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N° 152, DE 1991
Justificação
Isto posto, esperamos contar com o imprescindível apoio dos ilustres colegas
na aprovação do presente projeto.
Voto do Relator na CCJ
1. Visa este projeto de lei, apresentado pelo ilustre Senador Maurício Corrêa a
definir crimes de uso indevido de computador.
Determina o projeto, no seu art. 2°, que, se aqueles crimes forem praticados
contra a administração pública, empresa concessionária de serviços públicos ou
sociedade de economia mista, as penas serão aumentadas no caso do primeiro
inciso, detenção de 2 (dois) a 6 (seis) meses ou multa de 15 (quinze) a 45
(quarenta e cinco) dias-multa, e, no do segundo, detenção de 1 (um) ano e 6
(seis) meses a 3 (três) anos, ou multa de 55 (cinquenta e cinco) a 270 (duzentos
e setenta) dias-multa.
2. O ilustre autor justifica sua proposição, alegando que vivemos hoje numa
sociedade cada vez mais informatizada, “...por isso mesmo vulnerável também
a ação de criminosos que tem como principal aliada a própria tecnologia”.
Dessa forma, cumpre preencher as lacunas existentes na legislação penal,
tipificando condutas defeituosas específicas Neste sentido, segundo o autor, o
projeto se coloca na dianteira dos principais países desenvolvidos do mundo,
pois somente a Grã-Bretanha teria aprovado uma lei sobre crimes dessa
natureza, datada de 20-8-90.
E bom advertir que nosso Código Penal também dispõe sobre a violação de
direito autoral, no seu art. 184. Mas, no diploma especifico relativo ao assunto
de que se está tratando ― a Lei nº 7.646/87 ― a disciplina legal é qualificada a
espécie e mais severa do ponto de vista punitivo, pois prevê, como se disse, a
pena de detenção de 6 meses a 2 anos, cumulativamente com a pena de multa.
O Código Penal, no dispositivo citado, pune a violação de direito autoral com
detenção de 3 meses a 1 ano, alternativamente com multa.
Tais sugestões, que tinham sido formuladas como emenda ao projeto, afinal
não apresentada, se baseiam na percepção de que “a propriedade intelectual dos
criadores de software já está bem defendida na legislação específica (Lei nº 7
646/87), urgindo legislar sobre a garantia constitucional da inviolabilidade dos
dados e sua comunicação”. Por isso que o entendimento assim manifestado e
encampado pelo referido e ilustre Senador representante do Estado do Paraná
difere do ponto de vista que vim defendendo. No texto que nos foi
encaminhado está dito a questão a enfrentar na legislação proposta não é a
proteção da propriedade intelectual do criador de software, mas a proteção dos
dados de propriedade do usuário.
Pode ser que essa opinião técnica dos especialistas na matéria seja a mais
acertada em relação ao espírito da proposição Mas, seguramente ela não
corresponde a interpretação mais acertada, de ordem jurídica, se levarmos em
conta o modelo pelo qual a norma proposta esta formulada, inclusive porque o
usuano não se destaca na proteção objetivada com o projeto.
Por isso mesmo, decidimos rever nossa opinião, que já estava concluída na
primeira versão do parecer, a fim de incorporar alguns aperfeiçoamentos ao
projeto, decorrentes dessas contribuições.
Por outro lado, o art. 2º da citada Lei nº 7.209/84, que alterou a Parte Geral do
Código, dispõe que na Parte Especial do mesmo Código, bem assim nas leis
especiais sobre matéria penal ― como se propõe tornar o presente projeto ―,
quaisquer referências a valores de multas são “canceladas”, substituindo-se a
expressão “multa de” por, simplesmente, “multa”.
Art. 2º A prática de conduta descrita nesta Lei como meio para a realização de
qualquer outro crime qualifica-o, agravando a pena de um sexto até a metade .
TITULO VII