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NÃO PARE!

Hebreus 12:1-2

Introdução:
Certamente você já viu, ou ao menos ouviu falar em Usain Bolt. Bolt foi um competidor jamaicano
que ficou famoso por seu desempenho excepcional nas corridas de velocidade. A melhor marca
da carreira de Bolt foi de espantosos 9.58 segundos em 100 metros rasos. Mas, note algo:
mesmo sendo esse excelente velocista, com desempenhos extraordinários, você nunca viu
Usain Bolt participar de uma maratona, certo? Por quê?
Bolt, com seus treinos, dificilmente teria chance numa maratona. Ele se preparava sempre para
corridas intensas, de curta distância, que dependiam de explosão e alta velocidade. Contudo,
numa maratona, esses requisitos não são os mais importantes. Na realidade, a maratona é um
esporte de resistência e velocidade mais reduzida. A grande diferença está aqui: enquanto Bolt
tinha de se preocupar com a intensidade e a velocidade, um maratonista precisa se preocupar
com a resistência e a perseverança.
Curiosamente, assim também é a vida cristã, a corrida da vida cristã. Todos aqueles que foram
alcançados pela graça salvadora do Senhor Jesus estão participando desta maratona. Não cabe
a nós ter alta velocidade ou desempenho absurdamente intenso. O que nos cabe é perseverança
e resistência, para que possamos ir até o fim nessa corrida.
Quando lemos este texto da carta aos Hebreus, antes de sermos instruídos sobre a corrida da
vida cristã, nós somos encorajados a correr. O autor do texto afirma que há torcedores que
anseiam ver nossa chegada ao findar dessa maratona! Quem são? O texto de Hebreus diz que
há uma “nuvem de testemunhas”! Estes são os nossos torcedores. Mas quem são eles? São os
heróis da fé que o autor da epístola acabou de descrever no capítulo 11. São homens e mulheres
absolutamente singulares. Pessoas que, segundo o autor aos hebreus, o mundo não era digno
delas!
Temos grandes exemplos de vida, de homens e mulheres, que hoje nos inspiram, nos incentivam
nesta corrida cristã.
Basta pensarmos um pouco, e logo nos vêm à mente nomes como o de Noé, que foi contra a
sua cultura, andou na contramão do sistema para servir a Deus. Abraão, que creu na promessa
de Deus e que foi chamado de amigo de Deus. Ou então Daniel, que não se contaminou. Davi,
que pela fé venceu o gigante filisteu. Vemos Ester, que por amor ao seu povo e por convicção
de que honraria ao Senhor com sua atitude, chegou a dizer: “Se tiver de morrer, morrerei!”.
Vemos Josias, um menino de 8 anos que assume o trono de Judá, e com 16 anos começa a
buscar a Deus e com 20 anos promove a maior reforma religiosa de seu tempo.
Nós somos incentivados a continuar firmes na corrida da vida cristã! Há pessoas que torcem por
nossa vitória! Há uma nuvem de testemunhas a nos observar dizendo: “Vai! Não desista!
Continue firme!”.
Observamos, portanto, amados irmãos, que estamos nesta corrida e não podemos parar!
Sabendo que devemos correr, e que temos um grande incentivo – dos heróis da fé – o autor da
carta aos Hebreus nos dá três conselhos muito especiais para que possamos correr esta corrida
da vida cristã e sermos vitoriosos. Vamos a eles:
1. É preciso correr livres de qualquer peso e livrando-se do pecado – v. 1:
Voltando ao que eu disse no início, as corridas esportivas. Já reparou como os atletas usam as
roupas e os tênis mais leves possíveis? Eles fazem isto para que a sua jornada seja facilitada! E
o autor da carta aos Hebreus faz uma recomendação que nos remete justamente a isto. Ele diz:
“desembaraçando-nos de todo peso”.
É interessante notar aqui que o autor da carta faz uma distinção muito importante entre o que é
peso e o que é pecado. Peso é tudo aquilo que não é, necessariamente, pecado (mas tem
potencial para ser), mas que, sem dúvida alguma, atrapalha a nossa caminhada, a nossa corrida
da vida cristã. – EXEMPLO COM A JARRA DE ÁGUA.
Peso é aquilo que é “extra”, que está “sobrando”, e que, na prática, só vai complicar sua corrida.
Imagine que você vá subir o Pico da Bandeira. Na sua mochila você pode levar 3 tijolos? Pode.
Mas precisa? Muito provavelmente, não! Entendeu o que é o peso do qual se refere o autor da
carta aos Hebreus.
Stuart Olyott afirma que “Algumas coisas não são em si mesmas erradas, mas impedem minha
efetividade espiritual, enfraquecem a fé, abafam o zelo, reduzem a força para resistir à tentação
e tendem a me escravizar. Tais coisas têm de ser postas de lago. Tudo que impede meu
progresso espiritual tem de ser jogado fora. Essas coisas não são necessariamente baixas ou
vulgares. Podem até mesmo ser belas, eruditas e nobres. Na vida de determinados crentes,
podemos estar falando de algum esporte, passatempo, hobby, atividade de lazer, emprego,
curso de estudo, ambição, lugar, amizade ou qualquer outro interesse ou experiência legítima.
Não importa o que seja – se impede o meu progresso na vida espiritual, tem de ser tirado. E tem
de ser tirado agora!”.
Peso é aquilo que, em alguns momentos, nós sentimos, ou vivemos, mas que, se convivermos
com eles continuamente, eles serão prejudiciais na corrida cristã.
Às vezes, você não consegue progresso espiritual em sua vida justamente por carregar pesos
excessivos em sua peregrinação! Não culpe o ambiente, as pessoas, uma enfermidade ou outra
coisa qualquer. O problema, na maioria das vezes, está em você, no seu coração, na sua alma.
Portanto, cabe a você corrigir!
Eu poderia explorar aqui uma infinidade de pesos que nos atrapalham, mas quero destacar um
que tem uma influência negativa de uma maneira devastadora: o medo. O medo é algo que tem
se tornado rotineiro na vida de muitos cristãos e tem atrapalhado, e muito, a corrida deles! O
sujeito vê um tsunami acontecer lá na Indonésia e já fica com medo de acontecer aqui!
Veja, é normal ter certos medos. Contudo, o grande problema na vida de alguns, é que o medo
tem sido dominante, sufocante, opressivo!
O medo é um problema, é um peso, pois nos impede de sermos ousados em nossa pregação,
nos impede de confiarmos totalmente em Deus, nos impede de servir ao Senhor independente
das circunstâncias! O medo nos faz desconfiar da divina providência.
Observe o relato de Marcos 4:35-41. Este texto nos mostra que Jesus e os discípulos estavam
navegando. Jesus começou a dormir, e de repente, sobreveio grande tempestade. Os discípulos
ficaram desesperados, com muito medo, e quando viram que Jesus dormia se desesperaram
mais ainda e acordaram ao Messias dizendo: “Não te importa que pereçamos?”. Imediatamente
Jesus desperta e repreende a tempestade, acalmando o tempo. E logo em seguida pergunta aos
discípulos: “Por que não tendes fé?”.
Quão difícil seria ouvir isto do nosso Mestre! O medo nos impede de compreender que Jesus
está no controle de toda e qualquer situação em nossa vida!
Precisamos nos livrar do medo para que possamos entender que, mesmo que lá fora esteja
rugindo a tempestade, está tudo bem porque Jesus está junto no barco.
As tempestades vão sobrevir em nossa corrida! Mas precisamos nos livrar do medo para que,
quando as tempestades vierem, possamos continuar correndo com a convicção de que, mesmo
que seja intensa a tempestade, maior é o poder daquele que está nos acompanhando, Jesus!
Livre-se, portanto, do medo, e de todos os outros pesos (ansiedade, preocupação,
tradicionalismo, lembranças amargas, mágoas) que te impedem de correr livremente a corrida
da vida cristã!
O autor da carta ainda continua dizendo que, além dos pesos, precisamos nos livrar do pecado
que tenazmente nos assedia! Pecado é um ataque direto ao trono e à santidade de Deus! E isto
nos atrapalha grandemente na nossa corrida cristã.
Jerry Bridges chegou a afirmar que “Os pecados normalmente não resultam de fracassos em
nossas tarefas, mas de um anseio interior de satisfazermos nossos desejos. Como disse Tiago:
‘Cada um é tentado quando atraído e seduzido por seu próprio desejo’ (1.14). Fofocamos ou
cobiçamos por causa do prazer pecaminoso que isso nos dá. Na hora, a sedução daquele prazer
momentâneo é mais forte do que o desejo de agradar a Deus.”1. O pecado nos faz cair! O pecado
nos faz tropeçar no meio da corrida, e isto é prejudicial!
Livre-se do pecado que tenazmente lhe assedia e lhe tenta, e corra a corrida da vida cristã!

2. É preciso correr com perseverança – v. 1:


Deixe eu lhe dar uma notícia que pode não ser muito agradável: a corrida cristã é uma corrida
com obstáculos! É uma maratona cheia de percalços, com ruas mais esburacadas que a estrada
daqui a Manhumirim… O inimigo nos tentará das mais variadas formas a fim de nos fazer desistir
de caminhar, de correr esta corrida, e, sabendo disto, é que o autor aos Hebreus deixa claro:
“corramos com perseverança”!
A perseverança é fundamental para se prosseguir nesta corrida! Saiba que as crises vão vir, as
tempestades são certas, as dificuldades, as intempéries, as vicissitudes, os desafios certamente
hão de aparecer em nossa pista de corrida. Mas, não desanime, não desfaleça, não desista!
Continue a correr, com perseverança!
Lembre-se da nuvem de testemunhas que torce a seu favor. Lembre-se de tudo o que eles
passaram e da maneira como perseveraram nesta mesma corrida! Mire-se nos exemplos que
eles nos legaram e continue a correr!
A sua luta contra o pecado precisa ser perseverante. O seu desejo de ser a cada dia mais
parecido com Jesus precisa ser perseverante. Sua vontade de alcançar a linha de chegada desta
corrida precisa ser perseverante!
Não se iluda. A corrida nunca foi e nunca será fácil! Aparecerão motivos para te desanimar.
Aparecerão pessoas para dizer que não vale a pena, que não vale o esforço. Mas persevere!
Não permita que os obstáculos sejam muralhas!

1 BRIDGES, Jerry. Pecados Intocáveis (São Paulo: Vida Nova, 2012), p. 21.
Mesmo quando as coisas estiverem difíceis, árduas, permaneça firme no Senhor! Não arrisque
trocar o excelente de Deus pelo razoável que o mundo te propõe! Persevere, permaneça firme,
não desista no meio do caminho!
Mais uma vez, relembro Olyott: “Há somente uma maneira de continuar na vida de fé até chegar
ao galardão prometido. É o estado de espírito que diz: ‘Não importa o que acontecer… ou como
eu me sinta… se estou só ou tenho companhia… ainda que riam de mim… ainda que me custe
tudo… continuarei em frente, venha o que vier!’ E você vai conseguir! Receberá a força que vem
do alto.”.
E, querido, só há uma maneira de perseverar nesta corrida, e é a terceira instrução que o autor
aos Hebreus nos dá.

3. É preciso correr com o foco em Jesus – v. 2:


Até agora eu disse que, para que possamos ter um bom desempenho nesta corrida cristã,
precisamos correr livres de qualquer peso e pecado e precisamos correr com perseverança.
Tudo isto é completamente inútil se não observarmos atentamente o conselho que o autor aos
Hebreus nos dá no versículo 2: “olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus”!
Precisamos correr a corrida da vida cristã olhando, mantendo o foco em Jesus Cristo, o Autor e
Consumador da nossa fé que está assentado à direita do trono de Deus!
É digno de nota porque o autor da carta faz esta menção aqui. Ao escrever esta epístola, seu
autor está preocupado com uma igreja que estava sendo tentada a voltar ao sacerdócio do Antigo
Testamento, a voltar aos sacrifícios, ao tabernáculo, e a tudo o mais que pertencia a antiga
ordem. Assim, o autor da epístola faz questão de enfatizar que Cristo sempre foi o alvo de tudo
isso, e é para ele a quem devemos ir e olhar! Os sacrifícios, os sacerdotes, as leis, os rituais…
tudo apontava para Jesus! Todos eram sinais para algo muito maior! Por isso, para que
possamos triunfar nessa corrida da vida cristã, precisamos olhar para o Senhor, e não para o
passado dos rituais!
Assim, o autor vai nos relembrar que papel Cristo tem em nossa corrida de fé. Primeiramente,
ele afirma ser Jesus o autor e o consumador da nossa fé. Agindo como Autor da Fé, Ele é o
nosso Capitão (termo grego). Jesus foi o iniciador da fé, foi o primeiro a passar pelo sofrimento,
foi o primeiro a ganhar a corrida! Isso nos serve de motivação e exemplo. Agindo como
Consumador da nossa fé, Ele é quem nos recebe na glória, no final da vida terrena, para o
começo da eternidade!
Aquele que está nesta corrida da vida cristã não pode deixar brecha para a incredulidade, para
a falta de fé! É preciso olhar fixamente para Jesus, manter o foco n’Ele com a certeza de que Ele
mesmo já conquistou a nossa vitória nesta corrida na cruz! É preciso olhar para Jesus como
aquele que fez a fé nascer em nosso coração e que sustenta poderosamente esta fé até o fim!
Esta realidade precisa ser viva em nossos corações, amados irmãos! A vitória de Cristo por nós
já aconteceu! Agora resta-nos continuar firmes, perseverantes nesta corrida, andando por modo
digno do evangelho pelo qual fomos chamados, até o dia em que nos encontraremos com Cristo,
nosso amado Salvador!
Olhamos para Cristo como nosso salvador, como aquele que plantou e fez nascer a fé em nosso
coração, mas também olhamos para Cristo como aquele que é nosso grande exemplo e
inspiração na humilhação, no sofrimento, na luta e na dor.
Jesus Cristo é nossa inspiração tanto na humilhação quanto na exaltação. Temos que ter em
mente que esta corrida não será fácil, como também não foi fácil a vida de Jesus na terra. Foi
uma vida de intensos sofrimentos! Mas como Ele suportou o sofrimento, nós também devemos
suportá-lo, na força d’Ele!
Temos Jesus como exemplo em sua humilhação, mas também o temos como exemplo em sua
exaltação! Por mais que Jesus tenha sofrido, após o sofrimento Deus o exaltou sobremaneira! A
exaltação de Cristo é a certeza da nossa vitória!
Podemos enfrentar de tudo nesta corrida, passar por provas de fogo, grandes perigos, mas nada
disso pode esfriar nossa fé. Pelo contrário, isso deve nos fortalecer, aumentar nossa fé em Cristo,
que é nosso maior referencial e exemplo!
Desviem os olhos de tudo o mais, e olhem para JESUS! Não olhem para os obstáculos, não
olhem para as dificuldades, não olhem para os inimigos, não olhem para a imoralidade, não
olhem para as tentações. OLHEM PARA CRISTO!

Conclusão:
“Duas simples alternativas se apresentam a todos quantos professam seguir a Cristo: ou nós o
vemos claramente e permanecemos próximos a ele ou desistimos totalmente da corrida e
prosseguimos para a ruína eterna. O exemplo de outros crentes pode até nos estimular, mas, no
final, não será o que nos manterá na corrida. Em última análise, tudo depende de termos nos
despido de tudo que nos atrapalhava, declarando guerra contra tudo que seja espiritualmente
nocivo. Para tanto, temos de nos dispor com determinação a prosseguir espiritualmente, venha
o que vier. Isso requer que estejamos próximos do Senhor Jesus Cristo, em quem pensamos
sempre, cujo exemplo seguimos e de cuja força dependemos completa e constantemente.”
Que neste novo ano que acaba de se iniciar, você tenha convicção da vitória de Cristo por você.
Tenha convicção de que há uma grande nuvem de testemunhas que quer a sua vitória. Tenha
convicção de que esta vitória já está garantida pelos méritos de Cristo!
Não importa se no caminho, durante todo o percurso da corrida, você foi humilhado, pisado,
impedido. O final é glorioso para os que perseveram! Cristo está na linha de chegada, à nossa
espera, de braços abertos, pronto para nos dizer: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse
do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.”.

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