You are on page 1of 5

Capítulo 8

MINERAÇÃO PARA A
CONSTRUÇÃO CIVIL
A existência de uma ou mais inadequações habitacionais ameaça saú-
de, educação e acesso às oportunidades de emprego formal dos cida-
dãos e longevidade inferior a média da população urbana.
Com efeito, pode-se afirmar que a precarização ou favelização

Prólogo
das moradias se configuram como a materialização das violações aos
direitos humanos e sociais básicos, reflexo negativo das condições
acessibilidade a créditos, que implicam nas condições de acessibili-
dade da população de baixa renda àquelas rochas e minerais de forte
apelo social: agregados e argilo-minerais para a construção civil.
O consumo de cimento é um importante indicador de desen-
Antônio Fernando da Silva Rodrigues, Geólogo, MSc. volvimento humano, pressupondo-se sua forte associação com obras
e-mail: antonio.fernando@dnpm.gov.br
civis residenciais e de infraestrutura (saneamento básico e malha
rodoviária). A figura abaixo mostra o ranking mundial de produção/
consumo de cimento, situando o Brasil na 4ª posição, abaixo da

Figura 1
Consumo mundial de cimento – 2008 (Estimativa: SNIC, 2009)
Advoga-se oportuna a inserção do Capítulo ‘Mineração para a
construção civil’, na medida em que o Brasil, enquanto signatário das
‘Metas do Milênio’, comprometeu-se com a ONU – Organização das 1.521,0
1.500,0
0
Nações Unidas na perspectiva de superação do déficit em 50%, no
período de 1990-2015. A propósito, a ONU elegeu 2008 como o ‘Ano
Internacional do Saneamento Básico’. 1.000,0
0
Por outro ângulo, de acordo com o relatório da agência da
Organização das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-
500,0
0
Habitat), The State of the World’s Cities 2006/ 2007, quase 1 bilhão 190,9
80,1
de pessoas moram em assentamentos urbanos precários no mundo. Na 51,4 48,5 47,7 5
44,5 38,0 32,9

América Latina e no Caribe, são 134 milhões. Neste contexto, o Brasil 0,0
0

Espanha
contribui com 39% do total, ou 52 milhões de pessoas. Estimativas

Japão
China

EUA

Coréia Sul

Rússia
Índia

Brasil

Itália
Í di
da UM-Habitat apontam que, mantida a situação atual, até 2020 serão
acrescidos a esse passivo brasileiro 2,7 milhões de pessoas.
O relatório também enfatiza que há forte correlação entre a
1º 2
2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º
precariedade das condições de moradia e baixos indicadores de de- Fontee: SNIC, 2009.
senvolvimento humano, mostrando que “o lugar de moradia importa”.
 
Fonte: SNIC, 2009. 599 
Fig. 01 – Consumo mundial de
e cimento – 2008
2 (Estima
ativa: SNIC, 2009).
 
Admite‐se que, nas caapitais, o dééficit de san
neamento b básico fica n
na ordem dee 1/3 ou 32 2,5%
fator  agravvante  de  que  coleta  não 
n significca  tratamen
nto  e  descaartabilidadee  adequada  das
190,9
80,1 51,4 48,5 47,7 5
44,5 38,0 32,9
0,0
0

Espanha
Japão
China

EUA

Coréia Sul

Rússia
Índia

Brasil

Itália
Í di
China, Índia e EUA. Não obstante, pesquisas recentes apontam um Compromissos internacionais aditivos como futura sede da Copa
déficit habitacional da ordem de 7-8 milhões de moradias e cerca de do Mundo de Futebol – 2014 e das Olimpíadas-2016, aumentam a res-
metade da população (49,1%) não dispôs de acesso a rede geral de ponsabilidade do Brasil, na perspectiva do planejamento estratégico e
esgotos. 1º 2
2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º coordenação de Políticas Públicas Mineral e Habitacional, harmônicas
Fontee: SNIC, 2009.
Admite-se que, nas capitais, o déficit de saneamento básico   à Política Ambiental, visando assegurar a provisão dos agregados e
fica na ordem de 1/3 ou 32,5%, com o fator agravante de que coleta argilo-minerais para a Indústria de Construção Civil.
Fig.significa
não 01 – Consum o mundiale de
tratamento e cimento – 2008
2
descartabilidade (Estima
adequada ativa:dasSNIC,
águas 2009).
resi- A propósito, estudo encomendados à FGV sobre investimentos
duais no meio ambiente. Nessa perspectiva de acesso a rede coletora necessários à modernização e construção de novos estádios exigi-
te‐se que, nas ca apitais, o dé
de esgotos, éficit de san
o ranking neamento b
das ‘Capitais básico fica n
Sub-sedes na ordem de
da Copa-2014’ e 1/3 ou 32
obedece 2,5%, com o
dos pelao FIFA para a Copa do Mundo de Futebol de 2014, gera forte
agravvante a de  que  coleta 
seguinte ordemnão 
n (ano
significca  tratamen
base-2008): nto  e 
Belo descaartabilidade
Horizonte (97,41%), e  adequada
Sal-   das  águass  no aumento da demanda por matérias-primas in natura
expectativa
uais  no 
n meio  am
mbiente.  Ne
essa  perspe ectiva  de  ac
cesso  a  rede e 
vador (92,51%), São Paulo (90,0%), Curitiba (87,17%), Rio de Ja- coletora  de  esgotos ,  o  ranking
e produtosg  derivados de base-mineral: agregados minerais (areia e
Capitaais Sub‐sede es da Copa‐ ‐2014’ obed dece a segu inte ordem m (ano base‐
neiro (85,82%), Brasília (83,94%), Manaus (33,41%), Porto Alegre ‐2008): Belo o Horizonte e 
brita), cimento e tubos estruturais de aço de alto desempenho en-
1%), SSalvador (92 2,51%), São o Paulo (90,
(32,88%) e Natal (18,54%). 0%), Curitibba (87,17%) ), Rio de Jan neiro (85,82 2%), Brasília a 
quanto solução alternativa de uso em coberturas de arenas esportivas
4%), MManaus (33 3,41%), Portto Alegre (3 32,88%) e Natal (18,54% %).  modernas.
Neste Capítulo, dá-se atenção especial ao estudo das rochas
Figura 2
Brasil: Déficit de acesso a rede de esgoto (1995-2008) de forte apelo social, insumos usados na produção de agregados mi-
nerais, in natura ou submetidos a processos de britagem primária,
matérias-primas demandas pela Indústria de Construção Civil: areia,
2008 49,08
2007 550,82 brita e cascalho/seixos.
2006 53,46 Com efeito, os estudos agrupados no Capítulo ‘Mineração para
2005 53,80 a Indústria de Construção Civil’, orientam-se pela metodologia ino-
2004 53,90
vadora, na medida em que se propõe alcançar em primeiro lugar o
2003 54,62
público que consome as matérias-primas de base mineral, ao invés
2002 56,17
2001 56,98 daquele que produz bens minerais, sempre na perspectiva de superar
1999 58,80 as dificuldades históricas na relação e comunicação do Setor Mineral
1998 59,92
2 com outros setores da sociedade e da economia da Nação, à busca de
61,448
1997 afirmar o slogam: ‘Nossa Casa vem da Mineração’.
1996 62
2,23
1995 6
63,17 %
0,00
0 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00
Fonte: CPSS/FGV, 2009
 
Fonte:FCPS/FGV,
ig. 02 – Bras
sil: Déficit de acesso a rede de esgoto
2009. o (1995-2008
8).

600
prom missos interrnacionais aditivos como
c futura
a sede da Copa do Mundo de Futebol –
e daas Olimpíaadas-2016,, aumentam m a responsabilidade do Brasil, na perspectiva do o
ejame ento estratégico e coordenaç
c ão de Políticas Púb blicas Mineral e Ha
abitacional,
ônicaas à Política Ambien ntal, visando assegu urar a provvisão dos agregados
s e argilo--
rais para
p a Indú
ústria de Construção
C o Civil.
  601

You might also like