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º ano
1 Teste de diagnóstico
GRUPO I
FANTASIAS DO IMPOSSÍVEL
ARROJOS1
-
Se a minha amada um longo olhar me desse
-
Dos seus olhos que ferem como espadas,
-
Eu domaria o mar que se enfurece
-
E escalaria as nuvens rendilhadas.
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Se ela deixasse, extático2 e suspenso,
-
Tomar-lhe as mãos mignonnes3 e aquecê-las,
-
Eu com um sopro enorme, um sopro imenso
-
Apagaria o lume das estrelas.
-
Se aquela que amo mais que a luz do dia
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Me aniquilasse os males taciturnos4,
-
O brilho dos meus olhos venceria
- O clarão dos relâmpagos noturnos.
pelo poeta italiano Petrarca (séc. XIV) – a Se ela ouvisse os meus cantos moribundos
amada inacessível; 6 arrogante; 7 da cor das
rosas; 8 instrumentos musicais de cordas;
25 E os lamentos das cítaras8 estranhas,
9 animal das regiões polares, de pelo macio e - Eu ergueria os vales mais profundos
branco no inverno; 10 café de Lisboa
-
E abateria as sólidas montanhas.
-
E se aquela visão da fantasia
30 Me estreitasse ao peito alvo como arminho9
- Eu nunca, nunca mais me sentaria
-
Às mesas espelhentas do Martinho10.
Cesário Verde, Obra completa (org. Joel Serrão), Lisboa, Livros Horizonte, 1988
1. Identifica três traços que caracterizam a figura feminina, justificando com elementos textuais.
2. Indica o valor expressivo da hipérbole presente nos versos «Eu com um sopro enorme, um sopro
imenso / Apagaria o lume das estrelas» (vv.7-8).
Lê o soneto.
GRUPO II
Nos finais do século XIX, Charles Darwin1, William James2 e Sigmund Freud3 dada
a magnitude dos temas ligados à emoção e ao sentimento, poder-se-ia esperar que tanto a Filosofia
-
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como as ciências da mente e do cérebro se tivessem dedicado ao seu estudo. Surpreendentemente, só
-
agora isso começa a acontecer. A Filosofia, apesar de David Hume4 e da tradição que se iniciou com
5 ele, nunca confiou na emoção, tendo-a relegado em grande parte para o domínio animal.
A ciência saiu-se melhor durante algum tempo, mas também perdeu a oportunidade.
- Escreveram profusamente sobre vários aspetos da emoção e deram-lhe um lugar privilegiado
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no discurso científico. Porém, ao longo do século XX e até muito recentemente, tanto a neurociência
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como as ciências cognitivas comportaram-se de forma pouco amigável com a emoção. Darwin
-
10
realizou um extenso estudo sobre a expressão da emoção nas diferentes culturas e nas diferentes
- espécies e, embora considerando as emoções humanas como vestígios de estádios anteriores da
- evolução, respeitou a importância deste fenómeno. William James apercebeu-se do problema com a
- sua clareza proverbial e realizou um estudo que, apesar de incompleto, permanece uma pedra
-
angular. E Freud entreviu o potencial patológico das emoções alteradas e anunciou a sua
importância em termos inequívocos.
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Darwin, James e Freud foram pouco explícitos acerca da componente cerebral das suas ideias,
-
-
como era de esperar, mas um dos seus contemporâneos, Hughlings Jackson, foi mais preciso. Dando
- o primeiro passo em direção a uma possível neuroanatomia da emoção, sugeriu que o hemisfério
- cerebral direito tem uma influência dominante na emoção humana, comparável à que o esquerdo
20 exerce na linguagem.
-
Teria sido razoável esperar que no início do novo século as ciências do cérebro tivessem
incluído a emoção na sua agenda de trabalhos e resolvido os seus problemas. Porém, isso nunca
-
-
chegou a acontecer. Pior ainda, o trabalho de Darwin foi esquecido, a proposta de James foi
-
injustamente atacada e sumariamente rejeitada, e a influência de Freud fez-se sentir noutra direção.
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Ao longo da maior parte do século XX, a emoção não foi digna de crédito nos laboratórios. Era
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demasiado subjetiva, dizia-se. Era demasiado fugidia e vaga. Estava no polo oposto da razão,
- indubitavelmente a mais excelente capacidade humana, e a razão era encarada como totalmente
- independente da emoção.
António R. Damásio, O sentimento de si – o corpo, a emoção e a neurobiologia da consciência, Lisboa, Publicações Europa-América, 2000
Vocabulário
1
Naturalista inglês (1809- 1882)
2
Filósofo e psicólogo americano (1842-1910)
3
Médico austríaco, fundador da psicanálise (1856-1939)
4
Filósofo escocês (1711-1776)
1.2 Ao iniciar a frase com o advérbio «Surpeendentemente» (l. 3), o autor apresenta o facto enunciado como
(A) irrelevante.
(B) estranho.
(C) súbito.
(D) isolado.
1.6 Nas expressões «perdeu a oportunidade» (l. 6) e «isso nunca chegou a acontecer» (ll. 22-23), as palavras
destacadas são
(A) preposição e preposição, respetivamente.
(B) determinante e preposição, respetivamente.
(C) determinantes em ambos os casos.
(D) preposições, em ambos os casos.
3. Indica a função sintática desempenhada pela oração «que o hemisfério cerebral direito tem uma influência
dominante na emoção humana» (ll. 18-19).
GRUPO III
Redige um texto expositivo-argumentativo, no qual mostres que assim é, apresentando, pelo menos, dois
argumentos que comprovem este ponto de vista e respetivos exemplos.
O teu texto deve ter entre 200 e 300 palavras e deve estruturar-se em três partes lógicas.
Teste de diagnóstico
Grupo I
A
1. A figura feminina tem um olhar cortante - «olhos que
ferem como espadas» (v. 2), mãos pequenas e graciosas,
isto é, «mãos mignonnes» (v. 6) -, mas mostra-se distante
e irreal - «aquela visão de fantasia» (v. 29).
Nota: outras respostas são possíveis.
Grupo II
1. 1.1 (A); 1.2 (B); 1.3 (C); 1.4 (C); 1.5 (B); 1.6 (B); 1.7 (C)
3. Complemento direto