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Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Universidade de São Paulo

LES – 0611 INSTITUIÇÕES DE DIREITO

Prof.: Paulo S. Millan

Aula 1: INTRODUÇÃO

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Piracicaba – São Paulo
INTRODUÇÃO

1. Conceito de Direito

2. Fontes Formais do Direito

3. Classificação das Leis

4. Processo Legislativo

5. Organização do Poder Judiciário Brasileiro

6. Divisão do Direito e Ramos do Direito

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1. CONCEITO DE DIREITO

O direito é a norma das ações humanas na vida social,


estabelecida por uma organização soberana e imposta
coativamente à observância de todos.

Este conceito traz quatro idéias que devem ser discutidas:

a) O direito é a norma, ou conjunto de normas jurídicas, das ações


humanas na vida social.

b) Este conjunto de normas é estabelecido por uma organização


soberana.

c) As normas são impostas coativamente.

d) As normas devem ser observadas por todos. 3


Acepções da Palavra Direito

Direito Objetivo - direito como um conjunto de normas que a todos se


dirige e a todos obriga. Ex.: “O direito determina que todos respeitem a
propriedade alheia”.

Direito Subjetivo - direito como uma faculdade que decorre da norma.


Ex.: “O proprietário tem o direito de repelir a agressão à sua
propriedade”.

Direito como sinônimo de justo. Ex.: “Não é direito o professor


reprovar o aluno que demonstra conhecimento da matéria”.

Direito como ciência. Ex.: “Cabe ao direito o estudo das normas


jurídicas”.
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2. FONTES FORMAIS DO DIREITO

Conceito: Fontes formais do direito são os modos ou as formas por meio


das quais as regras jurídicas se exprimem, se materializam, se
manifestam.

São fontes formais do direito:

- A lei
- Os costumes
- A jurisprudência
- A doutrina

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2.1. LEI

Lei é norma jurídica geral e coativa, emanada da autoridade


competente.

Caracteres da lei

a) Norma Jurídica. A lei é uma norma jurídica, ou seja, um comando,


uma ordem que norteia a ação humana.

b) Generalidade. A lei é uma ordem, um comando dirigido


indistintamente a todos indivíduos ou a todos indivíduos que pertençam
a uma determinada categoria.

c) Coercitividade. A lei é dotada de sanção. Através da sanção procura-


se compelir o indivíduo à observância da ordem contida na norma.
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Formas de sanção:

1) Ameaça de natureza física. Ex.: penas privativas de liberdade.

2) Ameaça de caráter patrimonial. Exs.: reparação de dano e multa

3) Negação de eficácia. Ex.: art. 51, I do Código de Proteção e Defesa


do Consumidor.

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d) A lei deve emanar do poder competente. Compete ao Poder
Legislativo a elaboração da lei.

Competência da União. Competência exclusiva - art. 22 da CF.


Competência concorrente com a competência dos Estados - art. 24 da
CF.

Competência dos Municípios. compete legislar sobre assuntos de


interesse local e suplementar a legislação federal e estadual no que
couber (art. 30, I e II da CF)

Competência dos Estados-Membros. Determinada por exclusão.

Observação: Órgãos legislativos

União - Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado)


Estados-Membros - Assembléia Legislativa
Municípios - Câmara Municipal 8
2.2. COSTUMES

O costume consiste na observância geral, constante e uniforme de


determinado comportamento, com a convicção de ser o mesmo
obrigatório.

Requisitos do Costume:

- Requisito Externo. Compreende a observância do comportamento por


todas as pessoas de forma uniforme (da mesma maneira) e
ininterruptamente por período expressivo de tempo.

- Requisito Interno. É a convicção de que a observância do


comportamento corresponde a uma necessidade jurídica.

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Observações:

a) Por mais antigo que seja um costume ele nunca poderá importar a
criação de norma contrária à lei. A lei só será modificada ou revogada por
outra lei (art. 2º da Lei de Introdução ao Código Civil).

b) Alguns costumes terminam dando origem a leis.

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2.3. JURISPRUDÊNCIA

Jurisprudência é o conjunto de decisões dos tribunais, num determinado


sentido, a respeito de certo objeto, de modo constante e reiterado.

Exemplo 1: Súmula nº 302 do Superior Tribunal de Justiça: “É abusiva a


cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação
hospitalar do segurado” (DJ de 22.11.2004, PG: 00425).

Exemplo 2: Súmula nº 370 do Superior Tribunal de Justiça: “caracteriza


dano moral a apresentação antecipada do cheque pré-datado” (DJe
25/02/2009 ).

Exemplo 3: Súmula nº 469 do Superior Tribunal de Justiça: Aplica-se o


Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde (DJe
06/12/2010).

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Súmula vinculante, introduzida pela Emenda Constitucional nº 45, de 8
de dezembro de 2004.

"Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por


provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.”

(caput acrescentado à Constituição pela Emenda Constitucional nº 45,


de 8 de dezembro de 2004).

Observação: A importância da jurisprudência como fonte de direito nos sistemas


jurídicos da common law.
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Exemplos de súmulas vinculantes

Súmula Vinculante 12
A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o
disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal. (DJe nº 157/2008, p. 1, em
22/8/2008. DO de 22/8/2008, p. 1.)

Súmula Vinculante 32

O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro pelas


seguradoras. (DJe nº 37 de 24/2/2011, p. 1. DOU de 24/2/2011, p. 1.)

Súmula Vinculante 55
O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores
inativos. (DJe nº 54 de 28/3/2016, p. 1. DOU de 28/3/2016, p. 134.)

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2.4. DOUTRINA

Doutrina é o estudo de caráter científico que os juristas realizam a


respeito do direito, seja com o propósito puramente especulativo de
conhecimento e sistematização, seja com a finalidade prática de
interpretar as normas jurídicas para sua exata aplicação.

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3. CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS

a) Classificação das leis segundo a sua hierarquia

a1) Leis constitucionais. São as normas que compõe a Constituição


Federal

- normas materialmente constitucionais. São normas concernentes à


forma do Estado (unitário e federal), à forma do governo (monarquia,
aristocracia, e democracia), ao modo de aquisição e exercício do poder,
ao estabelecimento de seus órgãos, aos limites de sua ação. Ex.: art. 1º
da CF.

- normas formalmente constitucionais. Regras que estão na Constituição


e que tratam de qualquer outra matéria que não as tratadas pelas normas
materialmente constitucionais. Ex.: art. 228 da CF.
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Observação: A Constituição brasileira pode ser modificada parcialmente
por meio de emendas.

Art. 60 da CF. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou


do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de
seus membros.
(...)

§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso


Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em
ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

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a2) Leis complementares. São leis elaboradas para tratar de matérias
indicadas expressamente no texto da Constituição Federal. Exs.: art. 153,
VII e art. 59, parágrafo único, da CF.

Observações:

a) A lei complementar caracteriza-se também pela exigência de quorum


especial para sua aprovação (maioria absoluta).

b) Sua existência se justifica uma vez que as matérias reguladas por leis
complementares ficam livres de serem alteradas de forma apressada e
talvez indesejável por leis ordinárias, e ao mesmo tempo não estão
submetidas à rigidez dos textos constitucionais.

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a3.1) Leis ordinárias. Leis ordinárias são as elaboradas pelo Poder
Legislativo no exercício de sua atividade típica e comum. Ex.:

Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404, de 15.12.76);


Lei de Locações de Imóveis Urbanos (Lei nº 8.245, 18.10.91);
Lei de Falências e de Recuperação de Empresas (Lei nº 11.101, de
09.02.2005);
Código Florestal (Lei nº 12.651 de 25.05.2012); e
Lei da Política Nacional de Irrigação (Lei nº 12.788, de 14.01.2013).

a3.2) Leis delegadas. São atos normativos elaborados e editados pelo


Presidente da República a partir de autorização do Poder Legislativo e
dentro dos limites impostos por esta autorização (art. 68 da CF).
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a3.3) Decretos Legislativos e Resoluções. Decretos legislativos e
Resoluções são atos normativos que tratam de assuntos de competência
do Poder legislativo.

Decretos Legislativos. Elaborados pelo processo previsto para


elaboração da lei ordinária (critério formal). Tratam de matérias que são
privativas do Congresso Nacional - art. 49 da CF (critério material).

Resoluções. Elaboradas por processo simplificado (critério formal). Já a


matéria regulada pela resolução é aquela que está fora do campo
específico da lei e do decreto, sendo portanto, determinada por exclusão
(critério material).

Observação: O decreto legislativo e a resolução têm como ponto em


comum o fato de ditarem, via de regra, normas individuais, ou seja, falta-
lhes a generalidade das leis.

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a4) Atos administrativos normativos. Atos administrativos normativos
são aqueles que contêm um comando geral do Executivo, visando à
correta aplicação da lei.

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Medidas provisórias. são normas com força de lei editadas pelo
Presidente da República.

Art 62, caput, da CF: “Em caso de relevância e urgência, o Presidente da


República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional” (redação dada pela
Emenda Constitucional nº 32, de 11.09.2001).

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• Para ser convertida em lei, a medida provisória deverá ser votada e
aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado.

• Se a medida provisória não for convertida em lei no prazo de sessenta


dias, contado da data de sua publicação, prazo prorrogável por uma
única vez por igual período, ela perderá a sua eficácia, desde de sua
edição.

• Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias


contados de sua publicação, entrará em regime de urgência,
subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional,
ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais
deliberações da Casa em que estiver tramitando. 22
Emenda Constitucional nº 32, de 11.09.2001

- Procura evitar que as medidas provisórias se perpetuem no tempo.


Antes, tinham validade de trinta dias, mas podiam ser reeditadas em
número ilimitado de vezes.

- Restringiu os temas sobre os quais as medidas provisórias podem


versar. Não é possível, por exemplo, a edição de medidas provisórias
sobre matéria relativa a direito penal.

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b) Classificação das leis segundo a sua obrigatoriedade.

Leis Imperativas. são as que estabelecem princípios cuja manutenção é


necessária à ordem social, e por isso impõem-se, obrigatoriamente, a todos
os indivíduos, inderrogáveis que são pela vontade privada. Ex.:art. art.
1.521, I do Código Civil, CC, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que
proíbe o casamento entre ascendente e descendentes.

Leis Dispositivas. Instituem princípios não essenciais à organização e


funcionamento do Estado, ou da vida social, e por isso, não se impõem
compulsoriamente.

Permissivas. As normas permissivas são as que permitem uma conduta,


cabendo a cada um, através de sua livre escolha, seguir ou não a conduta
permitida. Ex.: art. 1.639 do CC.

Supletivas. Normas supletivas são as que suprem a falta de manifestação


da vontade das partes. Ex.: art. 1.640 do CC.
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c) Classificação das leis segundo a sua aplicabilidade.

Leis Auto Aplicáveis. São aquelas que possuem todos os requisitos


necessários para sua vigência. Ex.: art. 7º, XIII, da CF.

Leis Dependentes de Complementação. São aquelas que precisam ser


regulamentadas por novas normas. Ex.: art. 7º, XI da CF.

25
d) Classificação das leis segundo a sua sistematização.

Leis esparsas ou extravagantes. São as editadas isoladamente. Ex.: Lei


de Locação de Imóveis Urbanos (Lei nº 8.241, de 18 de outubro de 1991)

Códigos. Trazem normas sobre determinado campo do direito


coordenadas entre si de forma a ser constituído um corpo de princípios,
dotados de unidade e deduzidos sistematicamente. Exs.: Código Civil,
Código Penal.

Consolidações. Reúnem, de modo sistemático, leis esparsas já existentes


e em vigor, sobre determinada matéria. Ex.: CLT.

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e) Classificação das leis segundo a esfera do Poder Público da qual
emanam.

Leis Federais

Leis Estaduais

Leis Municipais

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4. O PROCESSO LEGISLATIVO

Conceito: O processo legislativo é a sucessão ordenada de atos


necessários à formação de emendas à Constituição, leis
complementares, leis ordinárias, decretos legislativos, e resoluções.

Observação. No caso das leis delegadas e das medidas provisórias


não é possível se falar em processo legislativo, uma vez que nestes
casos tem-se uma mera edição de normas concretizada através de
sua publicação, e não uma sequência de atos.

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Atos envolvidos na elaboração da lei ordinária e na da lei
complementar:

a) Iniciativa legislativa

b) Discussão

c) Votação

d) Sanção e veto

e) Promulgação e publicação.

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a) Iniciativa legislativa. É a faculdade que se atribui a alguém ou a
algum órgão para apresentar projeto de lei ao Legislativo. A iniciativa
corresponde ao ato que desencadeia o processo legislativo.

Art. 61 da Constituição Federal: “A iniciativa das leis complementares e


ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao
Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais
Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na
forma e nos casos previstos nesta Constituição”.

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b) Discussão. Discussão é a fase de apreciação do projeto de lei.

Apresentação de Projeto de Lei na Câmara dos Deputados 


Comissões (parecer favorável ou desfavorável, emendas)  discussão
em plenário (emendas)  votação (rejeitado  arquivado; aprovado 
Senado onde o processo se repete)

No Senado: se projeto for aprovado, irá à sanção do Presidente da


República; se for aprovado com emendas, retornará à Câmara dos
Deputados para a apreciação das emendas e irá, em seguida, à
sanção; se for rejeitado, será arquivado.

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c) Votação. Votação é a manifestação de vontade do plenário, por
meio do voto de cada um dos presentes à sessão.

Observação: O projeto de lei ordinária será aprovado por maioria


simples (art. 47 da CF) e o projeto de lei complementar por maioria
absoluta (art. 69 da CF).

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d) Sanção e Veto. São atos privativos do Presidente da República.

Sanção: É o ato pelo qual o Presidente da República aprova projeto de


lei já aprovado anteriormente pelo Poder Legislativo.

Observações:
a) É a partir da sanção que o projeto de lei converte-se em lei.

b) Sanção Expressa X Sanção Tácita.

Veto: É o ato pelo qual o Presidente da República manifesta a sua


discordância para com o projeto de lei aprovado pelo Legislativo por
considerá-lo inconstitucional ou contrário ao interesse público.

Observação: O veto (parcial ou total) pode ser rejeitado pelo voto da


maioria absoluta dos deputados e senadores.
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e) Promulgação e Publicação.

Promulgação. É a declaração solene da existência da lei e a incorpora


ao Direito como norma eficaz, ou seja como norma capaz de produzir
seus efeitos jurídicos próprios.

Observação: A lei passará a produzir efeitos jurídicos quando entrar


em vigência

Publicação. É o instrumento através do qual se dá conhecimento do


texto promulgado aos seus destinatários.

Observação: Foi discutido o processo legislativo que é observado na


elaboração de leis federais. Os processos legislativos de normas
estaduais e municipais não diferem muito daquele que acabamos de
estudar e são descritos, respectivamente, nas Constituições Estaduais
e nas Leis Orgânicas dos Municípios. 34
5. ORGANIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO.

Cabe ao Poder Judiciário, por meio da atuação de seus órgãos,


pacificar conflitos de interesse em cada caso concreto, exercendo o
que se chama de função jurisdicional ou, simplesmente, jurisdição. De
acordo com o art. 92 da Constituição Federal, são órgãos do Poder
Judiciário:

I- o Supremo Tribunal Federal;


I-A- o Conselho Nacional de Justiça;
II- o Superior Tribunal de Justiça;
III- os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV- os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V- os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI- os Tribunais e Juízes Militares;
VII- os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios.
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Observação: o Conselho Nacional de Justiça foi criado pela Emenda
Constitucional nº 45, de 8 de dezembro de 2004, e a ele compete o
controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e
do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.

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Justiça Federal:

Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais  Justiça Federal


Comum

Tribunais e Juízes do Trabalho  Justiça do Trabalho

Tribunais e Juízes Eleitorais  Justiça Eleitoral

Tribunais e Juízes Militares  Justiça Militar

Justiça Estadual:

Tribunais e Juízes dos Estados  Justiça Estadual

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5.1. JUSTIÇA FEDERAL

A) Justiça Federal Comum

Competência: art. 109 da CF

Destaque: causas em que a União, entidade autárquica ou empresa


pública federal forem interessadas na condição de autoras ou rés,
exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à
justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.

Estrutura: São órgãos da justiça federal os juízes singulares e os


Tribunais Regionais Federais. De modo geral, cabe aos juízes
singulares a decisão em primeira instância das causas de competência
da justiça federal e aos Tribunais Regionais Federais é reservado o
julgamento dos recursos.
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Obs.: Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: indica a possibilidade de
revisão, por via de recurso, das causas julgadas pelo juiz de primeiro
grau e funda-se na possibilidade da decisão de primeiro grau ser
injusta ou errada.

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b) Justiça do Trabalho.

Competência: Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os


dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregados.

Obs.:
Dissídio Individual: é o mesmo que reclamação trabalhista, ou, em
termos mais técnicos, ação trabalhista. Nos dissídios individuais é
apreciado um interesse singular de pessoas concretamente
consideradas.

Dissídios Coletivos: são aqueles destinados a solucionar os conflitos


coletivos de trabalho, nos quais está em jogo o interesse de grupo ou
categoria.

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Estrutura: São órgãos da Justiça do Trabalho:

os Juízes do Trabalho,

os Tribunais Regionais do Trabalho e

o Tribunal Superior do Trabalho.

41
c) Justiça Eleitoral.

Competência: são atribuições da justiça eleitoral: 1) o registro e a


cassação de registro dos partidos políticos; 2) a divisão eleitoral do
País; 3) o alistamento eleitoral; 4) a fixação da data eleições, quando
não determinada por disposição constitucional ou legal; 5) o processo
eleitoral, a apuração das eleições e a expedição de diploma aos
eleitos; 6) o conhecimento e a decisão das arguições de
inelegibilidade; 7) o processo e o julgamento dos crimes eleitorais; e 8)
o julgamento das reclamações relativas a obrigações impostas por lei
aos partidos políticos.

Estrutura: São órgãos da Justiça Eleitoral: as Juntas Eleitorais, os


Juízes Eleitorais, os Tribunais Regionais Eleitorais; e o Tribunal
Superior Eleitoral.

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d) Justiça Militar.

Competência: Compete a Justiça Militar processar e julgar os crimes


militares definidos em lei.

Estrutura: São órgãos de Justiça Militar o Superior Tribunal Militar e os


Tribunais e Juízes Militares.

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5.2. Justiça Estadual

Competência: Compete a Justiça Estadual o julgamento de todas as


causas que não forem expressamente atribuídas pela Constituição
Federal a outros ramos do Judiciário, ou eventualmente pela
Constituição ou pela lei estadual a uma justiça militar estadual.

Estrutura: São órgãos da Justiça Estadual:

os Juízes de Direito,
os Tribunais do Júri, e
o Tribunal de Justiça.

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Obs.: Integra ainda a estrutura da Justiça Estadual os Juizados
Especiais Cíveis, competentes para a conciliação, o julgamento e a
execução de causas cíveis de menor complexidade e valor, e os
Juizados Especiais Criminais, competentes para a conciliação, o
processo, o julgamento e a execução das infrações penais de menor
potencial ofensivo.

Justiça de primeira instância: O Estado de São Paulo está dividido em


“comarcas”. Comarca é o foro em que tem competência o juiz de
primeiro grau, isto é, seu território. Em cada comarca haverá uma ou
mais varas e a frente de cada vara um juiz de direito.

45
5.3. Superior Tribunal de Justiça

Competência: Tem como função precípua a defesa da lei federal e a


unificação do direito.

 Como defensor da lei federal, cabe-lhe julgar os recursos contra


decisões dos Tribunais Regionais Federais ou dos Tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, que contrariem ou neguem
vigência a tratado ou lei federal ou julguem válido ato do governo local
contestado em face de lei federal (artigo 105, III, a, b, da CF).

 Como unificador da interpretação do direito, compete-lhe rever as


decisões que derem à lei federal interpretação divergente da que lhe
haja atribuído outro tribunal (art. 105, III, c, da CF).

•Estrutura: art. 104 da CF.


46
5.4. Supremo Tribunal Federal.

Competência: função básica de manter o respeito à Constituição em todo o


País. Esta função é exercida:

a) através da competência originária do tribunal para julgar a ação direta de


inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal (art. 102, I,
a, da CF).

b) através da competência para julgar recursos interpostos contra decisão que:

- contrariar dispositivo constitucional, ou


- declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, ou
- julgar válido ato do governo local contestado em face da Constituição.
(art. 102, III, a, b, c, da CF)

•Estrutura: art. 101 da CF.


47
6. DIVISÃO DO DIREITO E RAMOS DO DIREITO

 
  DIREITO CONSTITUCI ONAL
 
  DIREITO ADMINISTRA TIVO
 
 INTERNO  DIREITO TRIBUTÁRIO
 
 DIREITO PROCESSUAL 
 CIVIL
 
DIREITO PÚBLICO   PENAL
 
  DIREITO PENAL



   PÚBLICO
 EXTERNO  DIREITO INTERNACIO NAL 
   PRIVADO

48
 DIREITO CIVIL

DIREITO PRIVADO  DIREITO COMERCIAL
 DIREITO DO TRABALHO (?)

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6.1. Conceito de Direito Público e Direito Privado

“Dos mais árduos e tormentosos é o problema da distinção entre o direito


público e o direito privado.” (Caio Mário da Silva Pereira)

Direito Público: Direito Público é aquele que regula a organização e o


funcionamento do Estado, as relações entre os diferentes Estados, e as
relações entre o Estado e os indivíduos nas quais o Estado atua
exercendo o seu “poder de império” na defesa do bem coletivo.

Obs.: Poder de império é o poder que o Estado detém de impor a sua


vontade através de leis, atos administrativos, decisões judiciais etc.

Direito Privado: Direito privado é o que disciplina as relações entre os


indivíduos, nas quais predomina o interesse de ordem particular.
50
6.2 Divisão e Ramos do Direito Público

DIREITO PÚBLICO INTERNO: Regula a organização e funcionamento


do Estado e as relações entre o Estado e os indivíduos.

a) Direito Constitucional.

Conceito: “É ramo do direito que expõe, interpreta e sistematiza os


princípios e normas fundamentais do Estado que compõem o conteúdo
das constituições”. (José Afonso da Silva)

Temas de Estudo: formas de Estado; formas de governo, organização


do Estado e dos Poderes, direitos e garantias individuais.
51
b) Direito Administrativo.

Conceito: É o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os


órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar
concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.

Temas de Estudo: contratos administrativos, licitações,


desapropriações, servidores públicos, controle da administração
pública etc.

52
c) Direito Tributário.

Conceito: Direito tributário é o ramo do direito que regula a obtenção


dos recursos tributários que vêm a integrar a receita pública,
disciplinando a instituição, arrecadação e fiscalização de tributos.

Temas de Estudo: obrigação tributária, impostos, taxas, contribuições


de melhoria, limitações ao poder de tributar.

53
d) Direito Processual.

Conceito: Direito processual é complexo de normas e princípios que


regem o exercício conjugado: (i) da jurisdição pelo Estado-juiz, (ii) da ação
pelo demandante e (iii) da defesa pelo demandado. (Araujo Cintra e
outros)

 Jurisdição: É uma das funções do Estado, mediante a qual ele se


substitui aos titulares de interesses em conflito para, imparcialmente,
buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça.

 Ação: É o direito ao exercício da atividade jurisdicional (ou o poder de


exigir esse exercício). Em outras palavras, ação é o direito subjetivo (de
cada um) de pleitear ao Poder judiciário uma decisão sobre uma
pretensão. “Princípio da Universalidade da Jurisdição” (art. 5º, XXXV, da
CF)

 Processo: É o relacionamento que se desenvolve entre autor, réu e juiz


e que se manifesta exteriormente como um conjunto de atos coordenado
de forma lógica e cronológica (a este conjunto de atos dá-se o nome de
procedimento). Diz-se que o processo é o instrumento da jurisdição.
54
Temas de Estudo: ação, provas, respostas do réu, decisões judiciais,
recursos, processo de conhecimento, processo de execução, processo
cautelar etc.

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e) Direito Penal.

Conceito: É o conjunto de normas jurídicas que regulamentam o poder


punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as
medidas aplicáveis a quem os pratica. (Magalhães Noronha)

Temas de Estudo: penas, crimes contra a vida, crimes contra o


patrimônio, crimes contra a liberdade individual, etc.

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DIREITO PÚBLICO EXTERNO: Regula as relações entre os Estados e
as atividades individuais no plano internacional.

a) Direito Internacional Público.

Conceito: É o conjunto de normas consuetudinárias e convencionais


que regem as relações, diretas ou indiretas, entre Estados e
organismos internacionais (assim como a ONU, UNESCO e a OIT),
que as consideram obrigatórias, necessárias à paz mundial.

Temas de Estudo: pessoas internacionais, extradição, direito de asilo,


modos de solução de litígios internacionais, direito de guerra, normas
internacionais.

57
b) Direito Internacional Privado.

Conceito: Ramo do direito que regulamenta as relações do Estado com


cidadãos pertencentes a outros Estados, dando soluções aos conflitos
de leis no espaço ou aos conflitos de jurisdição. (Maria Helena Diniz)

58
6.3. Ramos do Direito Privado

a) Direito Civil.

Conceito: É o ramo do direito privado destinado a reger relações


familiares, patrimoniais e obrigacionais que se formam entre indivíduos
encarados como tais, ou seja, enquanto membros da sociedade.
(Maria Helena Diniz)

Temas de Estudo: contratos, propriedade, casamento, regimes de


bens, sucessão etc.

59
b) Direito Comercial.

Conceito: É o ramo do direito que tem por objeto a regulamentação da


atividade econômica da produção e da circulação de bens e serviços.

Temas de Estudo: a empresa, formas societárias, títulos de crédito,


contratos comerciais, falências e recuperação judicial etc.

c) Direito do Trabalho.

Conceito: É Conjunto de princípios e normas que disciplinam o contrato de


trabalho entre particulares, tendo em vista a melhoria das condições
sociais do trabalhador através de medidas protetoras. (Otávio Bueno
Magano).

Temas de Estudo: contrato de trabalho, admissão de empregado,


dispensa do empregado, jornada de trabalho, férias, remuneração etc.

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