadro 18 – Exemplo de maturidade BIM

Nível de Maturidade Descrição


0- Não existente A implantação da BIM ainda não foi incorporada aos processos de projeto atuais e
ainda não tem metas e objetivos estabelecidos,
1- Inicial O início do processo já produz resultados com os objetivos específicos definidos.
No entanto, o processo de trabalho ainda não é satisfatório. O ambiente de
trabalho ainda não foi estabelecido com os novos processos.
2- Gestão O processo já é planejado e executado de acordo com o planejamento realizado. Já
possui pessoas qualificadas e possuem recursos adequados para o trabalho. Os
processos já são monitorados, controlados e revistos.
3- Definição O processo é feito sob medida para os padrões da organização, em concordância
com as diretrizes do escritório. Existe uma descrição estabelecida que é seguida,
todos os projetos servem de experiência para aprimoramento do trabalho.
4- Gestão de quantitativos São geradas estatísticas a partir de projetos desenvolvidos, buscando aumentar a
qualidade e o desempenho dos objetivos definidos no início da implantação.
Neste nível de maturidade, são identificadas ações corretivas.
5- Otimização O processo passa por melhoria contínua através de processos inovadores e
melhorias tecnológicas baseados em quantitativos gerados constantemente.
Fonte: A autora (adaptado de Building Execution Planning, 2010).

É importante que os escritórios consigam trabalhar plenamente em cada nível definido.


Não é recomendado tentar passar ao nível mais alto sem primeiro alcançar e ter sucesso nos
níveis mais baixos.

6.3.3 Processo de Projeto BIM

Avançando no planejamento, é essencial entender e documentar o processo de projeto


atual do escritório. Essa tarefa trará uma compreensão global dos processos realizados pela
equipe e auxiliará no processo de transição para a tecnologia BIM.
Os processos do escritório deverão ser documentados por meio de reuniões, pelo
responsável para cada equipe do escritório ou pela observação de tarefas do dia a dia.
Estes registros do processo devem ser elaborados usando preferencialmente algum tipo
de mapeamento de processo definido em reuniões pela equipe do escritório. O mapa após
definido deve ser revisado e corrigido até representar o fluxo de trabalho do escritório.
Para realizar o mapeamento recomenda-se adotar o Building Execution Planning
(2010) que cita dois importantes passos:
1) Elaborar um mapa com a visão geral do processo de projeto do escritório;
2) Elaborar mapas detalhados, com a sequência dos processos que serão executados,
Nestes mapas também pode ser considerado os responsáveis por cada processo,
qual o conteúdo da informação, como são as trocas de informações e o que será
compartilhado com outros processos, conforme exemplo na Figura 37.
143

Figura 37 – Exemplo de processo de projeto mapeado – elaboração de maquete virtual

Fonte: A autora (adaptado de Building Execution Planning, 2010)

Com os processos definidos é preciso revisar e definir a integração da BIM. Para isto é
necessário incluir, substituir ou adicionar processos dentro do mapa. Com essa integração é
possível identificar as necessidades como a compra de software, treinamento, criação de
orientações de novos processos e verificações.

6.3.4 Troca de Informações

Após o desenvolvimento dos mapas de processos, é preciso entender como serão


realizadas as trocas de informações entre os projetistas da equipe. Para isso, a equipe precisa
entender como cada informação é necessária para utilização da tecnologia BIM e quem é o
responsável por controlar essas trocas de informação (Quadro 19).
Quadro 19 – Exemplo de responsáveis pelo modelo
144

RESPONSÁVEIS

ARQ Arquiteto
COM Construtora
TER Terraplanagem
GF Gerente de Facilities
INST Projetista de Instalações
EST Engenheiro de Estruturas

Fonte: A autora (adaptado de Building Execution Planning, 2010).

Para determinar as informações para cada equipe de trabalho, segundo o Building


Execution Planning (2010) existem duas questões principais que devem ser abordadas:
1) Que elementos da construção serão controlados? E quais informações seriam
necessitam ser acompanhadas?
2) Qual o nível de desenvolvimento para cada elemento do modelo?
Quando um elemento é identificado como importante para o desenvolvimento do
modelo, é preciso determinar qual deve ser o nível de detalhe (NDD11) necessário para
conseguir extrair todos os benefícios deste modelo.
É preciso criar uma classificação para os níveis de detalhamento de um projeto, o
Quatro 20 mostra um exemplo criado pela AIA (The American Institute of Architects),
quadro este que não é um padrão, sendo importante cada escritório criar o seu ou adotar
algum existente, elaborado por alguma organização da indústria.

Quadro 20 – Exemplo de níveis de detalhamento


NÍVEL DE DETALHE (NDD) DESCRIÇÃO
NDD 100 Construção geral, com indicativo de área, altura, volume, localização e
Esquema do projeto orientação que podem ser modelados em 3D
NDD 200 Os elementos do modelo são modelados de forma geral, ou com
Modelo de desenvolvimento de projeto quantidades aproximadas, tamanho, forma, localização e orientação.
NDD 300 Os elementos do modelo são modelados como conjuntos específicos,
Modelo de documentação da precisos em termos de quantidade, tamanho, forma, orientação e
construção localização.
NDD 400 Os elementos do modelo são modelados como conjuntos específicos e
Modelo da construção informações precisas de tamanho, forma, localização, quantidade e
orientação com informações sobre fabricação, montagem e detalhamento
da construção.
NDD 500 Os elementos são modelados como conjuntos construídos reais e precisos
Registro do modelo em termos de tamanho, forma, localização, orientação, quantidade.
Fonte: A autora (adaptado de Building Execution Planning, 2010).

11
Abreviatura adotada pela autora, em substituição à abreviatura em inglês LOD (Level of Detail)
145

6.3.5 Infraestrutura Necessária

Ao planejar todas as necessidades para implantar a tecnologia BIM é importante


considerar todos os recursos necessários para executar todos os processos. Para cada
utilização, a equipe de projeto deve determinar quem irá executar, e estabelecer um plano para
deixar a equipe apta a desenvolver o projeto, de acordo com tamanho, complexidade, nível de
detalhe, além de determinar quem irá supervisionar a equipe.
Outra questão é o armazenamento de arquivos e sistemas de backup, estrutura de
pastas de arquivos, padrão de nomenclatura para os arquivos, bibliotecas padrão necessárias e
padrões para troca de informações, interna e externamente.
A gestão e controle da qualidade também são muito importantes para o projeto. A
qualidade de um modelo pode afetar o projeto, por isso o escritório deve ter processos de
controle de padrão de qualidade, que deverão ser documentados e permitir uma fácil
aplicação, garantindo a qualidade exigida para cada uso do modelo (Quadro 21).

Quadro 21 – Exemplo de controle de qualidade


Verificação Objetivo Responsável

Checklists visuais (modelo e Garantir que as informações estejam coordenadas Escritório de Projeto
tabela) e compatíveis, e que os requisitos de projeto
foram seguidos.
Checagem de interferências Detectar interferências construtivas entre as Compatibilização
disciplinas
Fonte: A autora (adaptado de Building Execution Planning, 2010).

A equipe do escritório também deve avaliar as necessidades da aquisição de software e


hardware. As atualizações necessárias também devem ser consideradas, para garantir o bom
desempenho do modelo. Equipamento inadequado resulta em menor produtividade e maior
tempo e custo para cada uso da BIM.
As formas de entrega do projeto precisam ser estabelecidas com base nas
características de cada projeto. A equipe de projeto deve desenvolver uma linguagem de
projeto BIM que precisa ser incorporada aos contratos, pois é preciso criar mecanismos de
controle de autoria nas alterações do modelo ao longo da execução e manutenção do projeto.

6.3.6 Equipe Necessária

Não ter a equipe adequada, constitui um dos fatores mais críticos para a implantação
bem sucedida da BIM. Para montar essa equipe, é preciso considerar a estrutura
146

organizacional do escritório, os diferentes papéis e responsabilidades e a formação adequada


de cada profissional envolvido.
No desenvolver dos primeiros projetos, uma boa opção é a contratação de um
consultor externo para resolver todas as dúvidas da equipe de projeto. No entanto, é
necessário que este consultor entenda todos os processos adotados pelo escritório para que seu
trabalho realmente seja eficiente.
No entanto, conforme explica o Singapore BIM Guide (2012) dois possíveis novos
perfis foram identificados com a implantação da BIM nos escritórios de projeto: o Gerente de
Projeto BIM e o Coordenador BIM, conforme se pode ver no Quadro 22.

Quadro 22 – Novos profissionais com a implantação da BIM

Papel Responsabilidades na gestão do modelo Responsabilidades


BIM
Gerente de Projeto BIM Coordenação do uso da BIM no projeto; - Supervisão;
determinação de atividades de compartilhamento - Gestão e execução;
de informações; controle de qualidade;
planejamento; execução da BIM no escritório.
Coordenador BIM Execução do projeto, formulação de estratégias de - Coordenação com a
BIM em conjunto com o gerente de projetos; equipe de projeto;
elaboração de mapa BIM para cada projeto; - Revisão do modelo.
determinação dos usos da BIM para os projetos
como simulações, análise e documentação.
Fonte: A autora (adaptado de Singapore BIM Guide. 2012)).

Essas duas novas funções podem ser realizadas por membros da equipe de projeto,
como os gerentes de projeto ou coordenadores. Além de garantir que os objetivos sejam
alcançados, o Gerente de Projeto BIM deve organizar a equipe para que todos trabalhem em
conjunto, resolvendo os conflitos de projeto de forma eficiente, melhorando os processos do
escritório, auxiliando na resistência à mudança de software e formas de trabalho. É de sua
responsabilidade levar o processo de planejamento até sua fase final.
A equipe que estará desenvolvendo os projetos em BIM precisará ter uma
compreensão básica do que é BIM e o que isso significa para o escritório. Os profissionais
envolvidos precisam ter domínio de um software específico e todos os processos que serão
implantados. Esses processos poderão ser explicados à equipe pelo líder BIM, após o
planejamento ter sido realizado.
Durante o processo de planejamento, todas as informações que estão sendo criadas
precisam estar documentadas e com acesso a todos os envolvidos no planejamento Assim as
informações podem ser atualizadas e modificadas conforme a necessidade do escritório.
147

6.4 PROPOSTA DO MODELO DE PROCESSO DE PROJETO UTILIZANDO A


TECNOLOGIA BIM

Para elaboração do modelo, foram utilizadas as etapas de projeto consideradas pela


ASBEA (2000). Para ilustrar o processo de desenvolvimento do projeto (fluxos) e as etapas,
foi adotada a mesma disposição empregada por Melhado (2005), que destaca além das etapas
do processo, os agentes envolvidos, as etapas do empreendimento e as disciplinas envolvidas.
As etapas envolvem o levantamento de dados, o estudo preliminar, o anteprojeto, o
projeto legal, o projeto executivo (subdividido em projeto pré-executivo, projeto básico,
projeto de execução e detalhes de execução;) caderno de especificações; compatibilização;
coordenação; gerenciamento dos projetos; assistência à execução da obra, serviços adicionais
(opcional).
De acordo com as informações coletadas nos estudos de caso, foi realizada uma
adequação, de acordo com as necessidades exigidas pelo projeto quando o mesmo é
desenvolvido com a BIM. Foram adotadas as seguintes etapas: (a) concepção, (b)
desenvolvimento e (c) conclusão (Figura 38).

Figura 38 – Etapas do modelo

Fonte: A autora, 2012.

Segue nas seções a seguir, a inclusão das necessidades que a tecnologia BIM exige
para elaboração dos projetos em cada uma destas três fases propostas.

6.4.1 Fase de Concepção

A etapa inicial é marcada pelo primeiro contato entre o escritório de arquitetura


e o cliente. Nessa primeira etapa é feita a identificação das necessidades do cliente para em
seguida ser elaborada a proposta para elaboração do projeto. Após a aprovação desta proposta,
é elaborado o contrato. Nesta fase é realizado o levantamento de dados do terreno, com a
consulta a todos os órgãos legais necessários. Em seguida, é realizada a definição do
148

programa de necessidades juntamente com o cliente, seguindo então para o desenvolvimento


do estudo preliminar.
Após todo este processo de abertura e identificação de necessidades, é necessária a
primeira reunião com o líder BIM* ou arquiteto diretor do escritório que pode desenvolver
essa função. Isto para que sejam definidos os objetivos do modelo de arquitetura,
apresentando a todos da equipe técnica quais as necessidades da modelagem do projeto.
Após a identificação dos objetivos, é preciso definir como será realizada a troca de
informações durante o desenvolvimento do projeto. Com isso identificam-se quais os
projetistas envolvidos no projeto que trabalharão com a tecnologia BIM e como será realizada
a troca de informações entre todos. Nesta etapa, são identificados quais são os membros da
equipe técnica que possuem a qualificação necessária para a modelagem se necessita
desenvolver para o projeto em questão.12
A Figura 39 ilustra o fluxo de desenvolvimento desta primeira fase.

Figura 39 – Fase de concepção

Fonte: A autora, 2012.

*
A função de Líder BIM pode ser exercida por um profissional específico para essa função ou também poder ser
exercida pelo arquiteto diretor do escritório, que tenha se qualificado para desempenhar as funções exercidas
pelo Líder BIM.
149

A importância de se definir os objetivos da modelagem já na fase de concepção é


significativa. A equipe de projetos identificará antecipadamente as necessidades que este
projeto exigirá ao longo do seu desenvolvimento, podendo assim definir melhores estratégias
de trabalho, como a criação de bibliotecas necessárias para o projeto e a utilização de template
adequado às informações que o projeto a ser desenvolvido exigirá.
A mesma situação ocorre na definição das trocas de informações. Estas precisam ser
detalhadas ainda nesta fase inicial, pois com esse planejamento, não se corre o risco de definir
um membro da equipe técnica que não tenha a qualificação necessária para desenvolver o
modelo, atrasando o desenvolvimento do projeto.

6.4.2 Fase de Desenvolvimento

No estudo preliminar são aplicadas todas as informações recolhidas pelo arquiteto com
o cliente, ou seja, é quando é elaborada a representação do projeto para apresentação, com o
desenvolvimento de maquetes eletrônicas para melhor entendimento do volume do projeto.
Com a utilização da tecnologia BIM, na fase de desenvolvimento do estudo
preliminar, existem duas opções que podem ser realizadas: (a) sem detalhamentos,
desenvolvendo imagens tridimensionais em outro programa para apresentação do cliente ou
(b) com os principais materiais de acabamento definidos e geração de imagens
tridimensionais para o cliente, com a utilização apenas do Revit. A segunda alternativa se
mostra ideal, pois dessa forma, o escritório diminui retrabalhos, obtendo a imagem gerada a
partir de um único software.
A opção por desenvolver a imagem tridimensional ainda ocorre, em razão dos
escritórios estarem ainda acostumados a definir acabamentos e materiais apenas na fase de
projeto executivo. Com a tecnologia BIM estas definições podem ser realizadas e
apresentadas ao cliente na fase de estudo preliminar.
Com a aprovação do estudo preliminar, é preciso criar as etapas do modelo (exemplos:
anteprojeto, executivo, projeto básico) e definir o nível de detalhamento de cada etapa que foi
criada. Após a definição das etapas e dos níveis de detalhamento é preciso identificar em
quais categorias serão elaboradas cada etapa do modelo (exemplos: categorias de janelas,
portas, pisos, paredes).
A Figura 40 ilustra o desenvolvimento proposto para a segunda fase.
150

Figura 40 – Fase de desenvolvimento

Fonte: A autora, 2012.

Após todas essas definições, o planejamento para modelagem estará completo e o


anteprojeto será desenvolvido de forma que, ao final, se consiga extrair as informações
definidas no início do desenvolvimento do modelo de arquitetura.

6.4.3 Fase de Conclusão

Faz parte da fase de conclusão o projeto executivo que é subdividido em: projeto pré-
executivo, projeto básico, projeto de execução e detalhes de execução; caderno de
especificações; compatibilização; coordenação; gerenciamento dos projetos; assistência à
execução da obra, serviços adicionais (opcional).
Com a tecnologia BIM, a busca de especificações de materiais de acabamento e a
definição de materiais de construção podem ser realizadas na fase de anteprojeto.
151

Com essas questões definidas, a fase de conclusão que inclui a elaboração do projeto
executivo tem seu tempo reduzido, pois os projetos já estão prontos. Também se ganha tempo
com a questão dos detalhamentos, pois com a BIM esses detalhes já foram definidos no
anteprojeto. O mesmo acontece com a compatibilização, pois caso os projetistas das demais
especialidades trabalhem com BIM, faz-se a junção de todos os projetos, sendo possível
realizar a compatibilização automaticamente.
Para manter a qualidade do modelo, é preciso criar mecanismos de controle, para que
seja possível realizar a correção do modelo e identificar possíveis erros. A seguir é
apresentado o fluxo da fase de conclusão. (Figura 41).

Figura 41 – Fase de conclusão

Fonte: A autora (2012)

A etapa de controle da qualidade do projeto entra na fase de conclusão, pois é quando


a equipe que desenvolveu o projeto irá fazer uma análise geral do modelo desenvolvido com
base no que foi definido nos objetivos do projeto. Após essa análise será emitido um relatório
com os itens que foram atendidos, e a justificativa quanto aos itens que não foram atendidos.
É preciso definir como será a entrega do projeto, com a definição da autoria do projeto
e como serão controladas as alterações no modelo ao longo da sua utilização.
152

6.4.4 Apresentação do Fluxo do Modelo de Processo de Projeto Completo e


Considerações Finais

Com a apresentação dos fluxos divididos por fases, foi possível esclarecer onde a
tecnologia BIM é incluída, quais suas necessidades e formas de trabalho. Segue na Figura 42
o fluxo completo do modelo de processo de projeto proposto como ideal.

Figura 42 – Fluxo do modelo de processo de projeto com uso da tecnologia BIM


(Continua)
153

Figura 42 – Fluxo do modelo de processo de projeto com uso da tecnologia BIM


(Conclusão)

Fonte: A autora, 2012.

Os estudos de caso apresentados contribuíram fundamentalmente para a elaboração


deste modelo. Com os dados obtidos e com a experiência vivenciada nos estudos de caso foi
possível identificar o que se pode considerar como sendo erros de procedimentos durante a
elaboração dos projetos. O modelo que é aqui proposto busca corrigir a sequencia das várias
etapas (e consequentemente, os requisitos, participantes e produtos correspondentes), na busca
de um modelo mais adequado, aqui considerado como ideal dentro do contexto de escritórios
154

que iniciam a implantação da BIM. A figura 43 apresenta, de forma mais resumida os fluxos
das empresas investigadas em comparação com o fluxo proposto.

Figura 43 – Comparação das etapas de projeto das empresas A, B, C , D e modelo proposto

Fonte: A autora (2012)

Nesta comparação, as principais mudanças que o modelo propõe são as seguintes:


a) Foi retirada a fase de “Definição” porque o termo “Desenvolvimento” é mais
adequado em razão de existir definições de projeto e início do desenvolvimento do
projeto – com a elaboração do anteprojeto. Foi acrescentada a fase de “Conclusão”
em razão de que nas empresas investigadas o processo foi acompanhado até a fase
155

de anteprojeto e no modelo proposto, abrange a conclusão onde há necessidade de


serem inseridas instrumentos de controle e entrega do modelo.
b) A etapa de Identificação Dos Objetivos da Modelagem saiu da fase de
Desenvolvimento e passou para a fase de Concepção porque é importante que os
objetivos da modelagem do projeto sejam definidos antes do início do
desenvolvimento do projeto, pois é onde se identifica as necessidades do modelo de
arquitetura.
c) A etapa de Definição das Trocas de Informações passou para a fase de Concepção
porque como é nesse item que se identifica os membros da equipe que tem a
habilidade necessária e quais os projetistas estarão envolvidos no projeto, é
importante que isso seja definido antes do desenvolvimento do projeto.
d) A etapa de Controle de Responsabilidades também passou a acontecer mais cedo,
indo também para a fase de Concepção, pois as identificar os membros da equipe
de desenvolverão o modelo, é preciso definir o que cada um irá fazer para na etapa
final realizar o controle de qualidade.
e) As etapas de: (a) Criação das etapas do modelo (b) Definição de níveis de detalhe
(c) Definição das categorias de modelagem e (d) Elaboração do anteprojeto
continuam na fase de desenvolvimento de projeto, pois são definições a serem
realizadas após a aprovação do estudo preliminar.
f) Na Conclusão o item Controle de Qualidade manteve-se no mesma fase, pois esse
controle é realizado após a finalização do projeto. Mesma situação ocorre nos
projetos executivos e detalhamentos que só são elaborados após aprovação do
anteprojeto.
g) A etapa Formas de entrega do modelo passou da fase de desenvolvimento, pois só
é realizada com o projeto já finalizado e aprovado.
É importante explicar que este fluxo de modelo pode ser adaptado de acordo com as
características organizacionais do escritório que for implantá-lo.
Em escritórios que estão iniciando o uso da tecnologia BIM, a implantação deste
modelo poderá passar por algumas barreiras inicias, como a não adoção de alguns
procedimentos de controle. Porém cabe salientar que a experiência dos escritórios cresce a
medida que todos os membros da equipe técnica começam a conhecer e se envolver com
novos processos de trabalho, novos softwares e novas formas de controle do projeto.
156

CAPÍTULO 7
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo inicial proposto para este trabalho foi elaborar de um modelo de processo
de projeto com o uso da tecnologia BIM para escritórios de arquitetura, a fim de contribuir
para melhores práticas de trabalho.
Entende-se que esse objetivo foi alcançado, não apenas pela realização dos estudos de
caso, mas principalmente pela análise dos resultados desta pesquisa, apresentada no item 5.6,
quando foram discutidos as formas de trabalho e o planejamento para implantação da
tecnologia BIM nos escritórios de arquitetura.

7.1 Considerações sobre o método empregado

O método de investigação adotado nesta dissertação contribuiu positivamente para


responder ao problema da pesquisa e alcançar os objetivos propostos.
Todos os passos da pesquisa (revisão bibliográfica direcionada a tecnologia BIM,
modelos e processos de projeto, apresentação clara da análise qualitativa, elaboração do
protocolo de pesquisa, aplicação da entrevista nos escritórios de arquitetura, análise
comparativa dos dados obtidos e, por fim, a proposta do modelo de processo de projeto)
foram considerados satisfatórios para concluir o trabalho.
A aplicação da entrevista contribuiu para uma análise qualitativa dos casos. Com a
compilação de todas as informações, conseguiu-se responder ao problema da pesquisa, ou
seja, foi possível confirmar o quanto a tecnologia BIM vem alterando o desenvolvimento do
processo de projeto nos escritórios de arquitetura. Nas quatro empresas analisadas, a equipe
técnica comentou que com o uso da tecnologia BIM a elaboração dos projetos passou a ser
desenvolvida de forma colaborativa. Com profissionais trabalhando em um mesmo arquivo,
foi verificada a diminuição dos erros projeto, aumentando a qualidade e a produtividade do
escritório.
O objetivo principal desta pesquisa, que foi propor melhores práticas de trabalho,
apresentando um modelo de processo de projeto a fim de auxiliar os escritórios de arquitetura
a fazer um planejamento para implantação e desenvolvimento dos projetos em BIM, também
foi atingido. A proposta foi dividida em duas etapas: a primeira com diretrizes para auxiliar
no processo de implantação e a segunda consequentemente para desenvolver os projetos em
BIM.
157

Quanto aos objetivos específicos – investigar os principais modelos nacionais e


internacionais de processo de projeto de edificações existentes – este objetivo foi atingido por
meio de um extenso estudo sobre os modelos de processo de projeto apresentados na revisão
bibliográfica, tendo contribuído para entender modelos de processo de projeto propostos por
pesquisadores brasileiros.
Outro objetivo específico – estudar ferramentas e diretrizes para a modelagem do
processo de projeto que permitam representam os subprocessos envolvidos de forma clara e
completa – foi alcançado através da revisão bibliográfica, pela qual foram destacados e
utilizados como base os modelos propostos por Tzortzoupoulos (1999) e por Melhado (2005).
O protocolo da pesquisa possibilitou atingir o objetivo específico – descrever as
práticas adotadas no planejamento e implantação da tecnologia BIM nos escritórios de
arquitetura. Com a entrevista foi possível entender como estes escritórios de arquitetura estão
começando a trabalhar com a tecnologia BIM, quais os tipos de planejamento estão sendo
feitos para implantá-la. Com isso confirmou-se que ainda encontramos em um estágio inicial
da adoção da tecnologia, pois todos os escritórios ainda desenvolvem apenas os projetos de
arquitetura, não existindo ainda a participação conjunta de arquitetos com projetistas das
demais áreas e engenharias, para que possa ser feita a compatibilização. Além disso, análises
como: adequação de iluminação, eficiência energética, conforto térmico, dentre outras, ainda
não são possíveis.
Como pressuposto desta pesquisa, tem-se que os escritórios de arquitetura não utilizam
um planejamento formal e completo para começar a desenvolver seus projetos em BIM. Este
pressuposto foi verificado e confirmado, visto que nenhum escritório possui um planejamento
completo para o início do desenvolvimento de seus projetos com a BIM. No escritório onde
houve planejamento, este não foi desenvolvido pelo escritório de arquitetura, mas, sim, por
uma empresa coordenadora de projetos, contratada pelo cliente.

7.2 Considerações sobre os estudos de caso.

Por meio da pesquisa realizada constatou-se que a implantação e o desenvolvimento


dos projetos com uso da tecnologia BIM ainda encontra-se em fase preliminar no Brasil,
existindo poucas exceções, como os grandes escritórios de arquitetura, que por possuírem
uma equipe mais estruturada, conseguem avançar na utilização da tecnologia.
De uma forma geral, existe uma grande tendência dos escritórios de projeto não
desenvolverem um planejamento adequado para implantação da tecnologia BIM. Entretanto,
158

nos casos estudados, a principal constatação é a de que os profissionais sabem da existência


de guias de implantação, no entanto, dificilmente são adotados, em razão da falta de
conhecimento de língua estrangeira por parte da equipe técnica (o que se deve lastimar face a
globalização do mundo nas últimas décadas e pelas possibilidades de projeto conjunto com
projetistas de outros países, permitidas com a evolução da internet
É evidente que os escritórios anseiam por aumentar a qualidade e produtividade de
seus projetos, e pretendem conseguir essas vantagens com a utilização da tecnologia BIM. No
entanto, sem ter o conhecimento das mudanças no processo de trabalho que irão ocorrer e as
necessidades do escritório em termos de equipe técnica e equipamentos, a tecnologia BIM
pouco irá contribuir para a melhoria de seus projetos.
É nítido verificar que, de modo geral, os escritórios de arquitetura apresentam
dificuldades em mudar seu método de trabalho, com destaque para a utilização de novos
softwares, como aqueles que utilizam em sua plataforma a tecnologia BIM. Os softwares
ainda estão sendo subutilizados, pois as informações relativas a outros integrantes do processo
não estão sendo agregadas ao modelo.
Conclui-se que há um grande caminho a ser percorrido pelo setor de projetos da
construção civil. É necessário a maior participação de fornecedores e outros projetistas no
processo como um todo para que maiores vantagens sejam alcançadas com a tecnologia.
Alinhar o desenvolvimento do processo de projeto utilizando a tecnologia BIM, com
as reais necessidades dos escritórios de arquitetura, ainda pode ser considerado um grande
desafio para a indústria da construção civil.
Além disso, os escritórios de arquitetura estão envolvidos em práticas atuais de
projeto, nas quais dificilmente chega-se à fase de projeto executivo, com todos os
detalhamentos necessários para a execução da obra. Tais práticas colaboram para a baixa
qualidade dos projetos e são grandes obstáculos para a introdução de melhorias no processo
de desenvolvimento de projetos.
Com toda certeza, são mudanças que deverão impactar também os cursos de
arquitetura e engenharia de nosso país. Os estudantes de arquitetura necessitam ampliar seu
conhecimento no campo tecnológico acerca de materiais de construção, sistemas e processos
de construção. Uma visão integrada deverá chegar aos currículos destes cursos, bem como às
possibilidades de estágios ao longo da graduação. Por outro lado, profissionais com o perfil
interdisciplinar desejável para atuar dentro desta nova forma de desenvolver os projetos
dificilmente serão formados de forma rápida e completa pelas universidades, de tal forma que,
as dificuldades dos escritórios não serão resolvidas em curto prazo. Transpor as dificuldades
159

financeiras para aquisição de hardware e software será, certamente, mais fácil que resolver as
lacunas de qualificação dos profissionais de projeto.

7.3 Sobre o modelo proposto

É intenção da autora que o modelo proposto possa contribuir com os arquitetos e


escritórios que objetivam a implantação da nova tecnologia e uma nova forma de desenvolver
seus projetos. A proposta do modelo foi dividida em duas etapas: a primeira apresentando
formas de realizar a implantação no escritório e a segunda para adotar o fluxo do modelo
apresentado.
A proposta procura auxiliar o arquiteto desde o planejamento para implantação da
BIM, auxiliando nos procedimentos a serem verificados e implantados antes do início do
desenvolvimento dos projetos.
Para a implantação são propostas as diretrizes de execução, elaboração e controle do
projeto, sendo detalhadas as etapas a serem cumpridas. Para a proposta do modelo, houve a
preocupação de se criar e uma estrutura objetiva, um conjunto de procedimentos simples, que
possa atingir os escritórios de arquitetura menores, aqueles que normalmente não adotam
nenhum tipo de planejamento. Lembrando que os manuais existentes são direcionados para
escritórios de grande porte.

7.4 Contribuições da pesquisa

Como contribuições da pesquisa, foram escolhidos quatro principais instrumentos


desenvolvidos nesta dissertação que podem ser replicados para outros estudos acadêmicos ou
na prática para uso nos escritórios de arquitetura.
Com relação às contribuições às acadêmicas:
• Método de pesquisa – o método de pesquisa desenvolvido pode ser replicado em
outras pesquisas de estudos de caso qualitativos.
• Protocolo de pesquisa – o protocolo de pesquisa pode ser replicado para outros
estudos que contenham foco nos assuntos de processo de projeto, implantação e
processos de trabalho com o uso da BIM.
Com relação às contribuições empresariais:
• Proposta para implantação da tecnologia BIM: foi desenvolvida uma proposta que
pode ser adaptada ao porte do escritório de arquitetura, mas que, dentro de seu
160

conteúdo de forma geral, abrange todos os procedimentos que são necessários para
uma implantação eficiente.
• Modelo de processo de projeto com uso da BIM: este modelo traz, como
contribuição, a identificação e organização de todas as etapas necessárias para os
escritórios trabalharem com BIM, por meio de um novo e adequado
sequenciamento das atividades, relações de precedência, agentes envolvidos e
produtos gerados em cada etapa.

7.5 Sugestões para trabalhos futuros

Esta pesquisa teve como objetivo principal a proposição de um modelo de processo de


projeto com o uso da tecnologia BIM a fim de auxiliar os escritórios de arquitetura a trabalhar
com essa tecnologia de forma eficiente no desenvolvimento de seus projetos. Sendo uma
proposta, faz-se necessária a sua aplicação na prática, com o objetivo de revisá-la e validá-la.
A aplicação do modelo, portanto, constitui uma alternativa de investigação futura.
Outras sugestões para trabalhos futuros podem ser:
• Propor e avaliar técnicas didáticas para ensino da BIM nos cursos de graduação e
pós-graduação, como forma de verificar as dificuldades relacionadas ao ensino de
projeto nos cursos de arquitetura e engenharia;
• Discutir de forma mais aprofundada sobre os temas que surgiram nas entrevistas, a
exemplo da importância de se capacitar profissionais para desenvolver um modelo
de qualidade;
• Produzir trabalhos relacionados aos custos envolvidos com a implantação da
tecnologia BIM nos escritórios de arquitetura. Assim como, investigações e
levantamentos sobre redução de custos de construção decorrentes da adoção
eficiente da BIM nos projetos.
• Identificar outros aspectos relacionados à tecnologia BIM, como o planejamento e
gerenciamento da construção.
161

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168

GLOSSÁRIO

Cliente: a pessoa ou organização que utilizará o produto, o serviço ou o resultado do projeto.

Equipe de projeto: todos os membros da equipe do projeto, inclusive a equipe de BIM, o


gerente de projetos e o coordenador.

Fase do projeto: um conjunto de atividades do projeto relacionadas de forma lógica que


geralmente culminam com o término de uma entrega importante. Na maioria dos casos, as
fases de projeto são terminadas sequencialmente, embora possam se sobrepor em algumas
situações de projeto.

Modelo: representação em escada reduzida de objeto ou obra de arquitetura, que, por


caracterizar uma representação possui características específicas, reduzidas de um objeto real.
Quando virtual, oferece a possibilidade de percursos interativos, animação solar, cálculo de
iluminação, fabricação digital e soluções personalizadas.

Processo colaborativo: troca de conhecimento e experiências, onde riscos, responsabilidades


e sucessos são coletivos a partir de contribuições individuais.

Projeto: um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado


exclusivo.

Template (ou “modelo de documento”): é um documento sem conteúdo, com apenas a


apresentação visual (apenas cabeçalhos, por exemplo) e instruções sobre onde e qual tipo de
conteúdo deve entrar a cada parcela da apresentação — por exemplo, conteúdos que podem
aparecer no início e conteúdos que só podem aparecer no final.
169

APÊNDICE A - PESQUISA DE ESTUDOS SOBRE MODELOS DE PROCESSO DE


PROJETO: CONTRIBUIÇÕES PARA MELHORES PRÁTICAS UTILIZANDO A
TECNOLOGIA BIM.
170

O estudo a ser pesquisado, é parte integrante da dissertação que está sendo elaborada pela
Arquiteta Marcele Ariane Lopes Garbini, no Programa de Pós Graduação em Engenharia de
Edificações e Ambiental da Universidade Federal do Mato Grosso.

O objetivo deste estudo é verificar como está sendo implantada a tecnologia BIM nos
escritórios de arquitetura e apontar melhores práticas de trabalho, criando um modelo de
processo de projeto.

Esta pesquisa se propõe a não vincular o nome de sua empresa, apenas serão utilizados os
resultados coletados durante a pesquisa.

Portanto, o nome de sua empresa não será vinculado ao trabalho, sendo mantido em sigilo.

Obrigada pela participação!

Arquiteta: Marcele Ariane Lopes Garbini

Orientação: Prof. Dr. Douglas Queiroz Brandão


171

ETAPAS DA ENTREVISTA

1° ETAPA-DADOS DA EMPRESA

A- Empresa

B- Serviços da empresa

C- Equipe técnica e Atividade desenvolvida

2 ° ETAPA- DADOS DO PLANEJAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO BIM

D-Instrumentos para o planejamento da empresa: objetivos, missão e expectativas


com a implantação do BIM

E- Instrumentos para o planejamento da equipe: guias, treinamento e consultorias.

F- Definição da equipe a ser treinada.

G- Definição do projeto e ser desenvolvido em BIM

3° ETAPA - DADOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

H- Ferramentas e Sistemas

4° ETAPA - DADOS DO PROCESSO DE PROJETO TRADICIONAL

I- Processo de projeto - fluxograma

5° ETAPA - PROCEDIMENTOS DE TRABALHO UTILIZANDO A TECNOLOGIA BIM

J-Instrumentos de trabalho: desenvolvimento de templates, desenvolvimento de


biblioteca, definição de níveis de informações, definição de novas fases, etc.
172

1° ETAPA - DADOS DA EMPRESA

A- EMPRESA
01- Cadastramento da empresa:

Nome da Empresa:
Endereço:
Ano de início das atividades:
Cidade:
Telefone de contato:
E-mail:
Website:
Nome do entrevistado:
Profissão?
Função na empresa:

02- Qual a média anual em m2 dos serviços técnicos desenvolvidos pela empresa:

de 2.000 a 5.000 de 5.000 a 15.000 de 15.000 a 25.000 de 25.000 a 50.000


de 50.000 a 100.000 de 100.000 a 150.000 de 150.000 a 200.000 acima de 200.000

B- SERVIÇOS DA EMPRESA
03-Atuação de serviços desenvolvidos na empresa e/ou via terceirizados:

ESCALA ATUAÇÃO
Em que é realizado o

Outros? Quais:
SERVIÇO
Multifamiliar

projeto
Residencial

Residencial
Unifamiliar

Urbanismo
Comercial

Industrial

Saúde

1 2 3

Arquitetônico
Interiores
Instal. Elétricas
PROJETO

Instal. Hidráulicas
Estrutural
Urbano
Paisagismo
Programação Visual
Maquete Eletrônica
Outros? Quais
Observações Geral:

Legenda:
ESCALA EM QUE SÃO REALIZADOS OS SERVIÇOS:
(0) não realiza;
(1) realiza via terceirização;
(2) realiza;
173

C- EQUIPE TÉCNICA E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS


2- Cadastramento da equipe técnica interna e/ou externa

PROFISSIONAIS QUANTIDADE DE ATIVIDADE/ NOME OBS.


PROFISSIONAIS DA FUNÇÃO ADICIONAL
EQUIPE TÉCNICA
Interna Externa

Arquiteto
Arquiteto Projetista
Arquiteto Interiores
Engenheiro Civil
Eng. Estrutural
Eng. Elétrico
Eng. Topógrafo
Projetista
Estagiário Arquitetura
Administrativo
Financeiro

3- Como é a estrutura organizacional (organograma) da empresa:

PERGUNTAS E OBSERVAÇÕES ADICIONAIS SOBRE A EMPRESA

Perguntas e observações adicionais:


174

2° ETAPA - DADOS DO PLANEJAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO BIM


D-INSTRUMENTOS PARA O PLANEJAMENTO DA EMPRESA: OBJETIVOS, MISSÃO E EXPECTATIVAS
COM A IMPLANTAÇÃO DO BIM.

4- Quais os objetivos principais da empresa para adotar a tecnologia BIM?

diminuir prazo de entrega auxiliar nas modificações de projeto


melhorar qualidade do projeto automatizar fluxos de trabalho
melhorar apresentação dos projetos compatibilização dos projetos
exigência do cliente

Outros. Quais?

5- A adoção da tecnologia BIM faz parte da missão de sua empresa?

6- Tem um planejamento por etapas, estabelecendo até onde o escritório irá chegar? E em quanto
tempo?

Sim, se a resposta for essa, responda os itens abaixo:


Não, siga para próxima etapa.

Como seria esse planejamento, descreva as etapas.

E- INSTRUMENTOS PARA O PLANEJAMENTO DA EQUIPE: GUIAS, TREINAMENTO E


CONSULTORIAS.

7- A empresa buscou algum Guia de Implantação para implantar o BIM na empresa?

Sim, qual seria este guia:


Não, a empresa desenvolveu um guia próprio baseado em informações pesquisadas na internet.
Outros, quais?

F- DEFINIÇÃO DA EQUIPE A SER TREINADA

8- Como foi o processo de treinamento da equipe?

A empresa contratou uma empresa especializada em BIM para fazer o planejamento da implantação
BIM.
A empresa contratou um consultor em BIM para fazer o planejamento da implantação e acompanhar
o desenvolvimento do primeiro projeto.
Foram escolhidos alguns arquitetos para fazer o curso de Revit ou outro software, e ele começou a
desenvolver os projetos em BIM, sem consultoria.
Foi contratado um especialista em BIM para desenvolver os projetos na empresa.
175

9- A empresa mantém a equipe sempre atualizada, buscando novos cursos, palestras e seminários na
área?

Sim
Não

Frequência:

Uma vez por mês


Uma vez a cada 3 meses
Uma vez a cada 6 meses
Uma vez por ano

G- DEFINIÇÃO DO PROJETO A SER DESENVOLVIDO EM BIM

10- Como foi a escolha do primeiro projeto a ser desenvolvido em BIM

A empresa escolheu um projeto já executado para fazer um "treinamento" primeiro.


A empresa escolheu um projeto pequeno para desenvolver em BIM.
A empresa escolheu um projeto grande para desenvolver em BIM, acreditando ser a melhor forma,
pois assim, encontraria várias dificuldades e teria um conhecimento maior ao final do projeto.

11- Quais as maiores dificuldades entradas no desenvolvimento deste primeiro projeto

Dificuldades no próprio software.


Tamanho dos arquivos gerados.
Dificuldades em entender o novo processo de trabalho - informações geradas, detalhamento, etc.
Outras. Quais?

3° ETAPA - DADOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

H- FERRAMENTAS E SISTEMAS

12- Qual o software utilizado para elaborar os projetos em BIM

13- Teve conhecimento inicialmente da necessidade da aquisição de hardwares e softwares

4° ETAPA - DADOS DO PROCESSO DE PROJETO

I- PROCESSO DE PROJETO

14- A empresa buscou conhecer as mudanças que aconteceriam nos processos de trabalho ao utilizar
o BIM?

Sim
176

Não

15- A composição da sua equipe de projetos mudou, após a implantação do BIM?

Sim
Não

16- Como era a sua equipe de projetos antes da implantação do BIM?

17- Como ficou sua equipe de projeto após a implantação do BIM?

18- Com a adoção da tecnologia BIM é preciso maior número de informações do projeto na fase
inicial - Estudo Preliminar?
Sim
Não

19- Para trabalhar com projetos em BIM vocês identificaram a necessidade de profissionais mais
qualificados?

Sim
Não

Por quê?

5° ETAPA - PROCEDIMENTOS DE TRABALHO UTILIZANDO A TECNOLOGIA BIM

J- INSTRUMENTOS DE TRABALHO: DESENVOLVIMENTO DE TEMPLATES,


DESENVOLVIMENTO DE BIBLIOTECAS, DEFINIÇÃO DE NÍVEIS DE INFORMAÇÃO,
DEFINIÇÃO DE NOVAS FASES, ASPECTOS CONTRATUAIS E ENTREGAS DO MODELO.

20- Para utilização nos projetos, foi desenvolvido template exclusivo do escritório?
Sim
Não

21- Foi a equipe do escritório que desenvolveu o template?


177

Sim
Não

22- Foi contrato uma empresa específica para desenvolver o template, de acordo com as necessidades dos
projetos do escritório?
Sim
Não

23- De quanto em quanto tempo é feita essa atualização?


1 vez por mês
1 vez a cada 02 meses
1 vez a cada 03 meses
1 vez a cada 06 meses
Não é feita a atualização

24- Quem faz a atualização?


A equipe do escritório que desenvolveu.
A empresa contratada para o desenvolvimento e atualização.
Não é feita a atualização.

25- Como é feita a atualização deste template?

26- Para utilização nos projetos, foi desenvolvido biblioteca exclusiva do escritório?
Sim
Não

27- Foi adotado um padrão para a nomenclatura das famílias e objetos a serem modelados?
Sim
Não

28- O escritório tem um planejamento do que tem que ser modelado? De acordo com a fase do projeto?
Sim
Não

Como é esse planejamento?

29 - Como foram definidas essas fases? E quais são essas fases?

30- Quais as principais barreiras para adoção do BIM?

31- Quais as suas reflexões sobre as tendências do BIM para o futuro?

32- Você tem algum comentário adicional que você considera importante?
178

APÊNDICE B – RESULTADO DA SURVEY REALIZADA PARA INVESTIGAR


MODELOS DE PROCESSO DE PROJETO ADOTADOS PELOS ESCRITÓRIOS DE
ARQUITETURA.
179

1. Em que estado/país fica seu escritório de arquitetura?

2. Há quanto tempo tem seu escritório de arquitetura?

3. Qual a quantidade de funcionários do seu escritório de arquitetura?


180

4. Quais os projetos que seu escritório desenvolve?

Dentro da categoria outros, foi solicitado para apresentar quais os outros tipos de projetos
elaborados pelo escritório, obteve-se o seguinte resultado:

Projetos de Hospitais, Projetos Institucionais, Loteamentos, Arquitetura Educacional,


Arquitetura promocional.

5. Existe alguma roteiro para iniciar um projeto em seu escritório?

6. Se a respostar anterior for sim, responda:


Você criou esse roteiro?

7. Você adequou de algum roteiro existente? Qual?


181

8. Você conhece modelos de processos de projeto desenvolvidos por pesquisadores


brasileiros/estrangeiros?

9. Se conhece, já implantou algum desses em seu escritório? Qual?


182

10. Você acredita que seguir um modelo bem desenvolvido pode aumentar a eficiência
do processo de projeto?

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