You are on page 1of 77

Administração Pública para AFRFB

Teoria e Questões Comentadas


Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

AULA 02

4. O processo de Modernização da Administração Pública; 5.


Evolução dos modelos/paradigmas de gestão: A Nova Gestão
Pública.

SUMÁRIO PÁGINA
Sumário 01
Informações sobre o curso 02
1. O processo de modernização da Administração Pública. 03
2. Questão discursiva ESAF AFRFB 2010 28
3. Evolução dos modelos/paradigmas de gestão: A NGP. 30
4. Exercícios Propostos 41
5. Exercícios Comentados 51

Olá meus amigos!

Nessa aula veremos os tópicos 4 e 5 do Edital: 4. O processo de


Modernização da Administração Pública; 5. Evolução dos
modelos/paradigmas de gestão: A Nova Gestão Pública.

Nela estudaremos como a nossa administração pública evoluiu desde


a chegada da família real à Salvador em 1808 até os dias atuais. Além
disso veremos o processo de evolução do gerencialismo, que envolveu
o Gerencialismo Puro, o Consumerismo e o PSO (Public Service
Oriented).

Esses assuntos são relativamente fáceis e costumam cair nas provas


da ESAF, de modo que seu estudo se faz importante! Caso encontrem
alguma dificuldade espero que me procurem no fórum!!

Grande abraço e bons Estudos!

Professor Victório Amoedo

victorioamoedo@concurseirofiscal.com.br

Concurseiro Fiscal Página 1 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Informações sobre o curso

1. Divisão das aulas


Segue o nosso cronograma atualizado:

AULA ASSUNTO DATA

2. Modelos Teóricos de Administração Pública:


Aula 00 ---
Patrimonialismo e Burocracia.

1. Organização do Estado e da administração


Pública; 2. Modelos Teóricos de Administração
Aula 01 17/03
Pública: Gerencial; e 3. Experiências de
Reformas administrativas.

4. O processo de Modernização da Administração


Aula 02 Pública; 5. Evolução dos modelos/paradigmas de 28/03
gestão: A Nova Gestão Pública.

6. Governabilidade, Governança e Accountability;


Aula 03 7. Governo eletrônico e Transparência; 8. 07/04
Qualidade na administração Pública.

9. Novas tecnologias gerenciais e organizacionais


Aula 04 14/04
e sua aplicação na Administração Pública.

11. Ciclo de Gestão do Governo Federal; 14.


Orçamento público e os parâmetros da política
fiscal; 15. Ciclo orçamentário. 16. Orçamento e
gestão das organizações do setor público;
características básicas de sistemas orçamentários
Aula 05 modernos: estrutura programática, econômica e 21/04
organizacional para alocação de recursos
(classificações orçamentárias); mensuração de
desempenho e controle orçamentário. 17.
Elaboração, Gestão e Avaliação Anual do PPA.
18. Modelo de gestão do PPA.
12. Controle da Administração Pública; 13. Ética
Aula 06 no exercício da Função Pública; e 10. Gestão 30/04
Pública Empreendedora.

Concurseiro Fiscal Página 2 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

O processo de Modernização da Administração Pública;


evolução dos modelos/paradigmas de gestão: A Nova Gestão
Pública.

1. O processo de Modernização da Administração Pública.

O Processo de Evolução da Administração Pública no Brasil.

Nesse tópico do Edital adotaremos o texto do Professor da FGV de


Administração Geral e Pública, e também Doutor, Frederico Lustosa
da Costa, de título: “Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de
Administração Pública; 200 anos de reformas”. Tal obra é a base da
doutrina cobrada pela ESAF.
O Artigo aborda a evolução da administração pública brasileira desde
1808, com a chegada da família real, até 1995, com a reforma
gerencial do Bresser Pereira. Veremos os pontos mais cobrados pela
ESAF em suas provas de concursos.
Em 1808, no momento do desembarque da família real no Brasil, já
havia um aparato administrativo local. Outrossim, a formação do
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves tornou o processo de
construção de um Estado Nacional irreversível, desenvolvendo um
aparato burocrático, tanto importado como o local, para prover
governança a esse novo governo, vejamos trecho do autor:
“É verdade que, até 1808, existia no Brasil e,
sobretudo, na sede do governo geral (vice-reino)
uma administração colonial relativamente
aparelhada. Mas a formação do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves e a instalação de sua
sede na antiga colônia tornaram irreversível a
constituição de um novo Estado nacional. Todo
um aparato burocrático, transplantado de Lisboa
ou formado aqui, em paralelo à antiga
administração metropolitana, teve que ser
montado para que a soberania se afirmasse, o

Concurseiro Fiscal Página 3 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Estado se constituísse e se projetasse sobre o


território, e o governo pudesse tomar decisões,
ditar políticas e agir.”

Apesar de Portugal “importar” seu próprio aparato


burocrático, isso não quer dizer que não havia no Brasil uma
administração pública. A burocracia local existia e era bastante
complexa, possuindo algumas características que devemos guardar, a
saber: Ela era Complexa (um cipoal de ordenamentos gerais), era
profusa (não obedecia aos princípios da divisão do trabalho, simetria e
hierarquia) e havia uma confusão de autoridade (uma mesma
competência era atribuída a mais de um cargo, minando-se a
autoridade).
Do ponto de vista territorial o Brasil era dividido em Capitanias
Hereditárias, que eram as maiores unidades administrativas da
colônia. Tais Capitanias eram subdivididas em Comarcas, que, por sua
vez, eram divididas em Cidades ou Vilas.
Politicamente, a colônia imita o modelo de administração pública
português, sem levar em consideração as particularidades locais e as
necessidades específicas regionais. O Autor resume as características
administrativas desse período:
“A síntese histórica de Caio Prado Júnior,
retomada por Arno e Maria José Wehling (1999),
aponta como principais características da
administração colonial — a centralização, a
ausência de diferenciação (de funções), o
mimetismo, a profusão e minudência das normas,
o formalismo e a morosidade. Essas disfunções
decorrem, em grande medida, da transplantação
para a colônia das instituições existentes na
metrópole e do vazio de autoridade (e de
obediência) no imenso território, constituindo um
organismo autoritário, complexo, frágil e
ineficaz.”
“Isso não quer dizer que não tenha havido um
processo de gradual racionalização do governo
colonial ao longo de três séculos. A partir da
administração pombalina, pouco a pouco, o
empirismo paternalista do absolutismo tradicional

Concurseiro Fiscal Página 4 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

foi sendo substituído pelo racionalismo típico do


despotismo esclarecido. Essa mudança se
expressava principalmente nos métodos e
processos de trabalho que davam lugar à
emergência de uma burocracia.”

Esse trecho foi cobrado em uma questão de Gestor (EPPGG) da ESAF:


(ESAF EPPGG/MPOG 2010) Em nosso país, o
processo que permeia a formação do Estado
nacional e da administração pública se revela
pelas seguintes constatações, exceto:

a) a administração colonial se caracterizou pela


centralização, formalismo e morosidade, decorrentes,
em grande parte, do vazio de autoridade no imenso
território.
b) a partir da administração pombalina, pouco a
pouco, o empirismo paternalista do absolutismo
tradicional foi sendo substituído pelo racionalismo
típico do despotismo esclarecido.
c) a transferência da corte portuguesa, em 1808, e a
consequente elevação do Brasil a parte integrante do
Reino Unido de Portugal constituíram as bases do
Estado nacional, com todo o aparato necessário à
afirmação da soberania e ao funcionamento do
autogoverno.
d) a partir da Revolução de 1930, o Brasil passou a
empreender um continuado processo de modernização
das estruturas e processos do aparelho do Estado.
e) a República Velha, ao promover grandes alterações
na estrutura do governo, lançou a economia rumo à
industrialização e a administração pública rumo à
burocracia weberiana.

Comentários:

Concurseiro Fiscal Página 5 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Claramente a alternativa “A” foi retirada desse trecho, sendo


verdadeira. De fato a administração colonial era centralizada, formal e
morosa, por causa, prioritariamente, do vazio de autoridade no
imenso território.
A “B”, apesar de ser cruel, é paráfrase do texto.
A “C” também é paráfrase, conforme comentamos no início do
capítulo, a chegada da família real foi o início de um processo
irreversível para o desenvolvimento do Brasil, conforme trecho
abaixo:
“O fato é que a transferência da corte e mais
tarde a elevação do Brasil a parte integrante do
Reino Unido de Portugal constituíram as bases do
Estado nacional, com todo o aparato necessário à
afirmação da soberania e ao funcionamento do
autogoverno. A elevação à condição de corte de
um império transcontinental fez da nova
administração brasileira, agora devidamente
aparelhada, a expressão do poder de um Estado
nacional que jamais poderia voltar a constituir-se
em mera subsidiária de uma metrópole de além-
mar.”

A “D” ainda será estudada, mas podemos adiantar que, de fato, a


revolução de 1930 (Estado Novo) foi a primeira iniciativa de
implementação de um modelo administrativo burocrático que
permitisse o desenvolvimento de uma economia capitalista industrial,
sendo correta.
A “E” é incorreta, a República Velha não foi caracterizada por
promover grandes alterações na estrutura governamental, econômica
e administrativa. O governo continuou sendo oligárquico, a economia
agroexportadora e a administração sendo patrimonial.
Gab – E.
Dispensada a questão histórica, que não é objeto da nossa prova, em
7 de setembro de 1822 temos mais um fato relevante, a
Independência. A partir desse momento tínhamos no Brasil um
Estado Unitário, Monárquico, com uma administração pública
patrimonial, uma economia agrária e uma sociedade oligárquica.
Guardem essas características, a ESAF adora cobrá-las.

Concurseiro Fiscal Página 6 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Vejamos uma afirmativa sobre o período de 1822 a 1889,


extraída da prova SUSEP 2010:
a) o patrimonialismo se extingue com o fim da
dominação portuguesa, sendo o reinado de D.
Pedro II o ponto de partida para a implantação do
modelo burocrático.

Vimos que a afirmativa deve ser considerada falsa, devemos entender


“fim da dominação portuguesa” como independência, e, nesse
período, a administração pública era patrimonial. Somente em 1930,
no Estado Novo, é que as primeiras iniciativas burocráticas serão
tomadas.
Em 1889 temos outro fato relevante para o nosso estudo, a
proclamação da República. As pressões do sudeste, mais
precisamente em São Paulo e Minas Gerais, por mais independência
financeira culminaram por transformar o Brasil numa República
Federativa, em contraposição com o Estado Unitário e Monárquico que
o precedeu. Esse período, conhecido como “República Velha”, foi
marcado por transformar o Estado Brasileiro numa República
Federativa, de economia agrária, sociedade oligárquica e de
administração pública patrimonial.
Vejamos uma afirmativa da ESAF sobre o período (EPPGG
2009):
“e) com a República Velha, deu-se a primeira
experiência radical de reforma administrativa, em
resposta às mudanças econômicas e sociais que
levavam o país rumo à industrialização.”

A afirmativa deve ser considerada falsa. Vimos que a República


Velha foi caracterizada por ter uma administração pública
patrimonialista e uma economia agrária. Além disso, vimos que, para
a ESAF a primeira reforma administrativa brasileira ocorreu em 1930,
durante a ditadura do Estado Novo. E foi nesse período, que teve
início em meados da década de 30, sob a tutela de Getúlio Vargas,
que o Brasil tomou algumas iniciativas burocráticas face ao processo
de mudança de uma economia agrária para a capitalista industrial.
Durante esse período, podemos apontar como fato relevante a criação
do DASP (Departamento de administração do Serviço Público).
Esse órgão, de iniciativa de Vargas, objetivava implementar um
Concurseiro Fiscal Página 7 de 77
www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

serviço público mais profissional, pautado pelos princípios burocráticos


da impessoalidade, formalidade, profissionalismo e racionalidade.
Esse órgão (DASP) tinha como objetivo profissionalizar a gestão
financeira, de materiais e de pessoas no serviço público federal. Até
então, apenas os Militares, os membros do Itamaraty e os
funcionários do Banco do Brasil eram contratados por concurso
público e tinham uma carreira compatível com os preceitos
burocráticos weberianos. O DASP veio para mudar essa situação,
profissionalizando e instituindo os valores meritocráticos da
burocracia.
Contudo, para autores como Olavo Brasil, o Brasil nunca logrou
implantar uma burocracia tipicamente weberiana. Lembrem-se disso,
a ESAF já afirmou diversas vezes, apesar de fortes iniciativas
burocráticas, nosso país sempre conviveu e convive com práticas
patrimonialistas, a exemplo do caso “Cachoeira” na atualidade.
Vejamos uma questão da ESAF sobre o tema:
(ESAF/PSS/2008) A Revolução de 1930,
simbolicamente associada à quebra da espinha
dorsal das oligarquias regionais, teve como
desdobramento principal a criação do estado
administrativo no Brasil. Sobre esta fase do
processo de evolução da administração pública
no Brasil, são corretos todos os enunciados
abaixo, exceto:
a) até o final da década de 30, além dos militares,
havia dois órgãos do governo federal – o Itamaraty e o
Banco do Brasil – que tinham normas para ingresso no
serviço público, planos de carreira, regras para
promoção baseadas no mérito, e tinham alimentado
uma burocracia profissional com um ethos de serviço
público.
b) durante o ciclo Vargas, a estratégia de ruptura com
o modelo oligárquico e patrimonial envolveu a adoção
de dois mecanismos típicos da administração racional-
legal: estatutos normativos e órgãos normativos e
fiscalizadores.

Concurseiro Fiscal Página 8 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

c) por intermédio desses mecanismos tentou-se


estabelecer princípios e regras e padronizar os
procedimentos a serem adotados, em áreas
estruturantes da organização pública: administração
de material, financeira e de pessoal.
d) a Reforma de 1936 representou um momento
fundamental para a reforma da administração de
pessoal em especial, logrando a implantação de uma
administração tipicamente weberiana, racional e
legalmente orientada.
e) o regime político era dotado de acentuada
autonomia burocrática em face do conjunto das forças
sociais, com base na absorção ou cooptação dos
grupamentos de interesse, quer regionais, quer
funcionais.

Comentários:

Essa questão teve como fonte dois textos: O de Luciano Martins


-“Reforma da Administração Pública e cultura política no Brasil: Uma
visão geral” -; e o do Olavo Brasil de Lima Junior – “As reformas
administrativas no Brasil: Modelos, Sucessos e Fracassos”.
A alternativa “A” é correta e foi retirada do texto do Martins:
“Até o final da década de 30, além dos militares
que seguem os seus próprios princípios de
organização, somente dois órgãos do governo
federal (o Itamaraty e o Banco do Brasil) eram
bem-estruturados, tinham instituído normas para
ingresso no serviço público, tinham criado planos
de carreira, regras para promoção baseadas no
mérito, e tinham alimentado uma burocracia
profissional com um ethos de serviço público.”

A “B” também é correta, a revolução de 30 foi o primeiro esforço


organizado no sentido de implantar no Brasil uma burocracia nos
moldes Weberianos, apesar de que, para a ESAF, nunca se logrou
implantar esse modelo de forma plena, sempre houve algum tipo de

Concurseiro Fiscal Página 9 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

brecha que ia de encontro aos postulados burocráticos. Segundo


Olavo Brasil:
“A Revolução de 1930, simbolicamente associada à quebra
da espinha dorsal das oligarquias regionais, teve como
desdobramento principal a criação do estado administrativo
no Brasil, através de dois mecanismos típicos da
administração racional-legal: estatutos normativos e órgãos
normativos e fiscalizadores. A abrangência desses estatutos
e órgãos incluía áreas temáticas clássicas que, até hoje, se
revelam como estruturantes da organização pública:
administração de material, financeira e de pessoal.”

A “C” é correta, vimos que o Departamento de Administração do


Serviço Público (DASP) cuidou prioritariamente das áreas de pessoal,
compras e financeira.
A “D” é incorreta e é a nossa resposta. Já comentamos que o
Brasil nunca logrou implantar uma burocracia nos moldes Weberianos,
sempre houve alguma brecha para que o patrimonialismo convivesse
com a burocracia, segundo Olavo Brasil:
“Finalmente, cabe concluir, com base na
literatura que analisa as várias reformas
administrativas e as propostas não efetivadas, que
o País, de fato, nunca logrou implantar uma
burocracia do tipo weberiano. Até porque, os
textos legais que mais se aproximaram desse ideal
abriam brechas que se contrapunham ao espírito
da burocracia racional-legal.”

Lembrem-se que a ESAF adora cobrar isso: “O país nunca logrou


implantar uma burocracia do tipo weberiano”
A “E” é correta, é o fenômeno do “insulamento burocrático”, que
cooptava segmentos de interesse para dentro da burocracia (como
sindicatos) com o fim de fortalecer o regime. Segundo Olavo Brasil:
“Embora se possa entender que a implantação da
administração pública visasse atender à
racionalização das atividades da União e a
intervenção econômica fosse uma resposta típica
do mundo pós-29 — com as graves conseqüências
internas que produziu —, a evolução do regime

Concurseiro Fiscal Página 10 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

que rapidamente assumiu feições autoritárias,


sustentou-se nos instrumentos institucionais de
política econômica e de dominação política
centralizada, objetivando respaldar o próprio
regime, que era dotado de acentuada autonomia
burocrática em face do conjunto das forças
sociais. Essa autonomia burocrática não provinha
de uma impecável eficiência racional-formal,
segundo o clássico paradigma weberiano das
organizações burocráticas.”
“Ao contrário, mais correto seria supor que ela
tem seus fundamentos no fato de que a expansão e
a centralização burocráticas se deram
continuamente sob o signo da absorção ou
cooptação dos agrupamentos de interesse, quer
regionais, quer funcionais.”

Gabarito – D.

Devemos ter em mente que apesar do vanguardismo da iniciativa


burocrática no país, materializada no DASP, as pressões
patrimonialistas continuaram assediando o aparelho do Estado com o
objetivo de burlar os princípios burocráticos do profissionalismo,
racionalidade, formalidade e impessoalidade. Segue um trecho do
artigo do Frederico Lustosa:
“O Dasp representou a concretização desses
princípios, já que se tornou a grande agência de
modernização administrativa, encarregada de
implementar mudanças, elaborar orçamentos,
recrutar e selecionar servidores, treinar o pessoal,
racionalizar e normatizar as aquisições e
contratos e a gestão do estoque de material. O
Dasp foi relativamente bem-sucedido até o início
da redemocratização em 1945, quando houve uma
série de nomeações sem concurso público para
vários organismos públicos. A liberdade
concedida às empresas públicas, cujas normas de
admissão regulamentadas pelos seus próprios
estatutos tornavam facultativa a realização de

Concurseiro Fiscal Página 11 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

concursos foi em parte responsável por tais


acontecimentos.”
“Para Beatriz Wahrlich (1984) essas atitudes
revelavam que o favoritismo tinha maior peso que
as admissões por mérito no sistema brasileiro de
administração de pessoal dos órgãos públicos.
Contribuíram para isso, “o ambiente cultural
encontrado pela reforma modernizadora. (...), o
mais adverso possível, corroído e dominado por
práticas patrimonialistas amplamente arraigadas”
(Torres, 2004:147).”

Outro ponto relevante acerca do período chamado de Estado Novo foi


o modelo de intervenção econômica em evidencia à época, o
intervencionismo estatal. Em plena década de 30, durante a crise do
“crash” de 29, as teorias keynesianas acerca da importância da
intervenção econômica do Estado como peça fundamental para o
crescimento da Demanda Agregada influenciaram diversos governos,
e no Brasil não foi diferente. Desse modo, qualquer alternativa que
afirme que durante o Estado Novo houve intervenção estatal na
economia deverá ser considerada verdadeira.
Podemos afirmar que o modelo econômico do Estado Novo foi pautado
pela intervenção estatal na economia e pela política de substituição de
importações, visando o desenvolvimento da indústria nacional.
Não podemos deixar de lembrar que do ponto de vista político, o
Estado Novo representou uma ditadura. Como tal, caracterizada pela
centralização política e descentralização administrativa.
O próximo período de interesse para a nossa matéria é o período JK,
ou o chamado desenvolvimentismo. Esse período foi marcado pela
redemocratização do país, apoiada pelos militares vitoriosos da
segunda guerra mundial. Apesar de todos os golpes e contragolpes
ocorridos no período, devemos considerá-lo como democrático para
fins de prova.
Do ponto de vista institucional, o período foi marcado pela realização
de estudos e projetos que jamais seriam implementados. A criação do
COSB (Comissão de simplificação burocrática) e da CEPA (Comissão

Concurseiro Fiscal Página 12 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

de Estudos e Projetos Administrativos) representam as primeiras


tentativas de uma ampla reforma.
Podemos afirmar que, apesar das iniciativas citadas acima, o
período foi marcado pelo crescente sucateamento da
administração direta em contraposição com os pesados
investimentos e o crescimento da administração indireta, como
podemos extrair do trecho abaixo:
“Esse período se caracteriza por uma crescente
cisão entre a administração direta, entregue ao
clientelismo e submetida, cada vez mais, aos
ditames de normas rígidas e controles, e a
administração descentralizada (autarquias,
empresas, institutos e grupos especiais ad hoc),
dotados de maior autonomia gerencial e que
podiam recrutar seus quadros sem concursos,
preferencialmente entre os formados em think
thanks especializados, remunerando-os em termos
compatíveis com o mercado. Constituíram-se
assim ilhas de excelência no setor público voltadas
para a administração do desenvolvimento,
enquanto se deteriorava o núcleo central da
administração. De acordo com Lima Júnior
(1998:10)”

JK priorizou a administração indireta por conta da maior


agilidade para implementar uma política pública. Caso optasse
pela administração direta estaria limitado pelos entraves licitatórios
para as compras, dos concursos públicos para as contratações, entre
outros problemas que a burocracia acaba proporcionando. De modo
que, quando necessitava agir, preferia criar mais uma entidade da
administração indireta a entrar em choque com a “velha” burocracia.
Em relação à agenda econômica, o período foi marcado pela
continuidade da intervenção pública na economia.
Em seguida ao Desenvolvimentismo veio o período intitulado de
“Golpe de 64”. Voltamos a um regime ditatorial, altamente
intervencionista do ponto de vista econômico e centralizador
politicamente. Apesar dessa característica, ele foi descentralizador do

Concurseiro Fiscal Página 13 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

ponto de vista administrativo, e, até mesmo, inovador e reformador


nesse aspecto.
Através do DL 200/67, desenvolvido pela Comissão Amaral Peixoto
durante a década de 50 (desenvolvimentista), os militares inovaram
com a que pode ser considerada como primeira iniciativa gerencial
no Brasil. Lembrem-se disso! A ESAF já afirmou diversas vezes que o
DL 200/67 foi a primeira iniciativa gerencial da Administração Pública
brasileira.
Esse Ato Normativo trouxe para a Administração Pública brasileira os
seguintes conceitos:
Planejamento (Princípio dominante);
Expansão das empresas estatais (Sociedades de Economia Mista
e Empresas Públicas), bem como de órgãos independentes
(fundações Públicas) e semi-independentes (autarquias);
a necessidade de fortalecimento e expansão do sistema de
mérito, sobre o qual se estabeleciam diversas regras;
diretrizes gerais de um novo plano de classificação de cargos;
o reagrupamento de departamentos, divisões e serviços em 16
ministérios.
Essas características nos levam à análise de uma questão da ESAF:
(ESAF/EPPGG/2008) A partir de 1964, a reforma
administrativa fez parte da agenda
governamental do regime militar com grande
recorrência. Uma das peças centrais nas
iniciativas de reforma administrativa brasileira
foi o Decreto-Lei 200, de 25/02/1967, que inclui
todos os princípios norteadores abaixo, exceto:
a) reagrupamento de departamentos, divisões e
serviços de planejamento na Secretaria de
Planejamento da Presidência da República, com
amplos poderes, superiores aos de qualquer outro
ministério.
b) expansão das empresas estatais, de órgãos
independentes (fundações) e semi-independentes
(autarquias).
c) fortalecimento e expansão do sistema de mérito.

Concurseiro Fiscal Página 14 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

d) planejamento, descentralização, delegação de


autoridade, coordenação e controle.
e) diretrizes gerais para um novo plano de
classificação de cargos.

Comentários:

Nota-se que a alternativa “A” foi alterada e deve ser considerada


incorreta, sendo o nosso gabarito. O reagrupamento dos
departamentos, divisões e serviços foi dado em 16 ministérios.
Essa é a típica questão cruel de cópia de texto da ESAF que tanto
condenamos.
Ainda sobre o período de 64, podemos afirmar que, apesar do ímpeto
reformista, a situação de deterioração em que se encontrava a
administração direta não foi resolvida. Além disso, podemos afirmar
que o patrimonialismo ainda estava presente em nossa Administração
Pública e que a burocracia continuava parcialmente implementada, a
despeito das iniciativas gerenciais. Vejamos um trecho do Artigo:
“Apesar dos avanços, a reforma de 1967 não
logrou eliminar o fosso crescente entre as
burocracias públicas instaladas na administração
direta e na indireta, nem garantir a
profissionalização do serviço público em toda a
sua extensão: “Não se institucionalizou uma
administração do tipo weberiano; a administração
indireta passou a ser utilizada como fonte de
recrutamento, prescindindo-se, em geral, do
concurso público” (Lima Júnior, 1998:14).
“A reforma administrativa embutida no Decreto-
Lei no 200 ficou pela metade e fracassou. A crise
política do regime militar, que se inicia já em
meados dos anos 1970, agrava ainda mais a
situação da administração pública, já que a
burocracia estatal foi identificada com o sistema
autoritário em pleno processo de degeneração
(Bresser-Pereira, 1996:273-274).

Concurseiro Fiscal Página 15 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Por relevante, devemos citar ainda a iniciativa do Programa Nacional


de Desburocratização, formalizado pelo Decreto Lei nº 83.740, de 18
de julho de 1979, que visava, entre outros aspectos, a simplificação e
desburocratização dos procedimentos do serviço público. Esse
programa tinha três macro objetivos, a saber: Desburocratizar a
administração pública (foco no usuário do serviço público); recuar o
excesso de intervenção econômica realizado pelo Estado, devolvendo
à iniciativa privada as atividades nas quais o controle público tenha se
tornado desnecessário ou injustificável; e melhoria dos mecanismos
de controle da administração indireta, reduzindo os excessos de
flexibilidade nas compras públicas, restaurando o instituto do
concurso público. Vejamos um trecho do artigo:
“Antes da descrição da reforma administrativa da
Nova República, merecem registro dois programas
de reforma elaborados entre 1979 e 1982, a
desburocratização e a desestatização. De
iniciativa do Poder Executivo, os dois programas
foram concebidos de forma a atender objetivos
complementares que seriam o aumento da
eficiência e eficácia na administração pública e o
fortalecimento do sistema de livre empresa. Mais
especificamente, o programa de
desburocratização, instituído pelo Decreto-Lei no
83.740, de 18 de julho de 1979, “visa à
simplificação e à racionalização das normas
organizacionais, de modo a tornar os órgãos
públicos mais dinâmicos e mais ágeis” (Wahrlich,
1984:53). Esperava-se que a supressão de etapas
desnecessárias tornaria mais ágil o sistema
administrativo, trazendo benefícios para
funcionários e clientes. Diferentemente dos outros
programas, o da desburocratização privilegiava o
usuário do serviço público. Daí o seu ineditismo,
porque nenhum outro programa antes era dotado
de caráter social e político. Mas, ele também
incluía entre seus objetivos o enxugamento da
máquina estatal, já que recomendava a eliminação
de órgãos pouco úteis ou cuidava para impedir a
proliferação de entidades com tarefas pouco

Concurseiro Fiscal Página 16 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

definidas ou já desempenhadas em outras


instituições da administração direta e indireta.”

Após esse período conturbado da Ditadura passamos a uma nova fase


política do Brasil, a Nova República. Pela sua relevância, não
podemos esquecer de citar a Assembleia Nacional Constituinte de
1987, e a promulgação da Constituição em 1988.
O fato é que houve uma verdadeira crise de diagnóstico, naquele
momento, da situação pela qual o país passava, e, nos dizeres do
célebre Bresser Pereira, houve um retrocesso burocrático na recém
promulgada Carta Magna.
O período foi marcado pela descentralização política, e pela
centralização administrativa, ignorando completamente o fenômeno
administrativo que ocorria na Inglaterra e nos EUA durante o período,
o Gerencialismo.
Para se ter ideia do retrocesso burocrático do período, a Constituição
ressuscitou o Regime Jurídico Único, transformando,
obrigatoriamente, todos os trabalhadores relacionados ao serviço
público (Faxineiros, Seguranças, entre outros) em servidores públicos,
estáveis, sujeitos à Lei 8.112.
Tal período foi sucedido pelo caótico Governo Collor, com seus
polêmicos planos econômicos. Sob esse prisma econômico
importantes medidas foram tomadas, a exemplo da abertura
comercial com a introdução de verdadeiros carros, em substituição às
“carroças” nacionais, como afirmava o presidente.
Esse governo notadamente “neoliberal” enxergava na figura do
servidor público um verdadeiro “marajá”, que ganhava muito e
trabalhava pouco.
“A rápida passagem de Collor pela presidência
provocou, na administração pública, uma
desagregação e um estrago cultural e psicológico
impressionantes. A administração pública sentiu
profundamente os golpes desferidos pelo governo
Collor, com os servidores descendo aos degraus
mais baixos da auto-estima e valorização social,
depois de serem alvos preferenciais em uma
campanha política altamente destrutiva e
desagregadora.”

Concurseiro Fiscal Página 17 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Sob o discurso da reconstrução do Estado, o governo Collor acabou


por desmantelar o aparelho estatal, reduzindo o nível de atendimento
e de qualidade da prestação dos serviços públicos, conforme trecho
abaixo:
“O governo Collor também prometeu uma
reforma do Estado orientada numa outra direção.
Se ela fosse sincera nos seus propósitos poderia,
como já vimos, contribuir para a consolidação e
universalização do Estado mínimo, e assim
assegurar o bem-estar dos cidadãos brasileiros.
Na verdade, movida a oportunismo neoliberal e
constituída como uma empresa de
desmantelamento do setor público, ela produziu
uma série de remanejamentos no plano da
organização administrativa, desarticulou as
estruturas encarregadas de operar políticas
compensatórias e em nada contribuiu para a
garantia de direitos civis ou de direitos sociais
básicos.”

Após essa fase conturbada ocorreu um dos momentos mais


importantes da nossa matéria, a reforma gerencial do Bresser Pereira.
Essa reforma, baseada no Plano Diretor da Reforma do
Aparelho do Estado, doravante chamado de PDRAE, trouxe uma
série de inovações administrativas para nossa administração pública.
O PDRAE propugnava por uma reforma que abarcasse as seguintes
dimensões:
• Uma breve interpretação da crise do Estado;
• Uma classificação evolutiva da administração pública;
• Um histórico das reformas administrativas no Brasil a partir dos
anos 30;
• Um diagnóstico da administração pública brasileira;
• Um quadro referencial das formas de propriedade, setores do
Estado e tipos de gestão;
• Uma estratégia de mudança;
• Os principais projetos de reforma do chamado aparelho do
Estado
O PDRAE tinha como agenda a implementação da chamada
“administração gerencial”, e, nas palavras do Lustosa seria:

Concurseiro Fiscal Página 18 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

“o fim da história da administração pública,


uma espécie de panacéia redentora do
estatismo patrimonialista e do ogro
burocrático”.
Pilares do PDRAE:
• Ajustamento fiscal duradouro;
• Reformas econômicas orientadas para o mercado que,
acompanhadas de uma política industrial e tecnológica,
garantissem a concorrência interna e criassem condições para o
enfrentamento da competição internacional;
• A reforma da previdência social;
• A inovação dos instrumentos de política social, proporcionando
maior abrangência e promovendo melhor qualidade para os
serviços sociais;
• A reforma do aparelho de Estado, com vistas a aumentar sua
“governança”, ou seja, sua capacidade de implementar de
forma eficiente políticas públicas.
Segundo Bresser, o Estado brasileiro não carecia de
governabilidade, dada a promulgação democrática da Carta de
1988, carecia sim de governança, ou seja, capacidade técnica,
gerencial e financeira de implementação de políticas públicas,
conforme trecho:
“Segundo o Pdrae, o governo brasileiro, no
âmbito dos três poderes, “não carecia de
‘governabilidade’, ou seja, de poder para
governar, dada sua legitimidade democrática e o
apoio com que contava na sociedade civil.
Enfrentava, entretanto, um problema de
governança, na medida em que sua capacidade de
implementar as política públicas estava limitada
pela rigidez e ineficiência da máquina
administrativa” (Mare, p. 3-4).”

Segundo Bresser, o Estado deveria deixar de ser o promotor direto do


desenvolvimento econômico e social e para ser seu promotor e
regulador. Nesse prisma a função do estado muda, buscando apoiar e
acelerar (catalisar) o desenvolvimento, através de políticas de
fomento e regulação.

Concurseiro Fiscal Página 19 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Para realizar essa reforma foi necessário atuar em três planos: O


institucional-legal (consubstanciado pela EC19); o cultural,
objetivando uma mudança na cultura do serviço público, mas adepta
aos resultados; e de gestão, na qual se realiza de fato a reforma.
Para realizar essa tarefa o PDRAE exigia:
• A redefinição dos objetivos da administração pública, voltando-a
para o cidadão-cliente;
• O aperfeiçoamento dos instrumentos de coordenação,
formulação e implementação e avaliação de políticas públicas;
• A flexibilização de normas e a simplificação de procedimentos;
• O redesenho de estruturas mais descentralizadas;
• O aprofundamento das ideias de profissionalização e de
permanente capacitação dos servidores públicos, ideias que vêm
da administração pública burocrática, mas que jamais foram
nela plenamente desenvolvidas.
Outro ponto importante se relaciona com as formas de propriedade,
níveis de atuação do Estado e formas de gestão, que estruturam a
doutrina proposta pelo Bresser Pereira no PDRAE.
Quanto às formas de propriedade, tradicionalmente existem duas, a
pública e a privada. A inovação do PDRAE vem com a ideia da
propriedade pública não estatal, na qual a propriedade dos bens é do
Estado, por conta das externalidades positivas geradas pela atividade
(saúde e educação), mas a gerência é repassada ao terceiro setor
(não lucrativo), por conta da maior flexibilidade e eficiência próprias
desse tipo de entidade.
No campo dos níveis de atuação do Estado ou setores, nas palavras
do PDRAE, temos quatro grupos, conforme quadro abaixo:

Setores de atuação do Estado (Fonte PDRAE)

Núcleo É o centro estratégico da República, é o setor no qual são


Estratégico. definidas as leis e políticas públicas, bem como o controle do
seu cumprimento. Corresponde aos Poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário, bem como o Ministério Público. No caso
brasileiro seria o Presidente da República, juntamente com seus
ministros, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional.
Nesse setor a propriedade deve ser necessariamente estatal, e
a gestão, preferencialmente, deve ser a burocrática, por conta
da segurança que ela proporciona.

Concurseiro Fiscal Página 20 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Atividades Esse é o setor no qual são prestados os serviços que somente o


Exclusivas. Estado tem legitimidade para realizar, cujo uso do poder
extroverso se faz necessário (Regulamentar, fiscalizar, cobrar,
fomentar e reprimir). Exemplos: Fiscalização sanitária e
tributária, justiça e polícia judiciária. Nesse setor a propriedade
também deve ser estatal, já a gestão pode ser uma mistura de
burocrática com gerencial.

Atividades não Esse setor é caracterizado pela não obrigatoriedade do uso do


exclusivas. poder extroverso. Aqui o Estado pode e deve participar, mas
não há a obrigatoriedade. Como exemplos podemos citar as
instituições educacionais e de saúde, nas quais existem
externalidades positivas não rentabilizáveis via mecanismos
tradicionais de mercado que justificam o fomento (apoio)
estatal via dotações orçamentárias. Aqui o ideal é o uso da
propriedade pública não estatal, com gestão privada ou
gerencial.

Produção de Corresponde ao ramo tradicional de atuação da iniciativa


bens e serviços privada, onde o lucro é o fator motivacional primordial. Caso o
estado esteja nesse setor, a justificativa advém da falta de
para o mercado. interesse da iniciativa privada (baixa rentabilidade), ou porque
é monopolista, ou, ainda, por falta de capital disponível no setor
privado. Aqui é recomendável a privatização com o controle via
regulamentação e mecanismos de regulação. A propriedade
privada é a regra.

Vejamos um gráfico extraído do PDRAE que resume perfeitamente sua


doutrina econômica, direcionando a forma de gestão e a de
propriedade ideal em função do setor estatal em análise:

Concurseiro Fiscal Página 21 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Devemos, ainda, ter em mente que, apesar das inúmeras tentativas,


são consideradas verdadeiramente como reformas pela bibliografia
três iniciativas governamentais, a saber: DASP, DL 200 e a Reforma
Gerencial de 1995. As demais iniciativas, apesar de sua relevância,
não foram consideradas como verdadeiras reformas paradigmáticas, e
sim incrementais.
A criação do DASP foi, de fato, importante, e inovou ao implementar
formalmente o modelo burocrático, mesmo diante da forte resistência
dos setores patrimonialistas da sociedade. O DL 200/67, a despeito do
regime ditatorial em que se desenvolveu, trouxe inovações de gestão
e descentralizou administrativamente muitas competências estatais. O
mesmo pode-se dizer da reforma gerencial, que apesar de
incremental, já que não rompeu totalmente com os preceitos
burocráticos, modificou a cultura administrativa brasileira, trazendo
conceitos de relevância para a gestão pública.
Recentemente, na prova da ESAF CGU 2012, houve a cobrança de um
tópico que provavelmente seja objeto de provas vindouras, de modo
que se faz obrigatório seu estudo. Trata-se do texto do Fernando Luiz
Abrucio, de título: “Trajetória recente da gestão pública brasileira: um
balanço crítico e a renovação da agenda de reformas” (Disponível na
internet).

Concurseiro Fiscal Página 22 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Como o próprio título sugere, o autor analisa as características dos


governos Lula e FHC, além de fazer um balanço crítico das recentes
reformas administrativas. Até certo ponto interessante, já que nos
acostumamos a apenas decorar o que o Bresser Pereira havia escrito,
agora podemos adotar a crítica do Abrucio, mas reitero, do Abrucio,
não a nossa.
Vejamos as questões da prova CGU 2012:
(ESAF – CGU 2012) Acerca das experiências de
reforma da máquina pública havidas em nosso
país, é correto afirmar que:
a) ao contrário da proposta bresseriana, as principais
experiências de reforma anteriores – o modelo
daspiano e o Decreto-Lei 200 – deram-se em um
ambiente democrático, baseado no debate e na
negociação, a despeito de um processo decisório mais
concentrador.
b) originariamente pensadas desde a edição do Plano
de Metas, as parcerias público-privadas (PPPs) não se
constituem, por isso mesmo, uma inovação do atual
modelo administrativo, apesar de seu grande sucesso
e proliferação nos níveis federal e subnacionais.
c) o melhor exemplo de um bem sucedido resultado
da Reforma Bresser é o caso das agências
regulatórias, montadas de forma homogênea calcada
na visão mais geral do modelo regulador, condição
básica ao que viria a substituir o padrão varguista de
intervenção estatal.
d) mesmo sem atingir todos os seus objetivos, a
proposta bresseriana de reforma deu causa a um
"choque cultural", tendo se espraiado pelos governos
subnacionais no qual, facilmente, percebe-se a sua
influência na atuação dos gestores públicos e em uma
série de inovações governamentais.
e) a atual proposta de reforma, também calcada na
gestão por resultados – porém não mais tachada de
"neoliberal" –, aposta seu sucesso em duas frentes: a

Concurseiro Fiscal Página 23 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

quebra da estabilidade, com o reforço do emprego


público, e a redução da administração indireta, com o
aprofundamento das privatizações.

Comentários:

A alternativa “A” deve ser considerada incorreta porque as


reformas do DL 200/67 e do DASP (1930) deram-se em um ambiente
ditatorial, e não democrático como presente na assertiva.
A “B” foi considerada incorreta, para a ESAF, a doutrina da PPP
surgiu, no mundo, no governo Thatcher (UK), 1980, e, no Brasil, em
2005, durante o governo Lula.
A “C” deve ser considerada falsa em razão da afirmação do
Abrucio em seu texto:
“Nesse contexto, o Mare não teve a capacidade de
coordenar o conjunto do processo de reforma do
Estado. O melhor exemplo de um tema que
escapou ao alcance da reforma Bresser foi o das
agências regulatórias, montadas de forma
completamente fragmentada e sem uma visão mais
geral do modelo regulador que substituiria o
padrão varguista de intervenção estatal. O
fracasso desta estratégia ficou claro, por exemplo,
no episódio do "apagão", que teve grande relação
com a gênese mal resolvida do marco regulatório
no setor elétrico.”

Assim, recomendo que vocês considerem como falsa qualquer


afirmativa que defenda o êxito da reforma Bresser, caso se relacione
com o texto.
A “D” deve ser considerada como verdadeira, e é o gabarito da
questão. Mais uma vez ela foi retirada do texto, conforme trecho a
seguir:
“Bresser se apoiou numa ideia mobilizadora: a de
uma administração voltada para resultados, ou
modelo gerencial, como era chamado à época. A
despeito de muitas mudanças institucionais

Concurseiro Fiscal Página 24 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

requeridas para se chegar a este paradigma não


terem sido feitas, houve um "choque cultural". Os
conceitos subjacentes a esta visão foram
espalhados por todo o país e, observando as ações
de vários governos subnacionais, percebe-se
facilmente a influência destas ideias na atuação de
gestores públicos e numa série de inovações
governamentais nos últimos anos.”

A “E” deve ser considerada como incorreta. Pois, se


consideramos a “Atual proposta de reforma” como sendo a do
governo Lula, foi na reforma FHC que houve essa agenda da quebra
de estabilidade e da privatização.
Gabarito – D.
Vejamos outra questão do mesmo concurso:
(ESAF – CGU 2012) Ao realizarmos um balanço
da recente trajetória da administração pública
brasileira no período contado a partir da edição
da Carta Constitucional de 1988, em especial
quanto a temas ligados à gestão, à governança
federativa e aos mecanismos de controle público,
é correto afirmar que:
a) se analisarmos o projeto bresseriano, ele foi bem-
sucedido. Tanto que o governo central apoiou
integralmente a ampla reforma da administração
pública prevista no Plano Diretor da Reforma do
Estado, sendo seu marco de gestão o conceito de
administração de resultados por meio da execução de
políticas, calcada no PAC.
b) a despeito das inegáveis melhorias na gestão
econômica, na introdução de mecanismos de avaliação
de políticas públicas e no ordenamento das políticas
sociais no campo federativo, os poderes dos órgãos de
controle têm sido sistematicamente reduzidos,
impactando negativamente a accountability vertical do
Estado.
c) um dos reflexos negativos do Plano Real foi a
descentralização excessiva das políticas públicas, sem

Concurseiro Fiscal Página 25 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

a necessária preocupação com a articulação


intergovernamental e com a heterogeneidade da
federação brasileira, dando causa à redução da
competição entre os governos subnacionais e à
extinção da chamada "guerra fiscal".
d) a Constituição Federal ousou e inovou ao incorporar
os preceitos de profissionalização e publicização,
impregnada como o foi pelo movimento de reformas
intitulado New Public Management, que varria países
da Europa e da Oceania desde os anos 1950.
e) nos últimos tempos, o ciclo das políticas públicas
tem visto crescer a participação e o controle sociais,
fenômeno em muito impulsionado pela diversidade de
programas que atrelam o recebimento de recursos à
montagem de mecanismos de participação e
fiscalização locais.

Comentários:

A alternativa “A” deve ser considerada como falsa, pois, como


vimos na questão anterior, o caso das agências reguladoras durante o
“apagão” foi citado como sendo um “case” de fracasso do modelo
regulador no Brasil.
A “B” deve ser considerada como falsa, porque, apesar das
tentativas do Lula de reforma no TCU, não houve qualquer medida
institucional para reduzir os poderes dos órgãos de controle no país.
É de amplo conhecimento que a “guerra fiscal” ainda não acabou, e,
ao que parece, estamos distantes desse desfecho. Portanto,
incorreta a alternativa “C”.
A “D” é igualmente incorreta, sabemos que a CF de 1988
necessitou de reformas (EC 19) para adaptar-se ao gerencialismo.
A “E” é o nosso gabarito, de fato o “accountability” (Participação
social), vem crescendo, conforme trecho de autoria do Abrucio:
“A accountability vertical avançou igualmente no
campo do controle social. A Constituição e a

Concurseiro Fiscal Página 26 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

legislação infraconstitucional propuseram a


criação de diversos Conselhos de Políticas
Públicas pelo Brasil afora. Continuando esta
tendência, vários programas e políticas
implantados nos governos FHC e Lula atrelaram
o recebimento de recursos à montagem de
mecanismos de participação e fiscalização locais.
Se é verdade que nem sempre tais instituições
conseguem ser efetivas na democratização do
plano local, sendo muitas vezes frágeis perante os
Executivos subnacionais e/ou os grupos de
interesse mais poderosos, também deve se
ressaltar que nunca houve tantos cidadãos
participando, de algum modo, do ciclo de políticas
públicas e o Estado se tornou mais visível e
permeável para a sociedade.

Gabarito – E.

Concurseiro Fiscal Página 27 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Questão Discursiva

(ESAF – AFRFB 2009) A seguinte afirmativa está repleta de erros


conceituais. Identifique-os, fundamentando sua argumentação (30
Linhas):

"Pelo fato de integrar, nos termos do Plano Diretor da Reforma do


Aparelho do Estado, o chamado Núcleo Estratégico, a fiscalização
tributária se reveste de um caráter eminentemente burocrático. Por
conseguinte, seu processo de modernização deve ser refratário à
incorporação de novas técnicas gerenciais, limitando-se ao
desenvolvimento de ferramentas de acesso aos dados fiscais do
contribuinte, a exemplo do que ocorre, há mais de uma década, com
a declaração do imposto de renda via internet."

Concurseiro Fiscal Página 28 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Resposta da Discursiva

De acordo com a doutrina do Bresser Pereira, em sua


obra Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado,
foram encontrados três erros no texto proposto.

O primeiro Erro da afirmativa foi enquadrar a


administração tributária no Núcleo Estratégico do
Estado, quando na verdade ele pertence ao setor de
serviços exclusivos de Estado, dada a necessidade do
uso do poder extroverso no exercício da atividade
fiscal. Além disso, nesse setor não há a predominância
do modelo burocrático de administração, e sim uma
mescla da administração burocrática com a gerencial,
por conta da necessidade de flexibilidade e resultados.

O segundo erro consistiu na afirmação de que no setor


de serviços exclusivos a administração deve ser
refratária ao uso de novas técnicas gerenciais. Muito
pelo contrário, dada a necessidade de resultados típica
dessa função, é desejável que o órgão implemente novas
iniciativas com o objetivo de melhorar os resultados da
prestação do serviço para a sociedade.

O terceiro erro foi a afirmação de que a administração


fiscal deve se limitar ao uso das ferramentas de acesso
aos dados fiscais do contribuinte, a exemplo da
Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física pela
internet. Muito pelo contrário, é desejável e
necessário, dada a alta quantidade de informação
envolvida, que novas ferramentas e técnicas sejam
desenvolvidas para melhorar os resultados e a
eficiência da Administração Tributária.

Concurseiro Fiscal Página 29 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

2. evolução dos modelos/paradigmas de gestão: A Nova


Gestão Pública.

A Nova Gestão Pública, ou “New Public Management”, é um


movimento administrativo que visava dotar o Estado de uma maior
governança, responsável pelas inovações do modelo de administração
pública gerencial, e suas posteriores melhorias.
O gerencialismo não é um modelo estanque, que não sofreu
alterações da década de oitenta para cá. Muito pelo contrário, pouco a
pouco ele foi sendo melhorado com a agregação de novos valores.
Veremos mais adiante os três tipos de administração gerencial
conforme o estudo comparado do Abrucio.

São princípios da Nova Gestão Pública (NGP):

• Caráter estratégico ou orientado por resultado do


processo decisório;
• Descentralização;
• Flexibilidade;
• Desempenho crescente e pagamento por
desempenho/produtividade;
• Competitividade interna e externa;
• Direcionamento estratégico;
• Transparência e cobrança de resultados (“accountability”);
• Padrões diferenciados de delegação e discricionariedade
decisória;
• Separação da política de sua gestão;
• Desenvolvimento de habilidades gerenciais;
• Terceirização;
• Limitação da Estabilidade de servidores e regimes
temporários de emprego;
• Estruturas diferenciadas.

Do gênero Gerencialismo, o autor Fernando Luiz Abrucio


esquematizou três espécies: O Gerencialismo puro
(Managerialism), Consumerismo (Consumerism) e o PSO
(Public Service Oriented). Abrucio faz um estudo comparado do
Gerencialismo considerando os casos Inglês e Americano como

Concurseiro Fiscal Página 30 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

referência, esquematizando o processo evolutivo desse movimento.


Ressalto que a ESAF adota a doutrina desse autor em suas provas,
sendo recomendável a leitura do seu texto: “O impacto do modelo
gerencial na administração pública.”.

Respostas à crise do modelo burocrático Inglês (Whitehall)

Modelo gerencial Puro Consumerism Public Service Orientation


(PSO)

Economia/Eficiência Efetividade/Qualidade “accountability”/Equidade


(Produtividade)

Taxpayers (contribuintes) Clientes/Consumidores Cidadãos

O autor avisa que essa classificação é mero esquema didático para


facilitar o estudo do tema, que, de fato, não se pode ser resumido a
apenas três momentos:
“Em primeiro lugar, é preciso ficar claro que
fiz uma rígida divisão entre as teorias apenas
para facilitar a comparação entre elas. Na
realidade, há um grau razoável de intercâmbio
entre as teorias, principalmente no caso das
duas últimas (consumerism e public service
orientation). Existem até autores que não se
enquadram exatamente nesta classificação.
Ademais, esta classificação não vale para os
autores americanos aqui estudados
(BARZELAY, 1992; OSBORNE & GAEBLER,
1994).”

É importante ter em mente que assim como o gerencialismo não é


incompatível com muitos dos preceitos burocráticos, a exemplo do
profissionalismo, os três tipos de gerencialismo não são excludentes
ou incompatíveis, apenas mudam o enfoque, fazendo parte de um
processo incremental de evolução.

Concurseiro Fiscal Página 31 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Gerencialismo Puro

O modelo gerencial puro foi o primeiro a ser implantado de fato, e


teve como cenário a Inglaterra da década de 80. Entretanto, é nos
Estados Unidos que o debate em torno do tema ganha mais corpo,
por conta de sua tradição, a exemplo do artigo escrito por Woodrom
Wilson: “The study of administration”. Apesar disso, o modelo
gerencial tardou a edificar-se nos EUA em virtude da valorização pelo
preceito burocrático da impessoalidade, essa no sentido da estrita
separação entre a política e a burocracia.
Apesar disso, é por conta da questão financeira, mas especificamente
a crise fiscal do Estado, que tanto a Inglaterra como Estados Unidos
adotaram o modelo de administração gerencial puro. Nesse primeiro
momento o foco era a eficiência, fazer mais com menos, tentando
superar uma das maiores deficiências da burocracia, a pouca
eficiência pratica do modelo, lembrando que em “tese” a burocracia é
um modelo eficiente (por conta da sua racionalidade). Segundo
Abrucio:
“E é sob o signo da questão financeira, tanto
nos Estados Unidos como na Grã-Bretanha,
que o modelo gerencial puro foi implantado. O
managerialism seria utilizado no setor público
para diminuir os gastos em uma era de
escassez e para aumentar a eficiência
governamental. Em suma, o gerencialismo
puro tinha como eixo central o conceito de
produtividade (POLLITT, 1990: 2). Não por
acaso um dos livros fundamentais àquela
época chamava-se “Fazendo mais com
menos” (Doing more with less) — UKELES,
1982.”

Nesse primeiro momento gerencial a valorização dos impostos (Value


Money e cost consciousness) pagos pelo contribuinte foi o foco da
administração Thatcher. A racionalização do processo orçamentário
visando uma maior eficiência no uso dos recursos públicos foi sua
principal pauta política.

Concurseiro Fiscal Página 32 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Abrucio afirma que a descentralização administrativa foi um dos


instrumentos utilizados para melhorar a eficiência dos serviços
prestados, tentando definir claramente as responsabilidades de cada
agente público no processo de construção de uma administração
pública mais produtiva:
“A descentralização administrativa constituiu-
se em uma outra opção organizacional
importante. Seu objetivo precípuo foi
aumentar a autonomia das agências e dos
departamentos. É importante notar que a
descentralização era concebida a partir de
uma definição clara dos objetivos de cada
agência, os quais deveriam ser cumpridos sob
a vigilância e controle do Poder Central.
Desta forma, apesar da propaganda
governamental favorável à descentralização, o
que acontecia era uma desconcentração de
poderes.”
“À estrutura extremamente hierárquica
característica do modelo Whitehall foi
contraposto um modelo em que se procurava
delegar autoridade (empowerment) aos
funcionários. Dentro do contexto da cultura
gerencial, era preciso criar mais gerentes,
com habilidade e criatividade para encontrar
novas soluções, sobretudo para aumentar a
eficiência governamental. Assim, a delegação
de autoridade era uma resposta no primeiro
momento institucional, e que com o tempo
poderia transformar acultura da burocracia.”

Contudo, essa obsessão pela eficiência acabou enrijecendo em


demasia os controles de custo dos órgãos públicos dificultando a
implementação de novas alternativas:
Mas, ao enfatizar em demasia a estratégia da
eficiência, o modelo gerencial puro poderia
estar jogando para segundo plano outros
valores fundamentais na atuação dos gerentes.

Concurseiro Fiscal Página 33 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Em particular, a flexibilidade para decidir e


inovar. Os critérios de medição da eficiência
poderiam se tornar tão rígidos e portanto
ineficazes, nos termos do managerialism —
quanto às regras e procedimentos do modelo
burocrático weberiano.

O principal problema do modelo gerencial puro não era só a obsessão


pela eficiência, era o desprezo pelo conceito de efetividade na
prestação do serviço público, ou seja, apesar do serviço custar pouco
(Ser eficiente), ele não resolvia o problema do “consumidor” (não era
efetivo).
Vejamos um exemplo, uma campanha de vacinação pode ser muito
eficiente caso o Estado consiga comprar as doses dessa a um preço
abaixo do valor de mercado para esse produto. Contudo, caso essa
vacina não tenha qualidade, ou seja, ela não imunize os pacientes, a
campanha não será efetiva, e todo o dinheiro investido será
desperdiçado. Vejamos mais um trecho do Abrucio:
“O enfoque apenas da eficiência
governamental possui outro problema: a
avaliação da efetividade dos serviços públicos
não recebe a devida importância. Efetividade
é entendida aqui como o grau em que se
atingiu o resultado esperado (OSBORNE &
GAEBLER, 1994: 381). Portanto, a efetividade
não é um conceito econômico — como a
eficiência pura — mas de avaliação
qualitativa dos serviços públicos.”

Outro aspecto negativo do modelo gerencial puro é a sua “miopia” em


relação aos anseios dos clientes/consumidores. É essa perspectiva
que o “Consumerismo” traz à administração pública.

O “Consumerismo” (Consumerism)

O “Consumerism” surgiu da crítica ao gerencialismo puro, da


necessidade de incorporação de novos valores a esse modelo. A

Concurseiro Fiscal Página 34 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

eficiência levada ao extremo pode enrijecer demasiadamente a gestão


pública, de modo que outras variáveis devem ser consideradas nessa
equação.
Um desses valores é a qualidade. O modelo “gerencial puro”, cego
pela busca da economicidade, não dava a devida importância ao
atributo qualidade. Sabemos que o serviço público deve valorizar o
dinheiro pago pelo contribuinte, respeitando o sacrifício financeiro
feito por ele, mas não há sentido em se economizar aplicando
recursos em serviços desnecessários e de qualidade ruim. Tal conduta
implica desperdício, uma vez que o dinheiro é aplicado e as
necessidades da sociedade não são atendidas ou são atendidas de
maneira precária.
Vejamos um exemplo, de que adianta numa campanha de vacinação
um município comprar as vacinas mais baratas existentes no mercado
se, no fim do processo, essas vacinas não garantirem imunização às
crianças participantes dela. É essa a tese do “consumerism”, tentar
adicionar ao “gerencialismo puro” os valores da qualidade e da
efetividade, cujo significado veremos mais adiante.
Segundo Abrucio:
“A busca da qualidade dos serviços públicos é
outro conceito que o modelo gerencial vem
incorporando. Desde a metade da década de
80, o governo britânico vem se utilizando do
referencial da qualidade na avaliação de
resultados das agências e dos programas. Isto
ocorreu, em primeiro lugar, por causa das
críticas contra a ênfase dada inicialmente à
mensuração da eficiência e não da efetividade
dos serviços públicos. Neste sentido, Norman
Flynn afirma que “a imposição arbitrária da
diminuição dos custos pode conduzir mais à
redução do nível (de qualidade) dos serviços
do que a um aumento de produtividade”
(FLYNN, 1990:113)”

Em busca da qualidade e da efetividade dos serviços públicos o


governo inglês adotou medidas para atingir esses objetivos, a
exemplo do “citizen’s charter”, que nada mais é do que um programa
de avaliação de desempenho dos serviços prestados pelos órgãos

Concurseiro Fiscal Página 35 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

públicos recolhidos de dados obtidos junto aos consumidores. Tal


medida associada à descentralização administrativa
(desconcentração) e à competição empurram a administração pública
inglesa rumo à qualidade.
Vejamos uma afirmativa da ESAF acerca do Consumerism, retirada da
prova de AFT:
“b) o consumerismo consiste em uma
reorientação do gerencialismo puro, mais
voltada à racionalização e tendo como ponto
central a satisfação das necessidades dos
cidadãos, consumidores de serviços públicos.”

Afirmativa verdadeira, vimos que o consumerism defende a ideia


de que a administração pública não pode ser só eficiente, ela deve ser
também efetiva, resolvendo com qualidade os problemas da
sociedade.
Através da descentralização existe uma premissa de que os serviços
tendem a melhorar, haja vista a maior cobrança dos usuários e
consumidores. A competição, no sentido mais amplo possível (Público
x Público e Privado x Público), também é outra iniciativa que tenta
balancear o problema da qualidade no serviço público.
Outra iniciativa do “consumerism” é a contratualização dos serviços
públicos, em contraponto ao anterior monopólio Estatal dos mesmos.
Através de relações contratuais com o setor privado e o
voluntariado/não lucrativo buscava-se um mecanismo institucional
mais flexível em contraposição ao anterior monopólio. A
descentralização (por outorga ou delegação no caso brasileiro)
também foi defendida como medida em favor da qualidade e
eficiência.
Contudo, apesar dos grandes avanços, existem críticas dirigidas ao
modelo. Vejamos algumas delas citadas pelo Abrucio:
“A crítica mais geral é direcionada ao
conceito de consumidor de serviços públicos.
Em primeiro lugar, com relação à diferença
que existe entre o consumidor de bens no
mercado e o “consumidor” dos serviços
públicos. Como aponta Pollitt, é mais
complexa a relação do prestador de serviço

Concurseiro Fiscal Página 36 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

público com o consumidor, já que ela não


obedece ao puro modelo de decisão de compra
vigente no mercado. Aliás, há determinados
serviços públicos cujo caráter é compulsório,
isto é, não existe a possibilidade de escolha,
como provam a utilização em determinados
momentos dos hospitais e dos serviços
policiais (POLLITT, 1990: 125).”
“Para vários autores, o conceito de
consumidor deve ser substituído pelo de
cidadão. Isto porque o conceito de cidadão é
mais amplo do que ode cliente/ consumidor,
uma vez que a cidadania implica direitos e
deveres e não só liberdade de escolher os
serviços públicos (STEWART & WALSH,1992:
507).”
“Na verdade, a cidadania está relacionada
com o valor de accountability, que requer uma
participação ativa na escolha dos dirigentes,
no momento da elaboração das políticas e na
avaliação dos serviços públicos. Desta forma,
mecanismos como os do Citizen’s Charter —
cujo nome não corresponde à realidade, pois
este programa é direcionado ao consumidor —
só enfatizam um aspecto da cidadania, o de
controlar as políticas públicas. O consumidor
é, no mais das vezes, um cidadão passivo.”

Assim, a bibliografia defende que o conceito de cliente é insuficiente


para atender as necessidades de uma sociedade cada vez mais
complexa, havendo a necessidade de estabelecimento de uma política
bilateral, permeável aos anseios populares.
Outra crítica relevante se refere à cooptação dos consumidores num
cenário de escassez de recursos, gerando uma diferenciação em
relação aos serviços prestados a grupos sociais organizados, em
detrimento da população em geral. Como argumenta Clarke: “Quando
os recursos são limitados, o problema não é satisfazer os
consumidores, mas que consumidores satisfazer”.

Concurseiro Fiscal Página 37 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Cabe ressaltar, ainda, um ponto negativo da competição que seria o


“jogo de soma zero”. Num cenário extremo, a competição premiaria
um dos participantes dando a ele a maior parte dos recursos
orçamentários, restando ao outro um orçamento mais reduzido, o
que, no médio prazo, conduziria o perdedor a fechar suas portas.
Conforme Abrucio:
“O modelo da competição pode levar àquilo
que a Ciência Política denomina de jogo de
soma-zero. Isto é, o equipamento social
vencedor (aprovado pela população) no
começo do jogo, “leva tudo” (takesall),
ganhando todos os incentivos para continuar
sendo o melhor. Já a unidade de serviço
público que obtiver as piores “notas” dos
consumidores, “perde tudo”, o que resultará
indiretamente na aplicação de incentivos para
que este equipamento social continue sendo o
pior. Neste jogo, o maior perdedor é o
princípio da eqüidade na prestação dos
serviços públicos, transformando alguns
consumidores em mais cidadãos do que os
outros.”

Public Service Oriented (PSO)

Vimos que não houve uma ruptura durante o processo de


“construção” do gerencialismo, ou o movimento da Nova Gestão
Pública, houve, sim, um desenvolvimento incremental do modelo,
agregando novas perspectivas ao modelo. Com o PSO não foi
diferente, agora temas como o republicanismo, democracia,
“accountability”, transparência, participação popular e equidade
entraram na agenda da gestão pública de forma incisiva, tendo a
descentralização um papel principal nesse processo.
Vejamos uma afirmativa da ESAF retirada da prova de AFT:
“d) nos anos 1990, o Public Service Oriented
resgatou os conceitos de transparência, dever
social de prestação de contas, participação

Concurseiro Fiscal Página 38 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

política, equidade e justiça, introduzindo


novas ideias ao modelo gerencial puro.”

Afirmativa verdadeira, vimos que esses conceitos realmente foram


agregados ao gerencialismo com o PSO.
Essa corrente tinha como premissa que o governo local
(Descentralizado) não seria o “melhor meio”, tecnicamente falando,
para a prestação de serviços públicos, mas seria o melhor porque nele
a sociedade poderia participar das decisões que afetam suas vidas e
suas comunidades. Defendendo, portanto, a questão política da
descentralização, e não a administrativa. Segundo Abrucio:
“Portanto, o PSO defende as virtudes políticas
da descentralização. No modelo gerencial
puro, a descentralização era valorizada como
meio de tornar mais eficazes as políticas
públicas. Já no consumerism, o processo de
descentralização era saudável na medida em
que ele aproximava o centro de decisões dos
serviços públicos dos consumidores, pensados
como indivíduos que têm o direito de escolher
os equipamentos sociais que lhes oferecer
melhor qualidade. O ponto que aqui distingue
o PSO das outras correntes é o conceito de
cidadão. Pois, enquanto o cidadão é um
conceito com conotação coletiva — pensar na
cidadania como um conjunto de cidadãos com
direitos e deveres —, o termo consumidor (ou
cliente) tem um referencial individual,
vinculado à tradição liberal, a mesma que dá,
na maioria das vezes, maior importância à
proteção dos direitos do indivíduo do que à
participação política, ou então maior valor ao
mercado do que à esfera pública (POLLITT,
1990: 129).”

Desse modo, o PSO trouxe de volta a baila os conceitos de


participação e “accountability”, mesmo contra as pressões dos mais
conservadores. Para o modelo, a esfera pública é vista como o local

Concurseiro Fiscal Página 39 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

propício para a aprendizagem social, para a evolução do debate


público.
Vejamos uma afirmativa da ESAF retirada da prova de Auditor
sobre o tema:
“c) com o aumento da descentralização,
visava-se reduzir o nível de accountability a
que se submeteriam os órgãos reguladores.”

Ora, apesar de a questão não especificar que modelo específico da


Nova Gestão Pública se referia, nota-se que o PSO defende que a
descentralização amplia o nível de “accountability” de um modo geral,
por aproximar a gestão da sociedade, permitindo um maior controle
por parte dela. Afirmativa ERRADA.
Abrucio afirma, outrossim, que apesar de suas virtudes, um ponto que
o PSO não propõe solução é a questão da coordenação do serviço
público no âmbito nacional, já que defende iniciativas locais
(Descentralizadas). Além disso, o modelo não diz quais seriam as
medidas para atenuar as desigualdades regionais, que, no caso inglês
são menores, mas no caso brasileiro, são enormes.
No próximo capítulo veremos o tópico 3 e 4 do Edital: “Experiências
de reformas administrativas” e “O processo de modernização da
Administração Pública”. Vamos aos exercícios propostos.

Concurseiro Fiscal Página 40 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Questões propostas

4. O processo de Modernização da Administração Pública; 5.


Evolução dos modelos/paradigmas de gestão: A Nova Gestão
Pública.

Questão 01 - (ESAF/MPOG/2008)

Qual dos itens abaixo não representa adequadamente as


características do movimento conhecido como New Public
Management - NPM.

a) Foco no incremento da produtividade – propondo mecanismos para


que o governo faça “mais com menos”.
b) Reafirmação do papel do estado como o principal facilitador das
soluções referentes aos problemas decorrentes da globalização,
mudanças tecnológicas e climáticas, transformações demográficas.
c) Analogia com os mercados – incentivo à competição como forma
de controlar as patologias da burocracia no setor público.
d) Defesa da descentralização do poder decisório.
e) Foco na satisfação do cliente, entendido como sendo o usuário do
serviço público.

Questão 02 - (ESAF- AFRFB 2009)

Uma correta análise da adoção da chamada Nova Gestão


Pública, pelo Brasil, revela que:

a) em sua forma original, a Constituição Federal de 1988 já


disponibilizava a base legal suficiente para a implementação daquele
novo modelo de gestão, sem a necessidade de reformas.
b) toda a máquina pública passou a adotar o controle por resultados,
razão pela qual foram descontinuados alguns mecanismos de controle
financeiro e orçamentário até então existentes.
c) com o aumento da descentralização, visava-se reduzir o nível de
accountability a que se submeteriam os órgãos reguladores.

Concurseiro Fiscal Página 41 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

d) no plano federal, a implementação das Organizações Sociais


sagrou-se vitoriosa, havendo, hoje, milhares delas espalhadas pelo
país, prestando serviços públicos essenciais.
e) o Estado tinha por objetivo atuar mais como regulador e promotor
dos serviços públicos, buscando, preferencialmente, a
descentralização, a desburocratização e o aumento da autonomia de
gestão.

Questão 03 - (ESAF – AFT 2010)

As seguintes afirmações espelham entendimentos corretos


sobre a Nova Gestão Pública (NGP), exceto:

a) a NGP é um movimento cuja origem remonta às mudanças havidas


nas administrações públicas de alguns países a partir da década de
1970, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra.
b) o consumerismo consiste em uma reorientação do gerencialismo
puro, mais voltada à racionalização e tendo como ponto central a
satisfação das necessidades dos cidadãos, consumidores de serviços
públicos.
c) a NGP nasceu gerencialista nos anos 1980, tendo sido fortemente
inspirada nas reformas minimalistas e na proposta de aplicação da
tecnologia de gestão empresarial ao Estado.
d) nos anos 1990, o Public Service Oriented resgatou os conceitos de
transparência, dever social de prestação de contas, participação
política, equidade e justiça, introduzindo novas ideias ao modelo
gerencial puro.
e) desde o início, a experiência brasileira em NGP aponta para uma
forte retomada do estado do bem-estar social e do
desenvolvimentismo burocrático, ideal reforçado pela recente crise do
mercado financeiro internacional.

Questão 04 - (ESAF/MPOG/2009)

Podendo ser identificada como uma perspectiva inovadora de


compreensão, análise e abordagem dos problemas da

Concurseiro Fiscal Página 42 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

administração pública, com base no empirismo e na aplicação


de valores de eficácia e eficiência em seu funcionamento, a
Nova Gestão Pública propõe um modelo administrativo dotado
das seguintes características, exceto:

a) direcionamento estratégico.
b) limitação da estabilidade de servidores e regimes temporários de
emprego.
c) maior foco nos procedimentos e menor foco nos produtos e
resultados.
d) desempenho crescente e pagamento por desempenho-
produtividade.
e) transparência e cobrança de resultados (accountability).

Questão 05 - (ESAF/MPOG/2003)

Diante dos crescentes desafios decorrentes da crise fiscal,


aumento das demandas sociais e a necessidade da retomada
do crescimento, a administração pública vê-se obrigada a
aperfeiçoar a sua organização para estar à altura de seus
objetivos de políticas públicas. Assinale a opção que identifica
corretamente os contornos da nova administração pública.

a) Centralização do ponto de vista político, descentralização


administrativa e administração voltada para o atendimento ao
cidadão.
b) Descentralização do ponto de vista político, centralização
administrativa e administração voltada para o atendimento ao
cidadão.
c) Descentralização do ponto de vista político, descentralização
administrativa e administração auto-referida.
d) Descentralização do ponto de vista político, descentralização
administrativa e administração voltada para o atendimento ao
cidadão.

Concurseiro Fiscal Página 43 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

e) Centralização do ponto de vista político, descentralização


administrativa e controle rígido passo a passo.

Questão 06 - (ESAF/MPOG/2005)

Entre os dilemas do modelo pós-burocrático, marque com (V) a


assertiva verdadeira e com (F) a assertiva falsa e ao final
assinale a opção correta.

( ) A relação entre a lógica fiscal e a lógica gerencial pode ser


conflitante, visto que existe um trade off entre autonomia gerencial,
exercida por mecanismos contratuais, e o controle fiscal rígido que
inibe a administração por objetivos.
( ) A descentralização, apesar de possibilitar a melhora da
democratização e da eficiência do sistema, pode agravar as diferenças
regionais produzindo uma segregação entre regiões pobres e ricas,
prejudicando a eqüidade dos serviços públicos.
( ) A separação entre formulação de políticas públicas e sua
implementação pode prejudicar o accountability, pois fica mais difícil
identificar o responsável pela prestação global dos serviços públicos.

Indique a alternativa correta.

a) V, F, V
b) F, V, V
c) V, V, F
d) F, F, V
e) V, V, V

Questão 07 - (ESAF/PSS/2008)

A despeito do debate sobre a nova gestão pública não estar


encerrado, a análise permite identificar algumas
características comuns. Entre elas não se inclui:

Concurseiro Fiscal Página 44 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

a) flexibilidade administrativa, que permita às instituições e às


pessoas definirem seus objetivos e assim se tornarem responsáveis
por produzir os resultados pactuados.
b) reorientação dos mecanismos de controle para resultados,
evoluindo do controle da legalidade e do cumprimento do rito
burocrático para uma nova abordagem centrada no alcance de
objetivos.
c) controle social, o que quer dizer desenhar mecanismos de
prestação social de contas e avaliação de desempenho próximos da
ação.
d) valorização do servidor, que representa a âncora do processo de
construção coletiva do novo paradigma realizado pelo conjunto dos
servidores de forma participativa.
e) focalização da ação do Estado no cidadão, o que significa superar o
Estado autoreferido e resgatar da esfera pública como instrumento do
exercício da cidadania.

Questão 08 - (ESAF ANA 2009)

Sobre o tema 'administração pública gerencial', é correto


afirmar:

a) o consumerism e o public service oriented são visões


completamente antagônicas da administração pública gerencial.
b) no Brasil, a adoção do gerencialismo na administração pública visa
à efetiva implantação de um modelo burocrático weberiano, objetivo
que nenhuma reforma administrativa logrou alcançar.
c) a primeira experiência de administração pública gerencial, em
nosso país, remonta ao século passado, sendo seu marco a criação do
DASP, por Getúlio Vargas, em 1936.
d) Tal como originalmente promulgada, em outubro de 1988, a
Constituição Federal contemplava todos os preceitos do gerencialismo,
não necessitando, para tanto, sofrer qualquer alteração posterior.

Concurseiro Fiscal Página 45 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

e) uma das principais críticas que se faz ao consumerism decorre do


fato de o modelo não identificar, adequadamente, quem são os seus
clientes, já que o conceito de 'consumidor' não equivale ao de
'cidadão'.

Questão 09 - (ESAF/AFRF/2002)

Assinale a opção que apresenta atributo disfuncional exclusivo


da gestão pública, quando examinada a organização como um
todo.

a) Multiplicidade de objetivos e dificuldade de se mensurar impactos


sociais.
b) Insulamento burocrático.
c) Problemas de agência, tal como o risco moral e rent seeking.
d) Maior abrangência da participação de agentes externos envolvidos,
complementaridade e divergência de seus interesses.
e) Assimetria de informação.

Questão 10 - (ESAF – CGU 2012)

Acerca das experiências de reforma da máquina pública


havidas em nosso país, é correto afirmar que:

a) ao contrário da proposta bresseriana, as principais experiências de


reforma anteriores – o modelo daspiano e o Decreto-Lei 200 – deram-
se em um ambiente democrático, baseado no debate e na negociação,
a despeito de um processo decisório mais concentrador.
b) originariamente pensadas desde a edição do Plano de Metas, as
parcerias público-privadas (PPPs) não se constituem, por isso mesmo,
uma inovação do atual modelo administrativo, apesar de seu grande
sucesso e proliferação nos níveis federal e subnacionais.
c) o melhor exemplo de um bem sucedido resultado da Reforma
Bresser é o caso das agências regulatórias, montadas de forma
homogênea calcada na visão mais geral do modelo regulador,

Concurseiro Fiscal Página 46 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

condição básica ao que viria a substituir o padrão varguista de


intervenção estatal.
d) mesmo sem atingir todos os seus objetivos, a proposta bresseriana
de reforma deu causa a um "choque cultural", tendo se espraiado
pelos governos subnacionais no qual, facilmente, percebe-se a sua
influência na atuação dos gestores públicos e em uma série de
inovações governamentais.
e) a atual proposta de reforma, também calcada na gestão por
resultados – porém não mais tachada de "neoliberal" –, aposta seu
sucesso em duas frentes: a quebra da estabilidade, com o reforço do
emprego público, e a redução da administração indireta, com o
aprofundamento das privatizações.

Questão 11 - (ESAF – CGU 2012)

Ao realizarmos um balanço da recente trajetória da


administração pública brasileira no período contado a partir da
edição da Carta Constitucional de 1988, em especial quanto a
temas ligados à gestão, à governança federativa e aos
mecanismos de controle público, é correto afirmar que:

a) se analisarmos o projeto bresseriano, ele foi bem sucedido. Tanto


que o governo central apoiou integralmente a ampla reforma da
administração pública prevista no Plano Diretor da Reforma do
Estado, sendo seu marco de gestão o conceito de administração de
resultados por meio da execução de políticas, calcada no PAC.
b) a despeito das inegáveis melhorias na gestão econômica, na
introdução de mecanismos de avaliação de políticas públicas e no
ordenamento das políticas sociais no campo federativo, os poderes
dos órgãos de controle têm sido sistematicamente reduzidos,
impactando negativamente a accountability vertical do Estado.
c) um dos reflexos negativos do Plano Real foi a descentralização
excessiva das políticas públicas, sem a necessária preocupação com a
articulação intergovernamental e com a heterogeneidade da federação
brasileira, dando causa à redução da competição entre os governos
subnacionais e à extinção da chamada "guerra fiscal".

Concurseiro Fiscal Página 47 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

d) a Constituição Federal ousou e inovou ao incorporar os preceitos


de profissionalização e publicização, impregnada como o foi pelo
movimento de reformas intitulado New Public Management, que varria
países da Europa e da Oceania desde os anos 1950.
e) nos últimos tempos, o ciclo das políticas públicas tem visto crescer
a participação e o controle sociais, fenômeno em muito impulsionado
pela diversidade de programas que atrelam o recebimento de recursos
à montagem de mecanismos de participação e fiscalização locais.

Questão 12 - (ESAF ANA 2009)

Em nosso país, sobre o modelo composto pelos processos


participativos de gestão pública, também conhecido por
“administração pública societal”, é correto afirmar:

a) enfatiza a eficiência administrativa e se baseia no ajuste estrutural,


nas recomendações dos organismos multilaterais internacionais e no
movimento gerencialista.
b) tem por origem o movimento internacional pela reforma do Estado,
que se iniciou nos anos 1980 e se baseia, principalmente, nas
experiências inglesa e estadunidense.
c) é participativo no nível do discurso, mas centralizador no que se
refere ao processo decisório, à organização das instituições políticas, e
à constrição de canais de participação popular.
d) enfatiza a adaptação das recomendações gerencialista para o setor
público.
e) não apresenta uma proposta para a organização do aparelho do
Estado, limitando-se a enfatizar iniciativas locais de organização e de
gestão pública.

Questão 13 - (ESAF STN 2012)

Pode-se afirmar que foram aspectos negativos da reforma


administrativa da década de trinta, exceto:

a) tentou ser, ao mesmo tempo, global e imediata.


Concurseiro Fiscal Página 48 de 77
www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

b) dava ênfase ao controle.


c) gradualismo e seletividade eram seus princípios.
d) centralização no DASP.
e) pautava-se por normas gerais e inflexíveis.

Questão 14 - (ESAF STN 2012)

A respeito do processo evolutivo da Administração Pública


brasileira, incluindo as reformas administrativas, seus
princípios, objetivos e resultados, analise as assertivas a
seguir, classificando-as em verdadeiras (V) ou falsas(F). Ao
final, assinale a opção que contenha a sequência correta.

( ) No plano organizacional das estruturas internas às suas unidades


administrativas e de produção, a burocracia brasileira foi sempre
centralista e uniformizadora, desde a sua configuração moderna
estabelecida no final dos anos trinta.
( ) A fragmentação da Administração Pública brasileira foi reflexo do
poder local exercido outrora por representantes da economia agrária.
( ) O DASP foi criado na década de trinta com diversas funções à
exceção da colaboração e controle do orçamento.
( ) O estilo da reforma administrativa da década de trinta foi, ao
mesmo tempo, prescritivo e coercitivo.

a) V, V, F, V
b) F, F, V, F
c) F, F, V, V
d) V, V, V, V
e) V, V, V, F

Questão 15 - (ESAF STN 2012)

A respeito da chamada administração pública gerencial,


analise as assertivas abaixo, classificando-as como

Concurseiro Fiscal Página 49 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

verdadeiras(V) ou falsas(F). Ao final, assinale a opção que


contenha a sequência correta.
( ) A administração gerencial era considerada, quando da sua
implementação, uma forma de trazer as mais recentes conquistas da
administração de empresas para a administração pública.
( ) O paradigma gerencial contemporâneo, que se dizia fundamentado
nos princípios da confiança e da descentralização da decisão, exigia
formas flexíveis de gestão, conforme se depreende do Plano Diretor
da Reforma do Aparelho do Estado.
( ) A administração gerencial visava transferir atividades de setor de
serviços competitivos ou não exclusivos mediante o processo de
publicização, ou seja, adoção pela sociedade, de formas de produção
não lucrativas de bens e serviços públicos.
( ) As agências executivas também surgem como uma proposta
inovadora da reforma administrativa gerencial no setor de atividades
não exclusivas do Estado.

a) F, F, V, F
b) V, V, V, F
c) F, F, V, V
d) V, V, F, F
e) V, F, V, F

Gabarito
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
B E E C D E A E B D
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
E E

Concurseiro Fiscal Página 50 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Questões comentadas

4. O processo de Modernização da Administração Pública; 5.


Evolução dos modelos/paradigmas de gestão: A Nova Gestão
Pública.

Questão 01 - (ESAF/MPOG/2008)

Qual dos itens abaixo não representa adequadamente as


características do movimento conhecido como New Public
Management - NPM.

a) Foco no incremento da produtividade – propondo mecanismos para


que o governo faça “mais com menos”.
b) Reafirmação do papel do estado como o principal facilitador das
soluções referentes aos problemas decorrentes da globalização,
mudanças tecnológicas e climáticas, transformações demográficas.
c) Analogia com os mercados – incentivo à competição como forma
de controlar as patologias da burocracia no setor público.
d) Defesa da descentralização do poder decisório.
e) Foco na satisfação do cliente, entendido como sendo o usuário do
serviço público.

Comentários:

Questão bem tranquila!


Vimos durante a aula que o movimento da nova Gestão Pública (NGP)
ou “New Public Management” (NPM) tinha como objetivo dotar o
estado de uma maior capacidade de prestar serviço público de com
qualidade, ou seja Governança (tema que veremos em breve). Outro
objetivo desse movimento, principalmente em seu momento inicial,
era devolver à administração pública o valor da eficiência ou
economicidade, “fazer mais com menos”. Pouco a pouco o
gerencialismo foi evoluindo e agregando valores como respeito ao
consumidor e por fim acabou desenvolvendo uma sensibilidade às
demandas sociais, sem esquecer que o novo papel do Estado não era
mais de executor de políticas públicas, e sim catalisador das mesmas!

Concurseiro Fiscal Página 51 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Não significa que esse Estado Gerencial não presta nenhum serviço,
presta sim! Mas somente aqueles em que o o uso do poder extroverso
é necessário, como o caso dos serviços de regulação (Poder de
Polícia). Os demais serviços como saúde e educação demvem receber
incentivos do Estado, mas, preferencialmente não devem ser
executados por esse, e sim por entidades do terceiro setor que
possuem uma gestão mais flexível em comparação com as entidades
públicas.
Para uma maior aprofundamento no tema sugiro a leitura do txto do
Fernando Luis Abrucio:
“O impacto do modelo gerencial na Administração Pública Um breve estudo sobre a
experiência internacional recente.”
Vamos à análise das alternativas:
A Alternativa “A” é verdadeira, o Gerencialismo em seu momento
inicial (Gerencialismo Puro) visava devolver à administração pública o
perdido valor da Eficiência, ou o fazer mais com menos.
A “B” é incorreta, sendo o Gabarito. Não podemos afirmar que o
movimento NGP defende uma atuação Estatal que concentre a
EXECUÇÃO dos serviços públicos em geral, muito menos assumir
responsabilidades no âmbito da globalização, mudanças tecnológicas
e climáticas, transformações demográficas.
O termo “facilitador” pode confundir o candidato, mas as áreas
citadas pela alternativa não deixam dúvidas, certamente o Estado não
pode assumir a responsabilidade pelos impactos da globalização! Isso
é responsabilidade das famílias e das empresas!
A “C” é verdadeira, vimos durante a aula que na Inglaterra foi
implementada a competição entre entidades públicas como forma de
incentivar a melhoria da prestação do serviço público. Porque não
comparar os resultados de dois hospitais e premiar o que melhor se
desincumbir de sua missão!
A “D” é verdadeira, o gerencialismo em todas as suas espécies
defendem a descentralização do poder decisório como forma de
aproximar a gestão da execução e dos usuários do serviço.
A “E” está correta, no “Consumerismo” o cliente é o foco da
prestação do serviço, sua satisfação é o objetivo da gestão pública.

Concurseiro Fiscal Página 52 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Gabarito – B.

Questão 02 - (ESAF- AFRFB 2009)

Uma correta análise da adoção da chamada Nova Gestão


Pública, pelo Brasil, revela que:

a) em sua forma original, a Constituição Federal de 1988 já


disponibilizava a base legal suficiente para a implementação daquele
novo modelo de gestão, sem a necessidade de reformas.
b) toda a máquina pública passou a adotar o controle por resultados,
razão pela qual foram descontinuados alguns mecanismos de controle
financeiro e orçamentário até então existentes.
c) com o aumento da descentralização, visava-se reduzir o nível de
accountability a que se submeteriam os órgãos reguladores.
d) no plano federal, a implementação das Organizações Sociais
sagrou-se vitoriosa, havendo, hoje, milhares delas espalhadas pelo
país, prestando serviços públicos essenciais.
e) o Estado tinha por objetivo atuar mais como regulador e promotor
dos serviços públicos, buscando, preferencialmente, a
descentralização, a desburocratização e o aumento da autonomia de
gestão.

Comentários:

A Alternativa “A” está incorreta, se a Constituição de 88 fosse


gerencial não haveria a necessidade de se aprovar a Emenda
Constitucional nº 19, a chamada reforma gerencial (PDRAE). Vimos
que a Constituinte de 1987 cometeu um verdadeiro retrocesso
burocrático ao não diagnosticar corretamente os problemas fiscais
pelos quais o Brasil passava à época! Desse modo, a CF 88 não era
gerencial, e sim extremamente burocrática.
A “B” está incorreta, não se pode afirmar que os controles
burocráticos foram descontinuados e substituídos pelos de resultado.
É fato que houve uma mudança no foco do controle da burocracia

Concurseiro Fiscal Página 53 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

para o gerencialismo, passando dos controles de procedimentos para


os de resultados, contudo, não houve a eliminação dos controles de
procedimentos. Controles financeiros e orçamentários são necessários
para a garantia da transparência e prestação de contas da coisa
pública, é princípio republicano.
A “C” está incorreta, não se pode afirmar que a descentralização
visava reduzir o “accountability a que se submeteriam os órgãos
reguladores. O conceito de “accountability” será estudado mais
adiante, mas ele significa resumidamente o dever de prestar contas, a
possibilidade de punir ou premiar os maus e bons gestores da coisa
pública e a sensibilidade às demandas populares. A descentralização
tem como objetivo a melhoria da prestação do serviço público, o que
implicaria a ampliação da “accountability”.
A “D” está incorreta, e foi retirada de um texto do Abrucio que
afirma que a implementação das OS não foi vitoriosa, tanto que foram
criadas poucas entidades dessa natureza no período descrito no texto.
A “E” está correta, sendo o gabarito. A descrição da alternativa
caracteriza o modelo de gestão pública gerencial: “atuar mais como
regulador e promotor dos serviços públicos, buscando, preferencialmente, a
descentralização, a desburocratização e o aumento da autonomia de gestão”.

Gabarito – E.

Questão 03 - (ESAF – AFT 2010)

As seguintes afirmações espelham entendimentos corretos


sobre a Nova Gestão Pública (NGP), exceto:

a) a NGP é um movimento cuja origem remonta às mudanças havidas


nas administrações públicas de alguns países a partir da década de
1970, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra.
b) o consumerismo consiste em uma reorientação do gerencialismo
puro, mais voltada à racionalização e tendo como ponto central a
satisfação das necessidades dos cidadãos, consumidores de serviços
públicos.

Concurseiro Fiscal Página 54 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

c) a NGP nasceu gerencialista nos anos 1980, tendo sido fortemente


inspirada nas reformas minimalistas e na proposta de aplicação da
tecnologia de gestão empresarial ao Estado.
d) nos anos 1990, o Public Service Oriented resgatou os conceitos de
transparência, dever social de prestação de contas, participação
política, equidade e justiça, introduzindo novas ideias ao modelo
gerencial puro.
e) desde o início, a experiência brasileira em NGP aponta para uma
forte retomada do estado do bem-estar social e do
desenvolvimentismo burocrático, ideal reforçado pela recente crise do
mercado financeiro internacional.

Comentários:

A “A” está correta, o texto do Abrucio realmente faz um estudo


comparado das administrações públicas inglesa e americana durante a
década de 70, período marcado pela reforma administrativa.
A “B” está correta, foi retirada do texto do Abrucio indicado para
leitura. Apesar da palavra “cidadãos” remeter ao PSO, a verdade é
que o texto usa esses termos na definição do Consumerismo, de
modo que está correta! Esse modelo foca na satisfação dos usuários,
que agora são vistos como clientes!
A “C” está perfeita, o gerencialismo puro (momento inicial) visava
diminuir o tamanho do Estado (rolling back the state), ou recuar a
atuação do Estado. Também vimos que ele se inspirou na gestão
privada, conforme descrito na alternativa!
A “D” está correta, o PSO dotou o gerencialismo de uma maior
sensibilidade social, agregando os valores descritos: justiça, equidade,
participação e prestação de contas.
A “E” está completamente comprometida, o gerencialismo surgiu
justamente para equacionar a crise fiscal experimentada pelos
Estados europeus que adotaram a política do bem estar social. De
modo que não poderia defender esse retrocesso fiscal.

Gabarito – E.

Concurseiro Fiscal Página 55 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Questão 04 - (ESAF/MPOG/2009)

Podendo ser identificada como uma perspectiva inovadora de


compreensão, análise e abordagem dos problemas da
administração pública, com base no empirismo e na aplicação
de valores de eficácia e eficiência em seu funcionamento, a
Nova Gestão Pública propõe um modelo administrativo dotado
das seguintes características, exceto:

a) direcionamento estratégico.
b) limitação da estabilidade de servidores e regimes temporários de
emprego.
c) maior foco nos procedimentos e menor foco nos produtos e
resultados.
d) desempenho crescente e pagamento por desempenho-
produtividade.
e) transparência e cobrança de resultados (accountability).

Comentários:

Todas as afirmativas exceto a “C” descrevem valores gerenciais.


É a burocracia que defende um controle rígido de procedimentos, não
o gerencialismo!
O direcionamento estratégico, ou a delimitação estratégica da atuação
estatal; a limitação da estabilidade e os regimes temporários,
ocorridos com a EC 19; a valorização do desempenho ou resultado; e
a transparência ou dever de prestar contas são sim valores
gerenciais!

Gabarito – C.

Questão 05 - (ESAF/MPOG/2003)

Concurseiro Fiscal Página 56 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Diante dos crescentes desafios decorrentes da crise fiscal,


aumento das demandas sociais e a necessidade da retomada
do crescimento, a administração pública vê-se obrigada a
aperfeiçoar a sua organização para estar à altura de seus
objetivos de políticas públicas. Assinale a opção que identifica
corretamente os contornos da nova administração pública.

a) Centralização do ponto de vista político, descentralização


administrativa e administração voltada para o atendimento ao
cidadão.
b) Descentralização do ponto de vista político, centralização
administrativa e administração voltada para o atendimento ao
cidadão.
c) Descentralização do ponto de vista político, descentralização
administrativa e administração auto-referida.
d) Descentralização do ponto de vista político, descentralização
administrativa e administração voltada para o atendimento ao
cidadão.
e) Centralização do ponto de vista político, descentralização
administrativa e controle rígido passo a passo.

Comentários:

Questão bem tranquila:

Estudamos que o gerencialismo defende a descentralização política e


administrativa, logo as alternativas “A”, “B” e “E” falsas!
A autorreferência é uma disfunção burocrática, não podendo ser um
valor gerencial! Falsa a “C”.
O que nos deixa com a “D” como Gabarito: Descentralização
administrativa e política, e gestão voltada para o cidadão.

Gabarito – D.

Concurseiro Fiscal Página 57 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Questão 06 - (ESAF/MPOG/2005)

Entre os dilemas do modelo pós-burocrático, marque com (V) a


assertiva verdadeira e com (F) a assertiva falsa e ao final
assinale a opção correta.

( ) A relação entre a lógica fiscal e a lógica gerencial pode ser


conflitante, visto que existe um trade off entre autonomia gerencial,
exercida por mecanismos contratuais, e o controle fiscal rígido que
inibe a administração por objetivos.
( ) A descentralização, apesar de possibilitar a melhora da
democratização e da eficiência do sistema, pode agravar as diferenças
regionais produzindo uma segregação entre regiões pobres e ricas,
prejudicando a eqüidade dos serviços públicos.
( ) A separação entre formulação de políticas públicas e sua
implementação pode prejudicar o accountability, pois fica mais difícil
identificar o responsável pela prestação global dos serviços públicos.

Indique a alternativa correta.

a) V, F, V
b) F, V, V
c) V, V, F
d) F, F, V
e) V, V, V

Comentários:

Essa questão é bem complexa, vamos analisá-la ponto a ponto:

A Afirmativa “I” é verdadeira. O controle por resultados e o por


procedimentos pode ser conflitante, verdadeiro! Ao controlar

Concurseiro Fiscal Página 58 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

resultados o gestor consequentemente flexibiliza o controle


procedimental e vice-versa. Um exemplo: ao dar mais liberdade para
o gestor alcançar seus objetivos e metas a legislação terá que
flexibilizar controles procedimentais como o rígido controle
orçamentário, caso contrário não haverá mudança alguma!
O termo “trade off” significa uma troca. Uso como exemplo um
cobertor curto, ao cobrir os pés a pessoa sentirá frio na face, ao cobrir
a face sentirá frio nos pés, não há como ter os dois ao mesmo tempo!
Por isso a “I” está verdadeira, ou há flexibilidade ou não há!
A Afirmativa “II” também é verdadeira. De fato a
descentralização, de uma forma geral, melhora a eficiência do sistema
ao aproximá-lo do seu público-alvo, contudo, essa descentralização
sem uma correta coordenação pode acabar agravando as diferenças
no desenvolvimento regional. Ao descentralizar competências para um
município que não possua uma estrutura mínima de gestão que
permita a adequada aplicação dos recursos, não será possível haver
uma melhoria da prestação do serviço como era de se esperar após a
descentralização. Já os municípios mais estruturados irão avançar
com a descentralização.
Desse modo, haverá realmente uma segregação entre regiões pobres
e ricas, prejudicando a equidade do serviço.
A “III” é verdadeira, a separação entre formulação e implementação
acaba por dividir demasiadamente a responsabilidade pelos resultados
da ação pública, ou “accountability”. Como haverá muita divisão de
responsabilidades será dificil responsabilizar alguém em caso de
fracasso!

Gabarito – E.

Questão 07 - (ESAF/PSS/2008)

A despeito do debate sobre a nova gestão pública não estar


encerrado, a análise permite identificar algumas
características comuns. Entre elas não se inclui:

a) flexibilidade administrativa, que permita às instituições e às


pessoas definirem seus objetivos e assim se tornarem responsáveis
por produzir os resultados pactuados.
Concurseiro Fiscal Página 59 de 77
www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

b) reorientação dos mecanismos de controle para resultados,


evoluindo do controle da legalidade e do cumprimento do rito
burocrático para uma nova abordagem centrada no alcance de
objetivos.
c) controle social, o que quer dizer desenhar mecanismos de
prestação social de contas e avaliação de desempenho próximos da
ação.
d) valorização do servidor, que representa a âncora do processo de
construção coletiva do novo paradigma realizado pelo conjunto dos
servidores de forma participativa.
e) focalização da ação do Estado no cidadão, o que significa superar o
Estado autoreferido e resgatar da esfera pública como instrumento do
exercício da cidadania.

Comentários:

A única alternativa que não se coaduna com a NGP é a “A”. Ao


concentrar a definição das metas ou resultados junto com a execução
o colaborador pode “burlar” o princípio da eficiência ao
deliberadamente estabelecer uma meta, ou objetivo, muito aquém do
que ele mesmo poderia executar! Por isso é necessário separar essas
tarefas. Imagine se você definisse suas próprias metas no trabalho,
com certeza elas seriam mais folgadas não é verdade?!
A “B” descreve a mudança gerencial do foco do controle, que passa do
procedimento para o resultado!
A “C” trata da participação social como forma de melhorar a prestação
do serviço público ao aproximá-lo da população, típico do PSO ou do
gerencialismo societal.
A “D” é correta, ela descreve a valorização ao servidor defendida por
Bresser no PDRAE, pois esse seria a âncora do processo de construção
coletiva do serviço público.
A “E” é correta, ela descreve a superação do Estado, autoreferido
típico da burocracia, para um Estado Gerencial mais participativo e
focado no cidadão, pois esse é fim da ação governamental.

Concurseiro Fiscal Página 60 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Gabarito – A.

Questão 08 - (ESAF ANA 2009)

Sobre o tema 'administração pública gerencial', é correto


afirmar:

a) o consumerism e o public service oriented são visões


completamente antagônicas da administração pública gerencial.
b) no Brasil, a adoção do gerencialismo na administração pública visa
à efetiva implantação de um modelo burocrático weberiano, objetivo
que nenhuma reforma administrativa logrou alcançar.
c) a primeira experiência de administração pública gerencial, em
nosso país, remonta ao século passado, sendo seu marco a criação do
DASP, por Getúlio Vargas, em 1936.
d) Tal como originalmente promulgada, em outubro de 1988, a
Constituição Federal contemplava todos os preceitos do gerencialismo,
não necessitando, para tanto, sofrer qualquer alteração posterior.
e) uma das principais críticas que se faz ao consumerism decorre do
fato de o modelo não identificar, adequadamente, quem são os seus
clientes, já que o conceito de 'consumidor' não equivale ao de
'cidadão'.

Comentários:

A “A” está incorreta, a NGP é um processo evolutivo do modelo de


gestão pública gerencial, no qual diversos valores foram agregados
com o passar do tempo. Não podemos afirmar que há
incompatibilidade entre eles. O PSO e o consumerismo não são
antagônicos, apenas têm focos diferentes.
A “B” está incoerente. Como o gerencialismo vai objetivar a
implementação da burocracia weberiana?!
A “C” está incorreta, o primeiro marco gerencial da Administração
Pública brasileira foi o DL 200, e não o DASP!

Concurseiro Fiscal Página 61 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

A “D” é repetida, sabemos que a CF 88 era burocrática. Somente


após a EC 19 é que ela foi adaptada ao gerencialismo.
A “E” é verdadeira, Abrucio afirma justamente isso na crítica do
consumerismo. Além disso essa foi a motivação para a evolução do
conceito de consumidor para cidadão que caracteriza o PSO.

Gabarito – E.

Questão 09 - (ESAF/AFRF/2002)

Assinale a opção que apresenta atributo disfuncional exclusivo


da gestão pública, quando examinada a organização como um
todo.

a) Multiplicidade de objetivos e dificuldade de se mensurar impactos


sociais.
b) Insulamento burocrático.
c) Problemas de agência, tal como o risco moral e rent seeking.
d) Maior abrangência da participação de agentes externos envolvidos,
complementaridade e divergência de seus interesses.
e) Assimetria de informação.

Comentários:
Amigos, a questão nos pede que indiquemos o atributo disfuncional
que é exclusivo da Administração Pública!
Responderemos pelo caminho inverso!
A alternativa “A” cita a “multiplicidade de objetivos” e a “dificuldade
de mensurar impactos sociais”. Esses problemas são exclusivos da
Administração Pública? Certamente não! Todas as organizações,
incluindo as privadas, enfrentam essas dificuldades. É sempre
complicado lidar com a grande quantidade de objetivos e metas
traçados pela diretoria da organização, e os resultados necessitam de
pesquisas estatísticas para serem coletados e esquematizados, nem
sempre sendo possível se medir os resultados no modo que se
gostaria.
Desse modo, a “A” não é nossa resposta!
Concurseiro Fiscal Página 62 de 77
www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

A “C” trata de três conceitos, vamos conhecê-los primeiro:


Teoria da Agência: Essa teoria originária da Ciência Política e da
Economia trata das dificuldades derivadas da informação assimétrica
e incompleta, Conflito de Interesses e Risco Moral (“Moral Hazzard”)
na relação existente entre o Agente (contratado pelo principal) e o
Principal (contratante do serviço).
A lógica seria de que o contratado, ou agente, agiria sempre em favor
do Principal (contratante), contudo, nem sempre isso acontece. Um
exemplo de assimetria de informação acontece quando um gerente se
ausenta da loja e o vendedor passa a “fazer corpo mole”, ou não
atender corretamente e eficientemente os clientes, só porque seu
supervisor não está presente.
Esse problema pode ser solucionado com o uso de ferramentas
motivacionais, como comissões, participação nos lucros e prêmios por
atingimento de metas.
Risco Moral: É a possibilidade de que o agente mude seu
comportamento de acordo com os diferentes contextos nos quais
ocorrem uma transação econômica. Ele ocorre por conta da assimetria
de informação existente entre o agente e o principal, relação em que
uma das partes da transação possui mais informação que a outra. Um
exemplo pode ser a contratação de um seguro: Não é possível
monitorar o comportamento daqueles que contratam esse serviço.
Antes de fazer um seguro o agente evitava transitar em bairros com
alta incidência de roubos, conferia se a porta estava realmente
trancada, em suma seu comportamento, antes, revelava ser muito
mais cuidadoso com a posse do bem do que agora, com o carro
coberto contra roubo pela seguradora.
Ou seja, agora que está segurado o agente não se preocupa com os
riscos que corre pois a seguradora irá cobri-los em caso de sinistro,
aumentando o risco da transação.
Rent Seeking: Na economia, “rent-seeking” ou busca de renda é
uma tentativa de derivar renda econômica pela manipulação do
ambiente social ou político no qual as atividades econômicas ocorrem,
em vez de agregar valor. Um exemplo de rent-seeking é a garantia de
monopólio oferecida pelo Estado numa “licitação” de um serviço
público como a manutenção de uma rodovia com a cobrança de
pedágio.
Concurseiro Fiscal Página 63 de 77
www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Muitos estudos atuais sobre rent-seeking focam nos esforços para


capturar vários privilégios de monopólio decorrentes da regulação
governamental da competição de livre iniciativa. O próprio termo
deriva, no entanto, da antiga prática de apropriar uma porção da
produção ao ganhar a propriedade ou controle da terra. Esta
expressão em certos casos relaciona-se também com o conceito de
logrolling.
Bresser pereira definiu o “rent-seeking” como:
“Busca de rendas ou vantagens extra-mercados para grupos
determinados através do controle do Estado.”
Voltando à “C”, podemos perceber pelos exemplos (seguradora,
pedágio, loja) que esses problemas ocorrem tanto no setor público
quanto no privado, o que nos leva a excluir a alternativa.
A “D” também versa sobre um tema comum às administrações
públicas e privadas, a complementariedade/divergência de interesses
(entre o agente e principal) e a a maior abrangência na participação
de agentes externos derivada da tendência de descentralização nas
organizações e administração atual. De modo que não é a nossa
resposta.
A “E” trata da assimetria de informação, problema que ocorre em
ambas as administrações (pública e privada). De modo que não é a
nossa resposta.
Só restou a “B”, que é a nossa resposta. O insulamento burocrático,
é o processo de proteção do núcleo técnico do Estado contra a
interferência oriunda do público ou de outras organizações
intermediárias. Um exemplo dessa disfunção foi a criação dos grupos
executivos do governo JK para possibilitar o cumprimento do Plano de
Metas do seu governo.
Sem dúvidas essa disfunção é exclusiva do setor público, pois visa
preservar o núcleo técnico do Estado dos interesses de agentes
externos.

Gabarito – B.

Questão 10 - (ESAF – CGU 2012)

Concurseiro Fiscal Página 64 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Acerca das experiências de reforma da máquina pública


havidas em nosso país, é correto afirmar que:

a) ao contrário da proposta bresseriana, as principais experiências de


reforma anteriores – o modelo daspiano e o Decreto-Lei 200 – deram-
se em um ambiente democrático, baseado no debate e na negociação,
a despeito de um processo decisório mais concentrador.
b) originariamente pensadas desde a edição do Plano de Metas, as
parcerias público-privadas (PPPs) não se constituem, por isso mesmo,
uma inovação do atual modelo administrativo, apesar de seu grande
sucesso e proliferação nos níveis federal e subnacionais.
c) o melhor exemplo de um bem sucedido resultado da Reforma
Bresser é o caso das agências regulatórias, montadas de forma
homogênea calcada na visão mais geral do modelo regulador,
condição básica ao que viria a substituir o padrão varguista de
intervenção estatal.
d) mesmo sem atingir todos os seus objetivos, a proposta bresseriana
de reforma deu causa a um "choque cultural", tendo se espraiado
pelos governos subnacionais no qual, facilmente, percebe-se a sua
influência na atuação dos gestores públicos e em uma série de
inovações governamentais.
e) a atual proposta de reforma, também calcada na gestão por
resultados – porém não mais tachada de "neoliberal" –, aposta seu
sucesso em duas frentes: a quebra da estabilidade, com o reforço do
emprego público, e a redução da administração indireta, com o
aprofundamento das privatizações.

Comentários:

Excelente questão, o examinador retirou algumas alternativas do


texto de autoria de Luiz Abrucio: “Trajetória recente da gestão pública
brasileira: Um balanço crítico e a renovação da agenda de reformas.”
A alternativa “A” afirma que a reforma burocrática e do DL 200 se
deram em um ambiente democrático. Falso não é verdade?!

Concurseiro Fiscal Página 65 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

A “B” também é falsa, as PPP surgiram no Brasil no Governo Lula,


por meio da Lei 11.079/2004. Além disso não houve esse amplo
sucesso alardeado pela questão, vejamos:
“Ademais, a reforma Bresser elaborou um novo modelo de
gestão, que propunha uma engenharia institucional capaz
de estabelecer um espaço público não-estatal. As
organizações sociais (OSs) e as organizações da sociedade
civil de interesse público (Oscips) são herdeiras desse
movimento — só nos governos estaduais, há cerca de 70
OSs atualmente. O espírito dessa idéia pode ser visto, hoje,
nas chamadas parcerias público-privadas (PPPs). Não
obstante a inovação conceitual, tais formas deram mais
certo nos estados do que na União, sofrendo no plano
federal uma enorme resistência ao longo da gestão do
ministro Bresser-Pereira.”
A “C” é falsa, de acordo com o texto, a reforma bresseriana não foi
bem-sucedida, vejamos:
Nesse contexto, o Mare não teve a capacidade de coordenar
o conjunto do processo de reforma do Estado. O melhor
exemplo de um tema que escapou ao alcance da reforma
Bresser foi o das agências regulatórias, montadas de forma
completamente fragmentada e sem uma visão mais geral do
modelo regulador que substituiria o padrão varguista de
intervenção estatal. O fracasso desta estratégia ficou claro,
por exemplo, no episódio do “apagão”, que teve grande
relação com a gênese mal resolvida do marco regulatório
no setor elétrico.
A “D” é verdadeira, retirada do texto:
“Bresser se apoiou numa idéia mobilizadora: a de uma
administração voltada para resultados, ou modelo
gerencial, como era chamado à época. A despeito de muitas
mudanças institucionais requeridas para se chegar a este
paradigma não terem sido feitas, houve um “choque
cultural”. Os conceitos subjacentes a esta visão foram
espalhados por todo o país e, observando as ações de vários
governos subnacionais, percebe-se facilmente a influência
destas idéias na atuação de gestores públicos e numa série
de inovações governamentais nos últimos anos.”

Concurseiro Fiscal Página 66 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

A “E” está falsa, por atual reforma devemos entender Governo Lula,
apesar de tecnicamente a doutrina não entendê-la como reforma.
Desse modo, é falso afirmar que a quebra de estabilidade dos
servidores e as privatizações se deram em sua “reforma”.
Amigos, essa é a cruel e típica questão cópia de texto da ESAF. Não
se desespere se não a acertar! Eu diria que é normal que isso
aconteça, já que é impossível ler todos os textos que a ESAF utiliza
para elaborar as questões. Saiba que a maioria dos candidatos irá
errá-la também, não influenciando o resultado do certame!
Eu recomendo que você tente identificar uma “pista” que te leve à
resposta correta, como alguma afirmação que a banca costuma
utilizar em suas provas, ignorando as demais alternativas!

Gabarito – D.

Questão 11 - (ESAF – CGU 2012)


Ao realizarmos um balanço da recente trajetória da
administração pública brasileira no período contado a partir da
edição da Carta Constitucional de 1988, em especial quanto a
temas ligados à gestão, à governança federativa e aos
mecanismos de controle público, é correto afirmar que:

a) se analisarmos o projeto bresseriano, ele foi bem sucedido. Tanto


que o governo central apoiou integralmente a ampla reforma da
administração pública prevista no Plano Diretor da Reforma do
Estado, sendo seu marco de gestão o conceito de administração de
resultados por meio da execução de políticas, calcada no PAC.
b) a despeito das inegáveis melhorias na gestão econômica, na
introdução de mecanismos de avaliação de políticas públicas e no
ordenamento das políticas sociais no campo federativo, os poderes
dos órgãos de controle têm sido sistematicamente reduzidos,
impactando negativamente a accountability vertical do Estado.
c) um dos reflexos negativos do Plano Real foi a descentralização
excessiva das políticas públicas, sem a necessária preocupação com a
articulação intergovernamental e com a heterogeneidade da federação

Concurseiro Fiscal Página 67 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

brasileira, dando causa à redução da competição entre os governos


subnacionais e à extinção da chamada "guerra fiscal".
d) a Constituição Federal ousou e inovou ao incorporar os preceitos
de profissionalização e publicização, impregnada como o foi pelo
movimento de reformas intitulado New Public Management, que varria
países da Europa e da Oceania desde os anos 1950.
e) nos últimos tempos, o ciclo das políticas públicas tem visto crescer
a participação e o controle sociais, fenômeno em muito impulsionado
pela diversidade de programas que atrelam o recebimento de recursos
à montagem de mecanismos de participação e fiscalização locais.

Comentários:

Novamente o texto do Abrucio, vamos às alternativas:


A “A” está incorreta, segundo o texto a reforma Bresser não foi
bem-sucedida! Além disso o PAC não tem relação com Bresser, e sim
com Lula e Dilma!
Nesse contexto, o Mare não teve a capacidade de coordenar
o conjunto do processo de reforma do Estado. O melhor
exemplo de um tema que escapou ao alcance da reforma
Bresser foi o das agências regulatórias, montadas de forma
completamente fragmentada e sem uma visão mais geral do
modelo regulador que substituiria o padrão varguista de
intervenção estatal. O fracasso desta estratégia ficou claro,
por exemplo, no episódio do “apagão”, que teve grande
relação com a gênese mal resolvida do marco regulatório
no setor elétrico.
Apesar das tentativas do Lula de enfraquecer os órgão de controle
como o TCU (Fonte notícias), por conta dos atrasos nas obras do PAC,
isso não aconteceu! Não houve emenda constitucional para alterar o
capítulo de controle. Além disso não seria accountability vertical, e
sim horizontal, veremos esse assunto mais adiante. O Accountability
que ocorre no controle externo e interno é horizontal, pois é realizado
por pares (colegas servidores públicos). “B” incorreta.
A “C” também é falsa, fim da guerra fiscal no Plano Real?
A “D” é falsa, outra vez a ESAF afirma que a CF 88 era gerencial,
sabemos que ela era extremamente burocrática.
Concurseiro Fiscal Página 68 de 77
www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

A “E” está correta, cada vez mais o gerencialismo societal vem


ocupando mais espaço, dando mais voz ao cidadão na definição das
políticas públicas.

Gabarito – E.

Questão 12 - (ESAF ANA 2009)

Em nosso país, sobre o modelo composto pelos processos


participativos de gestão pública, também conhecido por
“administração pública societal”, é correto afirmar:

a) enfatiza a eficiência administrativa e se baseia no ajuste estrutural,


nas recomendações dos organismos multilaterais internacionais e no
movimento gerencialista.
b) tem por origem o movimento internacional pela reforma do Estado,
que se iniciou nos anos 1980 e se baseia, principalmente, nas
experiências inglesa e estadunidense.
c) é participativo no nível do discurso, mas centralizador no que se
refere ao processo decisório, à organização das instituições políticas, e
à constrição de canais de participação popular.
d) enfatiza a adaptação das recomendações gerencialista para o setor
público.
e) não apresenta uma proposta para a organização do aparelho do
Estado, limitando-se a enfatizar iniciativas locais de organização e de
gestão pública.

Comentários:
Para responder a questão vejamos um quadro da Professora Ana
Paula Paes de Paula comparando o Gerencialismo com a APU Societal:

Fonte: “ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA ENTRE O GERENCIALISMO E A


GESTÃO SOCIAL.”
Adm. Pública Gerencial Adm. Pública Societal
Origem Movimento internacional Movimentos sociais
pela reforma do Estado, que brasileiros, que tiveram
se iniciou nos anos 1980 e início nos anos 1960 e

Concurseiro Fiscal Página 69 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

se baseia principalmente desdobramentos nas três


nos modelos inglês e décadas seguintes.
estadunidense.
Projeto Político Enfatiza a eficiência Enfatiza a participação
administrativa e se baseia social e procura estruturar
no ajuste estrutural, nas um projeto político que
recomendações dos repense o modelo de
organismos multilaterais desenvolvimento brasileiro,
internacionais e no a estrutura do aparelho de
movimento gerencialista. Estado e o paradigma de
gestão.
Dimensões estruturais Dimensões econômico- Dimensão sociopolítica.
enfatizadas na Gestão financeira e institucional-
administrativa.
Organização administrativa Separação entre as Não há uma proposta para a
do aparelho do Estado atividades exclusivas e organização do aparelho do
não-exclusivas do Estado Estado e enfatiza iniciativas
nos três níveis locais de organização e
governamentais. gestão pública.
Abertura das instituições Participativo no nível do Participativo no nível das
políticas à participação discurso, mas centralizador instituições, enfatizando a
social no que se refere ao processo elaboração de estruturas e
decisório, à organização das canais que viabilizem a
instituições políticas e à participação popular.
construção de canais de
participação popular.
Abordagem de gestão Gerencialismo: enfatiza a Gestão social: enfatiza a
adaptação das elaboração de experiências
recomendações de gestão focalizadas nas
gerencialistas para o setor demandas do público-alvo,
público. incluindo questões culturais
e participativas.

Vamos às alternativas:
A “A” descreve o gerencialismo conforme o quadro, e não a APU a
Societal, falsa!
A “B” idem, descreve o gerencialismo. Falsa!
A “C” descreve o gerencialismo quanto à Abertura das instituições
políticas à participação social, falsa!
A “D” não encontra respaldo no texto, falsa.

Concurseiro Fiscal Página 70 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

A “E” é a nossa resposta, pois a APU Societal não tem uma proposta
quanto à Organização administrativa do aparelho do Estado,
limitando-se a enfatizar iniciativas locais de organização e gestão
pública.

Gabarito – E.

Questão 13 - (ESAF STN 2012)

Pode-se afirmar que foram aspectos negativos da reforma


administrativa da década de trinta, exceto:

a) tentou ser, ao mesmo tempo, global e imediata.


b) dava ênfase ao controle.
c) gradualismo e seletividade eram seus princípios.
d) centralização no DASP.
e) pautava-se por normas gerais e inflexíveis.

Comentários:

A questão trata da reforma de 1930, ou seja, da ditadura do Estado


Novo, ou ainda Reforma burocrática ou DASPiana.
"Segundo Beatriz Wahrlich:
A reforma – escreve uma acurada analista do período –
pretendia realizar demasiado em pouco tempo; tentou ser,
ao mesmo tempo, global e imediata, em vez de preferir
gradualismo e seletividade. Além do mais, deu mais ênfase
a controles, não a orientação e assistência. Foi altamente
centralizada no Dasp e pelo Dasp. Do mesmo modo, a
estrita observância de normas gerais e inflexíveis
desencorajava quaisquer tentativas de atenção a diferenças
individuais e a complexas relações humanas. Em suma, o
estilo da reforma administrativa foi ao mesmo tempo
prescritivo (no que se harmonizava com a teoria

Concurseiro Fiscal Página 71 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

administrativa corrente) e coercitivo (no que se


harmonizava com o caráter político do regime Vargas).”
Sabemos que ela se deu numa abordagem Top-Down, ou seja, de
forma autoritária. De fato ela tentou ser imediata e global, e,
possivelmente por essa razão, acabou por falhar em seu objetivo
reformador.
Alternativa “A” verdadeira.
Por natureza a burocracia objetiva controlar todos os atos
organizacionais, com foco em procedimentos. Desse modo podemos
afirmar que ela enfatizava o controle. “B” verdadeira.
A “C” entra em contradição com a “A”, falsa! A reforma
burocrática não foi gradual, ela foi imediatista!
O DASP, ou Departamento de Administração do Serviço Público
concentrou a maior parte das funções do Estado nesse período, a
saber:
“a) o estado pormenorizado das repartições, departamentos
e estabelecimentos públicos, com o fim de determinar, do
ponto de vista da economia e eficiência, as modificações a
serem feitas na organização dos serviços públicos, sua
distribuição e agrupamentos, dotações orçamentárias,
condições e processos de trabalho, relações de uns com os
outros e com o público;
b) organizar anualmente, de acordo com as instruções do
Presidente da República, a proposta orçamentária a ser
enviada por este à Câmara dos Deputados;
c) fiscalizar, por delegação do Presidente da República e na
conformidade das suas instruções, a execução
orçamentária;
d) selecionar os candidatos aos cargos públicos federais,
excetuados os das Secretarias da Câmara dos Deputados e
do Conselho Federal e os do magistério e da magistratura;
e) promover a readaptação e o aperfeiçoamento dos
funcionários civis da União;
f) estudar e fixar os padrões e especificações do material
para uso nos serviços públicos;
g) auxiliar o Presidente da República no exame dos projetos
de lei submetidos a sanção;
h) inspecionar os serviços públicos;

Concurseiro Fiscal Página 72 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

i) apresentar anualmente ao Presidente da República


relatório pormenorizado dos trabalhos realizados e em
andamento.”
A “D” é verdadeira.
A Rigidez e a normatização generalizada são características típicas das
organizações burocráticas, de modo que a “E” esta verdadeira!

Gabarirto – C.

Questão 14 - (ESAF STN 2012)

A respeito do processo evolutivo da Administração Pública


brasileira, incluindo as reformas administrativas, seus
princípios, objetivos e resultados, analise as assertivas a
seguir, classificando-as em verdadeiras (V) ou falsas(F). Ao
final, assinale a opção que contenha a sequência correta.

( ) No plano organizacional das estruturas internas às suas unidades


administrativas e de produção, a burocracia brasileira foi sempre
centralista e uniformizadora, desde a sua configuração moderna
estabelecida no final dos anos trinta.
( ) A fragmentação da Administração Pública brasileira foi reflexo do
poder local exercido outrora por representantes da economia agrária.
( ) O DASP foi criado na década de trinta com diversas funções à
exceção da colaboração e controle do orçamento.
( ) O estilo da reforma administrativa da década de trinta foi, ao
mesmo tempo, prescritivo e coercitivo.

a) V, V, F, V
b) F, F, V, F
c) F, F, V, V
d) V, V, V, V
e) V, V, V, F

Concurseiro Fiscal Página 73 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Comentários:

Questão retirada do texto: “O Gerente Equalizador: Estratégias de


Gestão No Setor Público”, de Bianor Scelza Cavalcanti.
Segundo a autora:
“No plano organizacional das estruturas internas às suas
unidades administrativas e de produção – ministérios e
órgãos ministeriais, autarquias, fundações e empresas
estatais –, a burocracia brasileira foi sempre centralista e
uniformizadora, desde sua configuração moderna
estabelecida no final dos anos 1930.”
Afirmativa I verdadeira.
“No plano da gestão do Estado, até 1930 a administração
pública brasileira estava vinculada ao poder dos coronéis e
das oligarquias agrárias, orientadas para a exportação de
commodities. A elite rural caracterizava-se pelo seu caráter
local, privilegiando este nível de poder, em detrimento do
poder central do país. A fragmentação da administração
pública brasileira foi reflexo, portanto, desse poder local
exercido pelos representantes da economia agrária”
Afirmativa II verdadeira.
A III é falsa, vimos que no rol de atividades do DAPS estava o
controle do orçamento.
c) fiscalizar, por delegação do Presidente da República e na
conformidade das suas instruções, a execução
orçamentária;
A IV é verdadeira:
"Segundo Beatriz Wahrlich:
A reforma – escreve uma acurada analista do período –
pretendia realizar demasiado em pouco tempo; tentou ser,
ao mesmo tempo, global e imediata, em vez de preferir
gradualismo e seletividade. Além do mais, deu mais ênfase
a controles, não a orientação e assistência. Foi altamente
centralizada no Dasp e pelo Dasp. Do mesmo modo, a
estrita observância de normas gerais e inflexíveis
desencorajava quaisquer tentativas de atenção a diferenças
individuais e a complexas relações humanas. Em suma, o

Concurseiro Fiscal Página 74 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

estilo da reforma administrativa foi ao mesmo tempo


prescritivo (no que se harmonizava com a teoria
administrativa corrente) e coercitivo (no que se
harmonizava com o caráter político do regime Vargas).”
V, V, F e V.

Gabarito: A.

Questão 15 - (ESAF STN 2012)

A respeito da chamada administração pública gerencial,


analise as assertivas abaixo, classificando-as como
verdadeiras(V) ou falsas(F). Ao final, assinale a opção que
contenha a sequência correta.
( ) A administração gerencial era considerada, quando da sua
implementação, uma forma de trazer as mais recentes conquistas da
administração de empresas para a administração pública.
( ) O paradigma gerencial contemporâneo, que se dizia fundamentado
nos princípios da confiança e da descentralização da decisão, exigia
formas flexíveis de gestão, conforme se depreende do Plano Diretor
da Reforma do Aparelho do Estado.
( ) A administração gerencial visava transferir atividades de setor de
serviços competitivos ou não exclusivos mediante o processo de
publicização, ou seja, adoção pela sociedade, de formas de produção
não lucrativas de bens e serviços públicos.
( ) As agências executivas também surgem como uma proposta
inovadora da reforma administrativa gerencial no setor de atividades
não exclusivas do Estado.

a) F, F, V, F
b) V, V, V, F
c) F, F, V, V
d) V, V, F, F
e) V, F, V, F

Concurseiro Fiscal Página 75 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Comentários:

A I é verdadeira, dá pra perceber que a ESAF adora perguntar isso!


O gerencialismo foi sim inspirado na administração privada.
A II também é verdadeira, o PDRAE, de fato, defende a
descentralização da gestão e a substituição da suspeição/desconfiança
prévia pela confiança vigiada.
A III foi inicialmente considerada correta, porém, após os
recursos, se percebeu que o PDRAE não citava o termo “bens e
serviços públicos” e sim “Serviços”, pois no setor de serviços não
exclusivos não há menção à produção de bens no PDRAE, e sim
serviços como Educação e Saúde! Tornando a afirmativa falsa!
Muito cuidado, a ESAF pode repetir esse tema!
“Finalmente, através de um programa de publicização,
transfere-se para o setor público não estatal a produção dos
serviços competitivos ou não-exclusivos de Estado,
estabelecendo-se um sistema de parceria entre Estado e
sociedade para seu financiamento e controle.”
A IV é falsa, pois o setor de atuação usual das AE é justamente o
regulatório, ou seja, local onde o uso do poder extroverso é
necessário, sendo classificado como atividade exclusiva de Estado,
contra a “não-exclusiva” conforme proposto na afirmativa.
Desse modo o gabarito mudou de “B” para “D”.

Gabarito – D.

Concurseiro Fiscal Página 76 de 77


www.concurseirofiscal.com.br
Administração Pública para AFRFB
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Victório Amoedo – Aula AULA 2

Caro aluno,

Com isso chegamos ao final da nossa aula 02.


Na próxima aula veremos os seguinte tópicos do EDITAL: 6.
Governabilidade, Governança e Accountability; 7. Governo eletrônico
e Transparência; 8. Qualidade na administração Pública.
Estudem com tranquilidade, não tentem agora superar os seus
limites. Tracem um planejamento para o estudo e o sigam, não
fiquem sem dormir tentando fazer milagre agora!
Foquem nas questões e na legislação que os resultados virão!

Um grande abraço e bons estudos!

Concurseiro Fiscal Página 77 de 77


www.concurseirofiscal.com.br

You might also like