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As bases religiosas e científicas do racismo

Clique e veja um artigo que expõe sobre as bases religiosas e científicas do racismo.

Preconceitos são provenientes de diferenças. "Existem muitos tipos de preconceitos, que se manifestam como uma forma
de proteção ao desconhecido". Essa seria uma definição conformista e romântica sobre um dos mais terríveis fenômenos
sociais existentes e praticados pela humanidade.

O Preconceito de cor, etnia e origem é um mal social que persiste em nosso país e em nossa cultura. Na prática podemos
dar um exemplo clássico. Duas pessoas com a mesma idade, sexo, grau de escolaridade e condição socio-econômica que
concorrem a uma mesma vaga de emprego no Brasil passam por um simples e objetivo processo de seleção: a cor. Duas
pessoas que apresentem as mesmas condições intelectuais, sociais e fisicas para ocupar uma vaga de vendedor, por
exemplo, serão selecionados pelo quesito boa aparência, que no Brasil significa ser branco, e de preferência de origem
caucasiana. Esse é um fenômeno que existe em todos os países em que brancos, negros, indios e mestiços convivem
juntos. Há também, como nos EUA, os árabes, latinos e outros, que sofrem o preconceito de origem.

A ética de um povo é construída pela ideologia dominante. Como já disse Nelson Mandela “Ninguém nasce odiando outra
pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se
podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” Desse modo a ética cristã é uma das bases responsáveis pela
construção dessa ideologia.

Obs: Cabe ressaltar que a ética cristã, não é a ética de Jesus, mas sim aquela construída pela Igreja Romana a partir da
releitura, reinterpretação e adaptação da cultura e da ética hebraica aos objetivos da Instituição religiosa romana. Se todo
mundo que se diz cristão seguisse um centésimo do que “o homem” Jesus de Nazaré ensinou, a humanidade seria bem
melhor.

Quando da época das colonizações a Igreja foi grande incentivadora econômica do empreendimento escravista, e tinha que
justificar as ações da escravidão biblicamente. Para isso recorreu-se ao mito da Arca de Noé.

Após o dilúvio que daria fim ao caos em que se encontrava a humanidade, os filhos de Noé, Cham, Sem e Jafé, foram os
responsáveis por repovoar a terra com seus descendentes. Cada um cuidou de repovoar cada continente dos três
conhecidos no velho mundo. Sem repovoou a Ásia. Jafé a Europa e Cham a África. O fato que justificou a inferioridade dos
Africanos foi uma passagem bíblica em que Cham, seu filho Canaã e toda sua descendência foram amaldiçoados por Noé.
No capítulo 9, versículos 18-27 do Gênesis diz: após beber vinho, Noé ficou nu dentro de sua tenda, dormindo. Cham, pai
de Canaã, viu a nudez de seu pai e chamou os dois irmão, Sem e Jafé, que tomaram um manto e o cobriram. Ao acordar,
Noé soube do acontecido e pronunciou o terrível veredicto: “maldito seja Canaã, que ele seja para seus irmãos o último dos
escravos. Bendito seja Javé, o Deus de Sem, e que Canaã seja seu escravo e que Deus dilate a Jafé, e que Canaã seja
seu escravo.

Pois bem, estava dado o veredicto de todo o povo africano, uma vez que são descendentes de Cam e Canaã. Um veredicto
que fez do povo africano escravos dos Europeus que são descendentes de Jafé.

Posteriormente, os descendentes de Sem também são associados a maldiação no Novo Testamento. Os Judeus, ou
semitas (descendentes de Sem), são culpados pela condenação e crudificação de Jesus. Assim prevalece, segundo a
“sagrada” interpretação da “Bíblia Sagrada”, a superioridade “sagrada” dos Europeus “sagrados”.
Mas então veio o Iluminismo e lançou “luzes” ao pensamento humano sobre todas as concepções científicas, sociais e
culturais. Logo grandes pensadores e pesquisadores procuraram novas justificativas para os conceitos de raça e
superioridadde do povo Europeu. Naturalistas e filosofos do séc. XVIII, a partir de suas observações, pesquisas e reflexões
chegaram à conclusão de que o nível de desenvolvimento e evolução de um povo se mede pelos seus hábitos de vida nos
âmbitos da economia, cultura e religiãoe pelas suas características físicas. Após separar os seres humanos dos primatas
enquanto gênero, subdividiu-se nossa espécie em quatro grupos assim denominados e caracterizados: homem europeu
(europeus albus), “engenhoso, inventivo, branco, sanguíneo, governado pelas leis”; o homem americano(indio) (americanus
rubescus), “satisfeito com sua condição, gostando de liberdade, pardo, irascível, governado pelos costumes”; o homem
asiático (asiaticus luridus), “avarento, amarelo, melancólico, governado pela opinião”; o homem africano (afer niger),
“manhoso, preguiçoso, negligente, negro, fleumático, governado pela vontade arbitrária se seus amos.” Tal definição foi
elaborada pelo sueco Lineu na obra Systema Naturae. A partir dessas e de outras teorias os europeus justificaram
cientificamente sua superioridade sobre os outros povos. Superioridade que sustentou séculos de escravidão, massacres,
extermínios em massa sobre africanos, americanos e asiáticos. Superioridade que ainda sustentou o Holocausto judeu, a
Apartheid na Africa do Sul, e ainda sustenta o preconceito étnico em muitas sociedades.

Atualmente, após o Projeto Genôma, e muitos estudos que provam que não existem diferenças biológicas entre os seres
humanos, e que, cultura e religião são expressões subjetivas que não podem ser julgadas a partir de juízos de valores, o
preconceito ainda vive e se manifesta constantemente. A ética ocidental é eurocentrica e, portanto, expressa e reproduz as
ideologias sociais preconceituosas e excludentes.

E você é? É “racista?

Fonte: BORGES, Edson. Racismo, preconceito e Intolerância. Espaço & Debate. 2010.

Fonte: Brasil Escola - http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/sociologia/as-bases-religiosas-cientificas-racismo.htm

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