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25/07/2017 Envio | Revista dos Tribunais

PRECATÓRIOS: A COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS FEDERAIS COM O


ADVENTO DA LEI 12.431/2011

PRECATÓRIOS: A COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS FEDERAIS COM O ADVENTO


DA LEI 12.431/2011
Revista Tributária e de Finanças Públicas | vol. 100/2011 | p. 187 - 203 | Set - Out / 2011
Doutrinas Essenciais de Direito Tributário | vol. 10 | p. 515 - 532 | Jul / 2014
DTR\2011\4552

Artur Richard Ratc


Especialista em Direito Administrativo, Direito Constitucional, Ciências Processuais, Direito Processual
Civil e Direito Tributário. Doutorando em Direito Civil pela Universidad de Buenos Aires. Professor no
Curso de Extensão e na Pós-graduação da Faculdade Paulista, na Graduação da Universidade
Bandeirante e na Pós-graduação da Escola Superior da Advocacia - ESA-SP. Membro da Comissão de
Direito Tributário e Palestrante do Departamento de Cultura e Eventos da OAB-SP. Membro da ABDT.
Advogado.

Área do Direito: Constitucional; Tributário


Resumo: O presente artigo traz a atualização do tema constitucional acerca da compensação de
créditos tributários com precatórios. Com o advento da EC 62/2009 a sistemática no pagamento de
precatórios foi modificada. Ademais, tal regra constitucional sofreu complementações com a Res. CNJ
115/2010 e, atualmente, com a Lei 12.431/2011 que passaremos a abordar nesse artigo.

Palavras-chave: Precatórios - Compensação - Direito constitucional - Direito tributário.


Abstract: This article updates the constitutional theme about the compensation of tax credits with the
debts of court order for cash payment against the Estate. With the arising of the Constitutional
Amendment 62 from 2009 the systematic of payments of court order for cash payment against the
Estate has changed. Besides, such constitutional ruling has suffered additions with Resolution 115 from
the National Justice Concil and, currently, with the 12.431 federal law form 2011 that will be addressed
within this article.

Keywords: Court-ordered debt payment - Compensation - Constitutional law - Tax law.


Sumário:

1.INTRODUÇÃO - 2.PRECATÓRIOS - 3.A COMPENSAÇãO CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL -


4.A COMPENSAÇÃO DOS PRECATÓRIOS COM TRIBUTOS DA UNIÃO - 4.3O momento da compensação
do precatório com os tributos devidos - 5.A EMISSÃO DA CPD-EN E A DISPONIBILIZAÇÃO DOS
VALORES DO PRECATÓRIO - 6.A REQUISIÇÃO DO PRECATÓRIO E A ATUALIZAÇÃO DOS VALORES - 7.A
EXPEDIÇÃO DO PRECATÓRIO E A DISPONIBILIZAÇÃO DE VALORES - 8.A EXTINÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO OU TRIBUTO COMPENSADO COM PRECATÓRIO - 9.CANCELAMENTO DO PRECATÓRIO -
10.A AMORTIZAÇÃO DA DÍVIDA CONSOLIDADA DO REFIS DA CRISE COM PRECATÓRIO FEDERAL -
11.CONCLUSÃO - 12.BIBLIOGRAFIA

1. INTRODUÇÃO
O tema precatório possui sérias discussões desde a Constituição de 1891, momento da transição do
Brasil Colônia à República, em que a matéria não era tratada na Constituição Federal (LGL\1988\3) até
assumir o status constitucional a partir do ano de 1934, quando o legislador ao defender a efetividade
da matéria conferiu importância maior dessas dívidas do Estado ao elevar a discussão e aplicação da
efetividade dos precatórios em disposições constitucionais.
A cada novo pacto fundamental instituído no Brasil o tema obteve várias atualizações nas Constituições
de 1937, 1946, 1967-1969 e 1988, ao incluir a possibilidade de intervenção estatal no descumprimento
de decisões judiciais, dotação orçamentária específica para o pagamento dessas dívidas, inclusão
obrigatória nos orçamentos dos entes devedores e poder liberatório aos precatórios não pagos para a
compensação com tributos federais além da possibilidade de sequestro de verbas no montante do valor
devido.
A EC 30/2000 alterou o prazo inicial de pagamento estipulado pela Constituição de 1988 que era de 8
anos para 10 anos. Posteriormente, a EC 6/2009 alterou novamente o pagamento dos precatórios ao
modificar o prazo para 15 anos.
Em 2010 os dados atualizados do Conselho Nacional de Justiça estimaram que a dívida total de
precatórios dos Estados e Municípios era de 84 bilhões de reais, sendo o maior devedor o Estado de
São Paulo e seus municípios com uma dívida estimada em aproximadamente 23 bilhões de reais. A
dívida mencionada não inclui o ente federal (União), pois os pagamentos estão praticamente em dia,

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inclusive com sistemáticas de compensação de tributos com precatórios conforme a lei recentemente
publicada.
A Lei 12.431/2011 regulamentou a prática de compensação de precatórios com tributos federais
devidos à Fazenda Pública nos moldes da determinação constitucional em seu art. 100, §§ 9.º e 10, da
CF/1988 (LGL\1988\3), alterado pela EC 62/2009. 1
Tal lei trouxe questões importantes, apesar de já estar praticamente esclarecida no próprio texto
constitucional a própria sistemática da compensação ante a auto aplicação dos supramencionados
dispositivos. Dessa forma, a Lei 12.431/2011 veio a lume para não restar dúvidas quanto ao
procedimento de abatimento de dívidas de tributos federais e créditos decorrentes de precatórios ainda
não expedidos. Interessante mencionar que, caso o precatório já esteja expedido explicaremos a
sistemática diferenciada que não fora abordado pela Lei 12.431/2011.
Ante essas razões passemos a abordar a essência da matéria que possui extrema importância no
Direito Constitucional e Direito Tributário.
2. PRECATÓRIOS
O crédito decorrente de sentença desfavorável à Fazenda Pública, já transitada em julgado é objeto da
expedição de precatório, haja vista a impossibilidade de o ente público arcar com as suas dívidas de
imediato (princípio da indisponibilidade de bens públicos), mas sim incluir no orçamento o valor devido
para posterior pagamento. Tal crédito é requerido pelo juízo da execução da sentença através de um
ofício enviado ao presidente do Tribunal respectivo à jurisdição da entidade devedora para que o valor
devido seja requisitado junto à autoridade administrativa que representa a entidade devedora. O valor
é apresentado para pagamento em uma ordem cronológica de acordo com a verba disponibilizada
obrigatoriamente pelo texto constitucional que deve ser de até dois por cento (2%) da receita corrente
líquida do Estado. 2
Importante mencionar, que a ordem desse crédito junto à entidade devedora não pode ser afetada sob
pena de sequestro de verba ou compensação de tributos com a entidade devedora, caso a ordem de
pagamento não seja mantida. 3
3. A COMPENSAÇãO CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL
O instituto jurídico chamado compensação possui tratamento diverso quando analisamos o tema
precatório na esfera constitucional e na esfera infraconstitucional. A primeira esfera determinada pela
Carta Maior, que possui autoaplicação, independentemente de lei regulamentadora, em especial, com o
advento do dispositivo transitório da Constituição Federal (LGL\1988\3) acrescentado pela EC 30/2000,
permitiu o poder liberatório dos precatórios para pagamento de tributos da entidade devedora que não
arcasse com o pagamento em dia das parcelas do precatório (compensação constitucional), conforme
disposto no art. 78, § 2.º, do ADCT (LGL\1988\31). 4
De outra banda, na esfera infraconstitucional e sem auto aplicação há o art. 170 do CTN (LGL\1966\26)
que prevê a possibilidade de compensação de tributos com créditos (pode ser precatório ou não), desde
que, advenha lei regulamentadora para tanto. 5
Cumpre salientar, que a primeira compensação é decorrente de um não pagamento de parcelas dos
precatórios onde o próprio texto constitucional já autoriza a possibilidade de compensação com
tributos, ao passo que a segunda compensação é decorrente de lei que autoriza a compensação de
tributos com qualquer crédito líquido e certo.
Enquanto o dispositivo do Código Tributário Nacional (LGL\1966\26) prevê a necessidade de criação de
uma lei que autorize a compensação de créditos junto ao ente devedor, tendo, portanto, sua eficácia
limitada, dependente de uma lei futura, o dispositivo constitucional já possui uma eficácia plena, é
dizer, basta o ente devedor orçar o valor e não pagar para que a compensação possa ocorrer.
De uma forma simples, o texto constitucional autoriza sem a necessidade de qualquer ato
regulamentador a possibilidade de pagamento de débitos fiscais ou a própria compensação quando se
trata do art. 78, § 2.º, do ADCT (LGL\1988\31).
Atualmente, a compensação constitucional está prevista no art. 97 do ADCT (LGL\1988\31) que prevê
literalmente a auto aplicação de direito líquido e certo sem a necessidade de norma regulam entadora
para o credor de precatório compensar a quantia devida pelo ente devedor com tributos, quando não
recebera a importância devida no prazo estipulado, conforme dispõe o § 10 do mencionado artigo que
foi criado com o advento da EC 62/2009.
4. A COMPENSAÇÃO DOS PRECATÓRIOS COM TRIBUTOS DA UNIÃO
A sistemática da compensação constitucional de precatórios com tributos federais já estava prevista no
art. 97 do ADCT (LGL\1988\31), em especial, o disposto no § 9.º do dispositivo da Carta que prevê a
possibilidade de abatimento do valor do precatório quando da sua expedição com débitos já líquidos e

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certos, inscritos ou não em dívida ativa com a inclusão de débitos parcelados de credores de
precatórios que terão o abatimento também de parcelas vincendas ou que irão vencer das dívidas com
o ente devedor (por exemplo Refis, Paes, Paex etc.) para o efetivo encontro de contas. Não obstante,
mister ressaltar que, as dívidas junto ao ente devedor, objeto de impugnação administrativa ou judicial
com efeito suspensivo, cujo crédito tributário encontra-se com a suspensão da exigibilidade, não
poderá ser objeto de abatimento para a expedição do precatório, nos moldes do art. 97 do ADCT
(LGL\1988\31). 6
A Lei 12.431/2011, em seu art. 30, dispõe que a Fazenda Pública, antes da requisição do precatório
será intimada no órgão responsável pela representação processual no prazo de 30 dias para se
manifestar sobre algum débito existente pelo credor do precatório para fins de compensação ou
abatimento. 7 Caso haja algum débito do credor do precatório deverá a Fazenda Pública informar dados
precisos como por exemplo devedor e valores através da contadoria judicial.
4.1 A resposta do credor do precatório após a intimação para impugnação
O credor do precatório que teve a indicação de valores devidos pela Fazenda Pública a título de
compensação para a expedição do precatório poderá no prazo de 15 dias (depois que o juiz recebeu a
informação da Fazenda Pública e intimou o credor) se manifestar sobre a indicação de valores para
abatimento. Nesse momento, o credor do precatório poderá impugnar matéria específica como erro
aritmético, débitos suspensos ou extintos e efeito suspensivo de ações judiciais. Caso o credor do
precatório tenha a opção de discutir qualquer outra matéria que não as anteriormente mencionadas
deverá se insurgir por intermédio de uma ação autônoma.
Após a impugnação do credor do precatório deve o juiz intimar a Fazenda Pública cujo débito foi
descontado a título de compensação para que esta se manifeste em 30 dias.
4.2 A decisão do juiz sobre a compensação e o recurso cabível
O juiz da execução poderá enviar o ofício de requisição da parte incontroversa (que não há discussão)
do precatório, sendo certo que, antes de enviar o ofício ao presidente do Tribunal para a requisição do
precatório da parte controversa proferirá decisão em 10 dias sobre a possibilidade ou não de
compensação de débitos, o montante desse valor submetido à compensação e o valor líquido do
precatório, conforme art. 33 da Lei 12.431/2011. Interessante mencionar que, do cálculo efetivado pelo
juízo já haverá a dedução tributária que será retida pela instituição financeira.
Apesar de resolver uma questão voltada à compensação, o recurso cabível da mesma será o agravo de
instrumento, conforme disposto do art. 34 da Lei 12.431/2011. É certo, que tal recurso terá o efeito
suspensivo, suficiente, portanto, para não permitir a requisição do precatório ao Tribunal até que haja o
trânsito em julgado da decisão.

Da mesma forma tratada no art. 526 do CPC (LGL\1973\5), 8 o agravante deverá requerer a juntada de
cópia da petição do agravo com o comprovante de sua interposição, bem como a relação de
documentos que instruíram o recurso no prazo de três dias, sob pena de inadmissibilidade do agravo,
conforme dispõe os §§ 2.º e 3.º do art. 34 da Lei 12.431/2011.
4.3 O momento da compensação do precatório com os tributos devidos
Com o julgamento do agravo de instrumento sobre as questões controversas haverá se transcorrido o
prazo para qualquer outro recurso, o trânsito em julgado da decisão que determinou a compensação de
valores de precatórios com tributos devidos. Assim, nesse momento haverá a consumação da
compensação, sendo certo, que, a condição resolutória dessa compensação será a disponibilização
financeira do precatório.
A Fazenda Pública será intimada, com remessa dos autos, para fins de registro acerca da decisão da
compensação que transitou em julgado, já que no prazo de 30 dias deverá devolver os autos com
dados para preenchimento de documentos de arrecadação referentes aos débitos compensados. O juízo
após recebimento desses dados informará o credor do precatório no tocante à compensação efetivada.
Ainda, caso haja parcelamento em andamento (Refis, Paes, Paex, Parcelamento Ordinário etc.) e o
valor do precatório do credor seja inferior ao débito para com a Fazenda Pública haverá a compensação
parcial das parcelas já vencidas de maneira crescente, ou seja, da primeira parcela vencida até a última
parcela vencida, diferentemente da compensação de parcelas vincendas, em que haverá a
compensação decrescente da última parcela até a primeira parcela que irá vencer.
4.4 A compensação de precatórios federais com tributos estaduais ou municipais e débitos
em face de autarquias federais
A compensação de precatórios com tributos federais como verificamos é possível, todavia, resta uma
dúvida quanto à possibilidade de compensação desses precatórios decorrentes de sentenças judiciais
transitadas em julgado em face da União com débitos dos entes federativos ou mesmo uma autarquia
federal.

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Em um primeiro momento, os créditos tributários constituídos por outros entes federativos que não a
União (Estados, Distrito Federal e Municípios) não poderão ser compensados com precatórios federais,
haja vista a autonomia e independência de cada ente federativo e a sua sistemática própria de
cobrança de tributos. Logo, não haveria nesse momento, primeiro, tal possibilidade de abatimento de
tributos de entes autônomos com o precatório advindo da União.
Ademais, a Lei 12.431/2011, em seu art. 30, § 6.º veda tal possibilidade ao mencionar que os débitos
e créditos compensados serão aqueles decorrentes de uma mesma pessoa jurídica que é devedora do
precatório. 9
Todavia, como alertamos esse é um primeiro momento, uma vez que o próprio texto constitucional ao
acrescentar alguns parágrafos no art. 100 da CF (LGL\1988\3) permitiu a União a possibilidade de
assumir débitos oriundos dos entes federativos, tais como Estados, Distrito Federal e Municípios. 10
Nessa ótica, segunda, com o advento de lei específica, acreditamos que a União Federal pode efetivar o
encontro de contas de créditos tributários de outros entes federativos com precatórios federais, desde
que, tenha assumido a dívida destes entes e, posteriormente, permita o abatimento dos tributos desses
entes federativos com os mencionados precatórios da União. Essa visão permite, s.m.j., a efetividade
do texto constitucional, uma vez que, como levantamento já mencionado de mais de 84 bilhões de
precatórios devidos até 2010 pelos entes federativos, excluída a União, dificilmente os Estados de São
Paulo, Paraná e Espírito Santo, os maiores devedores de precatórios estaduais conseguirão pagar suas
dívidas de precatórios em 15 anos, conforme o novo texto constitucional sem o auxílio da União
Federal.
No que toca os débitos de credores de precatórios com autarquias entendemos que pela aproximação
desse ente que é um “braço” do Estado no exercício de suas atividades existe a possibilidade de
compensação de precatórios federais com a autarquia federal, uma vez que todos possuem uma
administração da mesma Fazenda Pública, a Federal, razão pela qual invocamos, inclusive, decisão
monocrática do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal para avalizar tal premissa de acordo
com o julgado em RE 550.400/RS. 11
4.5 A compensação das requisições de pequeno valor com tributos federais
Uma questão interessante que deve ser abordada é a atinente à possibilidade ou não de compensação
das chamadas RPV'S ou requisições de pequeno valor com os tributos do mesmo ente federal devedor
do precatório. Como sabemos as requisições possuem tratamento especial no texto constitucional,
inclusive com prioridade de pagamentos em comparação com os precatórios, conforme dispõe o art.
100, § 3.º, da CF/1988 (LGL\1988\3). 12
Não é necessária, assim, a expedição de precatório de valores devidos pelos municípios em até trinta
salários mínimos, pelos Estados e Distrito Federal em até quarenta salários mínimos e pela União em
valores devidos até sessenta salários mínimos.
Com isso, o art. 44 da Lei 12.431/2001 define que a sistemática dos precatórios no que toca à
compensação não é a mesma da requisição de pequeno valor, que deve seguir os dispositivos aplicados
pelo Código de Processo Civil (LGL\1973\5), em especial, os arts. 730 e 731, que trata da execução
contra a Fazenda Pública. 13
Acreditamos que mesmo com a disposição legal desfavorável à compensação de RPV com tributos
existiria tal possibilidade se aplicássemos uma interpretação sistemática do ordenamento jurídico, em
especial, a celeridade processual, que permitiria o encontro de contas entre o ente federativo e o credor
de RPV de imediato, sem maiores complicações burocráticas, uma vez que, em muitas das vezes o
credor de pequenos valores demora mais de um ano para receber a mencionada quantia.
Já o art. 87 do ADCT (LGL\1988\31) prevê no parágrafo único que, o credor poderá renunciar os
valores maiores que as requisições de pequeno valor para que receba seu crédito de imediato sem a
abordagem dos precatórios. 14 Ocorre, nessa oportunidade a possibilidade por exemplo de um credor
de precatório federal de 130 salários mínimos renunciar 70 salários mínimos para que possa receber 60
salários mínimos em requisição de pequeno valor. Nessa ocasião, entendemos que o valor “renunciado”
deverá ser limitado, nos moldes do art. 28 da Res. CNJ 115/2010, a um deságio de 50% do valor total
do precatório. 15
Dessa forma, o valor remanescente do exemplo de 130 salários mínimos seria oferecido ao credor do
precatório para a compensação de tributos, sob pena de ofensa ao direito fundamental de propriedade,
pois se adotamos a sistemática de parâmetros para limitar o deságio em 50% nos leilões dos
precatórios, sistemática diferente não poderá ser aplicada no caso de “renúncia” para o recebimento de
uma quantia em requisição de pequeno valor.
O credor do precatório de 130 salários mínimos mencionado no nosso exemplo, com isso ficaria com
um bônus de 10 salários mínimos para utilizar em compensações futuras de tributos, como
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explicaremos no próximo tópico, 60 salários de fato renunciados para receber outros 60 salários
mínimos em dinheiro.
4.6 A compensação de precatórios já expedidos com tributos a vencer
Outro tema interessante é a compensação de tributos vincendos com precatórios já expedidos em que
a sistemática é diferente da Lei 12.431/2011. A referida lei trata de débitos ou tributos para
compensação com precatórios, mas com uma exposição antes da expedição do precatório ao
beneficiário. Ocorre que, em algumas ocasiões haverá a expedição do precatório e o atraso no
pagamento, uma vez que os entes federativos não pagam as suas dívidas em dia, momento este, que
ocasionará a possibilidade de encontro de contas de tributos a vencer de um beneficiário de precatório.
A mera leitura do art. 97, § 10, II, do ADCT (LGL\1988\31), expõe a autoaplicabilidade do dispositivo
constitucional sem a necessidade da regulamentação posterior com a edição de alguma lei.
Nesse diapasão, o direito líquido e certo do credor do precatório poderá ser utilizado sem a adoção de
maiores burocracias, já que existe um crédito e um débito em face de uma determinada pessoa, sendo
necessário, somente, o encontro de contas.
O credor de precatório não pago poderá, caso tenha uma maior diligência pedir a habilitação do crédito
junto à Receita Federal para um encontro de contas eletrônico através do sistema PER/DCOMP (Pedido
Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação). No entanto,
caso assim não o fizer acreditamos que o direito líquido e certo conferido pela Constituição Federal
(LGL\1988\3) não pode causar qualquer ônus ao credor de precatório que compensou o tributo sem a
referida habilitação.
5. A EMISSÃO DA CPD-EN E A DISPONIBILIZAÇÃO DOS VALORES DO PRECATÓRIO
Uma vez transitada em julgado a decisão que resolveu a compensação de precatórios com tributos
federais não poderão estes ser cobrados até que haja a disponibilização financeira do precatório. É
certo, ainda, que enquanto os valores do precatório não forem depositados é possível o credor do
precatório exigir a certidão positiva com efeitos de negativa atinente aos créditos tributários objeto da
compensação com precatórios, conforme art. 36, § 5.º, da Lei 12.431/2011.
Já a compensação no que toca os efeitos financeiros do repasse de verba determinada pela
Constituição Federal (LGL\1988\3) somente se operacionalizará no momento em que os valores do
pagamento do precatório estiverem disponíveis nos cofres da União.
6. A REQUISIÇÃO DO PRECATÓRIO E A ATUALIZAÇÃO DOS VALORES
A requisição do precatório, conforme dispõe o art. 37 da Lei 12.431/2011 deverá ocorrer pelo juiz ao
enviar as informações para o Tribunal correspondente ao valor integral do crédito tributário ou o débito
da Fazenda Pública, assim como, o valor que foi deferido para a compensação, além dos dados para
preenchimento dos documentos de arrecadação e valor líquido a ser pago ao credor do precatório,
sempre com a observação das deduções tributárias (por exemplo imposto de renda) que devem ser
retidas pela instituição financeira.
Fato notório é o índice da taxa Selic utilizado pela Fazenda Pública, quando da atualização dos valores
devidos a título de tributo pelo credor do precatório, pois os valores do crédito tributário que serão
compensados com os precatórios até a data do trânsito em julgado da decisão judicial que determina a
compensação serão atualizados de forma desproporcional à atualização dos precatórios, conforme
disposto no art. 36 da Lei 12.431/2011. 16
A atualização do precatório, enquanto não houver o trânsito em julgado da decisão que determina a
compensação entre o crédito tributário e o precatório será nos moldes do § 12 do art. 100 da CF/1988
(LGL\1988\3) que determina a atualização do precatório com a remuneração do índice da caderneta de
poupança, quando assim o juiz determinar. Isso porque a verba do precatório tem disposição
constitucional para uma atualização após o período de inclusão no orçamento do ente devedor e seu
efetivo pagamento de um índice aplicado à caderneta de poupança. Dessa maneira, vários magistrados
antes da requisição do precatório, é dizer, quando da determinação em sentença do pagamento do ente
devedor, já especifica que, o índice para reajuste de valores até a inclusão no orçamento do ente
devedor e posterior ao efetivo pagamento (período antes e depois dos 18 meses) deve ser o índice da
poupança. 17
Enquanto, portanto, não se expedir o precatório, a atualização será efetivada com índice inferior ao da
atualização do débito tributário do credor do precatório para com a Fazenda Pública, já que, somente
aplicar-se-á o mesmo índice da caderneta de poupança para a atualização do crédito tributário, após o
trânsito em julgado da decisão de compensação, 18 mas nesse ínterim as atualizações serão
diferenciadas.
A título de exemplo, o índice da taxa Selic utilizado para cobrança dos créditos da Fazenda Pública
Federal no mês de julho de 2010 foi de 0,97%, ao passo que no mesmo período o índice da caderneta
de poupança fora de 0,61%.
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Nunca é demais mencionar, que independentemente da discussão levantada o credor do precatório


sequer terá a atualização de seu crédito em outro momento que será o da inclusão do valor no
orçamento do ente devedor e o efetivo pagamento, 19 de acordo com o texto constitucional, ou seja,
um período de 18 meses sem qualquer atualização com o aval do disposto na Súmula Vinculante 17
(MIX\2010\2938) do STF. 20
7. A EXPEDIÇÃO DO PRECATÓRIO E A DISPONIBILIZAÇÃO DE VALORES
A fase final estará encaminhada quando expedido o precatório pelo Tribunal da jurisdição do credor em
que fora criado o crédito em desfavor da União. O valor do precatório será na sua totalidade de acordo
com o orçamento do ente e a coordenação da verba pela respectiva Fazenda Pública. O precatório
conterá as informações gerais, inclusive com os valores que foram destinados a título de compensação,
assim como os valores para pagamento do beneficiário do crédito e os dados para preenchimento dos
documentos de arrecadação.
Os valores para pagamento do precatório serão depositados em instituição financeira responsável pelo
pagamento (normalmente Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil) que terá à disposição o valor
bruto do crédito, nos moldes do art. 39 da supramencionada Lei.
O Tribunal após atualização dos débitos compensados enviará os dados para preenchimento dos
documentos de arrecadação à instituição financeira com o comprovante da transferência do valor
integral do precatório. Ao receber os mencionados dados para preenchimento dos documentos de
arrecadação a instituição financeira efetuará a quitação dos valores do crédito em vinte e quatro horas.
Caso o beneficiário do precatório tenha algum prejuízo decorrente de compensação a maior de valores
após a disponibilização financeira do montante do precatório poderá este ser restituído
administrativamente.
8. A EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO OU TRIBUTO COMPENSADO COM PRECATÓRIO
A extinção do tributo compensado ocorrerá após o recebimento das informações pelo juízo e intimada a
Fazenda Pública pessoalmente com remessa dos autos ao procurador que é o responsável pela
representação processual da pessoa jurídica devedora do precatório na ação de execução, que fará o
registro da extinção definitiva dos tributos ou débitos em aberto.
9. CANCELAMENTO DO PRECATÓRIO
Na hipótese de cancelamento do precatório a Fazenda Pública Federal será intimada para dar
andamento aos atos de cobrança do débito compensado. Acreditamos que na hipótese de extinção da
ação de execução do crédito tributário haverá a necessidade de uma nova demanda executiva. É certo
ainda, que os valores recebidos pela Fazenda Pública a título de quitação dos débitos serão solicitados à
entidade arrecadadora para devolução na conta do Tribunal. 21
9.1 Débitos parcelados e o cancelamento
Na hipótese de cancelamento do precatório que gerou uma extinção de valores decorrente dos
parcelamentos de tributos devidos, a dívida será reconsolidada para efeitos de atualização de valores e
retomada do prazo original para pagamento.
10. A AMORTIZAÇÃO DA DÍVIDA CONSOLIDADA DO REFIS DA CRISE COM PRECATÓRIO
FEDERAL
Além da compensação de precatórios com tributos federais, o crédito poderá ser utilizado para a
amortização da dívida consolidada do chamado Refis da crise que adveio com a publicação da Lei
11.941/2009 (fruto de um programa de incentivo a empresas brasileiras para pagamento de tributos
federais vencidos, ante a crise imobiliária surgida em 2008/2009 nos Estados Unidos que “quebrou”
bancos estadunidenses, europeus e afetou o mercado de investimento brasileiro). Assim, após a
consolidação da dívida do parcelamento trazido pela Lei 11.941/2009 será possível abater o valor de
precatório federal de credores para que o valor a ser pago seja menor de acordo com o art. 43 da Lei
12.431/2011. 22
11. CONCLUSÃO
Após as exposições nos tópicos anteriores foi possível viabilizar que existe uma necessidade de dar
efetividade ao texto constitucional para a aplicabilidade do instituto jurídico precatório. Com o passar
dos anos e das Constituições foi possível constatar a modificação legal para engendrar uma sistemática
favorável ao credor do referido crédito.
O Estado é o maior devedor dessa República Federativa e deve sempre partir dele o maior exemplo no
que toca o pagamento de dívidas em face de credores de precatórios. Assim, ao analisarmos a Lei
12.431/2011 é possível concluirmos que a legislação está, aos poucos, passo a passo, outorgando ao
credor do precatório maiores facilidades para que este não se prejudique com a mora estatal.
Esperamos que com o advento da EC 62/2009 em que o prazo para pagamento de precatórios foi
alargado para 15 anos haja uma definição quanto ao prazo efetivo de recebimento de precatórios e
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cada vez mais com Resoluções como a Res. CNJ 115/2010 e a Lei 12.431/2011 o Estado ofereça meios
de fazer valer o crédito do cidadão que durante um século praticamente se tornou refém de um Estado
que legisla e não faz aplicar as suas leis que, por corolário impede a efetividade do direito
constitucional.
12. BIBLIOGRAFIA
Aberastury, Pedro. El Ejecución de sentencias contra el Estado. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 2001.
Barroso, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
______. Interpretação e aplicação da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
______. O direito constitucional e a efetividade de suas normas. 7. ed. São Paulo: Renovar, 2003.
Bidart Campos, German J. La Corte Suprema – El Tribunal de las garantias constitucionales –
Actualizado por Pablo L. Manili. Buenos Aires: Ediar, 2010.
Bonavides, Paulo. Teoria geral do Estado. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2010.
Etllin, Edgardo. Procesos de ejecución de sentencias de condena a pagar sumas de dinero contra el
Estado. Montevideo: Amalio M. Fernandez, 2008.
Ferreyra, Raúl Gustavo. Notas sobre Derecho Constitucional y Garantias. Buenos Aires: Ediar, 2008.
______. Reforma constitucional y control de constitucionalidad. Límites a la judiciabilidad de la
enmienda. Buenos Aires: Ediar, 2007.
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______. Ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do direito. São Paulo: Malheiros, 2009.
Hesse, Konrad. Temas fundamentais do direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2009.
______. A força normativa da Constituição. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed., 1991.
Silva, José Afonso da. Poder constituinte e poder popular. 1. ed. 3. tir. São Paulo: Malheiros, 2007.
______. Aplicabilidade das normas constitucionais. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2005.
Vaz, José Otavio de Vianna. O pagamento de tributos por meio de precatórios. Belo Horizonte: Del Rey,
2007.

1 Art. 100, § 9.º, CF/1988 (LGL\1988\3):


“No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser
abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não
em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas
vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de
contestação administrativa ou judicial” (incluído pela EC 62/2009). Art. 100, § 10, CF/1988
(LGL\1988\3):
“Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em
até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que
preencham as condições estabelecidas no § 9.º, para os fins nele previstos.”

2 Art. 97, § 2.º, do ADCT (LGL\1988\31):


“Para saldar os precatórios, vencidos e a vencer, pelo regime especial, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios devedores depositarão mensalmente, em conta especial criada para tal fim, 1/12 (um
doze avos) do valor calculado percentualmente sobre as respectivas receitas correntes líquidas,
apuradas no segundo mês anterior ao mês de pagamento, sendo que esse percentual, calculado no
momento de opção pelo regime e mantido fixo até o final do prazo a que se refere o § 14 deste artigo,
será: I – para os Estados e para o Distrito Federal:
(…)
b) de, no mínimo, 2% (dois por cento), para os Estados das regiões Sul e Sudeste, cujo estoque de
precatórios pendentes das suas administrações direta e indireta corresponder a mais de 35% (trinta e
cinco por cento) da receita corrente líquida;
(…)
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§ 3.º Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de que trata este artigo, o somatório das
receitas tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços,
transferências correntes e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1.º do art. 20 da
Constituição Federal (LGL\1988\3), verificado no período compreendido pelo mês de referência e os 11
(onze) meses anteriores, excluídas as duplicidades, e deduzidas:
(…).”

3 Art. 97, § 10, ADCT (LGL\1988\31):


“No caso de não liberação tempestiva dos recursos de que tratam o inciso II do § 1.º e os §§ 2.º e 6.º
deste artigo:
I – haverá o sequestro de quantia nas contas de Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, por
ordem do Presidente do Tribunal referido no § 4.º, até o limite do valor não liberado;
II – constituir-se-á, alternativamente, por ordem do Presidente do Tribunal requerido, em favor dos
credores de precatórios, contra Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, direito líquido e certo,
autoaplicável e independentemente de regulamentação, à compensação automática com débitos
líquidos lançados por esta contra aqueles, e, havendo saldo em favor do credor, o valor terá
automaticamente poder liberatório do pagamento de tributos de Estados, Distrito Federal e Municípios
devedores, até onde se compensarem”.

4 Art. 78, § 2.º, ADCT (LGL\1988\31): “As prestações anuais a que se refere o caput deste artigo
terão, se não liquidadas até o final do exercício a que se referem, poder liberatório do pagamento de
tributos da entidade devedora.”

5 Art. 170, CTN (LGL\1966\26): “A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja
estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda
Pública.”

6 Art. 97, § 9.º, do ADCT (LGL\1988\31):


“No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser
abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não
em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas
vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de
contestação administrativa ou judicial.”

7 Art. 30, § 3.º, da Lei 12.431/2011:


“A Fazenda Pública Federal, antes da requisição do precatório ao Tribunal, será intimada para responder,
no prazo de 30 (trinta) dias, sobre eventual existência de débitos do autor da ação, cujos valores
poderão ser abatidos a título de compensação.”

8 Art. 526 do CPC (LGL\1973\5):


“O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos autos do processo de cópia da petição
do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos
documentos que instruíram o recurso.
Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que arguido e provado pelo
agravado, importa inadmissibilidade do agravo.”

9 Art. 30 da Lei 12.431/2011:


“A compensação de débitos perante a Fazenda Pública Federal com créditos provenientes de
precatórios, na forma prevista nos §§ 9.º e 10 do art. 100 da CF/1988 (LGL\1988\3), observará o
disposto nesta Lei;
(…)

10 Art. 100, § 16, da CF/1988 (LGL\1988\3):


“A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de
Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente” (incluído pela EC 62/2009).

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11 RE 550.400/RS: “ Discute-se no presente recurso extraordinário o reconhecimento do direito à


utilização de precatório, cedido por terceiro e oriundo de autarquia previdenciária do Estado-membro,
para pagamento de tributos estaduais à Fazenda Pública.
2. O acórdão recorrido entendeu não ser possível a compensação por não se confundirem o credor do
débito fiscal – Estado do Rio Grande do Sul – e o devedor do crédito oponível – a autarquia
previdenciária.
3. O fato de o devedor ser diverso do credor não é relevante, vez que ambos integram a Fazenda
Pública do mesmo ente federado [ Lei 6.830/1980]. Além disso, a Constituição do Brasil não impôs
limitações aos institutos da cessão e da compensação e o poder liberatório de precatórios para
pagamento de tributo resulta da própria lei [art. 78, caput e § 2.º, do ADCT (LGL\1988\31) à CF/1988
(LGL\1988\3)].
4. Esta Corte fixou jurisprudência na ADIn 2851, Pleno, relator o Ministro Carlos Velloso, DJ
03.12.2004, no sentido de que:
‘Ementa: Constitucional. Precatório. Compensação de crédito tributário com débito do estado
decorrente de precatório. Cf., art. 100, art. 78, ADCT (LGL\1988\31), introduzido pela EC 30/2002. I. –
Constitucionalidade da Lei 1.142/2002, do Estado de Rondônia, que autoriza a compensação de crédito
tributário com débito da Fazenda do Estado, decorrente de precatório judicial pendente de pagamento,
no limite das parcelas vencidas a que se refere o art. 78 do ADCT (LGL\1988\31), introduzido pela EC
30/2000. II – ADIn julgada improcedente.’
Dou provimento ao recurso extraordinário, com fundamento no disposto no art. 557, § 1.º-A, do CPC
(LGL\1973\5). Custas ex lege. Sem honorários. Publique-se.” STF, RE 550.400/RS, j. 28.08.2007, rel.
Min. Eros Grau, DJ 18.09.2007.

12 Art. 100, § 3.º, do ADCT (LGL\1988\31):


“O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos
pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam
fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado” (Redação dada pela EC 62/2009).

13 Art. 730 do CPC (LGL\1973\5):


“Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para opor embargos em
10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as seguintes regras:
I – o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente;
II – far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito.
Art. 731. Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o presidente do tribunal, que expediu
a ordem, poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério Público, ordenar o sequestro da quantia
necessária para satisfazer o débito.”

14 Art. 87, parágrafo único, do ADCT (LGL\1988\31):


“Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido neste artigo, o pagamento far-se--á, sempre, por
meio de precatório, sendo facultada à parte exequente a renúncia ao crédito do valor excedente, para
que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma prevista no § 3.º do art. 100.”

15 Art. 28 da Res. CNJ 115/2010:


“Para a realização dos leilões serão observados os seguintes parâmetros:
(…)
IV – Os leilões, realizados por meio de sistema eletrônico, ocorrerão mediante oferta pública, na
modalidade de deságio, utilizando-se, salvo critério diverso previsto no edital, a cumulação do maior
percentual de deságio com o maior valor de precatório. Terão preferência para serem pagos, em cada
leilão realizado, os precatórios de maior valor em caso de mesmo percentual de deságio, e os de maior
percentual de deságio em caso de valores distintos, admitindo-se como deságio máximo o percentual
de 50% (cinquenta por cento) do valor do precatório; (…).”

16 Art. 36, § 8.º, da Lei 12.431/2011:


“Os valores informados, submetidos ao abatimento, serão atualizados até a data do trânsito em julgado
da decisão judicial que determinou a compensação, nos termos da legislação que rege a cobrança dos
créditos da Fazenda Pública Federal.”

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17 Art. 100, § 12, da CF/1988 (LGL\1988\3):


“A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após
sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora,
incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança,
ficando excluída a incidência de juros compensatórios.”

18 “Art. 39. O precatório será corrigido na forma prevista no § 12 do art. 100 da CF/1988
(LGL\1988\3). § 1.º A partir do trânsito em julgado da decisão judicial que determinar a compensação,
os débitos compensados serão atualizados na forma do caput.
(…).”

19 Art. 100, § 5.º, da CF/1988 (LGL\1988\3):


“É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao
pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios
judiciários apresentados até 1.º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte,
quando terão seus valores atualizados monetariamente”.

20 Súmula Vinculante 17 (MIX\2010\2938) do STF:


“Durante o período previsto no § 1.º do art. 100 da CF/1988 (LGL\1988\3), não incidem juros de mora
sobre os precatórios que neles sejam pagos”

21 Art. 40, § 2.º, da Lei 12.431/2011.


“Se o cancelamento do precatório ocorrer após a quitação dos débitos compensados, o Tribunal
solicitará à entidade arrecadadora a devolução dos valores à conta do Tribunal.”

22 Art. 43 da Lei 12.431/2011: “O precatório federal de titularidade do devedor, inclusive aquele


expedido anteriormente à EC 62/2009, poderá ser utilizado, nos termos do art. 7.º da Lei 11.941, de
27 de maio de 2009, para amortizar a dívida consolidada.”

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