You are on page 1of 20

Artigo de Pesquisa

Aplicação clínica de sistemas


adesivos auto-condicionantes
André F. Reis*, Carlos E. Pena**, Ronaldo G. Viotti**, Luis G. B. Albino**,
Fernando A. Feitosa**, Alline C. Kasaz**, José A. Rodrigues*, Marcelo Giannini***

Resumo
O desenvolvimento dos sistemas sem a necessidade de remoção do ma-
auto-condicionantes surgiu com o in- terial com água subsequentemente.
tuito de reduzir as dificuldades da téc- O objetivo do presente artigo é apre-
nica úmida de adesão e simplificar os sentar ao leitor algumas aplicações
procedimentos clínicos de aplicação clínicas dos sistemas adesivos que
dos adesivos. Nesta técnica, primers utilizam primers auto-condicionantes
auto-condicionantes compostos de evidenciando a sua técnica de aplica-
monômeros ácidos são aplicados so- ção, através de restaurações adesivas
bre a dentina coberta pela smear layer diretas e indiretas.

Palavras-chave: Xxxxxxxxxxx. Xxxxxxxxxxxx. Xxxxxxxxxxxxxx.

FALTA PALAVRA CHAVE


* Mestre e Doutor em Dentística pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba, UNICAMP. Professor
Adjunto do Programa de Mestrado e Doutorado em Odontologia, area de Dentística, da Universidade
Guarulhos;
** Alunos do programa de Mestrado em Odontologia, area de concentração em Dentística da
Universidade Guarulhos;
*** Mestre e Doutor em Dentística pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba, UNICAMP. Professor
Associado do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de
Piracicaba -UNICAMP.

50 R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. xx-xx, xxx./xxx./xxx. 200X


André F. Reis, Carlos E. Pena, Ronaldo G. Viotti, Luis G. B. Albino, Fernando A. Feitosa, Alline C. Kasaz, José A. Rodrigues*, Marcelo Giannini

INTRODUÇÃO auto-condicionantes surgiu com o intuito de


Existem atualmente três diferentes manei- reduzir as dificuldades da técnica úmida de ade-
ras para se promover a união aos substratos são e simplificar os procedimentos clínicos de
dentais. A primeira delas necessita de um con- aplicação dos adesivos. Nesta técnica, primers
dicionamento ácido prévio e remoção do mes- auto-condicionantes compostos de monôme-
mo com água. Normalmente utiliza-se o ácido ros ácidos são aplicados sobre a dentina coberta
fosfórico, de 30 a 40%, para se condicionar o pela smear layer sem a necessidade de remoção
esmalte e a dentina previamente à aplicação do do material com água subsequentemente. Após
sistema adesivo. A segunda técnica baseia-se na este passo simultâneo de condicionamento e in-
aplicação de monômeros ácidos, sem a necessi- filtração, uma camada de resina adesiva hidrófo-
dade de utilização de um agente condicionante, ba é aplicada sobre a dentina tratada. Como nos
lavagem e controle da umidade na superfície do sistemas adesivos auto-condicionantes ocorre
dente previamente a aplicação da resina adesiva. a desmineralização simultânea da dentina e
Desta forma, espera-se que a desmineralização infiltração dos monômeros, evita-se o colapso
e a infiltração dos monômeros ocorram simulta- das fibrilas de colágeno pela secagem com ar e
neamente. Existe ainda uma terceira forma de também teoricamente, a ocorrência de fibrilas
se obter união aos tecidos dentais, que é através desprotegidas pela resina aplicada16. Recente-
da utilização de cimentos de ionômeros de vidro mente, foi introduzida uma técnica auto-condi-
modificados por resina. Além de formarem uma cionante de adesão que consiste em um passo
união micromecânica com o substrato, também único de aplicação. Os adesivos de passo único
unem-se quimicamente ao cálcio presente na compreendem as etapas de condicionamento,
hidroxiapatita do substrato . 1
infiltração e adesão em uma única etapa clínica.
Ao se aplicar o ácido fosfórico na técnica do O protocolo de aplicação dos sistemas ade-
condicionamento ácido prévio, a dentina e o es- sivos tem sido simplificado de forma acelera-
malte são desmineralizados a uma profundida- da. A poucos anos os sistemas mais utilizados
de de 3 a 6 µm. A união ao esmalte é um proce- estavam disponíveis em 3 passos de aplicação
dimento mais previsível e seguro, no entanto a (condicionamento ácido, aplicação do primer e
união à dentina é um procedimento clínico mais adesivo). Posteriormente, surgiram os adesivos
crítico devido à complexidade do substrato .
5,11
de dois passos, os de passo único e, recente-
Após a desmineralização da dentina, recomen- mente, os materiais auto-adesivos que não ne-
da-se a utilização da técnica úmida de adesão cessitam da aplicação prévia de nenhum condi-
para se evitar o colabamento da rede de fibrilas cionamento ou agente adesivo para se unirem
colágenas, o que poderia dificultar a infiltração à estrutura dental. Infelizmente, a simplificação
dos monômeros resinosos . No entanto, a técni-
7
dos procedimentos não resultou necessaria-
ca úmida tem sido muito questionada, pois uma mente em melhores propriedades adesivas12,16.
infiltração deficiente pode ocorrer se a dentina Os mecanismos de ação e a morfologia das in-
for desidratada demasiadamente, ou se a apli- terfaces produzidas pelos sistemas adesivos
cação do adesivo for realizada com excesso de que empregam o ácido fosfórico e os sistemas
umidade (“overwet phenomenon”). auto-condicionantes são diferentes. É impor-
O desenvolvimento dos sistemas tante que se conheça estas diferenças para que

R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008 51


Aplicação clínica de sistemas adesivos auto-condicionantes

se entenda as indicações e limitações de cada O objetivo deste trabalho é apresentar algu-


técnica . Os adesivos auto-condicionantes fo-
13
mas indicações clínicas dos sistemas adesivos
ram inicialmente desenvolvidos no Japão com auto-condicionantes evidenciando a sua técni-
a intenção de reduzir as dificuldades da técnica ca de aplicação, através de restaurações adesi-
úmida de adesão e simplificar os procedimentos vas diretas e indiretas.
clínicos de aplicação dos adesivos, e tem recebi-
do cada vez mais adeptos no ocidente. CASO CLÍNICO 1
Os sistemas adesivos auto-condicionante con- Restauração Classe V:
siderados “brandos” (pH pouco ácido) formam uma Paciente M.L.S 59 anos de idade procu-
camada híbrida de aproximadamente 0,5 a 1 µm, rou atendimento na clínica de Mestrado em
o que não resulta necessariamente em uma baixa Dentística da Universidade Guarulhos, com quei-
resistência de união à dentina quando comparado xa principal de sensibilidade ao frio nos dentes
aos adesivos que empregam o ácido fosfórico (que 44 e 45. Foi detectada clinicamente a presença
apresentam uma camada híbrida de aproximada- de lesões cervicais não-cariosas profundas (Fig.
mente 5 µm). No entanto, alguns estudos têm 1). O exame radiográfico indicava a normalidade
demonstrado que este condicionamento mais da região periapical. O tratamento indicado foi
“fraco” pode comprometer a união ao esmalte não- a restauração das lesões de Classe V, utilizando
desgastado com instrumentos rotatórios durante um sistema adesivo auto-condicionante de dois
o preparo cavitário, pois esta superfície apresenta- passos e uma resina composta microhíbrida.
se mais resistente à desmineralização . Por outro
9,10
Após anestesia local e previamente aos pro-
lado, esta desmineralização menos acentuada dos cedimentos adesivos, foi realizada uma profilaxia
sistemas auto-condicionantes apresenta algumas na região a ser restaurada (Fig. 2). Devido a dificul-
vantagens para a união à dentina, resultando em dade de realização do isolamento absoluto nesta
uma dentina apenas parcialmente desmineraliza- região, optou-se pelo isolamento relativo utili-
da. Assim, é comum observar a presença de “smear zando roletes de algodão e fios para afastamento
plugs”, o que contribui na redução da sensibilida- gengival (Ultrapack #00). As margens de esmalte
de pós-operatória e também diminui a permeabi- foram condicionadas com ácido fosfórico a 37%
lidade dentinária (Giannini et al., 2008). Somando- durante 15 segundos (Fig. 3) e lavadas com água
se a este fato, estudos recentes têm demonstrado por 10 segundos. Na figura 4 observa-se a carac-
a possibilidade da ocorrência de uma “zona de terística da margem de esmalte condicionada.
nanointeração” entre os monômeros funcionais Deve-se tomar cuidado e conferir a viscosidade
(ex.: 10-MDP, 4-MET, phenil-P) de alguns adesivos do gel de ácido fosfórico, para que este não seja
auto-condicionantes e a hidroxiapatita remanes- aplicado indevidamente sobre a dentina.
cente na interface 8,17
. Acredita-se que esta inte- A figura 5 ilustra o procedimento de aplicação
ração química pode ser um auxílio importante na do primer auto-condicionante (Clearfil SE Primer,
obtenção de uma união duradoura à dentina. Esta Kuraray Medical, Japão). O mesmo deve aplicado
zona de nano-interação não acontece para os ade- de forma ativa durante 20 segundos, com a ponta
sivos auto-condicionantes considerados “fortes”, aplicadora saturada com o primer em toda a cavi-
que produzem uma forte desmineralização com- dade. Após o uso do primer, um jato de ar é aplica-
parável à produzida pelo ácido fosfórico .
3,12
do por 10 segundos para evaporação do solvente.

52 R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008


André F. Reis, Carlos E. Pena, Ronaldo G. Viotti, Luis G. B. Albino, Fernando A. Feitosa, Alline C. Kasaz, José A. Rodrigues*, Marcelo Giannini

Figura 1 - Aspecto inicial das lesões cervicais não cariosa Figura 2 - Profilaxia com pedra pomes previamente aos pro-
Classe V. cedimentos adesivos.

Figura 3 - Condicionamento da margem de esmalte com áci- Figura 4 - Aplicação do primer auto-condicionante (Clearfil
do fosfórico a 37% por 15 segundos. SE PRIMER) por 20 segundos.

Figura 5 - Aplicação da resina hidrófoba (Clearfil SE BOND). Figura 6 - Fotoativação por 10 segundos.

R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008 53


Aplicação clínica de sistemas adesivos auto-condicionantes

Figura 7 - Aspecto final das restaurações realizadas com a resina composta microhíbrida Esthet-X após o acabamento e polimento.

Em seguida, aplica-se uma camada de uma resina ção em resina composta utilizando o sistema
adesiva hidrófoba (Clearfil SE Bond, Kuraray Medi- adesivo auto-condicionante de dois passos Cle-
cal) (Fig. 6), seguido de um leve jato de ar para que arfil SE Bond e a resina composta nanoparticula
se consiga uma camada fina e uniforme de adesi- Clearfil Majesty Esthetic (Kuararay Medical). A
vo antes da fotoativação por 10 segundos (Fig. 7). margem de esmalte foi condicionada com um
As cavidades foram restauradas com uma resina gel de ácido fosfórico a 37% por 15 segundos
composta microhíbrida (Esthet-X, Dentsply Caulk, (Fig.10), tomando-se cuidado para não condicio-
EUA). A Figura 8 ilustra o aspecto final da restaura- nar a dentina. Após a lavagem do ácido fosfórico,
ção após a remoção do fio afastador e polimento. a cavidade foi seca com um jato de ar (Fig. 11),
e em seguida, foi aplicado o primer auto-con-
CASO CLÍNICO 2 dicionante Clearfil SE Primer de forma ativa por
Restauração Classe I: 20 segundos (Fig. 12). Um jato de ar foi aplicado
Paciente M.O. 38 anos apresentava restau- para evaporação do solvente (Fig.13). A figura 14
ração de amálgama classe I deficiente, a qual ilustra aplicação da resina hidrófoba Clearfil SE
tinha indicação de substituição (Fig. 8). Após a Bond e previamente à fotoativação, um leve jato
remoção da restauração de amálgama e do for- de ar foi aplicado para formar uma camada fina e
ramento, notou-se que a cavidade era profunda uniforme de adesivo. O aspecto final da restau-
(Fig. 9). Optou-se neste caso por uma restaura- ração pode ser observado na figura 15.

54 R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008


André F. Reis, Carlos E. Pena, Ronaldo G. Viotti, Luis G. B. Albino, Fernando A. Feitosa, Alline C. Kasaz, José A. Rodrigues*, Marcelo Giannini

Figura 8 - Aspecto inicial da restauração Classe I que sera Figura 9 - Aspecto após a remoção da restauração e previamente à apli-
substituída. cação do sistema adesivo.

Figura 10 - Condicionamento da margem de esmalte com ácido fosfórico Figura 11 - Aplicação do primer auto-condicionante (Clearfil SE PRIMER)
por 15 segundos. por 20 segundos.

Figura 12 - Aplica-se um jato de ar para remover o solvente. Figura 13 - Aplicação da resina hidrófoba (Clearfil SE BOND).

R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008 55


Aplicação clínica de sistemas adesivos auto-condicionantes

Figura 14 - Fotoativação por 10 segundos.

Figura 15 - Restauração classe I realizada pela técnica incremental utilizando o compósito nanoparticulado Clearfil Majesty.

56 R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008


André F. Reis, Carlos E. Pena, Ronaldo G. Viotti, Luis G. B. Albino, Fernando A. Feitosa, Alline C. Kasaz, José A. Rodrigues*, Marcelo Giannini

CASO CLÍNICO 3 dicionante de dois passos (Clearfil SE Bond) para


Cimentação de pino moldado: hibridizar o conduto radicular. A figura 21 ilustra
Paciente C.A., 14 anos de idade, apresentou- aplicação do primer auto-condicionante (Clearfil
se à Universidade Guarulhos com uma fratura SE Primer), que deve ser aplicado de forma ati-
extensa no elemento 11, ocorrida devido a um va por 20 segundos. Em seguida deve-se utilizar
trauma durante atividade esportiva (Fig. 16). pontas de papel absorvente para a remoção dos
Após o tratamento endodôntico, o paciente foi excessos que se acumulam na região apical do
encaminhado para a clínica de Mestrado em conduto e também um jato de ar para a evapo-
Dentística para receber o tratamento restau- ração do solvente (Fig. 22). Logo após, aplica-se
rador. Devido à extensão da fratura, optou-se a resina hidrófoba (Clearfil SE Bond) (Fig. 23). As-
por utilizar um retentor intra-radicular pré- sim como feito com o primer, deve-se utilizar
fabricado de fibra de vidro (Exacto #3, Angelus, pontas de papel absorvente para a remoção do
Londrina, PR, Brasil). O conduto radicular apre- excesso de adesivo antes da sua fotoativação
sentava-se volumoso, devido a baixa idade do por 60 segundos (Fig. 24). Neste caso, o tempo
paciente (Fig. 17). Após a desobturação parcial de fotoativação foi estendido devido a dificul-
do conduto radicular (Fig. 18, 19), observou-se dade da luz atingir a região mais profunda do
que o pino mais calibroso do sistema necessi- conduto preparado. A dentina hibridizada é en-
taria de um grande volume de cimento resino- tão isolada com um gel hidrossolúvel (KY gel,
so para sua fixação (Fig. 20). Neste momento, Johnson&Johnson, São José dos Campos, SP,
optou-se por utilizar a técnica do pino molda- Brasil) (Fig. 25).
do com resina composta . Esta técnica reduz a
2,6
Previamente à aplicação da resina sobre
quantidade de cimento resinoso que é utilizada o pino de fibra de vidro, este deve ser tratado
para preencher o conduto radicular e melhora apropriadamente. Inicialmente ele deve ser
a adpatação do retentor na paredes do canal. limpo (neste caso foi utilizado o banho em eta-
Desta forma, obtem-se melhores propriedades nol por 1 minuto), seguido da, aplicação de um
mecânicas do retentor intracanal, pois os com- agente de silanização por 1 minuto para permi-
pósitos restauradores apresentam melhores tir a união das fibras de vidro com a resina com-
propriedades quando comparados aos cimentos posta (Fig. 26). Após a secagem do silano com
resinosos devido ao maior conteúdo inorgânico um jato de ar, aplica-se uma fina camada de re-
e menor contração de polimerização. O condu- sina adesiva hidrófoba (Clearfil SE Bond) (Fig. 27)
to radicular apresenta um Fator-C elevado , e 15
que deve ser fotoativada por 10 segundos (Figu-
como nesta técnica a maior parte da polime- ra 28). Uma camada de resina composta nano-
rização ocorre fora da cavidade, as tensões de particulada (Clearfil Majesty) foi aplicada sobre
contração do cimento transmitidas à interface o pino (Figura 29), inserida no conduto (que es-
é reduzida. Existe ainda uma dificuldade em se tava isolado com o gel hidrossolúvel) para mol-
polimerizar adequadamente os cimentos resi- dar o canal radicular (Fig. 30), e fotoativada por
nosos duais na ausência de luz, que comprome- 10 segundos (5 segundos na face vestibular e 5
te ainda mais as suas propriedades mecânicas segundos na face palatina) (Fig. 31). O pino mol-
na região mais apical do conduto . 14
dado foi então removido cuidadosamente do
Foi utilizado um sistema adesivo auto-con- conduto radicular (Fig. 32) e uma fotoativação

R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008 57


Aplicação clínica de sistemas adesivos auto-condicionantes

Figura 16 - Aspecto incial do elemento 11 fraturado.

Figura 18 - Desobturação do conduto radicular.

Figura 17 - Aspecto radiográfico do dente durante a seleção do pino de Figura 19 - Aspecto após a limpeza e preparo do conduto.
fibra de vidro.

58 R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008


André F. Reis, Carlos E. Pena, Ronaldo G. Viotti, Luis G. B. Albino, Fernando A. Feitosa, Alline C. Kasaz, José A. Rodrigues*, Marcelo Giannini

Figura 20 - Prova do pino. Note que o volume do conduto é bem grande Figura 21 - Aplicação do primer auto-condicionante (Clearfil SE PRIMER)
comparado ao do pino. por 20 segundos.

Figura 22 - Aplica-se um jato de ar para remover o solvente. Figura 23 - Aplicação da resina hidrófoba (Clearfil SE BOND).

Figura 24 - Fotoativação por 60 segundos. Neste caso o tempo de foto- Figura 25 - Isolamento do conduto com um gel hidrossolúvel.
ativação foi estendido devido a dificuldade da luz atingir a região mais
profunda do conduto preparado.

R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008 59


Aplicação clínica de sistemas adesivos auto-condicionantes

Figura 26 - Silanização do pino de fibra de vidro (Exacto). Figura 27 - Aplicação de uma camada da resina hidrófoba (Clearfil SE
BOND) sobre o pino.

Figura 28 - Fotoativação do adesivo sobre o pino por 10 segundos. Figura 29 - Adaptação da resina composta (Clearfil Majesty) sobre o pino.
Esta camada não é fotoativada.

adicional foi realizada por 60 segundos (Fig.33). primer neste momento é apenas a ativação do
O gel hidrossolúvel foi removido através da apli- cimento resinoso Panavia F. O cimento foi apli-
cação de um jato vigoroso de água no conduto cado no pino (Fig. 35) e após a inserção no con-
radicular e também no pino. duto radicular, o conjunto foi fotoativado por
Para a cimentação do pino moldado utili- 60 segundos (Fig. 36). Em seguida, iniciou-se a
zou-se o cimento resinoso Panavia F (Kuraray reconstrução do dente com a resina composta
Medical). O adesivo auto-condicionante de ati- Clearfil Majesty (Fig. 37). Esta reconstrução mor-
vação química ED primer foi aplicado no con- fológica da coroa servirá como uma restauração
duto radicular previamente hibridizado e no provisória inicial, e posteriormente o dente sera
pino moldado (Fig. 34). O excesso de adesivo foi preparado para receber uma coroa total. As fi-
removido com o auxílio de jatos de ar e cones guras 38 e 39 ilustram o aspecto final do dente
de papel absorventes. A principal função do ED reconstruído.

60 R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008


André F. Reis, Carlos E. Pena, Ronaldo G. Viotti, Luis G. B. Albino, Fernando A. Feitosa, Alline C. Kasaz, José A. Rodrigues*, Marcelo Giannini

Figura 30 - A resina composta é então levada juntamente com o pino Figura 31 - É realizada uma fotoativação inicial por 10 segundos.
para o interior do conduto para que ele seja moldado.

Figura 32 - O pino é removido cuidadosamente, pois a parte apical não Figura 33 - Uma fotoativação adicional é realizada durante 60 segun-
está adequaduamente polimerizada. dos.

Figura 34 - O adesivo ED primer é misturado e aplicado no conduto hibri- Figura 35 - O cimento resinoso Panavia F foi aplicado no pino e levado
dizado e no pino moldado. Ele não deve ser fotoativado. ao conduto.

R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008 61


Aplicação clínica de sistemas adesivos auto-condicionantes

Figura 36 - Fotoativação do cimento resinoso por 60 segundos. Figura 37 - A reconstrução do dente foi realizada com o compósito Cle-
arfil Majesty.

Figura 38 - Aspecto final da reconstrução provisória do dente fraturado.

62 R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008


André F. Reis, Carlos E. Pena, Ronaldo G. Viotti, Luis G. B. Albino, Fernando A. Feitosa, Alline C. Kasaz, José A. Rodrigues*, Marcelo Giannini

Figura 39 - Aspecto final da restauração.

CASO CLÍNICO 4 sistema adesivo auto-condicionante de 2 pas-


Cimentação de coroa total cerâmica: sos Clearfil SE Bond. Inicialmente foi aplicado
Paciente M.O. 38 anos procurou atendi- o primer auto-condicioante (Clearfil SE Primer)
mento na clínica de Mestrado em Dentística por 20 segundos (Fig.42), seguido da aplicação
da Universidade Guarulhos queixando-se prin- de um jato de ar para evaporação do solvente
cipalmente da alteração de cor do elemento (Fig. 43). Foi aplicada então uma camada da re-
21 (Fig. 40). O dente apresentava tratamento sina hidrófoba (Clearfil SE Bond) seguida de um
endodontico, necessitando de retratamen- jato de ar. Este jato deve ser aplicado até que
to. Concluído a intervenção endodôntica, um se obtenha uma espessura bem fina do adesi-
pino de fibra de vidro (Angelus) foi cimentado, vo, para não atrapalhar na adaptação da peça.
e o dente preparado para receber uma coroa Neste momento pode-se utilizar um aplicador
total. A figura 41 ilustra o aspecto do preparo do adesivo limpo para auxiliar na remoção dos
com isolamento relativo pronto para receber excessos do adesivo (Fig. 45). A fotoativação foi
os procedimentos adesivos. Foi utilizado o realizada por 10 segundos (Fig. 46).

R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008 63


Aplicação clínica de sistemas adesivos auto-condicionantes

Figura 40 - Aspecto inicial. Note o escurecimento do elemento 21 e o seu desalinhamento no arco. Neste caso o tratamento
indicado foi a confecção de uma coroa total em di-silicato de Lítio (Empress 2).

Figura 41 - Aspecto do preparo isolado para a cimentação. Figura 42 - Aplicação do primer auto-condicionante (Clearfil SE PRIMER)
de forma ativa por 20 segundos.

64 R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008


André F. Reis, Carlos E. Pena, Ronaldo G. Viotti, Luis G. B. Albino, Fernando A. Feitosa, Alline C. Kasaz, José A. Rodrigues*, Marcelo Giannini

Figura 43 - Aplica-se um jato de ar para remo- Figura 44 - Aplicação da resina hidrófoba (Cle- Figura 45 - Deve-se afinar bem a camada do
ver o solvente. arfil SE BOND). Bond para que a adaptação da peça não seja
prejudicada.

Figura 46 - Fotoativação do adesivo por 10 segundos.

R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008 65


Aplicação clínica de sistemas adesivos auto-condicionantes

Figura 47 - Condicionamento da peça com ácido hidrofluorídrico por 20 Figura 48 - Aplicação do silano (Clearfil Ceramic Primer) por 60 segun-
segundos. dos.

Figura 49 - Aplicação do adesivo dual Clearfil DC Bond sobre o dente hi- Figura 50 - Aplicação do adesivo dual Clearfil DC Bond na peça. Este ca-
bridizado. Este adesivo não deve ser fotoativado. A sua principal função mada não deve ser fotoativada.
neste momento é auxiliar na polimerização do cimento resinoso.

A peça foi preparada para a cimentação atra- toativado (Fig. 49, 50). O cimento resinoso dual
vés do condicionamento da superfície interna Clearfil Esthetic Cement na cor Clear foi utili-
com ácido hidrofluorídrico 9,5% por 20 segun- zado. A pasta base e catalizadora são mistura-
dos (Fig. 47), pois a coroa foi confeccionada em das através de uma ponta de auto-mistura e o
dissilicato de lítio (Empress 2, Ivoclar Vivadent, cimento foi diretamente aplicado sobre a peça,
Schaan, Liechtenstein). A limpeza da superfície sem a necessidade de espatulação (Fig. 51), que
condicionada foi realizada através de um banho evita a formação de bolhas de ar pela espatu-
em álcool em cuba ultrasonica por 2 minutos. lação manual. A figura 52 ilustra o excesso de
Em seguida, aplicou-se um agente de silaniza- cimento resinoso, que deve ser removido pre-
ção por 1 minuto (Clearfil Ceramic Primer) (Fig. viamente à fotoativação, que foi realizada por
48). Sobre a superfície hibridizada e na superfí- 40 segundos por vestibular e 40 segundos por
cie interna da peça foi aplicado o sistema ade- palatina. O aspecto final da restauração é apre-
sivo dual Clearfil DC Bond que não deve ser fo- sentado na figura 53.

66 R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008


André F. Reis, Carlos E. Pena, Ronaldo G. Viotti, Luis G. B. Albino, Fernando A. Feitosa, Alline C. Kasaz, José A. Rodrigues*, Marcelo Giannini

Figura 51 - Aplicação do cimento resinoso dual Clearfil Esthetic Cement Figura 52 - Aspecto do excesso de cimento resinoso que deve ser remo-
na peça. vido antes da fotoativação.

Figura 53 - Aspecto final da restauração cimentada.

R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008 67


Aplicação clínica de sistemas adesivos auto-condicionantes

CONCLUSÃO o clínico pode utilizar na realização de restau-


O artigo mostrou uma série de aplicações rações estéticas.
clínicas importantes dos sistemas adesivos
auto-condicionantes, que são comuns na práti- Agradecimentos
ca diária dos cirurgiões-dentistas. Assim, esses À empresa Kota Imports pela doação dos ma-
materiais representam uma excelente alterna- teriais utilizados neste trabalho. Ao Laboratório
tiva aos procedimentos adesivos convencionais, de Prótese Romanini pela confecção da coroa
constituíndo numa importante ferramenta que cerâmica apresentada no Caso Clínico 4.

Clinical application of self-etching adhesive systems


Abstract
Self-etching adhesive systems were formulated smear layer covered dentin with no need of remov-
in an attempt to reduce the sensitivity of the ing and washing the primed surface. The aim of
wet bonding technique and simplify the clinical this article is to present some clinical applications
procedures of application of adhesive systems. In of self-etching primer systems, evidencing the ad-
this bonding technique, self-etching primers com- hesive application technique. Direct and indirect
posed of acidic monomers are applied over the restorative procedures are presented here.

KEY WORDS: Xxxxxxxxx. Xxxxxxxxxxxx. Xxxxxxxxx.

68 R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008


André F. Reis, Carlos E. Pena, Ronaldo G. Viotti, Luis G. B. Albino, Fernando A. Feitosa, Alline C. Kasaz, José A. Rodrigues*, Marcelo Giannini

Referências

1. DE MUNCK, J.; VAN LANDUYT, K.; PEUMANS, M.; POITEVIN, A.; 11. REIS, A.F.; ARRAIS, C.A.; NOVAES, P.; CARVALHO, R.M.; DE GOES,
LAMBRECHTS, P.; BRAEM, M.; VAN, MEERBEEK B. A critical review of M.F.; GIANNINI, M. Ultramorphological analysis of resin-dentin
the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J interfaces produced with water-based single-step and two-step
Dent Res, Chicago, v. 84, n .2, p.118-132, 2005. adhesives: nanoleakage expression. J Biomed Mater Res B Appl
2. DE ANDRADE, O.S.; DE GOES, M.F. Passo a Passo: Técnica de Biomater, Hoboken, v. 71 , n.1, p.90 -98, 2004.
Reconstrução Intracanal com Resina Composta. Rev APCD, São 12. REIS, A.F.; BEDRAN-RUSSO, A.K.; GIANNINI, M.; PEREIRA,
Paulo, v.61, n.2, p. 95-99, 2007. P.N. Interfacial ultramorphology of single-step adhesives:
3. DI HIPÓLITO, V., DE GOES, M.F.; CARRILHO, M.R.; CHAN, D.C.; nanoleakage as a function of time. J Oral Rehabil, England, v. 34, n.
DARONCH, M.; SINHORETI, M.A. SEM evaluation of contemporary 3, p. 213-221, 2007.
self-etching primers applied to ground and unground enamel. J 13. REIS, A.F.; PEREIRA, P.N.R.; GIANNINI, M. Sistemas Adesivos –
Adhes Dent, Berlin, v. 7, n. 3, p. 203-211, 2005. Atualidades e Perspectivas. In: MACEDO, M.C.S.; BALDACCI FILHO,
4. GIANNINI, M.; DE ANDRADE, O.S.; VERMELHO, P.M.; REIS, A.F. R. Organizadores. Procedimentos Odontológicos. São Paulo, 2007.
Adesivos autocondicionantes: uma realidade clínica. Rev Dental p. 85-116. Disponível em: http://www.apcd.org.br/ciosp/anais/
Press Estética, v.5, n.2, p. , 2008. ebook.htm
5. GIANNINI, M.; SEIXAS, C.A., REIS, A.F.; PIMENTA, L.A. Six-month 14. SIGEMORI, R.M.; REIS, A.F.; GIANNINI, M.; PAULILLO, L.A. Curing
storage-time evaluation of one-bottle adhesive systems to depth of a resin-modified glass ionomer and two resin-based
dentin. J Esthet Restor Dent, Chappel Hill, v. 15, n.1, p. 43-48, 2003. luting agents. Oper Dent, Indianapolis, v. 30, n. 2, p.185-189, 2005.
6. GRANDINI, S.; SAPIO, S.; SIMONETTI, M. Use of anatomic post and 15. TAY, F.R.; LOUSHINE, R.J.; LAMBRECHTS, P.; WELLER, R.N.; PASHLEY,
core for reconstructing an endodontically treated tooth: a case D.H. Geometric factors affecting dentin bonding in root canals: a
report. J Adhes Dent, Berlin, v. 5, n. 3, p. 243-247, 2003 theoretical modeling approach. J Endod, v. 31, n. 8, p. 584-9, 2005.
7. KANCA, J. 3rd. Resin bonding to wet substrate. 1. Bonding to 16. TAY, F.R.; PASHLEY, D.H. Aggressiveness of contemporary self-
dentin. Quintessence Int, Berlin, v. 23, n.1, p. 39-41, 1992. etching systems. I: Depth of penetration beyond dentin smear
8. KOSHIRO, K.; SIDHU, S.K.; INOUE, S.; IKEDA, T.; SANO, H. New layers. Dent Mater, Oxford, v. 17, n. 4, p. 296-308, 2001.
concept of resin-dentin interfacial adhesion: the nanointeraction 17. YOSHIDA, Y.; NAGAKANE, K.; FUKUDA, R.; NAKAYAMA, Y.; OKAZAKI,
zone. J Biomed Mater Res B Appl Biomater, Hoboken, v. 77, n. 2, p. M.; SHINTANI H.; INOUE, S.; TAGAWA, Y.; SUZUKI, K.; DE MUNCK, J.;
401-408, 1992 /2006. VAN MEERBEEK, B. Comparative study on adhesive performance
9. PERDIGÃO, J.; GERALDELI, S. Bonding characteristics of self- of functional monomers. J Dent Res, Chicago, v. 83, n. 6, p. 454-
etching adhesives to intact versus prepared enamel. J Esthet 458, 2004.
Restor Dent, Chappel Hill, v. 15, n.1, p. 32-41, 2003.
10. PEUMANS, M.; DE MUNCK, J.; VAN LANDUYT, K.; LAMBRECHTS, P.;
VAN MEERBEEK, B. Five-year clinical effectiveness of a two-step
self-etching adhesive. J Adhes Dent, Berlin, v. 9, n.1, p. 7-10, 2007.

Endereço para correspondência

Xxxxxxxx Xxxxxxxx
Av. Xxxxxxx, XXX
CEP: xx.xxx-xxx - Xxxxxx - Xxxxxxx / XX
E-mail: xxxxxxxxxx@xxxxxxxx.xxx.xx

R Dental Press Estét, Maringá, v. X, n. X, p. XX-XX, xxx./xxx./xxx. 2008 69

You might also like