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__________________ CURSO DE LIBRAS

LINGUISTICA GERAL

Profª Alecsandra de Arruda

O fundador desta ciência foi Ferdinand de Saussure, um linguista suíço cujas


contribuições em muito auxiliaram para o caráter autônomo adquirido por essa ciência de
estudo. Ferdinand de Saussure nasceu em 26 de novembro de 1857 em Genebra,
Suíça. Estudou Química e Física, mas continuou fazendo cursos de gramática grega e
latina, por influencia de amigos e familiares, após ter certeza do que gostava muito da área
da linguística ingressou-se na Sociedade Linguística de Paris. Em Leipzig estudou línguas
europeias.
Na Universidade de Genebra, entre os anos de 1907 e 1910, Saussure ministrou três
cursos sobre linguística, três anos após sua morte, Charles Bally e Albert Sechehaye, alunos
dele, transcreveram todas as anotações e informações que tinham aprendido e editaram o
chamado Curso de Linguística Geral.
Para Ferdinand Saussure a Para Saussure, a língua é um sistema abstrato, que se
opõe à fala. A fala é a concretização da língua por um indivíduo. A fala é a língua posta em
uso. Para Saussure e muitos outros linguistas até hoje, a linguística deve se ocupar da
língua, e não da fala. (COSTA, 2008, p.116).
Para Saussure a linguagem é social e individual; psíquica; psico-fisiológica e física.
Portanto, a fusão de Língua e Fala. Para o autor, a Língua é definida como a parte social da
linguagem e que só um indivíduo não é capaz de mudá-la. O linguista afirma que “a língua
é um sistema supra-individual utilizado como meio de comunicação entre os membros de
uma comunidade”, portanto “a língua corresponde à parte essencial da linguagem e o
indivíduo, sozinho, não pode criar nem modificar a língua” (COSTA, 2008, p.119).
Também temos o pai da gramática gerativa que Avram Noam Chomsky, nascido em
1928 é um linguista, filósofo e ativista político norte-americano, professor de Linguística no
Instituto de Tecnologia de Massachusetts . Seu nome está associado à criação da gramática
gerativa transformacional.
Para CHOMSKY: “A língua é um objeto mental. Um sistema de princípios radicados
na mente humana. A análise da relação entre mente e língua”. (ORLANDI, 1989).
A gramática gerativa não se interessa pela análise das expressões linguísticas consideradas
em si mesmas, separadas das propriedades mentais que estão envolvidas em sua produção
e compreensão. Ela também não se interessa pelo aspecto social que a língua apresenta.
Seu foco está no aspecto mental da língua.
Foi Chomsky que, a partir de 1957, retomou o percurso que muitos estudiosos antigos
já haviam trilhado, ressaltando a importância da investigação das relações entre mente e
língua.

O QUE É LINGUISTICA?

A Linguística é a ciência que estuda os fenômenos relacionados à linguagem verbal


humana, buscando entender quais são as características e princípios que regem as
estruturas das línguas do mundo. Aos linguistas, então, cabe estudar e formular explicações
acerca das estruturas e dos mecanismos da linguagem em geral. O linguista pode estudar a
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linguagem, analisando suas modificações durante um determinado período (Linguística


diacrônica ou histórica), ou, então, estudar uma determinada língua no seu estágio de
evolução atual (Linguística sincrônica).
Língua – Um conjunto de frases, cada uma delas formada por uma série de palavras.
Sendo assim é uma atividade, um processo criativo ininterrupto de construção, que se
materializa sob a forma de atos individuais de fala.
Linguagem - É o uso de toda essa atividade, desse conjunto de frases e série de
palavras que em determinado local, contexto histórico e social são usadas pelos seres
humanos para que aconteça a comunicação. Logo, a linguística explora esse universo de
comunicação e suas transformações para identificar os fenômenos que ocorrem através dos
tempos.

RAMIFICAÇÕES DA LINGUISTICA

O estudo da linguagem se dá através de diversas áreas que constituem o campo da


Linguística algumas universidades incluíram a matéria tratamento computacionais das
línguas, na qual o aluno aprende a manusear programas de computador que fazem tradução
e correção (gramatical e léxica) de textos. Algumas dessas áreas estão representadas na
figura abaixo sendo que cada uma ainda possui outras ramificações (como, por exemplo, a
Fonética, que se divide em Fonética Articulatória, Fonética Acústica, Fonética Auditiva e
Fonética Instrumental). Vejamos mais exemplos:

A Linguística divide- se em alguns ramos de estudo:


 Fonética - estudo encarregado de analisar o som no momento em que este soa para
formar a palavra e por isso confere a estes características distintas para que seja feita
sua classificação.
 Fonologia – encarrega-se de explicar, a partir dos sons básicos da língua, a
identidade de suas partículas sonoras, logo a fonologia permite a identificação dos
sons da voz que são emitidos pelo aparelho humano.
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 Morfologia - A estrutura de estudo que analisa a formação das palavras chama-se


morfologia. Este estudo ocorre entre o aspecto formal e interno dos enunciados e
pode ser chamado de análise formal. A partir do estudo da norma culta ou padrão a
morfologia identifica possíveis ocorrências nestas estruturas de formação e contribui
para a evolução do sentido dos enunciados.
 Sintaxe - Estuda as regras e suas aplicações, além de identificar a ordem dos
componentes e como estes aparecem na formação e composição das frases ou
enunciados.
 Semântica - Por Semântica entende-se a união de determinadas unidades menores
e constituintes de uma língua que tem por fim a construção de unidades de
enunciação maiores de escrita e comunicação.
 Lexicologia - Lembra léxico, vocabulário de um idioma, por exemplo, a Língua
Portuguesa possui seu léxico e, portanto, a lexicologia é a responsável por descrever
o seu uso e sentido dentro da lexicografia- ramo que elabora dicionários,
enciclopédias e demais obras que identificam a língua falada no Brasil.
 Terminologia - Cabe a ela estudar termos que estão em uso em uma língua e dar-
lhes uma explicação plausível em níveis linguísticos. É uma ciência para estudo
destes termos que estão sendo usados em determinadas situações enunciativas.
 Estilística - A língua possui características peculiares às quais pode-se dar o nome
de poder de expressão ou, ainda, capacidade de provocar sensações dentro de um
determinado contexto comunicativo e a Estilística encarregar-se-á de trazer essas
respostas dentro dos conceitos linguísticos.
 Pragmática - Estuda a linguagem em sua situação real de comunicação, ou seja, no
momento de formação do enunciado. O locutor e o interlocutor são elos principais
para que ocorra a interação linguística de acordo com os conceitos pragmáticos.
 Filologia – Disciplina que estuda textos antigos ou do passado. Busca explicá-los de
forma que ocorra a interligação entre os aspectos diacrônicos, sincrônicos,linguísticos
e situacionais de comunicação.
 ASPECTOS LINGUÍSTICOS I

Desmistificando alguns mitos - Língua de Sinais


Em nossa sociedade ainda é muito forte a concepção de Língua de Sinais,
puramente, como uma consequência da surdez. Esta, por sua vez é concebida sob
um único viés: o seu aspecto clínico-terapêutico.
A tendência é olhar para a língua de sinais como um recurso precário de
comunicação e seus usuários como um grupo de deficientes, limitados, desprovidos
de linguagem e até isolados do mundo e das "coisas boas" que ele tem a oferecer,
como a música, os sons em geral, a utilização do telefone, a possibilidade de ouvir a
voz humana entre outros relacionados à audição, como se isso lhes fosse motivo de
frustração. Não se leva em conta suas experiências visuais e concepção de mundo
que se dá na interação com grupos distintos, compostos por surdos e ouvintes.
A forma como olhamos para um determinado grupo ou povo, interfere no
prestígio ou na simples aceitação da língua que ele utiliza, considerando que existe
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uma forte relação entre Língua e Identidade de um povo, sendo que esta última se
constitui a partir da linguagem, ou seja, como afirma Silva (2000), a identidade é o
resultado de “atos de criação linguística”.
Segundo Monteiro (2006), há poucos anos, a Língua de Sinais Brasileira era ainda
vista como "tabu", pois não havia sido atribuído a ela o status de língua.
Essa afirmação pode ser reforçada por Sacks (1998, p.33), ao dizer que os
ouvintes sempre negaram a eficácia da língua de sinais. Esse autor explica que
algumas pessoas, "por mais bem-intencionadas que possam ser, consideram a língua
de sinais como algo rudimentar, primitivo, pantomímico, confrangedor".
Diante dessa concepção sobre o meio de comunicação dos surdos, cabe
reservar um pequeno espaço para esclarecer os conceitos de Língua a partir do ponto
de vista de alguns teóricos.
A língua, para Saussure (1991), é o aspecto social da linguagem, pois, é
compartilhada por todos os falantes de uma comunidade linguística e é compreendida
como um sistema complexo com regras abstratas e composto por elementos
significativos que se relacionam entre si. Para Chomsky a língua é um sistema de
princípios radicados na mente humana. (VIOTTI, 2008 p. 32).
Nesse sentido, a língua é uma propriedade coletiva e não individual, só tem
razão de existir se for compartilhada.
Daí a importância de reconhecer a existência de uma comunidade lingüística de
surdos para que se reconheça também a língua utilizada por ela.
Martelotta (2008, p.16) assinala que "o termo 'língua' é normalmente definido como
um sistema de signos vocais, utilizado como meio de comunicação entre os membros
de um grupo social ou de uma comunidade lingüística." A abordagem desse autor
demonstra que nos estudos lingüísticos, às vezes, a modalidade visual-espacial ainda
passa despercebida quando se faz uma conceituação geral de língua.
Na consideração feita por Martelotta,a Língua de Sinais não é excluída
intencionalmente, quando utiliza a expressão "sistema de signos vocais", mas essa
concepção demonstra que não é familiar aos linguistas o reconhecimento desta
modalidade de língua como tal, e ao mesmo tempo reflete a prematuridade dos
estudos linguísticos relacionados a ela, na maioria dos países.
Percebe-se que ainda predomina conceitos anteriores ao estudo científico das
Línguas de Sinais, os quais consideram os sinais utilizados pelos surdos como
insuficientes para a formação intelectual e inferiores à linguagem
oral. Lúria e Yudovich (1978), afirmavam que a pessoa surda que utiliza só os sinais
adquiridos pela experiência visual, é incapaz de formar conceitos abstratos.
Segundo Machado (2008, p.88), essas concepções foram rejeitadas por Hans
Furth (1966), que com base na teoria cognitivista de Piaget, desenvolveu um trabalho,
utilizando provas piagetianas, às quais adaptou à linguagem não- verbal. Essas
pesquisas teriam comprovado que crianças e adolescentes surdos atingiam o mesmo
nível de desenvolvimento cognitivo que os ouvintes e deixou evidente que "o
pensamento pode avançar sem o concurso da linguagem oral".
Se ainda hoje encontramos, em algumas referências científicas, conceitos
errôneos ou preconceitos implícitos nestas, em relação às Línguas de Sinais, é ainda
mais comum nos depararmos com concepções inadequadas no discurso popular,
pois a maioria das pessoas desconhece conceitos básicos dessa língua. É bastante
comum encontrarmos ainda hoje quem acredita que a Língua de Sinais se restringe
ao alfabeto manual.
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Quadros e Karnopp (2004, p. 31) revelam pesquisas realizadas em vários


países, as quais procuram demonstrar o status linguístico das Línguas de Sinais, a
partir da desmistificação de concepções inadequadas em relação a essas línguas.
Essas pesquisadoras apontam essas concepções como mitos, totalizando seis, os
quais são descritos a seguir.
O primeiro mito é que "[...] a língua de sinais seria uma mistura de pantomima e
gesticulação concreta, incapaz de expressar conceitos abstratos". (QUADROS;
KARNOPP, 2004, p. 31).
As autoras esclarecem que esta concepção sugere que os sinais sejam icônicos, ou
seja, não apresentam arbitrariedade. Porém, qualquer pessoa que já teve algum
contato com a língua de sinais é capaz de perceber essa arbitrariedade na língua,
motivo pelo qual muitas têm dificuldade de memorizar os sinais, visto que os poucos
sinais icônicos são mais facilmente retidos na memória.
O segundo mito seria a crença de que "haveria uma única e universal língua
de sinais usada por todas as pessoas surdas" (QUADROS; KARNOPP, 2004, p.
33). Essa concepção é a mais comum e muitas vezes as pessoas até se
decepcionam ao saber que cada país tem sua própria língua de sinais, pois, poderia
parecer mais apropriado que essa língua fosse universal, pois facilitaria o contato
entre os surdos do mundo todo. Mas há que se considerar que a não universalidade
dessas línguas é um dos aspectos que lhes permite incluírem-se entre as demais
línguas.
O terceiro mito trata da concepção que "[...] haveria uma falha na organização
gramatical da língua de sinais, que seria derivada das línguas orais, sendo um pidgin
sem estrutura própria, subordinado e inferior às línguas orais" (QUADROS;
KARNOPP, 2004, p.34). As autoras frisam que as línguas de sinais são totalmente
independentes das línguas orais dos seus países de origem e exemplificam com a
questão da diferença entre a língua de sinais brasileira e a portuguesa, enquanto as
línguas orais desses dois países são correspondentes.
O quarto mito concebe a língua de sinais como um "sistema de comunicação
superficial, com conteúdo restrito, sendo estética, expressiva e linguisticamente
inferior ao sistema de comunicação oral". Sobre essa
concepção, Quadros e Karnopp citam as pesquisas realizadas
por Klima e Bellugi (1979), que comprovam o equívoco dessa concepção,
demonstrando que piadas, poesias e outras produções culturais "são parte
significativa do saber da cultura surda" (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 35)
O quinto mito põe em cheque a originalidade das línguas de sinais, refere-se à
concepção deque "[...] as línguas de sinais derivam da comunicação gestual
espontânea dos ouvintes" (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 36). Se os surdos
fossem depender completamente dos gestos que os ouvintes produzem, seria real
sua condição de inferioridade comunicativa, mas a desmistificação dos mitos
anteriores reforça a deste.
O sexto e último mito destacado é que "as línguas de sinais, por serem
organizadas espacialmente, estariam representadas no hemisfério direito do
cérebro" (p.36). Segundo resultados de algumas pesquisas, citadas por Quadros e
Karnopp (2004, p. 36), surdos com lesão no hemisfério direito conseguiam processar
informações linguísticas das línguas de sinais enquanto os com lesão no hemisfério
esquerdo não eram capazes de lidar com as informações linguísticas, o que
comprovou que a língua de sinais é processada no hemisfério esquerdo o cérebro
como as demais línguas.
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As especulações e até mesmo equívocos existentes em relação à língua de


sinais são organizados e cristalizados pela falta de conhecimento por parte das
pessoas tanto dos aspectos linguísticos como também da comunidade surda.
No entanto, podemos ter a concepção que a língua de sinais é uma língua genuína em
seus aspectos linguísticos oriundos da comunidade surda. Mais uma vez, baseamos
na afirmação de Quadros e Karnopp (2004), as línguas de sinais são consideradas
pela linguística como línguas naturais, com um sistema linguístico legítimo. Que a
língua de sinais não é universal. Que assim como a língua oral, elas apresentam uma
riqueza de expressividade livre e acessível para abordar e discutir os mais diversos
assuntos.
Em relação a equívocos relacionados à cultura, identidade e comunidade surda
através dos diversos teóricos reafirmam que há diversos tipos de identidades surdas
e que a identidade e cultura surda são expressas por meio de interações sociais entre
os indivíduos surdos.

ASPECTOS LINGUISTICO II

Estudos linguísticos relacionados Língua Brasileira de Sinais- LIBRAS

Os estudos socioantropológicos muito têm contribuído para uma visão de surdez


como diferença geradora de cultura, e do surdo como possuidor de língua e cultura própria,
pertencente a uma comunidade linguística. Essa comunidade não se percebe como um
grupo de pessoas deficientes, mas como uma minoria linguística que, como outras minorias,
sofre pela exclusão social e por privações impostas por uma maioria que se coloca como
padrão de humanidade.
A surdez tem sido objeto dos estudos culturais, que colocam como secundária a
questão da deficiência e distanciam, até mesmo, a questão educacional dos surdos
da "Educação Especial".
Limeira de Sá salienta que:

Os estudos sobre a educação de surdos, realizados até mesmo pelos


próprios, situam-se atualmente na direção de outras linhas de estudo,
como os estudos negros, os estudos de gênero, os estudos de classes
populares, etc. Isto inclui a educação de surdos em um contexto
discursivo mais apropriado à situação linguística, social, comunitária,
cultural e identitária das pessoas surdas. (SÁ, 2002.p.93)

Esses estudos caminham junto com os estudos da Língua de Sinais que,


progressivamente, ganha status de língua natural e conquista um lugar significativo dentro
dos estudos linguísticos.
Felipe (2000) assinala que a gênese das pesquisas sobre Línguas de Sinais se deu
no século XVII, com J. Bulwer. Ele publicou um livro, em 1644, sobre a língua de sinais
inglesa intitulada "Chirologia Or the Natural Language of the Hand". Posteriormente, também
na Inglaterra, em 1895, foi publicado outro livro:The sign Language of the deaf and dumb,
autoria de Nevins.
Nos Estados Unidos, a primeira publicação foi de iniciativa dos Surdos, em 1848,
os Annals of the Deaf, que reuniu durante séculos um inventário da cultura surda
americana.
Todavia, a pesquisa em línguas de sinais modernas iniciou-se no século passado,
mais precisamente em meados da década de 50, com Supalla (2008) e suas publicações na
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década seguinte, coincidindo com o nascimento da sociolinguística. O precursor desses


estudos foi William C. Stokoe. Ele e seus dois amigos surdos da Gallaudet Univerity
compilaram o primeiro dicionário de Língua de Sinais Americana (ASL).
Existem três principais métodos e filosofias educacionais de surdos: a educação ora
lista, a comunicação total e a educação bilíngue.
É importante ressaltar a comunicação Total que substituiu a filosofia educacional ora
lista devido o seu insucesso a comunicação total foi desenvolvida por Dorothy Shifflet por
volta de 1960 nos Estados Unidos.
Segundo BOTELHO a comunicação Total foi como um embrião para o
reconhecimento linguístico da língua de sinais, pois favoreceu ainda mais estudos por parte
de linguistas que buscavam comprovar a legitimidade da língua de sinais. (BOTELHO,
2005).

CINCO PARAMETROS DA LINGUA DE SINAIS:


OS CINCO PARÂMETROS:
 Configuração das Mãos
 Pontos de Articulação
 Orientação
 Movimento
 Expressão Facial e/ou corporal
Na figura abaixo vemos a composição do sistema fonológico da língua de sinais.
Fernandes (2003):

Os parâmetros principais são:


a) configuração da mão (CM)
b) ponto de articulação (PA)
c) movimento (M)

 Configuração das mãos é a forma que a mão assume durante a realização de um


sinal, elas são feitas pela mão dominante ou pelas duas mãos dependendo do sinal.
Elas podem variar em relação ao uso das mãos durante a realização dos sinais como:
apenas uma mão configurada, uma mão configurada com a outra como apoio, as
duas mãos com a mesma configuração de forma espelhada.
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Atualmente há mais de 100 configurações de mãos.

Observe alguns exemplos de sinais com a mesma CM.

Fonte: Alencar (2010)

 Ponto de articulação é o lugar onde incide a mão predominante configurada,


podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro.

Brito e Langevin (1995) apud Quadros e Karnopp (2004) indicam onde os sinais
podem ser realizados como: Na Cabeça: topo de cabeça, testa, rosto, parte superior do
rosto, parte inferior do rosto, orelha, olhos, nariz, boca, bochechas, queixo. No tronco:
Pescoço, ombro, busto, estômago, cintura, braços, braço, antebraço, cotovelo, pulso. Mão:
palma, costas das mãos, lado do indicador, dedos.

Observe que no exemplo acima a CM é a mesma, no entanto o P.A é realizado em lugar


diferente.
Abaixo apresento exemplos de sinais realizados no espaço neutro (TRABALHAR -
BRINCAR - PAQUERAR e outros que tocam o corpo ESQUECER - APRENDER -
DECORAR:

Fonte: Alencar (2010)


Movimento das mãos é o deslocamento da mão no espaço durante a realização do sinal.
Os sinais podem ou não ter movimento na sua execução.
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Exemplo de sinais com Movimento:

Fonte: Alencar (2010)

Exemplo de sinais sem Movimento:

Fonte: Alencar (2010)

Os movimentos também se diferente durante a realização dos sinais podendo ser


chamados de tipos de Movimento na sua execução como: retilíneo, helicoidal, circular,
semicircular, sinuoso e angular.
Orientação/ direção das mãos. Os sinais podem ter uma direção e a inversão desta
pode significar ideia de oposição, contrário ou concordância número-pessoal, algumas
possibilidades de OM. (para cima ou para baixo, posição horizontalizada; para dentro, para
fora, para a direita ou para a esquerda posição verticalizada).

Fonte:
Alencar (2010)

Direcionalidade do movimento :
Unidirecional : movimento em uma direção no espaço, durante a realização de um sinal.
Ex.: PROIBID@, SENTAR, MANDAR..
Bidirecional : movimento realizado por uma ou ambas as mãos, em duas direções
diferentes.
Ex.: PRONT@, GRANDE, COMPRID@, PRIM@, TRABALHAR, BRINCAR.
Multidirecional: movimentos que exploram várias direções no espaço, durante a realização
de um sinal.
Ex. : INCOMODAR, PESQUISAR.
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Tipos de movimentos:

a) Movimento retilíneo:
ENCONTRAR ESTUDAR PORQUE

Fonte: Paraná (1999)

b) movimento helicoidal:
ALT@ MACARRÃO AZEITE

Fonte: Paraná (1999)

movimento circular:
BRINCAR IDIOTA BICICLETA

Fonte: Paraná (1999)

movimento semicircular
SURD@ SAP@ CORAGEM

Fonte: Paraná (1999)

Movimento sinuoso:
BRASIL RIO NAVIO
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Fonte: Paraná (1999)

Movimento angular:
RAIO ELÉTRICO DIFÍCIL

Fonte: Paraná (1999)

 Expressão facial e/ou corporal: além dos quatro parâmetros, em sua configuração
tem como traço diferenciador a expressão facial/e ou corporal. As expressões faciais,
o movimentos do corpo ajudam a dar o exato sentido aos sinais.

Fonte: Borelli (2012)

Morfologia da língua de sinais

Morfologia é o estudo da estrutura interna dos sinais, assim como as regras que
determinam a formação das palavras. Como as línguas orais-auditivas, a língua de sinais,
apresentam um sistema de estrutura e formação das palavras, no entanto o que diferencia
das línguas orais-auditivas é que elas são sintéticas (resumidas).
Outra característica das línguas de sinais é que muitas palavras que não possuem
sinais próprios, geralmente, por razões socioculturais, são usadas através da datilologia
(alfabeto manual), sendo que, este recurso aparece em línguas de sinais por influência da
língua oral-auditiva, em permanente contato, no entanto, não é um traço gramatical das
línguas de sinais.
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No que concerne ao estudo da estrutura e da formação das palavras, Fernandes


(2003) apresenta algumas marcas da língua de sinais como: as palavras podem ser simples
ou composta mas, não há relação com a descrição da língua portuguesa como por exemplo,
a palavra guarda-chuva que é composta na língua portuguesa e na língua de sinais é uma
palavra simples, como o contrário, também ocorre “maçã- diversos” em língua de sinais que
corresponde à palavra “frutas” em português.

Sintaxe da língua de sinais

A sintaxe é o estudo das inter-relações dos elementos estruturais da frase e das


regras que regem a combinações das sentenças, ou seja, é a parte da língua que estuda as
relações dos componentes que integram uma oração. O estudo da sintaxe das línguas de
sinais como o das línguas orais, é bastante centrado na questão da ordem dos constituintes
da sentença
Segundo Viotti (2008) a ordem da LIBRAS ocorre diferenças em relação à língua
portuguesa. As sentenças que mostram uma alteração da ordem SVO têm um ou mais
constituintes acompanhados de alguma marcação não manual, exemplo: “Livro, Maria
comprar ontem” o Objeto na primeira posição da sentença, neste caso o constituinte Livro
deve vir acompanhado de um movimento particular de cabeça e de configuração das
sobrancelhas. Por isso, podemos observar a interferência da língua de sinais na escrita.
Outra característica da descrição sintaxe das línguas de sinais está relacionada ao
sintetismo, que se refere ao fato de que as línguas de sinais faz pouco uso de preposições e
conjunções, em relação à língua oral; ocorre a omissão frequente dos verbos ser e estar
Bernardino (2000).

A semântica - pragmática da língua de sinais

Os traços semântico-pragmáticas são determinados, em qualquer língua, pelo


contexto, sendo este, a base ou o que influencia na relação da significação e do uso.
Nas línguas de sinais podem aparecer por intermédio de traços prosódicos que se
realizam pelas expressões faciais (sorriso, musculatura facial, de modo geral), manuais
(lentidão ou rapidez, suavidade ou rigidez da mão ao mover-se, para produzir uma
expressão) ou corporais.

Identificação pessoal em LIBRAS

Para a comunicação com pessoas surdas a atenção do olhar é indispensável já que a


língua de sinais é principalmente visual. Então mesmo que você não saiba nada sobre a
língua de sinais o olhar continua sendo o ponto principal de comunicação.
Portanto, o primeiro passo para a comunicação com pessoas surdas é demonstrar
pela expressão facial, pela fala pausada, pelo apontar e pela comunicação escrita o que se
quer informar.
Quando conhecemos alguém lhes perguntamos logo o nome, como se chama, para
que ao referirmos àquela pessoa tenhamos um signo que a representa. O “nome” na
LIBRAS denominamos de “sinal” pessoal, costuma-se dizer que se trata de um nome visual,
um batismo, para dar início à participação na comunidade surda.
Um nome visual, como o próprio nome diz se trata de uma marca, um traço visual
próprio da pessoa. Quando tal pessoa ainda não tem um sinal (nome visual) usa-se o
alfabeto manual que compõe no quadro das configurações de mãos usadas na LIBRAS.
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Alfabeto Manual ou Datilologia

É utilizado para traduzir nomes próprios, nomes de cidade, ou palavras que ainda não
exista o sinal ou desconhecimento de um sinal para determinada palavra. Vale lembrar que
assim como as línguas de sinais não são universais, cada país adota um alfabeto manual
correspondente à sua língua.
Para a realização da soletração do alfabeto manual, é necessário que seja realiza
com calma, pois o principal objetivo é transmitir a informação desejada.

https://www.google.com.br/search?q=ALFABETO+MANUAl

Na língua de sinais adotamos a escrita de palavras sempre na letra maiúscula, desta


forma alguns exemplos ou palavras que estiver se referindo a língua de sinais, utilizaremos
em maiúsculo.
ANA - PAULO - LAÍS - ANTÔNIO - ANDRESSA - WILLIAN - RUBENS - NATALIA -

Classificação dos sinais

É muito comum as pessoas pensarem que todos os sinais são como um „‟desenho‟‟ no ar do
referente que representam. Os sinais recebem dois tipos de classificação: icônicos ou
arbitrários e simples e composto.
Como consequência da natureza linguística, a realização de um sinal pode ser originada
pelas características do elemento da realidade a que se refere, neste caso denominamos
sinais icônicos, portanto, os sinais icônicos são aqueles que fazem alusão ao referente. Veja
alguns exemplos:

Os sinais arbitrários são a sua maioria, eles não estabelecem nenhuma analogia com o
referente. Veja alguns exemplos:
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A outra classificação dos sinais é quanto ao número de base de sinal para a formação das
palavras, como simples ou composto.
Simples são aqueles sinais que são realizados com uma base de sinal apenas, observe os
exemplos:

Fonte: Dicionário de Libras (2013)


Os sinais compostos são aqueles que realizados com duas bases de sinais preexistentes
para então criar um novo sinal.

Fonte: Dicionário de Libras (2013)

ASPECTOS LINGUÍSTICOS II

Iremos conhecer algumas variações linguísticas da LIBRAS e seus os aspectos linguísticos


para: representação de gênero, pronomes pessoais e possessivos, advérbios de tempo,
tipos de verbos e alguns verbos em LIBRAS.

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
Como mencionamos algumas vezes em cada país do mundo há pelo menos uma língua de
sinais utilizada pelas comunidades surdas. No entanto, além das diferenças entre países
também temos as diferenças regionais, entre estados de um mesmo país, entre cidades de
um mesmo estado, entre grupos sociais de uma mesma cidade. Vamos compreender como
essas variações ocorrem.
Variações regionais ou regionalismo: são decorrentes das variações de uma região para a
outra dentro do mesmo país. No exemplo a seguir podemos observar que o sinal
para VERDE sofre alterações nas configurações de mãos, ponto de articulação, movimento
e orientação das mãos.

Fonte: Paraná (1999)


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Fonte: Paraná, (1999)


Existem também as variações linguísticas sociais decorrentes do contexto social e as
variações podem ser observadas na configuração das mãos e/ou no movimento, não
modificando o sentido do sinal.
Observe os exemplos:

Fonte: Paraná (1999)


E outro tipo de variações linguísticas pode ser decorrente de mudanças históricas,
onde os sinais podem sofrer alterações com o decorrer do tempo, assim como nas línguas
orais.
Exemplos: na Língua Portuguesa as expressões - vossa mercê/Vosmecê/Você/Cê.
Na LIBRAS a exemplo da palavra AZUL, que era soletrada, depois ficou apenas as letras
A+L e atualmente a soletração rítmica A+L.

Fonte: Paraná (1999)

REPRESENTAÇÃO PARA GÊNERO : Na LIBRAS os nomes não apresentam a flexão de


Gênero. Para realizar a indicação do sexo - masculino/feminino independente se for para
pessoas ou animais, é utilizado os sinais:

HOMEM MULHER
Exemplos:
PAI = HOMEM + BÊNÇÃO
MÃE = MULHER + BÊNÇÃO
MARIDO = HOMEM + CASAD@
ESPOSA = MULHER + CASAD@
FILHA = MULHER + FILH@
TIO = HOMEM + TI@
PRIMA = MULHER + PRIM@
NAMORADO = HOMEM + NAMORAD@
SOGRA = MULHER + SOGR@
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TIPOS DE FRASES
Para produzirmos uma frase em LIBRAS nas formas afirmativa, exclamativa, interrogativa,
negativa ou imperativa é necessário estarmos atentos às expressões faciais e corporais a
serem realizadas, simultaneamente, às mesmas.
Afirmativa: a expressão facial é neutra.
Interrogativa: sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça, inclinando-se
para cima.
Exclamativa: sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento da cabeça inclinando-se
para cima e para baixo.
Forma negativa: a negação pode ser feita através de três processos:
A- Incorporando-se um sinal de negação diferente do afirmativo:
TER / NÃO-TER GOSTAR / NÃO-GOSTAR

Fonte: Paraná (1999)


B-realizando-se um movimento negativo com a cabeça, simultaneamente à
ação que está sendo negada.
NÃO-CONHECER NÃO-PROMETER

Fonte: Paraná (1999)


C-Acrescida do sinal NÃO (com o dedo indicador) à frase afirmativa.
NÃO COMER

Fonte: Paraná (1999)


Imperativa: Saia! Cala a boca!

Classificadores (CL): Um classificador (Cl) é uma forma que estabelece um tipo de


concordância em uma língua. Na LIBRAS, os classificadores são formas representadas por
configurações de mão que, substituindo o nome que as precedem, podem vir junto de
verbos de movimento e de localização para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à
ação do verbo.
Portanto, os classificadores na LIBRAS são marcadores de concordância de gênero para
pessoas, animais ou coisas. São muito importantes, pois ajudam construir sua estrutura
sintática, através de recursos corporais que possibilitam relações gramaticais altamente
abstratas.
Muitos classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança entre a sua forma
ou tamanho do objeto a ser referido. Às vezes o Cl refere-se ao objeto ou ser como um todo,
outras refere-se apenas a uma parte ou característica do ser. (FERREIRA BRITO, 1995)
Ex.:
LIBRAS: CARRO BATER POSTE
Cl Verbo em Cl
movimento
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Português: "O carro bateu no poste."

Pessoas (quatro pessoas andando juntas, pessoas em fila ), árvores, postes.


As expressões faciais tem importância fundamental na realização dos classificadores, pois
intensificam seu significado.

Ex.: bochechas infladas e olhos bem abertos para coisas grandes ou grossas.

Role-Play: Este é um recurso muito usado na LIBRAS quando os surdos estão


desenvolvendo a narrativa. O sinalizador coloca-se na posição dos personagens referidos na
narrativa, alternando com eles em situações de diálogo ou ação.

Pronomes Pessoais: Para representar pronomes pessoais no singular, utilizamos a


seguinte configuração de mão CM mudando somente a orientação conforme a pessoa do
discurso. Os pronomes podem ser sofrer alterações quanto a O.M orientação da mão
conforme a pessoa do discurso.

VOCÊS VOCÊS DOIS VOCÊS TRÊS

No plural
A configuração muda conforme o número de participantes.

Pronomes Possessivos: Em LIBRAS estão relacionados às pessoas do discurso e aos


objetos de posse, também não possuem marca de gênero.
ME@ TE@ / SE@ / DEL@

Advérbio de tempo: Na LIBRAS não há marca de tempo nas formas verbais, é como se
os verbos ficassem na frase quase sempre no infinitivo. O tempo é marcado sintaticamente
através de advérbios de tempo que indicam se a ação está ocorrendo no presente: HOJE,
AGORA; ocorreu no passado: ONTEM, ANTEONTEM; ou irá ocorrer no futuro: AMANHÃ,
SEMPRE.
Tanto para representar um passado próximo ou distante, é determinante a expressão facial
e o movimento que quanto mais afastado do corpo, mais reforça a ideia de distância
temporal.
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Intensificadores e advérbios de modo : utiliza-se a repetição exagerada para intensificar o


significado do sinal.
Ex.: COMER – COMER - COMER “ Comer sem parar.”
FUMAR – FUMAR - FUMAR “ Fumar sem parar.”
FALAR – FALAR - FALAR “ Falar sem parar.”

Advérbios de modo: Utilizado como intensificador em LIBRAS e expresso através das


expressões facial e corporal ou de uma modificação no movimento do sinal.
RÁPIDO: para estabelecer um modo rápido de se realizar a ação, há uma repetição do sinal
da ação e a incorporação de um movimento acelerado.

Polissemia : há sinais que denotam vários significados apesar de apresentarem uma única
forma na LIBRAS.
Ex.:

CC

AÇÚCAR / DOCE / GUARDANAPO

Gíria: é utilizada em LIBRAS, porém não pode ser traduzida para o português, pois o sinal a
ser utilizado varia de acordo com o contexto em que ocorre.
EX: Estou com sono, é o violino tocando (desinteresse total com relação à palestra, aulas,
etc.).
Verbos: Em Libras os verbos são classificados de acordo com duas categorias, verbos
direcionais e verbos não direcionais, sendo que na categoria dos verbos não direcionais
existe uma subclasse, vejamos.
Os Verbos direcionais são aqueles que possuem marca de concordância. A direção do
movimento, marca no ponto inicial o sujeito e no final o objeto.
Exemplo: aENSINARb, aAVISARb, aENTREGARb e outros.
Os Verbos não direcionais são aqueles que não possuem marca de concordância. Quando
se faz uma frase é como se eles ficassem no infinitivo. Os verbos não direcionais aparecem
em duas subclasses:
Ancorados no corpo: são verbos realizados com contato muito próximo do corpo.
Exemplos: PENSAR, ENTENDER, GOSTAR, ODIAR, SABER, e verbos de ação como:
CONVERSAR, PAGAR, FALAR.
Verbos que incorporam o objeto: quando o verbo incorpora o objeto, alguns parâmetros
modificam-se para especificar as informações como: COMER – BOLACHA; ANDAR-
CAVALO ANDAR- BICICLETA.
Seguem abaixo alguns verbos para vocês praticarem:
19

Fonte: Falando com as mãos (PARANÁ, 1999).


TRANSCRIÇÃO DA LIBRAS E FORMAÇÃO DA FRASE:

Para realização da transcrição da LIBRAS para a Língua Portuguesa seguimos algumas


normas.
1 - Os sinais em LIBRAS podem ser representados por uma glosa (sistema de notação) da
Língua Portuguesa em letras maiúsculas.
Exemplos: CONHECER, GOSTAR, NÃO-TER

2 - A datilologia (alfabeto manual) que é usada para expressar nome de pessoas, de


localidades e outras palavras que não possuem um sinal, é normalmente representada pela
palavra separada, letra por letra, por hífen.
Exemplo: CIDADE A-R-A-P-O-N-G-A-S

3 - Para os sinais compostos pode ser utilizado o sinal ^:


Exemplos: CAVALO ^ LISTRA = ZEBRA
CASA ^ CRUZ = IGREJA
CASA ^ ESTUDAR= ESCOLA

4 - Na Libras não há desinências para gênero (masculino e feminino). Por isso o


símbolo @ é utilizado, reforçando a ideia de ausência.
Exemplos: EL@ (ela, ele) AMIG@S (amigos ou amigas).

5 - Quando em português forem usadas mais de uma palavra para representar um único
sinal da língua de sinais brasileira, faz-se uma junção de palavras por hífens.
Exemplos:
ANDAR-DE-BICICLETA
PENTEAR-OS-CABELOS

6 - A transcrição da INTENSIDADE DO SINAL. Pode ser representada pelo símbolo de +.


Ex: MAGRO <MAGRO+> < MAGRO ++>

7 - Os Verbos direcionais são transcritos indicando a primeira pessoa e a segunda no


discurso (a-b).
Exemplos:
aIRb
aAVISARb
bENSINARa
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8 - Quando não há possibilidade de identificar o referente contextualmente, utiliza-se IX para


indicar a apontação.
Ex:IX TRABALHAR SÁBADO
Ela trabalha sábado.

9 - Para identificar classificadores < >cl


Ex. <CORTAR-UNHA- COM- CORTADOR>

10 - Expressões interrogativas (quem, o que, como, porque) < > qu Ex. <ONDE>qu
M-A-R-I-A MORAR.

11 - Expressões interrogativas (para resposta objetiva- sim ou não) < > Sn


Ex. <P-A-U-L-O SABER LIBRAS>Sn.

12- Ordens das frases em LIBRAS podem ser


SVS: SUJEITO/VERBO/SUJEITO
OSV: OBJETO/SUJEITO/VERBO
SOV: SUJEITO/OBJETO/VERBO
As frases com a ordem SVO são gramaticais:
S V O
Ex. JOSÉ COMPRAR CARRO

Em alguns casos encontramos a ordem OSV.


a) TELHADO HOMEM CAIR
b) PRÉDIO-ALTO MULHER PULAR
c) CARRO EU LAVAR

A ordem SOV também pode ser encontrada.


Ex.
a) <VOCÊ CASA PINTAR>sn
b) EU PAPEL CORTAR

Desejo encorajá-los a realizarem estudos e pesquisas para atenuar e


conscientizar a comunidade majoritária sobre a língua de sinais e a comunidade
surda, pois a LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais é a língua materna do sujeito surdo
e ela deve ser garantida e respeitada como parte de sua cultura para formação de
uma identidade plena. Profª Alecsandra Arruda

REFERÊNCIAS

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Horizonte: Profetizando Vida, 2000
BOTELHO, Paula. Linguagem e letramento na educação dos surdos: ideologias e
práticas pedagógicas. 1 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
21

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Lingüística. São Paulo: Contexto, 2008.
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FERNANDES, Eulalia. Linguagem e surdez. Porto Alegre: Artmed, 2003
FERREIRA BRITO, L. Integração Social & Educação de Surdos. Rio de Janeiro. Babel,
1993.
LURIA, A.; YUDOVICH. R. Lenguaje y desenrollo intelectual en el niño. Madri, Pablo de
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egresso surdo. Florianópolis: UFSC, 2008.
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Brasil. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, v. 7, n. 2, p. 292-302, jun. 2006.

ORLANDI, Eni Pulcinelli. O que é Lingüística. Série Princípios. São Paulo, Ática, 1989.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação Departamento de Educação
Especial. LIBRAS: Falando com as mãos. Curitiba, 1999.

QUADROS, Ronice Müller de ; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos


linguísticos. 1.ed. Porto Alegre: ArtMed, 2004. 221 p.
SÁ, N. R. L. Cultura, Poder e Educação de Surdos. Manaus: Editora da Universidade
Federal do Amazonas, 2002.
SACKS, Oliver. Vendo vozes. Rio de Janeiro, Imago, 1990.
SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1991.

SILVA, T. T. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, Tomas Tadeu da


(Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.
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SUPALLA, Ted. Arqueologia das Línguas de Sinais: Integrando Lingüística Histórica com
Pesquisa de Campo em Línguas de Sinais Recentes. In: QUADROS, R. M de;
VASCONCELLOS, M. L. B de (Org.). Questões Teóricas das pesquisas em Línguas de
Sinais. Petrópolis: Arara Azul, 2008.
VIOTTI, Ernani de Carvalho. Introdução aos Estudos Linguisticos. Florianópolis. 2008.
Disponível em:
http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoBasica/estudosLinguisticos/asset
s/317/TEXTO_BASE_-_VERSAO_REVISADA.pdf Acesso em Maio de 2015.

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