O documento resume o caso clínico de Hans, um menino de 5 anos analisado por Freud. Hans desenvolveu uma fobia de cavalos relacionada a seu conflito edípico e desejos incestuosos pela mãe. A análise mostrou como as fantasias e brincadeiras da criança ajudaram na ressignificação de suas angústias. O caso contribuiu para o desenvolvimento da psicanálise infantil.
O documento resume o caso clínico de Hans, um menino de 5 anos analisado por Freud. Hans desenvolveu uma fobia de cavalos relacionada a seu conflito edípico e desejos incestuosos pela mãe. A análise mostrou como as fantasias e brincadeiras da criança ajudaram na ressignificação de suas angústias. O caso contribuiu para o desenvolvimento da psicanálise infantil.
O documento resume o caso clínico de Hans, um menino de 5 anos analisado por Freud. Hans desenvolveu uma fobia de cavalos relacionada a seu conflito edípico e desejos incestuosos pela mãe. A análise mostrou como as fantasias e brincadeiras da criança ajudaram na ressignificação de suas angústias. O caso contribuiu para o desenvolvimento da psicanálise infantil.
A ANLISE DE CRIANA EM FREUD: O caso Hans ou abrindo o campo da
psicanlise com crianas. Disponvel em: <http://www.maxwell.vrac.puc- rio.br/20759/20759_4.PDF.> Acessos em 28 nov. 2017.
Freud preocupado em confirmar suas hipteses sobre a teoria da sexualidade
infantil e o conflito edpico como estruturador da neurose, encorajava alunos e amigos observao de crianas buscando compreender o funcionamento psquico infantil para assim pensar a clnica da neurose. A observao de crianas logo se tornou objeto de interesse entre psicanalistas reunindo observaes sobre o comportamento sexual das crianas. Destaca-se entre os primeiros relatos o caso a respeito de Hans, um garotinho que mais tarde se tornaria um importante caso clnico freudiano, publicado em 1909, Anlise de uma fobia em um menino de cinco anos. A repercusso deste caso tornou-se fundamental para o desenvolvimento de referenciais tericos sobre as possibilidades e limitaes da tcnica psicanaltica com crianas, e ainda, introduziu a questo do lugar dos pais na abordagem do sofrimento infantil. Freud conhecia bem a famlia do pequeno Hans, visto que havia tratado a atriz Olga Knig, a me do garoto, alguns anos antes. Os pais de Hans tinham interesses nas descobertas da clnica psicanaltica e frequentemente se correspondiam com Freud, isso impactou na educao de Hans, visto que pautaram se na ideia de no repreende-lo mais do que o julgavam necessrio, permitindo-lhe certa liberdade, e conforme, ele se tornava um menininho alegre, bom e vivaz, a experincia de deix-lo crescer e expressar-se sem intimidaes prosseguiu satisfatoriamente (FREUD, 1909, p. 16). As primeiras observaes que despertaram preocupao dos pais em relao a Hans, baseia-se em seu grande interesse e curiosidade sexual j por volta dos trs anos, curiosidade que gerou questionamentos sobre a existncia, ausncia e tamanho dos pipis de seus pais, de animais e at mesmo de coisas inanimadas. Nesse perodo em questo, o a garoto foi surpreendido em atividade masturbatria e repreendida por uma ameaa por parte da me de chamar um mdico para cortar fora seu pipi se continuasse a toc-lo. Freud afirma que nesta ocasio no foi observado nenhuma angustia por parte do garoto, sendo que o desenvolvimento da mesma seria adiada e tornar-se-ia sua fobia mais tarde. Posteriormente, aos quatro anos e nove meses, Hans comeou a apresentar sinais da angstia que o levaria uma fobia de cavalos, distrbio nervoso que passou a ser analisado por seu pai atravs das orientaes do professor Freud. Aps um episdio com a bab, num passeio acompanhado de sua me, Hans expressou pela primeira vez o medo de que um cavalo o mordesse. Logo depois dele confessar sentir-se mal em continuar colocando a mo no seu pipi, isso possibilitou que os pais concordassem que a masturbao tinha relao estreita com a fobia, a sexualidade do filho gerava muito incmodo nos pais. importante saber que, frequentemente, Hans dormia junto com os pais e, durante as frias em Gmunden, na ausncia do pai, a criana dormia sozinha com sua me, alimentando suas fantasias incestuosas e acentuando seu conflito edpico. Recorrer ao cavalo como objeto fbico, alm de ser um representante simblico de sua angstia, tambm significava um substituto do pai aterrorizador de que Hans necessitava para interdio dos seus desejos incestuosos. No decorrer da anlise, observou-se que a criana deslocava os elementos fbicos a cada novo enigma que aparecia, de modo que, logo silenciou a respeito do medo de cavalos o morderem, e passou a ter medo tambm de carroas, de carroas de mudanas, de nibus... de cavalos caindo... (Freud, 1909, p.113). Conforme o autor, Hans demonstrava, nas fobias, o enigma da gravidez de sua me e surgimento de sua irmzinha Hanna, alm dos sentimentos ambivalentes em relao ao pai, que deveria cair, mas tambm podia puni-lo por seus desejos atravs do horror que sentia ao pensar que o cavalo estava morto. Neste momento, importante observar no caso, a complexidade da capacidade da criana de construir explicaes e fantasias a partir do que experimenta. Lidar com a diferena sexual, as brincadeiras com outras crianas, a gravidez da me e seu gradativo afastamento com o nascimento de sua irm, a questo da origem dos bebs foram temas em constante movimento na anlise de Hans. Um dos aspectos que merecem destaque neste caso, foi Freud perceber que as angustias do garoto estavam relacionadas com o relacionamento do casal parental e o modo como cada um deles se relacionava com a criana. Evidenciando a relao entre a neurose fbica de Hans e a sua tentativa de organizar-se frente s vicissitudes do complexo de dipo-Castrao. Em conformidade com o texto freudiano, Lacan analisa que, Hans j estava fantasiando o falo, ao interrogar sobre a presena do falo na me, no pai, e nos animais, antes mesmo do aparecimento da fobia (Lacan, 1956-57, p.231). No momento em que a agitao pulsional se apresenta como algo real, na descoberta do pnis, da masturbao, surge a angstia. Pois, nesse momento ele se v confrontado com a hincia imensa que existe entre satisfazer uma imagem e ter algo de real para apresentar (Lacan, 1956-57, p.232). Ainda, de acordo com Lacan, o garoto j havia revelado o seu objeto fbico quando fala me: Se voc tem um faz-pipi, deve ter um faz-pipi muito grande, como um cavalo. Como no havia uma explicao convincente para seus enigmas, por parte de um adulto, Hans seguia construindo suas fantasias, tentando explicar mesmo que de maneira distorcida, as suas representaes sobre a gravidez, o parto e o aparecimento da irmzinha Hanna. E foi por meio do brincar, que o pequeno Hans reorganizava o quadro familiar de acordo com o seu desejo. Atravs das fantasias e brincadeiras, foi permitido a ele a ressignificao das suas angstias, o acolhimento de seus desejos e submeter-se castrao humanizante, deste modo, superando o medo de castrao. O que foi constatado, segundo o relato das cartas que sua me enviou Freud, o pequeno Hans parecia restabelecido e alegre. Nota-se que o caso Hans confirmava as teses sobre o conflito edpico e sua relao com os princpios estruturadores da neurose, conforme era do interesse de Freud. Mas alm disso, pde-se observar que o surgimento do sofrimento na criana desencadeou toda uma mobilizao dos pais para procurar a ajuda de um terceiro, o Dr. Freud. Logo, a possibilidade do tratamento de Hans foi efetivada pela confiana dos pais em relao ao lugar de saber em que Freud foi colocado, devido a transferncia estabelecida entre o pai do garoto e Freud. E ainda, como Hans era inteligente e com uma fluncia verbal e imaginativa surpreendentes, no haveria dificuldade alguma quanto ao uso da tcnica clssica, desenvolvida para adultos, na clnica com crianas. No entanto, a partir desse caso, surgem questionamentos centrais para o desenvolvimento de tcnicas analticas infantis, como por exemplo, como conseguir acesso ao inconsciente da criana, e estabelecer uma anlise na ausncia de uma linguagem verbal bem estruturada para expressar-se. Freud, no texto Escritores criativos e devaneio (1908), faz um paralelo entre o brincar da criana e a atividade do escritor, de modo que, ambos estariam pautados na criao de uma nova realidade, assim, tanto o escritor quanto a criana reajustam os elementos do mundo do modo que mais lhes agrada. Portento, as fantasias, os devaneios, o prprio brincar assumem o papel de recurso utilizado para enfrentar realidades traumticas e reorganizar a realidade no sentido do princpio do prazer. De acordo com o que foi exposto, podemos perceber ento, a evidencia que o brincar tem um lugar central na estruturao psquica da criana. A partir disso, Lacan aponta o jogo do fort-da (jogos de ocultao) como uma primeira etapa do processo de simbolizao da dialtica presena-ausncia fundamental constituio do sujeito, onde a criana pode se tornar o sujeito da ao e, na brincadeira, controlar o objeto que d suporte simbolizao da experincia desprazerosa..
Jacqueline Silvestre da Silva, acadmica do curso de psicologia pela Universidade