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Disciplina: Estruturas de Concreto Protendido

Profa. Natália Alves

3- ELEMENTOS CONSTRUTIVOS

1- TIPOS DE PROTENSÃO

Os tipos de protensão estão relacionados à forma como ocorre aderência


entre a armadura ativa e concreto, e se dividem em: pré ou pós-tração, protensão
sem ou com aderência e interna ou externa.

Na pré-tração, a armadura se encontra tracionada e ancorada em


dispositivos externos à peça antes do lançamento do concreto.

Na pós-tração, que é a situação inversa ao da pré-tração, a armadura


somente é tracionada e ancorada após o concreto ter adquirido certa resistência.

Protensão sem aderência, aplicada ao caso da pós-tração: após a


ancoragem da armadura há injeção de graxa que não permite a aderência ao
concreto e também protege contra corrosão.

Protensão com aderência inicial, aplicada ao caso da pré-tração: a força


de protensão é transmitida à peça por aderência entre armadura e concreto,
assim como pela ancoragem da armadura.

Protensão com aderência posterior, aplicada ao caso da pós-tração. A


aderência entre concreto e armadura é garantida de modo permanente com
injeção de calda de cimento no interior das bainhas, com auxílio de bombas
injetoras.

Os sistemas com armaduras pré-tracionadas são mais adequados para


instalações fixas (fábricas). Os sistemas com armaduras pós-tracionadas são
mais utilizados quando a protensão é realizada na obra
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1.1 - SISTEMAS COM ARMADURAS PRÉ-TRACIONADAS

NBR 6118 : “Concreto com armadura ativa pré-tracionada (protensão


com aderência inicial): Concreto protendidole em que o pré-alongamento da
armadura ativa é feito utilizando-se apoios independentes do elemento
estrutural, antes do lançamento do concreto, sendo a ligação da armadura de
protensão com os referidos apoios desfeita após o endurecimento do concreto;
a ancoragem no concreto realiza-se só por aderência.

Os sistemas com armaduras pré-tracionadas são geralmente utilizados


em fábricas, onde a concretagem se faz em instalações fixas, denominados
leitos de protensão. Os leitos são alongados, permitindo a produção simultânea
de diversas peças.

A seqüência de operações neste caso é a seguinte:

a) posicionam-se, inicialmente, os fios de protensão que são ancorados


(extremidade afixada) em um dos apoios rígidos, por exemplo, o do lado
esquerdo;

b) através de um macaco que reage contra o apoio à direita estira-se a


armadura de protensão que pode ser composta de fios ou cordoalhas. Após
alcançar o estiramento necessário as extremidades da armadura de protensão
são ancoradas no apoio da direita;

c) o concreto é lançado, vibra-o e dá o acabamento da superfície superior.


A partir deste instante o concreto entre em contato com a armadura iniciando o
processo de aderência. Daí o nome de aderência inicial ou pré-tensão, pois a
armadura já estava tensionada quando do lançamento do concreto.

d) depois de transcorrido o tempo suficiente para que o concreto curado


e já tenha resistência adequada promove-se à retirada da ancoragem de um dos
apoios. A armadura tenta retornar ao comprimento que tinha antes da distensão
provocando compressão no concreto em virtude de estar aderente ao mesmo.
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A Figura mostra a sequência construtiva de vigas com armaduras pré-


tracionadas, em um leito alongado com capacidade para três vigas. A ancoragem
das armaduras no concreto faz-se por aderência . Quando a tensão na armadura
é reduzida, ela tende a voltar ao seu diâmetro sem carga; o aumento do diâmetro
mobiliza atrito no concreto, o que auxilia a ancoragem.

Figura 1 - As armaduras (1) são colocadas atravessando os montantes (2), e fixando-se em placas de ancoragem (3),
por meio de dispositivos mecânicos (4), geralmente constituídos por cunhas. A placa de ancoragem da esquerda é fixa,
a da direita é móvel. Com auxílio de macacos de longo curso, esticam-se as armaduras, empurrando-se a placa de
ancoragem móvel, até se alcançar o esforço de protensão desejado; a placa de ancoragem móvel é então fixada por
meio de calços (5) mantendo as armaduras esticadas. O concreto (6) é compactado dentro das fôrmas, envolvendo as
armaduras protendidas, que ficam aderentes. Após a cura do concreto, os macacos são recolocados em carga na placa
de ancoragem móvel, retirando-se lentamente a tensão nas armaduras. A seguir, as armaduras são cortadas, junto
às faces de viga. Como o encurtamento das armaduras é impedido pela aderência das mesmas com o concreto, resulta
que as vigas ficam protendidas. No desenho da figura, são fabricadas simultaneamente três vigas de concreto
protendido (6).

O esquema de protensão acima com armaduras retilíneas, pode ser


modificado de modo que as armaduras tenham uma trajetória poligonal no
interior de cada viga. As vigas com armadura poligonal são mais eficientes, pois
a excentricidade da armadura é maior no meio do vão, onde atuam maiores
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momentos fletores.

Figura 2 Esquema de execução de vigas com armaduras pré-tracionadas poligonais em leito alongado, permitindo a
execução simultânea de várias vigas, em série. 1 – armaduras pré-tracionadas; 2 – placa de ancoragem; 3 – concreto
de viga; 4 – pontos de apoio das armaduras poligonais; 5 – pontos de rebaixamento das amaduras poligonais

1.2- SISTEMAS COM ARMADURAS PÓS-TRACIONADAS

Nos sistemas com armaduras pós-tracionadas, as armaduras de


protensão são esticadas após o endurecimento de concreto, ficando ancoradas
na face do mesmo. Estes sistemas podem apresentar uma grande variedade,
dependendo dos tipos de cabos, percursos dos mesmos na viga, tipos e
posicionamentos das ancoragens etc.

Nos sistemas com armaduras pós-tracionados temos a protensão com


aderência posterior e sem aderência:

- Protensão com aderência posterior: A protensão é aplicada sobre uma


peça de concreto já endurecido e a aderência é processada posteriormente,
geralmente através da injeção de uma nata de cimento no interior das bainhas.

Segundo a NBR 6118 - Concreto com armadura ativa pós-tracionada


(protensão com aderência posterior):Concreto protendido em que o pré
alongamento da armadura (ativa de protensão) é realizado após o
endurecimento do concreto, utilizando-se, como apoios, partes do próprio
elemento estrutural, criando-se posteriormente aderência com o concreto de
modo permanente, através da injeção das bainhas.

A seqüência de operações neste caso é a seguinte:


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Etapa 1 - montagem do escoramento, das formas e da colocação das


armaduras passivas (armaduras normais feitas com barras de aço comum) e
bainhas estanques (não permitem a penetração do concreto dentro delas) com
cabos em seu interior (no detalhe 1 podem ser vistos a bainha, os cabos que são
compostos, neste caso de cordoalhas de 7 fios de aço de protensão). A bainhas,
em geral, tem seção circular e são corrugadas para prevenir seu amassamento
nas fases de execução e possibilitar uma melhor aderência calda de cimento (a
ser introduzida posteriormente) e bainha. Em alguns casos os cabos (conjunto
de cordoalhas dentro de uma bainha) poderão ser enfiados posteriormente
embora o usual seja a colocação das bainhas já com os cabos dentro delas.

• Etapa 2- O concreto é lançado, porém sem entrar em contato com a


armadura de protensão pois a bainha o impede (não há aderência entre a
armadura de protensão e o concreto no momento do lançamento do concreto,
daí o nome de aderência posterior à concretagem).

• Etapa 3- Após o endurecimento do concreto e alcançada resistência


mínima, para tanto, é efetivada a protensão, normalmente através de macacos
hidráulicos que se apóiam nas faces da viga e distendem a armadura de
protensão. Assim, o concreto é comprimido pelo apoio dos macacos e
simultaneamente o aço de protensão é distendido. Normalmente (dependendo
de como a peça foi projetada) após a protensão do último cabo a viga não estará
mais em contato com o escoramento pois ela (protensão) cria um efeito de flexão
com curvatura contrária à que existe devido à ação de peso próprio. Por este
motivo é interessante, controlar no ponto de maior deformação da viga (neste
caso no meio do vão) se há a separação da face inferior da viga da forma
(retirando as formas laterais para verificar este fato). Após a protensão de um
cabo ele pode ser ancorado, com procedimento similar ao discutido no caso
anterior, considerando apenas um conjunto de peças, geralmente, de maiores
dimensões.

Etapa 4 – Injeção de calda de cimento nas bainhas. A bainha é projetada


para alojar os cabos com uma certa folga de maneira que, durante a protensão,
seja permitido seu deslocamento, após a protensão e ancoragem dos cabos
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torna-se interessante o preenchimento do espaço vazio entre a armadura e


bainha com calda de cimento para estabelecer, após o endurecimento da
mesma) a aderência entre armadura e concreto (no caso cordoalhas-bainha que
por sua vez já estão aderentes ao concreto). Esta operação melhora também a
proteção da armadura quanto à corrosão. Se não se efetuar a injeção de nata de
cimento tem-se uma viga de concreto protendido sem aderência. São deixados
orifícios junto aos elementos que compõem a ancoragem nas extremidades dos
cabos, de maneira que se pode injetar, sobre pressão a calda de cimento por
uma extremidade e quando a mesma purgar pela outra extremidade se
assegurar que os espaços vazios entre cordoalhas e interior da bainha estão
devidamente preenchidos. É importante destacar que mesmo que haja uma
grande retração da nata de cimento o corrugamento das bainhas permite a
transmissão de ações entre o concreto e face da bainha ondulada.
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POR QUE PROTENDER COM ADERÊNCIA

Quando a protensão é aplicada nas cordoalhas, são criadas tensões


internas na estrutura, para combater esforços resultantes dos carregamentos e
melhorar o desempenho do conjunto. As cordoalhas ficam constantemente
esticadas, durante toda a vida útil da estrutura. As tensões elevadas necessárias
para esticar as cordoalhas devem ser absorvidas pelo sistema de protensão, de
forma a proteger as estruturas e seus usuários.

A protensão aderente é um dos recursos capazes de oferecer esta


proteção, pois permite que a armadura de protensão e o concreto trabalhem em
conjunto, de forma integrada. Isso significa que se, eventualmente, um cabo for
cortado ou se romper, a estrutura absorverá as tensões resultantes do
rompimento. Nestes casos, a perda de força será localizada, pois a aderência
permite que o comprimento remanescente do cabo conserve a protensão. A
protensão aderente possibilita, assim, estruturas mais seguras.

- Protensão sem aderência: a armadura ativa é tracionada após a


execução da peça de concreto. A inexistência de aderência refere-se somente a
armadura ativa. A armadura passiva deve estar sempre aderida ao concreto.
Geralmente, a armadura ativa é colocada dentro de dutos metálicos ou de
plástico. Após a aplicação da força de protensao, injeta-se graxa nesses dutos
para proteger a armadura da corrosão.

Segundo a NBR 6118- Concreto com armadura ativa pós-tracionada sem


aderência (protensão sem aderência) Concreto protendido em que o pré
alongamento da armadura ativa é realizado após o endurecimento do concreto,
sendo utilizado como apoios, partes do próprio elemento estrutural, mas não
sendo criada aderência com o concreto, ficando a armadura ligada ao concreto
apenas em pontos localizados.

Os cabos internos com bainhas de papel ou de plástico (lisos) são


considerados não-aderentes. Os cabos externos, sem ligação direta com a viga
ao longo do cabo, são evidentemente do tipo não-aderente; esse tipo de cabo é
muito utilizado em projeto de reforço de obras.
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As primeiras obras em concreto protendido no Brasil foram executadas


com protensão não aderente. A ponte do Galeão – Rio de Janeiro, segundo
CAUDURO [1996], maior obra em extensão na época em concreto protendido e
a primeira aplicação do processo FREYSSINET , projetada pelo próprio em
1949, utiliza-se de cabos com 12 fios lisos de φ= 5 mm, pintados com tinta
betuminosa e envolvidos por duas ou três camadas de papel resistente (Kraft).
A tinta betuminosa além de impedir o contato do concreto protegia a armadura
de corrosão e permita que após o endurecimento do concreto o cabo pudesse
ser tensionado. Apenas em 1956 iniciou-se a enrolar os cabos com fitas plásticas
usando ainda o betume para pintura dos cabos e, finalmente em 1958,
começaram a serem fabricadas bainhas metálicas de chapa metálica de 0,3 mm,
similares às usadas hoje em dia, costuradas em hélices.

Há também a possibilidade de se executar a protensão sem promover


aderência entre a armadura usando bainhas convencionais. Basta neste caso
não se fazer a injeção de nata de cimento. Porém, esta maneira não se tem
nenhuma vantagem a não ser evitar uma de etapa de execução e haveria uma
grande possibilidade de corrosão da armadura ativa, pois o aço solicitado sob
tensão de grande intensidade pode sofrer uma corrosão muito rápida. O mais
comum é usar cabos, na verdade uma cordoalha envolta em graxa e encapada
com capa plástica protetora. Desta forma a capa faz a função da bainha isolando
o concreto do cabo e a graxa além de preencher os vazios entre cabo e capa
plástica ajuda na fase de protensão permitindo o seu estiramento ao diminuir
bastante o atrito na superfície do cabo.
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A cordoalha engraxada, disponibilizada no mercado há pouco tempo aqui


no Brasil pela mesma fabricante do aço de protensão, permite simplificar a
execução de peças protendidas, porém o funcionamento em serviço das peças
com aderência é melhor e há um pequeno aumento de resistência, no estado
limite último, quando se usa peças com aderência.

Também há de se notar que se por ventura houver a ruptura da


ancoragem ou o corte da armadura ativa a protensão da cordoalha engraxada o
efeito de protensão do cabo desaparece por completo

3.3 Níveis de Protensão

Os níveis de protensão estão relacionados aos estados limites de utilização


referentes à fissuração. Para a determinação das solicitações devem ser
empregadas as combinações de ações como estabelece a NBR 6118:2003.

Os níveis de protensão se subdividem em: protensão completa, protensão


limitada ou protensão parcial. A escolha do tipo de protensão a ser empregada
em um projeto é feita em função do tipo de construção ou da agressividade do
meio ambiente

- Existe protensão completa, quando as duas condições a seguir são


verificadas:

I – Para as combinações freqüentes de ações é respeitado o estado limite de

descompressão, ou seja, sempre que atuarem a carga permanente e as


sobrecargas frequentes, não será admitido tensão de tração no concreto;
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II – Para as combinações raras de ações, quando previstas no projeto, é


respeitado o estado limite de formação de fissuras.

A protensão completa é o nível que propicia as melhores condições de proteção


das armaduras contra corrosão e limita as variações de tensões no aço a valores
moderados. A princípio não há limitação técnica para o uso da protensão
completa, ficando a escolha desse nível sujeita apenas a motivos econômicos.
Esse nível é bastante interessante em obras situadas em meios muito
agressivos.

- Existe protensão limitada, quando as duas condições a seguir são


verificadas:

I – Para as combinações quase permanentes de ações, previstas no projeto, é


respeitado o estado limite de descompressão;

II – Para as combinações freqüentes de ações, previstas no projeto, é respeitado


o estado limite de formação de fissuras.

Em vigas com protensão limitada, as tensões de tração devem ser


dimensionadas de forma moderada em serviço para que a probabilidade de
formação de fissuras no concreto seja pequena. Caso venham acontecer por
causa de alguma ação variável temporária, as fissuras podem fechar logo após
cessada a ação. Isso é possível por conta das seções permanecerem
comprimidas sob o efeito das cargas quase permanentes.

A protensão limitada quando comparada com a completa, apresenta os


seguintes benefícios:

- Tensões menores na época da protensão;

- Redução da flecha devido o efeito de fluência do concreto;

- Menor quantidade de armadura ativa (o aço para CP é mais oneroso quando

comparado com o aço para CA).

- Existe protensão parcial, quando as duas condições a seguir são


verificadas:
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I – Para as combinações quase permanentes de ações, previstas no projeto, é


respeitado o estado limite de descompressão;

II – Para as combinações freqüentes de ações, previstas no projeto, é respeitado


o estado limite de formação de fissuras, com wk ≤ 0,2mm.

Esse nível de protensão é similar à protensão parcial, com a diferença


que é permitida que as tensões de tração no concreto atinjam valores maiores,
levando a formação de fissuras maiores.

A protensão completa permite reduzir a quantidade de armadura passiva,


mas a redução pode se tornar prejudicial ao controle da fissuração, para o caso
em que surgirem esforços de tração e fissuras oriundas da diferença de
temperatura e de recalques de apoio.

De certa forma a protensão parcial é suficiente para alcançar os benefícios


da protensão. Na maioria das estruturas os esforços máximos levados em conta
no dimensionamento ocorrem poucas vezes, com isso é mais vantajoso evitar
tensões de tração para boa parte dos carregamentos e controlar a fissuração
para o carregamento total.

Por isso a protensão completa se torna uma exigência para os casos de


estruturas situadas em ambientes muito agressivos e onde as fissuras devam
ser impedidas por completo, como são os casos de barras tracionadas ou em
paredes de reservatórios.

2- MATERIAIS UTILIZADOS EM CONCRETO PROTENDIDO

2.1- CONCRETO

O concreto é obtido através da mistura adequada de cimento, agregado


fino, agregado graúdo e água. Em algumas situações são incorporados produtos
químicos ou outros componentes como microsílica, casca de arroz ou outros. A
adição de produtos químicos ou outros materiais têm a finalidade de melhorar
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alguma propriedade tais como: trabalhabilidade, retardar a velocidade das


reações químicas ou aumentar a resistência.

A construção de estruturas protendidas requer um controle de qualidade


do concreto muito rigoroso. Deve-se exigir a realização de ensaios prévios, o
controle contínuo do cimento e dos agregados utilizados, bem como uma
fiscalização constante durante a elaboração do concreto.

Normalmente, os concretos utilizados em peças protendidas possuem


resistência superior àquelas das peças de concreto armado. Para concreto
protendido, o código modelo CEB-78 recomenda fck ≥ 25 MPa. Existem várias
razões que justificam a utilização de concretos de alta resistência em peças
protendidas. A alta resistência, aliada ao fato de toda a seção da peça trabalhar,
resistindo aos esforços atuantes, redunda em seções com dimensões menores
que no concreto armado convencional, o que, em outras palavras, significa
menor peso próprio. A diminuição do peso próprio viabiliza economicamente a
execução de estruturas com grandes vãos.

Faixas de resistência normalmente utilizadas:

concreto armado: 15 MPa < fck < 20 MPa

concreto protendido: 30 MPa < fck < 40 Mpa

A aplicação do cimento CP V ARI é muito comum, porque possibilita a


aplicação da força de protensão num tempo menor, no caso da pós-tensão.

Especialmente nas peças de Concreto Protendido, a cura do concreto


deve ser cuidadosa, a fim de possibilitar a sua melhor qualidade possível. A cura
térmica a vapor é frequente na fabricação das peças pré-fabricadas, para a
produção de maior quantidade de peças.

As diversas características do concreto endurecido, ou seja, quando ele


vai ser utilizado, dependem fundamentalmente do planejamento e cuidados na
sua execução. O início do planejamento consiste em definir as propriedades que
se deseja, verificar os materiais existentes ou disponíveis, escolher os materiais
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e estabelecer uma metodologia para definir o traço, equipamentos para a


mistura, transporte, adensamento e cura do mesmo.

Todas as propriedades do concreto, utilizadas nas estruturas de concreto


armado, são replicadas nas estruturas de concreto protendido. Entretanto, duas
delas têm significado especial ao serem computadas as perdas devidas à
protensão, que serão detalhadas à diante. Trata-se de Retração e da Fluência
do concreto descritas à seguir:

- Retração do concreto

A quantidade de água empregada na fabricação do concreto é sempre


maior do que a quantidade necessária para as reações químicas com o cimento.
A água em excesso é necessária para dar trabalhabilidade ao concreto fresco.
Em contato com o ar, o concreto perde parte da água não fixada quimicamente
durante sua secagem ocorrendo assim uma diminuição do seu volume. Se o
concreto for imerso em água, ocorre o fenômeno inverso denominado expansão.
A retração é, portanto, a deformação independente de carregamento provocada
pela perda da água livre quando o concreto se encontra em contato com o ar.
Parte da retração é irreversível.

- Fluência

A fluência pode ser definida como o aumento de deformação quando o


material se encontra sujeito a uma tensão constante. No concreto ela ocorre
porque as camadas de água adsorvida se tornam mais finas entre as partículas
de gel as quais transmitem as tensões.

2.2- AÇOS DE PROTENSÃO

Os aços usados no concreto protendido caracterizam-se por elevada


resistência e pela ausência de patamar de escoamento. São sensivelmente mais
econômicos que os aços normalmente empregados na construção com concreto
armado, já que sua resistência pode ser, aproximadamente, de três a cinco
vezes maior. Os aços de alta resistência podem ser fornecidos também em
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grandes comprimentos, na forma de fios e cordoalhas, evitando-se assim os


problemas relacionados com a emenda da armadura em peças estruturais de
grandes vãos. Na construção com concreto armado, o emprego dos aços de alta
resistência é proibitivo, devido aos alongamentos excessivos que produziriam
fissuras muito abertas. No concreto protendido este problema é evitado através
do alongamento prévio da armadura.

Existem duas especificações da Associação Brasileira de Normas


Técnicas que regulamentam as características e propriedades do aço de
protensão, a saber:

NBR 7482 - Fios de aço para concreto protendido;

NBR 7483 - Cordoalhas de aço para concreto protendido

Os aços de protensão são encontrados nas seguintes formas:

a) Fios encruados a frio por trefilação

Classificação (NBR 7482)

• Conforme a resistência à tração, classificam-se nas categorias CP150,


CP160 e CP170

• Conforme o comportamento à relaxação, classificam-se em relaxação


normal (RN) e relaxação baixa (RB)

São fabricados com diâmetros de 4, 5, 6, 7 e 8 mm (pela Belgo-Mineira)

b) Cordoalhas

Cordoalha de sete fios: Constituída de sete fios de mesmo diâmetro


nominal, encordoados, numa forma helicoidal, em torno de um fio central
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Cordoalha de dois e três fios: Constituída de dois ou três fios de mesmo


diâmetro nominal, encordoados numa forma helicoidal

Classificação (NBR 7482)

• Cordoalha de sete fios: CP-175 RN ou RB; CP-190 RN ou RB

• Cordoalha de dois ou três fios: CP-180 RN

c) barras de aço-liga de alta resistência, laminadas a quente, com


diâmetros superiores a 12 mm e comprimento limitado.

Quanto à modalidade de tratamento podem ser:

a) aços aliviados ou de relaxação normal (RN). São aços retificados por


um tratamento térmico que alivia as tensões internas de trefilação;

b) aços estabilizados ou de relaxação baixa (RB). São aços que recebem


um tratamento termomecânico que melhora as características elásticas e reduz
as perdas de tensão por relaxação.

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