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CONTEÚDO

PROFº: ANDRÉ BELÉM


02 TROVADORISMO: ASPECTOS ESTILÍSTICOS
CANTIGA DE AMIGO.
A Certeza de Vencer JACKY07/02/08

CANTIGA DE AMIGO Pois nossas madres van a San Simon / de Val de Prados
candeas queimar (pagar promessas) / nós, as menininhas,
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As cantigas de amigo punhemos d'andar (vamos passear). - Pero de Viviães.


apresentam eu-poético - Barcarolas ou Marinhas (falam do temor de que o "amigo" vá
feminino, embora o autor às expedições marítimas; do perigo de que ele não volte mais.
seja um homem. Vi eu, mia madr' , andar / as barcas e no mar, / e moiro de amor!
Procuram mostrar a - Nuno Fernandes Torneol
mulher dialogando com - Pastorelas (quando seu cenário é o campo, próximo a
sua mãe, com uma amiga rebanhos):
ou com a natureza, Oi (ouvi) oj'eu ua pastor andar, / du (onde) cavalgava per ua
sempre preocupada com ribeira, / e o pastor estava i senlheira, (sozinha) / a ascondi-me
seu amigo (namorado). pola escuitar... - Airas Nunes de Santiago.
Ou ainda, o amigo é o
destinatário do texto, “CANTARES D’AMIGO”
como se a mulher Vi eu, mia madr’, andar
desejasse fazer-lhe as barcas eno mar:
confidências de seu amor. (Mas nunca diretamente a ele. e moiro-me d’amor.
O texto é dialogado com a natureza, como se o namorado
estivesse por perto, a ouvir as juras de amor). Geralmente Fui eu, madre, veer
destinam-se ao canto e a dança. as barcas eno ler (1):
A linguagem, comparando-se às cantigas de amor é mais e moiro-me d’amor.
simples e menos musical pois as cantigas de amigo não se
ambientam em palácios e sim em lugares mais simples e As barcas eno mar
cotidianos. a foi-las aguardar:
Conforme a maneira como o assunto é tratado, e conforme o e moiro-me d’amor
cenário onde se dá o encontro amoroso, as cantigas de amigo
recebem uma classificação especial. As barcas eno ler
Aspectos estilísticos: E foi-las atender (2)
Revela os sentimentos de um eu-poético feminino e moiro-me d’amor

Ausência do amado – o eu-poético revela não saber seu E foi-las aguardar


paradeiro. e non o pud’achar:
Amor natural e espontâneo - algumas revelam que já foi e moiro-me d’amor.
realizado, e a moça espera por um bis (Nuno Fernandes Torneol)
Confissão dos sentimentos feito indiretamente ao
amado – o eu-poético confessa seus sentimentos à outrem. É Non poss’eu, madre, ir a santa Cecília
por isso que essas cantigas geralmente apresentam diálogos. ca me guardades a noit’e o dia
Mulher mais próxima da realidade, que sofre pressão do meu amigo.
social, sua madre (mãe) exerce esse poder.
Patriarcalismo - comportamento vigiado ou tolhido. Non poss’eu, madr’, aver gasalhado,
Eu-poético Feminino e Autor Masculino - canção ca me non leixades fazer mandado
colocada na boca de uma moça do povo que exprime seu amor do meu amigo.
pelo "amigo" (namorado).
Estrutura de poesia folclórica, uso de elementos Ca me guardades a noit’e o dia;
reiterativos, principalmente, paralelismo e refrão. morrer-vos ei con aquesta perfia
Musicalidade: Paralelismo e refrão são recursos que dão por meu amigo.
musicalidade, reforçam a idéia principal do texto e facilitam sua
a memorização. Ca me non leixades fazer mandado;
∗ Paralelismo: repetição de expressões ou significados morrer-vos ei con aqueste cuidado
∗ Refrão: repetição de versos, geralmente no final de por meu amigo.
cada estrofe de um poema.
Origem Ibérica: é uma cantiga que nasceu no seio popular Morrer-vos ei con aquesta perfia,
e que talvez por esse motivo, sua ambientação é periférica, e, se me leixassedes ir, guarria
podendo a cantiga se classificada de acordo com seu ambiente: con meu amigo.
Classificação:
Morrer-vos ei con aqueste cuidado,
- Alvas (quando se passam ao amanhecer): e se quiserdes, irei mui de grado
Levantou-s'a velida (a bela) / Levantou-s'à alva; / e vai lavar con meu amigo.
camisas / e no alto (no rio) / vai-las lavar à alva (de madrugada).
VESTIBULAR – 2009

- D. Dinis.
- Bailias (quando seu cenário é uma festa onde se dança):
E no sagrado (local sagrado, possivelmente à frente de uma
igreja), em Vigo / bailava corpo velido (uma linda moça) amor ei!
- Martim Codax.
- Romarias (sobre visitas a santuários, enquanto as "madres
queymam candeas"):

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!


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EXERCÍCIO SOBRE TROVADORISMO a) Todas estão corretas.


b) Todas estão incorretas
Questão 1
c) Apenas I e II estão corretas.
Bailemos agora, por Deus, ai velidas [formosas],
d) Apenas I e III estão corretas.
so [sob] aquestas [estas] avelaneiras frolidas [floridas]
e) Apenas a I
e quem for velida, como nós velidas,
se amig’ amar Questão 3
so [sob] aquestas avelaneiras frolidas
verrá [virá] bailar! “Eu vi, mia madr’, andar
As barcas eno mar
Bailemos agora, por Deus, ai loadas [louvadas], e moiro-me d’ amor.
so aquestas avelaneiras granadas [em flor]
Fui eu madre, veer
e quem for loada, como nós loadas,
as barcas eno ler (praia)
se amig’ amar
e moiro-me d’ amor.
so [sob] aquestas avelaneiras granadas
verrá bailar! As barcas eno mar
ZORRO, João. In:CARDOSO, Wilton; CUNHA, Celso. Estilística e e foi-las aguadar
Gramática Histórica. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, 1978. p. 300. e moiro-me d’ amor.

Acerca do poema, é correto afirmar: As barcas eno ler


e foi-las atender (esperar)
a) Trata-se de uma cantiga de amor de refrão, visto que o sujeito e moiro-me d’ amor.
é feminino e o objeto, masculino.
b) Observa-se o acatamento às regras do amor cortês, E foi-las aguadar
sobretudo, no que diz respeito à vassalagem amorosa. e non o pud’ achar;
c) O cenário, extremamente convencional, indica a presença da e moiro-me d’ amor.
cantiga de amor em que a natureza não se apresenta como (Nuno F. Torneol)
amiga e confidente.
d) Embora haja uma caracterização da donzela como “velida” As cantigas de amor e as cantigas de amigo aparecem como
[formosa] e “loada” [louvada], o sentimento amoroso manifesta- formas poéticas representantes do lirismo medieval português.
se como “coita” de amor e amor infeliz. No texto lido, identifique o tipo de cantiga, justificando a sua
e) Explora-se a temática da alegria de amar e de ser amada, resposta com um traço estilístico do poema.
ocorrendo o relacionamento entre o sujeito e o objeto num plano Questão 4
de igualdade. (ufpa/2007) Leia a cantiga trovadoresca a seguir:
Questão 2 Pois naci nunca vi Amor,
ESTAVA A FORMOSA SEU FIO TORCENDO e ouço d’ el sempre falar.
(paráfrase de Cleonice Berardinelli) Pero [Mas] sei que me quer matar,
mais rogarei a mia senhor
Sedia la fremosa seu sirgo torcendo, que me mostr’ aquel matador,
Sa voz manselinha fremoso dizendo ou que m’ ampare d’ el melhor.
Cantigas d'amigo.
Pero nunca lh’ eu fige [fiz] ren [nada]
Sedia la fremosa seu sirgo lavrando, por que m’ el aja de matar,
Sa voz manselinha fremoso cantando, mais quer’ eu mia senhor rogar,
Cantigas d' amigo. polo [pelo] gran med’ en que me ten,
que me mostr’ aquel matador,
- Par Deus de Cruz, dona, sey que avedes ou que m’ ampare d’ el melhor!
Amor muy coytado que tan ben dizedes [...]
Cantigas d'amigo. E pois Amor á [tem] sobre mi [mim]
Par Deus de Cruz, dona, sey que andades de me matar tan gran poder,
D'amor muy coytada que tan ben cantades e eu non o posso veer,
Cantigas d'amigo. rogarei mia senhor assi
que mi-amostr’ aquel matador,
- Avuytor comestes, que advinhades. ou que m’ ampare d’ el melhor.
Estêvão Coelho (Nuno Fernandes Torneol, Cancioneiro da Ajuda, n.º 80.)
1. Assinale a alternativa que só contenha afirmativas corretas
Acerca do poema, é CORRETO afirmar:
I. O paralelismo é um dos recursos estilísticos mais comuns na a) O amor é tratado como uma entidade autônoma de que o eu
poesia lírico-amorosa trovadoresca. Consiste na ênfase de uma lírico busca defender-se.
idéia central, às vezes repetindo expressões idênticas, palavra b) Os versos “mais rogarei a mia senhor / que me mostr’ aquel
por palavra, em séries de estrofes paralelas, como vemos no matador,” traduzem uma atitude de súplica respeitosa, que
texto acima. contraria os ideais do amor cortês.
II. As duas primeiras estrofes encerram um paralelismo c) No verso “Pois naci nunca vi Amor,” manifesta-se um eu lírico
semântico na medida em que tratam da atividade diária da moça feminino, o que justifica a classificação do texto como cantiga de
que trabalha e canta. O mesmo recurso o corre com as duas amigo.
VESTIBULAR – 2009

últimas, pois a idéia central relaciona-se com o sofrimento d) A métrica do poema, dado o uso predominante do
causado pela ausência do amado. octossílabo, não está de acordo com os padrões da cantiga de
III. O texto revela o diálogo entre o eu-lírico e uma moça. Os amor.
sentimentos revelados são a impressão do eu-lírico sobre o que e) A presença do refrão em dístico permite-nos classificar o
a moça está sentindo. texto como uma cantiga de amigo.

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