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EDITORIAL

Filhotes verdes

G
osto de personificar jardins. Há quem me
condene dizendo que plantas são apenas
plantas, vegetais sem sentimentos e que exagero
quando comparo um renque de palmeiras a um
desfile de soldados, todos ali, sérios, em formação,
tomando conta de tudo o que acontece. Ou que, num
túnel japonês de glicínias, princesas podem passear
com unicórnios. Concordo, sem jeito, por falta de
argumentos. Não dá para explicar a imaginação.
Uma muda para mim é um filhote, quase um
cachorrinho. Acho que algumas têm um jeito meigo
com suas poucas folhas. Outras, ainda pequenas, já
são cheias de personalidade. Não consigo evitar um
sorriso com as caras invocadas do amor-perfeito, e
sempre acho que a agave-polvo vai sair correndo atrás
de mim, com aquelas folhas gordas e desengonçadas. Meu ipê se enfeita todo de amarelo
Mas todas, especialmente as árvores, têm aquele uma vez por ano só para me fazer sorrir
olhar pidão de “me leva pra casa”, ainda mais quando e bater fotos dele. Agarrada em seu
balançam a cauda – err, as folhas – ao sabor do vento. tronco, a orquídea olho-de-boneca floresce
Como tenho coração mole, lá vai ela comigo, para não ficar para trás. As plantas parecem
com suas folhas esperançosas de futuro, talvez saber que somos uma turma, amigos uns dos outros.
sonhando com o dia em que ficará grande, servirá Eu defendo e cuido de todas elas, e todas elas
de moradia para pássaros e insetos, filodendros cuidam de mim e me presenteiam com flores. Ora,
e orquídeas. se alguém achar isso uma bobagem e me mandar
Eu quase posso sentir a ansiedade dela catar coquinhos, vou achar uma ótima ideia. Os de
para saber onde ficará no jardim. Será que jerivá podem se tornar lindas palmeiras nativas, e
saberei escolher o terreno certo? Será que os frutos de polpa espessa, fibrosa e amarela ainda
colocarei a farinha de osso para entusiasmar suas parecem um chiclete natural. Delícia!
raízes a crescerem e ali se fixarem? Será que saberei Se os poetas podem criar coisas
do tamanho dela quando adulta, para que não invisíveis, jardinistas podem fazer um
fique apertada demais num canto, atrapalhando baile animado pelo sereno numa noite de
a passagem, fazendo com que reclamem de luar. Por que não?
suas raízes? É claro que nenhuma árvore quer ser um
estorvo, muito pelo contrário. Elas querem ser amadas Roberto Araújo
e capricham para chamar a atenção. araujo@europanet.com.br

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EDIÇÃO 361 | FEVEREIRO DE 2018 Tânia Roriz

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4 Natureza
CONHEÇA MELHOR CONHEÇA MELHOR

Margaridas TEX
FO
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TEXTO
TEXT
TOS V
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FOTOS
ANA
VA
AV
VA
VAZZOLA
AZZOL
ZZOLA
ALERIO R
VALERIO ROM
A
OMAHN
ROMAHN

amarelas Vistosas e delicadas,


as florzinhas colorem
o jardim o ano todo e
podem vir acompanhadas
de folhas em dois tons

T
em planta que conquista à primeira vista, e
a margarida-amarela certamente é uma
delas. Com pétalas longas, finas e amarelas –
é claro! – distribuídas em volta de um miolo
no mesmo tom, elas conseguem encher o jardim de
cor. E, como as florzinhas de até 4 cm de diâmetro
despontam sem parar o ano todo, não é preciso
nem mesmo combiná-la com outras floríferas para
assegurar canteiros sempre vistosos.
Embora as flores sejam o principal atrativo
do arbusto, as folhas também têm papel
importante na ornamentação. Aliás, é justamente
o formato e o colorido delas que diferenciam as
duas variedades de margarida-amarela vendidas
no Brasil: na Euryops chrysanthemoides elas são
verdes; e na Euryops pectinatus,
pectinatus, profundamente
recortadas – lembram até o formato de um pente –
e levemente acinzentadas, por conta da fina
pelugem que as encobre. Ambas são nativas de
regiões rochosas da África do Sul e típicas de clima
subtropical. Por isso, vão melhor no Sul e Sudeste
do Brasil, onde o clima é mais ameno.
No cultivo, as duas espécies de margarida-
amarela são iguais e não têm frescura: enfrentam
A margaridinha- as intempéries sem dificuldades e gostam mesmo é
amarela forma maciços
encantadores e floresce de ficar a sol pleno. No paisagismo, dá para usá-
praticamente o ano todo las para compor maciços, plantá-las em meio às
pedras de jardins rochosos ou até mesmo em vasos,
Projeto: José Francisco Benetti (paisagista), tel.: (54) 99112-3656

6 Natureza
Natureza 7
CONHEÇA MELHOR
Ambientação: Jardins de Monet, Giverny, França

Enquanto as folhas da Euryops chrysanthemoides são verdes, as da Euryops pectinatus


se diferenciam pelo tom acinzentado e por serem profundamente recortadas

decorando a entrada de varandas. ano, também não tem


Para que se destaquem ainda mais, a sugestão complicação: durante
de Cristiano Kuhn, da Floricultura Úrsula (www. a primavera, de preferência
floriculturaursula.com.br), é acomodá-las no centro entre os meses de setembro
de um canteiro e bordá-las com plantas mais baixas, e outubro, incorpore ao solo
para criar um jogo de alturas. 20 g de NPK 4-14-8, sempre tomando o
cuidado de evitar o contato do produto com
EM CANTEIRO OU VASO o caule das flores, para não queimá-lo.
Resistentes, as margaridas-amarelas vão bem em As podas, feitas apenas nos exemplares com
solos bem drenados e ricos em matéria orgânica mais de 40 cm de altura, não têm data certa,
e não exigem muitos cuidados. Para o plantio em mas devem ser executadas depois que as flores
canteiros, abra berços de 15 cm de profundidade e murcharem. “Quando elas estiverem secas e já
preencha-os com uma mistura de terra retirada do sem o colorido característico, corte em 10 cm as
local e dois litros de composto orgânico. Deixe pontas do arbusto para estimular o surgimento
30 cm de espaçamento entre os berços. Se a opção for de novos brotos”, explica Cristiano Kuhn.
pelo cultivo em vaso, escolha um recipiente com pelo É natural que, cerca de três anos após o
menos 40 cm de diâmetro e 40 cm de profundidade. plantio, as margaridas-amarelas apresentem
Preencha o fundo com uma camada de 3 cm de argila uma diminuição na floração. “Isso acontece
expandida ou pedra brita, complete com terra vegetal porque o arbusto fica muito lenhoso, e o melhor
e plante as mudas. a fazer é substituir a planta por outra mais nova”,
O regime de regas varia conforme o local de diz Cristiano.
cultivo. As plantas em canteiros devem ser molhadas Na Floricultura Úrsula, as mudas de Euryops
duas vezes por semana, e as em vaso em dias pectinatus custam R$ 5,60 cada, e as bandejas com
alternados. A adubação, feita uma única vez ao 15 mudas de Euryops chrysantemoides, R$ 14,30.

8 Natureza
O segredo para ver a
margarida-amarela
sempre bonita
é mantê-la a sol pleno

Margarida-amarela em detalhes
• Nomes científicos: irregulares, enquanto na plantadas no canteiro e em acomodar a muda
Euryops chrysanthemoides e Euryops pectinatus, são dias alternados para as • Adubação: entre os meses de
Euryops pectinatus cobertas por uma pelugem cultivadas em vasos setembro e outubro, aplique
• Nome popular: margarida- acinzentada e têm as bordas • Plantio: para o plantio em 20 g de NPK 4-14-8 direto no
amarela bem recortadas canteiros, abra berços de solo, deixando uma distância
• Família: Asteráceas • Flores: amarelas, medem 15 cm e preencha-os com de 10 cm em relação ao caule
• Origem: as espécies são de 3 cm a 4 cm de diâmetro uma mistura de terra do da planta
nativas de áreas rochosas e são sustentadas por longos local e dois litros de • Podas: sem época certa,
da África do Sul pecíolos. Despontam o ano composto orgânico. Deixe devem ser feitas apenas nas
• Características: arbusto todo – mas principalmente 30 cm entre as mudas. Já plantas adultas – com mais de
perene e lenhoso, que pode durante o verão – no topo de para o plantio em vasos, 40 cm de altura –, sempre
medir até 1 m de altura. É hastes de 6 cm de altura escolha um recipiente com após a floração. Quando
densamente ramificado e • Solo: bem drenado e rico em pelo menos 40 cm de as flores secarem, corte os
tem formato arredondado matéria orgânica diâmetro e profundidade. ramos 10 cm abaixo delas
• Folhas: variam conforme • Luz: sol pleno Preencha o fundo com para estimular novas
a espécie. Na Euryops • Clima: subtropical 3 cm de argila expandida ou brotações, que surgirão
chrysantemoides elas são • Regas: duas vezes por pedra brita e complete com dentro de dois meses
verdes e têm as bordas semana para as espécies terra vegetal. Depois é só • Reprodução: por estaquia

Natureza 9
PLANTAS DO MUNDO

Um túnel
de flores
TEXTO ROBERTO ARAÚJO

H
á os que imaginam ter entrado em uma
aquarela. Outros piscam seguidamente
duvidando do que seus olhos veem. Há ainda
os que estão certos de ver uma princesa que
caminha ao lado de seu unicórnio. O fato é que
qualquer fantasia se torna possível nos túneis do
Jardim de Glicínias Kawachi, em Kitakyshu, no sul do
Japão, a cerca de seis horas de Tóquio.
Existem por volta de 150 exemplares de
22 tipos diferentes de glicínias, numa área de
aproximadamente 10 mil m². No final de abril,
começo de maio, todas florescem ao mesmo tempo
criando um dos mais belos espetáculos do mundo.
São dois túneis, um com 80 m de comprimento e
outro com 220 m. O jardim particular, criado em 1977,
a partir de algumas glicínias centenárias que existiam
por lá, fica aberto apenas pelo período de floração.
A glicínia é uma trepadeira lenhosa que cresce
cerca de 3 m por ano e deve ser conduzida com
cautela pelo seu vigor e capacidade de se “agarrar”
no que encontrar pela frente. Os cachos de suas
flores medem entre 10 cm e 80 cm. E há espécies,
como a Wisteria floribunda, que crescem
facilmente no Brasil.
Se você resolver também se encantar nos túneis
do Jardim de Glicínias Kawachi, lembre-se
de comprar os ingressos antecipadamente,
tanto pela alta procura como pelo fato de
eles não serem vendidos no local. Poderá
então se deixar entrar em uma aquarela,
se levar pelo perfume e, talvez, até ver
uma princesa com um unicórnio.

Em abril, as glicínias do Jardim


de Glicínias Kawachi formam
túneis repletos de flores. Alguns
exemplares centenários têm
caules que mais parecem troncos

10 Natureza
Natureza 11
CAPA

Espetáculos floridos
No jardim, nada substitui a exuberância de uma A escova-de-garrafa-pendente (Callistemon
árvore florida. Quem cultiva a chuva-de-ouro (Cassia viminalis) (2), que cresce até 7 m, segue a
fistula) (1) – que chega aos 15 m de altura, mas tem linha: formadas por incontáveis flores cheias de
ramos esparsos – que o diga: com inflorescências estames, suas inflorescências apresentam formato
pendentes e longas compostas por inúmeras flores cilíndrico e surgem principalmente na primavera.
de tonalidade amarelo-dourado, a espécie dá um Independentemente da estação, a copa da espécie –
show de cores entre o final da primavera e o início de ramos compridos com visual rústico, é garantia
do verão. Não há borboleta que resista. de sucesso no paisagismo.

14 Natureza
1 2

Os ramos
compridos da
escova-de-garrafa-
pendente ficam
ainda mais bonitos
quando tomados
pelas belas
inflorescências
vermelhas
Ambientação: Pousada da Neve, Nova Petrópolis, RS

As flores 2
amarelas da
chuva-de-ouro
roubam a
cena quando
despontam,
entre o final da
primavera e o
início do verão

Natureza 15
CAPA

do Verde), tel.: (11) 3892-2588, www.gigibotelho.com.br


Projeto: Gigi de Arruda Botelho (paisagista da Oficina
Encaixadas no centro da mesa ou cultivadas próximo a ela, as árvores deixam as áreas de refeições ao ar livre mais interessantes

Convívio sob as árvores


Curtir aquela reunião entre amigos ou
simplesmente relaxar sob a copa de uma majestosa
oliveira (Olea europaea) (1). Foi essa a ideia da
paisagista Ana Maria Vieira Santos ao projetar o
pequeno espaço da foto à direita. No ambiente,
os exemplares da árvore – que atinge até 10 m de
altura – chamam a atenção pelo porte de seus
troncos esculturais. Ficam ainda mais lindos
em meados do verão, quando as folhas verde-
acinzentado ganham a companhia de flores
brancas com centro amarelado.
A mesma proposta de relaxamento a céu aberto
pautou o projeto do jardim na página ao lado.
A estrela, neste caso, é a acácia-mimosa (Acacia
1
podalyriifolia) (2) – cuja copa generosa oferece
boa sombra a quem se acomoda nos bancos de
madeira de demolição. Com até 5 m de altura, a
árvore dá origem a flores amarelas, perfumadas e
em formato de pompom durante o inverno.
A paisagista Gigi de Arruda Botelho, por sua
vez, preferiu a tradicional jabuticabeira (Plinia
cauliflora) (3) para ocupar o centro vazado da
mesa de refeições. A espécie fica plantada em
uma jardineira escamoteada sob a estrutura de
madeira. De cada um dos lados, bancos
compridos garantem o conforto de quem desfruta
do espaço. Mais descontraído, impossível.
Projeto: Ana Maria Vieira Santos (paisagista),
tel.: (11) 3095-9393; anamariavieirasantos.com.br / Casa Cor SP

16 Natureza
2

O relaxamento é
garantido nos bancos
sob a copa da acácia-
mimosa. No inverno,
a árvore se enche de Natureza 17
pompons amarelos
André Fortes

CAPA

Natureza na calçada
Cultivar arvoretas na calçada quebra a aridez da
paisagem urbana e ainda valoriza a fachada de casa.
A recomendação é optar por espécies de raízes pouco
agressivas e copa não muito alta – para não prejudicar a
circulação dos pedestres ou interferir na fiação elétrica –, e,
de preferência, nativas.
A quaresmeira (Tibouchina granulosa) (1) é uma boa
pedida: originária da Mata Atlântica, ela atinge até 12 m, mas
cresce bem lentamente. O destaque é sua florada lilás, que
desponta no inverno e, de forma mais intensa, no verão.
Outra opção é o ipê-amarelo (Handroanthus
chrysotrichus) (2), das regiões Sul e Sudeste do Brasil. A
espécie cresce até 10 m de altura e, desde o final do inverno
até o início da primavera, fica coberta de flores em um
tom de amarelo-ouro que garante um dos mais
belos contrastes da Natureza em dias de céu azul.
Igualmente exuberante é o ipê-branco (Tabebuia
roseoalba) (3) – que floresce na mesma época, 4
mas conta com flores brancas.
Em calçadas menores e mais estreitas, vale
tentar o resedá-branco (Lagerstroemia indica
‘Nivea’) (4) – que, embora seja nativo do Oriente,
se dá muito bem em regiões de clima subtropical.
A arvoreta não ultrapassa os 6 m de altura e fica
coberta de flores esbranquiçadas entre o final da
primavera e o verão.

Entre as plantas exóticas, o resedá-branco (acima), que chega no máximo aos 6 m de altura, é uma das mais indicadas para o
cultivo em calçadas estreitas. Mas o melhor mesmo é dar preferência às espécies nativas, como a quaresmeira e o ipê-branco

1 3

18 Natureza
2
Com flores amarelas
que criam um contraste
impressionante com
o céu azul, o ipê-amarelo
se adapta muito bem
ao espaço restrito
das calçadas

Natureza 19
CAPA

Projeto: Alexandre Galhego (engenheiro agrônomo e paisagista), tel.: (19) 3294-9836


2

Além de ornamentar o jardim com suas flores perfumadas, o limão-taiti e o limão-siciliano ainda dão frutos que são uma delícia

Frutas do pé 3

Melhor que cultivar arvoretas que se tornam pontos de


destaque, só mesmo saborear frutas colhidas diretamente dessas
espécies. Para tanto, aposte no plantio de frutíferas de médio
porte, como a jabuticabeira (1) – que cresce até 6 m de altura. A
florada que cobre o caule da planta de branco desponta entre
junho e agosto, enquanto a frutificação vai desde setembro até
o verão. O limão-taiti (Citrus × latifolia) (2) e o limão-siciliano
(Citrus limon ‘Siciliano’)(3), que atingem, respectivamente, 4 m
e 6 m de altura, seguem a linha: dão origem a pequenas flores
esbranquiçadas e perfumadas, e depois aos frutos.
Se, por outro lado, estiver procurando por árvores um pouco
maiores, vá de pitangueira (Eugenia uniflora) (4): a planta
cresce até 12 m de altura e atinge o ápice de sua beleza
desde meados do inverno até o início da primavera, quando
fica encoberta de flores brancas. Em seguida vêm os frutos
avermelhados. Ainda mais alto, o sapotizeiro (Manilkara
zapota) (5) atinge 15 m e tem seu grande atrativo na copa
frondosa. As flores despontam na primavera, e os frutos
amadurecem entre o outono e o inverno.

20 Natureza
Não à toa a
jabuticabeira (à
esquerda) e a
pitangueira são
duas das frutíferas
mais cultivadas em
pequenos jardins:
ambas esbanjam
beleza e sabor

Com uma bela copa frondosa e até 15 m de altura, o sapotizeiro é indicado para jardins um pouco mais espaçosos

Natureza 21
1

A romãzeira sombreia o cantinho com banco e pincela cor no jardim com suas flores e frutos vermelho-alaranjados
Projeto: Olir de Menz (paisagista) e Carlos Alberto Menz (arquiteto); ambientação:
pousada Villa do Arquiteto, tel.: (54) 3281-3554, www.pousadavilladoarquiteto.com.br

Arbustos que viram arvoretas


Arbustos altos e muito ramificados – caso que despontam do ramo principal até a muda
da romãzeira (Punica granatum) (1), que atingir 1,5 m de altura – depois disso, os novos
cresce até 5 m de altura – podem ser galhos podem crescer livremente para formar
transformados em arvoretas para agregar a copa da pequena árvore.
ainda mais valor ao paisagismo. No projeto Outras boas opções de arbusto para se
da foto acima, a copa robusta da planta ajuda conduzir como arvoreta são a murta
a sombrear o cantinho de descanso, enfeita o (Murraya paniculata) (2) – que cresce até 6 m
jardim com suas flores vermelhas a partir da e fica salpicada de pequenas flores brancas e
primavera e, de quebra, presenteia os amantes perfumadas no verão – e a caliandra
da Natureza com os frutos de sabor acidulado (Calliandra tweedii) (3) – que também atinge
que amadurecem até o final do verão. 4 m de altura e dá origem a belíssimos
Em geral, a dica para ter sucesso na condução pompons vermelhos desde o inverno até
das espécies é podar todas as brotações laterais meados da primavera.

22 Natureza
1

Murta (abaixo) e caliandra


(à direita), são dois arbustos
floríferos que, quando
devidamente conduzidos, se
transformam em belas arvoretas

Natureza 23
CAPA

Projeto: Gilberto Elkis (paisagista), tel.: (11) 3031-1710, www.elkispaisagismo.com.br


1

Esculturais e aromáticas
Em se tratando das arvoretas de porte escultural, 6 m de altura – ainda dá origem a pequenas flores
o jasmim-manga (Plumeria rubra) (1) é imbatível: de desenho estrelado cuja cor e o perfume variam
com ramos grossos, a espécie tem valor ornamental conforme o cultivar: na espécie-tipo, mesclam
garantido no paisagismo mesmo quando perde amarelo-ouro com tons avermelhados e exalam um
completamente suas folhas, durante os meses cheiro suave de jasmim; e no cultivar ‘Acutifolia’ (2)
mais frios do ano. são brancas com o centro amarelado e apresentam
Na primavera, a planta – que não ultrapassa os um intenso aroma adocicado.

1 2

Enquanto a espécie-tipo do jasmim-manga tem flores


que mesclam amarelo e vermelho e são suavemente
perfumadas, no cultivar ‘Acutifolia’ elas são brancas e
exalam um forte aroma adocicado
24 Natureza
CAPA

BELAS ÁRVORES
COMPACTAS
Confira outras espécies pra lá de
ornamentais ideais para cantinhos
aconchegantes e pequenos jardins

Cerejeira-do-Japão
(Prunus serrulata)
Quem é que não sonha com uma
cerejeira-do-Japão no jardim de casa?
A árvore é originária da Ásia, mas se adapta
muito bem ao clima subtropical de altitude
de algumas regiões tupiniquins. Ela atinge
até 6 m de altura, embora seu crescimento
(paisagista), tel.: (11) 4614-1152

seja lento. As flores – cuja tonalidade vai do


branco ao rosa intenso e, dependendo da
Projeto: Rejane Heiden

variedade, podem até ter pétalas dobradas –


surgem no início da primavera.

Cacho-de-marfim
(Buckinghamia
celsissima)
Na Natureza, ela
cresce até 30 m. Quando
cultivada em jardins
residenciais, entretanto,
seu porte não ultrapassa
os 8 m. Nativo da Austrália,
o cacho-de-marfim é
uma ótima opção para
iluminar o paisagismo
em pequenos espaços – já
que, durante o verão e o
outono, dá origem a lindas
inflorescências pendentes
de coloração creme. Cada
uma mede até 20 cm. Nas
demais estações do ano,
o grande destaque são as
folhas verde-brilhantes
que cobrem sua copa.
Rusticidade e poucas
exigências de cultivo
completam este combo
de sucesso.

26 Natureza
CAPA

Pata-de-vaca (Bauhinia variegata)


O nome popular alude às folhas
verde-claras da espécie, cujo formato se
assemelha ao da pata das vacas. Suas flores,
entretanto, chamam ainda mais atenção
e, devido à semelhança com as orquídeas,
renderam à espécie um outro apelido: árvore
orquídea. Compostas por cinco pétalas rosa com
estrias mais escuras, elas despontam ao longo
de todo o inverno. A árvore cresce até os 8 m de
altura e é nativa da Índia e da China, mas tolera
bem o clima tropical do Brasil – onde costuma
ser cultivada em calçadas, sob a fiação elétrica.

Jasmim-do-morro
(Metternichia princeps)
A brasileiríssima jasmim-do-morro nasce
na Mata Atlântica desde o estado do Rio de
Janeiro até a Bahia. Seu porte, que na
Natureza chega aos 8 m, nos jardins mal
passa de 1 m. O grande atrativo da
espécie são as flores que despontam no
verão e contrastam com a folhagem
escura: com pétalas delgadas
de cor branca, elas têm formato
campanulado e miolo esverdeado.

28 Natureza
JARDIM

Paisagem pintada
com plantas

Planejado dentro
do conceito
de paisagismo
naturalista, o jardim
ganhou canteiros
com herbáceas e
gramíneas coloridas

32 Natureza
Neste belo jardim naturalista, POR GABI BASTOS | FOTOS VALERIO ROHMAN
PROJETO TONI BACKES E MARIA FERNANDA MARQUES

canteiros vistosos destacam

C
riar canteiros que valorizassem a beleza
o aspecto escultural das sofisticada das palmeiras e integrassem a piscina
palmeiras que já e a casa à paisagem. Foi com essa missão que
os paisagistas Toni Backes e Maria Fernanda
estavam no local Marques foram chamados para projetar o jardim desta
casa no interior de São Paulo. “O dono queria aplicar
o conceito de paisagem naturalista, cada vez mais
comum no mundo inteiro”, conta Backes.
Dentro dessa perspectiva, foram utilizadas mais
de 30 herbáceas para desenhar nas áreas
gramadas que já existiam ao redor da casa.
Como as plantas florescem em épocas
diferentes do ano, o tom do jardim
se renova a cada estação.

Natureza 33
JARDIM

Laguinho: Genesis Ecossistemas, www.genesisecossistemas.com


Palmeiras-triângulo proporcionam
verticalidade à área da piscina sem
esconder os canteiros naturalistas
desenhados em meio ao gramado

Harmonia no jardim
Por conta do porte avantajado e do aspecto Para integrar essas e outras palmeiras à paisagem,
escultural, as palmeiras que já estavam no terreno os paisagistas literalmente pintaram o gramado
acabaram se transformando, naturalmente, nas com plantas. Duas espécies, em particular, são
estrelas do paisagismo. À beira da piscina, por exemplo, responsáveis pela harmonia do cenário: a aromática
não há como passar batido pelas palmeiras-triângulo lavanda (Lavandula dentada) (3), de folhagem verde-
(Dypsis decaryi) (1): além de bordarem a estrutura, elas acizentada e belas flores arroxeadas; e as bromélias-
proporcionam verticalidade ao ambiente, que fica em Porto-Seguro (Aechmea blanchetiana) (4),
um patamar abaixo da casa. Outra composição digna que já existiam em quantidade no jardim e foram
de destaque é o monumental trio de tamareiras-de- remanejadas para que suas folhas amarelas
jardim (Phoenix roebelenii) (2) de troncos tortos que alegrassem a composição. Juntas ou separadas, as
cresce à beira de um caminho. duas herbáceas estão na maioria dos canteiros.

O trio de tamareiras-de-
jardim mais parece uma
escultura no canteiro
junto ao caminho

34 Natureza
JARDIM

Na fachada da casa
Construída com tijolinhos aparentes, a casa
é acessada por uma escada que delimita dois
ambientes bem distintos no jardim: de um lado
ficam a sofisticada palmeira-azul (Bismarkia
nobilis) (1) – considerada uma das mais belas
palmeiras do mundo por suas grandes folhas
verde-acinzentadas em forma de leque – e a 1
escultura de ferro fundido retratando uma menina
com um pássaro na mão; e do outro um laguinho
de água cristalina com carpas.
Além do desenho sinuoso e das pedras dentro
e fora d’ água, as plantas cultivadas no entorno são
determinantes para o visual bem natural do lago.
Espécies típicas de áreas úmidas, como a rotala-
anã (Rotala rotundifolia) (2), dividem espaço com
filodendros-xanadu (Philodendron xanadu) (3)
e até com plantas mais altas e esculturais, como
a dracena-dragão (Dracaena draco) (4) e a
iuca-azul (Yucca rostrata) (5), cujos troncos
retilíneos se harmonizam com as palmeiras do De um lado da escada se destacam a palmeira-azul e uma escultura
restante do jardim. de ferro fundido. Do outro, um belo lago de aspecto natural

36 Natureza 2
3
JARDIM

Poderosos capins
Coube às gramíneas, como o
capim-do-Texas (Cenchrus setaceus) (1),
o capim-dos-Texas-rubro (Cenchrus ×
cupreus ‘Rubrum’) (2), o capim-
bambu (Thysanolaena latifolia) (3)
e o capim-azul (Lagenocarpus
velutinus) (4), a missão de preencher
o espaço sob um deque suspenso. E
eles não foram escolhidos à toa para
cumprir essa função: além de serem
rústicos, apresentam tamanhos variados,
folhagens de tons contrastantes e
inflorescências plumosas que são a cara
do paisagismo naturalista – aquele em
que as plantas são dispostas de modo
a dar a impressão de que brotaram ali
sozinhas, sem a intervenção do homem.
“Por se manifestarem de acordo com a
velocidade dos ventos, elas movimentam
a paisagem”, explica Toni Backes.
Mas os capins não estão
sozinhos no canteiro. À frente deles,
lavandas (5) asseguram a unidade
com o restante do jardim. Muito utilizadas em
composições naturalistas,
as gramíneas são rústicas
PROJETO
Toni Backes (paisagista), tel.: (54) 3281-3619,
e têm inflorescências
tonibackes@royalnet.com.br e Maria Fernanda plumosas que balançam
Marques (paisagista), tel.: (11) 98912-6945, ao sabor do vento
www.mariafernandamarques.com.br

Canteiros com capim-do-Texas, capim-do-Texas-rubro, bambu-capim e capim-azul preenchem o vão sob o deque

5
2
1

38 Natureza
Plantas Nativas

O guaraná
paulista
Do visual ao sabor, tudo no guaranaí lembra o famoso
guaraná-do-Amazonas, e ele ainda tem a vantagem de crescer
bem no sudeste e no sul do Brasil Por Christiane Fenyö | Fotos Gustavo Giacon

N
ão se deixe enganar pela foto aí ao lado: o fruto
com jeitão de olho aberto pode até lembrar o do
guaraná-do-Amazonas (Paullinia cupana), mas
pertence a uma outra espécie brasileira que
pouca gente conhece: a Paullinia rubiginosa, guaranaí
para os íntimos. Eles são um pouco menores, é verdade,
mas o sabor adocicado da polpa e o xarope produzido a
partir de suas sementes não deixam nada a desejar aos
de sua irmã que é sucesso em todo o país.
Enquanto o guaraná é nativo da região
Amazônica e só cresce em áreas de clima quente, com
temperaturas médias de 26 oC, o guaranaí gosta de
climas mais amenos: brota aos montes às margens
dos rios Paranapanema, Piracicaba, Itapetininga,
Tietê, Jaú e tantos outros no sudeste do estado de
São Paulo. Também pode ser encontrado em áreas de
Mata Atlântica nos estados do Rio de Janeiro, Paraná,
Santa Catarina e até em países vizinhos, como Bolívia,
Paraguai e Argentina. Sua resistência ao frio é tão boa
que ele suporta até temperaturas de -4 oC – um bom
motivo para quem mora na região Sul também apostar
na espécie para ornamentar o jardim.
As semelhanças entre o guaranaí e o guaraná vão
muito além da aparência dos frutos e do nome – em
tupi-guarani, ambos os termos querem dizer “fruta que
observa”. As duas plantas são trepadeiras vigorosas que
usam gavinhas para se agarrar em qualquer estrutura
que encontram pelo caminho. O guaraná pode chegar
até as copas das árvores, mas os ramos lenhosos do
O guaranaí pode ser plantado até em vasos.
Precisa apenas de um suporte onde seus ramos
cheios de gavinhas possam se agarrar

42 Natureza
Os frutos vermelhos do
guaranaí, que quando
abertos parecem olhos,
fazem a diferença nos jardins
guaranaí são mais comedidos: medem, no máximo,
8 m comprimento. Nos jardins, dá para plantar a
espécie direto no solo ou em vasos, desde que haja
por perto uma cerca, grade ou treliça onde ela possa
subir, e tanto faz deixá-la sob sol pleno ou à meia-
sombra, pois ela se dá bem nas duas condições.
Os frutos de casca vermelha só começam a
surgir dois anos depois do plantio e, quando atingem
a maturidade, a casca se abre naturalmente, exibindo
a polpa branca e a semente preta. O auge da safra
acontece entre os meses de janeiro e março, mas
não é raro ver um ou outro frutinho brotando em
outras épocas. Saboreá-los in natura é uma delícia
que qualquer um pode desfrutar. Produzir o pó de
guaraná, no entanto, é tarefa para poucos: primeiro
é preciso colher um cacho cheio de frutos quando
a maior parte deles já estiver aberta e deixar tudo
amontoado para fermentar – assim fica mais fácil
separar as sementes. Depois, deve-se torrar as
sementes para separar a casca, e socar as amêndoas
em um pilão com um pouco de água. O resultado
desse processo é uma pasta que ainda é levada ao
forno para secar. Só então tudo é ralado ou triturado
até virar pó. Dá um trabalhão danado! Talvez seja
melhor cultivar a planta só para degustar os frutos.
Ou então deixá-los ali no pé, ornamentando o jardim
e servindo de banquete para os passarinhos. Pode ter Os frutos da espécie são pequenos, têm sabor doce, e suas
certeza de que eles vão agradecer. sementes são usadas na produção de pó de guaraná

Natureza 43
Garimpo
de plantas

Na trilha
do verde
Nosso colaborador encontrou
plantas bem curiosas nos
viveiros brasileiros. Confira
TEXTO E FOTOS MURILO SOARES

Ixora-laranja (Ixora hybrid)


Figurinha carimbada nos jardins tropicais, a ixora –
cuja espécie-tipo apresenta flores vermelhas – agora
também pode ser encontrada em outras cores: rosa,
branco, amarelo e até o alaranjado. O arbusto, que é
originário da Índia Oriental e Malásia, pode chegar aos
3 m de altura, tem folhas verde-escuras e coriáceas, e se
enche de flores durante a primavera e o verão, atraindo
borboletas e beija-flores para o jardim.
A ixora pode ser cultivada em todo o Brasil mas, como
gosta de clima quente e úmido, acaba sofrendo um pouco
em regiões sujeitas a geadas. Plante-a sob sol pleno, em
solo rico em matéria orgânica e úmido.
Na Ceasa de Campinas (www.mercadodeflores.com.
br), mudas com 1 m de altura custam a partir de R$ 35.

Cinerária-rendada (Senecio douglasii)


De tão cheias de detalhes, as folhas desta cinerária capítulos amarelos.
mais parecem trabalho de rendeiras – daí o nome A espécie se adapta muito bem ao clima do Sul do
popular da espécie. Elas são verde-prateadas, têm Brasil, onde pode ser cultivada em jardins formando
textura aveludada e, quando mantidas sob sol pleno, maciços, bordaduras ou forrando canteiros; e em vasos
acabam ficando esbranquiçadas. e floreiras, contrastando com outras flores. O ideal é
Nativa dos Estados Unidos, a herbácea perene cultivá-la sob sol pleno, em solo fértil, enriquecido com
apresenta crescimento rápido e pode medir entre matéria orgânica, bem drenado e mantido úmido.
60 cm e 1 m de altura. Suas flores – que são mais A cinerária-rendada custa a partir de R$ 10 na
frequentes em regiões de clima frio – se agrupam em Ceasa de Campinas (www.mercadodeflores.com.br).

44 Natureza
Natureza 45
Garimpo
de plantas

Flor-do-bode
(Dyschoriste thunbergiiflora)
Quem curte uma boa novidade vai adorar este
arbusto que o produtor Edilson Giacon trouxe para
o Brasil. Próprio para a formação de cercas vivas, por
conta de sua folhagem densa e verde-escura, ele é
nativo da África tropical, tem crescimento rápido e
pode chegar a 1,8 m de altura. Além disso, do outono
até o início do verão, se enche de flores lilases com
uma mancha roxa no centro.
Indicada para áreas sob sol pleno e à meia-
sombra, a flor-do-bode pode ser cultivada em todo
o Brasil – exceto em áreas sujeitas a geadas – em solo
rico em matéria orgânica e úmido.
A espécie é vendida por R$ 15 na Ciprest Mudas
(www.ciprest.com.br).

Samambaia-azevinho-japonês
(Cyrtomium falcatum)
Se em seu hábitat, no leste da Ásia, a samambaia-
azevinho-japonês gosta de crescer nas fendas, falésias
e encostas rochosas, no paisagismo ela fica bonita
mesmo quando é cultivada em vasos ou em jardins
verticais à meia-sombra, inclusive em ambientes
internos. Muito ornamental, ela tem folhas que passam
dos 50 cm de comprimento e, embora goste de invernos
rigorosos, também se adapta a áreas mais quentes,
desde que haja bastante umidade.
A espécie pode até ser cultivada sob sol pleno, mas
apenas em regiões de altitude. Já o solo deve ser rico em
matéria orgânica, poroso e mantido úmido.
Na Ceagesp (www.feiradeflores.com.br), vasos de
samambaia-azevinho-japonês custam a partir de R$ 18.

FLOR-DE-CERA-VERDE
(Hoya chlorantha)
Com porte ainda mais compacto que as demais flores-de-cera, o
cultivar de flores verdes fica lindo adornando treliças à meia-sombra.
Suas folhas verde-claras, suculentas e compridas são muito ornamentais,
assim como as flores, que surgem em grande quantidade na primavera e
no verão. Com cerca de 2 cm de diâmetro, elas são verde-amareladas e se
agrupam em inflorescências que se mantêm bonitas por até uma semana.
A flor-de-cera-verde gosta de solo bem poroso e úmido, em regiões não
sujeitas a geadas.
Para adquirir mudas, basta contactar a produtora Ilma Lima
(ilmalimasantos@gmail.com), da Bahia, que cobra R$ 50 por cada uma.

46 Natureza
Garimpo
de plantas

Calanchoe-mamão-papaya
(Kalanchoe hybrid ‘Chloe’)
São tantas as pétalas sobrepostas nas flores do
calanchoe-mamão-papaya que dá até para confundi-las
com as minirrosas. Mas este não é o único diferencial da
planta que o grupo Swart lançou em 2017: as flores, que
podem despontar em diferentes épocas do ano,
exalam um suave aroma de mamão.
Com 30 cm de altura, este cultivar foi
desenvolvido a partir de uma espécie
nativa de Madagáscar e pode ser
cultivado em vasos, jardineiras e
jardins rochosos, sempre sob sol
pleno, em solo arenoso acrescido de
matéria orgânica.
Cada vaso de calanchoe-
mamão-papaya custa R$ 15
na Ceasa de Campinas
(www.mercadodeflores.com.br).

48 Natureza
Papo verde

Plantês
para iniciantes
Treine sua sensibilidade com este exercício simples,
feito um minuto por dia, e veja como falar a língua
das plantas ficará superfácil

A
s pupilas da gata estavam tão Ao longo do nosso convívio com outros seres vivos,
dilatadas que mal se via o amarelo aprendemos a falar muitos idiomas. Qualquer pessoa
nos olhos. O rabo balançava é capaz de reconhecer um cachorro feliz, com seu rabo
freneticamente enquanto eu balançando. Quem foi criado no campo também fala
caminhava feliz e cambaleante outros dialetos: um cavalo com as orelhas bem baixas
para minha primeira lição de gatês: nunca mexa com está prestes a morder ou dar um coice; um coelho em
uma gata com filhotes. Especialmente se você tiver pé sobre as patas traseiras, com o nariz mexendo e as
2 anos e for uma completa desconhecida para o bicho. orelhas eretas, está buscando comida.
Minha mãe percebeu a tragédia que se anunciava Falar gatês, cachorrês ou mesmo cavalês pode
assim que ouviu o bufado típico da gata brava. Saltou parecer mais fácil que plantês, mas não é. Todo o
em minha direção, mas já era tarde: assim que tentei alfabeto vegetal está à vista de quem tem olhos para
tocar os gatinhos aninhados na caixa de papelão, a observar antes de agir, contemplar em vez de dominar,
mãe deles me deu uma violenta patada no braço. conhecer e não julgar. Entender o que uma planta fala
Guardo a cicatriz do arranhão até hoje. não é dom especial nem talento para poucos. É uma
sensibilidade fácil de treinar, quer ver só?

50 Natureza
Escolha um lugar verdejante que você possa observar porque folhona exibida assim é luxo
todos os dias por um minuto, ao longo de uma semana. que só pode ser ostentado por planta
Pode ser seu quintal, a praça onde você espera o ônibus de local muito úmido. Flores vermelhas,
ou um único vaso de planta que você tenha na sua mesa. amarelas e alaranjadas atraem pássaros,
Todos os dias, no mesmo horário, pare um minuto para enquanto as azuis e violetas são as
observar esse cantinho verde. Olhe tamanho, formato, preferidas das mamangavas. Flores grandes,
textura e colorido das folhas. Repare em como o cabinho brancas e muito perfumadas foram feitas sob
une a folha à planta, na consistência que o vegetal tem. medida para polinizadores ceguetas, mas de faro
Tente não falar, tocar ou interagir com seu objeto de aguçado, caso de morcegos e mariposas – é por isso que o
estudo. Só observe, imóvel, por 60 segundos. cheiro da murta e da gardênia fica mais forte à noite.
Depois de alguns dias, o invisível começará a saltar Tá vendo como as plantas são legais? Elas não
aos olhos. Você talvez repare que a folha tem uns PRECISAM da gente, mas até que dão uma mão e nos
pelinhos, que o tom do verso é diferente do da frente, ensinam uns truques. Avisam, inclusive, quando não estão
que um botão de flor parece estar surgindo do meio da bem num lugar: ficam enrugadas, enrolam as folhas em
touceira. É possível que os serzinhos minúsculos que canudinhos, tombam a folhagem transformando os ramos
habitam esse vaso também se manifestem. Tatuzinhos em uns pescocinhos molengas e deprimidos. As flores caem,
podem aparecer e caminhar sobre a terra, uma os brotos nascem pequenos, as folhas velhas se cobrem
mosquinha fugaz talvez risque o ar. Se tiver seguido de vermelho, amarelo, roxo, marrom. Aparecem manchas,
o exercício direitinho, em uma semana você terá se pintinhas, pragas mil. Tudo parece dizer “não tô feliz!”.
iniciado em plantês e estará uma lição à frente de quem Até o mais prosaico matinho do seu quintal fala plantês.
acha que planta não se comunica com a gente. Tem samambaia demais nascendo na sua terra? O solo está
Na próxima vez que sua violeta murchar, a roseira ácido. Aparece trevo em abundância? Coloca mais cálcio na
se negar a florir, ou você pousar os olhos naquela adubação, um pouquinho de farinha de osso, umas cascas
falenópsis sofrida, esquecida no parapeito da área de de ovos trituradas no liquidificador e, voilà!, o trevo some.
serviço onde nunca bate sol, vai ser mais fácil entender Comece hoje a exercitar esse jardineiro atento que vive
a sinalização da planta. Porque ela não é birrenta e até aí dentro de você. É divertido e você nunca mais vai perder
avisa do que gosta. É só observar com atenção. Vem cá uma planta sem saber o motivo.
pra aula avançada de plantês!
Folhas gordas e carnosas indicam que aquele
serzinho vem de um lugar seco. Se elas forem duras
e envernizadas, como as do chapéu-de-praia ou do
fícus-lira, mostram que a planta vive no sol e no vento. é jornalista, jardineira, autora
Se têm um jeitão de pena, é certeza de que suportam de do site Minhas Plantas (www.
brisas a vendavais – taí as palmeiras que não me deixam minhasplantas.com.br) e dos
mentir. Folhas amplas e fininhas, como as da bananeira, livros Horta em Vasos, Minhas
são moças de sombra e não ligam para desidratação, Plantas e 365 Dias Para Plantar

Natureza 51
PEQUENO ESPAÇO

Conforto nas
alturas
Rústica e ao mesmo tempo
sofisticada, a cobertura tem
atrações capazes de garantir
o lazer em qualquer época

52 Natureza
TEXTO PEDRO BRITTO FOTOS ANDRÉ FORTES PRODUÇÃO BETH MACEDO PROJETO ODILON CLARO

U
ma grande e relaxante banheira de de calor; e da pequena área de refeições, onde o
hidromassagem para curtir os momentos proprietário gosta de reunir os amigos.
de lazer: era este o único pedido do Uma das preocupações do profissional na
proprietário desta cobertura na zona sul hora de projetar as atrações foi dar um ar mais
de São Paulo quando decidiu reformar o local. O moderno, colorido e confortável ao espaço. Para
espaço de 90 m², no entanto, tinha potencial para tanto, ele apostou no uso de uma boa variedade
muito mais, e coube ao paisagista Odilon Claro a de plantas – há floríferas, frutíferas e muitos
missão de projetar um ambiente completo, com arbustos, todos cultivados em vasos e jardineiras;
atrações que assegurassem o uso da cobertura e de móveis e peças decorativas que mesclam
em qualquer época do ano. Daí a instalação das rusticidade e modernidade na
espreguiçadeiras, que são disputadas no período medida certa.

Natureza 53
PEQUENO ESPAÇO

Cultivadas em vasos e em jardineiras, as plantas deixam a área de estar na cobertura muito mais aconchegante

Plantas para integrar


A banheira de hidromassagem é a
principal atração da área de lazer e fica
elevada em relação ao solo, já que a laje
da cobertura impede qualquer tipo de
escavação no local. Ela foi encaixada em um
deque de madeira e, para facilitar o acesso,
foi construída uma pequena escada com
pisadas de madeira e espelho de tijolos –
mesmo revestimento usado em algumas
paredes e jardineiras.
Também por conta da laje, todas as
1
espécies que compõem o paisagismo são
cultivadas ou em vasos ou em jardineiras
de alvenaria. A jabuticabeira (Plinia
cauliflora) (1), por exemplo, foi encaixada
em um moderno recipiente de cobre em
forma de cubo e forrada pela folhagem
avermelhada do lambari-roxo (Tradescantia
zebrina ‘Purpusii’) (2). Já para a primavera

4 4
O uso de vasos de formatos e
materiais variados contribui
2 para o dinamismo da decoração

54 Natureza
5

Elementos como o revestimento de tijolinhos à vista e a tina de madeira com barba-de-serpente dão um ar rústico ao espaço

(Bougainvillea spectabilis) (3),


A banheira de
a escolha foi um grande vaso de
hidromassagem
cerâmica esmaltada. Recipientes fica elevada em
menores, porém no mesmo relação ao solo
material, abrigam os bonsais de
romãzeira-anã (Punica granatum
‘Nana’) (4) que enfeitam a área
das espreguiçadeiras.
Nas jardineiras, destacam-se as
tumbérgias-arbustivas (Thunbergia
erecta) (5) podadas de forma
retilínea para formar um renque;
e as gardênias-anãs (Gardenia
jasminoides ‘Radicans’) (6), que
exalam um agradável perfume na
primavera, quando despontam
suas belas flores brancas.
No paisagismo ainda há espaço
para uma tina rústica de madeira,
preenchida pelas folhas longas
e finas da barba-de-serpente 6 6
(Ophiopogon jaburan) (7); e
para pequenas jardineiras com
suculentas, que foram distribuídas
pelas paredes junto ao spa.

Natureza 55
PEQUENO ESPAÇO

Jardim vertical na cozinha


gourmet e vasos no solário:
as plantas contribuem muito
para a integração visual dos
dois ambientes

Refeições a qualquer tempo


Integrada visualmente ao solário com atrações fosse total, Odilon Claro ainda lançou mão
espreguiçadeiras, a cozinha gourmet pode ser do uso pontual de plantas na área de refeições.
usada inclusive quando o clima não é dos mais Destaque para os dois pequenos jardins verticais
favoráveis, uma vez que o pergolado com cobertura com plantas-batom (Aeschynanthus pulcher) (1)
de vidro temperado e o discreto toldo protegem o e aspargos-pendentes (Asparagus densiflorus
espaço das intempéries. O revestimento de tijolos ‘Sprengeri’) (2) instalados na parede. Eles foram
da churrasqueira e a mesa de madeira estão em montados com vasos meia-lua fixados direto no
harmonia com o estilo rústico-chique da cobertura muro e depois envoltos por molduras de madeira de
e, para assegurar que a integração entre as diferentes demolição feitas sob medida.

Bastou emoldurar os vasos meia-lua com planta-batom e aspargos-pendentes para que eles ganhassem aspecto de quadro

1
1

2
Valerio Romahn

PROJETO
Odilon Claro (paisagista da Anni Verdi),
tel.: (11) 3064-7924, www.anniverdi.com.br
56 Natureza
Especialista zdaa
apresenta:
Nature

Um mestre do cultivo
Sócio da Dierberger Plantas, Luis Bacher contou
à Revista Natureza os motivos de se dedicar a espécies ainda pouco
conhecidas e seus segredos para ter sucesso no plantio

N
ão estava no projeto de vida de Luis Bacher se Luis Bacher: Na prática e com muitas pesquisas.
tornar um dos mais renomados produtores de Comecei na área de semeadura. Limpava sementes, plantava
plantas ornamentais do Brasil. Ele era apenas e identifica a com o nome cient fico o er o de m das
mais um calouro da faculdade de contabilidade Isso foi muito importante, porque me permitiu procurar
que começava a trabalhar para pagar seus estudos informações sobre cada uma delas. O nome botânico é
quando, em 1978, entrou para o quadro de funcionários da m s no m ndo inteiro á os nomes pop lares ariam
Dierberger, uma das mais longevas produtoras de plantas bastante, até dentro de uma mesma região. Existem muitos
do país, inaugurada em 1893 e responsável por introduzir prod tores e comerciali am ma mesma flor fera so
no Brasil muitas espécies ornamentais e frutíferas, como a nomes pop lares diferentes em se interessa em
mussaenda e a lichia. per ntar o nome cient fico perce e e s o todas da
Luisinho – como é conhecido – até se formou, mas não mesma espécie.
quis mudar de emprego. Já havia descoberto um novo e mais
apai onante of cio anto e o e m dos s cios do ra o RA: Quantas espécies ornamentais vocês produzem?
da empresa chamado de Dierberger Plantas. Quais as pessoas mais procuram?
Em conversa descontraída com o diretor editorial LB: Entre espécies e variedades, a Dierberger Plantas
Roberto Araújo e a editora Christiane Fenyö, da Revista tem cerca de 2.500. Mas as mudas são produzidas de
Natureza, Luisinho falou sobre seu trabalho e o paisagismo acordo com a demanda. Atualmente entre 150 e
contempor neo profissional tam m re elo os se redos 200 espécies são multiplicadas em escala. Entre as mais
para ter árvores, arbustos ou trepadeiras crescendo vendidas ao longo dos anos há trepadeiras como a jade-
vigorosos no jardim. vermelha, a jade-azul e o amor-agarrradinho, e arbustos,
como a m ssaenda e os i iscos em tam m plantas
Roberto Araújo: Tudo o que você sabe sobre plantas da moda. Entre as árvores, a árvore-samambaia tem sido
aprendeu na prática? a mais desejada. A procura por especiarias, como o chá-
verde e o chá-mate, também aumentou.
Marco Clivati
RA: Como a Dierberger desenvolve novas
variedades de uma planta?
LB: A gente tem um intercâmbio muito grande com
colecionadores de árvores e arbustos. Se alguma variedade
interessa, ela é cruzada com outra. Se a hibridação der
certo e for satisfat ria a no a planta m ltiplicada
principalmente por alporquia ou estaquia. Em geral, as
mudas geradas por sementes demoram muito tempo
para produzir.

Christiane Fenyö: Que planta deu mais trabalho para


colocar no mercado?
LB: A rainha-das-árvores. A árvore quase não dá
sementes e dif cil de fa er m das por alpor ia o
esta ia la m ito len osa if cil enrai á la
u
ntro), converso
isi nh o, da Di erberger (no ce vista Natureza RA: Qual a florada mais linda que você já viu
Lu Re
Luis Bacher, o tiane Fenyö, da até hoje?
Araújo e Chris
com Roberto

Veja o vídeo completo! Acesse www.revistanatureza.com.br


PUBLIEDITORIAL

Shutterstock
dif cil escol er ma preferida c o a florada do ip
ola ro o fantástica i s as infloresc ncias c e am a
ter cm de di metro cássia ferr nea tam m em
uma na entrada da Dierberger, e as pessoas param para
per ntar o nome da esp cie ando ela está florida
cássia do rada da m rica entral tam m tem florada
fantástica á m itas o tras esp cies ma n ficas no a e da
florada oderia citar árias

RA: Constantemente, a Revista Natureza recebe


críticas sobre paisagistas que insistem em usar apenas
um pequeno grupo de plantas em seus projetos.
Como estimular o uso de espécies diferentes como as
produzidas na Dierberger?
A lichia é uma das
LB: Falta criatividade e vontade de ser inovador. Os muitas espécies que a
paisagistas podem até usar essas espécies, mas deveriam Dierberger, empresa
reservar um espaço para uma planta especial, diferente. da qual Luis Bacher
rle ar fa ia isso t o e á plantas e s podem ser hoje é sócio,
vistas em seus jardins. Mas o cliente também tem culpa. A introduziu no Brasil
maioria quer um jardim bonito imediatamente. E, em geral,
são essas espécies, sempre utilizadas, que são encontradas
já com um porte considerável. LB: Em parte. É possível manter a área ao redor do
tronco limpa – sem plantas concorrentes – e colocar
RA: Há cerca de 20 anos você responde algumas das nutrientes ao redor. Mas o certo mesmo é replantar. Criar
dúvidas dos leitores da Revista Natureza. Quais são as um solo tenro, com farinha de osso, que ajuda a desenvolver
mais frequentes? o sistema radicular.
em d ida so re a identifica o de ma esp cie
que a pessoa já tem no jardim. Ela planta porque acha RA: Além de preparar um bom berço, o que é
bonito, mas não sabe o nome e, consequentemente, a importante observar no cultivo?
melhor maneira de cultivá-la. Os leitores também pedem LB: A luminosidade. A maioria das espécies ornamentais
dicas para controlar pra as e doen as e t m est es so re osta de sol pleno aso contrário elas ficam estioladas
os moti os de ma planta n o florescer o fr tificar e fracas. É comum ver a jade-vermelha, por exemplo, na
meia som ra ela n o floresce e a pessoa reclama
“Não investir em um bom berço O contrário acontece com a jade-azul. Ela prefere esse
ambiente sombreado e queima quando exposta a muito sol.
é o erro que as pessoas cometem o esp cies de neros diferentes e as pessoas n o se d o
conta por e n o sa em se s nomes cient ficos
com maior frequência no cultivo
CF: É melhor utilizar adubo orgânico ou químico?
de plantas. Não basta ele ser um LB: Eu gosto de utilizar os dois. O esterco de curral é

pouco maior que a muda” timo para dei ar o solo tenro o e permite e o sistema
radicular se desenvolva adequadamente, enquanto o
fertilizante químico acelera o desenvolvimento da planta e a
RA: Qual é o erro mais frequente no cultivo de plantas? deixa mais resistente a pragas e doenças.
LB: A pessoa não investir no preparo de um bom
berço para o plantio. Um solo solto e bem nutrido é mais RA: O que a pessoa deve considerar ao escolher uma
importante do que a qualidade da muda. Existe um ditado planta para o jardim?
americano que gosto de repetir: “Plante uma muda de US$ 1 LB: Se a espécie é nativa ou existe no Brasil; se ela já
em um berço de US$ 2”. Não basta abrir um berço apenas um está adaptada ao clima do país; se vai se desenvolver nas
pouco maior que o torrão da planta. É necessário revolver e condi es do se ardim em ente e proc ra esp cies
preparar uma quantidade considerável do solo ao redor de que viu na internet e em revistas, mas não sabe nada sobre
onde a muda será plantada. Caso contrário, a planta cresce elas. Essa pessoa corre um grande risco de ter uma planta
m ito de a ar fica esta nada como se esti esse em aso fraca no jardim.
Principalmente se a terra do local for muito compactada.

CF: É possível recuperar essas espécies plantadas em Acesse pelo celular para
berços pequenos? ver a entrevista completa

Apoio cultural Realização


POMAR

Sabor que TEXTO CHRISTIANE FENYÖ

veio do frio
Antes restrito a regiões de clima temperado, o mirtilo agora
pode ser cultivado no jardim da sua casa, inclusive em vasos

H
ouve uma época em que, para saborear o
mirtilo, só mesmo viajando para a Europa O porte do mirtilo varia
conforme o cultivar, mas
ou para a América do Norte, onde o frio
no Brasil o arbusto não
típico do clima temperado oferece as costuma passar de 1,70 m
condições ideais para o crescimento da espécie.
Os pesquisadores, no entanto, deram um jeito
de desenvolver cultivares mais resistentes ao
calor, que vão muito bem em clima subtropical.
Graças a isso, hoje quem mora no Brasil pode
encontrar o mirtilo facilmente em tudo quanto
é supermercado e – por que não? – até ter um
pezinho no jardim de casa.
A frutífera, que muitos preferem chamar de
blueberry, como ela é conhecida nos países de
língua inglesa, é um arbusto compacto ideal
para pequenos espaços. Cresce, inclusive, em
vasos e jardineiras. Alguns cultivares podem
chegar aos 4 m de altura em sua região de
origem, mas segundo o produtor Edilson
Giacon, da Ciprest Mudas e Plantas (www.
ciprest.com.br), as mudas vendidas por aqui,
por serem produzidas a partir de estacas,
raramente passam de 1,70 m de altura. “Por
conta desse porte compacto, o mirtilo é ótimo
para formar renques delimitando o pomar ou
outros espaços no jardim. Também fica lindo
quando plantado em grupos de três, com as
mudas dispostas em forma de triângulo, com
50 cm de espaçamento”, diz o produtor.
Outra opção é cultivar a espécie em vasos
ou em jardineiras. “O recipiente não precisa
ser muito alto, pois as raízes da planta não
Valerio Romahn

passam dos 40 cm de profundidade, mas


uma boa largura é essencial, já que o mirtilo
tem a tendência de emitir brotações laterais”,

60 Natureza
Natureza
61
Shutterstock
POMAR

As florzinhas brancas
despontam na
primavera e parecem
feitas de parafina

Mirtilo em detalhes
• Nomes populares:
• Nome científico:
Vaccinium
• Família:
• Origem:

• Características:

alerta Edilson. Segundo ele, em uma jardineira de 1,20 m de


comprimento e 40 cm de largura é possível plantar até quatro
• Folhas:
pés do arbusto.

SOLO ÁCIDO: O SEGREDO DO SUCESSO


Por não requerer podas ou adubações frequentes, o mirtilo é • Flores:
considerado uma planta pouco exigente. O sucesso, no entanto,
está diretamente ligado à qualidade do solo. “A espécie gosta
de substrato bem ácido, e por isso jamais deve ser cultivada em • Frutos:
terrenos que receberam calcário ou gesso para a correção do
pH”, salienta Edilson Giacon. Para o plantio direto no solo, a
recomendação do produtor é abrir um berço com o dobro do
tamanho do torrão e misturar à terra do local 50% de serragem.
“O solo brasileiro é naturalmente ácido e a serragem, além de • Luz:
• Solo:
garantir uma boa drenagem, contribui para melhorar a acidez
conforme vai se decompondo”, explica. Já para o plantio em vaso, • Clima:
vale investir em uma mistura de 50% de serragem, 20% de

• Plantio:

• Regas:
• Adubação:

Por não ter raízes


muito profundas,
Fotos: Shutterstock

a espécie se adapta • Poda:


muito bem ao
cultivo em vasos • Reprodução:

62 Natureza
POMAR

Fotos: Shutterstock

Os frutinhos, que despontam a partir do segundo ano de cultivo, podem ser consumidos in natura ou usados em receitas

húmus e 30% de terra vegetal.


Regue a planta três vezes por semana, para manter
o substrato sempre úmido, e adube-a uma vez ao
ano, no inverno, com 200 g de torta de mamona. As
podas resumem-se apenas ao corte de ramos fracos,
conforme a nescessidade.
Ornamentais por conta do tom verde-azulado, as
folhas do mirtilo costumam mudar de cor no outono:
ficam avermelhadas para depois caírem no inverno.
As pequenas florzinhas brancas, que parecem feitas
de parafina, surgem logo em seguida, amontoadas em
cachos. A partir de setembro, dão lugar aos pequenos desbaste quando eles começarem a se formar. “É
frutinhos de sabor ácido e adocicado, que despontam só arrancar cerca de metade dos frutos para que os
até janeiro. demais tenham espaço para crescer mais”, explica.
A primeira frutificação acontece cerca de dois anos As mudas de mirtilo são fáceis de encontrar. Na
após o plantio da muda, e a dica de Edilson Giacon Ciprest Mudas e Plantas, exemplares com cerca de
para aumentar o tamanho dos frutinhos é fazer o 30 cm são vendidos por R$ 28.

PANETONE DE MIRTILO
Ingredientes Modo de preparo
• Faça uma massa com a farinha de
• trigo, 1/3 da quantidade de açúcar
• demerara, o fermento e uma xícara
• de suco de laranja, e deixe descansar
• até dobrar de volume. Acrescente os
demais ingredientes (exceto o mirtilo),

e misture bem. Adicione os mirtilos
e misture delicadamente para não
• quebrá-los. Divida a massa em porções
de 50 g (cerca de 2 colheres de sopa) e
• coloque-as em forminhas de papel, deixando
descansar até dobrar de tamanho. Asse em forno preaquecido a 160 °C
Tomaz Vello

• por cerca de 35 minutos. Depois, cubra com fondant ou outra cobertura.

Receita: Bete Vieira (confeiteira e chef do Hotel Serra da Estrela), www.hotelserradaestrela.com.br

64 Natureza Quer ver outras receitas veganas? Na Revista dos Vegetarianos tem. Compre
direto com a Editora Europa. O frete do exemplar é grátis para todo o Brasil.
ALMANAQUE

Livros que valorizam


seu jardim
Um manual de pragas e duas novas coleções estão entre os mais
recentes lançamentos da Biblioteca Natureza POR GABI BASTOS

A
Biblioteca Natureza está cheia de novidades
para quem adora plantas e faz questão de
cuidar bem do jardim. A começar pelo manual
Pragas & Doenças do Jardim, uma publicação
indispensável para todo jardinista. Escrito pela engenheira
agrônoma Marina Tomioka, o livro ensina, por meio de
fotos e textos explicativos, como identificar as 29 pragas e
10 doenças mais comuns nas plantas cultivadas no
Brasil. Além disso, traz receitas de
defensivos naturais para usar no
tratamento. A obra custa R$ 39,90
e já está à venda nas principais
livrarias, bancas de revistas e na do ano (Outono, Inverno, Primavera e Verão), a
Editora Europa. publicação apresenta as orquídeas por época de
Também já está disponível florada e traz dicas de especialistas acostumados a
para pronta-entrega o primeiro cultivá-las. Tudo com consultoria do orquidófilo Erwin
volume da Grande Enciclopédia Bohnke. Está à venda apenas na Editora Europa, ao
Natureza de Plantas para preço promocional de R$ 179,90 (pelos quatro livros).
Jardim, do botânico
o Jardim A entrega do primeiro volume está prevista para abril,
autodidata e consultor da e os demais serão lançados a cada três meses.
Natureza, Valerio
Revista Natureza Para adquirir qualquer um dos lançamentos acesse
Romahn. Composta por seis volumes, que serão www.europanet.com.br ou ligue para 0800 8888 508 ou
entregues ao longo do ano, a obra apresenta mais (11) 3038-5050 (São Paulo).
de 3 mil espécies, todas com os nomes popular e
científico atualizados; as informações necessárias
para acertar a mão no plantio e na manutenção;
e fotos das plantas inseridas no paisagismo. A
enciclopédia está à venda apenas na Editora Europa,
ao preço promocional de R$ 990.
Outra coleção – esta indicada para os orquidófilos
e apaixonados por essas nobres flores – é a Esmeralda
de Orquídeas da Natureza. Composta por quatro
volumes, cada um com o nome de uma das estações
Imagem meramente ilustrativa, sujeita a alterações

66 Natureza
ALMANAQUE

NOTAS

Fotos: divulgação
1 2 3

O Anthurium veitchii, a Sobrallia powelli e a Episcia corrugada estão entre as plantas raras vendidas pela Acta Botanica

Plantas raras: para conhecer e colecionar

D e olho nos jardinistas que procuram plantas raras para


cultivar, o paisagista e engenheiro agrônomo Thiago
André e o especialista em plantas Rodrigo Silva criaram
Combate a fungos
a Acta Botanica – Paisagismo & Terrários, uma empresa em orquídeas
que vende mais de 300 espécies difíceis de encontrar no Quem cultiva
mercado. São plantas como o Anthurium veitchii (1), que orquídeas sabe
custa a partir de R$ 150; a orquídea terrestre Sobrallia que elas são
altamente
powelli (2), vendida a R$ 120; e a Episcia corrugada, com
suscetíveis ao
preços a partir de R$ 30. A Acta Botanica fica em São ataque de fungos,
Paulo, mas quem mora em outras regiões também pode principalmente
adquirir as plantas via internet. As espécies disponíveis são quando mantidas
apresentadas no Facebook e no Instagram @Acta_Botanica, em locais pouco
arejados. Para ajudar no combate
e os pedidos podem ser feitos por mensagem.
dessas pragas, acabam de chegar ao
mercado dois novos produtos à base
de difenoconazole: o Fungidor e o
Forth Fungicida. “Os dois fungicidas
Tempero no potinho são os mais eficientes atualmente,
Mais uma novidade para estimular pois usam, ainda que em doses
e facilitar o plantio de ervas em casa: menores, um princípio ativo que
um kit com substrato e sementes antes era restrito à
de manjericão, alecrim, hortelã ou agropecuária”, diz o
cebolinha em um belo potinho que orquidófilo Renato
serve como vaso. O diferencial do Piquetti, da Mundo
produto é a tampa que, após o plantio, NPK, que
deve ser recolocada para funcionar comercializa os
como a cobertura de uma estufa e produtos no site:
acelerar o crescimento. Quando as www.mundonpk.
pequenas mudas atingirem a tampa, é com.br. O preço
só retirá-la e cultivar normalmente. sugerido dos dois
O kit Ervas Gourmet é um é o mesmo: R$ 15.
lançamento da All Garden está à venda
nas lojas da Sodimac por cerca de R$ 15.

68 Natureza
ALMANAQUE

Divulgação
NOTAS

Cara de um, focinho de outro


O artista plástico Fernando Guimarais se
inspirou em desenhos de rostos e gatos que fez
ao longo da vida para produzir a nova linha de
vasos de cerâmica da Paleolítico. As peças –
que medem de 10 cm a 20 cm de altura – são
únicas, e o preço varia de R$ 140 a R$ 200. Os
vasos são comercializados pelo e-mail
vendas@paleolitico.art.br e o artista aceita
encomenda com outros motivos. Para saber
mais, acesse www.paleolitico.art.br. Muro verde diferente

A artista plástica húngara Edina Tokodi


encontrou um jeito todo próprio de espalhar
o verde pela cidade de Nova York: criando jardins
verticais que, quando vistos de longe, revelam
retratos e outras imagens gráficas. Para produzir
trabalhos como o retratado acima, Edina esculpe
em quadros de madeira linhas horizontais
sinuosas de modo a reproduzir o jogo de luz e
sombra de uma foto em preto e branco. Depois
é só plantar suculentas nos vãos do painel.
Outros trabalhos da artista estão disponíveis
em http://www.mosstika.com.

Valerio Romahn

Flor-de-lótus: beleza e sabor


Famosa por suas folhas arredondadas e flores rosa ou brancas,
que podem ser apreciadas em lagos de parques e jardins botânicos de
praticamente todos os continentes, a flor-de-lótus (Nelumbo nucifera),
quem diria, também pode ir à mesa. Desde que devidamente fervidas,
para evitar contaminações, todas as partes da planta são comestíveis.
O ingrediente mais comum nas receitas é o rizoma –
as “batatas” das raízes –, que os japoneses
costumam chamar de renkon. Ele é rico em
fibra, vitamina C – entre outros nutrientes –,
apresenta textura parecida com a da cana-
de-açúcar e sabor adocicado.
O renkon pode ser encontrado fresco ou
seco em lojas e feiras japonesas. Nas lojas do
Fotos: Shutterstock

conhecido Bairro da Liberdade, em São Paulo,


100 g do fresco saem por cerca de R$ 25 e, do
seco, por R$ 18.

70 Natureza
ALMANAQUE

Fotos: divulgação
Festival de Primavera acontece na Epcot entre os dias 28 de
NOTAS fevereiro e 28 de maio e é repleto de atrações floridas e saborosas

É primavera na Disney
A estação mais colorida do ano não passa visitantes podem se deliciar em cozinhas montadas
despercebida na Epcot, um dos parques da Walt ao ar livre, realizar tours por réplicas das paisagens
Disney Word americana. Há 25 anos, a primavera do mundo ou por jardins de chá, curtir exposições
é comemorada com muitas flores e topiarias dos do tema e participar de palestras e oficinas de
personagens mais famosos do mundo durante o Epcot jardinagem. Para estimular ainda mais a vida ao
International Flower & Garden Festival, que começa no ar livre, durante toda a estação também há muitos
dia 28 de fevereiro e se estende até 28 de maio. shows no Garden Rocks Concert Series.
Durante os 90 dias do evento, além de curtir o Para mais informações, acesse o site
visual incrível que toma conta de todo o lugar, os http://bit.ly/2EzLUhz.
JOGANDO VERDE

Dobradores de árvores

O
Japão foi “descoberto” pela Europa em 1542
e as impressões iniciais foram dadas pelo
missionário jesuíta português Luís Fróis
(1532-1597), um dos primeiros a ver o país

Shutterstock
com olhos ocidentais. Ele observou que, ao
contrário dos europeus, que encorajavam o
crescimento reto das árvores, os japoneses
chegavam a amarrar pedras nos galhos para entortá-
los isitantes e c e aram depois ficaram ainda mais
As mesmas técnicas
c ocados com m artif cio c amado onsai em e
milenares que fazem esta
árvores minúsculas e retorcidas eram mantidas em plantinha de meio metro de
pequenos vasos. Eles descreviam tais árvores como altura parecer uma árvore
“bizarras”, “mutiladas“ ou “torturadas”, e tudo era visto velha e fustigada pelo tempo
como maldade, um costume bárbaro. podem ajudar suas árvores
No Oriente, o ponto de vista era outro. No topo das a se adequarem melhor ao
montanhas da China – possível berço de tal costume ambiente urbano
aberrante – as árvores precisam suportar intempéries
terríveis. As sobreviventes ostentam cicatrizes do tempo, um aspecto estranho, aquele toquinho desidrata e encolhe,
como raízes expostas e galhos tortuosos, sendo as mais deixando nua parte da madeira. Por ali entram brocas e
velhas sempre as mais marcadas. Tais árvores são meio outros organismos que podem gerar um buraco enorme
nanicas e, mesmo as mais antigas, são menores que e até comprometer a árvore toda. A turma do bonsai
indivíduos da mesma espécie que crescem em ambientes também corta os ramos de suas árvores, mas o faz rente
normais. As pessoas por ali viam tais árvores como à casca do tronco principal. Se sobrar alguma lasca na
s m olos sa rados de resili ncia e lon e idade refle o do madeira, esta é retirada cuidadosamente, deixando o
taoísmo e do budismo, principais religiões do local. Quando corte liso e uniforme. A casca do tronco principal, se não
estes pensamentos chegaram ao Japão, juntaram-se ao foi ferida no corte, é levemente “machucada” ao redor da
xintoísmo, que também considerava árvores mais velhas cicatri para estim lar o crescimento or fim o ponto
como sagradas. Dá pra entender o porquê dessa paixão do corte é coberto com uma pasta selante, para evitar a
por árvores pequenas e tortuosas – que também levou ao desidratação e afastar pragas. Normalmente, em poucos
desenvolvimento de inúmeras técnicas para simular tais anos, a casca recobre toda a cicatriz, acabando com
características em árvores cultivadas. qualquer evidência de que ali existiu um galho.
Muitos dos que gostam de plantas tendem a pensar A questão central é que, por aqui, tendemos a ser até
que elas sentem dor e se frustram, mas nada disso está em meio libertários com nossas árvores, para depois fazer
seu repertório sensorial. Assim, não faz sentido considerar podas bizarras ou até cortá-las rente ao solo. Seria fantástico
essa miniaturização como maldade – trata-se apenas de se todos os lugares tivessem árvores: algumas crescendo
uma mudança de condições para que as plantas exerçam livremente, outras gentilmente conduzidas para se adequar
suas habilidades. Eu já pensava assim há muito tempo, ao complexo ambiente urbano. Se você tem apenas 2 m
mas foi só em 2011 que decidi entender melhor o universo quadrados no seu quintal, por que não ter uma bela árvore,
dos bonsais. Tomei um susto ao perceber que as técnicas de aparência natural, que caiba exatamente ali, nem que
consideradas clássicas desta forma de arte poderiam ser seja dentro de um vaso? Acho que ainda temos muito que
usadas com superioridade no manejo de árvores normais, aprender com os bárbaros dobradores de árvores do Oriente.
mas ninguém as conhecia muito bem.
Nós, ocidentais, ao podarmos os galhos de nossas
árvores, sempre deixamos um toquinho ligado ao tronco Eduardo Gomes Gonçalves
é paisagista, doutor em Botânica,
principal. Os manuais ensinam que esses centímetros
autor do livro Se não fugir, é planta!
de ramo são importantes, e que nunca se deve ferir a e escreve sobre curiosidades
casca do tronco principal. Só que, além de dar à árvore do mundo da biologia

74 Natureza
PONTO DE VISTA

A sustentável leveza
de ser dos capins

D
urante muito tempo, os capins foram mas sobrevivem bem a essa condição. Também vão
discriminados no Brasil. Por conta de seu visual muito bem em regiões de clima quente, e resistem até às
carregavam a pecha pejorativa de plantas de temperaturas escaldantes do Cerrado.
capoeiras, de macegas, e os campos nativos, Achou pouco? Pois os predicados das gramíneas não
para muitos, não passavam de um espaço param por aí: elas são menos sensíveis a pragas e doenças do
monótono sem serventia. Nos últimos 20 anos, que outras espécies; se multiplicam espontaneamente com
no entanto, isto começou a mudar graças à boa velocidade, sendo portanto ideais para a recuperação
corrente mundial de jardins naturalistas, que lançou um de áreas de radadas – e o di a o capim eti er e no caso
novo olhar à estética deles. de espécies como os Cenchrus e os Eragrotis, basta uma
Que outra planta, senão as gramíneas, consegue dar boa poda dos ramos secos no inverno para, quando o clima
movimento ao jardim e expressar com maestria a leveza começa a esquentar, uma folhagem exuberante em tons
do ar, o vento nos jardins? Maleáveis como elas só, são de verde ou púrpura despontar com força total. Há ainda a
capazes até de devolver um pouco da naturalidade a est o da import ncia ecol ica dessas ram neas ma
ambientes urbanos dominados por formas brutas, duras vez que, em sua maioria, os biomas brasileiros contam com
e retilíneas. Basta plantá-las em conjunto, formando campos nativos.
maci os para criar m si nificati o contraste com o cin a e Em meus jardins, adoro usar o capim-azul
o branco das construções. (Festuca glauca), por conta do porte compacto de suas
Burle Marx sabia muito bem disso. Tanto que, muito fol as a ladas em finas am m so f das fol as
antes da onda dos jardins naturalistas, foi o primeiro azul-acinzentadas e nada discretas do capim-azul-gigante
paisagista a usar os capins nativos no paisagismo (Lagenocarpus velutinus). Já o capim-chorão (Eragrostis
brasileiro. Não fosse por ele, talvez hoje o capim-dos- curvula) me conquistou com sua folhagem pendente.
pampas (Cortaderia sellowiana) não estivesse por Lembra até o Floquinho, o cachorro do Cebolinha
aí, enfeitando jardins mundo afora com sua enorme nas ist rias da rma da nica oc tem m
infloresc ncia em forma de ela capim preferido?
Vigorosos em sua maioria, os capins são ótimos
para inserir cor, forma e textura nos jardins. Mas é
Toni Backes é engenheiro
importante estar ciente de que, por se tratar de plantas agronômo, paisagista, fundador
sa onais eles n o mant m a e er ncia o tempo todo da Escola de Paisagismo Perau do
Em regiões de clima mais frio, por exemplo, é comum Encanto e tem mais de 30 anos de
ficarem com a fol a em mais seca no in erno – experiência em paisagismo ecológico

O capim-dos-pampas e o capim-azul são duas gramíneas muito valorizadas no paisagismo hoje em dia
Fotos: Shutterstock

76 Natureza
TODA A BELEZA DAS Orquídeas
NAS QUATRO ESTAÇÕES DO ANO.
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Flores o Ano Todo


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florescem em cada uma das estações.
Os especialistas da Natureza dão todas as dicas
para você conhecer as espécies e gêneros, os
habitats e as preferências de cada uma, ser bem
sucedido no cultivo e ter flores todo o ano

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CURSOS LOCAL DATA CONTATO


Ervas aromáticas:
Sabor de Fazenda
do cultivo ao 21 de fevereiro (11) 2631-4915
(São Paulo, SP)
uso culinário

Oficina de
Sabor de Fazenda
sementeiras com 24 de fevereiro (11) 2631-4915
(São Paulo, SP)
Mayra Dias

Academia
Curso de sketchup
Alvarenga Neto 24 de fevereiro (11) 4306-0745
para paisagismo
(São Paulo, SP)

Básico de Espaço Cultural


montagem de lagos Terra Viva 24 e 25 de fevereiro (19) 99213-5227
ornamentais (Holambra, SP)

Centro Paisagístico
Jardinagem e
Gustaff Winters 26 e 27 de fevereiro (19) 3802-1713
manutenção
(Holambra, SP)

Academia
Botânica aplicada
Alvarenga Neto 3 de março (11) 4306-0745
ao paisagismo
(São Paulo, SP)

Amigos do Jardim
5 de março a
Florais de Bach Botânico (21) 2259-5026
30 de abril
(Rio de Janeiro, RJ)

Amigos do
6 de março a
Paisagismo Jardim Botânico (21) 2259-5026
15 de maio
(Rio de Janeiro, RJ)

Amigos do Jardim
7 de março a
Plantas medicinais Botânico (21) 2259-5026
25 de abril
(Rio de Janeiro, RJ)

Olhar e o desenho UMAPaz


8 de março (11) 5908-3800
da Natureza (São Paulo, SP)

Paisagismo Perau do Encanto 24 e 25 de março


(54) 3281-3619
regenerativo (Nova Petrópolis, RS) (Módulo A)

www.prefeitura.
Curso municipal Parque do Ibirapuera sp.gov.br/cidade/
10 turmas por ano
de jardinagem (São Paulo, SP) secretarias/meio_
ambiente/

Básico sobre Orquidário da Mata ao se formar turma


(11) 5542-7627
orquídeas (São Paulo, SP) de 3 alunos

EVENTOS LOCAL DATA CONTATO

Sociedade
Exposição Batataense de
9 a 11 de março (16) 3761-6698
de Orquídea Orquidófilos
(Batatais, SP)

Mande informações de seu curso, workshop ou palestra para


natureza@europanet.com.br até o dia 5 do mês anterior ao evento

78 Natureza
CORREIO

Tire suas
dúvidas
Pitanga com bolinhas
Tenho um pé de pitanga que está dando frutos pela primeira vez e, há alguns
dias, começaram a aparecer bolinhas nas folhas da planta. Tenho tirado as
que vejo, mas não sei do que se trata. O que fazer?
| Luzia Moreno |

LLuís
uís Bacher responde
As deformações em forma de bolhas nas folhas
na pitangueira (Eugenia uniflora) são galhas,
modificações foliares induzidas por muitos grupos
de invertebrados – entre os quais helmintos, moscas,
vespas – e por bactérias e fungos. As galhas não vão
interferir na qualidade dos frutos da sua pitangueira,
mas caso ainda assim você queira acabar com elas,
a recomendação é esperar pelo inverno, que é o
período em que a planta perde as folhas, e fazer uma
poda de limpeza removendo os galhos secos e malformados. Depois, pulverize
a árvore toda com enxofre diluído em água na proporção de 1 grama por litro.

Arquivo pessoal
Quando a nova folhagem surgir, aplique óleo de nim para repelir insetos invasores.

NOSSOS CONSULTORES

Marina Tomioka Valerio Romahn Marcello Manzano Erwin Bohnke Bianca Arruda Luis Bacher
Engenheira agrônoma Fotógrafo da Engenheiro agrônomo Orquidólogo há Engenheira agrônoma Apaixonado por
formada pela Escola Natureza há mais formado pela mais de 20 anos, dá formada pela plantas, é diretor
Superior de Agricultura de 20 anos, dedica-se Universidade Estadual palestras e cursos Universidade de comercial da
Luiz de Queiroz (Esalq), à busca de novas Paulista (Unesp), sobre orquídeas no Taubaté (Unitau), Dierberger, viveiro
em Piracicaba, SP. É plantas durante em Jaboticabal, SP. Brasil e no exterior. trabalha na Dimy com mais de 115 anos.
fera em desvendar suas viagens, para Dedica-se à adubação Descobriu muitas Produtos. Atua na Bacher se especializou
ataques de pragas e testá-las no jardim e aos cuidados espécies, que área de adubação e em frutíferas e
de doenças. de sua casa. com plantas. ganharam seu nome. identificação de pragas. plantas ornamentais.

Mande a sua dúvida e as suas fotos para publicação na GALERIA DO LEITOR para o e-mail natureza@europanet.com.br.
Se preferir enviar uma carta, escreva no envelope: Revista Natureza – Rua MMDC, 121 - São Paulo, SP – 05510-900

80 Natureza
CORREIO

Trepadeira
exuberante
Plantei esta trepadeira no meu
jardim e ela se desenvolveu
tão bem que tomou conta do
caramanchão antes reservado
para outra planta. Poderiam
me ajudar a identificá-la?
| José Carlos Chacorowski | As vistosas flores da
ipomeia-africana despontam
Luis Bacher responde sem parar, colorindo cercas,
muros e caramanchões
A espécie em questão é a ipomeia-
africana (Stictocardia macalusoi ), uma planta nativa do leste
do continente africano, onde fica a Somália. Ela tem belas

Fotos: arquivo pessoal


folhas verde-escuras em forma de coração e, durante
praticamente o ano todo, produz flores em forma de
Planta desconhecida
sino com uma coloração surpreendente: as pétalas são Gostaria de saber mais sobre esta espécie
cor-de-rosa vibrante com nuances amareladas e estrias curiosa que apareceu em casa.
| Tamiris Florindo |
vermelhas. Típica de clima tropical, ela cresce rapidamente
e é muito indicada para encobrir cercas longas, muros e Valerio Romanh responde
caramanchões. Deve ser plantada sob sol pleno, em regiões Essa é Datura metel, uma herbácea de aspecto
não sujeitas a geadas. arbustivo originária da Ásia e que se desenvolve
melhor em regiões de clima temperado. De
ciclo anual ou bianual, ela cresce rapidamente,
podendo chegar a até 1,2 m de altura. Também
é ágil na floração, que começa poucos meses
O fertilizante certo após o plantio. Cultive-a sob sol pleno, em solo
para cada situação regado com frequência, e longe do alcance de
crianças e animais, pois ela é tóxica.
Qual o fertilizante ideal para estimular a floração e também
para que as folhagens fiquem sempre verdes e viçosas?
| Olga Cipriano |

Marcello Manzano responde


Para estimular a floração e a frutificação, invista em
fertilizantes ricos em fósforo e potássio. Esses dois compostos
são identificados pelas letras P e K na sigla NPK dos adubos
químicos. Já para estimular o crescimento e o desenvolvimento
da parte vegetativa das plantas, a recomendação é usar
fertilizantes ricos em nitrogênio (N). Em ambos os casos, é
importante escolher produtos que, além de nitrogênio, fósforo
e potássio, contenham micronutrientes como boro, magnésio,
Shutterstock

zinco e ferro, entre outros.

82 Natureza
CORREIO

Flor alaranjada
Gostaria que vocês me ajudassem a identificar esta flor.
| Giselle Gordiano |

Valerio Romahn responde


Trata-se da clívia (Clivia miniata), uma espécie originária da África
do Sul e típica de clima subtropical. Suas inflorescências agrupam
inúmeras flores grandes, campanuladas e alaranjadas com a parte
interna amarelada. Já as folhas são verde-escuras brilhantes, têm
consistência suculenta e nascem formando um leque. Com cerca de
40 cm de altura, a clívia pode ser cultivada em vasos, em jardineiras
ou formar grandes maciços, sempre à meia-sombra. Ela aprecia solo
rico em matéria orgânica, bem drenado e mantido úmido, reproduz-se
Fotos: arquivo pessoal

por sementes ou divisão de touceiras, e todas suas partes são tóxicas.

Limão manchado
Gostaria que me ajudassem a identificar a praga
que vem atacando meu limoeiro. As folhas ficam
pretas e os frutos manchados!
| Danielle Aleixo |

Bianca Arruda responde


Seu limão-cravo (Citrus × limonia) está sendo
atacado por fungos, que podem ser combatidos com
fungicidas à base de cobre. É interessante fazer
aplicação do produto após a queda das folhas, ou
então podar a planta para remover as partes mais
infestadas e só então usar o fungicida.

Mudas de cópsia
Gostaria de saber qual é a melhor
maneira de fazer mudas da cópsia.
| Luiz Mota |
Marcello Manzano responde
A cópsia (Kopsia fruticosa) multiplica-se facilmente por estaquia
dos ramos semilenhosos, e o verão é a melhor época para realizar
o procedimento. Espere pelo final da florada e, então, corte as
estacas. Depois é só plantá-las em sacos plásticos preenchidos
com um substrato bem aerado, composto por partes iguais de
terra de jardim e vermiculita. Mantenha as mudas à meia-sombra
e regue-as frequentemente. A cópsia é uma espécie pouco
usada nos jardins brasileiros e, embora seu crescimento seja
aparentemente desordenado, é possível conduzi-la, mediante
podas, para que ela fique com forma de arvoreta.

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CORREIO

Galeria do Leitor
O espaço para os leitores mostrarem as suas plantas e o seu cantinho inspirado na Revista Natureza

CANTINHO COLORIDO

Fotos: arquivo pessoal


Vejam como
este cantinho do
meu jardim está
charmoso: tem ora-
pro-nóbis (Pereskia
aculeata), manjericão
(Ocimum basilicum) e
hortênsias (Hydrangea
macrophylla), entre
outras plantas.
| Neide Giffoni |

LÁGRIMA-DE-CRISTO FLORIDA
Repleta de flores e com muitos botões ainda
despontando, minha lágrima-de-Cristo
(Clerodendrum thomsonae) mostra toda a sua beleza.
| Marcony Goldenberg |

86 Natureza
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