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‘Aprimeita pate do tsjeto nos evar. a percorer 108 anos da histria do pats dee a independéaci, em 1822, até 0 final ‘de PimeiraRepibica, em 1930. Pugin da divs costumeira 4s stra politica do pats, englobo em um mesmo periodo 0 Impétio (1822-1889) e« Prineira Reptblia (1889-1930), Do [ponte de vista do progresen de cidadana, a nica lterasio ‘importante que houve nes perf fia aboigso da escravi- «fo, em 1888. A aboligfoincorporou os ex-exetavos avs dire- ‘we civis, Mesmo asim, aincarparasio fi mss formal do que rel, A passager de um regime politico para outro em 1889 ‘wouxe pouca mudanga. Mais importante, pelo menos do pon- to de vst paltic, fo movimento que pds fin 8 Primera Replica, em 1930, Antes de nice 0 percuso,noentanto,é precisa fazer pica cxcurso fae colin. Algumas cae riscas da colosizasio portguesn no Brasil deixaram marces. doradousas,rlevanes pare problema que nos interesse ‘oFEso 00 issano (500-2822) ‘ho prodamar saindependncia de Poregal em 1822, 0 Bra hherdon ume tradigio civics pouco encorjadoea. Em tts st- alos de colonizagto (1500-1822), or portuguese tnham ‘onstrufdo um enorme pais dad de unidade territorial, lin stistica,cltural eeligions, Ma tnham também deixado uma populsgie aralfabera, ume cociedadeescravocrate, uma eco omia monocultoraelafundisia, um Estado absolaista. A época daindependénca, nao haviacidadiesbrasileiros, nem. tia brasileira, ‘A histéria da colonizago € conhecida. Lembro spenat lgnns pontos qu jug pertnentes para a dieussf. O pri- reiro dele ema ver com ofato de que ofururo pals nasceu da conquista de povos seinSmades, na dade da pedra poli- «, por eatopeu detentores de tenoloyia muito mais avan- ada. O efitoimedisto da conquisa foi a dominacdo e 0 ‘exterminio, pela guerra, pela esravizacioe pela doenga, de niles de indig-nas. © segundo tem aver como fato de que ‘ conqis teve conotsgio comercial. A eolonizagéo foi um. ‘empreendimento do govern colonial alado a partculres ‘A atividede que melhor se presow finaldade lacetiva foi a prodagéo de agtesr, mercadora com crescente mercado na Europe. Este produsio tinha duascaracerstissimportan- tes: exigia grandes capitis e muita mo-de-obra. A primeira foi responsive pela grande desgualdade que logo se estabe Teoeu etre os senres de enyenoe os outros habitants; a segunda, pela esravizago dos aicanos. Outros produtos tropicals, como o tabaco juntaram-se depois a0 agtea. Con- tolidouse, por ese modo, um ago que marcou durant sé clos 4 economia e a sociedade brasileires: 0 latifindio ‘monocultor exportador de base escravsta. Formaram-s, 20 longo da cast, nels populeconais baseados nese tipo de stividade qu consituram os priaipss plos de desenvolvi- mento dacolniae Ihe deramn viablidade econdmice até ial do sfeulo XVI, quando a exploragio do ouro passou a ter Importiaca, ‘Armineragio,sobretudo de alavito,requeria menor volu- me de capital de mfo-de-obra Alm dss, era atividade de ‘ature voli, cheiade incerters. As fortinas padiam surgi. ce desaparecer rpidamente. © ambiente urbano que logo & ‘exrcou também contribuia para afrouxar os controlessciis, inclusive sobre apopulago escara. Tudo sto conta para ‘maior mobilidade social do que a exstente nos latifendios. Por outro lado, a exploragio do ouro¢ do diamante sofrea ‘com maior forgaa presenga da msquinarepessvae ical do sistema colonial. As doaseoisss, maior mobilidade e maior controle, tomaram a regio mineradora mais propia arebe- Tio polttica. Ours ativdade econdmica importante desde © inicio da colonizagio foi acragio de gado. O gado desenvol- ‘ye-se no interior do pats como sividede sbsidriada grande propriedade agricola. A pecuéria era menos concentrada do ‘que 0 ltifndio, wsava menos mo-de-obra eseravae nha sobrea mineragio avantagem de fir ao controle das autori= dade coloniss. Mas, do lado negativo, gerava grande isole- ‘mento da populagio em relaggo 20 mundo da sdministragdo «da politica. O poder privado exerci o dominio inconteste. 0 fator mais negativo para a cidadania fi a esravidio. Osescravs comecaram aser importados na segunda metade do século XVI.A importagio coninioinnterrupta até 1850, 28 anos apés a independéncia.Caleul-se que até 1822 te ‘han sido introdusidos na cola cerca de 3 milhies deer ‘exavos. Napoca da independéncia, nama populasio de cer cade 5 milhses,nctuindo uns 800 mil indios,havia mais de 1 milhio de eserves. Emboraconcenras nas eas de gen- de agriculturaexportadorae de minerago, havi escavosem {odas as atividades, inclusive urbanas. Nas cidades els exer dam varias tarefas dentro das cass ena rua. Nas €25s, a8 escravasfariam 0 servco doméstico, amamentavam os fhos as sinks, stnfziam a conenpiscEaca dos seahores. Os fi Thos dos escravosfariam pequenos trabalhos e serviam de ‘montaia nos brinquedos dos sinhozinhos. Na ua, rabalha- vam para os serres oa eram por eles alugades. Em muitos ‘casos, etm ania fonte de renda de iva. Tabalbavam de carregadores, vendedores,artesios, barbeiros, prositutas. ‘Alguns eram algados para mendigar. Toda pesioa com algun recurso possua Um ou mais eseavos. O Estado, fncion’= ios pblicos as ordensreligiosas, os padres, todos eam pro- prietisios de esravos, Era tio grande a forga da escrav ‘que 08 priprios libertos, uma ver lives, adguiiam esravos ‘Acsravidio penetravacm todas a lases, em todos os nga +e em todos 8 desvios da sociedad: a Sociedade colonial xs esravsta de alto a baixo. ‘A escravizagio de nds foi praticada no intcio do prior do colonial, mas foi pribidapeasleiseteve a posi dec dda dos jesufts. Os inosbrasileieos foram rapidamente dizimados. Calenls-se que havia na époce da descoberta cer ‘a de 4 miles de adios. Em 1823 restava menos de 1 mi- Io, Os que esenparam ou se miscigenaram ou foram empur- rados para oiterioe do pais, A miscigenagio se deveu 8 n= turers da colonizasio portuguesa: comercial © masculina Portugal, & época da conguista, tina cerca de 1 milli de ‘abitantes, insficienes para colonizar 0 vast império que ‘conquistars sobretdo as partes menos habitadas, como © Brasil. Nao havia mulheres para acompanhar os homens. ‘Miscigenar era uma necesidade individual e politica A mis- ‘dgenago se dev em parte por acitasio das mulheresindige- nas, em pare plo simples canas, 0 estupeo era a ee Eseravidio e grande propredade nfo consitulam ambien- te favordvel formazio de fururoscidadis. Os escravos no exam cidadios, no Snham os direitos cvs basicos 3 intege- dade fisica (podiar ser espancados), iberdade e, em easos cextremos, & prépria vida, if que all os considerava propre dade do cenhor, equiparendo-os a animals, Ene eecravor€ senhores, exisia uma populago legalment ive, masa que {altavam quase todas ss condgbes pars oexerefco dos dire Ela dependia dos grandes proprictirios para moray, tabalhar e defender-se contra 0 arhittio do governo e de outrs proprieirios. Os que fogiam para o interior do pas viviam isclados de toda convivencia to, Noise das exraves afri- soda, ransformandose, eventualmente, eles préprios em andes proprietcos [Nao se pode dizer que ossenhores ossem cidados. Era, sem divide, livres, votavam e era vorados ns eleigbes ma nicipas, Eram os “homens bons" do perfodo colonial. Fak ‘yelhes, no entato, 0 préprio sentido da cidadana, a nosio daigualdade de todos perante ali. Eram simples potentados ‘que absorviam parte das ngbes do Estado, sobretudo a fine es jdicdrias. Em suas mos, justice, que, como vimos,€ principal gaanca ds dicits dvi, tomavesse simples ins ‘mumento do poder pessoal. © poder do governo terminava 1a porteita das grandes fazendas. ‘Ajustiga do retina aleancelimitado, ou porque mio ane 0s locas mais afstados das cidade, 08 porque sotia a ‘oposigh da justia privada dos grandes proprietéios, ou porque nfo tine antonomia peante ss anroridades execut- ‘as, inamente, por esta sujita 3 corrupgio dos magis: trados, Matas causa Gnbam que ser decides em Lisboa, ‘onstnindo teapo e recursos fra do aleance da maioria da opto. O cad comum aurecrria’proteio dos grat des proprietirios, ov fcava& mere do arbitro dos mais for- ‘es. Mulhereseesravosexavam sob a jurisdicioprivada dos seanores d aham acess jastiga par se defenderem. Aos ‘escravos 86 restava o recurso da fuge © da formacio de ‘gllombos. Recurso pretria porque os quilombos ram si fematicamente combatidoreexterminados por topas do go verna ou de partculzescontatadas pelo governo. Freqlentement, em verde confit entre as autoridades «op grandes proprietvis, hvia entre eles coaluio, depen ‘déncia mitua, A autoridade mixima nas localidades, por ‘evemplo, eram os captieomoces dos mics. Eases cities ‘mores eam de invesidura real, mas sua escolha ea sempre feita entre os representantes de grande propriedede. Havia, «entio,confusio, que era ignalente conivénca, entre 0 po- der do Bsado 0 poder privado dos proprietrios. Osi ‘posts era também freqlentementeartecadades por meio ‘de cntrato com pariulares. Outras fngées plies, como regis denascimento, carmentas bits eram exeridas pele cero catslio. A consaghénca de cud isso era que no txistia de verdade um poder que pudesse ser chamado de alia, ita & que padesse se garantiadaigualdade de rodos perante asi, que padesie ser a garania do dzetos cvs. (Ontto aspeto de administagto colonial porcguesa que Aificltarao desenvolvimento de uma consciénia de direitos rao descsn pele educaso priméra, De ino, elaesavamas nfs dos jens. Apésaexpulso dese eligiososem 1759, ‘ogoverno delase encaregou, mes de maneira completamen- telnadequada, Noha duos sobre alfabetizacio ao final do pesfodo colonial. Mas se verfcarmos que em 187: seulo apés a independéacis, apenas 16% da pe slfabetizada, poderemos er uma ddia da ituapio Aquela 6p ca E claro que nio se podeis esperar doe senhores qualquer Iniciaiva a favor de educagio de seus escravos ou de seus Aependentes. No erado interess da administrasfo colonial ou dos senhores de excravos,difuncic ess eran cic. Nao hhavia também motivagio religioss para seeder. A Igreja CCutlica no incentvava a leitura da Bilis, Na Colénia, 96 se viamulheraprendendo aler nas imagens de Saw’Ane Mes tra ensinando Nossa Seahors. A sirusgdo no era muito melhor na educagio superior. ‘Em contrate com a Espans, Portugal nunca permitin cri so de aniversidades em sua colénis. Ao final do perfodo colonial hava pelo menos 23 uiversdades na pate espe nota da América, rs delat no México. Uns 150 mil pes sons tinham sido formadasnesasuniversdades. $62 Univer sidade do México formou 39.367 eetudantes, Na parte por agus, escls superiors 96 foram admitidas apésachegada dacorte, em 1808, Oc brasleirs que qusessem,e padesem, segirenrso superior inham que viajar Portugal, sobremudo ‘Coimbra, Entre 1772 ¢ 1872, passa pela Universidade de Coimbra 1.242 estadantee brasleirs. Comparade com 08 150 mil da coldnia espanhols, © ntimero&ritealo. ‘A stuaso da idadania na Conia pode ser resumide nat palarasaribuas por Frei Vicente do Salvador a um bspo de Tacumén de passagem pelo Brasil. Segundo Frei Vicente, em sa Historia do Brasil, 1500-1627, teria dito 0 bispor "\erdadeiramente que nesta terra andam se cose trocadas, porque toda ela no € repli, sendo-o cada cst.” Nio hava replica no Brasil isto €, nto hava sociedade potas ndo havia “replica, eo, nto have cidade. Os dietas c+ visbenefciavam apoueos, sizes polis pouqtsimos, dos tetas sci sina nos flava, poise asisténis so- dal esava.a cargo da ieee ede paticolares Foram sera, em conseaiénca, a: manifetagbesevicas darante a Cold. Exceruadas as revolts escavas, das quis. ‘ais importante fi ade Palmaces,esageda por paticula ee agzldo do govern, quas todas es ostras foram confitos tite stores daminantes au zeag6es de braieiros contra 0 miso colonial. Noséealo XVII nouve quatro revotas po- lisa. Tr delas foram lideradas por elementos da elite © ‘consituam protests conta a politca metropolitans, favor Jonialaconteceu em Pernambuco, em 1817, Os rebeldes de Pernambuco erain militares de ata patente, comerciantes, senhores de engeao e sobrerado, pares, Calela-e em 45 ‘omimero de padres envolvidos. Sob forte nflncis magni «os rebelde proclamaram ums replies independence que indlua afm de Pernambuco, as capitan da Porafba e do Rio Grande do Nort. Controaram 0 goverso durente dois meses, Aguas dos lideres incusive pades, foram filados. Na evolta de 1817 apereceram com mais claeza alguns teogos de uma nascenteconscéncia de dreions soiaise pol- ‘ices A replica vista como o governe das povos livres, em opotigio ao absalutismo mondequico. Mas 2: idias de igualdade nfo iam muito longe. A escravido no foi tocada. Em 1817, houre,sobrenudo, mailestaso do espirto de re sictnca dos pernambucmas. Sintomarcamente, filava-se em “patriots” eno em “idatios". Eo patiotismo era pernam- ‘bacano mais que brasileiro. idensdade pernambucana fora sgerada durance 2 prolongada lua conta os bolandeses, no seulo XVII. Como vimes, gurzss so podeross fotores de ciagio de identidade. ‘Ghegouse 20 fim do periodo colonial com a grande maio- +a da populasto excuida dos dizetos cis epoicase sem a cxistéaca de um sentido de nacianlidede, No mii, he via alguns catrosurbanos dotados de uma populagio politi ‘camente mais sguerrda e elgum sentimento de identdade regional. 1822: 0S ONTOS FOLIMCDS SAE NA FSHTE ‘Aindependéncia nfo ireoduriv mudanga radical no panors- ‘ma deserito. Por um la, a heranca colonial era por demas egativas por ontro, 0 proceso de independéacia envolveu conflitos muito limitados. Em compsacio com os outras paises da AmésicaLating, ¢ independEncia do Bra fo cela fivamente patie. O confit militar mitouse a esearama- ‘at no Rio de Janeiro eA resistencia de tropas pormguesas ‘em algumas provinias do note, sobremd Bahia e Maran. [Nio hoave grandes guerrs de libertuggo como na América cxpanhola. Nao houve moblizaio de grandes exérios, fr _gurasde grandes “Hbetadores, como Simén Boliver, José de ‘San Martin, Bernardo O'Higsins, Antonio José de Sucre. Tam ‘bem nd houve revolts ibertadoraschefiades por lideres papolres, como oe mesicanos Miguel Hidlgo e José Maria, ‘Morelos. A revolts que mais se aproximon dese dkimo mo: elo foi ade 1817, que ce imitou a pequene parte do paise {oi derotada. ‘A principal cractesstice politica da independence bras- leis fl negociaczo entre a elite nacional, a coroa port- ‘quesa ea Inglaterts tendo com figcamediadorao principe D. Bedro, Do lado braslcizo, o principal negociadar foi Jost Bonifieio, qe vivera Jongoe anos em Portugal e Faia parte da alta burocraca ds meteopole. Havis sem vida partic panicemais radials, sobremda padrese macons, Mas amaio- tig dees também aceitou uma independéncia negocisds. A populace do Rio de Janiro ede oures capitis apoion com fatusiaemo o movimento de independéncia, © em alguns momentos teve papel imporsante no enfentamento das to as portuguese, Massa principal consibugio foi secundar por mio de matifetaedespblices a aio dos ideres incl ‘Sveade D, Pedro, O radicalismo popular manifestaa-se 5 ‘etude no dio aos portugueses que contolevam as posgbes de poder ¢ 0 comércio nes cdades eosteiras. Parte da cit brasleira arediton et oso momento serpossvel uma solugfo que ndo implcase a separacio com- plea de Portugal. Focam as ontativas das Cortes porruguc- sae de reconstitir a sitacio colonial que unizam os bras- Teirs em torn dai de separagio, Mesmo assim, a separ raglo foi feita mantendo-se a monarguia e a casa de Bragenge. Grages 8 intermediagto da Inglaterra, Portugal scttou independéncia d Brasil mediante opegamento de ‘ume indenizapio de 2 mithOes de libra estertnes A escolha de uma solugio monsrquica em vez de republicana deveu- se 2 conviesio da elite de que s6 «figura de um re poder ‘manter a ordem social ea aio das provincias que forms: vam a antiga colénis. © exemplo do que acontecerae ainda acontecia na ex-colénia espanholaassustava a elite. Seus ‘membros mais ilustrados, como José Bonificio, queriam cviter a todo custo a fragmentagio da ex-colbia em vécios pafses pequenosefracs,e sonhavaim com a construgio de ‘am grande império, Os otros temiam ainda que a agitagio ea violdncia, provaveis caso a opsio fosce pela replica, ‘ouxessem rise para ordem social. Acima de tudo, of propriearios ruraisreceavam algo pareeido com o que su- cedera no Haid, onde ox escravos se inham rebelado, pro- clamado a independéncia eexpulsedo a popula branca. (0 “haitianiemo”, como ee disis.na époce, era um eepanta. lho poderoso num pas que dependia da mo-de-obea esr ‘vac em gue dois tergos da populagdo ctam mestigas. Era importante que a independénca we fizeste de manera orde- nada, para evitar esos inconvenientes. Nada melhor do que tum rei pare gerantr uma transigdo trangia, sobretudo se essere comtase, como contava, com apoio popu. ‘O papel do pora, se no foi de simples expectador, como queria Eduardo Prado, que 0 comparou 20 carteico do qus- eo independéncie ou morte, de Piro Américo, também no {oi decisive, nem tio importante como ua América do Norte ‘oumenne na América espanhola. Sua presenga foi maior nas ‘idades costeiras; no interior, foi quase mula. Nes eapiais provincisis mais dsants,a nota da independance che- {ou uns tré meses depois no interior do pas demorou ain- ‘amis For isto, se nfo se pode diner que independéncia se fez revelia do povo, também nfo seria correo afimar que cla foi frato de uma lute popular pela liberdade. © papel do ‘poro foi mais decisive em 1831, quando o primero impera: ‘dor fi forgado renunciar. Houve grande agitagio nas ruas do Rio de Janezo,e wma multdo se reuniu no Campo de Santana exigindosreposigio do misisetria deposto, Ao pove tuiremeseateopaevzios palitces em raro momento de con- faterizagio. Embora o movimento se limitass 20 Rio de {ansiro,o apoio ere gral. No entanco, se € posivelconside- ‘ar 1831 como a verdadeita deta de independénca do pals, os efeitos da transi de 1822 j eran suficentemente for tes para gerants a solugio monfeqiea e coneervadora A tcangtilidade da tanscto felitou a contimiidade so- cla. implastou-se um governo a estilo das monarquias cons ‘ituconss ereprssntativas europas. Mas nfo se tocow na ‘cacrvidio, apesar de presso inlesa para abot ov pelo menos, para interromper 0 tefico de ecravos. Com todo 0 su liberaimo, a Constitlgta ignorou a esravidso, como seelandoexitse Ali, como vimos, nem arevolte publ cana de 1817 ousou propor alibertagio dos escravos. Assim, pean de constitu um avango no que ce refere aos direitos politicos, aindependéncia, feta com 2 manutengio da esere- ido, tess em si grandes limitages os direitos cis. 1 epoca da independénca,o Eras era puxado em deas ies opostas: a drecio american, republicans, ¢ 2 dire~ ‘io europtic, mondeguica. Do lado amerieano, havi oexem lo admirado dos Bsados Unidos e 0 exerplo recente, mais. temido que admirado, dos paises hispinieos. Dolado euro- ‘evs havi a tradicio colonial portugues, as presses da San ‘aAliangae, sobretudo a influénciamediadorad inglates Fol esa sltima que faiitou 2 solugio conciiadorae forne= clo de monarquia consttucional, complementado do liberalism francés pésxevolucionsrio. © ‘constituconalsmo exigia a presenga de um governo repre= sentative bascado no voto das cidadiose na eeparagto dos poderes politicos. A Consiuigio outorgada de 1824, que rege pats ato fim da monarguia,combinandoidsias de consttuigGes européias, como a francesa de 1791 © a espa hola de 1812, estabeleceu os trés poderes tadicionis, 0 Executivo, o Legislativo (dviddo em Senado e Camara) ¢ 0 Judicisio. Como restduo do absolutisme, criow inda um ‘quarto poder, chamado de Moderador, que ea privaivo do limperador. A principal avibuigbo dese poder era alivre no- _meagio dos ministros de Estado, ndependentemente da.opi- no do Legislavo. Ess atibuigdo fazia com que o sistema ‘io fosseautenticamente parlamentar, conforme o modelo inglés. Roderiaserchamado de monarquiapresidencal, de vez ‘que no presidencalsme republicano a nomeasio de anis- ‘ros também independe da aprovacio do Legislative. ‘A Constitugioregulow os direitos politicos, defini quer tera dircito de votar eer votado.Faraos padres da epoca, ‘a legslago braeira era muito liberal, Podiam votar todos ‘oshiomeas de 25 anos ou mais que tives ends minima de 100 mils. Todos os cidadios qulifiados eram brigades avota. Asmulheres no votavam, eos esravos,naturaimen- ‘te, nlo eram considerados cidadios. Os libertos podiam vo- tar nacleiio primira, A limitasio de dade comportava ex: ‘be negocio voto com mais de um chef. Algunscone- suiam vendéloa mais de um cbaista,vanglorando-se do fete O voto nest eo no ea mais expresso de ober

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