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  • CARVALHO, José Murilo. Cidadania No Brasil - Conclusão

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    Cidadania No Brasil - Conclusão

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    15. CARVALHO, José Murilo. Cidadania No Brasil - Conclusão

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    Conelusio: A cidacania nna eneruzilhada Percorremos um longo camino, 178 anos de hietsria do ex forgo para construir ocidadio brasileiro. Chegamos 20 f- nal da jornada com a sensacio desconfortavel de incom pletude, Os progresos fetes sio inegéveis mas foram len- tose ndo escondem 0 longo camino que ainde falta per- corres. O tiunfalismo exibido nae celebragSesofiiais dos 500 anos da conquista da terra pelos pormgueses nfo con- segue ocular o drama dos miles de pobre de desempre- ‘gados, de analsbetose semi-anslbetos, de vitimss da vio- lencia particular ¢ oficial. Néo héindicios de saudosizme em relag A ditadura militar, mas perdeuse a crenca de que a ‘democracia politica resolveria com rapidezos probleme da pobreza e da desigualdade, ‘Uma das rzées para nosasdificuldades pode ter a ver ‘com anaturezado percurso que desczevemos. A cronologiae logic da seqhéacia descrita por Marsal foram investdse so Bra. Aqui, primeixeviersn: of direitos soca, implants: dos em periodo de supresio dos ditetos politico de redu- slo dos direitos eve por um ditsdor que se trou populse. Depois vieram os direitas polices, de manera também bi zarra.A maior expansio do drsio do voto deu-se em ousco perfodo ditatoral, em que 0s Srgtos de representaio pol. a foram transformados ex peca decorativado regime. Final rene, ainda hoje muitor dititos cvs, a base da veqoéncia de Marshal, continuam inacessves& maiovia da popalagi, Airlie dos direitos foi colocada de cabesa para baixo, [Na seqincis ingles, havia uma Logica que reforsava a 10 democitcs, As liberdades cvs vieram primero, ‘garantidas por um Judit cada vex mais independente da Exectira, Com baie no exercci dasiberdades,expandirstn- 0 dititos politicos consoldades pelos partdas e pela Legisltvo, Finalmente, pela ag dos partidos e do Congres- 19, votaran+-se os dretos sci, porta em pritica pelo Exe- ttivo, A base de tudo eram ae Hberdade cvs, participa: ‘i politica era dessinata em boa pate a garantie esses ber dades. Os diceito socias exam of menos Sbvios e até certo onto considetadasincompatves com os direitos cv epo- lnicoa. A protegdo do Estado certs pessoas pareca uma squebra daiguakdade de todos perant ali umainterferéncia naliberdade de trabalho e alive competiio. Além disto, 0 silo do Estado era veto coma resrgio&liberdade indivi ual do beneficiado, ¢ como tl Ihe retirave a condicgo de Independencia requerida de quer deveri ter o ditto de voto, Por essa azo, privaram-se, no inicio, os asistidos pelo Est {dodo drcto do voto. Nos Estados Unidas, até mesmo sindi- ‘ates operirios se apaseram # lepslagio social, considerada Ihumilhate para 0 cidadio. S6 mais tarde esses direitos pas- saram aser consderados compatves com os outros desta, 0 cidadio pleno passou aseraquele que gozava de todos ob Aireites, vis, potions e soci. Seria toloachar que sé hi um caminho para a eidadania. Ahistériamostra que ndo é esi. Dentro da prépria Europa hhouve percursosdistntos, como demonstram os cos de In- saterra, da Franca. da Alemanha. Mas ¢razodve supor que aminos diferentes afetem o produto final, afetem o tipo de cidado, , porta, de democracia, que sega. Isto é pati cularmente verdadeiro quando ainversio da seqiénia €com- pleta, quando os direitos soins passam a sera base da pris mide. Quis podem ser ae consequéncias,sabretado para 0 problema da eficscia da democraia? (Uma eonseqnencia importante € a excesiva valorizagio {do Poder Executivo, Se os dieitossocas foram implantados «em perioascitatoriasem que o Lesa ou esa fechado ‘ou era apenas decoratvo, erase aimagem, para 0 grosio da ppopulacio, da centralidade do Executivo. © governo aparece ‘como 0 ramo mas importante do poder, aquete do qual vale pena aproximarse, A fascinagio com um Exeeativo forte ‘st sempre presente, fo ela sem dvida uma da arses da vitGria do presdencialismo sobre oparlamentarismo, no ple biscto de 1993, Essa orientagio pao Executivo efor lon- ga wadiclo portugues, ou bres, patrimonialismo, O Esta do ¢ sempre visto como tod-poderoso, na piorhipstese como repressor cobrador de impostos; na melhor, como um dis tribuidor pateralista de empregos e favores. A acto politica ‘ess visio ésobectudoorientada para negoiago dreta com ‘ogoverno, sem pasar pela mediacio da represetacio. Como vimos, até mesmo uma parcela do movimento operirio na Primeira Repablicaorientou-se nessa ditegios parcels sinda maior adaptow-seaelama década de 30, Esa cultura orient dda mais para 0 Estado do que para a representagio € 0 que cluainamos de estadania", em contrast com a cdadania. Ligada a preferénca pelo Exceutivo est a busca por um messias politico, por um salvador da pri, Como aexperién- da de governo democritico tem sido curta os problemas socais ttm persstido e mesmo se agravado,eresce também a ‘mpaciéncia popular com o funcionamento geralmente mais Teno do mecanismo democetio de decisio. Daa busca de soluges mais rida por meio de fidecangas earismitieas messnias. Plo menos trés des cinco presideneseletos pelo voto popular apés 1945, Geto Vargas, Jinio Quadros e Fernando Collor, possulam tacos messinicos. Sitomatica- mente, enum dels terminow o mandato, em boa parte por io se coaformarem com as teyeas do goveeno reprsentai- vo, sobretudo com o papel do Congress. ‘A contrapartia da valorizagio do Executivo € sdestalo- rizagio do Legislative de seus ttulares, deputadose seaa- ores. As legGeslgislativas sempre despetam menor ints reve do que as do Executivo. A campantia pela eleiggis ie tas reeri-se & escola do presidente da Republica, o chefe do Executivo, Dificmente haveria movimento semelhante para defender elegéeslegislatvas, Nunca houve no Brasil ‘easio poplar conta fechamento do Congresso, Hs uma ‘onicgoabstratadaimportincia dos partidos e do Congreso ‘como mecanismoe de representagto,convicgo esta que nfo serefletenaavalago concreta de sua atuagio, O desprestigio _genealizado dos politicos perante a populagio é mais cen- tuado quando se trata de vereadores,deputadosesenadores, ‘Alm da cultura politics estat, ou gavernista, a inver- so favoreceu também uma visio corporativsta dos interes- ses coletivos. Nio se pode dizer que a culpa foi toda do Estar do Novo. O grande éxito de Vargas indica que sua potica ingiu um pont sensvel da culture nacional. A distrbuig so dos benelicis soiais por cooptagio sucessiva de eategorias de erchalha chow tereno Féin que a enzezar. Os be ‘fa eram tatados como dieitas de todos, mas

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