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Paraná (1865-1875)
Alexandro Dantas Trindade1
RESUMO:
Pretendo analisar o percurso sócio-profissional e intelectual dos engenheiros André e
Antonio Rebouças no Paraná, entre 1865 e 1875. A mais jovem província do Império,
emancipada de São Paulo em 1853, soava estratégica para os irmãos engenheiros, que
nutriam expectativas de elevá-la ao que de melhor a tecnologia e os métodos de
gerenciamento europeus e norte-americanos pudessem oferecer, vislumbrando-a como um
modelo para as demais províncias. Ao me propor analisar a trajetória dos Rebouças,
particularmente de André, pela província do Paraná, tenho a intenção de iluminar alguns
aspectos do debate intelectual daquele contexto, tais como os horizontes da modernização
material, a colonização e a imigração espontânea, a transição para o trabalho livre, dentre
outros temas.
PALAVRAS-CHAVE:
Rebouças, André; Rebouças, Antonio; Brasil – Império; Paraná; Modernização; Escravidão;
Reformismo; Imigração; Colonização
1
Professor adjunto de Sociologia da Universidade Federal do Paraná (Deciso / UFPR).
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foram motivo de preocupação permanente, presente nos relatórios provinciais desde 1854.2
Diversos engenheiros, brasileiros e estrangeiros, foram mobilizados no sentido de estudar e
mapear o território e os traçados dos seus principais rios ao longo da segunda metade do
século XIX, e é nesse contexto que os nomes dos irmãos Rebouças despontam, partícipes
que foram de diversos projetos de reconhecimento do território da província, gestores de
projetos empresariais e executores de traçados ferroviários.3
Também para os Rebouças, a província do Paraná soava estratégica do ponto de vista
de seu potencial econômico e geopolítico, e ambos ansiavam por elevá-la ao que de melhor
a tecnologia e os métodos de gerenciamento europeus e norte-americanos pudessem
oferecer. O tom por vezes utópico de André é compartilhado também por Antonio Rebouças,
embora o último não tenha tido uma produção intelectual significativa, limitando-se à
participação em empreendimentos rodo-ferroviários e à exploração fluvial e do território,
engajando-se em expedições científicas, sendo a mais notória delas a expedição Christian
Palm / William Lloyd, da qual falaremos adiante. Ademais, Antonio Rebouças faleceu
prematuramente em 1874, aos 35 anos de idade, ao passo que André viveria até 1898. No
entanto, muito da eloqüência do abolicionista e reformista social André Rebouças,
particularmente suas perspectivas de modernização material, foi feita à base da valorização
das iniciativas profissionais e empresariais de ambos na província paranaense. Acredito que
algumas notas biográficas breves esclareçam o sentido deste percurso em comum.
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Para além da tensão que envolvia a normalidade da relação anglo-brasileira, a inabilidade e prepotência do
ministro inglês, Willian Douglas Christie, agravado por uma série de outros acontecimentos imprevistos (como o
naufrágio e perda da carga do Prince of Walles no litoral gaúcho sem a abertura de inquérito que dirimisse as
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dão bem a idéia de quão privilegiada era a posição de ambos, permitindo-lhes tomar
consciência da fragilidade do Brasil no tocante à defesa de seu território. Segundo Joaquim
Nabuco, também neste ponto o incidente diplomático permitira ao País, embora
tragicamente, atestar o quanto estava “inteiramente desarmado, sem exército e sem
marinha” (NABUCO, 1997, p. 537), numa linha de argumentação que também não fugia a
André Rebouças, quando de sua crítica à falta de profissionalismo e às interferências
políticas na condução dos esforços da Guerra da Tríplice Aliança, da qual participaria.
A estadia dos irmãos na ilha de Anhatomirim, recuperando a Fortaleza de Santa Cruz,
em Santa Catarina, permitiu a André Rebouças esboçar, em um Diário que começaria a
escrever a partir de então, registros, notas e projetos de modernização material para as
províncias do Império. São as notas contidas em seu Diário, inclusive, que nos permitem
deduzir o reconhecimento com que ambos foram vistos como intermediários entre oficiais do
exército e administradores, diretores de obras públicas, presidentes de Província e Ministros
de Estado, e nos dar uma dimensão das redes sociais que lhes permitiriam no futuro alçar
vôos mais largos nos horizontes da profissão.
No caso de André Rebouças, a viagem que faria aos portos e docas das províncias
nordestinas, em maio do ano seguinte, ampliaria seus contatos também com engenheiros
civis e práticos, iniciando uma longa relação que se patentearia nas propostas de Rebouças
para formação de um Corpo de Engenheiros Civis e que desembocaria na sua ativa
participação junto ao Instituto Politécnico. Dentre estes contatos, destaca-se a figura de
Beaurepaire Rohan, o qual fora presidente da província do Paraná de 1855 a 1856, futuro
ministro da guerra em 1864, e cuja amizade com Rebouças pode ser percebida pelos
interesses em comum, dentre eles as preocupações com escravidão, o combate às secas
nordestinas, a crítica à grande propriedade territorial, bem como projetos ferroviários.5
Já apenas há alguns meses em Santa Catarina, o presidente da província, Pedro
Leitão da Cunha, convidara André para dar um “parecer sobre o pedido de concessão da
Estrada de Ferro de Sta. Catarina ao Rio Grande do Sul, apresentado por J. Dias da Cruz
Lima”.6 No mês seguinte, escreveria em seu Diário o encontro que tivera com o Visconde de
Barbacena, também engenheiro militar, ex-presidente da província do Rio de Janeiro em
1848, e um dos primeiros diretores de estradas de ferro no Brasil (BLAKE, 1883-1902). O
dúvidas sobre o evento, e a prisão e soltura de oficiais britânicos na corte sem a devida abertura de processo
formal), acentuaram o clima de animosidade e denúncias mútuas que redundaria na ruptura diplomática, só
reatada durante a Guerra do Paraguai, mais precisamente no acampamento montado por conta do cerco de
Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, em setembro de 1865.
5
Ver, por exemplo, seu discurso “O Futuro da Grande Lavoura”, no Congresso Agrícola do Rio de Janeiro em
1878, cujos argumentos são bastante próximos aos de Rebouças e outros membros da Sociedade Central de
Imigração.
6
André Rebouças, Diário pessoal, manuscrito, 13 de junho de 1863. Doravante, indicarei apenas como Diário.
6
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Diário, 9 de janeiro de 1865. No registro do dia 22 aparece “Rio Curitiba ou Iguassú”.
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O Cel. Jesuíno Marcondes de Oliveira nasceu em 1827, no município de Palmeira, formou-se em direito na
Faculdade de Olinda, e foi membro do Partido Liberal. No Paraná, foi Inspetor Geral de Educação vice-
presidente entre 1878/9, além de deputado provincial nos biênios de 1854-55, 1856-57, 1860-61, e representante
paranaense na Câmara dos Deputados durante três legislaturas; ocupou o posto de Ministro de Estado dos
Negócios de Agricultura, Comércio e Obras Públicas, ocasião em quando autorizou as comissões Keller e Jardim
a efetuarem explorações para verificar a navegabilidade dos rios Iguaçu, Paranapanema, Tibagy e Ivay; mandou
abrir uma estrada entre Palmas e Corrientes, e deu início a uma estrada entre Curitiba e o Porto de S. Francisco.
Esta última obra foi sustada por ir contra os interesses dos conservadores de Paranaguá. Estava à frente do
governo da Província quando foi proclamada a República’. Poucos meses após o advento da República, mudou-
se com sua família para Genebra, na Suíça, onde faleceu em outubro de 1903 (BLAKE, 1883-1902).
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Diário, 17 de março de 1865. Anos mais tarde, quando Rebouças resolvera auto exilar-se após a proclamação
da Republica, redige uma carta destinada a Joaquim Nabuco, em 1891, voltando à carga contra Jesuíno
Marcondes, segundo ele “cognominado Jesuíno dos Carneirinhos – porque das proprias janelas do Ministério
comprava carneiros para suas fazendas do Paraná. Foi esse cínico quem converteu meu projeto na Comissão
Álvaro-Jardim para descobrir o Campo-Erê, que ele pretendia adicionar aos seus latifúndios e abrir picada para
comercio de mulas com Entre Ríos e Corrientes!!!” (Rebouças para Joaquim Nabuco, 1º de outubro de 1891).
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quando de sua presença, junto com seu irmão, nos empreendimentos ferroviários da
província do Paraná.
A ocupação paraguaia da província de Mato Grosso, em dezembro de 1864, e sua
ofensiva posterior invadindo o Rio Grande do Sul, cruzando as províncias argentinas de
Corrientes e Entre Ríos em 1865, deflagrou o maior conflito bélico da América do Sul: a
Guerra da Tríplice Aliança entre Argentina, Brasil e Uruguai contra o Paraguai. Todavia, a
guerra pode ser interpretada também no âmbito das contradições platinas, ainda que não
diretamente ligadas a elas, as quais remontam à consolidação dos Estados nacionais na
região, e aos conflitos endêmicos da única “fronteira viva” entre as possessões coloniais
portuguesa e espanhola (DORATIOTO, 2002; COSTA, 1996). Não foi sem motivo que a
primeira província a ser invadida era a mais distante e isolada do Império, uma vez que
Mato Grosso, capitania criada em 1748 por desmembramento da de São Paulo, juntamente
com Goiás, fora parte da estratégia geopolítica colonial portuguesa na definição das
fronteiras com o território do império espanhol (GARCIA, 2001).
A tomada de consciência da fragilidade das fronteiras do Império – particularmente
vivenciada por Mato Grosso e Rio Grande do Sul –, produto da experiência pessoal
adquirida in loco, é o elemento que mobilizará o interesse de André Rebouças e dirigirá seu
empenho intelectual e profissional. Pode-se dizer, nesse sentido, que a Guerra do Paraguai
teria um valor heurístico não só para este autor, como também para outras figuras das elites
intelectual e política daquele contexto. No caso de André Rebouças, o drama da integração
territorial poderia ser equacionado através de um conjunto de medidas que passavam,
preferencialmente, pelo reconhecimento da importância estratégica da província
paranaense.
Apesar do tempo relativamente curto de permanência de André Rebouças na Guerra,
que foi entre maio de 1865 e junho de 1866, ele teve ocasião de presenciar alguns dos
episódios simbolicamente mais dramáticos do conflito, como o cerco à cidade rio-grandense
de Uruguaiana, uma parte do território brasileiro que, justamente pro ser objeto de litígio de
fronteiras, fora ocupada pelo exército paraguaio. Alem disso, participou das primeiras
operações do exército brasileiro em território paraguaio, no acampamento do Passo da
Pátria e Tuiuti, tendo sido encarregado, inclusive, da redação do Diário Oficial da expedição
de ocupação da Ilha de Redenção e do Forte de Itapiru, entre abril e junho de 1866,10 o que
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Acampado em Passo da Pátria, Rebouças retorna enfermo para Corrientes entre os dias 5 e 26 de maio, não
participa pessoalmente, portanto, da maior batalha campal da Guerra, a “Batalha de Tuiuti”, que culminou numa
vitória aliada. Apesar de doente, Rebouças continua a registrar os acontecimentos e anotar os comentários sobre
o andamento das operações. O caderno no qual estão assentadas as notas da Guerra do período de março a junho
de 1866 foi publicado integralmente por Maria Odila Silva Dias (1973), permanecendo inédito até então. Tal
material apresenta em riqueza de detalhes notas sobre a movimentação da tropa aliada sediada entre a província
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dá bem a medida de sua posição: afinal, redigir um relatório era compor a versão oficial da
guerra, ao mesmo tempo em que lhe permitia ter acesso a documentos e fontes que não
estavam à disposição da maioria dos combatentes e mesmo de oficiais subalternos. Sua
patente de 1º tenente também não fora empecilho para travar conversas diretamente com os
generais sobre as estratégias de guerra, sendo a melhor demonstração disso uma carta
redigida diretamente ao Ministro da Guerra, ocupado então por Ângelo Ferraz, escrita a
bordo do vapor 11 de junho que, a caminho de Uruguaiana, levava o almirante Tamandaré e
o Comandante em Chefe das forças aliadas, o General Bartolomeu Mitre, presidente da
Confederação Argentina. Rebouças teria conversado com ambos a propósito da melhor
estratégia para expulsar os invasores paraguaios daquela cidade e, em seguida, redigido a
correspondência, na qual pedia que o ministro intercedesse diretamente com o Imperador,
argumentando que os interesses comerciais uruguaios e político-eleitoriais de riograndenses
contra Uruguaiana seriam os únicos motivos para o bombardeamento e destruição daquela
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cidade.
Os Rebouças nutriam uma profunda desconfiança das elites provinciais, e o tom com
que se dirigia aos oficiais da Guarda Nacional, e em particular à milícia rio-grandense, a
ponto de compará-la com o caudilhismo e militarismo dos países vizinhos, atesta o quanto
tal visão era compartilhada pela elite dirigente comprometida com a centralização imperial.
Assim, em meados de 1865, André Rebouças acreditava, equivocadamente, num
rápido desfecho para a Guerra. Tecia considerações sobre os prováveis benefícios que ela
poderia trazer num futuro próximo, talvez uma forma de compensar o péssimo desempenho
da campanha militar, e seus terríveis efeitos. Dentre as mudanças benéficas que poderiam
eventualmente ocorrer, previa o incremento de vias de comunicação, como estradas de ferro
e navegação regular dos rios que serviam ao teatro das operações, bem como a imigração e
a formação de colônias agrícolas, particularmente regidas pela pequena propriedade. O
conjunto destas reformas apareceria de forma nítida somente a partir de meados da década
de 1870, após o interregno entre 1866 – quando se desliga do Exército – e 1875, ocasião
em que se tornara um dos principais engenheiros e empresários responsáveis pela
modernização portuária do Rio de Janeiro. Após a viagem empreendida aos Estados Unidos
em 1873, André Rebouças praticamente abandonaria as grandes obras de engenharia e
suas empresas, e passaria a se dedicar ao jornalismo, escrevendo inúmeros artigos em
periódicos como a Revista Novo Mundo (1870-1879) editada por José Carlos Rodrigues em
Nova York, publicando diversos opúsculos e memórias, participando intensamente da
de Corrientes e a bifurcação dos rios Paraguai e Paraná, bem como transcreve o Diário Oficial da expedição
acima.
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Diário, 8 de setembro de 1865.
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Paraná “desde a boca do Iguassú até Itapirú”.12 Por suas condições climáticas, de
salubridade e de fertilidade, aquela província seria a
região predestinada para a imigração espontânea no Brasil. No dia em que o Paraná tiver vias de
comunicação, os imigrantes afluirão para ali aos cem mil, como agora para os Estados Unidos.
A simples estrada de rodagem da Graciosa tem feito imigrar para o Paraná colonos de todas as
outras províncias do Império! (REBOUÇAS, 1883, p. 85).
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Diário, 13 de junho de 1873.
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Diário, 21 de fevereiro de 1867.
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Diário, 14 de junho de 1868.
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Diário, 12 de novembro de 1868.
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Thomas P. Bigg-Wither, um dos integrantes da Expedição Palm contratados para a Paraná and Mato Grosso
Survey Expedition, após a cansativa viagem de Antonina pela estrada da Graciosa, assim descreve a recepção
que tiveram ao chegar “às serrarias do Sr. Antonio Rebouças”: “O Sr. Antonio Rebouças era um gentleman de
cor, homem de empresa e de grandes conhecimentos, gozando da alta estima do Imperador. Ele era também um
dos concessionários da Paraná and Mato Grosso Railway Surveys. [...]. Fomos recebidos pelo próprio com
grande cordialidade; ele insistia em abrir garrafas e mais garrafas de cerveja em nossa homenagem. Ficamos
mais encantados com a amigável e hospitaleira recepção do que surpresos ao verificar não ter ainda saído da
terra da cerveja. Muitos brindes e votos de felicidade foram trocados, tendo o Sr. Rebouças manifestado o maior
interesse por todas e cada uma das alusões às nossas experiências individuais em seu pais. Foi com grande pesar
que soubemos da morte prematura desse cavalheiro uns dois anos depois. Não havia tempo para uma visita às
serrarias, mas confesso que fiquei surpreso ao verificar que a forca motriz era a vapor e não a água. A
dificuldade e despesas conseqüentes da colocação de varias pecas do engenho no alto da Serra tinham sido
enormes e não me saia da cabeça a idéia de que a forca hidráulica poderia ter sido aproveitada com a mesma
eficiência e por muito menos. Mas, de qualquer forma, todo elogio é devido ao sr. Rebouças, o primeiro a
utilizar sistematicamente a ótima madeira daquela região.” (BIGG-WITHER, 1974, pp.74-75).
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Assim se referia Rebouças em sua correspondência com Joaquim Nabuco, em 1891: “Eu fui, em 1870 e 1871,
o primeiro empresário do Rio de Janeiro; apoiado pelo Visconde de Itaboraí, que me queria tanto a fazer inveja
de mim na própria família. A Cia Florestal Paranaense – cortar pinheiros a 8 léguas do mar em rampa decadente
– que parecia um Potosi, custou-nos 40 ou 50 contos de réis em pura perda, a luta com a família Correia e Cia, o
afastamento do Imperador, etc.”(André Rebouças a Joaquim Nabuco, 7 de junho de 1891).
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Diário, 15 de fevereiro de 1875.
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Diário, 28 de abril de 1875.
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Diário, 8 de maio de 1875.
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sobre as sólidas bases da amizade e do comércio a união da família brasileira; serão tão úteis na
paz como na guerra, e, em todas as ocorrências, excelentes 'instrumenta regni', na enérgica frase
do povo romano! (REBOUÇAS, 1874, p. 116).
O litoral do Rio Paraná é a estação central de vias de comunicações internas de uma bacia
fluvial, que, na América do Sul, rivaliza em grandeza e importância, com a do prodigioso
Amazonas. [...]
Ao sul da primorosa maravilha da América do Sul, é o próprio Rio Paraná que leva às mais ricas
regiões das Republicas do Paraguai, Argentina e do Uruguai, até lançar-se no Oceano com o
nome de Rio da Prata. Nesta região da América do Sul, o Paraná reina sem competidor
(REBOUÇAS, 1876c).
Conclusão
O intuito deste texto foi mais o de apresentar um problema de pesquisa do que
efetivamente trilhar uma análise mais sistemática acerca do tema. Para tanto, seria
necessário, além das indicações fornecidas pelos irmãos Rebouças, recuperar também a
repercussão na imprensa destes inúmeros projetos. Não apenas dos Rebouças, mas de um
conjunto significativo de intelectuais e políticos, bem como dar voz ao debate travado em
determinadas instituições, tais como a Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional e a
Sociedade de Aclimação do Paraná, no âmbito das quais os temas expostos por nossos
protagonistas reverberaram ao longo de toda segunda metade do século XIX. Nesse
sentido, é possível argumentar, ao menos provisoriamente, que os debates sobre a
transição para o trabalho livre, a imigração e a colonização, a expansão ferroviária, o
reconhecimento do território, dentre outros, foram temas aos quais perpassou a delicada
questão da peculiaridade da “fronteira viva” do Brasil meridional. Dimensão geopolítica que,
por certo, não escapou à consciência daqueles intelectuais.
Bibliografia
16
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