Professional Documents
Culture Documents
Musical
2
Utilizamos o termo consciência para nos referir a alguém que sabe que sabe.
46
Cogniçao como enacçao
3
Nos referimos às teorias do conhecimento que se utilizam da noção de representação mental
como fundamento para as explicações acerca dos fenômenos relacionados à cognição.
47
A. Gonçalvez de Oliveira, P. Mertzig y S. Laurelee Schulz
48
Cogniçao como enacçao
6
van Gelder 1995; Beer, 2000; Bateson, 1972; Gibson, 1966, Maturana e Varela, 1994, Haselager,
1999...
49
A. Gonçalvez de Oliveira, P. Mertzig y S. Laurelee Schulz
50
Cogniçao como enacçao
7
Estamos nos referindo à forma de representação simbólica e não ao conteúdo representacional.
8
Estamos tratando de semelhanças pontuais entre Gibson, Maturana e Varela embora saibamos
das divergências também pontuais entre eles.
9
Nos referimos a teoria da auto-organização de acordo com Ashbi 1962, Maturana e Varela, 1980 e
Debrum 1996 a e1996 b.
51
A. Gonçalvez de Oliveira, P. Mertzig y S. Laurelee Schulz
execução musical são ações causadas pela mente de um sujeito, que precisa ser
descrito como um sujeito cartesiano, separado do mundo, do próprio corpo, como
uma espécie de homúnculo10. Se nos orientamos pela noção gibsoniana de auto-
ajuste, a partir do acoplamento entre percebedor e meio, não há espaço para que
o sujeito, como responsável absoluto por suas ações, se configure. O controle e
as escolhas musculares e motoras são de responsabilidade do fluxo continuo
entre percepção e ação, e do acoplamento mutualístico entre percebedor e meio.
Não há ação de uma mente, existente independente do processo, que receba as
entradas perceptivas, as processe e tenha como output, as escolhas de
coordenações musculares para a realização musical. Para Varela et al (1991)
também não existe um mundo pronto independente de uma mente que o perceba.
A auto-organização é ação do sistema corpo-mundo ajustando a si próprio, não
há um controlador externo ao sistema.
Uma vez que cognição é definida por Varela et al (1991) como atuação:
uma história de acoplamento estrutural que produz um mundo, e que funciona por
meio de uma rede consistindo de níveis múltiplos de sub-redes sensório-motoras
interconectadas, a cognição musical pode ser descrita como uma história de
condutas motoras orientadas pela audição. É importante notar que aquilo que
entendemos aqui como conhecimento musical envolve em primeiro lugar a
experiência musical e a reflexão como conseqüência dessa experiência. Nesse
sentido a música será relatada como parte do mundo produzido por essa história
de acoplamentos entre um corpo que age orientado pela história de escutas dos
resultados de suas ações e um mundo que é o resultado dessas ações e fonte
para suas novas orientações.
Esperamos que fique claro o papel do conhecimento sobre música na
constituição daquilo que denominamos cognição musical. Ele orienta a ação em
tempo real e a história de suas orientações constitui-se no desenvolvimento de
hábitos de execução musical e de auto-ajuste nessa execução. Assim, tal
conhecimento sobre música é também fundamento da orientação da experiência.
Quanto àquilo que denominamos por conhecimento musical, ou experiencial,
entendemos, como M.-Ponty, Gibson e Maturana, que constitui-se em objeto
primeiro de todo o conhecimento sobre música.
10
Especialmente os sentidos referidos nas obras de Gregory (1987): The Oxford Companion to
Mind. Oxford University Press; e Ryle (1949): The Concept of Mind. The University of Chicago
Press.
52
Cogniçao como enacçao
11
ver citação do prefácio da “Fenomenologia da percepção” de M.-Ponty na primeira seção.
12
Estamos nos referindo á dois níveis de análises distintos, um “local” próprio de cada um dos
elementos do sistema; e outro “global”, próprio dos aspectos resultantes do funcionamento do
sistema através da inter-relação de seus componentes elementares.
53
A. Gonçalvez de Oliveira, P. Mertzig y S. Laurelee Schulz
Referências bibliográficas
Atlan, H. (1992). Entre o cristal e a fumaça. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Bateson, G.(1972). Steps in ecology of mind. Nueva York, Ballantine.
Debrun, M (1996). A idéia de auto-organização. In: Debrun; Gonzales e
Pessoa JR. (Org.) Auto-organização: Estudos interdisciplinares.
Campinas: Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência.
Gainza, V. (1977). Fundamentos, materiales y técnicas de la educacion
musical. Buenos Aires: Ricordi.
Gibson, J. J. (1966). The Senses Considered as Perceptual Systems. Boston,
Houghton Mifflin Company.
Gibson, J. J. (1979/1986). Ecological Approach to Visual Perception.:
Lawrence Erlbaum Associates Publishers, Hillsdate.
Gonzalez, M. E. Q. (1989). A cognitive approach to visual perception.
Londres, 182 f. Tese (Doutorado em Filosofia. University of Essex).
Kaplan, José Alberto. (1977). O ensino do piano. Ponderações sobre a
necessidade de umenfoque científico. João Pessoa: ed. Universitária.
Maturana, R. H. (1997). A ontologia da realidade. Belo Horizonte: Editora da
UFMG.
M.-Ponty (1945/1996). Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins
Fontes.
M.-Ponty (1995/2000). A natureza. São Paulo: Martins Fontes.
M.- Ponty (1988). M.-Ponty na Sorbone – Resumo dos cursos de
psicossociologia e filosofia. Campinas: Papirus Editora.
Oliveira, A. L. G. e Oliveira, L. F. (2003). Toward an ecologic aesthetics:
music as emergence. Trabalho apresentado por ocasião do IX
Congresso da Sociedade Brasileira de Computação Musical.
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Brasil.
Serafine, M. L. (1988). Music As Cognition: The Development of Thought in
Sound. New York: Columbia University Press.
Varela, F; Thompson e Rosh (1991/2003). A mente incorporada – ciência
cognitiva e experiência humana. Porto Alegre: Artmed.
54