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IDENTIFICAÇÃO, ESTRUTURAÇÃO E ANÁLISE DE

METODOLOGIAS DE PROJETO DE AEROPORTOS

DE PAULA, Ruan Marcus; SOUZA, Carolina Brandão Pereira de; FERREIRA, Cristiano
Vasconcellos. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Engenharias da
Mobilidade. Joinville. 2014

RESUMO: A aviação civil no Brasil passa por uma fase de intenso crescimento e retomada
de investimentos, tendo passado por ampliações e modernização. Neste sentido, o presente
artigo tem o objetivo de mostrar a importância do setor, identificar os principais componentes
de um aeroporto e, principalmente, apresentar e discutir sobre o processo de projeto de
aeroportos. Para isto, inicialmente, apresenta-se uma contextualização do setor e as
principais componentes que formam um aeroporto. Na sequência são mostradas algumas
metodologias de projeto de aeroportos. E, finalmente, é realizada uma análise crítica sobre
as mesmas, visando mostrar as suas potencialidades e lacunas.

Palavras-chave: Aeroporto, Construção Civil, Metodologia de Projeto.

1. INTRODUÇÃO
A área de aviação civil no Brasil está passando por um período de intenso crescimento. De
fato, somente na última década, houve um aumento de 194% no tráfego de passageiros em
aeroportos nacionais (ANAC, 2012). Entretanto, os investimentos na melhora da
infraestrutura do setor por parte dos órgãos públicos ou pela iniciativa privada não tiveram
um crescimento neste mesmo ritmo durante vários anos, defasando o setor.
Aliado à falta de investimentos, o esperado aumento de tráfego em decorrência da Copa do
Mundo fez com que o Governo Federal e a agência reguladora dos aeroportos brasileiros, a
Infraero, promovessem uma corrida pela reforma, construção ou privatização de vários
aeroportos no país. Isto se deve também ao fato da grande concentração de vôos em
poucos aeroportos no Brasil, como pode ser visualizado na Tabela 1:

Tabela 1: Distribuição de Passageiros por Aeroportos, em 2012.


AEROPORTO PASSAGEIROS DOMÉSTICOS
Aeroporto Internacional de Guarulhos 10 204 265
Aeroporto de Congonhas 8 443 606
Aeroporto Internacional de Brasília 8 106 711
Aeroporto Internacional do Galeão 6 433 156
Aeroporto Internacional de Confins 4 968 271
Aeroporto Santos Dumont 4 487 991
Aeroporto Internacional de Salvador 4 424 450
Outros 45 578 657
Mercado Internacional 18 510 995
Total Geral 111 158 102
Fonte: Adaptado do Anuário do Transporte Aéreo de 2012 (ANAC, 2013)
Conforme exposto na Tabela 1, é possível inferir que os sete principais aeroportos
brasileiros respondem por mais da metade da movimentação de passageiros em voos
domésticos no Brasil. Entretanto, devido às proporções do país, os aeroportos regionais
possuem uma grande importância, assim como os mais movimentados. E são exatamente
os aeroportos regionais que devem ter um considerável crescimento em quantidade e
movimentação de passageiros nos próximos anos.
Quanto à classificação, de acordo com o Código Brasileiro de Aeronáutica (1986),
“aeródromo é toda área destinada a pousos, decolagens e movimentações de cargas”. E,
ainda, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC, 201?), aeroportos “são os
aeródromos públicos dotados de instalações e facilidades para apoio de operações de
aeronaves e de embarque e desembarque de pessoas e cargas”. Portanto, os aeroportos
são uma subclasse de aeródromos, especialmente preparados para o trânsito de civis e/ou
carga, e de interesse público.
Quanto à classificação, os aeroportos são divididos em domésticos e internacionais, sendo
que, o fator diferencial é que aeroportos internacionais possuem rotas regulares ou não com
destino ou origem em outro aeroporto não localizado em território brasileiro (BRASIL, p. 24,
201-?). No Brasil, segundo a Infraero (2014), dos 63 aeroportos controlados pela agência,
29 são internacionais, além de cinco dos seis aeroportos privados do país.
Tendo isto em vista, e com o objetivo de estudar e analisar o processo de desenvolvimento
de aeroportos, o qual engloba as atividades planejamento, projeto, implantação e liberação
do aeroporto, é apresentado este artigo. Para isto, inicialmente, serão identificados os
principais componentes de um aeroporto. Na sequência serão apresentadas algumas
metodologias de projetos de aeroportos.
É importante salientar que o processo de desenvolvimento de produto pode ser ordenado de
diversas formas, dependendo das áreas do conhecimento envolvidas no projeto. Por este
motivo, as metodologias de desenvolvimento de produtos podem ser agrupadas em
genéricas e específicas, como o caso de aeroportos. Neste artigo, um enfoque será dado às
abordagens classicamente adotadas pela engenharia civil e apresentação de algumas
adotadas em aeroportos ao redor do mundo.
Com isto, espera-se mostrar as principais etapas, requisitos e ferramentas envolvidas na
construção de um aeroporto, que são os temas mais relevantes levados em consideração
nas tomadas de decisões ao longo do desenvolvimento. Também é esperado que, com
estes tópicos, o artigo deixe clara a importância da necessidade de um método de
desenvolvimento de produtos para processos em geral; e como se dá o procedimento para
obras de engenharia, principalmente aquelas relacionadas à infraestrutura de transporte.

2. OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é mostrar o processo de desenvolvimento de aeroportos,
incluindo as fases de projeto, construção e lançamento do produto. Para isto, têm-se como
objetivos específicos: i) mostrar o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) através
da abordagem comumente utilizada pela Engenharia Civil e Arquitetura; ii) e mostrar a
relação do PDP da Engenharia Civil com modelos genéricos.

3. CLASSIFICAÇÕES E CONCEITOS FUNDAMENTAIS


O Artigo 26 do Código Brasileiro de Aeronáutica (1986) define o Sistema Aeroportuário
como um conjunto de aeródromos, com suas pistas de pouso, pistas de táxi, pátio de
estacionamento de aeronaves, terminal de carga aérea, terminal de passageiros e as
respectivas facilidades. Este sistema é dividido entre militar e civil, que, por sua vez, pode
ser classificado como público ou privado. Neste estudo, será dado foco nos aeroportos,
classificando-o e a seus componentes.
Para isto, conforme a definição previamente citada de aeroporto, considerou-se que este é
composto basicamente por pátio, terminais e infraestrutura complementar, além das
possíveis facilidades em cada componente, de acordo com o exposto na figura a seguir:

Figura 1: Principais Componentes de um Aeroporto

Fonte: Primária

3.1 TERMINAIS

A principal área para os usuários e maioria dos funcionários de um aeroporto são os


terminais. Estes costumam ser divididos em terminal de passageiros (ou principal), de carga,
e administrativos; porém não necessariamente esta divisão será física, com as três
diferentes funções podendo compartilhar uma mesma área construída, especialmente em
aeródromos menores.

Horonjeff et al (2012) definem a área do terminal como sendo “a principal interface entre o
tráfego aéreo com resto do aeroporto. Isto inclui as facilidades para os passageiros, o
processamento de bagagens, o transporte de cargas, a manutenção, operação, e atividades
administrativas”. Para o passageiro é a principal área, já que é nela que se faz todo o
procedimento de viagem. Por este motivo, o terminal deve ter um tratamento especial no
Projeto Arquitetônico, já que é através dele que se define qual a melhor maneira de se
dividir o espaço do terminal e qual a opção mais prática aos usuários.

Na imagem a seguir é possível visualizar a forma como o autor dividiu a área do terminal
principal, com seus três processos envolvidos, suas atividades e respectivas facilidades
físicas envolvidas para a realização destas atividades.
Figura X: Atividades e Facilidades do Terminal Principal

Fonte: Horonjeff et al (2010, pg. 387)

3.2 PÁTIO

A parte externa aos terminais, onde se dá a movimentação de aeronaves e outras atividades


que se referem a ela, recebe o nome de pátio, e apresenta as seguintes subdivisões: pistas,
hangares, torre de controle e estação meteorológica.

3.2.1 Pistas

As áreas preparadas para decolagens, pousos e taxiamento de aeronaves são


denominadas pistas, que, na infraestrutura aeroportuária, ocupam lugar de destaque, já que
é através delas que se dá a movimentação de aeronaves. Dentro desta classificação, há a
separação destas em pistas de pouso e decolagem, e pistas de taxiamento, que serão
definidas a seguir.

3.2.1.1 Pistas de Pouso e Decolagem

Dependendo das características do aeroporto, este pode ter uma ou mais pistas de pouso e
decolagem, que, de acordo com Horonjeff et al. (2010, p. 177) “são situadas, orientadas e
configuradas de maneira a prezar pela segurança e pelo uso eficiente do aeroporto sob uma
variedade de condições”.
Hoel, Garber e Sadek (2012), separam as pistas de pouso e decolagem em três grupos: as
principais, as para vento cruzado, e as paralelas. As principais são aquelas que servem
como a infraestrutura fundamental para pousos e decolagens em um aeroporto, e têm seu
comprimento definido pela família de aeronaves que irão utilizar o aeroporto.
Entretanto, as pistas devem estar dentro dos padrões estabelecidos para o componente
perpendicular do vento, denominado vento cruzado, e que tem seu limite variando entre 10,5
a 20 nós, dependendo do código de referência do aeroporto (Airport Reference Codes), por
no máximo 5% do tempo. Quando este limite é rompido, pousos e decolagens não são
permitidos na pista, fazendo com que muitos aeroportos disponham de uma pista adicional
para vento cruzado, como pode ser observado a seguir:
Figura X: Desenho esquemático de pista principal e pista para vento cruzado.

Fonte: Federal Aviation Administration (2004) apud HOEL, L.; GARBER, N.; SADEK, A. 2012, p. 257.

Ainda quanto à classificação, há as pistas paralelas, que são aquelas adicionadas à


infraestrutura pré-existente, de modo a “ampliar a capacidade caso o volume ultrapasse a
capacidade operacional” (Hoel, Garber e Sadek, 2012, pg. 258). Entretanto, é necessário
verificar as distâncias recomendadas entre as pistas de acordo com as classes de
aeronaves que as utilizarão.
Outra classificação, desta vez quanto à disposição, separa as pistas de pouso e decolagem
em simples, quando há apenas uma; paralelas, quando há duas ou mais nesta posição;
cruzadas, com intersecção no meio das pistas; ou em “V”, com intersecção nas pontas; além
de combinações destes modelos (Horonjeff et. al., 2010). Hoel, Nicholas e Sadek (2012, p.
256) complementam, dizendo que “estes desenhos diferenciados têm relação com
características meteorológicas e geológicas locais e com o tamanho das aeronaves para
que foram projetadas”.
Ainda segundo Horonjeff et. al. (2010, p. 182), o design com combinações de pistas, ou
seja, pistas com direções díspares, é favorecido, pois, necessariamente em uma das pista
sempre há menos interferência do vento, garantindo maior segurança ao pouso ou
decolagem.
3.2.1.2 Pistas de Taxiamento

Além das pistas de pouso, em aeroportos existem as pistas de taxiamento, que são faixas
exclusivas para manobras de aeronaves, de modo que não interfiram no fluxo da pista
principal. CMT (2007, p. 79), define as pistas de taxiamento como:

Pistas de taxiamento são vias que garantem o acesso das aeronaves às


pistas de decolagem, terminais, área de reabastecimento, e hangar. Um
sistema bem projetado permite ao aeroporto acomodar um aumento no
nível de demanda do uso, e permite que as aeronaves tenham uma
operação mais segura.

3.2.2 Hangar

Hangares são construções designadas e utilizadas para propósitos aeronáuticos e que


proveem espaço para a armazenagem e serviços de reparo, como definido por Hartford
(2013). Estes locais são de uso restrito a funcionários do aeroporto, das companhias e
terceirizados, sendo vetada a circulação de passageiros.

3.3 INFRAESTRUTURA COMPLEMENTAR

Além dos itens supracitados, para o perfeito funcionamento e melhor aproveitamento de um


aeroporto por parte dos usuários, são necessárias outras obras, como estacionamentos,
áreas de acesso, áreas verdes, sinalização, cercas, dentre outras, visando a segurança e
atendimento às normas estabelecidas.

3.4 FACILIDADES

O Artigo 26 do Código Brasileiro de Aeronáutica (1986) define o termo facilidades como o


conjunto de espaços e equipamentos encontrados em um aeródromo que auxiliam no seu
pleno funcionamento. Alguns exemplos de facilidades são: a iluminação do pátio, serviço
contra incêndio, climatização, sistema de esteiras para despacho de bagagem, carrinhos
para passageiros, orientação por circuito fechado de televisão, sistema de som, sistema
informativo de vôo, locais destinados a serviços públicos, locais destinados a apoio
comercial, serviço médico, dentre outras, cuja implantação seja autorizada ou determinada
pela autoridade aeronáutica.

4. METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

O processo de desenvolvimento de produto pode ser estruturado sob a abordagem de


processos ou sistêmica. Na abordagem por processos, o desenvolvimento de produtos pode
ser entendido como um conjunto de atividades interrelacionadas, como informações de
entrada, atividades, ferramentas e informações de saída. Na abordagem sistêmica, o
desenvolvimento de produtos assume uma dimensão maior. Os processos associados ao
desenvolvimento de produto (por exemplo, definição da estratégia da empresa) são
identificados, compreendidos, geridos e suas interfaces promovem um resultado eficaz na
obtenção dos objetivos. Os responsáveis devem conhecer os processos da organização,
controlar e melhorar estes processos de forma integrada, para obter resultados para o
negócio.
O processo de desenvolvimento de produtos é descrito por inúmeros autores – Assimov
(1962), Back (1983), VDI 2222 (1985), Pahl e Beitz (2003), Pahlet al. (2005), Rozenfeldet al.
2006), Back et al. (2008), entre outros – através de modelos que representam as atividades,
os métodos, as técnicas e as ferramentas para o projeto em engenharia. Por outro lado, é
importante ressaltar que estas metodologias foram propostas considerando o
desenvolvimento de sistemas técnicos, como, por exemplo, veículos e bens de consumo.
Em se tratando da engenharia civil, os autores A, B, C, D (pesquisar) tem descrito o
processo de planejamento, implantação, análise e projeto de instalações prediais, como, por
exemplo, terminais de transporte.
A seguir será mostrada de forma sintética uma metodologia “genérica” de projeto de
desenvolvimento de sistemas técnicos. E, na sequências, algumas metodologias de
desenvolvimento de projetos de aeroportos civis.

4.1 METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS TÉCNICOS


Completar com texto (Cristiano)

Pré Desenvolvimento Pós


Planejamento
Acompanhar
Estratégico Descontinuar
Produto/
dos Produtos Produto
Processo

Gates >>

Planejamento Projeto Projeto Projeto Preparação Lançamento


Projeto Informacional Conceitual Detalhado Produção do Produto

Processos
Processos Gerenciamento de mudanças de engenharia
de
deapoio
apoio Melhoria do processo de desenvolvimento de produtos

Figura 3. Modelo de desenvolvimento de produtos proposto por Rozenfeldet al. (2006).

4.2 METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS DE ENGENHARIA


CIVIL
Um dos pilares para que se atinja o pleno funcionamento de um aeroporto – ou qualquer
outra obra de engenharia – se deve a realização de bons projetos. No caso de uma obra
aeroportuária, a agência reguladora nacional, a ANAC, é a responsável por fiscalizar e
homologar os projetos de construção de novos ou os de expansão de atuais aeródromos,
com a participação da Aeronáutica, quando necessário (ANAC, 2014).
Quanto ao desenvolvimento de projeto de um aeroporto, este segue uma metodologia
amplamente aplicada na engenharia civil, a qual é organizada em: pesquisas prévias de
análises de viabilidades técnica e econômica, projeto básico, projeto executivo e projeto as
built, ou outras propostas de acordo com as necessidades técnicas ou metodologias
próprias. Na figura X é mostrada uma das possíveis variações desta aplicação, que, embora
ligeiramente mais burocrática, tem o mesmo objetivo, que é a entrega do produto final e
satisfação dos clientes envolvidos.
Figura X: Possível Processo de Desenvolvimento de Produtos na Engenharia Civil

Fonte: Adaptado de Asbea (Sinaenco)

5. METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS CIVIS


DE AEROPORTOS
O pleno funcionamento de um aeroporto – ou qualquer outra obra de engenharia – se deve
a bons estudos técnicos e projetos. Este fato é suficiente para argumentar a necessidade de
tantos projetos diferentes e a sua complexidade. No caso de uma obra aeroportuária, a
agência reguladora nacional, a ANAC, é a responsável por fiscalizar e homologar os
projetos de construção de novos ou os de expansão de atuais aeródromos, com a
participação da Aeronáutica, quando necessário (ANAC, 2014).

Este planejamento de projeto segue uma metodologia amplamente aplicada na engenharia


civil, sendo a fase de projeto geralmente dividida em: pesquisas prévias de análises de
viabilidades técnica e econômica; projeto básico; projeto executivo e projeto as built. Neste
estudo, esta abordagem será comentada e confrontada com modelos genéricos de projeto
de desenvolvimento de produtos.

5.1 PROJETOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Na construção civil costuma-se aplicar um modelo de desenvolvimento de produtos


adaptado às suas necessidades. (completar)
Figura X: Modelo de PDP de um Aeroporto

Fonte: Horonjeff et al. (2012, p. 139), com adaptações.

Manual de Obras Públicas (SEAP,


http://www.comprasnet.gov.br/publicacoes/manuais/manual_projeto.pdf), Guia de Projetos e
Obras (Justiça Federal, http://www.cjf.jus.br/cjf/gestao-de-obras/guia-de-
obras/GUIA%20DE%20OBRAS.pdf), Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos
(DNER, http://www1.dnit.gov.br/download/DiretrizesBasicas.pdf), Estudo da Sequência de
Etapas do Projeto na Construção de Edifícios
(http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1998_ART230.pdf).

5.1.1 Estudos de Viabilidade


Segundo Paraná (2012, p.19), “o Estudo de Viabilidade é aquele que fará análises e
avaliações do ponto de vista técnico, legal e econômico e que promove a seleção e
recomendação de alternativas para a concepção dos projetos”. Além de, segundo DNER
(1999), “apura se os benefícios estimados superam os custos com os projetos e execução
das obras previstas”. Tendo isto em vista, este estudo deve ser muito bem fundamentado,
pois servirá de base para a escolha de diferentes idéias inicialmente apontadas, como a
definição do melhor local, estrutura e tamanho das edificações.
Geralmente, o caminho que costuma ser seguido para a realização de um estudo de
viabilidade começa com o recebimento da demanda pelo órgão responsável, podendo ser
da comunidade ou do poder público, como dito por Paraná (2012, p. 17). Só após a análise
deste documento é solicitado um estudo de viabilidade.

Após o aval do órgão governamental, é preparado, através de uma assessoria, um estudo


de viabilidade técnica. Este estudo “fará análises e avaliações do ponto de vista técnico,
legal e econômico e que promove a seleção e recomendação de alternativas para a
concepção dos projetos” (BONATTO, 2010 apud PARANÁ, 2012, p. 19). Também é
importante seguir o Plano Diretor do município e possíveis impossibilidades operacionais,
como área exclusiva de tráfego aéreo militar ou presença constante de ventos impróprios
para voo (ANAC, Manual). Após a análise dos possíveis sítios, o estudo definirá qual a
melhor localização e conceito de obra a ser seguido dentre todas as analisadas.

Dentre as principais características avaliadas, os destaques para obras aeroportuárias são,


de acordo com URS (2006): determinação de tráfego atual e futuro, impactos econômicos
locais e viabilidade econômica de operação. PET também lista como elementos
complementares o estudo da capacidade das vias de acesso e do espaço aéreo próximo.

Caso o estudo de viabilidade forneça dados que garantam o sucesso econômico futuro, o
órgão responsável pelo pedido poderá ter a aprovação. Este ato é de grande importância,
pois garante a continuidade da ação e o início dos atos referentes aos processos licitatórios
(PARANÁ, 2012, p. 30).

5.1.2 Projeto Básico


O Projeto Básico de uma obra de engenharia é a etapa posterior aos estudos preliminares
que tem como finalidade desenvolver a concepção de projeto mais apropriada, já definida na
etapa anterior. A sua definição mais abrangente é dada pelo Art. 6º da Lei 8666 de 1993:

Conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão


adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou
serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos
estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o
adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que
possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do
prazo de execução

Ainda levando em consideração as diferentes formas de apresentar um projeto, a CONFEA


(1991) dá uma definição própria ao Projeto Básico, dizendo que “o Projeto Básico é o
conjunto de elementos que define a obra [...] de tal modo que suas características básicas e
desempenho almejado estejam perfeitamente definidos, possibilitando a estimativa de seu
custo e prazo de execução”. Ainda de acordo com a resolução da CONFEA, é atribuição do
Projeto Básico definir os métodos construtivos e materiais necessários, gerando assim uma
estimativa de custos que tenha precisão de mais ou menos 15%. Entretanto, um dos erros
mais graves cometidos pelos órgãos competentes é o lançamento da licitação sem um
Projeto Básico bem elaborado, ou até mesmo inexistente, ocasionando erros graves de
dimensionamento de custos.

No que diz respeito aos aeroportos brasileiros, a Lei 8666 deixa claro que o Projeto Básico é
um fator indispensável para qualquer obra, inclusive aeroportuária. O processo de licitação
para estes casos conta com três etapas, sendo a primeira a escolha de uma empresa para a
confecção dos estudos preliminares e Projeto Básico, evidenciando a grande necessidade
de um estudo bem fundamentado, que servirá de guia para as etapas procedentes.
O Projeto Básico de um aeroporto por si só já é uma etapa de grande dificuldade e que
consome tempo e recursos devido a sua complexidade. Isto porque é necessária a
subdivisão dos componentes de um aeroporto, como pistas de pouso e decolagem, terminal,
hangares, estacionamentos, torre de controle, dentre outros. Além disso, cada uma destas
divisões possui outras, estas voltadas a cada elemento necessário ao Projeto Básico.
Dentre as principais, podem-se citar os Projetos Arquitetônicos, Elétricos, Hidrossanitários,
Estrutural, de Drenagem, dentre muitas outros.

5.1.2.1 Projeto Básico Arquitetônico

É o projeto mais abrangente dentre os contidos no Projeto Básico, isto porque são de sua
atribuição, segundo (propacto) diversas etapas do projeto, como a confecção de plantas
baixas, cortes, especificações de materiais, equipamentos ou elementos, componentes e
sistemas construtivos. Além disso, há a necessidade de um programa de necessidades,
contendo o dimensionamento dos terminais, hangares e pistas, de acordo com as
demandas previamente levantadas de potencial de passageiros e cargas, além de
dimensionar todas as outras áreas contidas no aeroporto, como despacho de bagagem,
lojas, tamanho de salas de espera, dentre outras, como se pode observar na tabela
esquemática apresentada na sequência:

Tabela 2: Espaço requerido em 100 m2 por 100 passageiros em horário de pico


COMPONENTE ESPAÇO REQUERIDO (em 100 m2)
Bilheteria 1,0
Esteira de bagagens 1,0
Sala de embarque 2,0
Salas de espera 1,5
Imigração 1,0
Alfândega 3,0
Serviços 2,0
Operações de companhias aéreas 5,0
Área total
Doméstico 25,0
Internacional 30,0
Fonte: adaptado de Horonjeff et al (2012, p. 417)

Tendo em vista as atribuições do Projeto Arquitetônico, pode-se dizer que este é uma etapa
predecessora às outras, isto porque é nele que são definidas as características e métodos
construtivos de cada sistema formador de um aeroporto, dando suporte aos outros projetos.

5.1.2.2 Projetos Complementares

Após as definições do Projeto Arquitetônico, as próximas etapas dependentes da conclusão


dele podem ser iniciadas. Dentre estas, pode-se citar como as mais essenciais para o
projeto de um aeroporto o Projeto de Terraplenagem, responsável pelo nivelamento do
terreno, e muito importante para as pistas de pouso e decolagem; o Projeto de Drenagem,
que definirá o sistema utilizado para escoamento de água nas pistas e terminais; o Projeto
Estrutural, responsável pelo dimensionamento das diversas estruturas responsáveis pelo
sustento dos sistemas (pode conter subprojetos, como o de fundações, e estrutural dos
diversos elementos formadores, como concreto e metálicos – PROPACTO); Projeto
Hidrossanitário, responsável pelo dimensionamento dos componentes relativos à água e
esgoto; Projeto Elétrico, responsável por todas as instalações elétricas no aeroporto; além
de projetos de combate a incêndios, ar condicionado; paisagismo; acústico; dentre outros.

5.1.3 Projeto Executivo


O conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de
acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT; -
Lei 8666

5.1.4 Projeto As Built


REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 7565, de 19 de dezembro de 1986. Código Brasileiro de Aeronáutica.


Brasília, DF, 23 dez. 1986.

HORONJEFF, Robert et al. Planning and Design of Airports. 5. th. [s. l.]: Mcgraw-hill,
2010.

HOEL, Lester A.; GARBER, Nicholas J.; SADEK, Adel W. Engenharia de Inraestrutura de
Transportes: Uma integração multimodal. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

INFRAERO. Movimento Operacional da Rede Infraero de Janeiro a Dezembro de


2013. [Brasília]: 2014. Disponível em: <http://goo.gl/NWxT7f>. Acesso em: 03fev. 2014.

ANAC. Processo de Cadastramento ou Atualização do Cadastro de


Aeródromos. [Brasília]:2014. Disponível em: <http://goo.gl/sHOnGA>. Acesso em: 11 mar.
2014.

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<http://goo.gl/HdtFRg>. Acesso em: 4 mar. 2014.

ANAC. Anuário do Transporte Aéreo de 2012. [Brasília]: [s. n.], 2013.

ANAC. Aeródromos. [Brasília]: 201?. Disponível em: <http://goo.gl/onWJLd>. Acesso em:


22 mar. 2014.

BRASIL. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Ministério dos Transportes


(Ed.). Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários. Rio de
Janeiro: IprPubl., 1999. Disponível em: <http://goo.gl/vKcY0n>. Acesso em: 02 fev. 2014.

Crawford, Murphy & Tilly, Inc. Lincoln County Regional Airport Feasibility Study. Troy,
MO: CMT, 2007. Disponível em: <http://goo.gl/vWm8nv>. Acesso em: 19 mar. 2014.

PARANÁ. Secretaria de Infraestrutura e Logística. Procuradoria Geral do Estado. Caderno


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BRASIL. Lei nº 8666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
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http://www.propacto.pb.gov.br/sinco/arquivos/Projeto_Basico_27_11_07_Final.pdf

http://www.sinaenco.com.br/downloads/manual_Arquitetura.pdf

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