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A Televisão Digital (Uma História Resumida)

A história da TV digital começa na década de 1970 no Japão, quando


a NHK (Nippon Hoso Kyokai) e um grupo composto por 100 estações de TV
locais, iniciam as pesquisas e o desenvolvimento de uma TV de alta qualidade
de imagem, ou HDTV (High Definition TV). O objetivo seria dar ao espectador
mais realismo e proximidade não só com a imagem, mas também com o som,
aproximando a imagem da TV com a imagem do cinema, inclusive no formato
de tela larga "wide", usado no cinema desde 1951.

A maior dificuldade da época era realizar a transmissão de imagem e som em


alta definição na faixa de 6 MHz (largura da faixa no espetro de radiofreqüência
reservada para cada canal de TV), devido a necessidade de transmitir ao
menos o dobro de linhas de varredura. A TV tradicional usa uma resolução
máxima de 480 linhas e 640 pontos por linha por quadro. Importante passo
para a transmissão em alta definição foi dado pelo consórcio japonês (Hi-Vision
Promotion Association), que em 1987 iniciara o desenvolvimento do projeto que
resulta no sistema MUSE (Multiple sub-Nyquist Sampling Encoding), e passa a
transmitir experimentalmente programações em HDTV com duração de uma
hora por dia. O sinal tinha uma largura de faixa de mais de 20 MHz no
espectro, e era transmitido por um satélite de banda larga. Em 1997,
a NHK forma um consórcio intitulado DiBEG (Digital Broadcasting Experts
Group) e desenvolve um novo processo de transmissão chamado de
"Integrated Services Digital Broadcasting" (ISDB), projetado para suportar até
13 serviços ou emissoras diferentes na faixa de 6 MHz, que além da
transmissão para receptores domésticos, permite também transmissão para
receptores móveis e telefones celulares, graças a a novas tecnologia de
compactação de imagem MPEG2 e de Dolby AC-3 para o som . Em dezembro
de 2000, a operação do antigo processo "MUSE" foi substituída pelo padrão
totalmente digital terrestre, o ISDB-T (T de Terrestrial -terrestre). Este serviço
foi lançado oficialmente em 2003, e já em 2008 havia mais de 14 milhões de
aparelhos receptores, representando um terço dos domicílios daquele país.

Na Europa em 1986, cientistas envolvidos no "Projeto Eureka" concluem um


sistema para TV digital semelhante ao japonês MUSE, batizado
de MAC (Multiplexed Analog Components) para transmissão SDTV (Standard
Digital TV), e para a alta definição, o HD-MAC com transmissão de um numero
maior de pixels. Esta alternativa européia é considerada o embrião do sistema
europeu de HDTV, o DVB (Digital Video Broadcast) que em 1994 passa a usar
as novas tecnologias de compactação de som e imagem, o MP3 para áudio e
o MPEG-2 para vídeo, que caracteriza o sistema digital europeu que serviu de
base para o ISDB-T japones. Inserido ao projeto Eureka, surge na China o
(DMB-T) Digital Multimedia Broadcast Terrestrial, pouco difundido. (número do
Projeto Eureka - EU14).

Nos Estado Unidos, as estações de TV, os fabricantes e o governo


acompanhavam desde o inicio o desenvolvimento da tecnologia na Ásia e
Europa, mas os norte americanos faziam questão de encontrar uma solução
própria para a TV de alta definição. As pesquisas encabeçadas
pela FCC (Federal Communications Comission) criada em 1983, convoca em
1987, 58 redes de TV para estudar o impacto que teria a então
chamada ATV(Advanced TV) nos serviços já existentes, e inicia os trabalhos
da ATTC (Advisory Committee on Advanced Television Service (Television
Test Center)) destinada a fazer os testes das novas tecnologias de TV digital.
Em 16 de setembro 1995 surge uma entidade denominada "Advanced
Television System Committee" (ATSC) criada partir da união de diversas
empresas e com o aval da FCC, o órgão regulador da área de comunicações e
radiodifusão dos Estados Unidos. Esta entidade desenvolve um sistema
diferenciado dos já existentes na época, como o HDTV (High Definition TV)
criado por um consórcio envolvendo a AT&T, Philips, Thomson, Zenith e outros
fabricantes; o EDTV (Enhanced Definition TV) Televisão de definição
aprimorada, e o SDTV (Standard Definition TV) ou definição standard de TV.
Este novo sistema recebe o nome do grupo criador (ATSC) e foi adotado como
sistema oficial. Em 21 de abril de 1997 foram delineadas as regras para a
transmissão digital nos Estados Unidos, definido o prazo de oito anos para a
transição do sistema analógico para o digital, portanto em 2006 todas as
transmissões de TV deveriam estar sendo realizadas em ATSC.

A Televisão Digital no Brasil

O estudo para a implantação no Brasil de um sistema digital de TV aberta em


alta definição teve início em 1994, por um grupo composto pela Sociedade
Brasileira de Engenharia de Televisão (SET), e pela Associação brasileira de
Rádio e Televisão (ABERT). Primeiramente, analisando os sistemas já
estruturados como o ATSC norte americano, o europeu DVB-T, e o
japonês ISDB-T. Em 1998 o grupo recebe o suporte da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, e iniciam uma série de testes em três sistemas
(DVB, ATSC e ISBD), envolvendo não apenas a recepção residencial
doméstica dos sinais mas também e recepção externa veicular. Os testes
foram exclusivamente técnicos, sem interferência política das empresas
criadoras dos sistemas em análise, o norte americano ATSC Comittee, o
europeu DVB Group ou o japonês ARIB/DiBEG Group. Foi considerado como
um estudo muito rigoroso e robusto por toda a comunidade técnica em DTV
(tradução não literal) .

"...and it was considered a very


rigorous and robust study by DTV
technical world community."
[ http://en.wikipedia.org/wiki/SBTVD -
Initial Studies - 16/02/2010]

O estudo concluiu que o ATSC mostrou qualidade insuficiente nas recepções


residenciais, visto 47% dos aparelhos de TV usam antenas internas.
Entre o DVB-T e o ISDB-T, este último demonstrou superior desempenho em
recepções domésticas e também flexibilidade para acesso de receptores
móveis e portáteis, com expressiva qualidade.
Paralelo a estes testes em 1998, o Ministério das Comunicações ordena
a ANATEL (Agencia Nacional de Telecomunicações) a encabeçar estudo que
defina um sistema de DTV para o Brasil. A ANATEL então define como
resultado oficial a conclusão obtida pelo grupo ABERT/SET/Mackenzie, ou
seja, o melhor sistema de TV digital para o Brasil seria o ISDB-T; mesmo assim
estaria longe o dia em que teríamos um sistema de TV digital nacional.

Grupos da sociedade quiseram saber detalhes que envolveram na decisão


da ANATEL, com isto, várias conversações políticas e novos requerimentos
retardavam a efetivação do sistema no país, que deveria acontecer em agosto,
2000. Em 26 de novembro de 2003 o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTV)
foi instituído pelo Ato Presidencial #4.901, focando a criação de um modelo de
referência para transmissão terrestre de TV digital para o Brasil.

Encarregada pelo Ministério das Comunicações, a ANATEL administra novos


trabalhos para a escolha de um sistema de DTV para o Brasil, recebendo
suporte do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações
(CPqD), da contribuição de 10 outros Ministérios, do Instituto Tecnológico de
Informações (ITI), e de 25 organizações relacionadas à matéria (Emissoras de
TV, profissionais de TV, produtores de programas de TV etc.). 75
Universidades e fabricantes de eletro-eletrônicos também dão suporte. Foram
mobilizados mais de 1.200 pesquisadores e profissionais.

"Em 27 de novembro de 2003 foi fundado o comitê do


SBTVD, responsável pelos estudos que definiriam o
padrão a ser adotado no país. Após estudos
conduzidos juntamente com universidades e emissoras
de televisão, o sistema foi apresentado no dia 13 de
novembro de 2005 pelo Ministério das Comunicações.
[http://www.dtv.org.br/esp/materias.asp?menuid=3&id=5
- 06/02/2010]

Este grupo de trabalho teve como objetivo, não só o aspecto econômico e


técnico, mas também:

- A "Inclusão Digital" para aqueles que vivem às margens da sociedade;


- Implementação do "e-gov" que poderá trazer uma maior aproximação do
governo à população, uma vez que 94% das famílias brasileiras têm ao menos
um aparelho de televisão;
- Melhorar o suporte à educação, disseminar a cultura e a integração social.

Quanto aos requerimentos técnicos, foram considerados:

- Alta definição;
- Interatividade;
- TV móvel e portabilidade de qualidade;
- Robustez de sinal tanto externo como interno;
- Excelente aproveitamento de toda a faixa de transmissão reservada ao canal
de TV.

Finalmente em 26 de Junho de 2006, fica decidido pelo Ato Presidencial #


5.820 que o ISDB-T seria a base para o sistema oficial de transmissão de TV
digital no Brasil, o SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital), também
conhecido como ISDB-TB (Integrated Services Digital Broadcasting –
Terrestrial) "B" de Brasil, e que em sete anos todo o território brasileiro deveria
ser coberto pelo novo sistema digital de TV e que em dez anos (em 2016)
todas as freqüências para transmissão de TV analógicas deveriam ser
devolvidas ao governo. Esta decisão foi contestada por diversos setores da
sociedade, que dizem ter recebido interferências políticas principalmente da
rede Globo de TV, uma vez que o ISDB-T isola o negócio de TV e o protege de
um decadente ganho financeiro, devido à migração para TV por internet e ao
serviço de telefonia celular.
Por outro lado, diversas organizações técnicas e de engenharia que
isoladamente fizeram estudos dos três maiores sistemas de DTV concluem que
o ISDB-T é realmente a melhor opção.

A conclusão a que se chegou foi que o melhor sistema


de TV digital para o Brasil seria o ISDB-T, desenvolvido
pelo Japão. Assim, em junho de 2006 o governo
brasileiro anunciou a escolha do ISDB-T como base
para o desenvolvimento do SBTVD."
[http://www.dtv.org.br/esp/materias.asp?menuid=3&id=5
- 06/02/2010]

Em 2007 é fundado o SBTVD Fórum, organização não governamental


constituída por companhias públicas e privadas, cujo objetivo é discutir e
informar assuntos técnicos sobre o SBTVD (ISDB-TB).
Este fórum, em menos de 2 anos (2009) já contava com mais de 80
companhias membros, da área da industria da televisores, emissoras de TV,
Universidades e agencias reguladoras do governo. O endereço do SBTVD
Forum é http://www.forumsbtvd.org.br/

Algumas diferenças entre o ISDB-T (Japonês) e o ISDB-TB ou SBTVD


(brasileiro).

Foram acrescentadas novas tecnologias ao ISDB-TB:


- MPEG-4 para compressão de vídeo (permite maior aproveitamento da faixa
de transmissão, contra o MPEG-2 do ISDB-T);
- Ferramenta de interação "Ginga", mais robusto que o BML;
- Máscara de transmissão especialmente adaptada para evitar interferências de
outras estações;
- Multiplexação e estruturação de dados, com inclusão de caracteres latinos;
- 30 quadros por segundo nas transmissões para aparelhos móveis e portáteis;
- Transmissão aberta. O sistema original contém proteção de cópias
(impossibilidade de gravar as transmissões).

Primeiros Testes Públicos


Em 19 de junho de 2007 a Samsung transmite ao público um demo
em SBTVD, em seu show room em S. Paulo, onde dois televisores LCD em
full HD foram instalados. A transmissão foi realizada pela Rede Globo em
resolução de 1080i, consistindo de desfiles de carnaval, futebol, novelas e
entrevistas.

Inicio das Transmissões

Em dezembro de 2007 no dia 2, inicia em S. Paulo as transmissões em DTV no


Brasil, e em 6 de outubro de 2009, já havia transmissão no Rio de janeiro, Belo
horizonte, Goiania, Porto Alegre, Curitiba, Campinas, Salvador, Florianópolis,
Vitória, Uberlandia, S. José do Rio Preto, Teresina, Santos, Brasília, Campo
Grande, Fortaleza, Recife, João Pessoa, Sorocaba, Mogi das Cruzes, Manaus,
Belém, Joinvile, Londrina. [Fonte: http://www.teleco.com.br/tvdigital_cronog.asp
- 20/12/2009.]

A lista alualizada das cidades com cobertura do sinal em DTV e as futuras


instalações, está no link http://www.dtv.org.br/index.php/cidades-onde-a-tv-
digital-esta-no-ar/

O SBTVD no Mundo

A escolha da compactação MEPG-4 no SBTVD foi realmente correta, visto que


na Europa está sendo lançado o DVB 2.0 que usa este processo de
compactação, os Estados Unidos estudam a implementação do mesmo
processo no ATSC, e o Japão analisa como inserir esta compactação no ISDB-
T.

Os governos de Brasil e do Japão trabalham juntos para mostrar os beneficios


do SBTVD e implantação deste sistema em toda a América do Sul.

Países que adotaram o SBTVD:

- Peru em abril 2009;


- Argentina, Agosto 2009;
- Chile, Setembro 2009;
- Venezuela, Outubro 2009;

Alguns países estudam implantar o ISDBTB/SBTVD: Bolívia, Paraguai,


Colômbia e Uruguai. Fora do continente, as Filipinas estudam seriamente a
possibilidade de adotar este sistema.

Referências:
Guido Stolfi Professor – Departamento de Telecomunicações e Controle – PTC 08/2004
Televisão Digital e HDTV – TV de Alta Definição PSI-2222 - Práticas de Eletricidade e
Eletrônica II – EPUSP
http://www.lps.usp.br/lps/arquivos/conteudo/grad/dwnld/TVdigital.pdf
http://dtv.org.br/materias.asp?menuid=3&id=11
http://en.wikipedia.org/wiki/SBTVD_Forum
http://en.wikipedia.org/wiki/SBTVD
http://en.wikipedia.org/wiki/Multiple_sub-Nyquist_sampling_encoding
http://en.wikipedia.org/wiki/Multiple_sub-Nyquist_sampling_encoding
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_televis%C3%A3o_digital
http://pt.wikipedia.org/wiki/Televis%C3%A3o_digital#Momento_tecnol.C3.
B3gico_no_Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/ISDB-TB
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ginga_(middleware)http://www.abert.org.br:8080
/abert/?q=abert
http://www.abnt.org.br/
http://www.comunicacao.pro.br/setepontos/22/takashi_isdb.htm
http://www.direitoacomunicacao.org.br/content.php?option=com_content&tas
k=view&id=361
http://www.dtv.org.br/esp/materias.asp?menuid=3&id=5
http://www.forumsbtvd.org.br/
http://www.electronica-
pt.com/index.php/content/view/260/26/%0D%3Cbr%20/%3E/
http://www.idec.org.br/noticia.asp?id=6404
http://www.set.com.br/
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/D4901.htm
http://www.teleco.com.br/tvdigital_cronog.asp

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