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Olhar o deficiente com outros olhos

"A maneira como nós olhamos situação sofrerá "alterações". Mu-


para as pessoas com deficiência danças que poderão acontecer no
está a mudar: deixámos de olhar seio das famílias que têm deficien-
para as pessoas como doentes e tes porque estas sentem que são
passámos a olhar para as pessoas "insuficientemente apoiadas pela
como cidadãos" - referiu à Agência sociedade para poderem ter esse
ECCLESIA João Paulo Nunes, do filho". Quando um casal ambiciona
conselho cientffico do congresso ter um filho "está a arriscar" porque
euromediterrânico sobre a pessoa "um filho é um risco" mas quem
com deficiência, a decorrer em Lis- beneficia em uma análise desse
boa, de 27 a 29 de Março. Apesar risco "é a sociedade porque ele
das pessoas com deficiência terem pode contribuir para o bem comum".
características peculiares "devem Ao querer contribuir para uma me-
ter os mesmos direitos e deveres Ihoria na sociedade, muitas vezes o
que os outros" apenas com uma casal "tem em mãos um filho porta-
diferença "na consecução desses dor de deficiência" e aí a "socieda-
mesmos direitos e deveres". E adi- de esquece-se dessa família" - la-
anta: "estes terão que ser subsidia- menta João Paulo Nunes.
dos pela sociedade" - sublinhou Para ajudar as famílias que têm a
João Paulo Nunes, no Congresso seu cargo pessoas com deficiência
"Rumo a uma nova cultura da defi- existem "bastantes instituições que
ciência", uma iniciativa da União prestam esses cuidados", embora
das Misericórdias. o número seja "sempre insuficien-
Para uma pessoa que tenha uma te". ~ o caso da União das Miseri-
paralisia cerebral "não podemos córdias Portuguesas, que tem dois
esperar um desempenho totalmen- equipamentos sociais, um em Fáti-
te autónomo" mas "podemos criar ma e outro em Viseu, "que pretende
condições para que se possibilite ser um espaço onde as pessoas
os seus direitos e deveres". A legis- tenham uma vida digna" mas "nun-
lação portuguesa relacionada com ca assumindo esse acolhimento
esta problemática "é muito avança- como um estado definitivo" - disse o
da". O problema reside "na defici- coordenador científico do congres-
ência de sistema e em termos de so. Uma situação que "raramente
aplicação" para que essa legisla- acontece" porque as famílias sen-
ção possa ser vertida na realidade. tem que "os seus estão bem acolhi-
Tudo está contemplado mas existe dos".
uma mudança que "não se faz por Em relação ao Ano Europeu das
lei: a alteração das mentalidades" - pessoas com deficiências, a cele-
salienta. brar durante 2003, João Paulo Nu-
Quando se fala da "nova cultura nes considera "pouco importante
da deficiência", "entendemo-Ia esta comemoração" porque "deve-
como aquilo que vai na alma das mos ter uma consciência perma-
pessoas". Se nesse núcleo de deci- nente sobre esta realidade" e não
sões "tivermos novos conceitos so- apenas "em situações ocasionais"-
bre a pessoa com deficiência" a concluiu.

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