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10/01/2018 Noções de Administração Orçamentária

Noções de Administração Orçamentária

Módulo III - Noções de Administração Orçamentária


Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB
Curso: Direito Administrativo para Gerentes no Setor Público - Turma 1
Livro: Noções de Administração Orçamentária
Impresso por: Pamela Aline Ribeiro Crispim
Data: Quarta-feira, 10 Jan 2018, 03:28

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Sumário
Módulo III - Noções de Administração Orçamentária

Unidade 1 - O que é Orçamento Público?


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pág. 3
pág. 4
pág. 5
pág. 6

Unidade 2 - Dotação Orçamentária X Recursos Financeiros


pág. 2
pág. 3
pág. 4
pág. 5

Unidade 3 - Estágios e execução das despesas orçamentárias


pág. 2
pág. 3
pág. 4
pág. 5

Unidade 4 - Créditos adicionais, restos a pagar e despesas de exercícios anteriores


pág 2
pág. 3
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Exercícios de Fixação - Módulo III

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Módulo III - Noções de Administração Orçamentária

Conceituar Orçamento Público e seus principais componentes, bem como diferenciar


Dotação Orçamentária de Recursos Financeiros;
distinguir os diferentes estágios da Despesa Pública (empenho, liquidação e pagamento);
compreender o que são Créditos Adicionais e em quais ocasiões são utilizados e
entender o mecanismo dos Restos a Pagar e das Despesas de Exercícios Anteriores.

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Unidade 1 - O que é Orçamento Público?


O Orçamento Público é, em resumo, parecido com qualquer outro orçamento: a previsão de um conjunto de despesas que
serão pagas com um conjunto de receitas. O orçamento particular de cada um de vocês, por exemplo, elenca um conjunto
de despesas (aluguel, gasolina, supermercado, lanches, passagens, empregada doméstica, luz, gás, etc.) que serão pagas
com o respectivo salário.

No âmbito governamental isso ocorre de uma maneira bem mais detalhada e com outro enfoque, pois no orçamento público
se pretende mostrar o que o governo fará com o dinheiro arrecadado da sociedade em termos de plano de trabalho, e não
propriamente o que ele vai comprar com aquele recurso.

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ORÇAMENTO = PROGRAMA DE TRABALHO DO GOVERNO

Em outros termos, o orçamento público evidencia o plano de trabalho do governo para um determinado ano, apresentando
objetivos e metas a serem atingidas com o gasto.

Um exemplo de como um plano de trabalho aparece no orçamento público pode ser obtido do Orçamento da Câmara dos
Deputados para 2010:

Programa/Ação/Produto/Localização: Reforma dos Imóveis Funcionais destinados à moradia dos Deputados Federais em
Brasília – DF. Meta: Imóvel reformado (unidade): 82. Valor R$ 24.157.260,00

Depois de apresentar a despesa dessa forma, o orçamento público a detalha ainda mais, agora já em termos de Grupos de
Natureza de Despesa (GND), o que nos permite saber em qual classe de gasto será enquadrada a despesa.

Os Grupos de Natureza da Despesa são:

- GND 1 – Pessoal e Encargos Sociais

- GND 2 – Juros e Encargos da Dívida

- GND 3 – Outras Despesas Correntes

- GND 4 – Investimentos

- GND 5 – Inversões Financeiras

- GND 6 – Amortização da Dívida

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Explicando cada um:

GND 1 - Pessoal e Encargos Sociais

Despesas com salários de pessoal ativo, inativo e pensionistas, relativas a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos,
civis e militares.

GND 2 - Juros e Encargos da Dívida

Despesas com o pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito internas e externas contratadas,
bem como da dívida pública mobiliária.

GND 3 - Outras Despesas Correntes

Despesas com aquisição de material de consumo, pagamento de diárias, auxílio-alimentação, auxílio-transporte, pagamento
de serviços prestados por pessoa física sem vínculo empregatício, etc.

GND 4 - Investimentos

Despesas com softwares e com o planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis e instalações,
equipamentos e material permanente.

GND 5 - Inversões Financeiras

Despesas com a aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização; aquisição de ações de empresas já constituídas,
quando a operação não importe aumento do capital.

GND 6 - Amortização da Dívida

Despesas com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial da dívida pública
interna e externa, contratual ou mobiliária.

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Observando os grupos de despesa, vemos que ao gestor de contratos administrativos interessam basicamente os itens
“Outras Despesas Correntes” e “Investimentos”, pois ali estão concentradas as despesas cuja aquisição iremos gerir
(material de consumo, softwares, execução de obras, compra de equipamentos e material permanente).

Como exemplo da utilização de GND, tomemos o orçamento do Senado Federal para 2010, mais especificamente o do
PRODASEN. O Programa de Trabalho “Gestão de Sistema de Informática”, tem previsão de gastos para este ano no
montante de R$ 48.206.517,00, dos quais R$ 31.253.575,00 são gastos com GND 3 (Outras Despesas Correntes) e R$
16.952.942,00 com GND 4 (Investimentos).

No orçamento a despesa aparece dessa forma:

Programa/Ação/Produto/Localização Valor Total GND Valor por GND


Gestão de Sistema de Informática - Brasília 48.206.517 ODC - 3 31.253.575
Meta: Sistema Gerido (Unidade): 605 INV - 4 16.952.942

Depois de desmembrado em Grupos de Natureza de Despesa, o gasto sofre mais um detalhamento, dessa vez chamado
“Elemento da Despesa”, que tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como material de consumo, serviços de
terceiros prestados sob qualquer forma, obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e
outros que a administração pública utiliza para a consecução de seus fins.

A imagem mostra duas latas de tintas, uma da cor azul e outra da cor rosa

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A título de ilustração, apresentamos a seguir alguns Elementos de Despesa utilizados pelo Orçamento da União:

ELEMENTOS DE DESPESA

01 - Aposentadorias
03 - Pensões
04 - Contratação por Tempo Determinado
05 - Outros Benefícios Previdenciários
06 - Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso
07 – Contribuição a Entidades Fechadas de Previdência
...
30 - Material de Consumo
31 - Premiações Culturais, Artísticas, Científicas, Desportivas e Outras
32 - Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gratuita
33 - Passagens e Despesas com Locomoção
34 - Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirização
35 - Serviços de Consultoria
36 – Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física
37 - Locação de Mão-de-Obra
38 - Arrendamento Mercantil
39 - Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica
...
51 - Obras e Instalações
52 - Equipamentos e Material Permanente
61 - Aquisição de Imóveis
...
91 - Sentenças Judiciais
92 - Despesas de Exercícios Anteriores
93 - Indenizações e Restituições
94 - Indenizações e Restituições Trabalhistas
95 - Indenização pela Execução de Trabalhos de Campo
96 - Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado
97 - Aporte para Cobertura do Déficit Atuarial do RPPS

Há ainda diversas outras modalidades de classificação das Despesas Públicas – tais como modalidade de
aplicação, categoria econômica, identificador de uso, etc. – mas para o nosso objetivo, que é gestão de
contratos, as aqui apresentadas são as mais relevantes.

Bem, para um primeiro contato com orçamento público acreditamos que a exposição já está de bom tamanho. Lembrem-se
de que não é necessário decorar nada disso, mas apenas entender a lógica do orçamento público e o significado dos
termos aqui apresentados.

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Vimos, na lição que o Orçamento Público evidencia o plano de trabalho do governo para um determinado
ano, apresentando objetivos e metas a serem atingidas com o gasto público.

Os Grupos de Natureza da Despesa são detalhamentos dos gastos públicos segundo o seu destino,
obedecendo à seguinte classificação:

· GND 1 – Pessoal e Encargos Sociais (salários de pessoal ativo, inativo e pensionistas);

· GND 2 – Juros e Encargos da Dívida (pagamento de juros, comissões e outros encargos de dívidas);

· GND 3 – Outras Despesas Correntes (aquisição de material de consumo, pagamento de serviços prestados por pessoa
jurídica ou física sem vínculo empregatício, etc.);

· GND 4 – Investimentos (planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis e instalações,
equipamentos e material permanente, softwares);

· GND 5 – Inversões Financeiras (aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização; aquisição de ações de empresas
já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital);

· GND 6 – Amortização da Dívida (pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial da
dívida pública).

Os Elementos da Despesa são um desdobramento dos Grupos de Natureza de Despesa, e têm a finalidade de identificar os
objetos de gasto, tais como material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, obras e instalações,
equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e outros que a administração pública utiliza para a consecução
de seus fins.

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Unidade 2 - Dotação Orçamentária X Recursos Financeiros


A partir dos conceitos apresentados na lição anterior, podemos definir despesa pública como o conjunto de gastos do Estado
necessários para o funcionamento e aperfeiçoamento dos serviços públicos postos à disposição da sociedade.

Após termos entendido o que é orçamento público e despesa pública, vamos distinguir agora dois conceitos que geram
confusão em muitas pessoas não familiarizadas com a área: dotação orçamentária x recurso financeiro.

DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA X RECURSO FINANCEIRO

Uma grande diferença do orçamento público em relação ao orçamento pessoal de vocês ou ao orçamento de uma empresa é
que o orçamento público é uma lei, proposta pelo Poder Executivo, votada e aprovada pelo Poder Legislativo
correspondente. Vejamos o que diz o art. 165 da Constituição Federal:

“Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias;

III - os orçamentos anuais.”

Se o orçamento que vocês estão estudando for o da União, ele deve ser discutido, votado e aprovado no Congresso
Nacional; se for de um Estado, na respectiva Assembléia Legislativa; e se for de um Município, na Câmara Municipal. No
caso do Distrito Federal, na Câmara Distrital.

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Vocês já devem ter percebido que cada Estado e cada Município têm o seu próprio orçamento, independente do da União, e
que cada orçamento
conterá o programa de trabalho daquele ente (União, Estado, DF ou Município) e as respectivas receitas. Isso vale para todo
e qualquer município,
não importa o seu tamanho.

Até agora não falamos nada sobre a que período o orçamento público se refere. Você tem alguma idéia?

No Brasil, ele vai de 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano, ou seja, coincide com o ano civil. Portanto, há um
orçamento (ou melhor, uma Lei Orçamentária Anual) para cada ano.

Outra regra fundamental do orçamento público (e que vale tanto para a União, quanto para os Estados, DF ou Municípios) é
a de que, se uma despesa não está prevista no orçamento, ela não poderá ser realizada.

IMPORTANTE: NÃO PODE GASTAR SE NÃO ESTÁ PREVISTO NO ORÇAMENTO

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Essa regra consta tanto na nossa Carta Magna, a Constituição Federal, como na Lei n.º 4.320/64, que “Estatui Normas
Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal”:

Constituição Federal Lei n.º 4.320/64

“Art. 167. São vedados: “Art. 4.º:

I - o início de programas ou projetos não A Lei de Orçamento compreenderá todas


incluídos na lei orçamentária anual;” as despesas próprias dos órgãos do
Governo e da administração
centralizada, ou que, por intermédio
deles se devam realizar, observado o
disposto no artigo 2°.”

Ou seja, o Governo (Federal, Estadual, Distrital ou Municipal) só pode executar os gastos que estão previstos no seu
orçamento. Se não está no Orçamento, não pode gastar. Com essa regra em mente, podemos dizer que o orçamento
público fixa as despesas do governo para aquele ano.

Tanto isso é verdade que a Lei do Orçamento da União para 2011 - Lei nº. 12.381, de 9 de fevereiro de 2011, traz a
seguinte ementa:

“Estima a receita e fixa a despesa da União para o exercício financeiro de 2011.”

Nesse mesmo rumo, podemos dizer também que o orçamento público, mais do que fixar, autoriza o governo a executar os
gastos nele previstos, e somente aqueles nele previstos.

Esse é o termo que os estudiosos de orçamento público mais gostam de utilizar: “autoriza”. Para eles, o orçamento é um
instrumento autorizativo, pois qualquer despesa que esteja fora dele é proibida de ser realizada, é dizer-se, não autorizada.

Juntando os conceitos expostos até agora, podemos dizer que o orçamento público contém as autorizações de despesas que
o governo realizará naquele ano, ou, de forma mais técnica, as dotações orçamentárias de um determinado exercício
financeiro.

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Esse é o termo correto para se referir a um gasto autorizado pelo orçamento (ou seja, constante do orçamento): DOTAÇÃO
ORÇAMENTÁRIA. Sempre lembrando que as Dotações Orçamentárias virão discriminadas no orçamento, como vimos na
Lição 1, em Programas de Trabalho, que por sua vez serão desmembrados em Grupos de Natureza da Despesa, que por fim
serão subdivididos em Elementos de Despesa.

DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA = FIXAÇÃO DE GASTOS = AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE DETERMINADAS


DESPESAS

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: As dotações orçamentárias também são chamadas de créditos


orçamentários.

Para reafirmar a necessidade de haver dotação orçamentária para que uma despesa possa ser realizada,
o art. 55 da Lei 8.666/93 determina que deve constar dos contratos firmados pela Administração o
crédito orçamentário da despesa. Vejamos:

“Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:

I - o objeto e seus elementos característicos;

II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;

III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios
de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;

IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo,


conforme o caso;

V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica;

...”

Vocês podem reparar que até este momento não se falou em dinheiro propriamente dito, mas somente em dotação
orçamentária, que como vimos vem a ser a autorização para a realização de determinado gasto que consta do orçamento na
forma de um programa de trabalho.

Os recursos financeiros são os dinheiros arrecadados pelo governo, em caixa, que serão utilizados para o pagamento das
despesas públicas (dotações orçamentárias).

Portanto, para que uma despesa pública seja realizada, é necessário ter a respectiva dotação orçamentária (constar do
orçamento) e ter os recursos financeiros para o seu pagamento. Entenderam a diferença?

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Nesta lição vimos que cada ente federativo (União, Estado, Distrito Federal ou Município) tem o seu
próprio orçamento, independente do da União, que deve ser votado e aprovado pelo respectivo Poder
Legislativo (Congresso Nacional, Assembléia Legislativa, Câmara Distrital e Câmara de Vereadores).

Os Orçamentos Públicos contém as dotações orçamentárias (ou créditos orçamentários) de um ente federativo para um
determinado exercício financeiro, frente às receitas públicas.

Os recursos financeiros são os valores em dinheiro arrecadados pelo governo, em caixa, que serão utilizados para o
pagamento das despesas públicas, que aparecem nos orçamentos sob forma de dotações orçamentárias.

O Governo (Federal, Estadual, Distrital ou Municipal) só pode executar os gastos que estão
previstos no seu orçamento - se não está no orçamento, não pode gastar.

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Unidade 3 - Estágios e execução das despesas orçamentárias


Conforme estudamos na lição anterior, para que um gasto público seja realizado, é necessário ter a respectiva dotação
orçamentária (constar do orçamento) e deter os recursos financeiros (dinheiro em caixa) para o seu pagamento.

Porém, para que a despesa possa ser efetivamente paga, são necessários alguns procedimentos formais para se ter certeza:

i) da existência de necessária dotação orçamentária;

ii) do efetivo recebimento do objeto do gasto; e

iii) da certeza quanto ao destinatário do pagamento.

Nesse sentido, a despesa pública passa por três etapas (a doutrina chama de estágios):

Vamos a cada um deles?

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Empenho

Empenho:

É o primeiro estágio da despesa e pode ser conceituado de acordo com o que


estabelece o art. 58 da Lei nº. 4.320/64:

“O empenho da despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para


o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição”.

O empenho é obrigatório e fundamental, não sendo permitida a realização de despesa sem prévio empenho. O empenho é a
garantia de que existe uma autorização no orçamento para aquele gasto, ou seja, de que existe dotação orçamentária para
a despesa que se quer realizar.

Em outras palavras, empenhar é reservar créditos orçamentários no valor da despesa que se quer executar.

Quando o administrador faz o empenho de uma dotação orçamentária, ele está dizendo ao orçamento que aquela dotação
está reservada para uma determinada empresa que, caso execute o contrato a contento da Administração, receberá o
devido pagamento.

Por isso o empenho também é visto como uma garantia para o fornecedor ou prestador de serviço contratado pela
Administração Pública de que receberá o pagamento se cumprir o contrato. A empresa contratada recebe da Administração
um documento chamado Nota de Empenho, que contém o número do empenho, o nome do contratado, o objeto e o valor
do contrato.

Aliás, nos casos de Licitação na modalidade Convite, a Administração pode substituir o respectivo contrato administrativo a
ser firmado com o licitante vencedor pela própria nota de empenho, nos termos do art. 62 da Lei 8.666/93:

Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preços, bem como nas
dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação, e
facultativo nos demais em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato,
nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.

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Como já dissemos, o empenho é prévio, precede a realização da despesa e tem por objetivo respeitar o limite da dotação
orçamentária, como, a propósito, prevê o art. 59 da Lei nº. 4.320/64: “O empenho da despesa não poderá exceder o
limite de créditos concedidos”.

A emissão de um empenho abate o seu valor da dotação orçamentária total do respectivo programa de trabalho a que
pertence a despesa, tornando a quantia empenhada indisponível para novo empenho. Ou seja, o valor fica lá no orçamento
reservado para aquele contratado.

Os empenhos, de acordo com a sua natureza e finalidade, são classificados em:

empenho ordinário: utilizado para despesas com valor previamente conhecido e cujo pagamento deve ocorrer de uma só
vez. Exemplo: uma compra simples – um móvel para a Assembléia Legislativa. É a modalidade mais comum.

empenho global: destinado a atender às despesas com valor também previamente conhecido, tais como as contratuais,
mas de pagamento parcelado (§ 3º do art. 60 da Lei nº. 4.320/64). Exemplos: aluguéis, prestação de serviços por terceiros,
salários, proventos e pensões, inclusive as obrigações patronais decorrentes, etc.

empenho estimativa: para acolher despesas cujo valor não se possa determinar previamente. Exemplo: água, luz,
telefone, gratificações, diárias, reprodução de documentos, etc.

Nós dissemos há pouco que a emissão de um empenho abate o seu valor da dotação orçamentária total do respectivo
programa de trabalho a que pertence a despesa, tornando a quantia empenhada indisponível para novo empenho. Mas e se
o contratado não cumprir o contrato? Perde-se essa dotação orçamentária?

Não, nesse caso podemos anular aquele empenho e o seu valor volta a se tornar disponível para outro novo empenho. A
anulação de um empenho pode ocorrer:

. no decorrer do ano:

Parcialmente, quando seu valor exceder o montante da despesa realizada;

Totalmente:

• quando o serviço contratado não tiver sido prestado;

• quando o material encomendado não tiver sido entregue; ou

• quando o empenho tiver sido emitido incorretamente.

. no final do ano, quando o empenho se referir a despesas não realizadas, salvo aquelas que se enquadrarem nas condições
previstas para inscrição em Restos a Pagar – nós veremos o que são Restos a Pagar mais à frente.

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Liquidação do Empenho:

Esse é o segundo estágio da despesa. De acordo com o art. 63 da Lei nº. 4.320/64:

“Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os
títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.

§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:

I - a origem e o objeto do que se deve pagar;

II - a importância exata a pagar;

III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.

§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base:

I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;

II - a nota de empenho;

III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.”

Vale dizer que é a comprovação de que o contratado cumpriu todas as obrigações constantes do
empenho, ou seja, forneceu o bem ou executou o serviço contratado.

É nessa etapa que o gestor atua, verificando cuidadosamente se o contrato foi cumprido integralmente,
fazendo constar do processo de compra toda e qualquer ocorrência que julgue importante ou que
eventualmente possa resultar em glosas.

O estágio da liquidação da despesa envolve, portanto, todos os atos de verificação e conferência, desde o
recebimento (provisório ou definitivo) do material ou o atesto da prestação do serviço, observando se tudo
está de acordo com as especificações do contrato. É tarefa básica do gestor de contratos.

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Pagamento:

Por último, o pagamento é a etapa final da despesa. Este estágio consiste no pagamento das faturas do contratado. No caso
do Governo Federal, todos os pagamentos são realizados por meio de ordem bancária, geralmente pelo Banco do Brasil.

Recapitulando a lição vimos que para que a despesa pública possa ser realizada, deve passar por três
estágios: Empenho, Liquidação e Pagamento.

O Empenho é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento
pendente ou não de implemento de condição. O empenho é prévio, precede a realização da despesa e
tem por objetivo respeitar o limite da dotação orçamentária.

Os empenhos, de acordo com a sua natureza e finalidade, são classificados em: empenho ordinário; empenho estimativa; e
empenho global.

O segundo estágio da despesa – Liquidação do Empenho – consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por
base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. É nessa etapa que o gestor atua, verificando
cuidadosamente se o contrato foi cumprido integralmente, fazendo constar do processo de compra toda e qualquer
ocorrência que julgue importante ou que eventualmente possa resultar em glosas.

O Pagamento é a etapa final da despesa, e consiste na entrega dos recursos financeiros ao contratado por meio de ordem
bancária.

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Unidade 4 - Créditos adicionais, restos a pagar e despesas de exercícios


anteriores
Bem, sabemos o que é orçamento público, dotação orçamentária (ou crédito orçamentário), recursos financeiros e
conhecemos as fases da despesa. Vamos agora ver o que são créditos adicionais.

Vocês se lembram que dissemos que se uma despesa não está prevista no orçamento ela não poderá ser realizada? Pois é,
essa é uma regra que não pode ser desrespeitada. Porém, imaginemos os seguintes acontecimentos:

1. Houve uma enchente no seu estado e o Governo Estadual tem que realizar, com urgência, obras de contenção de várias
encostas e recuperação da estrutura de três pontes. Porém, estas obras não estavam previstas no orçamento, pois não se
imaginava que fosse acontecer uma enchente dessas. Como então executar as obras?

2. A sua cidade foi eleita a sede da olimpíada estadual da criança e do adolescente. Para tanto, o governo estadual pediu
que a Prefeitura construísse mais dez novas quadras poliesportivas ainda este ano. Porém, quando o orçamento foi aprovado
na Câmara Municipal, não se fazia idéia de que a cidade seria eleita, portanto a construção dessas quadras não constou do
orçamento. Como então construí-las?

3. Houve uma decisão judicial que concedeu aumento de remuneração dos funcionários públicos de sua cidade. Quando o
orçamento foi feito, não se considerou esse aumento, assim as dotações orçamentárias existentes para pagamento de
pessoal não serão suficientes para o ano todo. Sabe-se que não se pode descumprir uma ordem judicial. Como fazer então?

Para essas três situações existem os chamados CRÉDITOS ADICIONAIS, que são uma maneira de alterar o orçamento
vigente, acrescentando dotações que não existiam ou que se tornaram, ao longo do ano, insuficientes.

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Vejamos o que dizem os artigos 40 e 41 da Lei 4.320/64:

“Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de
Orçamento.

Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:

I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária;

II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica;

III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou
calamidade pública.”

A regra é que todos esses créditos devem, da mesma forma que o orçamento, ser aprovados pelo
Poder Legislativo correspondente (Congresso Nacional, Assembléia Legislativa ou Câmara Municipal,
conforme o caso), na forma de um projeto de lei.

Mas há exceções. No exemplo 1, o crédito seria na modalidade extraordinário, pois o fato se enquadra no conceito de
calamidade pública. Nesse caso, o Governo Estadual não pode esperar para agir sob risco de perdas de vidas. Portanto, ele
cria o crédito extraordinário por meio de uma Medida Provisória, que altera o orçamento, acrescentando as dotações
orçamentárias para as obras de contenção de encostas e recuperação de pontes.

Já o exemplo 2 é considerado como crédito especial – não havia dotação específica para a construção das quadras, mas
essa ausência não decorreu de calamidade pública ou de guerra. Nesse caso, deve-se seguir o rito ordinário do processo
legislativo: o Prefeito propõe à Câmara Municipal da cidade um projeto de lei criando o crédito adicional, que será votado e
aprovado pela Câmara.

Por fim, o exemplo 3 enquadra-se na modalidade suplementar, pois já havia a dotação no orçamento para pagamento de
pessoal, porém ela não vai ser suficiente. Nesses casos, pode-se fazer o reforço da dotação até um determinado percentual
(geralmente 10% - depende da legislação de cada Estado e Município) por decreto do Prefeito, sem precisar da aprovação
da Câmara Municipal. Acima desse percentual, o procedimento adequado deve ser também a via do projeto de lei.

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No caso da gestão de contratos, o gestor deve ficar atento para a necessidade de um eventual pedido de
crédito suplementar, caso as dotações orçamentárias que suportam seu contrato se tornem insuficientes.

Agora, passemos a outro assunto que está envolvido diretamente com a gestão de contratos: Restos a
Pagar. Vejamos o que diz o art. 36 da Lei nº. 4.320/64:

“Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro
distinguindo-se as processadas das não processadas.”

De uma maneira mais simples, se uma despesa foi empenhada no final do ano, mas não deu tempo para a empresa
contatada entregar o material ou prestar o serviço ainda naquele ano, deve-se inscrever esse empenho em “Restos a Pagar”
para o próximo ano, de forma que não se misturem despesas relativas a um ano com as do ano seguinte.

Essa exigência volta-se a atender à obrigação legal de adoção do regime de competência, que exige que as despesas sejam
contabilizadas conforme o exercício a que pertençam, ou seja, em que foram gerados.

Se uma despesa foi empenhada em um exercício e somente foi paga no seguinte, ela deve ser contabilizada como
pertencente ao exercício em que foi empenhada.

Os Restos a Pagar podem ser classificados em:

a) São Restos a Pagar processados as despesas em que a empresa contratada já tenha cumprido sua
obrigação (já tenha entregue o material, prestado o serviço ou executado a obra) até o final do ano,
porém não houve tempo de pagá-la até 31 de dezembro. Ou seja, a despesa já foi liquidada, mas
ainda não foi paga.

b) São Restos a Pagar não-processados as despesas empenhadas que dependem, ainda, da prestação
do serviço ou fornecimento do material. Ou seja, até o final do ano ainda não foram liquidadas.

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A inscrição de empenhos em Restos a Pagar terá validade até 31 de dezembro do ano subsequente. Após essa data, os
saldos remanescentes serão automaticamente cancelados.

Não se deve confundir Restos a Pagar com Despesas de Exercícios Anteriores.

Despesas de Exercícios Anteriores são as dívidas resultantes de compromissos gerados em exercícios


financeiros anteriores àqueles em que devem ocorrer os pagamentos, e que não estejam inscritos em
Restos a Pagar, no caso de se referirem ao exercício imediatamente anterior.

Por exemplo, o pagamento de um valor atrasado devido a um servidor público, referente ao exercício financeiro de 2007,
que somente agora, em 2011, foi reconhecido pela Administração. Este valor não estava inscrito em Restos a Pagar nem
tampouco se refere a 2011. Nesse caso, vai ser pago sob o título de “Despesas de Exercícios Anteriores”.

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Créditos Adicionais são entendidos como mecanismos para se alterar o orçamento vigente de modo a se
acrescentar dotações que não existiam ou que se tornaram, ao longo do ano, insuficientes.

São classificados em:

· Suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária;

· Especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica;

· Extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, tais como em caso de guerra ou calamidade pública.

Restos a Pagar são despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezembro, cuja execução interessa ao Poder
Público, mesmo que aconteça no exercício seguinte. São classificados em Processados (liquidados, mas não pagos) e Não
Processados (ainda não liquidados e consequentemente não pagos).

Já as Despesas de Exercícios Anteriores são as dívidas resultantes de compromissos gerados em exercícios financeiros
anteriores àqueles em que devem ocorrer os pagamentos, e que não estejam inscritos em Restos a Pagar, no caso de se
referirem ao exercício imediatamente anterior.

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Exercícios de Fixação - Módulo III


Parabéns! Você chegou ao último módulo de estudo do curso Direito Administrativo para Gerentes no Setor Público.

Sugerimos que você faça uma releitura do mesmo e resolva os Exercícios de Fixação. O resultado não influenciará
na sua nota final, mas servirá como oportunidade de avaliar o seu domínio do conteúdo. Lembramos ainda que a
plataforma de ensino faz a correção imediata das suas respostas!

Porém, não esqueça de realizar a Avaliação Final do curso, que encontra-se no Módulo de Conclusão. Lembramos
que é por meio dela que você pode receber a sua certificação de conclusão do curso.

Para ter acesso aos Exercícios de Fixação, clique aqui.

https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=35543 25/25

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