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Nelson Miguel Guerreiro Lourenço

MANUAL DE COMPOSTAGEM E
VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

“Mudar o Presente, Garantir o Futuro”


MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

O conteúdo do seguinte Projecto é da exclusiva


propriedade da Futuramb – Gestão Sustentável de
Recursos.
Caso pretenda o conteúdo do presente Projecto
registe-se como Bioparceiro.

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

A publicação do Manual de Compostagem e Vermicompostagem nas


Escolas que colocamos à disposição, entre outros, de todos os que à
Educação se encontram ligados, constitui, a par de diversos manuais e
guias acerca da temática, mais um elemento no domínio da
sensibilização e educação ambiental, procurando
curando incentivar a uma
maior preocupação e consequentemente uma maior participação nas
questões relacionadas com a gestão dos resíduos, e consequentemente, com a qualidade ambiental.
Como se sabe, um dos maiores problemas ambientais dos nossos dias é a eenorme
norme quantidade de lixo
(leia-se
se resíduos) que todos produzimos.
A compostagem e a vermicompostagem permitem, não só reduzir a quantidade de resíduos que de
outra
utra forma seriam depositados em Aterro Sanitário, mas também produzir um fertilizante orgânico
(composto e vermicomposto) que poderá ser utilizado no solo.
Este manual tem como objectivo incentivar as crianças a reciclar alguns dos resíduos produzidos no
refeitório e no jardim das respectivas escolas, bem como aprenderem práticas como a compostagem e
a vermicompostagem, tomando ao mesmo tempo contacto directo com a fauna envolvente nos
processos.
Através destes processos, estes resíduos são transformados num produto orgânico e estável, que
poderá ser novamente utilizado no jardim da escola, como fertilizante e correctivo natural do solo.
Contamos com o apoio e entusiasmo de todos para que este proj
projecto
ecto seja um êxito e para que todos
juntos possamos construir um melhor ambiente.
Com a publicação deste manual de compostagem e vermicompostagem, possibilitamos ainda que
todos possam desenvolver em sua casa, apartamento ou quintal um sistema de compostagem
compostag e
vermicompostagem, bastando apenas um pouco de paciência e afinco. O nosso ambiente agradece!
Para uma melhor compreensão, e sempre que surgirem dúvidas da parte do aluno, sugere-se
sugere a
presença de um professor.

“Mudar o presente, garantir o futuro”

Nelson Lourenço

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 6

2. COMPOSTAGEM

2.1. Principais Noções sobre Compostagem 8

2.2. Porquê fazer Compostagem 8

2.3. Prática da Compostagem 9

2.3.1. Material Necessário 9

2.3.2. Modelo 12

2.4. Instalação do Compostor 13

2.5. Actividades que podemos desenvolver 15

2.6. Tipos de Compostores 16

2.7. Preparação dos Materiais 17

2.8. Perguntas Frequentes 17

2.9. Problemas Frequentes 18

2.10. Manutenção do compostor 20

2.11. O que se deve colocar no compostor 21

3. VERMICOMPOSTAGEM

3.1. Principais noções sobre Vermicompostagem 24

3.2. Objectivos 24

3.3. Fauna envolvida no processo 25

3.4. O Vermicompostor 25

3.5. Escolha do local de in


instalação do vermicompostor 26

3.6. Construção
trução do Vermicompostor 27

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3.7. Manutenção do Vermicompostor 28

3.8. Problemas Frequentes 30

3.9. O que se deve colocar no vermicompostor 31

3.10. As minhocas 33

3.11. Perguntas Frequentes 34

3.12. Separação das minhocas do vermicomposto 37

3.13. Vantagens da aplicação do vermicomposto 38

ANEXOS

Glossário 41

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1. INTRODUÇÃO

químicas e biológicas de um solo influenciam em grande parte a qualidade


As características físico-químicas
final dos produtos e bens alimentícios provenientes das práticas agrícolas, pois as culturas só
poderão ser produzidas em quantidade e qualidade se, além de condições climatéricas favoráveis
tiverem à sua disposição durante os períodos de crescimento e desenvolvimento todos os
nutrientes essenciais bem como fauna edáfica (macrorganismos – minhocas e insectos, e
microrganismos – bactérias e fungos) nas proporçõ
proporções
adequadas, o que implica em muitos casos o recurso
desmesurado de fertilizantes químicos e de síntese,
fitossanitários de modo a aumentar (porventura) a
fertilidade e a produtividade dos solos bem como a
resistência a pragas e doenças.
A lentidão generalizada
alizada de formação de húmus natural
(decomposição da matéria orgânica) para restabelecer a
fertilidade de um solo, o elevado custo dos fertilizantes
químicos e a contaminação consequente das águas e solo,
têm conduzido à procura de outros fertilizantes pr
produzidos
biologicamente. Uma das opções de melhoria da qualidade do solo passa pela aplicação, na terra,
ou directamente junto às plantas, do húmus produzido pelas minhocas ou vermicomposto.

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2.

COMPOSTAGEM

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2. COMPOSTAGEM

2.1. Principais noções sobre Compostagem


A compostagem é um processo biológico através do qual microrganismos e insectos
decompõem a matéria orgânica numa substância homogénea, de cor castanha, com aspecto
de terra e com cheiro a floresta - o Composto.
Este processo também decorre sem a intervenção do Homem. Na natureza os restos de
animais e vegetais mortos são decompostos e transformados em húmus,
húmus matéia orgânica
estabilizada e resistente à decomposição
decomposição. No entanto, o Homem interfere neste processo
natural para que a matéria orgânica se decomponha mais rapidamente, nas melhores
condições e com os melhores resultados.
A Mãe Natureza encarrega
encarrega-se,
se, de forma lenta e natural, através de macro e microrganismos,
de devolver a si tudo o que dela já fez parte – a isto chamamos de matéria orgânica,
orgâni ou, num
sentido mais abrangente, de húmus. A
compostagem pode ser entendida como um
processo de degradação da matéria orgânica em
condições controladas pelo Homem.
Deste processo resulta assim, a formação de um
produto – denominado composto e o
vermicomposto,
omposto, de características muito próprias,
capaz de ser um excelente fertilizante para plantas, hortofrutícolas e demais variedades
cultivares. Possibilita
Possibilita, ainda, a melhoria das características do solo, aumentando
substancialmente a sua fertilidade, are
arejamento
jamento e retenção de nutrientes, quando adicionado.

2.2. Porquê fazer Compostagem


Ao fazeres
es compostagem e, consequentemente,
vermicompostagem estás a reciclar os restos de comida e
resíduos vegetais da tua casa, escola, jardim ou horta, que
teriam como destino final o Aterro Sanitário.
Assim, ao reciclares esta matéria orgânica estás a produzir
um fertilizante natural que não polui o solo com pprodutos
químicos e servirá também para as plantas da tua horta e/ou jardim cresçam saudáveis.

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O compostor é o recipiente onde é "armazenada" toda a matéria orgânica e é dentro dele que
todo o processo de compostagem se vai desenrolar. Posteriormente, o conteúdo
con do
compostor é transferido para um outro depósito, o vermicompostor, no qual são melhoradas
as características físico
físico-químicas
químicas do produto final, resultante da acção das minhocas.

2.3. Prática da Compostagem


O tipo de compostagem mais indicado para a tua escola é a compostagem doméstica. É
aquela onde o processo é feito em pequena escala, dentro de recipientes pequenos
(compostores) e não exige grande quantidade de resíduos orgânicos, sendo suficientes os
produzidos na escola. Com a ajuda dos profes
professores e da Futuramb,
turamb, que fornece e auxilia na
construção do compostor e do vermicompostor, podes construir uma horta biológica,
utilizando como fertilizante o composto (húmus da minhocas) resultante dos resíduos
produzidos.
Podes ainda construir um compostor em tua casa, se o espaço o permitir, bastando contares
com a ajuda e dedicação dos teus pais que, com certeza, te auxiliarão nessa tarefa.

2.3.1. Material necessário


Antes de se iniciar o processo de compostagem, é fund
fundamental
amental possuir um compostor
e os resíduos necessários:

A B

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C D

Legenda:
A: Compostor;
B: Resíduos;
C: Peneira;
D: Termómetro;
E: Forqueta de arejamento.
E

Outros utensílios necessários para iniciares a actividade são os seguintes:

Luvas de látex;

Sacos;

Ancinho;

Regador / mangueira (água);

Balde;

Bloco de notas.

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Todos os materiais orgânicos são compostáveis, ou seja, todos eles podem sofrer
degradação, sendo esta mais ou menos variável de acordo com a sua composição.
Possuem uma mistura de carbono ((C) e azoto (N),
), conhecida como a relação C:N.
Para obter melhores resultados na pilha de compostagem recomenda-se
recomenda que a
relação C:N seja de 30:1, ou seja, 30 partes de carbono
no para 1 parte de azoto.
Os produtos que contêm carbono são em geral de cor castanha, como as folhas das
árvores no Outono. Os materiais que contêm azoto são em geral de cor verde, como
resíduos de cozinha e resíduos de relva.
Em geral recomenda
recomenda-se que para
ra obter um balanço aproximadamente equilibrado
entre
re os elementos carbono e azoto sejam utilizadas iguais quantidades de
materiais castanhos (carbono) e materiais verdes (azoto).
Em baixo apresenta
apresenta-se
se uma pequena lista de exemplos de materiais castanhos e
verdes que podem ser compostados.

Resíduos Verdes - Ricos em Azoto


Estes resíduos são, geralmente, húmidos e podem ser os seguintes:

Folhas verdes;

Ervas daninhas;

Restos de vegetais (crus) e frutas;

Restos de relva cortada;

Borras de café;

Sacos de chá;

Casca de ovos (esmagada)*;

Pão *;

Flores.

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Resíduos Castanho - Ricos em carbono


Estes resíduos são geralmente secos, e podem ser os seguintes:

Agulhas de pinheiros;

Folhas secas;

Restos de relva cortada secos;

Casca de batatas;

Palha;

Resíduos resultantes de cortes e podas;

Papel *;

Serradura *.

* Estes materiais devem ser utilizados em quantidades limitadas porque se


decompõem mais lentamente, visto serem bastante ricos em celulose e lenhina.

2.3.2. Modelo
O modelo que sugerimos serve os
interesses de uma família que queira
desenvolver esta actividade ou um
estabelecimento de ensino que
pretenda aderir ao projecto
FuturEscolas. Qualquer das
situações apresenta grande
simplicidade de execução.
A Futuramb irá colaborar com a
Escola através da recolha de materiais que sirvam para construíres o compostor.
Podes, se for caso disso, trazer material de tua casa.

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

Um compostor é uma estrutura robusta de aproximadamente 1,0 m3 (1,0 m de altura x


1,0 m de comprimento x 1,0 de largura), apresentando inúmeros espaços para a
circulação do ar, possuindo uma rede na base
de modo a evitar a entrada de roedores e uma
tampa para que se evite a entrada de água
quando chove. O compostor de
deve ser colocado
sobre a terra, para que se facilite a entrada de
organismos decompositores (bactérias,
minhocas, fungos, etc.) e facilitando a saída de
águas de escorrência.

Exemplo de um compostor que podes


construir na Escola ou no quintal em tua casa

Outros modelos de compostores são sugeridos posteriormente, como irás ver.

2.4. Instalação do compostor


Devemos colocar o compostor sobre o solo, debaixo de uma árvore, ou algo que proporcione
alguma protecção, de modo a evitar temperaturas elevadas nos meses de maior calor e a
chuva nos meses de Inverno. Não devemos utilizar madeira tratada para a construção do
vermicompostor pois esta contém produtos químicos que podem ser prejudiciais aos
microrganismos.
Em climas quentes e secos, a localização ideal de um compostor deve ser debaixo de uma
árvore, proporcionando esta sombra durante parte do dia, evitando a secagem e
arrefecimento dos materiais dentro do compostor.
De outro modo, em climas chuvosos e húmidos, o compostor deve ser coberto
adequadamente devido ao facto do excesso de água atrasar a decomposição.

o 1º Passo - Escolha do local do compostor – o que deves ter em atenção

1. Fácil acessibilidade;
2. Debaixo de uma árvore de folha caduca;

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3. Protecção do vento;
4. Local que possui sol e sombra;
5. Solo que permita a infiltração da água da chuva.

O compostor deve ser colocado sobre o solo de modo a que possam ser introduzidos
naturalmente organismos
organismos.
Se o compostor ficar exposto em demasia ao sol, deveremos ter em atenção a
humidade, visto o composto poder ssecar
ecar em demasia. A grande maioria dos
microrganismos não consegue sobreviver a temperaturas superiores a 70ºC.,
dificultando assim a decomposição.

o 2º Passo – Preparação do Compostor


Devem ser colocados no fundo do compostor
compostor, primeiramente,, alguns ramos secos de
modo a permitir o arejamento do sistema. Em seguida, coloca
coloca-se
se os materiais húmidos
como é o caso de restos de alimentos e folhas verdes. Estes materiais devem ser
colocados em camadas para que o processo de compostagem possa ser mais rápido e
elaborado
borado da forma mais correcta.

o 3º Passo – Monitorização do processo de compostagem


Durante o processo de compostagem, é necessário controlar alguns factores tais como
a temperatura, a humidade, o oxigénio, o pH, os resíduos e a altura da pilha (entre
1,0m e 1,5m).

• No que respeita à temperatura, é necessário controlá-la


la para que a mesma não
exceda os 70ºC, pois a partir deste valor não só se eliminam os seres patogénicos
como também se elimina a fauna microbiana responsável pela degradação dos
resíduos.. Saliente
Saliente-se que o máximo admissível é os 65ºC;

• Quanto à humidade,, é importante manter os resíduos suficientemente húmidos.


Para se verificar o teor de humidade basta agarrar um pouco de composto e aperta-
aperta
se com a mão. Se a água existente no composto verter sob a forma de gotas isso
significa que a humidade do composto é adequada, se por outro lado a água verter
em fio significa que a humidade é excessiva;

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

• Para que o processo de compostagem decorra correctamente há que existir


oxigénio (meio aeróbio)
aeróbio), para regular a presença do mesmo é necessário revolver
a pilha do composto de forma periódica (pelo menos uma vez por semana). Para
executar esta tarefa é indispensável possuir ferramenta
ferramentas que possibilitem
possibilite revolver o
composto, tal como uma forqueta de are
arejamento;

• O pH regula os teores de acidez de meio, sendo que os melhores teores para a


sobrevivência dos microrganismos que degradam os resíduos se situam entre os 5
e os 8;

• Os resíduos são, obviamente, o alimento de que os microrganismos necessitam


para poderem crescer, reproduzir
reproduzir-se,
se, e claro está, sobreviver. Devem sempre existir
em quantidade equilibrada (relembrar relação C:N);

• A altura da pilha deve sempre seguir as dimensões do compostor, ou seja, possuir


aproximadamente 1,0 m3 (1,0 m de altura x 1,0
,0 m de comprimento x 1,0 de largura).

o 4º Passo – Utilização do composto


Após 3 a 4 meses do inicio do processo, o
composto está pronto a ser utilizado, basta que:

• Possua um aspecto homogéneo;


• Possua uma textura semelhante a terra;
• Possua uma cor acastanhada;
• Não tenha cheiro (inodoro).

Pergunta:
Como medes a temperatura do composto ao longo da sua maturação?

2.5. Actividades que podemos desenvolver


De modo a fazer a manutenção do compostor, sugere
sugere-se
se a realização da seguinte
actividade:

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a) Insere o termómetro no interior da pilha de composto;


b) Após 10 minutos, regista a sua temperatura num bloco de notas;
c) Realizar medições de temperatura semanalmente ao longo de todo o processo, ao
longo de cerca de 4 meses;
d) Constrói, com a ajuda do teu professor de matemática um gráfico em papel milimétrico
com o registo das medições; O eixo das abcissas terá os valores da temperatura e no
eixo das ordenadas as datas da medição;
e) Com a ajuda do professor, analisa o gráfico (utilizar,, o Microsoft Excel);
f) Registar as diferenças observadas entre a compostagem e a vermicompostagem
(processo que será abordado mais à frente).

2.6. Tipos de compostores


Como anteriormente foi referido, existem várias formas e, por conseguinte, vários materiais
passíveis de ser utilizados para construir um compostor. Em seguida, apresentam-se
apresentam os
modelos de compostores mais vulgarmente utilizados:

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L
e
g

Legenda: D:: Compostor de madeira triplo;


A:: Compostor de duplo balde; E: Compostor em plástico;
B:: Compostor de cerca; F:: Compostor em madeira unitário;
C:: Compostor de arame; G: Compostor em bidon.

2.7. Preparação dos materiais

Para que o processo decor


decorra de um modo correcto e rápido deverás colocar os materiais no
compostor em várias camadas, iintercalando
ntercalando os materiais secos (folhas secas e ramos) com
materiais húmidos(estrumes e resíduos verdes).

Em primeiro lugar deves sempre colocar alguns ramos secos para que o oxigénio possa
penetrar
etrar na pilha de compostagem.
Por cada vez que colocares materiais secos, deves adicionar água para manter a humidade.
A última camada deverá ser sempre de materiais secos para evitar que a pilha perca
temperatura e humidade, ou que até tenha humidade em excesso em caso de chuva.

2.8. Perguntas frequentes

 Porque é que se deve realizar a compostagem?

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

A matéria orgânica apresenta extrema importância para a fertilidade do solo, melhorando a


textura, estrutura e fertilidade deste, e, indirectamente a sua produtividade. Além disso,
representa um método de baixo custo.

 Qual o tempo de dura


duração do processo de
compostagem?
O tempo de duração é variável, dependendo
ainda assim da utilização final – plantação ou
protecção de árvores e arbustos – mulching.
A partir
rtir do momento em que se controlem
todos os parâmetros essenciais, o composto
encontra-se
se produzido em 1 ou 2 meses.
Em sistemas de vermicompostagem, ou, de outra forma, após os resíduos compostados
serem introduzidos num vermicompostor em 3 – 6 meses as minhocas processam os
resíduos em húmus de minhoca (vermicomposto).
O tempo de duração da compostagem, depende também, da fauna envolvida no processo.

 Qual a fauna envolvida na compostagem?


Da fauna fazem parte as bactérias e os fungos entre outros, em que cada qual possui
intervalos de temperatura adequados ao crescimento e desenvolvimento.

 Quais os benefícios da compostagem?


A compostagem permite que valorizes grande parte dos resíduos (lixo) que é produzido
pelo Homem. Dele faz parte o lixo orgânico que pode ser valorizado e não ser levado para
Aterro Sanitário. Com o composto aumentamos o tempo de vida útil dos Aterros.

2.9. Problemas frequentes


Em seguida apresentam
apresentam-se
se os problemas mais frequentes associados ao processo de
compostagem, as suas causas, bem como as soluções propostas para a resolução dos
mesmos:

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Problema Causa Solução

Adiciona mais materiais ricos em


Processo lento Os materiais que foram adicionados azoto
ou são muito ricos em carbono ou Deves regar – existe falta de água
muito grandes Aumentar as dimensões da pilha do
compostor

Excesso de água Adiciona mais resíduos castanhos


Cheiro desagradável Falta de oxigénio Revira a pilha de compostagem

Presença d restos de carne, peixe, Retirar estes materiais


ossos, fritos ou gordura
Presença de pragas

Aumentar as dimensões da pilha


Pilha muito pequena Adicionar mais materiais ricos em
Arejamento insuficiente azoto
Temperatura muito baixa Excesso de humidade
Demasiados materiais ricos em
carbono

Pilha demasiado grande Diminuir o tamanho da pilha

O arejamento é insuficiente Revirar a pilha

Temperatura muito alta

Demasiados materiais constituídos Adicionar mais materiais ricos em


por azoto carbono

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

2.10. Manutenção do compostor


Depois de devidamente escolhido o local de instalação do vermicompostor adequado às
circunstâncias do local e dos objectivos pode ser dado início à colocação dos resíduos
dentro do mesmo.

a) No fundo do compostor colocar ramos grossos de forma aleatória para impedir a


compactação dos resíduos a colocar, permitindo um correcto arejamento no
compostor,, bem como teores de humidade adequados;
b) Seguidamente, colocar uma camada de 5 a 10 cm de materiais castanhos;
c) Colocar ainda, composto já pronto e um pouco de terra, de modo a introduzir
organismos;
d) Colocar, por cima, uma camada de resíduos verdes, como por exemplo, relva verde,
restos de hortaliças e legumes, etc.;
e) Cobrir esta última com uma camada de resíduos castanhos, não adicionando mais
terra;
te que mesmo os res
Lembra-te resíduos que adicionas-te
te já contém grande número de
organismos para iniciar o processo de compostagem; Ter em atenção que o
adicionar de mais terra irá compactar os resíduos, reduzindo o volume útil do
compostor;
f) Regar cada uma das camadas de forma a manter os teores de humidade desejados.
Realizar o teste da esponja.

Teste da esponja:
O teste da esponja consiste em
espremer uma pequena quantidade
de resíduos a compostar. Se a tua
mão ficar húmida, mas não pingar,
a mistura terá humidade suficiente.
Se escorrerem algumas gotas a
mistura terá humidade em excesso.

g) Repetir todo este processo aaté se atingir 1 m de altura. As camadas podem ser
adicionadas de uma de entre duas maneiras:

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

 À medida que os materiais vão ficando disponíveis;


 Todas de uma só vez.
h) A última camada a adicionar deverá ser sempre de resíduos castanhos, uma vez que
são estes que irão diminuir os possíveis problemas com maus adores;
i) Após ser obtida uma pequena quantidade de composto este pode ser introduzido nas
minhocas, continuando o processo – vermicompostagem ou, em alternativa, ser
adicionado ao solo, uma vez por ano, na altura das sementeiras, na Primavera ou no
Outono.
Sugerimos ai
ainda que aproveites o composto que produzis-te
te para
p colocar na horta
biológica da tua escola.

2.11. O que se deve colocar no compostor


No quadro seguinte, estão indicados alguns dos resíduos que produzes na escola e na tua
casa e, também, quais deles podes ou não colocar no compostor:

Resíduos Colocar Colocar em menor quantidade Não colocar

Hortaliça
Cascas de frutas
Cascas de ovos 1)

Café
Pão
Cascas de batatas
Comida (cozinhada) 3)

Carne / Peixe
Ossos / Espinhas
Excrementos de animais herbívoros
Aparas de relva 2)

Folhas / ervas 2)

Cinzas / lenha
Cinzas / beatas de cigarros

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

Ramos / arbustos 2)

Palha / feno 2)

Caruma
Papel / cartão 4)
Serradura
Cortiça

Legenda:

1) Esmagadas;
2) Cortar em pequenos pedaços;
3) Tapar com terra;
4) Cortado e molhado.

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

3.
VERMICOMPOSTAGEM

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

3. VERMICOMPOSTAGEM

3.1. Principais noções sobre vermicompostagem


A vermicompostagem não é mais que um processo no
qual as minhocas (na sua grande maioria) e outros
seres intervêm no processo normal (controlado por ti)
de degradação da matéria orgânica, ou seja, da
compostagem. A vermicompostagem é, portanto, um
complemento do processo de compostagem,
promovendo uma qualidade superior ao produto final,
o húmus de minhoca – estável e de pH neutro, em resultado dos excrementos das minhocas,
ricos em nutrientes e fauna microbiana. Qualquer um de nós pode realizar
vermicompostagem, devolvendo ao solo a matéria orgânica de que este tanto necessita,
bastando apenas um pouco de paciência e dedicação!
A vermicompostagem pode ser realizada em:

 Grandes unidades de cará


carácter industrial;
 Em sistemas de vermicompostagem caseira;
 Na tua escola (quer no exterior como no interior);
 Em ecossistemas
mas agrícolas.

A vermicompostagem também denominada lombricompostagem ou compostagem realizada


quase exclusivamente por minhocas pode ser realizado ao ar livre, num jardim ou num quintal,
mas claro está, em qualquer habitação ou apartamento, ou até mesmo
mesm em salas de aula ou
de estudo.
Para o processo de vermicompostagem nas escolas é indicado o método da
vermicompostagem em caixas ou embalagens de reduzido volume, uma vez que um processo
em leiras ou canteiros necessita de maior espaço disponível.

3.2. Objectivos
Para realizares vermicompostagem deverá cumprir os seguintes passos:

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

1. Escolha do local onde será instalado o vermicompostor;


2. Escolha do vermicompostor;
3. Construção/aquisição do vermicompostor;
4. Alimentação das minhocas;
5. Muda de cama e recolha do vermicomposto (composto originado na
vermicompostagem e constituído pelos excrementos de minhocas);
6. Responder às seguintes perguntas:

a) Qual as principais diferenças que encontras entre a compostagem e a


vermicompostagem?
b) Planta uma alface, couve, feijão verde ou uma planta aromática utilizando o
composto e o vermicomposto obtidos. Observa as diferenças.

3.3. Fauna envolvida no processo


A espécie Eisenia Foetida é reconhecida facilmente como minhoca vermelha da terra.
Encontra-se
se em terrenos húmidos e é muito frequente nas zonas rurais portuguesas. Uma
minhoca vermelha gera, em condições óptimas, cerca de 1500 crias por ano.
Esta minhoca consegue adaptar
adaptar-se
se às mais variadas condições, sendo a preferida por quem
realiza vermicompostagem.

3.4. O Vermicompostor
micompostor
Para a construção de um vermicompostor pode ser utilizada uma gaveta velha ou até um
aquário, ou, se quiser fazer algum investimento, construir uma caixa em madeira ou adquirir
uma de plástico em qualquer estabelecimento.
O vermicompostor deve possuir orifícios para a circulação do oxigénio, dado que as
minhocas e os microrganismos necessitam deste para sobreviver. Assim sendo, faça uns
furos com um berbequim da tampa e nas zonas laterais da caixa. Os furos devem ser de
tamanho tal que não perm
permitem
item a entrada de moscas e outros insectos. Também pode ser
utilizada uma rede para esse objectivo.
As minhocas alimentam
alimentam-se
se de baixo para cima, de modo que o vermicompostor ideal deve
possuir muito maior superfície em relação à altura, de modo que a degradação
degra dos resíduos
seja facilitada.

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

No teu caso, a Futuramb disponibiliza um vermicompostor em madeira para que possas


realizar vermicompostagem.

3.5. Escolha do local de instalação do vermicompostor


O vermicompostor, qualquer que seja o material que sirva de construção, deve ser um local
apropriado para a reprodução e crescimento das minhocas, apresentando as características
enunciadas:

• Humidade;
A humidade possibilita a realização das trocas gasosas entre o meio e a pele da
minhoca, razão pela qual deve ser regularmente controlada sendo o valor ideal em
torno dos 30%. As tiras de jornal humedecidas são a melhor forma de manter o meio
húmido adequadamente.
• Luminosidade
Luminosidade;
As minhocas são fotofóbicas, isto é, detestam a presença da luz. Assim sendo,
s o
vermicompostor deve encontrar
encontrar-se
se abrigado da luz, frio e calor, devendo ser colocado
à sombra (temperatura entre os 15 e os 30 ºC).
• Localização
Se o vermicompostor se encontrar no exterior, a área deve ser ligeiramente inclinada
de modo a evitar o encharcamento no Outono e Inverno preferencialmente;

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

Facilidade em termos de acessos (se o vermicompostor se situar no exterior).


exterior)

A escolha do local para colocação do vermicompostor deve ser criteriosa, nomeadamente em


relação aos vários factores que influenciam o metabolismo das minhocas.
Estes factores dizem respeito à sua capacidade, devendo ser adequada à quantidade de
resíduos que pretenda valorizar; ao espaço disponível e aos custos que envolvem todo o
processo.
Tudo isto deve ser contabilizado.
A título de exemplo, em caso de utilizar madeira não tratada, o tempo de duração do
vermicompostor fica reduzido para 4 a 5 anos, ap
apodrecendo
odrecendo a madeira devido à humidade.
Sendo assim, um vermicompostor em plástico apresenta
apresenta-se
se como a solução mais vantajosa.

Ainda assim, apresentam


apresentam-se três soluções:

Canteiros em alvenaria, madeira;

Canteiros aproveitando fluxos de resíduos, nomeadamente pneus usados;

Vermicompostores posicionados na vertical, modelo “Ninho box”.


box”
Constituídos
onstituídos por diversas caixas posicionadas na vertical;

Vermicompostores em madeira, plástico ou vidro;


Devem apresentar ma
maior
ior área superficial relativamente à altura.

3.6. Construção do vermicompostor


Para construíres
es o vermicompostor deves
deves:

1. Forrar uma mesa com jornal ou cartão;


2. Calçar luvas de látex;
3. Com um berbequim, fazer vários furos no topo (tampa) e lados da caixa de modo a
existir ventilação e no fundo para que o excesso de água possa ser eliminado e
guardado (convém ser o teu professor a fazer os furos);

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4. Juntar 3 ou 4 chávenas de terra num canto da caixa. Esta solução possibilita inocular,
inocular
ainda, o sistema com macro e mi
microrganismos
crorganismos que ajudarão as minhocas na degradação
dos resíduos introduzidos no vermicompostor. Chamamos de simbiose ao processo que
possibilita o ajudar à digestão das minhocas. Tais poderão ser centopeias, bichos de
conta, aranhas, formigas, fungos, bac
bactérias e actinomicetes;

5. Pode-se, ainda
ainda, adicionar de forma alternada a cama de minhocas de outro
vermicompostor que já se encontre em actividade;
6. De modo a evitar o ataque de predadores (se o vermicompostor se situar no exterior),
aconselha-se
se a colocação de tela ou rede sombra. Contudo, os vermicompostores
cedidos pela Futuramb apresentam uma tampa que possibilita a protecção das minhocas
contra predadores;
7. A dimensão dos orifícios deve ser suficiente que não permita a passagem de moscas e
outros insectos;;
8. A cama das minhocas deve ser construída utilizando
utilizando-se
se tiras de papel de jornal com
aproximadamente 2 a 3 cm de largura. Estas tiras devem ser bem amarrotadas e
humedecidas sendo a proporção exacta de 1 parte de jornal para 3 partes de água. O
humedecer é feito mergulhando o jornal em água retirando
retirando-oo antes que ele ensope.
Devem ser evitadas tiras de jornal que possuam tinta visto as minhocas acumularem
metais pesados, sendo estes tóxicos
tóxicos, também, para o vermicomposto.

3.7. Manutenção do vermicompostor


Para fazeres a manutenção do vermicompostor deves ter o seguinte material:

Peneira, de modo a se poder obter


obter-se vermicomposto;

Balde e coador, de modo a obter


obter-se o bionutriente ou chá de vermicomposto;

Luvas de látex, para podereres manusear as minhocas;

Ancinho, de modo a poder remove a cama;

Pequena pá, para poder


podereres recolher o húmus produzido;

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Regador, para poder


podereres molhar a cama das minhocas;

Pulverizador, para poder


podereres molhar as minhocas;

Termómetro, para medir


medires a temperatura da cama;

Resíduos.

Observação
Restos de alimentos, de origem vegetal (os de origem animal poderão libertar odores
desagradáveis).

• O alimento – resíduos orgânicos


As minhocas alimentam
alimentam-se
se de quaisquer tipos de vegetais desde que cortados em
pedaços. Contudo, não devem ser adicionados ao vermicompostor produtos de
natureza animal.
O grau de humidade da cama de minhocas deve ser regularmente controlado. Se as
minhocass se acumularem nas zonas superiores é sinal que existe excesso de água,
sendo necessário retirar a tampa de modo a que evapore alguma. Se, pelo contrário, as
minhocas se acumularem no fundo, deve ser adicionada água, borrifando a cama.

• Renovação da cama das minhocas


A cama das
as minhocas deve ser renovada todos os meses, ou sempre que necessário
para que se evite que as minhocas se alimentem apenas dos seus excrementos, que
lhes são tóxicos.

• Humidade
A minhoca respira através da pele sendo o oxigénio fornecido pela água. Assim sendo,
é fundamental que o meio se encontre com a humidade adequada, nunca em excesso
nem em falta.

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3.8. Problemas Frequentes


Frequentemente poderão surgir problemas no teu vermicompostor, com os quais terás de lidar
com paciência e espírito crítico.
Assim sendo, terás de saber identificar a causa do problema para que possas dar uma
solução adequada. No quadro abaixo indicamos ooss problemas mais usualmente encontrados
em vermicompostagem e as soluções para os resolver:

PROBLEMA CAUSA SOLUÇÃO

Deves renovar a cama; junta mais tiras de


Minhocas acumulam-se
se nas camadas Excesso de água jornal secas e não adicione comida com
superiores do vermicompostor; cama muita água, como o melão ou o tomate
muito húmida por exemplo

Minhocas acumulam-se
se no fundo do
vermicompostor; cama muito seca (ou Borrifa a cama com água
Falta de água
seja, se não escorrerem gotas de água
ao espremer um punhado de matéria
orgânica do vermicompostor)
ostor)

Interromper a adição de alimentos e


revolver bem a cama.

Odores desagradáveis Cama com falta de oxigénio


Retira cebolas e bróculos se os tiveres,
Adição de alimentos em excesso
pois estes não cheiram bem quando
decompostos

As minhocas começam a alimentar


alimentar-se
dos seus próprios excrementos, sendo Pouca comida Adiciona mais resíduos
tóxicos para elas Renova a cama
Cama precisa de ser mudada

Excesso de resíduos no vermicompostor Interrompe a adição de comida e revolve


Adição de comida em excesso o material
Presença de moscas e outros insectos

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Alimentos difíceis de compostar, como


Cheiro a bafio Não deixes estes resíduos no
carne, peixe, lacticínios e gorduras vermicompostor

Colocar uma taça com vinagre


juntamente com uma gota de detergente
de louça perto do vermicompostor

Não adicionar muitos citrinos (laranjas e


Decomposição lenta limões)
Aparecimento de moscas e outros
insectos
pH muito ácido (excesso de laranjas ou Coloca o vermicompostor ao ar sem luz
limões) directa a incidir no mesmo durante3 ou 4
horas.

Retira as minhocas e faz uma nova cama

3.9. O que se deve colocar no vermicompostor

Colocar
Resíduo Colocar Não
Pouca Quantidade

x
Restos de alimentos cozinhados

x
Restos de carne e peixe

x
Ossos e espinhas

x
Restos de legumes

x
Cascas de ovos

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x
Cascas de frutos

x
Ovos

x
Restos de alimentos com gordura

x
Pão

x
Café e borras de café

x
Sacos de chá

x
Cascas de noz ou outro fruto seco

x
Relva

x
Folhas secas

x
Cabelo

x
Leite, iogurtes, manteiga ou queijo

Plantas contaminadas com doenças x


ou insectos

x
Papel

x
Serradura

x
Cortiça

32
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x
Palha
ha e feno

x
Ramos e arbustos

x
Flores

x
Aparas de madeira

x
Cinzas

3.10. As minhocas
O filo Annelida é constituído aproximadamente de 8700 espécies, agrupados em 3 classes:
Polychaeta, Oligochaeta e Hirundinea. As minhocas, pertencentes ao filo Annelida, são
animais caracterizados por apresentarem uma nítida segmentação ou metamerização
externa
terna e interna, incluindo músculos, nervos e órgãos circulatórios (quer excretores quer
reprodutores).
As minhocas possuem também 5 pares de corações e 1 par de rins e o sangue percorre
todo o corpo por 5 vasos sanguíneos e ca
capilares. Consomem diariamente,
aproximadamente o seu peso em alimento (1g no estado adulto), expelindo através do ânus
60% do alimento consumido. A sua respiração é feita através da pele, através de
ramificações capilares (respiração cutânea), daí a necessidade de humidade suficiente no
substrato.
A minhoca é fotofóbica, tendo, portanto, necessidade de se afastar da luz solar, natural ou
artificial. Exposta ao sol po
por alguns minutos, ela morrerá. Não possuem visão nem audição,
audiç
mas são sensíveis ao tacto. Quando seccionada
cionada na parte dianteira até o nono anel, a
minhoca tem a capacidade de auto
auto-regenerar-se
se (regenerando totalmente a sua parte
posterior).
Quando o ambiente e a temperatura são favoráveis, a reprodução das minhocas dura
durante quase todo o ano, principal
principalmente
mente nos períodos quentes e húmidos e,
preferencialmente, à noite, podendo nessa altura serem vistos os casulos.

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O seu ambiente não deverá encontra


encontrar-se
se nem seco nem húmido em excesso.
Cada minhoca, em condições ideais, pode deixar de 100 a 140 descendentes
descendente num ano.
Levando em consideração que as suas filhas e netas também procriarão, podemos afirmar
com absoluta convicção que, num ano, uma minhoca pode ter até 1500 descendentes!
Incrivél não é?
As minhocass são hermafroditas incompletos sendo, portanto, necessário
nec que duas se
acasalem para que os ovos de ambas sejam fecundados, pois não existe auto-fecundação.
auto
A cada sete ou dez dias, ou de três em três dias, cada minhoca produz um casulo com o
formato de um pequeno grão (da qual saem as suas crias
crias). Dentro de cada casulo, existem
entre 2 a 15 ovos, podendo ter sido fertilizados ou não. O período de incubação pode variar
entre os 10 a 21 dias, se as condições do meio forem favoráveis. Caso contrário, os ovos
não eclodirão, o que só ocorrerá quando, naturalme
naturalmente,
nte, as condições forem propícias
propíc para o
seu desenvolvimento. Aquando do seu nascimento, as minhocas são brancas, passando a
ter a cor pela qual são conhecidas à medida que se forem alimentando.
A maturidade sexual é atingida entre os 60 e os 90 dias de iidade
dade aproximadamente.
Embora a minhoca possua estrutura frágil, ela pode remover material (terra e demais
resíduos) em quantidade até 60 vezes o seu próprio peso. Esse movimento constante
proporciona ao solo um aumento da sua porosidade e permeabilidade, ao
a mesmo tempo
que o torna mais macio, arejado, solto e leve, melhorando fisicamente a sua estrutura e
composição,
Este movimento torna então, mais fá
fácil o seu manejo para cultivo. Nesse solo, a penetração
das raízes e da água é facilitada, o que possibil
possibilita
ita um desenvolvimento maior das plantas,
originando melhores condições para revolver o solo e como maiores
ma índices de
produtividade. A minhoca possui a capacidade para ingerir diariamente uma quantidade de
alimento igual ao seu próprio peso.

3.11. Perguntas
ntas Frequentes

• Quais as espécies mais utilizadas em vermicompostagem?


A espécie mais vulgarmente utilizada nos processos de vermicompostagem, é a
Eisenia Foetida.
etida. Esta espécie pertence ao filo Anelidea e é conhecida pelo nome de
minhoca vermelha da Califórnia, muito embora o seu nome verdadeiro seja minhoca
do estrume ou dos resíduos orgânicos. Nesta espécie incluem-se
incluem as subespécies

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Eisenia foetida foetida e Eisenia foetida andrei e são as que melhor se adaptam aos
climas temperados.
A Eisenia foetida andrei é conhecida pela minhoca do terriço, de cor vermelha e
comprimento no estado adulto entre os 50 e os 90 mm.
A Eisenia foetida foetida ou a minhoca zebrada do estrume, possui comprimento
superior à primeira, apresentando em cada anel uma banda vermelha alternada com
uma zona pigmentada.

• Que factores não são desejados pelas minhocas?


Todas estas condições devem ser controladas da melhor forma de modo
mod a possibilitar
o seu correcto crescimento e desenvolvimento. Valores de pH compreendidos entre
6,5 e 7,5 são considerados óptimos.
Contudo, a minhoca tolera valores de pH compreendidos entre 5,0 e 9,0 embora com
prejuízo na sua actividade, quando fora deste intervalo óptimo.

1. Luz
As minhocas são anima
animaiss fotofóbicos, isto é, são sensíveis à presença de luz,
procurando sempre ambientes escuros. As radiações ultravioleta matam as
minhocas em pouco tempo.
2. Temperatura
Acima dos 40 ºC as minhocas morrem rapidamente e abaixo dos 15 ºC o seu
metabolismo baixa bastante, perdendo bastante peso e a sua actividade
reprodutora é inibida ou reduzida.
Abaixo dos 0 ºC a minhoca congela e morre visto o seu corpo ser constituído
maioritariamente por água.
O intervalo de temperatura ideal para a sua sobrevivência situa-se
situa entre os 18 ºC e
os 25 ºC.
3. Humidade e Oxigénio
O corpo das minhocas é compo
composto
sto por aproximadamente 80 % de água e para que
o seu movimento seja facilitado é necessário que o meio que a rodeia tenha um
teor semelhante a este. Para teores de humidade demasiado baixos existirá a
compactação do meio, existindo então falta de oxigénio
oxigénio,, dificultando o metabolismo
destas, visto a sua respiração ser feita através da pele. Humidade e oxigénio estão
intimamente ligados e devem portanto, ser correctamente controlados!

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

4. Nutrientes
As minhocas não suportam meios com elevado teor de azoto amoniacal.
am O
estrume fresco de galinhas, por exemplo, não são colonizados inicialmente pelas
minhocas, sendo necessário uma compostagem prévia, passando a existir uma
temperatura mais adequada.
Resíduos domésticos, como frutas e hortofrutícolas, misturados com
c materiais
ricos em celulose (como por ex. folhas secas) fornecem um excelente meio para a
colonização das minhocas.
Carne e lacticí
lacticínios não deverão ser utilizados, devido ao seu elevado teor em
gordura, dando origem a odores desagradáveis em resultado da
d decomposição e
por ser alvo
alvo, também, de atracção de insectos e roedores.
Os dejectos de animais (cães e gatos) poderão conter microrganismos
patogénicos, sendo potencialmente nocivos para a saúde humana.

• Qual o destino a dar aos grãos e borras de café?


Pode colocá-los
los no vermicompostor. As minhocas adoram o café, sendo muito útil
quando deseja separar as minhocas do vermicomposto. Pode atraí-las
atraí colocando uma
camada na base da pilha de compostagem.

• Qual o tempo de vida de uma minhoca?


Uma minhoca pode viver até um ano. Contudo, se as condições lhe forem favoráveis
pode viver ou até ultrapassar os cinco anos. Devido a ser constituída maioritariamente
por água, quando morre, o seu corpo rapidamente é degradado.

• Será benéfico existirem insectos no vermico


vermicompostor?
Existe uma grande diversidade de organismos que podem interagir com as minhocas
no processo de degradação da matéria orgânica. Essa diversidade de fauna inclui
bichos de conta, formigas, aranhas, centopeias e lesmas. Todos são solução. Contudo,
as moscas da fruta são fruto da presença de excesso de citrinos, sendo aconselhado
não os colocar em demasia.

• Que cuidados deveremos ter com as minhocas?

36
MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

As minhocas necessitam de humidade, oxigénio e alimento (nutrientes) para poderem


sobreviver. Todas estas condições devem ser controladas da melhor forma. São muito
sensíveis à luz, sendo designadas por fotofóbicas.

•É necessário adicionar minhocas a um compostor?


Não. A compostagem numa pilha acontece com ou sem estas. Contudo, com a
presença destas, a qualidade final do composto produzido aumenta de qualidade em
resultado da relação simbiótica que as minhocas estabelecem com os microrganismos
aumentando o teor de substâncias húmicas e diminuindo a granulometria final.

3.12. Separação das minhocas do vermicomposto


As minhocas podem ser separadas do vermicomposto através de alguns métodos.
Em seguida apresentam
apresentam-se os principais métodos de separação:

Método da migração;

Método
étodo do bbalde;

Método da luminosidade;

Método da separação manual.

• Método da migração
Arrasta-se
se todo o conteúdo do vermicompostor para um dos lados da caixa. Na
metade que fica vazia põe
põe-se uma nova cama e começa-se
se adicionar comida ou
borras de café só a esse lado. Ao fim de um tempo as minhocas já migraram do
composto para o lado fresco. Este método é lento mas exige pouco trabalho. É o mais
aconselhável para quem tenta separar composto e minhocas pela primeira vez.

• Método do balde
Despeja-se
se todo o conteúdo do vermicompostor num balde e adiciona-se
adiciona um pouco de
água fria. As minhocas não terão problemas durante 1 ou 2 minutos. De seguida,
passa-se
se o conteúdo do balde através de um coador para outro balde. O líquido

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MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

coado chama
chama-se chá de composto e, como anteriormente foi referido, pode ser usado
para regar as plantas, após diluição. As minhocas, a cama e a comida não degradada
são colocadas de novo no vermicompostor;

• Método da luminosidade
Dispõe-se
se o composto em pequenas pilhas e co
coloca-se
se uma luz forte por cima durante
alguns minutos. As minhocas sentem a luz e movem
movem-se
se para o interior da pilha. A
parte mais superficial de cada pilha fica sem minhocas e pode ser retirada. Vai-se
Vai
repetindo este procedimento até ficar só um bolo centr
central
al de minhocas, que volta para
o vermicompostor.

• Método de separação manual


Espalha-se
se o conteúdo do vermicompostor no chão, em cima de uma lona ou plástico.
Colhem-se
se as minhocas. Este procedimento pode continuar até que a maior parte das
minhocas tenha sido separadas do composto.

3.13. Vantagens da aplicação do vermicomposto


As vantagens da aplicação do vermicomposto são as seguintes:

Melhora a estrutura, porosidade e capacidade de retenção de água nos solos;

Melhora a oxigenação nos solos;

Protege as raízes de condições adversas, nomeadamente temperaturas extremas;

Controla o aparecimento de infestantes e ervas daninhas;

Funciona como tampão, mantendo constante o pH do solo, impedindo variações


bruscas,, protegendo as culturas
culturas;

Melhora as caracter
características físico-químicas
químicas do solo (textura, arejamento,
capacidade de troca catiónica e de retenção de água, estabilidade do pH e
temperatura, etc.)
etc.);

Disponibiliza lenta e prolongadamente os nutrientes vegetais (minerais);

38
MANUAL DE COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM NAS ESCOLAS

Protege os nutrientes contra aas perdas de água


ua (lixiviação), viabilizando vastas
comunidades biológicas;

Aumenta a capacidade de retenção de água em solos arenosos e possibilita a sua


correcta drenagem e circulação de água em solos argilosos.

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ANEXOS

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Glossário

o Bionutriente
Solução de nutrientes principais de aplicação nas raízes ou folhas de uma planta;
o Cama de minhocas
Conjunto de tiras de jornal ou cartão contendo humidade bem como algum substrato;
o Chá de vermicomposto
Solução de nutrientes principais de aplicação nas raízes ou folhas de uma planta (O
mesmo de Bionutriente);
o Composto
Produto resultante dda degradação da matéria orgânica;
o Ecossistema
Conjunto formado por todos os factores bióticos e abióticos que actuam
simultaneamente sobre determinada região;
o Fotofóbico
Qualquer animal fotofóbico é aquele que tem “medo” ou fobia da luz;
o Forqueta de arejamento
Utensílio que permite revirar o material existente no compostor;
o Inocular
Introduzir algo;
o Húmus
Matéria orgânica no seu estado mais simples;
o Lixiviação
Arrastamento de matéria por acção da água;
o Matéria mineral
Estado da matéria que possibilita a sua assimilação pelas plantas;
o Matéria orgânica
Componente do solo vital para a manutenção da fertilidade do solo.
o Maturação
Estado final do processo de compostagem;
o Minhoca

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Animal invertebrado pertencente ao filo Annelida;


o Monitorização
Controle de diversos parâmetros;
o Pilha
Monte de resíduos durante o processo de vermicompostagem;
o Troca catiónica
Troca de iões com carga positiva;
o Vermicomposto
Produto resultante da degradação da matéria orgânica que sofreu já compostagem – os
excrementos das minhocas;
o Vermicompostor
Pequena caixa em madeira ou em plástico.

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