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EXMO. SR.

DOUTOR JUIZ FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO GRANDE DO


NORTE – JUIZADO FEDERAL.

ALUIZIO FERREIRA DE FREITAS, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF nº


811.683.907-10, portador da cédula de identidade n.º 069.156.792 SSP/RJ,
residente e domiciliado à av. Nezinho Alves, 234, Qd. G., Bairro Planalto, CEP
59.073-160, Natal/RN, por seu procurador (procuração, doc. 01) que esta
subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor a
presente

AÇÃO ORDINARIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS


COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face de CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS – CRECI 17ª


Região, com sede à Rua Mirabeau da Cunha Melo, nº 1924, Candelária, Natal/RN,
CEP 59.064-490, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 08.303.182/0001-81, o que faz
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

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-I-
PRELIMINARMENTE
DA NECESSIDADE DA JUSTIÇA GRATUITA

01. Ab initio, diante do fato de o requerente não gozar de boa situação


financeira, o mesmo não possui meios de arcar com as despesas processuais sem
prejuízo próprio ou de sua família, motivo pelo qual se requesta inicialmente
concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita de tal forma a poder ter
acesso à justiça e fazer valer o direito de igualdade.

02. Douto Julgador, é sabido que para que tenha eficácia o pedido de assistência
judiciária gratuita, nada basta além do simples pedido, expondo a impossibilidade
do constituinte custear as despesas processuais, proferido em petição inicial,
conforme preceitua a Lei de nº 1.060/50.

03. Assim, procura-se evitar que alguém tenha frustrada a busca ou a defesa de
seus direitos em decorrência de sua condição social, ou por insuficiência de meios
econômicos.

04. Em síntese, a prestação de assistência jurídica visa a assegurar duas


garantias fundamentais: igualdade de todos e o acesso à justiça.

05. Sobremais, ratificando o presente entendimento, em defesa ao princípio do


livre acesso ao poder judiciário, colacionamos o já pacificado entendimento do
Colendo Tribunal de Justiça Potiguar, por meio de sua 3ª Câmara Cível, in verbis:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO QUE INDEFERIU O PEDIDO


DE CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. AFRONTA AO
ARTIGO 4º DA LEI Nº 1.060/50. SUFICIENTE A SIMPLES AFIRMAÇÃO DO
REQUERENTE DO ESTADO DE POBREZA. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM.
INEXISTÊNCIA DE PROVA EM CONTRÁRIO. POSSIBILIDADE. CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO. REFORMA DA DECISÃO.
1. Prescindível a comprovação do alegado estado de pobreza do Requerente
do benefício, bastando a simples afirmação da sua condição e a necessidade

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de obtenção da justiça gratuita. 2. Agravo de Instrumento Provido.

-II-
DOS FATOS

06. O Requerente, objetivando inserir no mercado de trabalho e melhorar suas


condições de vida, participou e concluiu curso Técnico em Transações Imobiliárias
no ano de 2001, obtendo o devido diploma (doc. 02) na data de 01 de agosto de
2001.

07. Consecutivamente, visando a desenvolver suas atividades laborais na função já


mencionada, inscreveu-se no CRECI 17ª Região, na data de 05.03.02, obtendo o
número de inscrição 1.811, conforme identidade profissional (doc. 03).

08. Entretanto, escassa experiência e as imensas dificuldades peculiares de um


início de carreira, geraram uma difícil situação para o requerido, que durante
meses procurava inexitosamente fechar negócios imobiliários e auferir ganhos
para sua manutenção.

09. Mesmo passando por grave dificuldade financeira, mas esperançoso de


melhorias advindas de seu novo ofício e objetivando honrar com suas obrigações, o
requerido quitou sua anuidade do ano de 2002.

10. No primeiro ano no exercício da mencionada função, o demandante não logrou


o sucesso esperado, não percebendo recursos suficientes para seu sustento, quiçá
para pagamento da anuidade do CRECI.

11. Uma vez que não pôde adimplir com a anuidade do órgão de classe no ano
seguinte, passou a ser perseguido por fiscais do órgão réu, que o importunavam e
ameaçavam.

12. Diante de tal desconforto, o autor fez grande esforço para conseguir pagar,
parceladamente, a anuidade do ano de 2003.

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12. Temeroso de sofrer punições e responder autos de infração, o autor viu-se
obrigado a abster-se de atuar no setor imobiliário. Tendo que procurar inserir-se
em outro ramo profissional.

13. O requerido de imediato tentou efetuar o cancelamento de sua inscrição no


órgão, porém alegaram que só seria possível seu cancelamento quando estivesse
com todos os débitos quitados, nos termos da legislação que segue:

Art. 47 - O cancelamento da inscrição principal ou secundária poderá ser


determinado a critério do Plenário do Regional:
I - a pedido da pessoa física ou jurídica, juntando ao requerimento,
respectivamente, carteira e cédula de identidade profissional ou certificado
de inscrição;
§ 1° - No caso do inciso I, o Conselho Regional, para conceder o
cancelamento, verificará se a pessoa física ou jurídica está quite com
anuidades e multas que lhe tenham sido aplicadas e com a contribuição
sindical obrigatória e, no caso específico de pessoa jurídica, se foi suprimido
de seu contrato social o objetivo de intermediação imobiliária, inclusive os
atos referidos no artigo 1º desta Resolução.

14. Entretanto a presente situação contraria dispositivo constitucional

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer
associado;

15. Foi exatamente o que ocorrera ao requerente: foi obrigado a permanecer


associado ao CRECI, por não ter condições financeiras para arcar com as anuidades
em atraso, assim o pedido de cancelamento deve ser reconhecido desde o ano de

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2003, já que o mesmo solicitou a baixa de sua inscrição sendo indeferido pelo
debito mencionado.

16. Vejamos como se posiciona a jurisprudência:

APELAÇÃO. PARCELAMENTO DE ANUIDADES EM ATRASO DE


PROFISSIONAL INSCRITO NO CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE
IMÓVEIS. AUSÊNCIA DE PROVA DE FORMALIZAÇÃO DE PEDIDO DENTRO
DO PRAZO DE VIGÊNCIA DA RESOLUÇÃO COFECI Nº 709/2001. ALEGAÇÃO
DE NÃO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO. PEDIDO DE CANCELAMENTO DE
MULTA DISCIPLINAR POR NÃO TER PARTICIPADO DAS VOTAÇÕES E DE
CANCELAMENTO DE SUA INSCRIÇÃO NO CONSELHO, ESTE ÚLTIMO
CONDICIONADO À QUITAÇÃO DAS ANUIDADES.
4 - Caracterizada coação ilícita a vinculação de cancelamento de
registro pelo profissional que não atua na área respectiva ao
pagamento das contribuições em atraso, que é passível de ser objeto de
execução fiscal. Ofensa ao art. 5º, XX da CF. AC 200151120008089 RJ
2001.51.12.000808-9. Juíza Federal Convocada GERALDINE PINTO VITAL
DE CASTRO. Julgamento: 02/03/2011 Órgão Julgador: QUINTA TURMA
ESPECIALIZADA Publicação: E-DJF2R - Data: 14/03/2011 - Página: 198.

17. E não obstante, passou a ser devedor das anuidades dos exercícios seguintes,
sem nem ao menos desempenhar qualquer ato relativo à atividade imobiliária.

18. O demandante via-se agora acuado, numa situação bastante delicada: não podia
trabalhar por não poder pagar a anuidade, e não pagava a anuidade por não poder
trabalhar.

19. O autor, sem escolhas, mudou de ramo profissional, passando a atuar como
auxiliar de armazém na empresa Prestígio Dist. de Alimentos LTDA., conforme
CTPS (doc. 04).

20. Desde o ano de 2006 vem trabalhando como autônomo na função de servente
de pedreiro e auxiliar de serviços gerais.

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-III-
DO PROCESSO JUDICIAL DE EXECUÇÃO

21. Em 23 de junho de 2010 fora proposta na 6ª Vara desta Justiça Federal, ação de
execução contra o Sr. Aluizio Ferreira, através da qual o CRECI 17ª Região
objetivava receber os valores referentes às anuidades. Entretanto tal ação foi
julgada improcedente – cópia da Sentença em anexo (doc. 05).

-IV-
DO CANCELAMENTO COMPULSÓRIO DA INSCRIÇÃO

21. De acordo com Resolução nº 761/02 do Conselho Federal de Corretores de


Imóveis – COFECI, o respectivo Conselho Regional deve proceder o cancelamento
da inscrição de pessoa física que esteja em débito com duas ou mais anuidades, in
verbis:

RESOLUÇÃO COFECI Nº 761/02. Art. 1º. Os Conselhos Regionais de


Corretores de Imóveis, por ato do Presidente, promoverão o cancelamento
da inscrição de pessoas físicas e jurídicas que estejam em débito junto ao
órgão de 2 (duas) ou mais anuidades, desconsiderada a do exercício em
curso, obedecendo a procedimento sumário nos termos ditados por esta
Resolução.

22. Ou seja, a partir do ano de 2005, o requerente deveria ter tido sua inscrição
cancelada, não gerando mais débitos junto ao CRECI 17ª Região.

23. Norma esta negligenciada pela parte ré, ao impedir que o requerente cancele
sua inscrição mesmo estando supostamente em débito há 10 anos.

-V-
DA PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO

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24. A prescrição é uma modalidade de extinção de crédito tributário enumerado no
art. 156, inciso V do CTN, sendo que, a partir do momento que ocorre a prescrição
contra a Fazenda Pública acarreta a extinção total do crédito tributário. O conceito
geral de prescrição é o não exercício do direito dentro de um prazo legal, é a perda
do direito de ação, onde o direito material torna-se inexigível e, como estamos
tratando de matéria tributária, é o prazo em que a Fazenda Pública tem para
propor a execução do crédito tributário contra o sujeito passivo, disciplinada no
art. 174 do CTN, in verbis:

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:


V - a prescrição e a decadência;

Art. 174. A ação para a cobrança do credito tributário prescreve em cinco


anos, contados da data da sua constituição definitiva.

25. Portanto, os créditos referentes aos anos anteriores a 2008 estariam prescrito,
não sendo passível de cobrança ou execução. Podendo tal prescrição ser
determinada de ofício pelo órgão administrativo credor, ora réu. Porém, este fora
novamente negligente ao não constituir a dívida como prescrita.

-VI-
DO DANO MORAL PURO EXPERIMENTADO PELO AUTOR

26. Em decorrência da fiscalização exacerbada e impertinente da demandada, o


Requerente experimentou situação constrangedora, angustiante, tendo sua moral
abalada, face à indevida e ilegal Coação e importuno imposta pela
Autarquia/demandada com seus reflexos prejudiciais, sendo suficiente a ensejar
danos morais, até porque, o Autor não mais atua no ramo imobiliário.

27. A obrigatoriedade de reparar o dano moral está consagrada em nossa


Constituição, precisamente no art. 5º, V e X, in verbis:

“Art.5º(...)

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V – É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;”

28. Ademais, constata-se que o Código Civil acolhe de forma expressiva a


possibilidade de reparação dos danos causados a alguém, consoante dispõe o
artigo 186, in verbis:

"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito."

-IV-
DA TUTELA ANTECIPADA

26. Inovação processualística trazida pelo art. 273 do Código de Processo Civil
pátrio, a tutela jurisdicional antecipada surge como via para se contornar os
malefícios infligidos pelo tempo ao processo. Reza o caput, e incisos do dispositivo:

“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os


efeitos da tutela antecipada no pedido inicial, desde que, inexistindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação e”:
I – haja fundado receio de dano irreversível ou de difícil reparação; ou
II – Fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou manifesto propósito do réu;

27. Todavia, a antecipação da tutela de mérito não se dá sem nenhum argumento


fático, ficando a critério da parte requerer ou do puro arbítrio do magistrado em
deferi-la. O legislador, no próprio texto do art. 273 do CPC, impôs os requisitos
indispensáveis para que a antecipação da tutela seja uma opção válida, quais
sejam; Da prova inequívoca e da verossimilhança e do fundado receio de dano
irreparável.

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28. No caso ora em discussão, torna-se evidente a presença de tais exigências. A
prova inequívoca e a verossimilhança do constrangimento suportado pelo
Postulante consubstanciam-se no fato de seu nome poder ir para a divida ativa da
união, já que fora autuado por uma autarquia federal da qual deveria ter sido
excluído por vontade própria desde 2003 ou por vontade da instituição desde
2005, pelos atrasos em sua anuidade de acordo com a Resolução Cofeci Nº 761/02.

29. O fundado receio de dano irreparável, como já restou demonstrado, deve-se ao


fato do Autor, necessitar ter seu nome limpo para que possa desenvolver os atos de
negociais normais ao cidadão comum.

30. Desta forma, é o presente pedido liminar formulado pelo demandante, no


sentido de determinar à demandada que Exclua o nome do autor nos órgão de
defesa ao crédito; abstenha-se de promover qualquer tipo de cobrança e/ou
sanção ao demandante.

-V-
DOS PEDIDOS

Em razão do exposto, requer:

a) que seja deferida a antecipação de tutela para que a ré se abstenha de qualquer


inscrição do nome do autor na divida ativa da união e nos órgãos de proteção ao
crédito, e por fim, que seja impedida de praticar qualquer ato de
fiscalização/coação para com a pessoa do autor até o final deste processo, sob pena
de lhe ser cominada multa, a ser estipulada por este juízo, em caso de
descumprimento de qualquer das medidas deferidas por meio da tutela
antecipada.

b) seja notificada a Autarquia reclamada para, querendo, contestar a presente, sob


pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;

c) seja desconstituído o débito das anuidades a partir de 2003, tendo como motivo
a solicitação de cancelamento da inscrição do requerente no ano de 2003;

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d) acaso indeferido o pedido da letra “c”, que se considere o cancelamento da
inscrição dele a partir de 2005 com base Resolução Cofeci Nº 761/02, em seu Art.
1º, desconsitutindo-se os débitos a partir de 2005;

e) que seja declarada a prescrição dos débitos a partir de 2008 e a conseqüente


extinção do referido crédito;

f) seja procedido o cancelamento da inscrição do autor junto ao CRECI 17ª Região.

g) a condenação da Requerida em danos morais, este a ser arbitrado por vossa


excelência.

h) a intimação do representante do Ministério Público Federal.

i) Os benefícios da justiça gratuita, por não poder pagar as eventuais custas


processuais;

j) a condenação da ré em honorários e custas;

Protesta-se provar o alegado, por todos os meios de provas em direito


admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal do representante legal da
reclamada, oitiva das testemunhas, juntada de documentos.

Atribui à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Termos em que, aguarda deferimento.

Natal, 15 de outubro de 2012

RODRIGO DANTAS DO NASCIMENTO


OAB/RN 4.476

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