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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE

DANIEL RICHARD PIRES


PROFESSORA HELENA SCHIESSL CARDOSO
Tópicos Especiais de Direito Penal
COMENTÁRIOS AO DOCUMENTÁRIO JUÍZO

O documentário Juízo, de Maria Augusta Ramos, retrata da melhor maneira


a realidade de crianças e adolescentes infratores submetidos à jurisdição estatal.
É de se salientar que, sem qualquer dúvida, o documentário ganha peso com a
participação da Juíza que aparece na maior parte das audiências, isto porque
ela, de maneira autoritária – as vezes nervosamente cômica – representa o olhar
de boa parte da sociedade com relação aos menores infratores.
As audiências, envolvendo diferentes adolescentes, respondendo por atos
infracionais análogos à homicídio, furto, roubo e tráfico de drogas, são capazes
de demonstrar as diferentes facetas de uma mesma realidade difícil de lidar: a
proximidade das crianças e adolescentes da criminalidade. Em todos os casos
é possível notar similaridades, como o fato do uso de drogas, das más
associações, bem como a baixa escolaridade, vinculados à uma vida difícil na
periferia.
Retrata, ainda, o documentário como são graves os problemas estruturais
dos alojamentos que recebem os menores, que são simplesmente jogados num
lugar fechado, escuro, sujo e sem qualquer medida que seja efetivamente
socioeducativa, vez que são retratados pelas filmagens como passando todo o
seu tempo com a mente vazia, sem ocuparem-se com algo produtivo, capaz de
os motivar a buscar uma vida lícita.
Ademais, o tratamento vexatório realizado pelas próprias pessoas que
seriam responsáveis pelo aconchego e educação dos infratores, bem como as
tomadas cinematográficas, demonstram que os jovens, a partir do momento que
entram no abrigo, passam a ser apenas números que lhes são atribuídos quando
da sua chegada ao local.
Em muitos momentos é possível visualizar com clareza as constantes
violações aos direitos da criança e do adolescente previstos na Lei nº 8.096/90
(Estatuto da Criança e do Adolescente), como o direito ao respeito, à dignidade,
à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer e à profissionalização, decorrentes
de problemas estruturais e emocionais que o próprio Estado deveria evitar.
Conclusivamente, assim como bem expressou a magistrada, os problemas
envolvidos no tratamento dos infratores não podem ser deixados à mão apenas
do Judiciário, pois as medidas protetivas e socioeducativas só serão eficientes
por intermédio de ações conjuntas dos poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, bem como dependeriam de acompanhamento profissional médico,
psicológico e pedagógico.
Parece-me que o Juízo que o Estado exige das crianças e adolescentes,
ele mesmo não tem para encarar o problema.

REFERÊNCIA

RAMOS, Maria Augusta. Juízo. 2007. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=Zlo_W_w99RE>.

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