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RIO DE JANEIRO
JUNHO/2008
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RIO DE JANEIRO
JUNHO/2008
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RIO DE JANEIRO
JUNHO/2008
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SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO.............................................................................................................4
2 - OBJETIVOS.................................................................................................................8
3 - JUSTIFICATIVA...........................................................................................................9
4 - HIPÓTESE.................................................................................................................12
5 - METODOLOGIA.........................................................................................................13
6 - REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................................14
7 - PLANO DE REDAÇÃO..............................................................................................17
8 - CRONOGRAMA.........................................................................................................18
9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS...........................................................................19
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1. INTRODUÇÃO
É fato que houve uma estranha e obscura relação entre a igreja cristã alemã
e o Estado nazista de Adolf Hitler, e isso não há como negar. Porém esta relação
quando é vista sem uma busca profunda dos fatos que a constitui nos parece passiva e
de total cumplicidade. Muitos de nós desconhecemos que dentro da própria igreja
houve resistência, mesmo que pequena, a esta aliança feita com o Partido Nacional
Socialista de Hitler, onde católicos e protestantes sofreram por serem contra as idéias
nazistas de purificação da raça ariana. O autoritarismo, o racismo e o assassinato de
judeus em massa eram as bandeiras na busca por uma raça pura alemã, porém,
infelizmente, a maior parte da igreja cristã ignorou o antagonismo e a incompatibilidade,
do evangelho de Cristo com as idéias de Hitler. Este antagonismo fica explicito em Mein
Kampf1 onde Hitler expõe elementos fundamentais da ideologia nacional-socialista,
como o “sangue” e sua “pureza”. Outro aspecto importante é o posicionamento político
anticomunista, e uma preocupação evidente com a expansão da ideologia marxista, tida
por Hitler como uma idéia tão judaica quanto o próprio capitalismo. Ele usou como tese
principal o “Perigo Judeu”, que fala sobre a conspiração dos judeus para liderar a
Alemanha.
O crescimento que o nazismo alcançou na Alemanha pós Primeira Guerra
Mundial está ligado ao crescimento do nacionalismo, o medo do comunismo e a
necessidade de uma solução para crise econômica mundial causada pela Crise de
1929, ou Grande Depressão. Este fenômeno foi determinado por uma crise de
superprodução e foi um dos maiores colapsos vividos pelo capitalismo e que persistiu
durante a década de 1930, trazendo uma grande desconfiança sobre o sistema
capitalista. Esta crise causou altas taxas de desemprego, bem como a queda do
produto interno bruto e da produção industrial, assim como uma grande desvalorização
no valor das ações no mercado financeiro, ou seja, esta crise afetou toda atividade
econômica em escala mundial.
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Mein Kampf [Minha Luta] é o título do livro no qual Adolf Hitler expressou suas idéias. Escrito na prisão
e editado inicialmente em 1924, tornou-se um guia ideológico e de ação para o nacional-socialismo.
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pela Igreja Católica; e o “cristianismo positivo” a que se referia o programa do partido
nazista tinha como objetivo sanar o problema das divisões confessionais entre católicos
e protestantes alemães, unindo a nação na luta contra os judeus, através de uma igreja
única, a Igreja Nacional do Reich.
O povo estava encantado com o sucesso de Hitler, e para eles o que
importava era que o Estado alemão estava forte novamente. Falavam do ressurgimento
político como se fosse um avivamento, um tempo de renovação e fortalecimento
espiritual. A Alemanha estava unida em torno do ódio contra os seus inimigos: o
humilhante Tratado de Versalhes; a elite liberal, que acreditava na democracia da
República de Weimar; os comunistas e principalmente os judeus, todos estes eram
vistos como ameaça à recuperação da Alemanha. Mesmo para quem se denominava
cristão, a Alemanha forte era ainda mais valorizada que o testemunho cristão. As
igrejas obtinham forças das melhorias econômicas e do otimismo simplista de um dia
melhor para Alemanha e não paravam para pensar em nome de quem os benefícios
eram concedidos. Para eles o que era bom para a Alemanha era bom para a igreja.
Neste período a Alemanha era formada por um terço de católicos e dois
terços de protestantes. Hitler sabia que a Igreja Católica tinha uma organização que se
espalhava por muitos países, então, inicialmente preferiu manter uma política de boa-
vizinhança com o Vaticano pelo maior tempo possível. Estabeleceu-se então, em 1933,
entre a igreja de Roma e o governo da Alemanha nazista uma concordata3 que
obscureceria por uma década as intenções da política do Vaticano. O então cardeal
secretário de estado e futuro Papa Pio XII, Eugênio Pacelli, por ordem do Papa Pio XI,
negociou todos os itens da concordata que fundamentava juridicamente as relações
entre a Igreja Católica e a Alemanha. A concordata excluía o clero das atividades
político-partidárias, porém desde a sua assinatura o tratado foi violado pelos nazistas,
ignorando assim o conceito de reciprocidade. Isso levanta a questão acerca dos
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Erwin Lutzer. A cruz de Hitler: como a cruz de Cristo foi usada para promover a ideologia nazista. 1ª ed.
São Paulo: Vida, 2003, p. 141-142.
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“Concordatas”, segundo a própria definição de Pacelli, “são acordos que possuem força de
obrigatoriedade no direito internacional e estabelecem vínculos entre os Estados, com o propósito de
equilibrar e esclarecer – de modo justo e de forma de tratados – os interesses religiosos e eclesiásticos,
de um lado, e os interesses do Estado, do outro, de modo a garantir completa reciprocidade.” (Peter
Godman. O Vaticano e Hitler: a condenação secreta. 1ª ed. São Paulo: Marins Fontes, 2007, p. 11-12)
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motivos para que se celebrasse um tratado com os nazistas, na qual Roma tinha todas
as razões para considerar traiçoeiro.
O fato é que grande parte da igreja cristã alemã, seja ela católica ou
protestante, apesar dos choques de idéias entre o nazismo e o cristianismo, se colocou
ao lado do nacional-socialismo e seguiu Hitler, não questionando seus métodos
autoritários e anti-semitas, nem por ocasião da chamada “solução final”, que ocasionou
o extermínio de milhões de judeus nos campos de concentração, sem contar ciganos,
homossexuais e todos aqueles que se opuseram ao seu projeto expansionista.
Protestantes e católicos trocaram a cruz de Cristo pela suástica se unindo a Hitler em
sua “religião política” 4. Essa relação entre a igreja e seus interesses, o nazismo e suas
idéias e o desenrolar de 12 anos de governo de Hitler que queremos abordar nesta
pesquisa, mostrando as conseqüências para própria igreja que apoiou esta relação e
para aqueles que foram contra, desafiando o governo do Führer.
4
Peter Godman. O Vaticano e Hitler: a condenação secreta. 1ª ed. São Paulo: Marins Fontes, 2007, p.
17.
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2. OBJETIVOS
Analisar a relação existente entre a igreja cristã alemã, tanto do lado católico
quanto do lado protestante, com o governo nazista de Adolf Hitler durante os doze anos
de duração do Terceiro Reich.
2.2.1 Explicar os motivos pelo qual a igreja de Roma assinou uma concordata de
reciprocidade com o governo nazista, apontando as conseqüências desta concordata
para o Vaticano.
2.2.2 Analisar assinatura de acordo semelhante ao feito com os nazistas, anos antes,
com Mussolini na Itália e sua influência dentro da igreja para ratificação da concordata
de 1933.
2.2.3 Analisar os papéis dos papas Pio XI e Pio XII, como líderes da igreja de Roma,
nesta relação com o governo nazista de Hitler.
2.2.4 Identificar os motivos pelo qual a maior parte da igreja cristã alemã seguiu as
idéias nazistas de Hitler e o aceitou como “redentor” da nação durante os 12 anos de
poder, de 1933 a 1945.
2.2.5 Descrever este apoio, analisando tanto a igreja católica quanto a igreja
protestante, traçando um paralelo entre as duas correntes do cristianismo na Alemanha.
3. JUSTIFICATIVA
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Jonh Cornwell. O papa de Hitler: a história secreta de Pio XII. 2 ed. Rio de Janeiro: Imago, 2000.
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Hitler, não pela ótica de um homem, no caso Eugênio Pacelli o papa Pio XII, como fez
Cornwell, mas sim pelas opiniões dos líderes eclesiásticos que estavam divididas desde
o início. Do lado protestante, que tinha como fortes opositores ao regime nazista
Dietrich Bonhoeffer, Martin Niemöller e Karl Barth, lideres da Liga Pastoral de
Emergência e fundadores da chamada “Igreja Confessante”6, grupo oposto ao
Movimento Cristão Alemão que era associado à Igreja Nacional do Reich e seu
“Cristianismo Positivo”. No lado do Vaticano também havia divergências de opiniões
sobre o nazismo alemão. Alguns dos seus membros viam Hitler como inimigo mortal do
cristianismo, enquanto outros o viam como um católico conservador e um homem cuja
palavra era confiável. Ora a Santa Sé condenava os erros morais e doutrinais do
nacional-socialismo ora apoiava Hitler na sua luta contra o bolchevismo.
Não há como negar que o cristianismo, em seus vários segmentos, por ser a
religião com o maior número de seguidores no mundo é uma formadora de opinião e
um agente que tem um papel social no processo de construção desta sociedade ainda
nos dias de hoje. Assuntos como: fascismo, racismo, anti-semitismo, nacionalismo,
governos totalitários, religião e etc., são temas atuais no nosso tempo em todo mundo.
Daí a relevância em se estudar tal tema justifica-se, tanto no meio acadêmico quanto
para sociedade, aja vista que são poucos os estudos que abordem este assunto.
O racismo, que é um dos pilares do nazismo, é uma realidade em nossa
sociedade e enganam-se os que pensam que este problema estaria superado. O
nazismo, como fenômeno histórico, continua vivo com uma nova roupagem, porém com
suas velhas idéias e atitudes, denominado hoje como: neonazismo. Podemos ver a
influência neonazista em várias áreas da nossa sociedade como: na música, na política,
nas artes e etc.. Os seguidores do neonazismo são na sua maioria jovens entre 16 e 25
anos de idade e que geralmente tem o seu primeiro contato com a ideologia neonazista
via internet, por onde também são recrutados para promoverem atos preconceituosos e
até violentos contra grupos específicos como: homossexuais, negros, índios, judeus e
comunistas. Eles minimizam ou negam o Holocausto, dizendo que o genocídio
6
Sob a liderança de Bonhoeffer e Niemöller, a Liga Pastoral de Emergência formou o núcleo do que seria
chamado de Igreja Confessante. Bonhoeffer pregara que a igreja deveria assumir sua posição e dissera:
Confesse! Confesse! Confesse! (Erwin Lutzer. A cruz de Hitler: como a cruz de Cristo foi usada para
promover a ideologia nazista. 1ª ed. São Paulo: Vida, 2003, p. 167-168)
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Martin_Niem%C3%B6ller
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4. HIPÓTESE
A maior parte da igreja cristã alemã, seja ela católica ou protestante, era
movida nesta relação igreja e nazismo por acreditar que as idéias do nacional-
socialismo levariam à nação a redenção. Já o Vaticano, onde a cúpula da Igreja
Católica Apostólica Romana reside, acreditava que a assinatura da concordata com o
Partido Nazista da Alemanha obteria o mesmo resultado de sucesso que o acordo
assinado com o governo de Mussolini na Itália. Além disso, contou positivamente para
Hitler, o fato de serem junto ao Papa Pio XI, os únicos personagens no cenário
internacional a fazer frente ao “perigo mundial do bolchevismo”, o que lhe rendeu
elogios em 1933, ano da assinatura da concordata.
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5. METODOLOGIA
6. REFERENCIAL TEÓRICO
8
HISTÓRIA VIVA. Versalhes: o tratado de paz que curvou a Alemanha e abriu espaço para o nazismo.
São Paulo, SP, ano 3, nº. 33, p. 36-37, Julho de 2006.
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como o boicote organizado pelos nazistas às lojas dos judeus na Alemanha e que
contou com o apoio de boa parte da população, inclusive de cristãos que foram atraídos
pela intensa propaganda nazista convocando para o boicote de 1º de abril de 1933.
Outro fato que marcou o início das perseguições aos judeus na Alemanha foi a
chamada “Noite de Cristal”, que foi uma onda de violência anti-semita, que nas
primeiras horas de 10 de novembro de 1938, levou a destruição de mais de mil
sinagogas, o saque de dezenas de milhares de lojas e lares judaicos e a prisão de 30
mil judeus, levados para campos de concentração. Segundo Martin Gilbert (2006), Hitler
seguiu o conselho do pai do protestantismo que disse:
Quase quatrocentos anos antes, em 1543, Martinho Lutero, em sua carta pastoral Dos judeus e
suas mentiras, recomendava que as sinagogas dos judeus “deveriam ser incendiadas e tudo
aquilo que não queimasse deveria ser coberto ou manchado com areia, de modo que ninguém
pudesse ver uma cinza ou uma pedra do que restou. E isto deveria ser feio em honra de Deus...”.
(p. 12-13)
que “A partir de março de 1933, [...] passara a adotar uma visão mais positiva de Hitler.
A razão disso era o comunismo, que aos olhos do Vaticano, tratava-se da pior das
ameaças” (GODMAN, 2007, p.14).
É certo que a oposição a este regime, mesmo que pequena, veio tanto da
igreja católica alemã, quanto da igreja protestante, onde a atuação da “Igreja
Confessante e dos companheiros da conspiração” (BONHEIFFER, 2003, p.11) contra
Hitler e seu “cristianismo positivo” pregado na Igreja Nacional do Reich tiveram papel
importante na divulgação da real situação dos judeus e outras minorias étnicas na
Alemanha para o resto do mundo.
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7. PLANO DE REDAÇÃO
Capítulo III – Os Papas Pio XI e Pio XII e seus papéis: traçar o perfil dos Papas Pio
XI e Pio XII, buscando definir o papel que cada um deles exerceu nesta relação entre
igreja e Estado nazista alemão.
8. CRONOGRAMA
MÊS/ETAPAS Fev/08 Mar/08 Abr/08 Mai/08 Jun/08 Jul/08 Ago/08 Set/08 Out/08 Nov/08 Dez/08
Escolha do
Tema X
Levantamento
bibliográfico X X
Elaboração do
Projeto X X
Apresentação do
projeto X
Coleta dos
Dados X X X X X
Análise dos
Dados X X X
Organização do
roteiro/partes X
Redação do
Trabalho X X
Revisão e
redação final X
Entrega da
monografia X
Defesa da
monografia X
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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORNWELL, John. O papa de Hitler: a história secreta de Pio XII. 2 ed. Rio de
Janeiro: Imago, 2000.
HISTÓRIA VIVA. Versalhes: o tratado de paz que curvou a Alemanha e abriu espaço
para o nazismo. São Paulo, SP, ano 3, nº. 33, p. 28-51, Julho de 2006.
LUTZER, Erwin. A cruz de Hitler: como a cruz de Cristo foi usada para promover a
ideologia nazista. 1ª ed. São Paulo: Vida, 2003.