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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0702.11.001762-2/001 Númeração 0182842-


Relator: Des.(a) Alvimar de Ávila
Relator do Acordão: Des.(a) Alvimar de Ávila
Data do Julgamento: 02/06/2011
Data da Publicação: 13/06/2011

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO PROVISÓRIA - ART.


475-O - AUTENTICAÇÃO DE PEÇAS - AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO
ACERCA DA AUTENTICIDADE - CERTIDÃO DE INTERPOSIÇÃO DE
RECURSO - ANDAMENTO PROCESSUAL - CARÁTER OFICIAL -
EXCEPCIONALIDADE. Na execução provisória, a exigência da autenticação
das peças que instruem o pedido inicial somente se mostra necessária se o
executado questiona a autenticidade dos documentos. O andamento
processual, retirado da internet, que demonstra a pendência de recurso sem
efeito suspensivo, em casos excepcionais, pode ser considerado documento
oficial, porquanto passível de fácil comprovação, não havendo a necessidade
de apresentar certidão, para fins de cumprimento do art. 475-O, II, do Código
de Processo Civil.

AGRAVO DE INSTRUMENTO CÍVEL N° 1.0702.11.001762-2/001 -


COMARCA DE UBERLÂNDIA - AGRAVANTE(S): ADRIANA MARIA FIUZA -
AGRAVADO(A)(S): P J D AGROPASTORIL LTDA - RELATOR: EXMO. SR.
DES. ALVIMAR DE ÁVILA

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 12ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça


do Estado de Minas Gerais, sob a Presidência do Desembargador
SALDANHA DA FONSECA , incorporando neste o relatório de fls., na
conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à
unanimidade de votos, EM NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO

Belo Horizonte, 02 de junho de 2011.

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

DES. ALVIMAR DE ÁVILA - Relator

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. DES. ALVIMAR DE ÁVILA:

VOTO

Trata-se de agravo de instrumento interposto por Adriana Maria Fiuza, nos


autos da execução provisória movida por PJD Agropastoril Ltda., contra a
decisão que deferiu a emenda à inicial e determinou a expedição de
mandado de desocupação voluntária do imóvel, no prazo de 30 (trinta) dias
(f. 74-TJ).

A agravante, em suas razões recursais, alega que a agravada não cumpriu


os requisitos previstos no art. 475-O, do Código de Processo Civil, instruindo
a petição de forma insuficiente. Sustenta que a agravada, intimada para
emendar a inicial da execução, quedou-se inerte, devendo o processo ser
extinto sem resolução de mérito (f. 02/08). Junta documentos de f. 09/75-TJ.

A agravada apresentou contraminuta de f. 86/91, pugnando pelo não-


provimento do recurso, bem como pela condenação da agravante por
litigância de má-fé.

Conheço do recurso por estarem presentes os pressupostos de sua


admissibilidade.

O art. 475-I, §1º, do Código de Processo Civil dispõe acerca da execução


provisória, nos seguintes termos:

"§ 1º. É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória


quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi
atribuído efeito suspensivo."

A disciplina da execução provisória encontra-se delineada no art.

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475-O que, em seu §3º, enumera os requisitos da petição inicial, in verbis:

"§ 3º. Ao requerer a execução provisória, o exequente instruirá a petição com


cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado
declarar a autenticidade, sob sua responsabilidade pessoal:

I - sentença ou acórdão exeqüendo;

II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;

III - procurações outorgadas pelas partes;

IV - decisão de habilitação, se for o caso;

V - facultativamente, outras peças processuais que o exequente considere


necessárias."

No presente caso, ao apresentar a petição inicial da execução provisória do


acórdão confirmatório da sentença que julgou procedente o pedido de
despejo, a exequente/agravada deixou de apresentar a certidão de
interposição de recurso não dotado de efeito suspensivo, razão pela qual foi
determinada a sua emenda (f. 59-TJ).

Atendendo à decisão, a exequente juntou aos autos os andamentos


processuais referentes à ação de despejo, retirados da página do Tribunal de
Justiça da internet (f. 63/64-TJ).

A emenda foi deferida e é justamente contra tal decisão que se insurge a


executada.

Muito embora o art. 475-O, do Código do Processo Civil exija a apresentação


de cópias autenticadas de peças processuais, mostra-se desnecessária tal
formalidade quando a parte contrária não questiona a sua autenticidade,
consoante já decidido por esse egrégio Tribunal

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de Justiça:

"EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE - EXECUÇÃO PROVISÓRIA -


AUTENTICAÇÃO DAS CÓPIAS DO PROCESSO - AUSÊNCIA DE
IMPUGNAÇÃO SOBRE A AUTENTICIDADE DAS PEÇAS - VALIDADE DO
PEDIDO - INTIMAÇÃO DO ADVOGADO - VALIDADE - HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. Em execução provisória, a ausência de autenticação das
cópias de peças do processo não invalida o pedido formulado se a parte
adversa não impugnar a autenticidade das mesmas. Em execução provisória
por quantia certa, com base em sentença, a intimação de sua instauração se
faz na pessoa do Advogado do devedor. Descabe a condenação em
honorários advocatícios no caso de desacolhimento da exceção de pré-
executividade, com o prosseguimento da execução." (Agravo de Instrumento
n. 1.0701.99.017076-6/004; Rel. Des. Maurílio Gabriel; DJ 18/03/2008)

In casu, saliente-se que a agravante, em momento algum, questiona a


autenticidade das cópias, limitando-se a afirmar que a agravada não
observou a determinação do art. 475-O, do Código de Processo Civil.

Já no que concerne ao cumprimento do inciso II do mesmo artigo, qual seja,


a apresentação de certidão de interposição de recurso que não tenha efeito
suspensivo, tem-se que as cópias dos andamentos processuais acostados
às f. 63/64-TJ suprem a necessidade imposta pelo legislador.

Isto porque tais andamentos retratavam a realidade dos autos à época em


que foi realizada a pesquisa processual. Isto quer dizer que, até o momento
do requerimento inicial da execução provisória, ainda não havia recurso
pendente.

Ou seja, o exequente, ao deixar de apresentar a certidão, juntando apenas


os andamentos retirados da internet, em momento algum, teve a intenção de
omitir fatos ou de deixar de falar a verdade, até mesmo porque, nesse caso,
não lhe seria interessante.

Além disso, muito embora tais andamentos não tenham, a princípio,

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caráter oficial, são, excepcionalmente, considerados como tal, tendo o


Superior Tribunal de Justiça assim decidido. Confira-se, à guisa de exemplo,
o AgRg no Agravo de Instrumento 1.251.998.

Por se tratar de andamento processual, cuja verificação é facilmente


confirmada ao acessar a página do Tribunal de Justiça na internet, a certidão
configura uma formalidade excessiva, podendo ser desconsiderada no
presente caso, de forma excepcional.

Saliente-se que verificando o andamento processual, já consta a interposição


de recurso especial, que está aguardando análise quanto à sua
admissibilidade, pela 3ª Vice-Presidência desse Tribunal.

Logo, não faria sentido extinguir a execução, como pretende a agravante,


pois a interposição de recurso especial, que não possui o condão de
suspender o processo principal, corrobora, ainda mais, com o caráter
provisório da execução.

De mais a mais, extinguir a execução, obrigando-se o exequente a requerer


a certidão, implicaria em ferimento aos princípios da celeridade e economia
processuais, representando um retrocesso inadmissível.

Sendo assim, mostra-se correta a forma através da qual a agravada


requereu a execução provisória, devendo esta seguir seu trâmite regular.

Por derradeiro, não há que se falar em litigância de má-fé da agravante,


porquanto está exercendo seu direito de defesa, previsto
constitucionalmente. Ademais, não se vislumbra a ocorrência de nenhuma
das hipóteses enumeradas no art. 17, do Código de Processo Civil.

Pelo exposto, nego provimento ao recurso, mantendo-se a decisão agravada


por seus próprios e jurídicos fundamentos.

Custas recursais pela agravante, suspensa a exigibilidade em face da

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assistência judiciária.

Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembargador(es): SALDANHA


DA FONSECA e DOMINGOS COELHO.

SÚMULA : NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO

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