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DEPRECIAÇÃO

Na maioria dos países a definição e aplicação dos critérios de depreciação é


regida pela legislação do Imposto de Renda. O Regulamento do Imposto de
Renda brasileiro (Decreto nº 3.000, de 26 de Março de 1999) em seu artigo 305,
define a depreciação como 'a diminuição do valor dos bens do ativo resultante do
desgaste pelo uso, ação da natureza e obsolescência normal'.

A definição acima sugere três aspectos distintos para interpretação da


depreciação:

Físico - é a perda de valor decorrente do desgaste ocasionado tanto pelo uso


como pela ação dos elementos da natureza. Ambos levam a aumento dos
custos de operação e manutenção e a conseqüente redução da capacidade
produtiva do bem, refletida nos lucros. Esta é a interpretação técnica do
engenheiro.

Econômico - é a perda de valor resultante da diminuição da capacidade do


bem gerar receitas proveniente da obsolescência e da inadequabilidade do
bem. A obsolescência resulta das inovações tecnológicas que tornam anti
econômico o uso do bem ou do produto por ele produzido. A obsolescência
pode ainda ser causada pela mudança dos hábitos e gostos dos usuários. A
inadequabilidade é proveniente da incapacidade do bem em atender uma
demanda superior à finalidade pretendida na ocasião de sua aquisição. Esta é
a interpretação do economista, que visa estabelecer uma orientação no
sentido de determinar a recuperação do capital investido segundo o desejo do
investidor.

Contábil - objetiva o rateio do custo de aquisição num certo número de


períodos contábeis para atender às exigências da legislação do Imposto de
Renda e às normas da Contabilidade de Custos.

DEPRECIAÇÃO E VIDA ÚTIL

O objetivo da depreciação é criar um fundo de reserva que permita a reposição do


bem quando ele chegue ao fim do seu prazo de utilização econômica, que é
denominado vida útil.

O problema crítico na determinação das quotas de depreciação é o


estabelecimento da vida útil, devido à infinidade de fatores que influenciam a
durabilidade do bem, especialmente no caso de máquinas e equipamentos. A
unidade de tempo mais utilizada para medir a vida útil é o ano. Utiliza-se, também
considerar a depreciação em termos de horas de trabalho ou de unidades
produzidas.

A determinação da vida útil de um bem é feita por estimativa e não há métodos


que a estabeleçam precisamente. O melhor método para estimar a vida útil é a
experiência passada da empresa e uma das fontes mais confiáveis são os
registros contábeis da própria empresa. Sendo uma estimativa, a vida útil poderá
ser alterada posteriormente para ajustá-la de conformidade com a nova realidade,
entretanto se houver dúvidas, a poderá ser necessário que uma entidade de
pesquisa científica ou tecnológica reconhecida emita um parecer.

O orgão governamental, responsável pela administração de imposto de Renda de


cada país, publica tabelas de taxas anuais admissíveis para as várias espécies
bens, mas deixa a critério do contribuinte adotar os valores mais convenientes
para a sua aplicação, o contribuinte porém, deve justificar as divergências. A
tabela 4-IV 'Taxas de Depreciação e Vida Útil' relaciona as taxas de depreciação e
os valores de vida útil de alguns bens mais comuns, de acordo com a legislação
brasileira.

Tabela 4-IV

MODELOS DE DEPRECIAÇÃO

Adotaremos os seguintes símbolos para definir as quotas de depreciação


periódica para os métodos que vamos apresentar:

D - quota anual de depreciação


Dk - quota periódica de depreciação
C - custo de aquisição
Ck - valor contábil após o decurso de k períodos de vida útil
n - número de períodos de vida útil
k - número de períodos de vida útil decorridos, sendo 0  k  n
R - valor residual do investimento

Classificação dos Modelos de Depreciação

Os diversos modelos de depreciação são classificados em três grupos:

a. Modelos em que as quotas de depreciação são mantidas constantes ao longo


da vida útil do bem; o modelo da depreciação linear pertence a esta categoria.

b. Modelos que calculam quotas de depreciação maiores no início da vida útil.


Fazem parte deste grupo o modelo da soma dos dígitos dos anos ou de Cole e
o modelo do saldo decrescente ou de Matheson. Os modelos deste grupo
também são denominados de modelos de depreciação acelerada.

c. Modelos de depreciação lenta que calculam quotas menores no início da vida


útil do bem; o modelo do fundo de amortização faz parte deste grupo.

A consideração do valor tempo do dinheiro é outro critério para classificar os


modelos de depreciação. Assim os modelos da depreciação linear, da soma dos
dígitos dos anos e do saldo decrescente pertencem à classe dos modelos que
desconsideram o valor tempo do dinheiro e o modelo do fundo de amortização
pertence à classe dos que consideram o valor tempo do dinheiro.

MODELO DA DEPRECIAÇÃO LINEAR

É o método clássico de cálculo da depreciação e também o mais simples de


todos.

O valor da quota anual é dado pela fórmula:

(4.28)

O valor contábil do bem, decorridos k períodos de vida útil é calculado pela


fórmula:
(4.29)

Quando o valor residual é nulo, as fórmulas (4.28) e (4.29) passam a ter as


seguintes expressões:

(4.30)

(4.31)

O modelo da depreciação linear é o único reconhecido pela legislação do Imposto


de Renda brasileiro. Apesar de não admitir o uso de métodos de depreciação
acelerada, a legislação brasileira permite a redução dos prazos de vida útil para os
bens submetidos a regime de trabalho em turnos múltiplos, através da adoção de
coeficientes de depreciação acelerada contábil. Assim temos os seguintes
coeficientes:

Um turno de 8 horas: 1,0


Dois turnos de 8 horas: 1,5
Três turnos de 8 horas: 2,0

MODELO DA SOMA DOS DÍGITOS DOS ANOS OU DE COLE

O modelo da soma dos dígitos dos anos é um dos métodos de depreciação


acelerada, isto é, as quotas de depreciação iniciais têm maior valor do que as
finais.

Neste modelo, as quotas de depreciação nada mais são do que o valor


depreciável (C-R) multiplicado por um fator que obedece à seguinte lei de
formação:

(4.32)

O denominador dessa fração é a soma dos n primeiros números naturais, que é


igual a n(n+1)/2, então a quota de depreciação periódica é dada pela fórmula:
Dk = ,1kn (4.33)

e o valor contábil no fim do período k é:

Ck = C - ,1kn (4.34)

A demonstração matemática das fórmulas é baseada nas propriedades da soma


das progressões aritméticas, que podem ser encontradas nos textos escolares do
segundo gráu.

MODELO DO SALDO DECRESCENTE OU DE MATHESON

O modelo assume que o valor do bem decresce a uma taxa percentual constante
p que é aplicada ao valor contábil apurado no fim de cada período da vida útil. A
taxa percentual é calculada pela fórmula:

(4.35)

Nestas condições a quota de depreciação no período k+1 é obtida pela


expressão:

Dk+1 = p.Ck (4.36)

e o valor contábil no período k+1 é:

Ck+1 = Ck - Dk+1 (4.37)

Quando o valor residual é nulo, R=0, a fórmula (4.35) não tem significado. Na
prática, os usuários do modelo escolhem uma taxa percentual que julgam
adequada, em vez de calcular a taxa pela fórmula (4.35).

MODELO DO FUNDO DE AMORTIZAÇÃO


Os modelos abordados nos parágrafos anteriores não consideram o valor tempo
do dinheiro, assim o valor acumulado do fundo de depreciação não cobre o valor
depreciável. O modelo do fundo de amortização pretende suprir essa deficiência.

Neste modelo a quota de depreciação Dk, no período k, é calculada pela fórmula:

(4.38)

e o valor contábil é obtido pela:

(4.39)

Apesar de considerar o valor tempo do dinheiro, o modelo calcula quotas de


menor valor no início da vida útil do bem. Tecnicamente, esta hipótese é contrária
ao que se observa na realidade das empresas e portanto sofre de restrições de
uso.

DEPRECIAÇÃO E LUCRO

A legislação do Imposto de Renda de muitos países considera as quotas de


depreciação como dedutíveis do lucro bruto das empresas para efeito de apuração
do lucro tributável. Vejamos como a depreciação influencia o valor final do lucro
disponível para o empresário.

Sejam:
D valor do fundo de depreciação
LA lucro bruto (antes do Imposto de Renda)
LL lucro líquido (após o Imposto de Renda)
LT lucro tributável
T valor do Imposto de Renda
t alíquota do Imposto de Renda

Teremos:

LT = LA- D e T = LT.t = (LA- D)t


então
LL = LA-T = LA- (LA- D) t
e finalmente
LL = LA ( 1 - t ) + D.t (4.40)
Portanto, a depreciação propicia um lucro adicional ao empresário, igual ao
produto da quota de depreciação pela alíquota do Imposto de Renda. Além disso,
como a depreciação é um custo virtual, não há saída de caixa e a reserva
acumulada do fundo de depreciação continua na empresa à disposição do
empresário.

Funções do Microsoft Excel para os Modelos de Depreciação

O módulo suplementar de funções financeiras do Microsoft Excel oferece funções


de planilha correspondentes aos seguintes modelos de depreciação discutidos
neste capítulo:

Modelo da Depreciação Linear - Função financeira DPD.

Modelo da Soma dos Dígitos dos Anos - Função financeira SDA.

Modelo do Saldo Decrescente - Função financeira BD.

O Microsoft Excel não possui uma função específica para calcular o modelo do
fundo de amortização. Nossa sugestão é que os usuários desse modelo montem
uma planilha especial compatível com o sistema contábil de seus negócios.

As informações referentes ao uso, sintaxe e exemplos das funções de


depreciação são encontradas nos Índices Geral e Alfabético do menu de Ajuda do
Microsoft Excel. No índice geral selecionar o título 'Criando fórmulas e pastas de
trabalho de auditoria', na página que se abre, selecionar o título ‘Referência de
função de planilha’ ou o título 'Usando funções' e numa delas selecionar o título
'Funções financeiras' e finalmente, selecionar a função desejada na relação
apresentada. No índice alfabético, as funções estão listadas por sigla, por exemplo
a função Depreciação Linear é listada pela sigla DPD. A maneira mais fácil; de
localizar o verbete de cada função no índice alfabético, é selecionar o verbete
'funções financeiras' e procurar a função desejada na relação mostrada. Na página
de cada função há um élo no canto esquerdo superior, imediatamente abaixo do
nome da função, denominado 'Consulte também' que verbetes correlacionados.

Outra maneira de localizar as funções finananceiras do Microsoft Excel é clicar


sobre o botão Assistente de Função na barra de ferramentas padrão e
escolher a função desejada na lista que se abre.
Endereço eletrônico: jpnunes@yahoo.com
URL:http://www.geocities.com/Eureka/Plaza/6813
Editada em: 07 de Novembro de 1999

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