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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO

PROCESSO Nº 0011285-73.2014.5.15.0028
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO ORDINÁRIO
TERCEIRA TURMA - 5ª CÂMARA
ORIGEM : 1ª VARA DO TRABALHO DE CATANDUVA
AGRAVANTE : PROSEG SERVICOS LTDA
AGRAVADO : DANIEL CICERO DA SILVA
AGRAVADO : COFCO BRASIL S.A
JUIZ SENTENCIANTE : WAGNER RAMOS DE QUADROS

Relatório

Inconformada com o r. despacho de ID 5fae5bf, que denegou


seguimento ao Recurso Ordinário, a reclamada interpõe o presente agravo de instrumento,
pretendendo a modificação do julgado quanto à concessão dos benefícios da justiça gratuita e,
consequentemente, o destrancamento do apelo e o seu regular processamento.

Contraminuta apresentada.

Dispensada a manifestação prévia da Douta Procuradoria, nos


termos do art. 111 do Regimento Interno deste Tribunal do Trabalho.

É o relatório.

Fundamentação

VOTO

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

A agravante/reclamada não efetuou o pagamento das custas


processuais, tampouco os depósitos referentes à interposição do recurso ordinário e do agravo
de instrumento. Contudo, considerando que a matéria debatida cinge-se à concessão dos

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benefícios da justiça gratuita, conheço do agravo, pois preenchidos os pressupostos de


admissibilidade.

VOTO

JUÍZO DE MÉRITO

Deserção - custas processuais e depósito recursal

Insurge-se a agravante/reclamada contra o r. despacho de ID


5fae5bf, que denegou seguimento ao recurso ordinário interposto, por deserto. Pleiteia a
concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita argumentando que não possui
recursos suficientes para arcar com o depósito recursal e as custas processuais. Requer o
destrancamento do apelo e o seu regular processamento.

Os magistrados que integram esta Câmara entendem que é


possível deferir o benefício da justiça gratuita a empregadores demandados na Justiça do
Trabalho, em situações especialíssimas. Contudo, as isenções compreendidas pela assistência
judiciária (art. 98 do CPC/2015), não abrangem o depósito recursal, por ser este garantia do
Juízo, nos termos da Instrução Normativa nº 03/93, item I, do C. TST. Assim, irrelevante a
alteração provocada pela Lei Complementar 132/2009, que acrescentou o inciso VII ao artigo
3º supramencionado. Ademais, os artigos 789 e 899, §§ 1º e 2º, da CLT, preconizam que os
recolhimentos das custas e do depósito recursal constituem pressupostos objetivos de
admissibilidade do recurso ordinário.

Nesse sentido é o entendimento atual e majoritário do C. TST, in


verbis:

RECURSO DE REVISTA

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1 - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. ENTIDADE BENEFICENTE. APAE.


NECESSIDADE DO RECOLHIMENTO DO DEPÓSITO JUDICIAL. DESERÇÃO.
Esta Corte pacificou entendimento no sentido de que a concessão dos
benefícios da justiça gratuita não confere à pessoa jurídica a isenção do depósito
recursal, na medida em que o mencionado depósito destina-se à garantia do
juízo para a satisfação do crédito pertencente ao obreiro e não ao custeio da
máquina judiciária. Assim, ainda que reconhecido o direito à gratuidade de
justiça, a isenção se limitaria às custas processuais, nunca ao depósito recursal.
Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (Processo: RR -
600-60.2008.5.15.0143 Data de Julgamento: 25/11/2015, Relatora Ministra:
Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 04/12/2015).

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DESERÇÃO -


PESSOA JURÍDICA - MICROEMPRESA - BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA
GRATUITA. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que o benefício da
justiça gratuita, não compreende a isenção do depósito recursal, na medida em
que este não tem natureza de taxa judiciária, e sim de garantia do juízo. Desse
modo, uma vez que a agravante não efetuou o recolhimento tanto das custas
quanto do depósito recursal, ainda que fossem concedidos os benefícios da
justiça gratuita, o recurso ordinário permaneceria deserto, de modo que não
logra êxito em evidenciar o desacerto da decisão agravada. Agravo de
instrumento não provido. (AIRR - 721-34.2012.5.09.0008, Relator Ministro: Breno
Medeiros, 8ª Turma, DEJT 19/12/2014).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA.


PESSOA JURÍDICA. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. JURISPRUDÊNCIA
ITERATIVA, ATUAL E NOTÓRIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 333/TST. Mesmo
nas hipóteses em que é admitida a gratuidade de justiça, consubstanciada no
artigo 3º, da Lei nº 1.060/50, às pessoas físicas ou jurídicas, quando há prova
induvidosa da insuficiência econômica alegada - hipótese que não corresponde a
que ora se analisa -, tal benefício não abrange o depósito recursal, que tem
natureza de garantia do juízo e não de despesa processual, cujo escopo
consiste em assegurar o êxito em processo de execução futuro. Estando a
decisão denegatória em consonância com iterativa, notória e atual jurisprudência
desta Corte uniformizadora, inviável o processamento do recurso de revista,
inclusive por divergência jurisprudencial, nos termos da Súmula nº 333/TST.
Agravo de instrumento desprovido." (AIRR - 1284-63.2013.5.09.0664, Relator
Ministro: Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha, 1ª Turma, DEJT
19/12/2014).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESERÇÃO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO


JUDICIAL. JUSTIÇA GRATUITA. RECOLHIMENTO. CUSTAS PROCESSUAIS
E DEPOSITO RECURSAL. AUSÊNCIA. NÃO PROVIMENTO. A jurisprudência
desta colenda Corte Superior é no sentido de que o benefício da assistência
judiciária gratuita extensível ao empregador não compreende o depósito
recursal, que constitui garantia do juízo, à luz do artigo 899, § 1º, da CLT e da
Instrução Normativa nº 3/93, I. Assim, ainda que concedido o benefício da justiça
gratuita à reclamada, se não efetivado o depósito recursal, o recurso seria
considerado deserto, vez que a isenção do preparo tem aplicação restrita à
massa falida, não se estendendo às empresas que se encontram em
recuperação judicial, como no caso vertente (Súmula nº 86). Precedentes.
Incidência da Súmula nº 333 e do artigo 896, § 4º, da CLT. Agravo de
instrumento a que se nega provimento. (TST-AIRR 893-05.2012.5.05.0196, Rel.
Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 21/11/2014).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. DESERÇÃO DO


RECURSO ORDINÁRIO. JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA.

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NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE INCAPACIDADE FINANCEIRA. 1.


Conforme entendimento consolidado na jurisprudência do Tribunal Superior do
Trabalho, o benefício da gratuidade de justiça somente se estende à pessoa
jurídica caso comprove situação financeira ruinosa que não lhe permita
defender-se em juízo sem a isenção das despesas processuais, hipótese não
demonstrada nos autos. 2. O benefício da justiça gratuita, de todo modo, não
compreende a isenção do depósito recursal, na medida em que este não ostenta
natureza de taxa judiciária, mas sim de garantia do juízo. 3. Agravo de
instrumento de que se conhece e a que se nega provimento. (AIRR -
2436-15.2010.5.02.0061, Relator Ministro João Oreste Dalazen, 4.ª Turma, DEJT
25/4/2014).

Na hipótese dos autos, a agravante/reclamada não provou, de


forma objetiva, que não pode arcar com o depósito recursal e as custas processuais,
notadamente porque, embora tenha colacionado o balancete e balanço patrimonial anual de
2014, não o fez quanto ao ano de 2015, muito menos presentou extrato bancário referente ao
ano de 2016, quando o recurso foi interposto (fevereiro/2016, ID 8da9617).

Acrescento que o balancete do período de 01/01/2014 a


30/11/2014 (ID ba17856 - Pág. 1), embora possua um resultado negativo, denota
disponibilidade financeira de R$ 165.557,20, o que certamente daria para cobrir as despesas
de custas processuais e depósito recursal.

De igual forma, o balanço patrimonial anual de 2014 (01/01/2014 a


31/12/2014, ID ba17856 - Pág. 23), embora reconheça um passivo bancário de R$ 275.579,00,
há referência de aplicações financeiras nacionais na ordem de R$ 665.958,23.

Se isso não fosse o bastante, ainda que fosse beneficiário da


Justiça gratuita, diante da ausência de comprovação do depósito recursal, inviável o
conhecimento do apelo, cominando na deserção do recurso ordinário interposto e na
manutenção do r. despacho agravado.

A pretensão não merece acolhimento.

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PREQUESTIONAMENTO

Para efeito de prequestionamento, ante os fundamentos expostos,


assinalo que não foram violados quaisquer dispositivos legais mencionados pelos litigantes,
não houve afronta à Carta Magna e foram observadas, no que cabia, as Súmulas das Cortes
Superiores.

Mérito

Recurso da parte

Item de recurso

Dispositivo

Diante do exposto, decide-se CONHECER do agravo de


instrumento de PROSEG SERVICOS LTDA (reclamada) e NÃO O PROVER, nos termos da
fundamentação.

Sessão Extraordinária realizada em 25 de abril de 2017, 5ª Câmara - Terceira Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da Décima Quinta Região. Presidiu Regimentalmente o Julgamento o Exmo. Sr.
Desembargador do Trabalho LORIVAL FERREIRA DOS SANTOS.

Tomaram parte no julgamento:

Relator Juiz do Trabalho FLÁVIO LANDI

Desembargador do Trabalho LORIVAL FERREIRA DOS SANTOS

Juíza do Trabalho ADRIENE SIDNEI DE MOURA DAVID DIAMANTINO

Compareceu para julgar processos de sua competência o Juiz do Trabalho FLÁVIO LANDI.

Em férias a Desembargadora do Trabalho ANA PAULA PELLEGRINA LOCKMANN, convocada a


Juíza do Trabalho ADRIENE SIDNEI DE MOURA DAVID DIAMANTINO.

Presente o DD. Representante do Ministério Público do Trabalho.

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ACORDAM os Magistrados da 5ª Câmara - Terceira Turma do Tribunal do Trabalho da Décima Quinta


Região, em julgar o processo nos termos do voto proposto pelo Exmo(a). Sr(a). Relator(a).

Votação unânime.

FLÁVIO LANDI
Juiz Relator
[ERVL]

Votos Revisores

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a:


[FLAVIO LANDI] 17021712453095800000013194068

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