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CONCURSOS (VJ Estratégia Aula 01 eles P eke Uo MRP TAU en Cee Col Soe ADMINISTRATIVA) Professores: Nadia Carolina, Ricardo Vale DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS (PARTE 1) Direitos do Homem x Direitos Fundamentais x Direitos Humanos: As “geragées” de direitos: Caracteristicas dos Direitos Fundamentais: Limites aos Direitos Fundamentai Eficacia Horizontal dos Direitos Fundamentai Os Direitos Fundamentais na Constituicdo Federal de 1988: .... Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: Parte I.. Questées Comentada: Lista de Questdes Gabarito Ola, amigos do Estratégia Concursos, tudo bem? Dando continuidade ao nosso curso, daremos inicio ao estudo dos “Direitos e Garantias Fundamentais”. Trata-se de assunto bastante cobrado em provas. Nao deixe de assistir aos videos disponiveis em sua Are: do Aluno. Eles ajudaraio muito na fixacéio dos detalhes cobrados em prova... Um grande abrago, Nadia e Ricardo Para tirar dividas e ter acesso a dicas e contetidos gratuitos, acesse nossas redes sociais: Facebook do Prof. Ricardo Vale: https://www.facebook.com/profricardovale www.estrategiaconcursos.com.br 1de 140 a IREITO CONSTITU da Prof*. Nadia Carolina: "aceboo! https://www. facebook.com/nadia.c.santos.16?fref=ts Canal do YouTube do Ricardo Vale: https ://www.youtube.com/channel/UC32LIMyS96biplI715yzS9Q ‘eoria Geral dos Direitos Fundamentais 1. Direitos do Homem x Direitos Fundamentais x Direitos Humanos: Antes de qualquer coisa, é necessdrio apresentar a diferenca entre as expresses “direitos do homem”, “direitos fundamentais” e “direitos humanos”. Segundo Mazzuoli, “direitos do homem” diz respeito a uma série de direitos naturais aptos a protegio global do homem e valido em todos os tempos. Trata-se de direitos que nao esto previstos em textos constitucionais ou em tratados de protecdo aos direitos humanos. A expressio é, assim, reservada aos direitos que se sabe ter, mas cuja existéncia se justifica apenas no plano jusnaturalista. Direitos fundamentais, por sua vez, se refere aos direitos da pessoa humana consagrados, em um determinado momento histérico, em um certo Estado. S&o direitos constitucionalmente protegidos, ou seja, est&o positivados em uma determinada ordem juridica. Por fim, “direitos humanos” é expresso consagrada para se referir aos direitos positivados em tratados internacionais, ou seja, sao direitos protegidos no Ambito do direito internacional publico. A protecdo a esses direitos 6 feita mediante convengdes globais (por exemplo, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Politicos) ou regionais (por exemplo, a Convengao Americana de Direitos Humanos). Ha alguns direitos que estéo consagrados em convengées internacionais, mas que ainda nao foram reconhecidos e positivados no 4mbito \ interno. INDO Mais fundo | também pode ocorrer o contrario! E plenamente possivel que o ordenamento juridico interno dé uma protec&o superior aquela prevista em tratados internacionais (regionais e globais). *MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Piiblico, 44 ed. Sao Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 750-751. www.estrategiaconcursos.com.br 2de 140 importante termos cuidado para n&o confundir direitos fundamentals € garantias fundamentais. Qual seria, afinal, a diferenca entre eles? Os direitos fundamentais sdo os bens protegidos pela Constituigao. E 0 caso da vida, da liberdade, da propriedade... J4 as garantias sdo formas de se protegerem esses bens, ou seja, instrumentos constitucionais. Um exemplo é © habeas corpus, que protege o direito a liberdade de locomogao. Ressalte-se que, para Canotilho, as garantias sao também direitos.” 2. As “geracées” de direitos: Os direitos fundamentais s&o tradicionalmente classificados em geracées, o que busca transmitir uma ideia de que eles nao surgiram todos em um mesmo momento histérico. Eles foram fruto de uma evolugSo historico-social, de conquistas progressivas da humanidade. A doutrina majoritaria reconhece a existéncia de trés geracées de direitos: a) Primeira Gerac&o: s&o os direitos que buscam restringir a acéo do Estado sobre o individuo, impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das pessoas. So, por isso, também chamados liberdades negativas: traduzem a liberdade de nao sofrer ingeréncia abusiva por parte do Estado. Para o Estado, consistem em uma obrigagéio de “nao fazer”, de néo intervir indevidamente na esfera privada. E relevante destacar que os direitos de primeira geracdo cumprem a fungdo de direito de defesa dos cidadaos, sob dupla perspectiva: no permitem aos Poderes Publicos a ingeréncia na esfera juridica individual, bem como conferem ao individuo poder para exercé-los € exigir do Estado a correcio das omissdes a eles relativas. Os direitos de primeira geragéo tém como valor-fonte a liberdade. Sao os direitos civis e politicos, reconhecidos no final do século XVIII, com as Revolugdes Francesa e Americana. Como exemplos de direitos de primeira gerag&o citamos 0 direito de propriedade, o direito de locomocao, o direito de associacao e o direito de reuniao. b) Segunda geracdo: s&o os direitos que envolvem prestagdes positivas do Estado aos individuos (politicas e servigos publicos) e, em sua maioria, caracterizam-se por serem normas programaticas. Séo, por isso, também chamados de liberdades positivas. Para o Estado, constituem obrigagdes de fazer algo em prol dos individuos, objetivando ® CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constit ediggo. Coimbra: Almedina, 2003. igo, 78 www.estrategiaconcursos.com.br 3de 140 chamados de “direitos do bem-estar”. Os direitos de segunda gerag’o tém como valor fonte a igualdade. Sdo os direitos econémicos, sociais e culturais. Como exemplos de direitos de segunda geragdo, citamos o direito a educagao, 0 direito a satide e 0 direito ao trabalho. ¢) Terceira geragio: s&o os direitos que ndo protegem interesses individuais, mas que transcendem a érbita dos individuos para alcangar a coletividade (direitos transindividuais ou supraindividuais). Os direitos de terceira geracgéo tém como valor-fonte a solidariedade, a fraternidade. Sao os direitos difusos e os coletivos. Citam-se, como exemplos, 0 direito do consumidor, o direito ao meio-ambiente ecologicamente equilibrado e o direito ao desenvolvimento. Percebeu como as trés primeiras geragées seguem a sequéncia do lema da Revolug&o Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade? Guarde isso para a prova! Abaixo, transcrevemos deciséo do STF que resume muito bem 0 entendimento da Corte sobre os direitos fundamentais. “Enquanto os direitos de primeira geracao (direitos civis e politicos) = que compreendem as liberdades classicas, negativas ou formais — realcam o principio da liberdade e os direitos de segunda geracao (direitos econémicos, sociais e culturais) - que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas - acentuam o principio da igualdade, os direitos de terceira geraco, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuidos genericamente a todas as formagées sociais, consagram o principio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expanséo e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentals indisponiveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.” (STF, Pleno, MS n° 22.164-SP, Relator Min. Celso de Mello. DJ 17.11.95) Parte da doutrina considera a existéncia de direitos de quarta geragdo. Para Paulo Bonavides, estes incluiriam os direitos relacionados a globalizagao: direito 4 democracia, o direito 4 informagdo e o direito ao pluralismo. Desses direitos dependeria a concretizacéo de uma “civitas maxima”, uma sociedade sem fronteiras e universal. Por outro lado, Norberto Bobbio considera como de quarta geracdo os “direitos relacionados a engenharia genética”. www.estrategiaconcursos.com.br 4de 140 hv uma parte da doutrina que fala e representados pelo direito & paz. ° A expresso “geracéo de direitos” é criticada por varios autores, que argumentam que ela daria a entender que os direitos de uma determinada gerag&o seriam substituidos pelos direitos da proxima geracéo. Isso néo é verdade. O que ocorre é que os direitos de uma geracao seguinte se acumulam aos das geracées anteriores. Em virtude disso, a doutrina tem preferido usar a expresséo “dimensées de direitos”. Teriamos, entaéo, os direitos de 12 dimens&o, 2? dimenséo e assim por diante. ® BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. Sao Paulo: Malheiros, 2008. www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 140 GERAGOES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NORBERTO BOBBIO: ENGENHARIA GENETICA 5* GERACAO DIREITO A PAZ 3. Caracteristicas dos Direitos Fundamentais: A doutrina aponta as seguintes caracteristicas para os direitos fundamentais: a) Universalidade: os direitos fundamentais sdéo comuns a todos os seres humanos, respeitadas suas particularidades. Em outras palavras, hd um nucleo minimo de direitos que deve ser outorgado a todas as pessoas (como, por exemplo, o direito a vida). Cabe destacar, www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 140 , que alguns direitos n3o podem se s&0 outorgados a grupos especificos (como, por exemplo, os direitos dos trabalhadores). b) Historicidade: os direitos fundamentais nado resultam de um acontecimento histérico determinado, mas de todo um processo de afirmag&o. Surgem a partir das lutas do homem, em que ha conquistas progressivas. Por isso mesmo, séo mutaveis e sujeitos a ampliagées, o que explica as diferentes “geracgées” de direitos fundamentais que estudamos. ¢) Indivisibilidade: os direitos fundamentais so indivisiveis, isto é, formam parte de um sistema harménico e coerente de protecdo & dignidade da pessoa humana. Os direitos fundamentais ndo podem ser considerados isoladamente, mas sim integrando um conjunto nico, indivisivel de direitos. d) Inalicnabilidade: os direitos fundamentais sdo intransferiveis € inegociaveis, néo podendo ser abolidos por vontade de seu titular. Além disso, ndo possuem contetido econémico-patrimonial. e) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais no se perdem com © tempo, sendo sempre exigiveis. Essa caracteristica decorre do fato de que os direitos fundamentais s&o personalissimos, n&o podendo ser alcangados pela prescrigao. f) Irrenunciabilidade: o titular dos direitos fundamentais ndo pode deles dispor, embora possa deixar de exercé-los. E admissivel, entretanto, em algumas situacdes, a autolimitacdo voluntdria de seu exercicio, num caso concreto. Seria 0 caso, por exemplo, dos individuos que participam dos conhecidos “reality shows", que, temporariamente, abdicam do direito 4 privacidade. g) Relatividade ou Limitabilidade: nao ha direitos fundamentais absolutos. Trata-se de direitos relativos, limitaveis, no caso concreto, por outros direitos fundamentais. No caso de conflito entre eles, hd uma concordancia pratica ou harmonizag3o: nenhum deles é& sacrificado definitivamente. A relatividade €, dentre todas as caracteristicas dos direitos fundamentais, a mais cobrada em prova. Por isso, guarde o seguinte: nao ha direito fundamental absoluto! Todo direito sempre DESPENCA | encontra limites em outros, também protegidos pela Na prova | constituicéo. E por isso que, em caso de conflito entre dois direitos, no haverd o sacrificio total de www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 140 de ambos, buscando-se, com isso, alcangar a finalidade da norma. h) Complementaridade: a plena efetivacdo dos direitos fundamentais deve considerar que eles compéem um sistema tinico. Nessa dtica, os diferentes direitos (das diferentes dimensdes) se complementam e, portanto, devem ser interpretados conjuntamente. i) Concorréncia: os direitos fundamentais podem ser exercidos cumulativamente, podendo um mesmo titular exercitar varios direitos ao mesmo tempo. j) Efetividade: os Poderes Publicos tém a misséo de concretizar (efetivar) os direitos fundamentais. 1) Proibic&o do retrocesso: por serem os direitos fundamentais o resultado de um processo evolutivo, de conquistas graduais da Humanidade, néo podem ser enfraquecidos ou suprimidos. Isso significa que as normas que os instituem no podem ser revogadas ou substituidas por outras que os diminuam, restrinjam ou suprimam. Segundo Canotilho, baseado no principio do nao retrocesso social, os direitos sociais, uma vez tendo sido previstos, passam a constituir tanto uma garantia institucional quanto um direito subjetivo. Isso limita 0 legislador e exige a realizagéo de uma politica condizente com esses direitos, sendo inconstitucionais quaisquer medidas estatais que, sem a criagdo de outros esquemas alternativos ou compensatorios, anulem, revoguem ou aniquilem o nticleo essencial desses direitos. Os direitos fundamentais possuem uma dupla dimenséo: i) dimens&o subjetiva dimenséo objetiva. Na dimensdo subjetiva, os direitos fundamentais s&o direitos exigiveis perante o Estado: as pessoas podem exigir que o Estado se abstenha de intervir indevidamente na esfera privada (direitos de 12 gerac&o) ou que o Estado atue ofertando prestagdes positivas, através de politicas e servicos piblicos (direitos de 2@ geragao). Jé na_dimensao objetiva, os direitos fundamentais séo vistos como enunciados dotados de alta carga valorativa: eles sdo qualificados como principios estruturantes do Estado, cuja eficdcia se irradia para todo o ordenamento juridico. (FUB — 2015) A caracteristica da universalidade consiste em que todos os individuos sejam titulares de todos os direitos www.estrategiaconcursos.com.br Bde 140 fundamentais, sem distingao. Comentarios: Hé alguns direitos que no podem ser titularizados por todas as pessoas. E o caso, por exemplo, dos direitos dos trabalhadores. Questo errada. (TRT 8* Regido - 2013) Os direitos fundamentais sao personalissimos, de forma que somente a propria pessoa pode a eles renunciar. Comentarios: Os direitos fundamentais tém como caracteristic “irrenunciabilidade”. Quest&o errada. 4. —Limites aos Direitos Fundamentai: A imposic&o de limites aos direitos fundamentais decorre da relatividade que estes possuem. Conforme j4 comentamos, nenhum direito fundamental é absoluto: eles encontram limites em outros direitos consagrados no texto constitucional. Além disso, conforme jé se pronunciou o STF, um direito fundamental nao pode servir de salvaguarda de praticas ilicitas. Para tratar das limitagées aos direitos fundamentais, a doutrina desenvolveu duas teorias: i) a interna e; ii) a externa. A teoria interna (teoria absoluta) considera que 0 processo de definicéo dos ito é interno a este. Nao ha restrigdes a um direito, mas uma simples definigéo de seus contornos. Os limites do direito Ihe sao imanentes, intrinsecos. A fixag&o dos limites a um direito nado é, portanto, influenciada por aspectos externos (extrinsecos), como, por exemplo, a colisao de direitos fundamentais. * Para a teoria interna (absoluta), 0 nticleo essencial de um direito fundamental € insuscetivel de violagdo, independentemente da anélise do caso concreto. Esse nticleo essencial, que ndo podera ser violado, é identificado a partir da percepcao dos limites imanentes ao direito. A teoria externa (teoria relativa), por sua vez, entende que a definig&o dos limites aos direitos fundamentais é um processo externo a esses direitos. Em outras palavras, fatores extrinsecos irdéo determinar os limites dos “SILVA, Virgilio Afonso da. © contetido essencial dos direitos fundamentais e a eficdcia das normas constitucionais. In: Revista de Direito do Estado, volume 4, 2006, pp. 35 - 39. www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 140 ética que se admite a solugdo dos conflitos entre direltos fundamentais pelo juizo de ponderagéo (harmonizaco) e pela aplicagdo do principio da proporcionalidade. Para a teoria externa, o nucleo essencial de um direito fundamental também é insuscetivel de violagéo; no entanto, a determinacdo do que é exatamente esse “nticleo essencial” dependera da analise do caso concreto. Os direitos fundamentais s&o restringiveis, observado o principio da proporcionalidade e/ou a protegdo de seu nticleo essencial. Exemplo: o direito a vida pode sofrer restrigdes no caso concreto. Questao muito relevante a ser tratada é sobre a teoria dos “limites dos limites”, que incorpora os pressupostos da teoria externa. A pergunta que se faz 6 a seguinte: a lei pode impor restrigées aos direitos fundament: A resposta é sim. A lei pode impor restrigées aos direitos fundamentais, mas ha um niicleo essencial que precisa ser protegido, que nao pode ser objeto de violagées. Assim, o grande desafio do exegeta (intérprete) e do proprio legislador esta em definir 0 que é esse nticleo essencial, o que devera ser feito pela aplicagdo do principio da proporcionalidade, em suas trés vertentes (adequag3o, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito). A teoria dos “limites dos limites” visa, portanto, impedir a violacéo do ndcleo essencial dos direitos fundamentais. Como o préprio nome ja nos induz a pensar, ela tem como objetivo impor limites as restricées (limites) aos direitos fundamentais criados pelo legislador. Por isso, a teoria dos “limites dos limites" tem dado amparo ao controle de constitucionalidade de leis, pela aplicag8o do principio da proporcionalidade. 0 Prof. Gilmar Mendes, ao tratar da teoria dos ™ 0 seguinte: ites dos limites”, afirma “da anélise dos direitos individuais pode-se extrair a concluséo errénea de que direitos, liberdades, poderes e garantias séo passiveis de ilimitada limitag&o ou restrig&o. E preciso n&o perder de vista, porém, que tais restricées so limitadas. Cogita-se aqui dos chamados limites imanentes ou ‘limites dos limites’ (Schranken-Schranken), que balizam 2 acdo do legislador quando restringe direitos individuais. Esses limites, que decorrem da prépria Constituicéo, referem-se tanto 4 necessidade de protegéo de um nticleo essencial do direito fundamental, quanto 4 clareza, determinag&o, generalidade e proporcionalidade das restrigées impostas.”” ° MENDES, Gilmar Ferrei itos Fundamentais e Controle de Constitucionalidade: Estudos de Direito Constitucional. 3.ed. So Paulo: Saraiva, 2009. P. 41 www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 140

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