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Humanidades II

Profª. Noemi Cardozo de Oliveira Silva


2009/01

ÉTICA E FELICIDADE

Atividade: Elabore um esquema do texto abaixo para exposição – grupo 03pessoas

Após a leitura do livro Ética à Nicômaco, , a análise do texto aludido, nos leva à conclusão de
que, em sua ética, Aristóteles preocupa-se, acima de tudo, com o bem humano. Esse bem é
determinado por dois fatores:

1. fator bastante constante, a natureza humana , que se constitui de uma série de elementos
corporais ligados a uma forma dinâmica por ele chamada de alma (psyché, donde se origina
o adjetivo psíquico).

2. segundo fator variável, o conjunto de circunstâncias concretas, chamadas pelos gregos de


ocasião.

O homem que consegue organizar as possibilidades de sua própria natureza


(sem rebaixá-las nem sobrestimá-las) e ainda leva em conta as circunstâncias que o rodeiam,
utilizando-as como apoio e não como obstáculo à sua ação, alcança o bem que deseja, isto é,
consegue levar uma boa vida.
Essa boa vida, que todo ser humano almeja, é o que chamamos de felicidade
(eudaimônia), que se refere a uma certa forma de viver - não se trata de um estado mas sim de uma
atividade do homem; tal atividade deve seguir certas normas coerentes com a natureza humana -
no entanto, como a natureza humana é complexa e muitas vezes apresenta tendências opostas, é
preciso submetê-la a certas regras ou critérios racionais que a equilibrem - conseguir esse
equilíbrio é o que Aristóteles chama de possuir a virtude, componente essencial da felicidade.
A virtude impede que tendências opostas entrem em choque trazendo efeitos
destrutivos para o ser humano. Aristóteles distingue dois tipos de virtude:

1. virtudes intelectuais ou virtudes da mente.


2. virtudes morais, que consistem no controle das paixões, movimentos espontâneos do
caráter humano.

A virtude não é, diversamente da felicidade, uma atividade, senão que um hábito, ou


maneira habitual de ser; como tal, não pode ser adquirida da noite para o dia, porque depende de
muito exercício - repetindo certos atos o homem acaba por transformá-los numa segunda natureza,
isto é, numa disposição (e não atividade) para no futuro agir sempre da mesma forma. O processo é
sempre o mesmo, sejam os atos bons ou maus : no primeiro caso temos a virtude e, no segundo, o
vício.
Quando se adquire uma virtude, age-se de acordo com ela sem esforço e com prazer,
porque se age de acordo com a própria natureza; o vício, ao contrário, acaba por trazer desprazer
uma vez que se coloca contra a natureza. A atividade daquele que age de acordo com os bons
hábitos que adquiriu durante a maior parte de sua vida é o que chamamos de felicidade.
A felicidade mais perfeita é a que se baseia no exercício da virtude igualmente mais
perfeita, da virtude de maior excelência, a sabedoria, que é a contemplação das verdades
fundamentais da ciência e da filosofia. Também a felicidade mais auto-suficiente, porque não
precisa de bens materiais para se efetivar.
Vimos, portanto, que o objeto da ética aristotélica é o estudo da felicidade como
supremo fim ou bem do ser humano. Mas, como a condição fundamental para a realização da
felicidade é a virtude, e esta só pode ser adquirida mediante exercício e esforço, o homem tem que
desenvolver mecanismos de ação que garantam a sua aquisição. Tais mecanismos são a educação e
as leis.
A educação deverá desenvolver no homem os hábitos virtuosos; as leis organizarão e
protegerão o exercício da virtude pelos membros da sociedade. Podemos concluir, afirmando que a
ética tem o seu prolongamento no que se constitui no ápice da filosofia prática: a política.
Aristóteles, Ética Nicomaqueia, (Santillana, S.A., Madrid, 1997).

ARISTÓTELES E A JUSTIÇA

Na apreciação da doutrina moral de Aristóteles, deve-se dedicar especial atenção aos


estudos específicos do filósofo, referentes à Justiça e ao que os gregos chamavam de Amizade,
que, hoje em dia, denominamos sociabilidade, em seu sentido mais amplo. Os dois temas estão
incluídos na ética a Nicômaco

De acordo com Aristóteles, todos estão em perfeito acordo em chamar justiça à


disposição que nos faz capazes de realizar atos justos, que nos faz efetivamente realizá-los e
que nos faz desejar realizá-los. O mesmo deve ser dito da injustiça, que nos faz cometer e querer
atos injustos. Sirva-nos esta definição como definição geral.

O justo nos faz viver conforme as leis e a equidade; o injusto nos leva à ilegalidade e
à desigualdade. Também, designamos com uma única palavra, justo, tudo aquilo que é capaz de
criar ou salvaguardar, em sua totalidade ou em parte, a felicidade da comunidade política.

A lei prescreve, inclusive, a cada um, portar-se como homem valente e forte; manda,
por exemplo, não abandonar o posto em combate; manda não fugir nem abandonar as armas;
prescreve a sobriedade; manda, por exemplo, que não se cometa adultério nem se ultraje a
ninguém; prescreve a sociabilidade: manda, por exemplo, não agredir nem falar mal de ninguém.
O mesmo faz, referindo-se às outras virtudes e vícios; virtudes que manda praticar e vícios aos
quais propõe entregar-se. Tudo isso de uma maneira conveniente, se a lei foi convenientemente
elaborada; de forma deficiente, se a lei foi improvisada.

A Justiça, assim entendida, é uma virtude completa, não em si, mas em relação a
outra. Por esta razão, a Justiça parece ser a mais importante das virtudes e mais admirável que a
estrela da tarde e a da manhã. E, por essa mesma razão, empregamos comumente esse provérbio:
na Justiça está contida toda outra virtude.

Aristóteles distingue três tipos de Justiça:

1) Justiça distributiva, que leva em consideração a desigualdade de méritos. Assim se exprime


o filósofo : No que se refere à Justiça parcial e ao direito que dela deriva, ela tem um primeiro
aspecto distributivo, que consiste na distribuição das honras, riquezas e todas as demais vantagens
que possam corresponder a todos os membros da sociedade.
Se as pessoas não são iguais, não terão igualdade na maneira como são tratadas.
Daqui vêm as disputas e contendas, quando as pessoas, em pé de igualdade, não obtêm partes
iguais, ou quando, em pé de desigualdade, obtêm um tratamento igual.
A coisa fica clara, se se tem em conta o mérito das partes. No que se refere às
partilhas, todo mundo admite que se deve fazer de acordo com os méritos de cada um; sem dúvida,
não se está ordinariamente de acordo sobre a natureza desse mérito: os democratas o põem na
liberdade; os oligarcas, na riqueza ou na estirpe, e os aristocratas, na virtude

2) Justiça reparativa, ou de emenda, que, ao contrário, restabelece o direito igual das pessoas.
Como nos ensina Aristóteles, a lei não tem presente a natureza da infração, sem levar
em conta as pessoas que ela põe em pé de igualdade. Pouco importa que seja este ou aquele
que comete a injustiça ou a sofre, que seja este ou aquele que comete o dano ou o recebe. Por
conseguinte, essa injustiça, que descansa na desigualdade, é a que se esforçar o juiz por corrigir.
De fato, quando uma pessoa recebe pancadas e outro as dá, quando um indivíduo
causa uma morte e outro morre, o dano e o delito não têm entre eles nenhuma relação de
igualdade; o juiz tenta remediar essa desigualdade por meio da pena que inflige, reduzindo, através
dela, a vantagem obtida.
Se emprega comumente essas palavras num sentido geral nos casos dessa natureza,
embora a expressão não parece convir a alguns deles; por exemplo, se diz do proveito do que bate
em outro e do prejuízo do que é golpeado.
Mas, quando o juiz avalia o mau trato, o primeiro vem a ser o que perde e o segundo
o que ganha.
De maneira que o igual vem a ser o exato meio termo entre o mais e o menos. ... Em
conseqüência, a Justiça corretiva ou reparativa será o termo médio entre a ganância de um e a
perda de outro.
Por isso, quando ocorre entre os homens alguma diferença, eles recorrem ao juiz, que
é, por assim dizer, a Justiça encarnada. Finalmente, a injustiça cometida deve ser voluntária, deve
proceder de uma eleição deliberada e deve ser anterior a toda ofensa; de fato, não se comete
injustiça quando se foi vítima e se devolve mal por mal.

3) Justiça comutativa, que parece dizer respeito à troca de serviços, tendo, portanto, um caráter
econômico.
Muito do que Aristóteles aborda no campo da Justiça deriva das condições sociais e
econômicas da sua época. No entanto, interessa à teoria geral da Justiça sua afirmação de que a
injustiça se situa nos dois extremos entre os quais está a Justiça.
O extremo, isto é, o injusto exigindo mais vantagens e menos encargos dos que os
que lhe são devidos é, a um tempo, um excesso e um defeito, ou no mesmo sujeito ou em dois
sujeitos diferentes, conforme se considere o autor ou a vítima da injustiça.
A moral de Aristóteles foi incapaz de alçar-se acima dos preconceitos de seu meio -
dedica-se a explicar em que casos o próprio direito natural perde autoridade diante do direito de
família. Uma vez que, diz ele, ninguém pratica injustiça contra si próprio e o escravo e a criança
são partes daqueles de quem dependem (o dono ou o pai), nenhum dos dois possui direito - se não
têm direito, não pode haver injustiça para com eles! O direito familiar atribui à mulher um
estatuto político superior. Como vemos, o filósofo adapta suas idéias aos costumes vigentes, sem
procurar alterá-los.
Aristóteles, em sua ética, refere-se à amizade , afirmando que o Homem, mesmo
aquele que alcançou os mais altos níveis de intelectualidade, continua sendo o vivente sociável e
nascido para a vida em comum.
Seria, assim, estranho pretender que, mesmo aqueles que exercem a atividade
mais elevada e agradável - a contemplação -, pudessem viver solitários e encerrados em si
mesmos. Preciso que haja colaboração, homens entregues ao mesmo esforço intelectual,
sustentando-se, mutuamente, em seu esforço.
Tal amizade ou sociabilidade, orientada para o que é realmente mais útil, propícia
abr>especulação desinteressada.
Aristóteles expressa uma decidida preferência pela lei não escrita sobre a lei escrita,
talvez porque deseje evitar o erro (do qual a democracia ateniense era frequentemente acusada) de
transformar a lei em instrumento puramente pragmático da vontade do povo; para Aristóteles como
para Platão ela deve ser mais do que isso: deve incorporar princípios imutáveis de conduta correta
que têm de estar idealmente no controle de toda atividade legislativa.
Procurar a Justiça é procurar uma autoridade neutra; e a lei é uma autoridade neutra.
Mas as leis que repousam no costume não escrito são ainda mais soberanas e dizem respeito a
assuntos de importância ainda mais soberana do que as leis escritas; e isso sugere que, mesmo que
o governo de um homem seja mais seguro do que o império da lei escrita, pode não ser mais
seguro do que o
império da lei não escrita.

Referências Bibliográficas:

Aristóteles, Obras, Aguillar S/A, de Ediciones, Madrid, 1.967. Morrall, J. B., Aristóteles, Ed.. Universidade de
Brasília, 1.985. Robin, Leon, A Moral Antiga, Ed. Despertar, Porto, 1.970.

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