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Batismo
(Versão 3)
Paulo Neto
Copyright 2020 by
Paulo da Silva Neto Sobrinho (Paulo Neto)
Belo Horizonte, MG.
Capa:
https://www.veritatis.com.br/wp-content/uploads/
2020/09/0-catacumbas1.png
Revisão:
Hugo Alvarenga Novaes
Rosana Netto Nunes Barroso
Diagramação:
Paulo Neto
site: www.paulosnetos.net
e-mail: paulosnetos@gmail.com
2
Índice
Introdução..................................................................4
O que se sabe a respeito da origem do ritual............5
Considerações sobre os relatos bíblicos..................15
Os dois períodos para o evento...............................26
Conclusão................................................................58
Referências Bibliográficas........................................68
Dados biográficos do autor......................................71
3
Introdução
4
O que se sabe a respeito da origem do
ritual
5
grega sobre as estruturas romanas e hebraicas a
adoção do batismo do arrependimento utilizado por
João Batista às margens do rio Jordão. Na Grécia
Antiga, havia os Baptas, que eram os sacerdotes
da deusa Cotito. Para se tornar um adorador da
deusa, havia a necessidade de se apresentar no
templo e, dentro da piscina baptismal, se
arrepender de todos os erros cometidos até
aquele momento. A partir daí, o indivíduo estava
em condições de ser mergulhado na piscina e se
apresentar como um novo adorador da deusa. O
batismo, portanto, é uma cerimônia eminentemente
pagã e que foi absorvida pelas religiões
tradicionais. (2)
6
Em Jesus e sua Doutrina, A. Leterre (1862-
1936), por sua vez, nos diz ser outra a sua origem:
7
Desde os dias do cativeiro em Babilônia, e
daí em diante, o judaísmo apresenta um
enxame de místicos religiosos com visões
apocalípticas sobre o futuro do homem. Por
meio desses visionários, diz o eminente orientalista
W. F. Albright, “elementos inumeráveis da fantasia
pagã e até mitos inteiros entraram na literatura do
judaísmo e do cristianismo”. Por exemplo, o rito
do batismo – diz ele – remonta às religiões da
Mesopotâmia, como também muitos dos
elementos na história da vida de Cristo. Entre
estes o Dr. Albright inclui a sua concepção por uma
virgem, o seu nascimento relacionado com os
astros, e os temas da prisão, da morte, descida
aos infernos, o desaparecimento por três dias e
posterior ascensão aos céus. (5)
8
praticarem outras abluções entre eles. Os hinos
de Qumran falam de batismo de fogo, tais como
um rio em chamas que engolfaria os “lançados
fora”: e alguns bons intérpretes reputam esse
batismo de fogo como algo que se refere ao juízo.
Parece bem certo, porém, a despeito do
conhecimento de João sobre tais ideias, que ele
usa da ideia como algo benéfico, que visava o
remanescente arrependido e não os incrédulos. (6)
ESSÊNIOS
Eles formavam uma ordem monástica
judaica, que parece ter surgido no século II A.C.
Eles eram exemplos de uma incomum grandeza
moral e pureza espiritual (embora houvesse alguns
abusos e distorções). Provavelmente foi a primeira
sociedade humana a condenar a escravatura, tanto
como princípio quanto como uma prática. Era uma
sociedade comunal, esotérica e extremamente
ascética. Procurava lugares isolados a fim de ali
viverem e porem em prática a sua fé. Uma das
regiões escolhidas era aquela em redor do mar
Morto. Alguns estudiosos têm associado um ramo
dessa seita com os Manuscritos do Mar Morto. Os
essênios eram uma das três principais seitas
judaicas, as outras duas eram os fariseus e os
saduceus. (7)
9
Completando as explicações os autores
Champlin e Bentes nos informam:
10
do parseísmo, do paganismo sírio, do
pitagoreanismo e do neoplatonismo.
Como uma seita distinta, os essênios
desapareceram após a destruição de Jerusalém
(ano 70 D.C.). Nunca são mencionados no Novo
Testamento, embora haja alusões às suas crenças
quanto ao celibato, aos juramentos e ao ascetismo.
Ver Mat. 5:34ss, 19:11,12 e Col. 2:8,18,23. A
referência na epístola aos Colossenses, porém,
quase certamente é ao gnosticismo. (8)
11
sacerdotes e levitas e leigos israelitas, a fim de
que eles pudessem entrar no santuário de
Jerusalém e participar no culto do Templo. Em
um nível mais prático, o banho cerimonial
combinava higiene com a purificação alegórica que
se voltava contra formas de impureza. Era
imposto para marcar o fim de certas doenças
contagiosas, como enfermidades dermatológicas
ou genitais designadas por termos genéricos como
“lepra” e “corrimento”. Um banho ritual também
restaurava o estado de pureza após contatos com
um corpo morto, após relações sexuais para
ambos os sexos, e após a menstruação e o parto
para as mulheres.
Algumas formas específicas de batismo
judeu só eram praticadas uma vez. Este é o caso
do batismo de penitência pregado por João Batista,
que visava eliminar a impureza do pecado e indicar
a mudança na direção de uma via pia conducente
ao Reino de Deus. Parece que os essênios de
Qumrã submetiam-se a um banho ritual
especial, dedicado à renovação espiritual
durante a cerimônia de entrada no pacto
sectário (1QS 5:12-14). Fiando-se num costume
que provavelmente remontava ao primeiro século
d.C., o judaísmo rabínico também obrigava
homens e mulheres gentios que desejassem se
converter ao judaísmo a passar pelo batismo
prosélito, além da circuncisão no caso do homem.
Entretanto, seja reiterado ou único, o batismo judeu
sempre conservou o seu simbolismo primário de
banho ou purificação pela água.
Em geral, Paulo não mostra interesse pelo ritual
12
judaico e, se usa a noção de impureza, é sempre
no sentido moral. Para ele, o batismo é dotado de
um significado alegórico que nada tem a ver com
banho. O tanque em que o batismo tinha lugar
simboliza acima de tudo a tumba da qual Jesus
levantou-se na Páscoa. Assim, quando os que
passavam pela cerimônia de iniciação no mistério
cristão eram imersos (isto é, enterrados) na água
batismal, eles estavam abraçando alegoricamente
a morte do Cristo ao juntar-se a ele em seu túmulo;
e quando eram reerguidos, estavam reencenando
e comungando misticamente com a ressurreição
de Cristo. Dali em diante, eles lhe pertenciam. O
drama é delineado por Paulo em poucas e
pungentes palavras: “Ou não sabeis que todos os
que fomos batizados em Jesus Cristo, é na sua
morte que fomos batizados? Portanto pelo batismo
nós fomos sepultados com ele na morte para que,
como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela
glória do Pai, assim também nós vivamos vida
nova” (Rm 6:3-4) Reinterpretando deste modo a
imagem original do rito batismal, Paulo ofereceu
aos cristãos um meio para se apropriarem da
virtude tanto da cruz como da ressurreição. Não é
necessário dizer que, com a introdução
generalizada da aspersão infantil em substituição à
imersão na administração do sacramento, que
originalmente era reservado apenas aos adultos
iniciados e realizado na Páscoa, o poderoso
simbolismo paulino foi morto de vez. (9)
13
os judeus eram obrigados a fazer para entrarem no
Tempo e para algumas outras situações específicas.
14
Considerações sobre os relatos bíblicos
15
pecados (Mateus 3,5-6), o que, segundo Marcos,
significava que fazia o batismo de conversão para o
perdão dos pecados (Mc 1,4-5). Seria o caso de se
perguntar: Jesus, então, tinha pecados? Estaria ele
se convertendo naquele momento? Para nós fica
difícil aceitar isso…
16
ocorreu, já que uma é contraria à outra.
17
vocês ouviram falar: 'João batizou com água;
vocês, porém, dentro de poucos dias, serão
batizados com o Espírito Santo'” (Atos 1,4-5). Por
isso, concluímos que o relato do batismo aplicado em
Jesus é bem provável que seja mesmo uma
interpolação, visto que o batismo que Jesus promete
é o “com o Espirito Santo”, e não o “com água”.
Assim, devemos ver que “O símbolo do batismo do
Espírito (fogo) e o caráter e os resultados desse
batismo mostram a superioridade do ministério de
Jesus, em contraste com o de João” ( 10) Não devemos
desconsiderar que a figura do fogo, algumas vezes, é
símbolo bíblico que representa a presença divina ( 11)
18
manifestado a Israel, vim eu, por isso,
batizando com água" e "… o que me mandou a
batizar com água, esse me disse: Sobre aquele
que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar,
esse é o que batiza com o Espírito Santo" (João
1,31-33). Ou seja, foi apenas para ele identificar o
Messias. Mas, uma vez cumprido esse propósito, já
que a Lei e os profetas vigoraram até João (Mateus
11,13 e Lucas 16,16), deixa de ser necessário o
batismo de água praticado por João, passando a
vigorar, daí em diante, o batismo verdadeiro, o de
Jesus. Este, sim, é o autêntico batismo cristão: com
Espírito Santo e com fogo. Com o primeiro
simbolicamente se limpa por fora; já com o segundo
se transforma por dentro.
19
31. Eu também não o conhecia. Mas vim batizar
com água, a fim de que ele se manifeste a Israel."
32. E João testemunhou: "Eu vi o Espírito descer
do céu, como uma pomba, e pousar sobre ele.
20
por ti” (Mateus 3,14)? Sem contar que os apóstolos
não foram batizados em água, mas o foram no
Espírito Santo (Atos 1,4-5; 2,4). Exatamente por isso
é que podemos reafirmar que, a nosso ver, o batismo
em água não possui sustentação bíblica para a sua
aplicação, pois estaria, sem dúvida, contrariando a
determinação de Jesus, citada em Atos 1,4-5, cujo
teor veremos mais adiante, que é o mesmo que foi
revelado a João Batista (João 1,33).
21
Com isso fica claro que o batismo de João, ou
seja, o de água, não tinha valor; caso contrário,
Paulo teria deixado as coisas como estavam, uma
vez que já haviam sido submetidos ao batismo de
João e não teria ministrado o batismo em nome do
Senhor Jesus, que fica claro ser pela imposição das
mãos. E quanto ao fato de se batizar “em nome de
Jesus” e não “em nome da Trindade” queremos,
neste momento, caro leitor, apenas chamar a sua
atenção, pois falaremos sobre isso um pouco mais à
frente.
22
realmente orientado os discípulos sobre isso, é, para
nós, algo controverso; porém, a instrução “ide e
pregai a todas as nações” (Mateus 28,19) confirma
essa instrução a Paulo para anunciar o Evangelho,
porquanto, trata-se da mesma coisa com palavras
diferentes.
23
mandamentos de Deus.” (1 Coríntios 7,19)
Justificando o seu entendimento: “Então, será que
Deus é Deus somente dos judeus? Não será também
Deus dos pagãos? Sim, ele é Deus também dos
pagãos. De fato, há um só Deus que justifica, pela fé,
tanto os circuncidados como os não circuncidados”
(Romanos 3,29-30).
24
qualquer alusão ao batismo em água.
Chegando ao sexto capítulo dessa mesma
epístola, onde o batismo em água é símbolo
de nossa união vital e essencial com Cristo,
em sua morte e ressurreição – a morte ao
pecado, a ressurreição à vida que conduz à
salvação – é impossível pensarmos, por
esse trecho, que o batismo em água
ocupasse a elevada posição, no
cristianismo primitivo, que o mesmo ocupa
dentro do esquema falso da regeneração
batismal. Ora, Paulo jamais teria ignorado a
posição do batismo em água, em suas
passagens dogmáticas sobre a salvação, se
esse fizesse parte integrante da salvação. É
muito árduo para a fé de quem quer que seja
pensar que Paulo tenha defendido qualquer
doutrina que se assemelhasse, ainda que
remotamente, à regeneração pelo batismo, se
por batismo, estivéssemos nos referindo ao ato
externo de sermos batizados em água,
mediante aspersão, derramamento, imersão
ou qualquer outro modo. (12)
25
Os dois períodos para o evento
26
pois nenhum dos outros evangelistas afirmou isso;
somente em João é que consta essa história, que
mais parece ser “história” mesmo. Isso é incomum,
pois não vemos, em momento algum, Jesus
orientando a seus discípulos para que realizassem tal
prática, o que podemos comprovar com o seguinte
passo:
27
também, entre elas o batismo. Assim, observamos
que Jesus, quando vivo, passou várias orientações
aos discípulos, mas não há nenhuma relacionada ao
batismo. Será que depois de morto teria mudado de
ideia, uma vez que tal recomendação só aparece
após este fato? É o que veremos agora.
28
ensinando-os a observar tudo o que ordenei a
vocês. […].'” (ver tb Marcos 16,14-18)
29
dogma da Trindade está apenas acrescentado à
margem. Mais tarde foi intercalado no texto, onde
se encontra ainda”. (14)
30
O historiador e professor da Universidade
Hebraica de Jerusalém, David Flusser (1917-2000),
que lecionou no Departamento de Religião
Comparada por mais de 50 anos, nascido na Áustria,
foi estudioso da literatura clássica e talmúdica,
conhecia 26 idiomas, em O Judaísmo e as Origens
do Cristianismo, informa que:
31
O “ide e tornai todas as nações discípulas em
meu nome, ensinando-as a observar tudo o que vos
ordenei”, aqui citado, é algo que não se pode
desprezar, porquanto, Eusébio de Cesareia (c. 265-
339), defendendo a divindade de Cristo, em História
Eclesiástica, nada advogou a favor da Trindade, que
é justamente o que se quer fazer crer existir no texto
de Mateus (28,19-20).
32
citado por Morcon Smith, Clement of Alexandria
and a Secret Cospel of Mark, Harvard University
Press, Cambridge, Mass, 1973, p. 342-6. (17)
33
sobre esse passo, disse:
34
mesmo crime perfeito!
35
Aqui, percebe-se claramente que atribuíram
essas palavras a Jesus, fato tão óbvio que se torna
difícil negar, especialmente se verificarmos dois
pormenores na frase: “quem não acreditar, será
condenado”. O primeiro é que para ela ser coerente
com a afirmativa antecedente de “quem acreditar e
for batizado, será salvo”, teria que ser uma sentença
negativa da seguinte forma: “Quem não acreditar e
não for batizado, será condenado”. No segundo,
temos que se Jesus só pregou o amor, e sempre
admitiu o livre-arbítrio (quem tem ouvidos ouça),
jamais imporia um castigo condenando alguém a
alguma coisa.
36
(Marcos 16,17-18). Essa, pagamos para ver…
37
isto é só opinião nossa, vamos apresentar o que
disseram os tradutores da Bíblia de Jerusalém.
Leiamos suas observações relativas a Marcos,
capítulo 16, versículos de 9 a 20:
38
Apesar desses argumentos, é certo que ainda
encontraremos pessoas que continuarão a aceitar a
frase como verdadeira. Mesmo que fosse, por
coerência, é muito improvável que Jesus tivesse
falado do batismo de João. O mais certo é que
tivesse se referido ao batismo “com Espírito Santo e
com fogo”, pois é o que sucede a todo aquele que
crê em suas palavras e põe em prática os seus
ensinos.
39
“8. Então as mulheres saíram do túmulo
correndo, porque estavam com medo e
assustadas. E não disseram nada a ninguém,
porque tinham medo.
9. Depois de ressuscitar na madrugada do
primeiro dia após o sábado, Jesus apareceu
primeiro a Maria Madalena, da qual havia
expulsado sete demônios.
10. Ela foi anunciar isso aos seguidores de
Jesus, que estavam de luto e chorando.
11. Quando ouviram que ele estava vivo e fora
visto por ela, não quiseram acreditar.”
40
versículos anteriores (1 a 7) e vemos no versículo 8
que as mulheres saíram correndo do túmulo, sem
que Jesus tivesse aparecido a elas, mas apenas um
jovem (anjo), como, na sequência (versículo 9), é
dito ter Jesus aparecido a Maria Madalena, e só a
ela? Ora, como foi o anjo que apareceu, Jesus só
poderia ter aparecido após o anjo, hipótese na qual
elas já não estariam mais no túmulo, pois, de acordo
com o versículo 8, elas saíram correndo; logo, igual
às outras mulheres, ela já não estava mais lá; além
disso, Madalena não estava sozinha…
41
Esta pode ser uma referência ao batismo do
Espírito Santo (1Cor 12:13). O batismo com água
não salva (veja as notas sobre At. 2:38; 1Pe 3:21).
(24)
42
Mc 16,1-8: Estes versículos são o final
primitivo do Evangelho de Marcos. […]. (25)
43
terminava aqui, deixando os leitores na
expectativa da vinda do Senhor ressuscitado. O
que se segue [v. 9-20] é um resumo feito depois
de terem sido escritos os outros Evangelhos.
Contudo tal resumo é inspirado como todo o outro
texto. (29)
44
Mc 16:9-20: Estes versículos não aparecem
em dois dos principais manuscritos do Novo
Testamento, embora estejam presentes num
grande número de outros manuscritos e versões.
Se eles não forem parte genuína do texto de
Marcos, o final abrupto do v. 8 deve-se,
provavelmente, à perda dos versículos que
formavam a conclusão original. […]. (34)
45
ordem: ‘Não se afastem de Jerusalém. Esperem
que se realize a promessa do Pai, da qual
vocês ouviram falar: 'João batizou com
água; vocês, porém, dentro de poucos
dias, serão batizados com o Espírito
Santo’. […].”
46
aborda:
47
o seu sentido, o qual, apesar de importante,
não é mesmo atribuído ao batismo do Espírito
Santo. (35)
48
Em João não encontramos Jesus recomendando
diretamente nenhum tipo de batismo. Mas, por
outras passagens, já citadas, podemos entender que
“ao soprar sobre os discípulos” Jesus estava
realizando o batismo do Espírito Santo, aquele que
tinha prometido a eles. Inclusive, era esse o
praticado pelos discípulos; senão vejamos:
49
de Atos 10,44-48 tem tudo para ter sofrido uma
interpolação; talvez por quererem justificar o
batismo com água. Vejamos o trecho para análise:
“Então Pedro disse: ‘Quem poderá recusar a água do
batismo a esses, que receberam o Espírito Santo da
mesma forma que nós?’”. Se dele retirarmos a
expressão “a água do batismo” o texto estaria mais
coerente em sua estrutura e significado; senão
vejamos: “Quem poderá recusar a esses, que
receberam o Espírito Santo da mesma forma que
nós?”
50
Senhor havia dito: 'João batizou com água, mas
vocês serão batizados no Espírito Santo'. Deus
concedeu a eles o mesmo dom que deu a
nós por termos acreditado no Senhor Jesus
Cristo. Quem seria eu para me opor à ação de
Deus?' Ao ouvir isso, os fiéis de origem judaica
se acalmaram e glorificaram a Deus, dizendo:
'Também aos pagãos Deus concedeu a
conversão que leva para a vida!'.”
51
que a decisão de Pedro em Atos 10,48 foi a de
batizar em nome de Jesus e não no da “santíssima”
Trindade.
52
Senhor Jesus. Logo que Paulo lhes impôs as
mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles, e
começaram a falar em línguas e a profetizar.”
53
surge a natural dúvida: havia dois batismos? Bom;
quem irá nos responder essa questão é Paulo, que,
taxativo, disse aos efésios: “há um só Senhor, uma
só fé, um só batismo” (Efésios 4,5).
54
pode acontecer?’ Respondeu-lhe Jesus: ‘És
mestre em Israel e ignoras essas coisas? Em
verdade, em verdade, te digo: falamos do que
sabemos e damos testemunho do que vimos,
porém, não acolheis o nosso testemunho. Se
não credes quando vos falo das coisas da terra,
como crereis quando vos falar das coisas do
céu?’”
55
especialmente se Jesus estivesse se referindo ao
batismo, pois, se fosse isso mesmo, certamente ele
O teria entendido. Se ignorava, é porque, na
verdade, era sobre outra coisa que Jesus lhe falava.
Pelos seus questionamentos a Jesus, fica claro que
era algo muito mais profundo do que um simples
ritual, como o do batismo de água; portanto, seria
um assunto mais complexo que esse. Com certeza, a
reencarnação é algo assim, já que a maioria das
pessoas, por “ignorar essas coisas”, não sabe
exatamente como pode “um homem velho voltar a
nascer de novo; porventura, irá entrar no seio de sua
mãe e nascer”? A esses, Jesus replicaria, como já o
fizera antes: “Não te admires disso”.
56
3,1-2; Zc 12;10). Água era uma expressão para
indicar influências boas ou más, como no (Sl 1,3):
“Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros
de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria,
e cujas folhas não caem; e tudo quanto fizer
prosperará”. […]. (37)
57
Conclusão
58
justificar o batismo de Jesus, já que todos nós
acreditamos que Ele tenha nascido puro? Por que
Jesus nunca disse: “Vá, seja batizado e será salvo?”
Evidentemente é porque Jesus nunca pregou o
batismo de João, apesar de, conforme já o dissemos,
encontrarmos uma passagem bíblica (Marcos 16,14-
16), sobre a qual já comentamos, colocando isso
como se fossem palavras de Jesus.
59
não confessam seus pecados nem antes, nem
durante, nem após a cerimônia. Além disso, o ritual
era o de submersão (mergulho); mas vemos que, nas
práticas atuais, nem sempre o fazem dessa forma, já
que, em determinadas correntes religiosas, apenas
se esparge água sobre o crente, enquanto que, em
outras, se derrama água sobre a cabeça do neófito.
Com isso, ratificamos o que dissemos anteriormente
sobre as igrejas cristãs praticarem mesmo é só o
batismo de João.
60
iniciação judaica era a circuncisão; obviamente, feita
somente os do sexo masculino. Sabendo-se que as
mulheres estão salvas “por dar à luz filhos” (1
Timóteo 2,15), não haveria necessidade de batizá-las
visando-lhes a salvação por esse ritual; não é
mesmo? E como fica o pecado cometido por Eva, o
famoso pecado original?
61
sobre o assunto e ainda ficam presos às
interpretações dogmáticas, o que poderemos fazer?
… A esses apenas apresentamos esta passagem:
62
Constantinopla no ano de 1875, com data incerta e
autor desconhecido, procedência e importância
controvertidas. Vejamos, a transcrição:
63
batizados em nome do Senhor, pois sobre ela
disse o Senhor: “Não deis o que é santo aos
cachorros”. (38)
64
que tacitamente não a têm como verdadeira.
65
Sua conclusão, para nós, é um argumento
excelente, que fica difícil ser refutado.
66
batismo de criancinhas, para apagar o 'pecado
original', é o resultado da ação judaizante sofrida
pelos cristãos, pois nada mais é do que a
substituição do sinal da circuncisão ao oitavo dia
de nascido para o filho varão. O espiritismo
preconiza a inutilidade de qualquer culto, ritual,
sacramento, paramento, sinal, para as coisas
religiosas, visto que os verdadeiros adoradores de
Deus o adoram em espírito e verdade (João 4,23).
(40)
67
Referências Bibliográficas
68
versículo por versículo – Vol. 1. São Paulo: Hagnos,
2005a.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado
versículo por versículo – Vol. 3. São Paulo: Hagnos,
2005c.
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1987.
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de Janeiro: José Olympio, 1983.
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Fulgor, 1963.
LETERRE, A. Jesus e sua Doutrina: a Distinção Entre
Cristianismo e Catolicismo: um estudo que remonta há
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2001.
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RJ: Lachâtre, 1999.
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2001.
RODRÍGUEZ, P. Mentiras Fundamentais da Igreja Católica.
Lisboa, Portugal: Terramar, 2007.
69
SCHUTEL, C. O Batismo. Matão, SP: O Clarim, 1986.
VERMES, G. As Várias Faces de Jesus. Rio de Janeiro:
Record, 2006a.
VERMES, G. O Autêntico Evangelho de Jesus. Rio de
Janeiro: Record, 2006b.
Capa – Batismo, catacumbas, disponível em:
https://www.veritatis.com.br/wp-content/uploads/2020/
09/0-catacumbas1.png. Acesso em: 28 out. 2023.
70
Dados biográficos do autor
71
Evangelhos designam seus autores?; 10) Apocalipse:
autoria, advento e a identificação da besta; 11) Chico
Xavier e Francisco de Assis seriam o mesmo Espírito?; 12)
A mulher na Bíblia; 13) Todos nós somos médiuns?; 14)
Os seres do invisível e as provas ainda recusadas pelos
cientistas; 15) O Perispírito e as polêmicas a seu respeito;
16) Allan Kardec e a lógica da reencarnação; 17) O fim
dos tempos está próximo?; 18) Obsessão, processo de
cura de casos graves; 19) Umbral, há base doutrinária
para sustentá-lo?; 20) A aura e os chakras no Espiritismo;
21) Os Quatro Evangelhos, obra publicada por Roustaing,
seria a revelação da revelação?; 22) Espiritismo: Religião
sem dúvida; 23) Allan Kardec e suas reencarnações; 24)
Médiuns são somente os que sentem a influência dos
Espíritos?; 25) EQM: prova da sobrevivência da alma; 26)
A perturbação durante a vida intrauterina; 27) Os
animais: percepções, manifestações e evolução; e 28)
Reencarnação e as pesquisas científicas.
72
1
SCHUTEL, O Batismo, p. 15.
2
FARIA JÚNIOR e SILVA, Algumas Contradições Bíblicas,
p. 69.
3
MARTINS, Nas Fronteiras da Ciência, p. 30.
4
LETERRE, Jesus e sua Doutrina, p. 172-173.
5
KRAMER, Mesopotâmia, o Berço da Civilização, p. 169.
6
CHAMPLIN, O Novo Testamento interpretado versículo
por versículo. Vol. 1, p. 288.
7
CHAMPLIN e BENTES, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia, vol. 2, p. 522.
8
CHAMPLIN e BENTES, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia, vol. 2, p. 524,
9
VERMES, As Várias Faces de Jesus, p. 111-112.
10
CHAMPLIN, O Novo Testamento Interpretado Versículo
por Versículo, vol. 1, 1995a, p. 287-288.
11
CHAMPLIN e BENTES, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia, vol. 2, p. 801;
12
CHAMPLIN, O Novo Testamento Interpretado Versículo
por Versículo. Vol. 3, p. 67.
13
Nota da Transcrição: “As bíblias e os iniciadores
religiosos da humanidade”, por Leblois, pastor de
Strasburgo.
14
DENIS, Cristianismo e Espiritismo, p. 272.
15
ORÍGENES, Contra Celso, p. 154.
16
FLUSSER, O Judaísmo e as Origens do Cristianismo,
vol. II, p. 156.
17
FLUSSER, O Judaísmo e as Origens do Cristianismo,
vol. II, p. 170.
73
18
FLUSSER, O Judaísmo e as Origens do Cristianismo,
vol. II, p. 156, citando como fonte: Sh. Pinès, 'The
Jewish Christians of the Early Centuries of Christianity
According to a New Source', The Israel Academy of
Sciences and Humanities Proceedings, vol. II, nº 13,
Jerusalém, 1966, p. 25. (p. 170)
19
RODRÍGUEZ, Mentiras fundamentais da Igreja Católica,
p. 210.
20
VERMES, O Autêntico Evangelho de Jesus, p. 377-378.
21
Bíblia de Jerusalém, p. 1758.
22
Bíblia de Jerusalém, p. 1785.
23
Bíblia Anotada, p. 1265.
24
Bíblia Anotada, p. 1265.
25
Bíblia Sagrada Pastoral, p. 1307.
26
Bíblia Sagrada Pastoral, p. 1307.
27
Bíblia Sagrada – Vozes, p. 1213.
28
Bíblia Sagrada – Vozes, p. 1234.
29
Bíblia Sagrada – Santuário, p. 1517.
30
Bíblia do Peregrino, p. 2446.
31
Bíblia do Peregrino, p. 2446.
32
Bíblia Sagrada Ave-Maria, p. 1344.
33
Bíblia Shedd, p. 1419.
34
Bíblia Anotada, p. 1265.
35
CHAMPLIN, O Novo Testamento interpretado versículo
por versículo. Vol. 3, p. 25.
36
Mateus 18,5; 18,20; 24,5; Marcos 9,39; 9,41; 16,17;
João 14,13-14; 14,26; 15,26; 16,23-24.26.
37
PALHANO JR, Teologia Espírita, p. 403
38
BETTENSON, Documentos da Igreja Cristã, p. 101.
74
39
LENTSMAN, A Origem do Cristianismo, p. 114.
40
PALHANO JR, Aos Gálatas: a Carta da Redenção, p.
173.
75