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TÓPICOS DE CIÊNCIAS

ECONÔMICAS
Unidade 06: Noções de Comércio Internacional

SUMÁRIO: 1. A POLÍTICA CAMBIAL 1.1 TAXA DE CÂMBIO 2. VALORIZAÇÃO E DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL 3.


MERCADO DE DÍVIDAS 4. BALANÇO DE PAGAMENTOS 5. GLOBALIZAÇÃO DAS EMPRESAS REFERÊNCIAS ANOTAÇÕES

UNIDADE 06: NOÇÕES DE COMÉRCIO


INTERNACIONAL

Olá! Estamos iniciando a sexta unidade da disciplina de Tópicos de


Ciências Econômicas. Essa unidade tem como objetivos: explicar os
elementos e a formação da economia internacional, definir política
cambial, definir taxa de câmbio e seus tipos, definir mercado de
divisas, e analisar e definir as variações cambiais.

1 A Política Cambial
É a política governamental relacionada ao mercado cambial e contas externas do país,
utilizando como instrumento a taxa de câmbio. Por meio desse instrumento, o governo controla o
balanço de pagamentos do país. Assim como a política monetária, o Banco Central é responsável pela
política cambial no Brasil.
As relações comerciais com o mercado externo são regulamentadas pelo regime de taxa
de câmbio.

1.1 Taxa de câmbio

A taxa de câmbio é a relação entre a moeda nacional e a moeda estrangeira. Para conhecer
o valor em moeda nacional de determinado bem/serviço que possui preço em moeda estrangeira,
necessitamos da taxa de câmbio. Existe taxa de câmbio com todas as moedas do mundo inteiro, mas
destaca-se principalmente a taxa de câmbio com o dólar.

r = R$/US$
Em que:
r – taxa de câmbio;
R$ – valor do dinheiro em real;
US$ – valor do dinheiro em dólar.

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As relações comerciais com o mercado externo são regulamentadas pelo regime de taxa de
câmbio, a qual pode ser fixa ou flutuante. No primeiro caso, o valor da taxa de câmbio é definida pelo
governo, enquanto que no regime de câmbio flutuante o valor é determinado pelo mercado. Abaixo
seguem as definições:
Regime de câmbio fixa: Esse regime cambial é fixado pelo governo, mais precisamente pelo Banco
Central. De acordo com as necessidades da política econômica, a taxa de câmbio terá seu valor fixado.
Regime de câmbio flutuante (flexível): Nesse regime cambial, o valor da taxa de câmbio
é definido pelo jogo entre oferta e demanda por moeda estrangeira, ou seja, pelo mercado sem
interferência do Banco Central.
Porém, existe uma variação do câmbio flutuante, a flutuação suja (dirty floating), em que a
taxa de câmbio é determinada pelo mercado, mas o Banco Central pode atuar no mercado cambial
comprando ou vendendo moeda estrangeira, de acordo com os objetivos a serem alcançados.
Dessa forma, ele interfere de maneira indireta na determinação da taxa de câmbio. Caso
considere o valor da taxa de câmbio baixo, o Banco Central entra no mercado comprando dólares, o
que diminui a quantidade de dólares disponíveis no mercado e faz com que a cotação aumente.
Ocorrendo o contrário, uma cotação alta do câmbio, o Banco Central vende dólares no
mercado. Nesse caso, a ação do Banco Central é de aumentar a quantidade de dólares disponíveis na
economia. Espera-se com isso que a cotação do dólar, ou seja, da taxa de câmb3

2 Valorização e desvalorização cambial


Oscilações na taxa de câmbio, como os aumentos e diminuições no valor da moeda estrangeira
em moeda nacional, afetam os importadores e exportadores de diferentes maneiras. Essas oscilações são
chamadas de valorização (apreciação) ou desvalorização (depreciação) cambial. Antes de definirmos a
valorização e desvalorização cambial, vamos entender o que significa exportação e importação.
A exportação trata-se de uma transação comercial entre países que significa a compra de
bens e serviços nacionais por agentes econômicos estrangeiros. Já a importação, ao contrário da
exportação, refere-se à compra de bens e serviços produzidos fora do país.
Conforme já mencionado, quando há oscilações no valor da taxa de câmbio, exportações
e importações sofrerão alguns impactos. Vejamos por meio das definições de valorização e
desvalorização cambial.
Valorização cambial: É o que ocorre quando o preço da moeda estrangeira diminui, ou seja,
quando o valor da taxa de câmbio diminui. Nesse caso, a moeda nacional vai se valorizando frente a
moeda estrangeira. Quando ocorre uma valorização cambial, as importações são favorecidas, pois os
preços dos produtos em moeda estrangeira estarão mais baratos quando convertidos em Real, ou seja,
as pessoas pagarão menos reais para adquirir determinado produto importado.

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Exemplo
O preço de um notebook nos EUA é 600 dólares. Caso a taxa de câmbio seja de
R$/US$ 2,00, o importador desse notebook deverá pagar R$ 1.200 (para saber
o valor em reais que o indivíduo deverá pagar pelo produto estrangeiro, deve-se
multiplicar o preço em moeda estrangeira pelo valor da taxa de câmbio, dessa
forma: R$/U$$ 2,00 x U$$ 600 = R$ 1.200).
No entanto, caso a taxa de câmbio fosse R$/US$ 3,00, o importador teria que
pagar R$ 1.800 reais, ou seja, pagaria mais caro. Dessa forma, quanto menor for
a taxa de câmbio, melhor será para os importadores. Ocorre o contrário com as
exportações.

Desvalorização cambial: Ao contrário da valorização, uma desvalorização cambial significa que


o preço da moeda estrangeira aumentou, ou seja, o valor da taxa de câmbio aumentou. Temos então
que a moeda nacional está se desvalorizando frente a moeda estrangeira. Nesse caso, os exportadores
são beneficiados, uma vez que a receita em reais proveniente de suas vendas no exterior será maior.
Lembrando o que vimos na Unidade 3, receita é o valor monetário obtido pelas quantidades
vendidas de determinado produto a um determinado preço. A receita do exportador é obtida em moeda
estrangeira, para que possa utilizá-la dentro do Brasil ele precisará converter a moeda estrangeira em reais.

Exemplo
Vamos imaginar um exemplo: a receita de um certo exportador de soja no
comércio internacional foi de U$$ 30.000. A taxa de câmbio no período é de
R$/US$ 1,00. Dessa forma, a receita do exportador em reais será de R$ 30.000
(para saber o valor em moeda nacional da receita advinda da exportação, basta
multiplicar o valor em moeda estrangeira pela taxa de câmbio).
No entanto, caso a taxa de câmbio se desvalorize e passe a ser R$/US$ 3,00, o
valor da receita das exportações será maior. Nesse caso, o exportador terá em
reais uma receita de R$ 90.000. Com isso podemos perceber que os exportadores
são beneficiados com a desvalorização cambial.

3 Mercado de divisas
Divisas significam moedas estrangeiras. Logo, no mercado de divisas, é entendido pela
existência de demandantes e ofertantes de moeda estrangeira.
Demanda por divisas – Na demanda por divisas, encontramos os indivíduos que necessitam
de moeda estrangeira para realizar uma determinada transação (importação, por exemplo), são
atividades que envolvem saída de moeda do país. Assim, trocam sua moeda nacional por moeda
estrangeira, necessária para efetuar a transação.
Oferta de divisas – A oferta de divisas é exercida pelos indivíduos que possuem moeda estrangeira
e necessitam trocá-la por moeda nacional: são transações que envolvem entrada de moeda no país.

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Como é o caso dos exportadores, estes recebem moeda estrangeira por suas vendas, necessitando
trocá-las por moeda nacional (Real), já que dentro do país não se utiliza a moeda estrangeira.

4 Balanço de pagamentos
O balanço de pagamentos é um dos elementos importantes para os países, pois é por meio
dele que temos a noção de como andam as transações de um país com os demais, ou seja, com o resto
do mundo. Isso permite ao país um maior controle sobre o seu setor externo. Qual o resultado das
exportações do país? Há uma maior entrada ou saída de moeda estrangeira (divisas) do país? Tudo
isso sabemos por meio desse registro contábil, o balanço de pagamentos.
O registro contábil desses dados é importante, pois com eles o país passa a conhecer melhor a
saúde da sua economia no tocante ao seu setor externo, possibilitando o uso de políticas econômicas
necessárias. Cabe ao Banco Central a responsabilidade pela contabilização do balanço de pagamentos,
sendo o mesmo contabilizado em dólar. O balanço de pagamento vem dividido em duas contas:
Transações Correntes e Conta Capital e Financeira.
A estrutura do balanço de pagamentos é a seguinte:
Transações Correntes

Balança Comercial

◆◆ Exportações

◆◆ Importações

Balança de Serviços

◆◆ Transportes

◆◆ Viagens internacionais

◆◆ Seguros

◆◆ Serviços governamentais

◆◆ Serviços financeiros

◆◆ Computação e informação

◆◆ Royalties e licenças

◆◆ Aluguel de equipamentos

◆◆ Serviços diversos

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◆◆ Rendas (juros, dividendos, lucros, salários)

Transações Unilaterais

Saldo em transações correntes: 1 + 2 + 3

Conta Capital e Financeira

◆◆ Investimento direto

◆◆ Investimento em carteira

◆◆ Empréstimos

◆◆ Financiamentos

Erros e Omissões

Saldo Total do Balanço de Pagamentos: 4 + 5 + 6

A conta Transações Correntes envolve a balança comercial, balança de serviços e transações


unilaterais. Das contas do balanço de pagamentos, provavelmente a mais conhecida do público é a
balança comercial. Nessa conta são contabilizados os valores referentes às exportações e importações.
As exportações registram a entrada de moeda estrangeira, já as importações a saída de moeda
estrangeira. A balança de serviços registra toda a entrada e saída de moeda estrangeira advinda de
serviços e rendas entre o Brasil e o resto do mundo. A conta Transações Unilaterais fecha a conta
transações correntes. As transações unilaterais registram doações entre os países. O somatório das três
contas forma o saldo em contas-correntes.
A conta Capital e Financeira registra as diversas transações financeiras entre os países. Temos
também a conta Erros e Omissões. Os lançamentos de entradas e saídas no balanço de pagamentos
podem gerar diferenças. Dessa forma, tais diferenças são lançadas na conta Erros e Omissões para
balancear o balanço de pagamentos.
O saldo total do balanço de pagamentos se dá pelo somatório do saldo em Transações Correntes,
da Conta Capital e Financeira e dos Erros e Omissões. Caso o saldo seja positivo, temos um superavit.
Nesse caso, há mais entrada de moeda estrangeira (divisas) do que saídas. No entanto, caso haja um
deficit, saíram mais moedas estrangeiras do que entraram.

5 Globalização das Empresas


Segundo Vasconcellos (2010), globalização pode ser entendida como sendo uma crescente
integração econômica entre os países, a qual envolve diversos aspectos, como o comercial,
financeiro e produtivo.

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Tais características incentivam modificações no andamento das atividades das empresas


atuais. A globalização impôs um novo modelo de gestão às organizações. Com as facilidades
tecnológicas, característica marcante do processo de globalização, a comunicação e informação entre
os países ficaram bastante descomplicadas. A distância também deixou de ser um fator limitante para
as atividades empresariais, o que amplia a possibilidade de criação de novos mercados ao redor do
mundo. Dentro desse contexto, as empresas procuram maximizar seus lucros (conforme já sabemos)
utilizando dessas facilidades trazidas pela globalização para tirar vantagens competitivas.
É muito comum empresas levarem suas linhas de produção para países que tragam a ela
vantagens que diminuam seus custos produtivos, como a mão de obra. As empresas continuam com
suas sedes em seus países de origem, mas parcialmente ou a totalidade das suas linhas de produção
são realizadas em países que lhes tragam vantagens. Esse processo também é conhecido como a
nova divisão internacional do trabalho. Um processo em que há a divisão das etapas produtivas
ao redor do mundo. Essa divisão das etapas produtivas ocorre principalmente em direção aos países
subdesenvolvidos, como alguns do Sudeste Asiático.
Outro elemento importante dentro da globalização é a formação de blocos econômicos
entre os países. As interações entre os países integrantes de determinado bloco, além de melhorar
as questões comerciais/econômicas, podem visar também o lado social, cultural, cooperação em
pesquisas tecnológicas, entre outros assuntos.
No entanto, nem tudo é vantagem. Ao mesmo tempo que a globalização traz aspectos positivos
para as empresas que estão dentro desse processo de internacionalização, situações não desejadas
também acontecem. Devido a aproximação dos países e a eventual conexão comercial entre eles, as
crises econômicas se propagam com maior rapidez. Aqueles países que se tornam mais dependentes
de outros mais desenvolvidos, acabam por sentir de maneira mais pesada os desdobramentos das
crises econômicas.

Com a conclusão da Unidade 6, passamos a ter mais uma noção de


uma das políticas econômicas do governo, a política cambial. Também
aprendemos o conceito de taxa de câmbio e todos os elementos
que fazem parte do comércio internacional. Na próxima unidade
estudaremos as noções de finanças públicas.

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Referências

PASSOS, Carlos Roberto M. Princípios de Economia. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 2002.

PINTO, Diva B.; VASCONCELLOS M. A. Manual de Economia. Equipe de Professores


da USP. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

ROSSETTI, Jose Paschoal. Introdução à Economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

TROSTER, Roberto L.; MOCHÓN, Francisco. Introdução à Economia. São Paulo:


Mahron Books, 1999.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: Micro e Macro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

______________________ Fundamentos de Economia. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

VICECONITI, Paulo E.V. & NEVES, Silveira das. Introdução à Economia. 4. ed. São
Paulo: Frase Editora, 2000.

WONNACOTT, Paul; WONNACOTT, Ronald. Introdução à Economia. São Paulo:


Atlas, 1985.

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Anotações

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UNIDADE 06
Créditos

Núcleo de Educação a Distância


O assunto estudado por você nessa disciplina foi planejado pelo
professor conteudista, que é o responsável pela produção de conteúdo
didático, e foi desenvolvido e implementado por uma equipe composta
por profissionais de diversas áreas, com o objetivo de apoiar e facilitar o
processo ensino-aprendizagem.

Coordenação do Núcleo de Educação a Distância: Lana Paula

Crivelaro Monteiro de Almeida Supervisão Administrativa:

Denise de Castro Gomes Produção de Conteúdo Didático:

Carlos Alberto Alcântra Alves, Ana Maria de Carvalho Portela,

Felipe Bezerra dos Santos Projeto Instrucional: Luciana Clícia

de Sena Roteiro de Áudio e Vídeo: José Glauber Peixoto Rocha

Produção de Áudio e Vídeo: José Moreira de Sousa Identidade

Visual: Camila Duarte do Nascimento Moreira, Sávio Félix Mota,

Viviane Cláudia Paiva Arte: Viviane Cláudia Paiva Programação:

Antônia Suyanne Lopes Alves Editoração: Camila Duarte do

Nascimento Moreira, Sávio Félix Mota Revisão Gramatical: Luís

Carlos de Oliveira Sousa

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