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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

FELIPE GROBA MONTEIRO

PAREDE DIAFRAGMA ATIRANTADA E


MOLDADA IN LOCO

SÃO PAULO
2009
2

FELIPE GROBA MONTEIRO

PAREDE DIAFRAGMA ATIRANTADA E


MOLDADA IN LOCO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial
para a obtenção do título de Graduação
do Curso de Engenharia Civil da
Universidade Anhembi Morumbi

Orientador: Prof.º Dr. Wilson Shoji Iyomasa

SÃO PAULO
2009
3

FELIPE GROBA MONTEIRO

PAREDE DIAFRAGMA ATIRANTADA E


MOLDADA IN LOCO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial
para a obtenção do título de Graduação
do Curso de Engenharia Civil da
Universidade Anhembi Morumbi.

Trabalho____________ em: ____ de_______________de 2009.

______________________________________________
Prof. º Dr. Wilson Shoji Iyomasa

______________________________________________
Prof. º Me. Cláudio Luiz Ridente Gomes
Comentários:_________________________________________________________
___________________________________________________________________
SÃO PAULO
SÃO PAULO
___________________________________________________________________
2009
2009
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4

Dedico este trabalho aos meus familiares e a minha


namorada pelo apoio fundamental na realização do
mesmo.

.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço as empresas e a todos que colaboraram na elaboração deste trabalho.

ƒ Geofix fundações;

ƒ Geólº. Dr. Wilson Shoji Iyomasa;

ƒ Construtora Costa Fortuna;

ƒ SDI Empreendimentos Imobiliários;


6

RESUMO

Este trabalho apresenta em detalhes o modo de contenção em parede diafragma


atirantada moldada in loco, que é uma das soluções mais utilizadas hoje em
contenção no Brasil. Na revisão bibliográfica foi apresentada a parede diafragma e
tirantes em detalhes, suas fases de execução, equipamentos e materiais.
Discutem – se também os fatores relevantes no colapso da parede diafragma
moldada ‘’ in loco ‘’ na obra da Avenida Brigadeiro Faria Lima nº 4440 - Bairro Vila
Olímpia – São Paulo e a solução adotada para recuperação do problema.

Palavras - chave: contenções, parede diafragma, tirantes.


7

ABSTRACT

This paper presents in detail the method of containment wall diaphragm shaped
cable-stayed on the spot, which is one of the solutions used today in contention in
Brazil. In the literature review was presented to the diaphragm wall and tie in detail,
their stages of implementation, equipment and materials. They argue - is also
relevant factors in the collapse of the diaphragm wall shaped''spot''in the work of
Avenida Brigadeiro Faria Lima n º 4440 - Bairro Vila Olimpia - Sao Paulo and the
solution adopted for recovery of the problem.

Keywords - Keywords: restraints, diaphragm wall, tie rods.


8

LISTA DE FIGURAS

Figura 5.1 – Diafragmadora....................................................................................... 21


Figura 5.2 – Clamshell .............................................................................................. 21
Figura 5.3 – Montagem das armaduras .................................................................... 22
Figura 5.4 – Armadura das lamelas .......................................................................... 23
Figura 5.5 – Tubo Tremonha e Funil ......................................................................... 24
Figura 5.6 – Central da Lama Bentonítica ................................................................. 25
Figura 5.7 – Fases de Execução da Parede Diafragma ............................................ 27
Figura 5.8 – Mureta guia ........................................................................................... 28
Figura 5.9 – Escavação da parede diafragma ........................................................... 28
Figura 5.10 – Aplicação do polímero ......................................................................... 34
Figura 5.11 – Processo de escavação com polímeros .............................................. 34
Figura 5.12 – Tirante com barra ................................................................................ 37
Figura 5.13 – Detalhe ancoragem tirante com barra ................................................. 37
Figura 5.14 – Esquema em corte de tirante fios e cordoalhas .................................. 38
Figura 5.15 – Detalhe tirante com cordoalha............................................................. 38
Figura 5.16 – Perfuração de tirante ........................................................................... 39
Figura 5.17 – Injeção da nata no tirante .................................................................... 40
Figura 5.18 – Protensão do tirante ............................................................................ 41
Figura 6.1 – Foto de satélite Vila Olímpia São Paulo.................................................43
Figura 6.2 – Croqui Contenção e Divisa do terreno...................................................45
Figura 6.3 – Locais da Primeira e Segunda Ocorrência............................................46
Figura 6.2 – Abaulamento do painel da parede diafragma........................................48
Figura 6.3 – Ruptura parcial do painel da parede diafragma.....................................49
9

LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 – Parâmetros da lama recomendados pela NBR 6122 ........................... 25


Tabela 5.2 – Cargas em tirantes permanentes e provisórios ................................... 42
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

EPI Equipamento de Proteção Individual

FRANKI Fundações Infraestrutura e Construção Civil

NBR Norma Brasileira Regulamentadora


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LISTA DE SÍMBOLOS

cm centímetro
cm³ centímetro cúbico
g grama
kg quilo
MPa mega pascal
m metro
m³ metro cúbico
ml milílitro
mm milímetro
tf tonelada força
12

SUMÁRIO
p.

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 16

2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 16

2.2 Objetivo Específico ...................................................................................... 16

3. MÉTODO DE TRABALHO ................................................................................ 17

4. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 18

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 19

5.1 Parede Diafragma .............................................................................................. 19

5.1.1 Informações e Documentos Necessários para Execução da Parede


Diafragma ............................................................................................................. 20

5.1.2 Materiais e Equipamentos Necessários para Execução da Parede


Diafragma ............................................................................................................. 20

5.1.3 Documentos Necessários para Controle da Execução da Parede


Diafragma ............................................................................................................. 26

5.1.4 Fases de execução da parede diafragma ................................................ 26

5.2 Problemas causados pela Lama Bentonítica.................................................. 32

5.2.1 Saúde ........................................................................................................... 32

5.2.2 Meio Ambiente ............................................................................................ 33

5.3 Lama Bentonítica x Polímero ........................................................................... 33


13

5.4 Tirantes .............................................................................................................. 36

5.4.1 Tipos de Tirantes ........................................................................................ 36

5.4.2 Fases de Execução dos Tirantes............................................................... 38

6. ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 43

6.1 Localização e Descrição da obra ..................................................................... 43

6.2 Projetos .............................................................................................................. 44

6.3 Ocorrências Relevantes.................................................................................... 45

6.3.1 Primeira Ocorrência.................................................................................... 46

6.3.2 Segunda Ocorrência ................................................................................... 47

6.4 Danos causados pelas ocorrências................................................................. 48

6.4.1 Primeira Ocorrência.................................................................................... 48

6.4.2 Segunda Ocorrência ................................................................................... 49

6.5 Projeto e recuperação dos trechos afetados. ................................................. 49

6.5.1 Primeira Ocorrência.................................................................................... 49

6.5.2 Segunda Ocorrência ................................................................................... 49

7. ANÁLISE DOS FATORES DAS OCORRÊNCIAS ............................................... 51

7.1 Laudo 1 – Construtora ...................................................................................... 51

7.2 Laudo 2 – Incorporadora .................................................................................. 52

8. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 54
14

9. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................. 56

APÊNDICE A .............................................................................................................. 1

ANEXO A .................................................................................................................... 2

ANEXO B .................................................................................................................... 3
15

1. INTRODUÇÃO

A parede diafragma atirantada tem como função conter a água do lençol freático e
também o solo.

As primeiras paredes diafragma atirantadas surgiram no continente europeu na


década de 50. No Brasil, a primeira parede diafragma atirantada foi feita em 1969
em um edifício da Universidade de São Paulo, e esta obra foi executada pela
empresa Franki.

Desde então, o uso das paredes diafragma atirantada tem crescido na construção
civil, por resolver problemas de difícil solução pelos métodos mais utilizados de
contenção, principalmente onde houver água do lençol freático. A parede diafragma
atirantada é executada ao longo do perímetro da divisa do terreno, com variação de
espessura.

Com o crescimento da verticalização, e a necessidade de um grande número de


vagas de garagem por unidade nos empreendimentos comerciais e residenciais, a
construção de subsolos com profundidades elevadas situados em áreas
densamente ocupadas por diversas edificações, ficava cada vez mais difícil de ser
realizada. Tendo em vista que essas edificações quase sempre antigas se
encontravam em mau estado de conservação e preservação ou apoiadas em
fundações diretas. Por este motivo, a parede diafragma atirantada tem sido muito
utilizada dentre diversas soluções de contenção, visando a preservação da
vizinhança das obras.

Atualmente a parede diafragma atirantada é utilizada em obras, como: canalização


de rios e córregos, estruturas de contenção, galerias do metrô dentre outras
aplicações.
16

2. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é apresentar a parede diafragma atirantada na construção


civil.

2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do trabalho é demonstrar a parede diafragma atirantada na


construção civil, por meio de revisão bibliográfica.

2.2 Objetivo Específico

O objetivo específico do trabalho é apresentar um estudo bibliográfico sobre a


parede diafragma atirantada, métodos executivos, bem como suas vantagens e
materiais usados na sua execução, e mostrar através de um estudo de caso a
aplicação da parede diagrama atirantada.
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3. MÉTODO DE TRABALHO

A pesquisa foi baseada em consultas a livros, artigos técnicos, normas ABNT,


internet, e entrevistas técnicas com consultores.

Para o desenvolvimento teórico, foi realizada pesquisa de material bibliográfico junto


a empresas e consultores do ramo que englobam os métodos de execução da
parede diafragma atirantada.

A ilustração foi feita com fotos de obras que utilizaram o método de contenção em
parede diafragma atirantada.

Foram feitas consultas técnicas com profissionais envolvidos no processo de


execução de parede diafragma atirantada utilizada no estudo de caso presente no
trabalho.
18

4. JUSTIFICATIVA

O presente estudo foi escolhido por consequência do aquecimento do mercado da


construção civil, proveniente de uma melhora na economia brasileira. Onde foi
constatado um aumento no emprego da utilização da parede diafragma atirantada
na construção civil.

Portanto, neste trabalho será esclarecido o processo de execução da parede


diafragma atirantada, bem como os cuidados a serem tomados neste processo para
que se obtenha o resultado desejado.
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5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.1 Parede Diafragma

Paredes moldadas no solo ou pré-moldadas, também conhecidas como paredes


diafragma ou contínuas, são cortinas executadas enchendo-se com concreto ou
outro material. Uma trincheira inicialmente aberta no terreno e mantida estável com
auxílio da lama bentonítica. Embora seu desenvolvimento tenha ocorrido no final da
década de 60, este processo teve grande impacto na técnica de escavação e
fundações.

Existem diferentes tipos de parede diafragma como:

• Parede Diafragma Moldada in loco Atirantada;


• Parede Diafragma Moldada in loco;
• Parede Diafragma Pré-moldada;
• Parede Diafragma Plásticas;

A parede diafragma moldada “in loco” é um elemento de fundação e ou contenção


moldada no solo, realizando no subsolo um muro vertical de concreto armado cuja
espessura pode variar entre 30 e 120cm, e profundidade de até 50m (GEOFIX,
2009).

Este muro pode absorver empuxos, cargas axiais e momentos fletores, bem como
ser utilizado como elemento de fundação absorvendo cargas normais, podendo ser
executado com a presença ou não de lençol freático.

Este tipo de fundação tem a vantagem de se moldar à geometria do terreno, sua


execução não causa vibrações nem grandes descompressões no terreno, podendo
ser realizado muito próximo às estruturas vizinhas existentes sem ocasionar danos
às mesmas.
O emprego das paredes diafragma é muito difundido devido a grande gama de
utilização. Podem-se utilizar as paredes diafragma como contenção de subsolo para
construção de garagens subterrâneas, obras de canalização do leito de rios, cortinas
impermeáveis, paredes de trincheiras enterradas, estações do metrô, execução de
túneis, construção de poços dentre outras aplicações (GEOFIX, 2009).

5.1.1 Informações e Documentos Necessários para Execução da Parede


Diafragma

ƒ Projeto de Contenção: cotas de apoio e arrasamento das lamelas, espessura


da parede diafragma, detalhamento da mureta guia, perímetro do local de
execução, sequência e divisão executiva das lamelas, informações sobre o
concreto, detalhamento e carga dos tirantes, detalhamento da escavação.
ƒ Projeto de Armação das Lamelas;
ƒ Sondagem;

5.1.2 Materiais e Equipamentos Necessários para Execução da Parede


Diafragma

ƒ DIAFRAGMADORA (Figura 5.1): conjunto composto por clamshell e


guindaste mecânico ou hidráulico, a diafragmadora é utilizada para escavação
dos painéis, deve estar sempre alinhado e balanceado, pois a qualidade da
parede dependerá muito das condições do guindaste e do clamshell. O
clamshell é içado pelo guindaste por meio de um cabo de aço, onde na ponta
ligada ao clamshell se encontra um distorcedor, que impede à torção do
clamshell pelo cabo de aço;
21

Figura 5.1 – Diafragmadora


Fonte: Anson (2006).

ƒ CLAMSHELL (Figura 5.2): ferramenta de escavação, utilizado na escavação


das lamelas da parede diafragma, acoplado as barras Kelly, a abertura e
fechamento das pás de escavação pode ser por meio mecânico (cabos de
aço), ou por meio hidráulico quando o solo for muito duro;

Figura 5.2 – Clamshell


Fonte: Anson (2006).

ƒ BARRAS KELLY: haste de metal que suporta e guia o clamshell;


22

ƒ LABORATÓRIO DE CAMPO: necessário para ensaio da lama bentonítica,


deve ter os seguintes equipamentos:

9 Densímetro do tipo baroid;


9 Viscosímetro do tipo march;
9 Provetas e papéis de tornasol;
9 Balança;

ƒ GUINDASTE AUXILIAR: guindaste mecânico, utilizado na colocação da


armadura dentro do painel escavado, e na movimentação dos equipamentos
(tubos tremonha, funil, bombas, desarenadores) dentro do canteiro. Enquanto
o guindaste da diafragmadora só trabalha mesmo na escavação dos painéis;

ƒ CABO DE MEDIDA: cabo de aço graduado de metro em metro, usado para


medir a profundidade da escavação e do concreto;

ƒ ARMADURAS (Figura 5.3 e 5.4): ferragem dos painéis em barras de aço


nervurado, montadas e armadas na dimensão do painel;

Figura 5.3 – Montagem das armaduras


Fonte: Construtora Bueno Neto (2009).
23

Figura 5.4 – Armadura das lamelas


Fonte: Construtora Bueno Netto (2008).

ƒ ROLETE: são peças cilíndricas de plástico que são encaixadas nas


armaduras, com função de fazer a armadura deslizar para dentro do painel
escavado e também garantir o cobrimento da armadura;

ƒ CHAPA JUNTA: chapas metálicas colocadas nas extremidades dos painéis


antes da concretagem e retirados quando se inicia a pega do concreto.
Sempre se coloca a chapa junta onde tiver uma união de um painel com
outro.

ƒ LIMPADOR DE JUNTA: ferramenta para limpeza das juntas fêmeas dos


painéis, a fim de retirar qualquer resíduo de solo existente. Pois qualquer
resíduo de solo na junta pode formar vazios no concreto e posteriormente o
vazamento de água na parede por esses vazios.

ƒ TUBO TREMONHA E FUNIL (Figura 5.5): tubo metálico de diversos


diâmetros, usado na concretagem dos painéis, seu comprimento deve ser
maior que a profundidade do painel. Na ponta do tubo é colocado o funil onde
será despejado o concreto que irá concretar o painel. O diâmetro mínimo é de
10”.
24

Figura 5.5 – Tubo Tremonha e Funil


Fonte: Construtora Costa Fortuna (2008).

ƒ CHAPA ESPELHO: chapa de aço colocada como espelho na parte interna do


painel antes da concretagem. Tem como função eliminar a perda de concreto
pelos vazios do solo (overbreak) e melhorar o acabamento do concreto.

ƒ CENTRAL DA LAMA BENTONÍTICA (Figura 5.6): a central é composta por


tanques, bombas, desarenadores e misturadores. Os tanques servem para
armazenamento da água e da lama bentonítica (água + bentonita). As
bombas têm como função levar a lama bentonítica até o local de utilização.
Os desarenadores servem para separar a lama bentonítica da areia
proveniente do solo depois da aplicação. E os misturadores fazem a mistura
da bentonita com a água.
25

Figura 5.6 – Central da Lama Bentonítica


Fonte: Construtora Bueno Neto (2009).

ƒ LAMA BENTONÍTICA: Lama bentonítica ou lodo bentonítico é o nome dado à


mistura da bentonita e água. A bentonita é uma argila composta por diversos
minerais com uma concentração maior da montmorillonita. A lama bentonítica
empregada é uma composição de bentonita (montmorilonita de sódio), que
tem propriedades tixotrópicas, ou seja, tem um comportamento fluido quando
agitada, mas é capaz de formar um gel quando em repouso.

É recomendado o seguinte controle da lama bentonítica para fornecimento na


trincheira, conforme descrito na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Parâmetros da lama recomendados pela NBR 6122


Equipamento para
Parâmetros Valores
ensaio
1, 025 a
Peso específico densímetro
1,10 g/cm³
Viscosidade 30 a 90 funil Marsh

pH 7 a 11 papel de pH

"Cake" "filter press"


1,0 a 2,0mm
"baroid sand content"
Teor de areia até 3%
ou similar
Fonte: NBR 6122 – (ABNT,1996)

Uma das funções básicas da lama é criar película impermeável nas paredes
da escavação, o chamado “cake”, formado pela penetração da lama nos
26

vazios do solo. Esta película permite que a lama exerça empuxo contra as
paredes da escavação, para estabilizá-la. A espessura da penetração vai
depender da diferença entre o nível da lama da trincheira e o nível da água no
terreno (deve ser no mínimo 1,5m), da permeabilidade do solo e da
viscosidade da lama. A penetração excessiva da lama é inconveniente para a
estabilidade da trincheira e, em solos de permeabilidade muito alta, pode
haver perda de lama, impossibilitando a utilização do processo das paredes
moldadas nestes solos. Em argilas intactas, não há formação do “cake”,
porém, sem prejuízo para o processo de estabilização. A lama tem por função
ainda impedir o desprendimento de grãos de areia das paredes da trincheira.

5.1.3 Documentos Necessários para Controle da Execução da Parede


Diafragma

ƒ Boletim de controle de escavação


ƒ Boletim de controle da subida do concreto
ƒ Boletim de ensaio da lama
ƒ Boletim de acompanhamento da execução

5.1.4 Fases de execução da parede diafragma

Para execução da parede diafragma são realizadas várias operações que se


interligam entre si e cada uma deve ser planejada para que não haja imprevistos.

Podemos destacar as seguintes fases (Figura 5.7):


27

Mureta Guia

Chapa Junta
1 - Mureta Guia
Painel ou Lamela 2 - Escavação do Painel
3 - Colocação da Armadura
4 - Concretagem

Figura 5.7 – Fases de Execução da Parede Diafragma


Fonte: Anson (2008).

• Mureta guia

A execução da parede diafragma é precedida pela execução de muretas guias


(Figura 5.8), que têm por objetivo definir o caminhamento da parede, servindo de
guia para ferramenta de escavação “clamshell”, impedir o desmoronamento do
terreno próximo à superfície devido à permanente variação do nível de lama
bentonítica, devido à entrada e saída do “clamshell” na escavação, e garantir uma
altura de lama compatível com o nível do lençol freático.
28

Figura 5.8 – Mureta guia


Fonte: Ishikawa Engenharia (2005).

• Escavação

Utiliza-se para escavação (Figura 5.9) uma ferramenta denominada clamshell. Essa
ferramenta pode executar paredes com espessura entre 30 e 120cm. A largura
padrão de cada lamela é de 2,5m.

Figura 5.9 – Escavação da parede diafragma


Fonte: Anson (2008).

A mureta guia serve como referência para faces de 3 a 4cm maior que a espessura
da parede, servindo também como apoio das ferragens e tubo tremonha
(GEOFIX,2009).

Inicia-se a escavação por uma lamela primária de acordo com o projeto de


fundações. Quando a escavação atingir de 1,0 a 1,5m de profundidade, inicia-se o
29

bombeamento da lama bentonítica para dentro da escavação, a fim de estabilizar as


paredes da cava. Durante o processo de escavação, faz-se necessário a constante
verificação dos instrumentos que regulam a verticalidade da torre do equipamento
para evitar desvios do “clamshell”. A velocidade de escavação é determinada pela
resistência do solo e comprimento da parede.

Na medida em que o solo vai sendo retirado, é introduzido simultaneamente mais


lama. É fundamental para estabilidade das paredes que sempre seja mantido o nível
da mesma dentro da escavação o mais alto possível.

Se ocorrer uma perda acentuada da lama no solo, tal que não permita manter o nível
estável da lama, a escavação deverá ser interrompida imediatamente para uma
análise do motivo que está provocando a anormalidade constatada.

A escavação deve ser levada até a profundidade prevista no projeto.

• Montagem do painel

Após o término da escavação, inicia-se a montagem das chapas-junta, colocação da


armação no painel e do tubo tremonha para concretagem.

As chapas-junta são montadas verticalmente nas laterais da escavação, com a


seção trapezoidal virada para dentro da mesa, formando assim uma junta fêmea,
que na concretagem do painel adjacente será preenchida, solidarizando-se com
este.

A armadura para parede diafragma é previamente montada e deve ser


suficientemente rígida para ser içada por guindaste. Deve conter 6 alças em cada
armadura: duas alças para içamento e quatro alças para travamento na mureta guia.
O cobrimento da armadura deve ser de 5 a 7cm, para isso utiliza-se espaçadores
circulares (roletes), com espessura de 5cm e diâmetro de 10 a 14cm, amarrados na
armadura no sentido de sua largura, nas duas faces intercalados de acordo com o
pedido do projeto (GEOFIX, 2009).
30

Para os painéis iniciais, a largura da armação deve ser de 2,5m menos 20cm de
cobrimento no sentido do comprimento (10cm para cada lado) e menos a altura das
duas chapas-junta somadas.

Para os painéis sequenciais a largura da armação deve ser de 2,5m menos 20cm de
cobrimento no sentido do comprimento, e menos a altura de uma chapa- junta, visto
que nestes painéis só utiliza-se chapa do lado em que se seguirá a escavação.

As armaduras devem ficar imersas na lama bentonítica por no máximo 4 horas antes
da concretagem. Um período superior a este faz com que as partículas de bentonita
colem no aço da armação, prejudicando sua aderência ao concreto.

Após a colocação da chapas-junta e armação no painel escavado, inicia-se a


montagem da composição do tubo de concretagem. Colocado no centro da
armação, consiste de uma composição de revestimentos metálicos, montado com
seções de 1,0 e 2,0m com comprimento total 20cm menor que o comprimento da
escavação.

Na sua extremidade superior é rosqueado um funil, por onde é lançado o concreto


diretamente da betoneira.

• Concretagem

Antes do início da concretagem do painel, observam-se as condições físicas da lama


bentonítica. De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 1996) a lama bentonítica deve estar
dentro de parâmetros determinados para que se possa iniciar a concretagem. Utiliza-
se para determinação desses parâmetros um laboratório portátil.

A concretagem da parede diafragma é executada de baixo para cima,


continuamente e, sendo o concreto mais denso que a lama bentonítica, expulsa-se a
mesma sem que ambos se misturem. Enquanto o concreto vem subindo a lama é
bombeada de volta aos reservatórios da central, e o tubo tremonha é levantado
devendo a sua extremidade inferior ficar imerso pelo menos 1,5m dentro do concreto
para garantir que não se formem juntas frias (GEOFIX, 2009).
31

O concreto utilizado deve ter alta trabalhabilidade e fluidez para sair do tubo
tremonha e se espalhar por toda a escavação, para cima e para o lado, e nesse
movimento deslocar a lama bentonítica.

O concreto deve ter alta trabalhabilidade, para ser capaz de executar a função
descrita acima, e deve ter as seguintes características:

ƒ Consumo de cimento: 400kg/m³


ƒ Fator água/ cimento: 0,60
ƒ Abatimento: 20± 2cm
ƒ Agregado: brita 1

Para concretagem de painéis de grandes dimensões utiliza-se mais de um tubo


tremonha e velocidades de lançamento superiores a 30m³/h. Para a maioria das
concretagens, uma velocidade de 20m³/h é suficiente. O concreto tem que ser
lançado ininterruptamente e a concretagem concluída no menor tempo possível.

Após a concretagem, quando do início da pega do concreto, inicia-se lentamente a


extração das chapas-junta, que se completará somente quando terminar a cura do
concreto.

O concreto do topo da parede vem misturado com lama bentonítica e deve ser
removido. Essa camada geralmente é extraída quando retira-se no máximo 50cm do
mesmo (GEOFIX, 2009).

O volume de concreto lançado no painel deve ser sempre maior do que o volume
teórico da escavação. De acordo com o tipo de terreno encontrado durante a
escavação, vamos ter uma sobre consumação maior ou menor de concreto
“overbreak”. Um volume lançado menor que o volume teórico sinaliza um
estrangulamento da escavação.
32

5.2 Problemas causados pela Lama Bentonítica

5.2.1 Saúde

Para que possa se explicar, os danos causados a saúde do trabalhador que mantém
contato direto com a bentonita, primeiro é necessário conhecer um pouco sobre a
sílica (SiO2) que é um dos componentes presentes na bentonita, em até 1% do
peso.

A sílica cristalina é um mineral que se apresenta abundantemente na natureza. Ela


existe em três formas: quartzo, tridimita e cristobalita. O que provoca os danos a
saúde é a poeira originada da bentonita que contém a sílica, e essa têm efeito
fibrogênico nos pulmões (FIEP, 2008).

A silicose é o nome dado a doença provocada por este contato, as partículas de


poeira se depositam nos bronquíolos e alvéolos, causando um tipo de fibrose
pulmonar. Além dessa fibrose, têm ainda efeitos carcinogênicos e genotóxicos. Após
anos em contato constante com essa poeira é que o portador de alguma dessas
doenças irá apresentar alguns sintomas: bronquite, tosse seca, dispnéia. Em um
exame radiológico as alterações pulmonares podem aparecer após 20 anos de
contato com o organismo para pessoas pouco expostas e em até 2 anos para
exposição constante. A silicose é uma doença sem cura, e sem tratamento
medicamentoso, podendo-se tratar apenas alguns dos seus sintomas. Em estágios
mais avançados é comum o desenvolvimento de câncer no pulmão (CAMPOS,
2005).

“Estima-se uma média de dois mil trabalhadores registrados ocupacionalmente no


tratamento da sílica” (FIEP, 2008).

Como qualquer outro tipo de poeira, o contato com o pó de bentonita também pode
provocar irritação e coceira nos olhos e na pele. Neste caso lava-se a região com
água e sabão. Caso ingerida pode provocar bloqueio intestinal (CASQUÍMICA,
2008).
33

Para minimizar e até eliminar estes riscos a saúde, o trabalhador deve estar sempre
fazendo uso dos EPI’s adequados, como a máscara com filtro, óculos de proteção e
luvas (CASQUÍMICA, 2008).

5.2.2 Meio Ambiente

Os procedimentos de controle ambiental se referem à proteção de corpos d’água, da


vegetação e do solo. O impacto ambiental causado pela bentonita misturada com
água, por se tratar de um produto coloidal e plastificante, provoca a diminuição da
permeabilidade do solo. Alguns cuidados devem ser tomados:

• As áreas utilizadas devem ser isoladas para que o produto não seja carreado
para os cursos d’água.
• Todo material usado deve ser recolhido e destinado ao depósito de material
excedente previamente aprovado.
• É proibido o escoamento da lama bentonítica no sistema de drenagem,
provisório ou definitivo, e nos corpos d’água
• A área afetada pelas operações de construção e execução deve ser
recuperada, mediante a limpeza do canteiro de obras, e efetuando a
recomposição ambiental (DER/SP, 2006).

5.3 Lama Bentonítica x Polímero

Por culpa de uma restrição crescente pelos órgãos ambientais ao uso de lama
bentonítica, gerou-se uma necessidade por uma nova tecnologia de estabilização de
escavações. O uso dos polímeros em substituição à bentonita está associada ao fato
do polímero ser um produto biodegradável, facilitando a disposição dos materiais
provenientes das perfurações.

O Polímero (Figura 5.10) é uma longa molécula formada pela soma da simples
repetição de grupos denominados monômeros, que se unem pelas extremidades, de
forma parecida as ligações dos elos de uma corrente.
34

Figura 5.10 – Aplicação do polímero


Fonte: Construtora Costa Fortuna (2007).

A água em contato com o polímero (Figura 5.11) faz com que suas moléculas fiquem
presas pelas longas cadeias do polímero, fazendo com que sua estrutura aumente o
volume, o que caracteriza uma maior viscosidade ao material.

Figura 5.11 – Processo de escavação com polímeros


Fonte: Construtora Costa Fortuna (2007).

Atualmente, existem vários tipos de polímero disponíveis no mercado mundial, mas


para que se tenha uma boa eficiência na estabilização de escavações, podem-se
utilizar dois ou mais elementos na mistura com a água.

O fluído geralmente é constituído por dois produtos, um em pó (sólido) e uma


emulsão (líquido). O primeiro produto é composto de um poliacrilato de sódio
sintético-orgânico em solução e descrito como um copolímero de acrilamida com
35

grupos acrilate, que tem função de agente estabilizador auxiliar em perfurações e


limpezas de furos. O segundo produto é composto de um poliacrilato de sódio
sintético orgânico e descrito como um copolímero de acrilamida com grupos acrilate,
tendo como função de estabilizar auxiliarmente, lubrificar e deslizar nas perfurações.

No início do uso do polímero no Brasil, conheciam-se obras que apenas o utilizaram


para execução de estacas escavadas circulares, sendo as escavações dos
elementos lamelares evitadas por insucessos precedentes. Isso ocorreu
principalmente por culpa de uma dificuldade maior de estabilização de furos de
seção transversal retângular, pela menos favorável e diferente distribuição das
tensões internas neste tipo de perfuração. Mas atualmente já existem empresas
pioneiras no uso desse material, que o utilizam com sucesso o polímero em
escavações de seção retangular e circular profunda, como parede diafragma e
estaca barrete, inclusive em solos de grande complexidade como areias e argilas
marinhas, muito encontradas no subsolo da cidade de Santos (SP).

Como vantagens do uso do polímero em relação à bentonita, pode-se destacar:

• Produto biodegradável podendo ser utilizado onde há restrições ao uso da


bentonita, viabilizando obras;
• Descarte de baixo custo, podendo ser realizado em qualquer tipo de bota-
fora;
• Necessita apensas de uma pequena área para estoque e seu frete é mais
barato;
• Fácil preparo e dispersão em água;
• Aplicação após aproximadamente 15 minutos de mistura;
• Alto índice de reaproveitamento da mistura (3,5 a 5 vezes);
• Elimina ou minimiza a necessidade de desarenação antes da concretagem;
• Obra mais limpa, promovendo a possibilidade de visualizar com boa definição
as características do material escavado;
• Desgaste menor de equipamentos e ferramenta, proporcionando menos
paralisações por quebra de equipamentos;
• Menor formação de borra de concretagem na cabeça da estaca ocasionando
em média menores quebras para arrasamento.
36

Como desvantagens em relação a bentonita, pode-se destacar:

• Custo unitário do fluído maior do que o da bentonita;


• Necessidade de monitoramento contínuo de suas propriedades já que a
contaminação por cloretos ou matéria orgânica pode ser desastrosa.

5.4 Tirantes

O tirante é um elemento linear capaz de transmitir esforços de tração entre suas


extremidades: a extremidade que fica fora do terreno é a cabeça e a extremidade
que fica enterrada é conhecida como trecho ancorado, e designada por comprimento
ou bulbo de ancoragem. O trecho que liga a cabeça ao bulbo é conhecido por trecho
livre ou comprimento livre (NBR-5629/96).

Os tirantes podem ser provisórios ou definitivos, os definitivos devem receber


tratamento especial para corrosão, com pinturas especiais anti-corrosão no aço, de
vem ser monitorados quanto a perda ao longo do tempo devido à corrosão do aço.

5.4.1 Tipos de Tirantes

Tirante com barra (Figura 5.12 e 5.13): tem como elemento principal uma barra única
laminada a quente de até 12m, com uma rosca contínua com passo de rosca grossa.
Tem como vantagem a eliminação do desperdício de aço, sendo que após ser
protendido pode-se cortar a barra no comprimento desejado.
37

Figura 5.12 – Tirante com barra


Fonte: Dywidag (2009).

A protensão é aplicada através de um macaco hidráulico apoiado na ancoragem. A


bomba tensiona o aço através do macaco hidráulico até se obter a tensão desejada
de projeto. Durante este processo a porca é girada com uma chave para que fique
sempre encostada na ancoragem e manter a tensão aplicada.

Figura 5.13 – Detalhe ancoragem tirante com barra


Fonte: Dywidag (2009).

Tirante com fios ou cordoalhas (Figura 5.14 e 5.15): os tirantes de fios têm como
elemento principal o aço CP 150 RB, e as cordoalhas o aço CP 190 RB tendo como
metodologia executiva o mesmo processo. Os tirantes de fios e cordoalhas apenas
se diferem pela resistência do aço de acordo com a carga do tirante.
38

Figura 5.14 – Esquema em corte de tirante fios e cordoalhas


Fonte: Fundesp (2009).

Figura 5.15 – Detalhe tirante com cordoalha


Fonte: Geofix (2009).

5.4.2 Fases de Execução dos Tirantes

ƒ Perfuração

Após a locação dos tirantes e com drenagem para água, inicia-se a perfuração
(Figura 5.16) com equipamento devidamente nivelado e ancorado no terreno na
inclinação especificada em projeto, geralmente com ângulo de 20° a 25°, o ângulo
reduz a possibilidade de atingir alguma interferência no vizinho. As bombas d’ água
injetam água sob pressão para limpeza do furo. Os diâmetros de perfuração serão
aqueles que garantam como mínimo os cobrimentos normalizados. A atividade será
desenvolvida com utilização de sonda rotativa ou equipamento de extração de
amostras de concreto para o trecho em concreto e perfuratriz sobre esteiras para o
trecho em solo. Essa perfuratriz é capaz de perfurar em qualquer ângulo e direção
com torque e força de avanço suficientes para perfurações revestidas em solo a
39

profundidades superiores a 40 metros com diâmetro maior ou igual a 4"


(GEOFIX,2009).

Figura 5.16 – Perfuração de tirante


Fonte: Geofix (2009).

ƒ Instalação do tirante

Após a perfuração, inicia-se o processo de transporte do tirante. No momento de


chegada do tirante ao local de instalação e tendo o operador da perfuratriz concluído
a limpeza do furo, terá início a introdução do tirante no interior do orifício. Os
cuidados necessários são: não ferir a proteção anticorrosiva, não deslocar
acessórios (válvulas e espaçadores) e posicionar a cabeça na altura correta do
projeto.

ƒ Injeção

Após a instalação do tirante, prepara-se a nata de cimento nos misturadores. A


injeção da bainha é feita imediatamente após a instalação do tirante no furo e
consiste no preenchimento do mesmo com calda de cimento. Esta operação é
realizada através de um tubo de PVC, deixado para esta finalidade, em cujo interior
passa a composição de injeção (Figura 5.17) composta de haste rígida e obturador.
Decorrido um intervalo de tempo não superior a duas horas, o tubo de PVC é lavado
internamente para mantê-lo limpo e apto a receber, novamente, a composição para
as injeções secundárias. Decorrido um prazo de 12 horas após a injeção de bainha,
terão início as injeções de consolidação do terreno, com pressões e volumes
40

controlados. A injeção, a exemplo da fase de bainha, é realizada com a introdução


da composição de injeção no interior do tubo PVC, iniciando-se, a partir da última
válvula localizada na extremidade do tirante o processo de injeção no trecho de
ancoragem. Os volumes de calda e pressões de injeção serão aqueles que
garantam a perfeita ancoragem do tirante ao terreno. Os critérios de injeção deverão
ter por base as características do subsolo local e poderão ser revisados durante a
execução, em função das condições locais.

Figura 5.17 – Injeção da nata no tirante


Fonte: Geofix (2009).

ƒ Protensão

Após um tempo mínimo de 3 a 4 dias de cura da calda de cimento da última etapa


de injeção realizada, será feita a protensão (Figura 5.18), com utilização de macacos
hidráulicos, ocasião em que será testado o tirante de acordo com as cargas de
projeto (Tabela 5.2). Nesta etapa serão colocadas as peças que compõem a
“cabeça” do tirante, ou seja, a cunha de grau, em aço, a placa de apoio, também em
aço e as porcas ou clavetes para fixação do mesmo.
41

Figura 5.18 – Protensão do tirante


Fonte: Geofix (2009).

Na fase de protensão dos tirantes, corre o risco do tirante não suportar a carga
(Tabela 5.2) e ser arrancado durante a protensão. Se ocorrer será efetuada nova
injeção de nata e posterior cura da nata.
42

Tabela 5.2 – Cargas em tirantes permanentes e provisórios

Tirantes Tirantes
provisórios permanentes
Tipo Aço Quantidade
Carga (tf)
Carga (tf)

12 10 Barra CA50 1 Ø 7/8”

15 13 Barra CA50 1 Ø 1”

16 14 Barra 1045 1 Ø 231mm

16 14 Fios CP-150RB 1 Ø 8mm

24 21 Barra CA50 1 Ø 1. 1/4”

24 21 Barra GEWI 1 Ø 1. 1/4”

24 21 Fios CP-150RB 6 Ø 8 mm

33 28 Fios CP-150RB 8 Ø 8 mm

41 35 Fios CP-150RB 10 Ø 8 mm

41 35 Barra DYWIDAG 1 Ø 1. 1/4”

49 41 Fios CP-150RB 12 Ø 8 mm

61 53 Cordoalha CP-190RB 6 Ø 1/2”

81 69 Cordoalha CP-190RB 8 Ø 1/2”

121 87 Cordoalha CP-190RB 10 Ø 1/2”

122 104 Cordoalha CP-190RB 12 Ø 1/2”

Fonte: Roca Fundações (2009).


43

6. ESTUDO DE CASO

O estudo de caso tem como objetivo analisar e discutir os fatores que levaram ao
problema da obra em questão.

6.1 Localização e Descrição da obra

Trata-se de uma obra de grande porte, que consiste na construção de um edifício


destinado ao uso comercial (escritórios), com projeto aprovado na PMSP com cerca
de 41.007,89 m² de área construída em um terreno de aproximadamente 7.212,41m²
sendo uma única torre com 4 pavimentos de escritório (zona baixa), 11 pavimentos
de escritório zona alta e 3 subsolos e está localizada à Av. Brigadeiro Faria Lima nº
4440 - Bairro Vila Olímpia – São Paulo. Vale ressaltar que se trata de uma região
densamente ocupada como mostra a foto do satélite do entorno da obra (Figura 6.1).

AL
LOC

Figura 6.1 – Foto de Satélite Vila Olímpia São Paulo


Fonte: Google (2009).

.
44

6.2 Projetos

Para o projeto de fundação e contenção, foram solicitadas sondagens para


reconhecimento do solo, levando em conta o tipo de edificação a ser construída no
local (edificação de com 15 pavimentos + 3 subsolos). Foram executadas 10 pontos
de sondagens à percussão, nas quais foram usados tubos 2 ½ “ de diâmetro
nominal como revestimento, e atingindo um total perfurado de 241,50m. Na
sondagem encontrou-se uma camada superficial de aterro de argila, sobreposta a
uma camada de argila orgânica siltosa, na qual encontram-se as cabeças da 1º linha
de tirantes. Abaixo uma camada de areia fina. O nível d’ água esta à uma
profundidade aproximada de 2,5m.

No que se diz respeito ao projeto de fundações, foi projetado para o corpo do edifício
estacas escavadas de grande diâmetro (estacões) e na estrutura de periferia
sapatas.

Quanto ao projeto de contenção (Figura 6.2), foi projetada uma parede diafragma
atirantada provisoriamente, com espessura de 40cm, 14m de altura e 132m de
comprimento, que corresponde ao desnível entre o pavimento térreo e o 3º subsolo,
acrescidos de 3,80m de altura de ficha. Foi especificado um concreto com
resistência característica maior ou igual a 20MPa e consumo de 400kg de cimento
por metro cúbico de concreto.
45

RUA ELVIRA FERRAZ

RUA CHIPRE

Figura 6.2 – Croqui Contenção e Divisa do terreno

No atirantamento provisório, foram projetados 3 linhas de tirantes provisórios, sendo


a primeira e segunda linha à 2,0 e 3,6m respectivamente, do topo da parede, com
carga de trabalho de 60tf na primeira linha, 90tf na segunda linha e 100tf na terceira
linha e com inclinações de 20º à 25º na primeira linha, 15º à 20º na segunda linha e
10 à 15º na terceira linha todas com relação à horizontal. Foi especificado o uso de
cordoalhas de aço CP 190 RB, para a composição dos tirantes, sendo variado o
número de cordoalhas de 6 a 10 cordoalhas com diâmetro de 12,5cm cada.

6.3 Ocorrências Relevantes

Ocorreram dois episódios, que seram relatados a seguir (Figura 6.3).


46

RUA ELVIRA FERRAZ

RUA CHIPRE

Figura 6.3 – Locais da Primeira e Segunda Ocorrência

6.3.1 Primeira Ocorrência

O primeiro episódio ocorreu em um dos trechos da parede. Sendo que nessa


primeira ocorrência houve abaulamento no painel conforme ilustrado na (Figura 6.2).
47

Figura 6.4 – Abaulamento do Painel da Parede Diafragma.


Fonte: SDI (2009).

A primeira ocorrência, ocorreu no dia 30 de Julho de 2009, durante a execução e foi


informado ao engenheiro residente no dia. O fato ocorreu devido ao aparecimento
de um obstáculo durante a escavação, impedindo a ferramenta de escavação
“clamshell“ em escavar o trecho. O procedimento foi acompanhado pelo engenheiro
residente e o mestre de obras no momento, onde foi tomada a decisão de deslocar a
execução da lamela da parede diafragma em mais ou menos 30cm para desviar da
obstrução que impedia o prosseguimento da execução. O que provavelmente
poderia ser o agente causador desse impedimento é a existência de formações de
rochas. Depois de tomada a decisão o procedimento de execução foi retomado e
pode ser concluído.

Tendo como resultado uma diferença de alinhamento dos painéis, o que caracteriza
o abaulamento contrário na parede conforme ilustrado na (Figura 6.2).

6.3.2 Segunda Ocorrência

O segundo episódio (Figura 6.3) ocorrido foi precedido de uma forte precipitação
pluviométrica no fim do dia 11 de agosto de 2009. Chegando na obra por volta das
48

7:00 hs do dia 12 de Agosto o mestre pode visualizar o problema, onde por


percolação da água pelo piso de concreto, provocando um vazio no solo na parte
posterior da parede diafragma justamente no local onde sua seção estava
estrangulada, ocorreu a ruptura parcial do painel devido a carga depositada sobre o
piso.

Figura 6.5 – Ruptura Parcial do Painel da Parede Diafragma


Fonte: SDI (2009).

6.4 Danos causados pelas ocorrências.

6.4.1 Primeira Ocorrência

Na primeira ocorrência, não houve danos a imóveis vizinhos e a terceiros na obra,


visto que esse incidente, não pode ser tratado como um acidente, e sim um ônus da
solução tomada no momento.
49

6.4.2 Segunda Ocorrência

Na segunda ocorrência houve alguns danos na obra e aos imóveis vizinhos, pelo
fato da parede diafragma nessa lateral da obra não estar alinhada à divisa do
terreno (. O dano para a obra, no caso do segundo acidente foi o afundamento do
piso localizado atrás da parede diafragma e perda do material que se encontrava
sob o piso de concreto.

6.5 Projeto e recuperação dos trechos afetados.

6.5.1 Primeira Ocorrência

No caso da primeira ocorrência, foi consultado o projetista da fundação e contenção


com relação ao problema de deslocamento da lamela, que resultou no abaulamento
contrário, o mesmo atestou que o problema é apenas estético sem nenhum impacto
na funcionabilidade da parede. Sendo assim o problema será resolvido com o
revestimento da parede.

6.5.2 Segunda Ocorrência

No caso da segunda ocorrência, a obra finalizou a escavação, para cota de


execução da terceira e última linha de tirantes de baixo para cima.

Após a verificação dos engenheiros atuantes na obra, projetista da parede diafragma


e fundações, engenheiro fiscal da empresa executora, engenheiro residente e
engenheiro coordenador técnico da obra, em conjunto, tomaram a decisão de
verificar a carga de protensão dos tirantes no local da segunda ocorrência, e
deslocar a execução dos serviços de escavação para o local e remanejar o material
retirado da escavação para aterrar o trecho da parede com ruptura parcial (segunda
ocorrência).

No trecho onde ocorreu o colapso parcial (segunda ocorrência) foi projetada uma
nova parede, composta por estacas tipo raiz com diâmetro de 40cm, justapostas em
linha ao longo da extensão da parede e travadas ao nível do piso do último subsolo,
50

e essa solução ainda conta as duas linhas de tirantes já executadas e mais a


terceira linha de tirantes que será executada, posteriormente após a escavação no
nível da terceira linha de tirantes. Essas estacas foram executadas susbstituindo a
lamela (parede) danificada, sendo executadas por trás da lamela.
Todo esse processo de reforço foi acrescido da reprotensão dos tirantes próximos a
nova parede executada, e colocação de longarinas metálicas horizontais de perfis de
aço W 250 x 80 no atirantamento dos tirantes existentes com a parede e a linha de
estacas, o que distribui melhor as tensões de tração ao longo das paredes.

O processo de recuperação e todo seu projeto foi uma solução sugerida pelo
projetista de fundações e contenção, aceita de comum acordo pelos profissionais da
incorporadora e construtora que está executando a obra.
51

7. ANÁLISE DOS FATORES DAS OCORRÊNCIAS

7.1 Laudo 1 – Construtora

São apresentados na sequência, dados dos relatórios feitos pela construtora e pela
incorporadora, com a análise que possa ter contríbuido para a ocorrência dos fatos.

O responsável pelas análises foi um engenheiro da construtora. Em seu laudo, foram


analisados os requisitos geotécnicos estruturais sobre as condições do empuxo
atuante e do dimensionamento da parede diafragma.

O resultado da verificação da capacidade de carga dos tirantes, teve como resultado


as mesmas 60 toneladas na primeira linha de tirantes, e 90 toneladas na segunda
linha de tirantes, que era exatamente a carga de projeto, e verificou ainda, os
comprimentos da ancoragem e posicionamento dos bulbos, concluindo também que
estavam em conformidade.

Por fim, o engenheiro concluiu que a parede diafragma, foi executada conforme o
projeto original, além de apresentar os resultados das análises, as seguintes
normalidades:

• As paredes foram executadas conforme o projeto apresentado no que se


refere às dimensões, cotas da mureta guia e de fundo, espessura e comprimento
total;

• O concreto empregado corresponde ao projetado: slump 200mm ± 20mm,


com consumo de 400kg/m³ e resistência de 20MPa previstos no projeto;

• Os tirantes apresentaram resultados dentro da normalidade, sendo ensaiados


conforme a norma NBR/5629;

Concluindo que o sistema de contenção projetado, constituído de parede diafragma


atirantada provisoriamente, foi adequado e bem dimensionado ao tipo de solo e
profundidade da escavação de projeto. Quanto ao trecho (segunda ocorrência) o
52

engenheiro da construtora julgou não ser possível apontar o conjunto de causas que
levaram a ocorrência.

Diante das conclusões do laudo da construtora, a incorporadora realizou um novo


laudo, tendo como responsável um profissional de sua confiança.

7.2 Laudo 2 – Incorporadora

O engenheiro responsável da incorporadora analisou as mesmas premissas


verificadas pela construtora, os tirantes a partir da parede diafragma e os empuxos
fornecidos pela empresa responsável pelo projeto da mesma, além de verificar os
comprimentos da ancoragem e posicionamento dos bulbos.

Nas análises feitas, o engenheiro da incorporadora concluiu que os tirantes foram


dimensionados com uma certa folga, a mesma conclusão feita pelo engenheiro da
construtora.

Após as verificações o engenheiro da incorporadora concluiu que o projeto da


parede diafragma está dentro da normalidade.

Foi analisada pelo engenheiro da incorporadora, uma hipótese não levantada no


laudo da construtora, que seria o controle dos processos de execução da parede
diafragma. O mesmo então, solicitou relatórios de acompanhamento de execução da
parede diafragma junto a construtora, que tinha por obrigação acompanhar a
execução mediante a estes relatórios com a empresa contratada que executou os
serviços.

O relatório foi rastreado pela construtora referente ao dia da execução da lamela em


questão (segunda ocorrência), e apresentado a incorporadora. O documento
apresentava indícios de adulteração, que foi percebida após análise da
incorporadora, o que reforça a hipótese de contratempo ou problema, durante a
execução do referido trecho da parede diafragma. Outro documento que foi
analisado, após a descoberta do fato relatado anteriormente, foram as notas fiscais
da empresa fornecedora do concreto no dia da execução do trecho em questão. O
intervalo excessivo entre o horário de carga das betoneiras, constatados nas notas
53

fiscais do concreto usado na concretagem da lamela, reforça a hipótese de que


houve uma interrupção prolongada no fornecimento do concreto, que possibilitou a
decantação de siltes e areia fina presentes na lama, acima da superfície do concreto
já lançado. Em contato com a lama bentonítica contaminada pelo cimento, essas
partículas formam uma espécie de borra, que se desloca pelo concreto fresco,
quando do reinício da concretagem ou recobertas por ele.

O engenheiro da incorporadora conclui por fim que diante dos fatos possa ter
ocorrido um estrangulamento da seção da parede diafragma no trecho em questão.
Mesmo diante da demora para apresentar o relatório de acompanhamento da
execução, o que gerou a hipótese de fraude, não houve como comprovar de fato o
que aparentemente aconteceu.
54

8. CONCLUSÕES

A técnica de contenção apresentada neste trabalho, a parede diafragma atirantada,


vem sendo cada vez mais utilizada, por ser a melhor solução para execução de
contenção em obras com subsolos profundos em áreas densamente ocupadas.
Podendo ser executada na presença de água, evitando assim a descompressão do
solo pelo rebaixamento do lençol freático e formação de vazios no solo e posterior
recalque da fundação o que pode comprometer a integridade da edificação.

No processo de execução da parede diafragma, a lama bentonítica já vem sendo


substituída pela aplicação de polímeros por algumas empresas. Devido ao fato de
seu componente principal a bentonita, causar problemas a saúde de quem a
manuseia ao longo do tempo. Porém por uma questão de custo, ainda há uma certa
resistência na substituição da bentonita pelos polímeros.

Com relação ao estudo de caso, e a primeira ocorrência na execução da parede


diafragma, concluiu – se que a decisão tomada pelo corpo técnico da construtora no
momento da execução, foi a solução mais correta a ser tomada no momento
gerando apenas uma diferença notada visualmente no alinhamento das lamelas da
parede diafragma, o que pode ser resolvido posteriormente no revestimento da
contenção utilizada.

Na segunda ocorrência, a metodologia proposta pelo projetista para recuperação do


trecho, atendeu a contento as condições impostas pela incorporadora na ocasião.
Visto que, após a execução da parede composta por estaca raiz, com longarinas
metálicas em todos os tirantes com reprotensão, foi satisfatório. E depois de
executada, com posterior travamento pelas lajes de periferia na contenção não
apresentará mais qualquer risco. Podendo ser retiradas as longarinas dos tirantes
provisórios.

Em vista das diversas análises, fatores e hipóteses intervenientes na segunda


ocorrência, levantadas neste trabalho, concluiu-se que o colapso da estrutura da
parede diafragma pode não estar ligado só ao fator da execução falha e falta de
controle, e sim, a soma de diversos pequenos fatores.
55

O estudo mostrou um insucesso na execução de uma parede diafragma atirantada,


servindo este caso como um alerta para a engenharia, quanto aos riscos em obras
geotécnicas, e o problema causado na falta de acompanhamento e controle da
execução.
56

9. RECOMENDAÇÕES

Diante das ocorrências fica a recomendação para que se tenha um


acompanhamento técnico mais rigoroso durante a execução de todas as fases da
obra, e não apenas da fase de contenção, que é relativa ao tema do trabalho em
questão. E que seja seguido rigorosamente os procedimentos estabelecidos na
norma.
57

REFERÊNCIAS

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11 de Outubro de 2009.

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Outubro de 2009.

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http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/18113 Acesso em: 06 de Outubro de
2009.

CASQUÍMICA – Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos.


Disponível em: http://www.casquimica.com.br Acesso em: 28 de Agosto de 2009.

CONSTRUTORA BUENO NETTO – Parede Diafragma. Disponível em:


http://www.buenonetto.com.br Acesso em: 10 de Outubro de 2009.

CONSTRUTORA COSTA FORTUNA – Polímeros. Disponível em:


http://www.costafortuna.com.br Acesso em: 11 de Outubro de 2009.

DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DE SÃO PAULO – DER/SP –


Parede Diafragma – Controle Ambiental. Disponível em: http://www.der.sp.gov.br
Acesso em: 28 de Agosto de 2009.

DWYIDAG – Tirantes Barra. Disponível em: http://www.dwyidag.com.br Acesso em:


01 de Novembro de 2009.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA PARAÍBA – FIEP – Projeto vai


beneficiar trabalhadores da indústria. Disponível em:
http://www.fiepb.com.br/noticias/2008/06/09/projeto_vai_beneficiar_trabalhadores_d
a _industria Acesso em: 11 de Outubro de 2009.

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Diafragma . Disponível em: http://www.franki.com.br/parede_diafragma.html Acesso
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FUNDAÇÕES ESPECIAIS – FUNDESP - Paredes Diafragma . Disponível em:


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58

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MACIEL, C. L. F. Introdução à Geologia de Engenharia, 3º ed. Santa Maria:


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SANTOS, A. R. Geologia de Engenharia – Conceito, Método e Prática. São


Paulo: IPT – INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO
PAULO, 2002. p.82
APÊNDICE A
2

ANEXO A
3

ANEXO B

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