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Silva, Marcos Vieira. Práticas em psicologia comunitária e processos de mobilização social: provocações
para um debate

Práticas em psicologia comunitária e processos de mobilização


social: provocações para um debate

Practices in community social psychology and social


mobilization processes: provocations for a debate

Prácticas en psicología social comunitaria y procesos de


movilización social: provocaciones para un debate

Marcos Vieira-Silva1

Resumo
A Psicologia Social Comunitária, desde o seu surgimento no Brasil, nos anos setenta, tem se colocado
como um campo temático com forte apelo interdisciplinar e com forte tradição de participação social e
política. O trabalho a seguir apresenta reflexões desenvolvidas a partir de experiências de ensino,
pesquisa e extensão desenvolvidas com a participação do autor e ligadas a categorias temáticas utilizadas
por profissionais e estudantes da área. Tais experiências foram e estão sendo desenvolvidas
principalmente a partir do Laboratório de Pesquisa e Intervenção Psicossocial da Universidade Federal de
São João del-Rei (LAPIP/UFSJ), em Minas Gerais. O texto termina com um convite ao pensar e agir a
partir de provocações sugeridas em torno de várias articulações entre categorias temáticas e práticas
desenvolvidas pela Psicologia Social Comunitária.

Palavras-chave: Psicologia Social Comunitária; Experiências Práticas; Categorias Temáticas;


Articulações; Mobilização Social.

Abstract
The Community Social Psychology, since its appearance in Brazil in the seventies, has been placed as a
thematic field with strong interdisciplinary appeal and with a strong tradition of social and political
participation. This work displays reflections developed from teaching experiences, research, and
extension developed with the participation of the author and linked to various thematic categories used by
professionals and students in the area. Such experiences have been and are being developed mainly from
LAPIP / UFSJ - Psychosocial Intervention and Research Laboratory, Federal University of São João del-
Rei in Minas Gerais. The text ends with an invitation to think and act from provocations suggested around
several articulations between the themes and practices developed by the Community Social Psychology.

1
Professor Associado III do Departamento de Psicologia da UFSJ. Professor permanente do Programa de
Pós-Graduação em Psicologia da UFSJ. Doutor em Psicologia Social pela PUC-SP, com estágio Pós-
Doutoral em História da Psicologia Comunitária. Especialista em Dinâmica de Grupos – Grupos
Operativos. Coordenador do LAPIP/UFSJ – Laboratório de Pesquisa e Intervenção Psicossocial da
Universidade Federal de São João del-Rei, Minas Gerais. Coordenador do GT Psicologia Comunitária
da ANPEPP. Contato: mvsilva@ufsj.edu.br

Pesquisas e Práticas Psicossociais, 10(2), São João del-Rei, julho/dezembro 2015


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Keywords: Community Social Psychology; practical experiences; thematic categories; articulations;


social mobilization

Resumen

La Psicología Social Comunitaria, desde sus inicios en Brasil en los años setenta, se ha colocado como un
campo temático con fuerte atractivo interdisciplinario y con una fuerte tradición de participación social y
política. Esto trabajo presenta reflexiones desarrolladas a partir de experiencias de enseñanza,
investigación y extensión desarrolladas con la participación del autor y vinculadas a diversas categorías
temáticas utilizadas por los profesionales y estudiantes del campo. Tales experiencias han sido y están
siendo desarrolladas principalmente de LAPIP/UFSJ - Laboratorio de Intervención e Investigación
Psicosocial de la Universidad Federal de São João del Rei, en Minas Gerais. El texto termina con una
invitación a pensar y actuar desde provocaciones sugeridas en torno a varias articulaciones entre los temas
y prácticas desarrolladas por la Psicología Social Comunitaria.

Palabras clave: Psicología Social Comunitaria; Experiencias Prácticas; Categorías Temáticas;


Articulaciones; Movilización Social.

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Introdução Refiro-me aqui a experiências


desenvolvidas pelo Setor de Psicologia
O presente trabalho foi Social do Departamento de Psicologia
produzido a partir da participação do da Faculdade de Filosofia e Ciências
autor em uma mesa redonda como tema Humanas da UFMG (Fafich), sede do
“Processos de Mobilização Social”, Curso de Psicologia. Nesse curso, foi
promovida pelo Conselho Federal de criada em 1974 a disciplina de
Psicologia durante a 2ª Mostra Nacional Psicologia Comunitária e Ecologia
de Práticas em Psicologia, em setembro Humana, que oferecia formação para o
de 2012. Na época, foi solicitado aos trabalho em saúde, educação e
palestrantes que considerassem duas desenvolvimento social, valorizando
questões disparadoras: 1. as fronteiras interfaces com a pesquisa e a extensão
entre a atuação política e a atuação universitária. Foram produzidos
profissional e 2. as especificidades da trabalhos em comunidades carentes,
contribuição da psicologia na postos de saúde, associações diversas e
mobilização social. hospitais psiquiátricos. A partir de então
Eu acredito que pensar em podemos dizer que a psicologia subiu os
processos de mobilização social como morros e chegou às periferias dos
tema/espaço de atuação da Psicologia é grandes centros urbanos, passando a
algo muito recente entre nós. Vale criar novos laços e parcerias com os
lembrar que até os anos 1970 o modelo movimentos sociais. Projetos de
de atuação profissional adotado pela extensão universitária em articulação
maioria da “Psicologia Brasileira” era o com estágios curriculares e práticas de
da psicologia como “profissão liberal”, formação diversas foram se
pressupondo o trabalho do psicólogo constituindo. Atendimentos e
como atividades de atendimento em acolhimentos no campo da saúde mental
psicologia clínica nos consultórios surgiram com o Movimento da Luta
particulares ou atividades de Antimanicomial e passaram a contar
consultoria/atendimentos de crianças com os profissionais de psicologia.
“problemas” em escolas e/ou Projetos de assessoria a órgãos públicos
trabalhadores “problemas” em e a movimentos sociais também
organizações. As práticas desenvolvidas começaram a demandar profissionais de
em outras perspectivas eram minoria ou psicologia. Principalmente em Minas
eram consideradas práticas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e
“alternativas”. Vale lembrar, também no Nordeste, a partir do final dos anos
que, em algumas universidades 70, surgiram trabalhos de Psicologia
brasileiras, notadamente a Universidade Comunitária a partir de projetos de
Federal de Minas Gerais (UFMG), a extensão que passaram a servir de
Pontifícia Universidade Católica de São referência para profissionais e
Paulo (PUC-SP) e a Universidade estudantes interessados em novas
Federal do Ceará (UFC), a partir de práticas e reflexões.
meados dos anos 1970, se buscavam Podemos nos perguntar aqui,
outras perspectivas de práticas, de hoje, sobre o que existe em comum
formação e de atuação profissional para entre o modelo proposto pelas práticas
a Psicologia, principalmente no que diz de Psicologia Comunitária que foram
respeito à Psicologia Social desenvolvidas a partir daquele período e
Comunitária. o modelo das intervenções

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desenvolvidas nos trabalhos com Origens e implicações


políticas públicas nos dias de hoje:
Quais são as aproximações e Para continuar apresentando
semelhanças e quais são as principais minhas reflexões/provocações, creio ser
diferenças? importante dizer de que “lugares” eu
Cabe ressaltar que a realidade de falo, ou seja, a partir de que
atuação da Psicologia Social hoje é lugares/espaços de atuação venho
muito diferente. As demandas da construindo as considerações que estou
sociedade e do Estado para a Psicologia apresentando.
hoje se dirigem prioritariamente para a Primeiro, do lugar de quem fez
Psicologia Social, tanto em termos de sua formação em Psicologia
campo de ação da Psicologia quanto em Comunitária na Faculdade de Filosofia
termos de área de reflexão e de e Ciências Humanas da UFMG (Fafich),
formação crítica para os profissionais de a partir do envolvimento com os
Psicologia. trabalhos de pesquisa e intervenção do
Eu tenho dito aos meus alunos Setor de Psicologia Social, coordenado
que estou muito à vontade para falar de pelo Prof. Célio Garcia. Além de aluno
Psicologia Social hoje. Somos a “bola dos professores do Setor, fui monitor de
da vez” no País, no bom sentido, com várias disciplinas oferecidas por eles em
presença significativa em bibliografias 1977 e 1978.
utilizadas como referências para Segundo, do lugar de quem é
concursos públicos, com ampliação de sócio fundador da Associação Brasileira
vagas para profissionais em secretarias de Psicologia Social (Abrapso), fundada
municipais e estaduais nas áreas de em 1980, na UERJ, durante a reunião da
saúde, educação e desenvolvimento SBPC que marca a volta de Paulo Freire
social, situação diferente da vivida por ao Brasil. A Abrapso, em minha
quem começou a trabalhar no final dos opinião, é, até hoje, o maior Fórum de
anos 1970, quando ainda predominava debate e espaço de trocas de
uma visão de formação para a clínica e experiências entre práticas de Psicologia
para o trabalho em consultórios como a em articulações com Educação Popular,
principal referência da prática Ação Comunitária, Psicologia
profissional. Comunitária, Movimentos Sociais e
A ampliação dos espaços de Psicologia Política.
atuação profissional para o psicólogo, Terceiro, do lugar de
principalmente no que diz respeito a Coordenador do Laboratório de
políticas públicas de saúde, educação e Pesquisa e Intervenção Psicossocial
desenvolvimento social, é hoje uma (Lapip) da Universidade Federal de São
realidade. O trabalho que o Sistema João del-Rei (UFSJ), em Minas Gerais,
Conselhos – Conselho Federal de e de seu grupo de pesquisa. Leciono na
Psicologia e Conselhos Regionais – UFSJ, para a graduação e a pós-
vem realizando com a criação do Centro graduação em Psicologia, desde 1989.
de Referência de Psicologia para Criado em 2000, o Lapip é um
Políticas Públicas (Crepop) se constitui laboratório constituído por
em uma grande fonte de referência para pesquisadores de várias áreas do
a formação e atuação profissional em Departamento de Psicologia da UFSJ, a
Psicologia. saber, Psicologia Social, Psicologia da
Educação, Psicologia do Trabalho e

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Psicologia Clínica, além de Sociais, cadastrado no Diretório de


pesquisadores do Departamento de Grupos de Pesquisa do CNPq, que
Ciências Sociais. Conta, ainda, com o desenvolve três linhas de pesquisa:
trabalho de membros associados, “Processos Psicossociais e Sócio-
profissionais não pertencentes aos Educativos”, “Formação Cultural:
quadros da UFSJ e pesquisadores de Trabalho, Arte e Lúdico” e “Trabalho,
outras universidades. Nossos projetos Identidade e Saúde”.
de trabalho propõem o desenvolvimento
Princípios adotados
de ações articuladas de ensino,
pesquisa, extensão e estágios A maior parte dos programas de
curriculares. Atuamos em vários pesquisa e extensão desenvolvidos pelo
contextos – instituições asilares para Lapip vem adotando, como requisitos e
idosos, associações e grupos perspectivas fundamentais: a) a busca
comunitários, Policlínica Central do de uma permanente articulação entre
SUS, Programa Saúde da Família, ensino, pesquisa e extensão; (b) a
Centros de Atenção Psicossocial, formação de um profissional de
Associação de Portadores de Diabetes, Psicologia com visão crítica e
Programas de inclusão de deficientes, compromissada com a transformação
unidade do Sistema Único de das condições adversas vivenciadas pela
Assistência Social (SUAS), projetos de população que constitui sua clientela.
educação com recursos lúdicos e Em função disso, nos trabalhos
projetos de apoio psicopedagógico a que estamos desenvolvendo em
escolas públicas e creches comunitárias. comunidades e instituições, certos
As intervenções realizadas circulam pressupostos teóricos e metodológicos
entre perspectivas de assessoria e são privilegiados, pois acreditamos que
atendimento aos grupos comunitários e eles nos oferecem maiores
institucionais, tanto no que diz respeito possibilidades para o alcance de tais
à luta por conquistar a efetivação nos requisitos e objetivos. Assim sendo,
poderes públicos de condições melhores
quando falamos em metodologia de
de vida e saúde, principalmente as que diagnóstico e intervenção em grupos
já estão, teoricamente, garantidas pelas comunitários e institucionais, estamos
políticas públicas, quanto em termos da
falando da utilização dos pressupostos
construção de práticas que possam da pesquisa-ação, da pesquisa
auxiliar tais grupos na conquista de participante, das oficinas de grupo e da
autonomia, participação social, gestão pesquisa-intervenção, ou seja, buscamos
coletiva e, até mesmo, autogestão, a estreita vinculação entre pesquisa e
produção de identidades grupais, de intervenção e a permanente participação
relações de poder mais igualitárias e de da população considerada no processo
momentos e espaços para vivências de da investigação. Autores como Kurt
afetividade; enfim, conquista e Lewin (1958, 1969, 1970), Michel
exercício cotidiano de cidadania e saúde Thiollent (1981, 1985) e Carlos
mental. Também são desenvolvidos Brandão (1981, 1984) são referências
trabalhos de assessoria às Secretarias
consideradas.
Municipais da cidade e da região. Os Acreditamos que não há como
trabalhos do Laboratório se articulam separar o diagnóstico da intervenção.
no Grupo de Pesquisa nomeado Ao procurarmos fazer um diagnóstico
Conhecimento, Subjetividade e Práticas de um grupo, estamos fazendo uma

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intervenção. Por outro lado, quando 1983).


fazemos uma intervenção, estamos, Na perspectiva da Pesquisa-
obrigatoriamente, levantando dados Intervenção Psicossocial, concebemos a
sobre o grupo, procurando entender sua maior parte dos nossos trabalhos como
dinâmica, ou seja, estamos fazendo um um processo
diagnóstico, uma investigação. Outra
referência utilizada por nós em vários de produção de conhecimento sobre
grupos, organizações, instituições,
trabalhos é a análise institucional comunidades e movimentos sociais,
(Lapassade, 1977; Lapassade; Lourau, fundado nas reflexões teóricas e
1972; Lourau, 1975). A partir dela descobertas da psicologia social e da
trabalhamos nos grupos, principalmente psicossociologia, e, simultaneamente,
com os pressupostos de análise da um conjunto de práticas clínicas de
consulta voltadas para o tratamento
demanda (cada solicitação que nos é desses diferentes conjuntos sociais e
demandada deve ser analisada meios abertos. (Machado, 2004, p. 15).
criticamente, levando-se em
consideração seu surgimento, Em vários desses grupos,
possibilidades de atendimento, recursos de imagem, tais como vídeo,
implicações socioinstitucionais, etc.), de filmes, slides, dramatizações,
autogestão (a gestão dos grupos por si fotografias, têm sido utilizados
mesmos, as tentativas de criação e associados a tais técnicas e
manutenção de espaços e práticas de fundamentos. Essa utilização permite
gestão crítica e coletiva), e da regra da uma maior participação da população
livre expressão (o restituir, trazer à tona no processo de intervenção e
o não dito, a explicitação dos rumores e investigação, bem como proporciona
dos segredos). A construção ou maiores oportunidades de identificação
elucidação de analisadores também é e implicação dessa população com os
uma estratégia utilizada (construção de problemas enfrentados e com o trabalho
dispositivos de análise ou utilização de desenvolvido.
recursos ou dispositivos já existentes e Dessa forma, aspectos ligados às
que podem ser explicitados e utilizados manifestações de afetividade e lazer,
nos trabalhos). bem como ao processo de produção da
Buscamos desenvolver com os identidade grupal podem, por
vários grupos e coletivos institucionais intermédio desses recursos, serem
atividades que se orientam no sentido da captados, registrados e analisados em
criação de espaços que possibilitem o uma “dimensão mais inteira” (Vieira-
desenvolvimento da conscientização e Silva, 2000). É em função disso que
da percepção crítica dos fenômenos temos considerado os recursos de
grupais (Vieira-Silva, 2000; 2003; 2008; imagem, principalmente os vídeos e as
Vieira-Silva, Amaral, Grandi, 2002, fotografias, como instrumentos
entre outros). Nessa direção, lançamos privilegiados de coleta e análise de
mão, também, das contribuições dos dados, bem como de produção e resgate
grupos operativos e da análise dialética da história e da identidade dos
do processo grupal (Pichon-Rivière, indivíduos e dos grupos. Os recursos de
1982; Lane, 1981, Martín-Baró, 1989), imagem são utilizados, também, como
bem como das oficinas de grupo recursos suporte para atividades de
(Afonso, 2000) e dos círculos de cultura reflexões com os grupos comunitários e
propostos por Paulo Freire (1981, institucionais, permitindo que eles

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mesmos avaliem suas formas de especificamente, da Associação


interação e participação social (Vieira- Brasileira de Psicologia Social
Silva, 2000). (Abrapso), a partir dos anos 1980 (Lane,
1984; Ciampa, 1987; Martín-Baró,
Categorias temáticas e provocações 1989; Vieira-Silva, 2000). Concordamos
para reflexões com Ciampa (1987), quando diz que a
identidade não pode ser definida como
No trabalho cotidiano com os algo pronto, acabado. Identidade é
grupos institucionais e comunitários, processo, é metamorfose, está em
dentro da perspectiva de uma Psicologia constante produção. A partir de nossos
Social crítica, lançamos mão de trabalhos em São João del-Rei, nos
algumas categorias temáticas que nos perguntamos:
ajudam tanto como analisadores das
situações cotidianas e das relações que relações estão sendo estabelecidas
interpessoais quanto como objeto de entre identidade individual de músico e
identidade grupal de músico de uma
pesquisa do desenvolvimento das determinada corporação musical? Vale
subjetividades individuais e coletivas. ressaltar que identidade é uma
São elas: categoria fortemente presente em todos
1. Grupo e Processo Grupal. os grupos trabalhados/investigados,
Partimos de concepções de autores embora se apresente com nuances
diferentes em cada um deles. (Chaves;
como Lane (1981) e Vieira-Silva Vieira-Silva, 2009).
(2000), pensando o grupo como
mediação das relações dos indivíduos A identidade também é
com os movimentos sociais e pensando gerúndio, ou seja, vai sendo produzida e
no processo grupal como o movimento transformando-se no cotidiano das
dinâmico do grupo, como o movimento relações que são estabelecidas
do grupo de “se fazer grupo” (Vieira- socialmente, vai sendo influenciada por
Silva, 2000), do seu modo de se essas relações e vai influenciando-as
organizar como grupo e dos seus modos reciprocamente. No processo de sua
de se organizar para cumprir com suas produção, a identidade é influenciada, é
tarefas. Aqui vale dizer, com mais determinada pelas atividades que
propriedade, que o grupo está sendo realizamos e pelas características e
grupo, está se fazendo grupo, em vez de papéis que nos são atribuídos e que
dizer que o grupo é. O tempo verbal do rejeitamos ou incorporamos como
grupo é o gerúndio. Vale lembrar, nossos em vários momentos e ações.
também, de Pichón-Rivière (1988) e de 3. Afetividade Grupal. É
Afonso (2000), com os grupos categoria que, do nosso ponto de vista,
operativos e com as oficinas de grupos, vai englobando os sentimentos e as
referências que se tornaram das mais emoções vivenciadas cotidianamente e
significativas para atividades com tão presentes no dia a dia dos
grupos em vários programas e movimentos sociais e nos trabalhos
atividades de atenção e acolhimento desenvolvidos com grupos por
desenvolvidos em políticas públicas. profissionais de Psicologia e das
2. Identidade Individual e ciências humanas e sociais. Temos
Grupal. Essas categorias adquirem percebido, em várias de nossas
relevância em estudos e práticas da investigações, a existência de uma
Psicologia Social brasileira e, mais relação entre o nível de organização e

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consistência da atividade grupal e o aos trabalhos com comunidades e


nível de afetividade presente nas programas de saúde que implicam em
relações grupais. As emoções e os envolvimentos da população para
sentimentos desempenham papel melhor adesão aos tratamentos.
importante, ou até mesmo fundamental, 5. Cidadania Emancipatória.
no surgimento e desenvolvimento de Categoria trabalhada a partir da
fenômenos e de processos grupais, sociologia e da política, a cidadania
principalmente quando enfrentadas, passa a ter novas dimensões com sua
vivenciadas e assumidas coletivamente. incorporação como tema da Psicologia
Em várias situações, apenas a Social Comunitária no Brasil, a partir
possibilidade de expressão das emoções do final dos anos 1970 e nos anos 1980.
e dos sentimentos já é fator de Temos trabalhado muito com a
mobilização ou até mesmo de concepção de Demo (1988, 2002) que
integração. Valem aqui os sentimentos e adota o termo cidadania emancipatória,
as emoções tidos como positivos ou dizendo que não é qualquer cidadania
negativos, como a alegria ou a raiva, que nos interessa, mas uma cidadania
como a tristeza ou a euforia, que produza emancipação dos
vivenciados pelos indivíduos e por seus participantes no trabalho cotidiano com
coletivos, compondo uma categoria os movimentos sociais. A pretensão de
temática trabalhada por vários autores transformação do indivíduo em sujeito,
ligados a várias concepções teóricas, proposta pela Psicologia Social
entre os quais Pagès (1976); Pichón- Comunitária só se efetiva com o
Rivière, (1988), Agnes Heller (1985); desenvolvimento de processos de
Lane; Sawaia (1995); Montero (1994), emancipação e consciência crítica dos
Martín-Baró (1989); Vieira-Silva sujeitos envolvidos.
(2000), Brandão (1981). Vale, ainda, 6. Consciência Crítica. Categoria
ressaltar a relevância que tais questões trabalhada pela Psicologia sócio-
têm adquirido para a Psicologia Social histórica (Leontiev, 1978a; 1978b),
em trabalhos realizados a partir dos consciência ou consciência crítica ganha
anos 2000. destaque no Brasil e na América Latina
4. Participação Social. Essa também a partir do final dos anos 1970,
categoria é buscada no Serviço Social e com as práticas da Psicologia Social
na Sociologia, revista principalmente a Comunitária (Góis, 1988, 1993). Foi
partir do processo de redemocratização assumida por Silvia Lane como uma das
do País nos anos 1980. Passou a ter categorias fundamentais do psiquismo
novamente importância nos anos 2000, humano e tornada foco de investigação
com o surgimento mais efervescente dos no Programa de Pós-Graduação em
Conselhos Municipais e Conferências Psicologia Social da PUC-SP nos anos
municipais, estaduais e federais, 1990 (Lane; Sawaia, 1995). De lá para
considerados como pré-requisitos para o cá, vem se tornando uma categoria
desenvolvimento de políticas públicas e obrigatória para as ciências humanas,
para a efetivação dos programas de principalmente nos estudos sobre
orçamentos participativos. É política e movimentos sociais.
incentivada por gestores e por instâncias 7. Cultura e Diversidade
políticas de várias conotações, filiações Cultural. São conceitos que nos ajudam
partidárias ou perspectivas. Continua a por sua importância “na descrição das
ser um desafio para os que se dedicam práticas específicas de determinadas

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populações e dos significados Baronesa de Itaverava, que oferece


compartilhados pelos membros do atividades artísticas e culturais durante
grupo em relação à sua prática” todo o ano, tanto em suas próprias
(Campos, 1996). Aqui nos importam instalações quanto no Teatro Municipal
tanto as formas de convivência com a ou nas sedes dos grupos e associações
cultura como as formas de culturais da cidade e região. A
manifestações de muitos grupos participação da população é intensa e
diversos sobre seus modos de pensar e muito notada, também durante os vários
de conviver com as artes, com a eventos que são realizados em praça
literatura, com a dança e com a música. pública. Vários projetos de extensão e
Vale lembrar que vivemos em São João pesquisa da UFSJ são realizados na
del-Rei, cidade com mais de trezentos cidade e região, como oportunidade de
anos de história, rica em tradições prática profissional para alunos e
culturais e inserida em uma região, os professores de várias áreas do
Campos das Vertentes, que respira conhecimento e como oportunidade de
intensamente cultura, teatro e música, atuação conjunta com tais grupos e
tanto a que é produzida e reproduzida associações culturais, contando com a
por suas corporações musicais e seus participação cotidiana da população.
grupos de teatro quanto pelos sinos de 8. Meio Ambiente, Qualidade de
suas igrejas e pelos sons de blocos e Vida e Habitação. A busca pela
escolas de samba, responsáveis por um preservação e melhoria do meio
carnaval famoso e com forte apelo ambiente, pela qualidade de vida e por
popular. A cidade e região são formas de habitação que produzam
consideradas, ainda, como berço da relações mais igualitárias entre os
liberdade, pelo seu papel atuante nos habitantes são, também, temas que se
movimentos históricos de luta pela articulam com os propósitos e projetos
independência em relação a Portugal. desenvolvidos pelos profissionais que
Além de um sem número de orquestras atuam com a Psicologia Social
e bandas de música, a cidade conta com Comunitária na cidade e região.
o Conservatório Estadual de Música 9. Representações Sociais. Tema
Padre José Maria Xavier e com o Curso emblemático para a Psicologia Social
de Música da Universidade Federal de no mundo inteiro a partir dos estudos de
São João del-Rei, a UFSJ, que promove Serge Moscovici (1978), representações
o Inverno Cultural, tradicional festival sociais constitui uma categoria temática
de arte e cultura realizado anualmente, importante para a análise de temas
durante o mês de julho, por iniciativa da específicos, principalmente nas áreas de
Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos saúde e educação. No Brasil existem
Comunitários. O festival se encontra em vários grupos de pesquisa que se
sua 28ª edição e a UFSJ está na cidade e dedicam aos estudos das representações
região há 28 anos. O evento se sociais, tanto na Psicologia quanto nas
caracteriza pela grande oferta de ciências humanas e sociais de maneira
oficinas e espetáculos para todas as geral.
faixas etárias, com acesso gratuito e 10. Relações de Poder. Mais
destinadas a iniciantes e iniciados nas igualitárias ou menos autoritárias,
mais diversas manifestações das artes e relações de poder são parte dos nossos
da cultura. A UFSJ mantém ainda um desejos de construção de uma sociedade
Centro Cultural, instalado no Solar da mais justa e democrática. Com certeza,

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são parte dos desejos dos movimentos 11. Inclusão Socioeconômica,


sociais e pretensão de parte dos gestores Inclusão Social e Inclusão Psicossocial.
públicos que procuram implantar Do ponto de vista da psicologia social,
políticas mais participativas. Talvez esse não pode nos bastar uma inclusão social
seja o nosso maior desafio para a ou socioeconômica. A maioria dos
consolidação de uma sociedade programas sociais ligados a políticas
democrática, para uma política menos públicas atinge os indivíduos apenas até
corrupta e mais participativa. a inclusão socioeconômica, como vários
Acompanhando Machado (2002), programas de geração de renda. Nós
adotamos a perspectiva de Cornelius queremos uma inclusão psicossocial, ou
Castoriadis de uma política tal como os seja, uma inclusão que
gregos a criaram: questionamento provoque/possibilite a transformação do
explícito das instituições estabelecidas indivíduo em sujeito. Não basta uma
pela sociedade, tendo em vista a melhoria na condição socioeconômica,
expansão da democracia. Para é preciso que ela seja acompanhada de
Castoriadis (1992), a democracia melhoria nas condições de vida, saúde,
representa “a primeira emergência habitação, inserção no meio ambiente,
histórica do projeto de autonomia condições de trabalho e de vida digna,
coletiva e individual” (p. 138) e política ou seja, condições de vida saudável e
é projeto – sempre germe instituinte, acesso à felicidade (Vasconcelos, 1985).
interrogação das significações 12. Processos Educativos e
imaginárias da sociedade (SIS), visando Reflexivos como Espaços de Produção
a outro tipo de sociedade, outro tipo de de Sujeitos. Pensamos em experiências
indivíduo. Política é também projeto de desenvolvidas com grupos que discutem
autonomia, isto é, de “atividade processos de saúde-doença, em uma
coletiva, refletida e lúcida, visando à perspectiva de educação
instituição global da sociedade como problematizadora, na esteira das
tal” (p. 145). Política é, ainda, proposições de Paulo Freire, buscando o
envolvimento da população com
[...] a instauração de outro tipo de programas de desenvolvimento social e
relação entre a sociedade instituída e com a saúde coletiva. Trata-se de
instituinte, entre as leis dadas a cada
vez e a capacidade reflexiva e
trabalhos que buscam ampliar os modos
deliberativa do corpo político; [...] a de adesão a tratamento de doenças
liberação da criatividade coletiva, crônicas, trabalhos que buscam ampliar
permitindo formar projetos coletivos as formas de participação da população
para empreendimentos coletivos e em programas de educação e
trabalhar neles. (Castoriadis, p. 160).
desenvolvimento social, em conselhos
[...] a criação de instituições que, municipais ligados a políticas públicas,
interiorizadas pelos indivíduos,
programas de atenção a idosos e
facilitem ao máximo seu acesso à
autonomia individual e à possibilidade programas de assistência social (Paulo
de participação efetiva em todo poder Freire, 1981).
explícito existente na sociedade. Como conclusão das
(Castoriadis, p. 148). provocações, vale levantar algumas
dificuldades e impasses do trabalho com
Em função de tudo isso, a os movimentos sociais, com o Sistema
política é e deve ser uma construção Único de Saúde (SUS), o Sistema Único
coletiva e permanente. de Assistência Social (SUAS) e com as

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políticas públicas de maneira geral: comportamentos e culturas em curto


1. A desarticulação da sociedade prazo, que processos educativos
civil no Brasil, a partir de meados dos efetivos não acontecem em curto prazo.
anos 1990, e as contradições das 3. Produção de conhecimento a
articulações político-partidárias em partir dos trabalhos comunitários. Aqui
nossa sociedade, particularmente nos vale ressaltar a importância do registro e
anos 2000. Nossa confiança tanto nos da análise dos resultados em reuniões
políticos como nos processos e com as comunidades, em sala de aula,
programas públicos que envolvem sua em reuniões de supervisão, em
participação tem sido fortemente publicações diversas, sem o que não
abalada nas últimas décadas. Trabalhar conseguiremos avançar na construção
com os órgãos públicos e com as coletiva de uma nova sociedade,
instituições sociais que se relacionam baseada em condições mais igualitárias
cotidianamente com a política, de forma e em relações de poder mais fraternas.
direta e indireta, tem sido desafios que 4. Categorias provocadoras:
atravessam as práticas da Psicologia “Brilho no olho” e “Indignação”. Como
Social Comunitária e/ou dos lidamos com a subjetividade e com as
profissionais de Psicologia que se implicações psicossociais dos processos
sentem atingidos por suas implicações sociais e culturais, sabemos que um
em seu trabalho cotidiano. brilho nos olhos de nossos
2. O tempo de Kronos em “clientes/sujeitos”, que um sorriso
oposição ao tempo de Kairós, ou seja, iluminado de uma criança e que um
as grandes dificuldades de articulação aceno de vida e saúde mental de um
do tempo de efetivação das políticas idoso institucionalizado são resultados
públicas com o tempo de efetivação das que valem mais do que qualquer outro,
mudanças de comportamento das passível de generalização e publicável
comunidades em relação aos problemas em periódicos científicos. No entanto,
de saúde, educação e desenvolvimento precisamos traduzir nossos dados e
social. Kronos é o deus do tempo mostrar sua importância para os
cronológico, o tempo do relógio, processos de desenvolvimento social,
enquanto Kairós é o deus do tempo da educação e saúde pública. Publicar
reflexão, da filosofia, do pensar. Temos reflexões a partir de nossos resultados
discutido a necessidade de avaliar também é fundamental para o avanço da
sempre os impactos produzidos a curto, Psicologia como ciência e profissão.
médio e longo prazo por nossos Além disso, se não nos sentirmos
trabalhos e pelas políticas públicas que indignados com as condições cotidianas
nos são mais próximas. Na maioria das de vida e mal estar de nossa clientela e
vezes, os gestores públicos têm pressa lutarmos para sua superação, significa
de resultados. Pretendem sua reeleição que está faltando compromisso ético,
ou a eleição de seus continuadores, o envolvimento afetivo e desejo de
que faz com que implementem políticas transformação social.
públicas em “versões reduzidas”, ou
tenham pressa de obter resultados Considerações finais ou finalizações
ligados a processos educativos, que, na nada conclusivas
maioria das vezes, são lentos e
contraditórios por natureza. Já sabemos, Voltando ao começo, para fechar
há muito, que não mudamos as provocações, propõe-se a reflexão

Pesquisas e Práticas Psicossociais, 10(2), São João del-Rei, julho/dezembro 2015


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Silva, Marcos Vieira. Práticas em psicologia comunitária e processos de mobilização social: provocações
para um debate

permanente sobre alguns desafios muito alternativos ao modelo


presentes em nosso campo de trabalho. hospitalocêntrico de assistência à saúde
Com relação às fronteiras entre a e saúde mental); busca da promoção de
atuação política e a atuação profissional, autoestima também como objetivo de
destacamos: o compromisso ético com políticas públicas em oposição a
nossa clientela e busca da produção práticas de autoajuda e a atendimentos
permanente de uma subjetividade psicoterapêuticos tradicionais; busca
cidadã; o compromisso político com a permanente da produção de
construção de uma sociedade mais justa Subjetividades Cidadãs como meta de
e sempre democrática; a convivência políticas públicas em que houver
com o compromisso permanente de uma atuação da Psicologia; inclusão
atuação que incorpora o ser militante ao psicossocial, como meta de trabalho da
ser psicólogo (vale sempre lembrar Psicologia concebida nas perspectivas
Paulo Freire e sua crítica a uma que mencionamos acima, e nas suas
educação bancária); os desafios da articulações cotidianas com políticas
produção de uma ciência que melhore a públicas de saúde, educação e
vida cotidiana da sociedade em que é desenvolvimento social, que, no nosso
desenvolvida. entender, devem tê-la como meta
A promoção de práticas de cotidiana e permanente.
formação e atuação profissional Fica aqui o nosso convite ao
desenvolvidas em articulação com pensar e agir individual e coletivamente,
projetos de extensão universitária participando da construção de novas
continuam sendo um espaço modalidades de atenção e do resgate de
privilegiado para a produção de perspectivas práticas e teóricas que vem
processos psicossociais e nos dando suporte para a construção de
socioeducativos que provocam parcerias uma Psicologia Social Comunitária
entre os saberes acadêmicos e populares mais comprometida com a construção
e proporcionam possibilidades de coletiva de uma sociedade mais justa e
participação social em políticas igualitária para todos nós.
públicas.
No que respeita às Referências
especificidades das contribuições da
Psicologia Social Comunitária para a Afonso, M. L. (2000). Oficinas em
mobilização e participação sociais, dinâmica de Grupo: um método de
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Recebido em: 21/08/2014


Aprovado em: 18/09/2015

Pesquisas e Práticas Psicossociais, 10(2), São João del-Rei, julho/dezembro 2015

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