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ALFENAS-MG
2017
Introdução – o conceito de política e sua importância para a profissão docente
As políticas educacionais, como parte das demandas do estado, são parte de um jogo
de interesses político e econômico e devem ser compreendidas levando em conta relações
sociais e históricas. O professor é um importante agente que precisa se posicionar frente às
mudanças nas políticas educacionais, afinal, ele esta inserido em um grupo que é afetado
diretamente pelo Estado. O conhecimento dessas políticas é fundamental também para que as
escolhas de estratégias pedagógicas e para o entendimento de formas de educação, sendo a
escolarização padrão uma delas. As mudanças que são decididas no âmbito político afetam a
vida docente, mas também a vida dos estudantes, assim, a decisão sobre o material didático,
os recursos para atividades dentro e fora da escola, necessitam de um conhecimento das
políticas educacionais.
Resenha
Como Horta explicita, seu artigo se divide em duas partes, uma que trata de discussões
e pontos que tem relação com o direito a educação como um dos direitos sociais da cidadania,
outra que aborda como foi o desenvolvimento de concepções de obrigatoriedade escolar e de
direito a educação na história da educação brasileira, e, ao final, busca lançar algumas
reflexões sobre essa questão na contemporaneidade.
Dentre as perspectivas sobre políticas de Estado, o autor cita a de Paul Singer, que
propõe que elas estariam fundadas em duas oposições, a saber, a “civil democrática” que
associa a obrigatoriedade da educação com uma função do Estado e a “produtivista” que foca
na demanda, que coloca a obrigatoriedade e o dever como funções secundárias (p. 9). No caso
da política civil democrática, a mesma exigiria a participação da sociedade civil por meio da
cobrança dos direitos associados as necessidades públicas. Segundo o autor, o direito a
educação esta relacionado a obrigatoriedade escolar, assim, como aponta Huberman, apesar
desse direito estar no mesmo nível que outros direitos básicos como alimentação, habitação
etc., não pode haver escolha por parte dos sujeitos. Dessa forma, a inserção da educação nos
direitos sociais foi conjuntamente uma “conquista e uma concessão, um direito e uma
obrigação” (p. 10).
O autor aponta no texto como na Constituição de 1934 tornou esse direito legal. Em
1922 o chamado Manifesto dos Pioneiros colocará como pauta a “laicidade, gratuidade,
obrigatoriedade e coeducação”, além de defender a obrigatoriedade da educação primária,
expandindo-a até os dezoito anos (educação secundária). Um importante elemento foi também
que o atendimento do direito a educação não pode ser simplesmente uma ação do Estado,
cabendo ação individual contra o mesmo no caso do não atendimento a educação (p. 17). Já
na Constituição de 1946, reaparece a discussão da educação como dever do Estado,
entretanto, não como um dever do estado para com o individuo, mas do indivíduo perante o
Estado. O foco incide sobre a obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário (quatro anos) e
para além desse nível quando for comprovada falta ou insuficiência de recursos. A Lei de
diretrizes e bases de 1961 vai incorporar o direto a educação, obrigatoriedade escolar e
extensão da escolaridade obrigatória (lar e na escola, passível de restrições aos pais se não for
cumprida).
Após 1964, continua Horta, a discussão se dividiu em duas instancias: a legislação
(educadores) e o planejamento da educação (tecnocratas). Os primeiros defendiam o direito a
educação pode ser conseguido pela lei e teria como objetivo formar um bom cidadão;
enquanto os segundos que somente por meio de planejamento e seria uma forma de se ter
acesso ao mercado de trabalho como mão-de-obra qualificada; mas ambos defendiam a
obrigatoriedade do ensino primário. Aparece também a articulação do primário com o ginásio.
Aqui também que vai aparecer pela primeira vez em texto constitucional a afirmação da
educação como dever do Estado. A Constituição de 1988 vai recuperar e, consagrará no artigo
28, o direito a educação como um direito público subjetivo, além da possibilidade de
ferramentas jurídicas para assegurar o seu cumprimento. Nesse mesmo período, entra a
questão do Estatuto da Criança e do Adolescente que penaliza o não oferecimento ou oferta
irregular do ensino obrigatório, assim como o Código penal brasileiro considera que a não
matricula constitui “crime de abandono intelectual”.
Conclusão:
Como futuro professor, percebo que uma compreensão desse processo e dos
desdobramentos das diferentes mudanças ocorridas, me habilita a acessar informações nos
bancos de dados do Ministério da Educação, além de dialogar com colegas e outros
profissionais da escola para contornar problemas e demandar recursos. Pude compreender que
a escola, como a conhecemos, passou por muitas mudanças e por mais que muitas vezes o
estado veja o estudante como um número ou estatística, as lutas e processos políticos que
levaram a gratuidade e obrigatoriedade do ensino fundamental e médio, devem ser estudadas
e consideradas para se pensar o que melhorou e o que precisa ser melhorado na escola por
meio da ação política de professores e profissionais da educação.
Referências bibliográficas: