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Afetividade

Toda regra moral legitimada aparece sob a forma de uma obrigao, de


um imperativo: deve-se fazer tal coisa, no se deve fazer tal outra.
Como essa obrigatoriedade pode se instalar na conscincia?
Ora, preciso que os contedos desses imperativos toquem, em alguma
medida, a sensibilidade da pessoa; vale dizer, que apaream como desejveis.
Portanto, para que um indivduo se incline a legitimar um determinado
conjunto de regras, necessrio que o veja como traduzindo algo de bom para
si, como dizendo respeito a seu bem-estar psicolgico, ao que se poderia
chamar de seu projeto de felicidade.
Se vir nas regras aspectos contraditrios ou estranhos ao seu bem estar
psicolgico pessoal e ao seu projeto de felicidade, esse indivduo simplesmente
no legitimar os valores subjacentes a elas e, por conseguinte, no legitimar
as prprias regras.
Poder, s vezes, comportar-se como se as legitimasse, mas ser
apenas por medo do castigo.
Na certeza de no ser castigado, seja porque ningum tomar
conhecimento de sua conduta, seja porque no haver algum poder que possa
puni-lo, se comportar segundo seus prprios desejos.
Em resumo, as regras morais devem apontar para uma possibilidade de
realizao de uma vida boa3 ; do contrrio, sero ignoradas.
Porm, fica uma pergunta: sendo que os projetos de felicidade so
variados, que dependem inclusive dos diferentes traos de personalidade, e
sendo tambm que as regras morais devem valer para todos (se cada um tiver
a sua, a prpria moral desaparece), como despertar o sentimento de
desejabilidade para determinadas regras e valores, de forma que no se
traduza em mero individualismo?
(TEXTO do PCN tica)

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