TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC-05834/07

Administração Direta Municipal. Prefeitura de Olivedos.

Contratos por excepcional interesse público. Irregularidade.
Aplicação de multa. Representação à SRF. Assinação de prazo
para restauração da legalidade ao atual gestor.

ACÓRDÃO AC1-TC - 1221 /2010

RELATÓRIO
Trata o presente processo da análise de 249 (duzentos e quarenta e nove) Contratos por Excepcional
Interesse Público realizados pela Prefeitura Municipal de Olivedos nos exercícios de 2005, 2006 e
2007, com vigência entre 30 dias a 6 meses, de responsabilidade do Prefeito Municipal Srº Josimar
Gonçalves Costa.
Tendo em vista que o Órgão de Instrução apontou não conformidades em seu relatório inicial e
atendendo aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, o Relator determinou a
notificação do Srº Josimar Gonçalves Costa, gestor responsável pelas contratações, em três
oportunidades, tendo o responsável apresentado defesa escrita acompanhada de documentos.
Analisando as peças defensórias, a Unidade Técnica concluiu que persistiram as seguintes
irregularidades inicialmente apontadas, quais sejam:
1. Ausência de comprovação da realização de processo seletivo simplificado para a
contratação de pessoal;
2. Não comprovação da publicação da resenha dos contratos em Órgão Oficial de Imprensa;
3. Contratos com fulcro no excepcional interesse público sem a exposição de motivos que
justifiquem a contratação temporária;
4. Contratação de pessoal para exercício perante o Legislativo Mirim;
5. Prorrogação de contratos ferindo expressa vedação legal;
6. Realização de contratos diversos com um mesmo contratado;
7. Ausência de comprovação de recolhimento da contribuição previdenciária junto ao INSS.

O Ministério Público junto ao TCE, após tecer comentários acerca das irregularidades, opinou pela:
1. Irregularidades das contratações temporárias realizadas pelo Município de Olivedos;
2. Aplicação de multa ao Srº Josimar Gonçalves Costa, Prefeito Constitucional da
municipalidade, com supedâneo no artigo 56, II da LOTCE/PB;
3. Ciência ao INSS para as providências que entender necessárias no que tange às
contribuições previdenciárias não recolhidas;
4. Assinação de prazo ao atual chefe do Poder Executivo municipal a fim de exonerar todos os
servidores temporários e não acobertados pela legalidade, bem assim contratados de forma
não justificada, que exerçam serviços de natureza permanente, sob pena de aplicação de
multa.

Sem mais delongas, o Relator agendou o processo para a presente sessão, determinando-se
intimação ao gestor responsável.

VOTO DO RELATOR
Inicialmente, cumpre observar que a análise destes autos se estende desde o exercício de 2005 ao
exercício de 2007.
Ao analisarmos detidamente o presente processo, verificamos que as contratações temporárias
realizadas têm por finalidade a atividade de funções de natureza permanente e efetiva, a exemplo de :
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recepcionista, auxiliar de serviços gerais, regente de ensino, vigilante, motorista, odontólogo, médico
do PSF, auxiliar de enfermagem, psicólogo, assistente social, bioquímico, enfermeiro do PSF,
servente para a Câmara Municipal, agente administrativo, atendente de consultório dentário e fiscal
de vigilância sanitária.
O objetivo da análise das contratações temporárias realizadas por excepcional interesse público é o
de verificar a satisfação ou não dos requisitos constitucionais que permitem a aplicação do Regime
Jurídico Especial, requisitos estes não alcançados, como fica evidente através das máculas
remanescentes, dentre as quais destaco a falta de motivos que justifiquem as contratações
temporárias, contratações para o exercício de atividades típicas da administração pública, ausência
de comprovação da realização de processo seletivo simplificado e a celebração de contratos
temporários pelo Poder Executivo para prestar serviços no Legislativo Mirim, ferindo o Princípio
Constitucional da Separação dos Poderes.
Enfatizo, ainda, o fato de que vários dos contratos realizados foram prorrogados de forma irregular,
desrespeitando a Lei Municipal nº 020/1998, lei esta que disciplina o inciso IX, do artigo 37 da Carta
Magna, estabelecendo normas de contratação por tempo determinado para atender necessidades
temporárias de excepcional interessa público.
Observa-se, por fim, que apesar das alegações apresentadas pelo gestor responsável, não houve a
comprovação material relativa ás irregularidades de sua responsabilidade apontadas nestes autos.
Feitas estas considerações, acompanho o entendimento Técnico e Ministerial, votando, portanto,
pela:
1. irregularidade das contratações por excepcional interesse público ora analisadas;
2. aplicação da multa de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos) ao Srº
Josimar Gonçalves Costa pelo ato ilegal produzido, com fulcro na CF/88, art. 71, inciso
VIII c/c LOTCE-PB, art. 56, inciso II, assinando-lhe o prazo de 60 dias para o devido
recolhimento;
3. representação à Secretaria da Receita Federal acerca do não recolhimento de contribuição
previdenciária devida nas ventiladas contratações temporárias;
4. assinação do prazo de 90 dias ao atual Prefeito de Olivedos, a fim de exonerar todos os
servidores temporários e não acobertados pela legalidade, bem assim contratados de forma
não justificada, que exerçam serviços de natureza permanente, fazendo-se prova junto a
estes autos, sob pena de aplicação de multa por descumprimento à determinação deste
Tribunal.

DECISÃO DA 1ª CÂMARA DO TCE–PB

Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC N° 05834/07, os Membros da 1a CÂMARA DO
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, ACORDAM, na sessão realizada nesta data, à
unanimidade de votos, em:
I. julgar ilegais os 249 (duzentos e quarenta e nove) contratos de excepcional interesse
público firmados com o Município de Olivedos, listados às fls. 643/651, denegando-se
registro;
II. aplicar a multa de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos) ao Srº
Josimar Gonçalves Costa pelo ato ilegal produzido, com fulcro na LOTCE-PB, art. 56, inciso
II, assinando-lhe o prazo de 60(sessenta) dias para recolhimento ao Fundo de Fiscalização
Orçamentária e Financeira Municipal – mediante a quitação de Documento de Arrecadação
de Receitas Estaduais (DAE) com código “4007” - Multas do Tribunal de Contas do Estado
–, sob pena de cobrança executiva, desde logo recomendada, inclusive com interferência do
Ministério Público, nos termos dos parágrafos 3º e 4º, do artigo 71 da Constituição do
Estado;
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III. representar à Secretaria da Receita Federal acerca do não recolhimento de contribuição

previdenciária devida nas ventiladas contratações temporárias;
IV. assinar o prazo de 90 (noventa) dias ao atual Prefeito de Olivedos, a fim de exonerar todos
os servidores temporários e não acobertados pela legalidade, bem assim contratados de
forma não justificada, que exerçam serviços de natureza permanente, fazendo-se prova junto
a estes autos, sob pena de aplicação de multa por descumprimento à determinação deste
Tribunal.
Publique-se, registre-se e cumpra-se.
Mini-Plenário Conselheiro Adailton Coelho Costa

João Pessoa,19 de agosto de 2010.

Conselheiro Umberto Silveira Porto Conselheiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira

Presidente Relator

Fui presente,
Representante do Ministério Público junto ao TCE